sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Aula 09 - O PRINCÍPIO BÍBLICO DA GENEROSIDADE

Leitura Bíblica: 2 Coríntios 8.1-5;9.6,7,10,11

"Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria" (2Co 9:7).

INTRODUÇÃO

Nesta aula, estudaremos a segunda seção da carta de 2Corintios, destacada nos capítulos 8 e 9, onde Paulo instrui sobre a obrigatoriedade de “amarmos e auxiliarmos os pobres e necessitados”. Segundo o pastor Elienai Cabral, estes capítulos “formam o que poderíamos chamar de uma “teologia da generosidade”. Generosidade significa bondade; liberalidade. Nestes capítulos, o apóstolo apela para os cristãos de Corinto serem abundantes na generosidade para com os irmãos necessitados, especialmente, os de Jerusalém, a Igreja-mãe, pois foi onde tudo começou.
Os cristãos em Jerusalém estavam sofrendo de pobreza e escassez. Por essa razão, Paulo estava coletando ofertas para eles (Rm 15:25-31; 2Co 8:4; 9:1ss). Naqueles dias, a Judéia enfrentava tempos difíceis em virtude de uma escassez, que deixou muitos dos santos em grande aflição (At 11:28,29). Esse flagelo ocorreu nos dias do imperador Cláudio César, que reinara de 41 a 54 d. C., isto é, na época do ministério de Paulo na província da Ásia Menor.
Vivemos em uma sociedade marcada pelo individualismo e o egoísmo, onde parece não existir mais lugar para a generosidade. Todavia, ajudar aos necessitados, tanto do ponto-de-vista material quanto espiritual, é um dos elementos do serviço cristão; é um preceito bíblico. Podemos fazer muitas declarações ao Senhor e prometer-lhe obediência e amor. No entanto, é diante do nosso próximo que vamos mostrar se há mesmo amor, benignidade, bondade, etc, em nossos corações. De nada vale o nosso discurso se não há a prática de boas obras palpáveis (Tg 2:14-17).
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Por que ajudar aos necessitados é importante?
Em primeiro lugar, porque é um ato pelo qual demonstramos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao nosso redor. Na parábola do bom samaritano (Lc.10:25-27), Jesus mostrou que próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades, o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm.12:13-21; Gl.4:31,32; Cl.3:12-14; I Ts.4:9-12).
Em segundo lugar, porque é um Mandamento Divino. Este mandamento é dito tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, ou seja, ele foi dado para Israel e para Igreja. Deus reconheceu a existência dos pobres no meio do seu povo e ordenou providência a respeito deles: “Pois nunca cessará o pobre do meio da terra”(Dt 15: 11a). Esta é a frase que mais contraria a pregação contemporânea da teologia da prosperidade. Pretende-se, exterminar a pobreza no meio da igreja. No entanto, o texto declara: "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra". E Jesus ratifica: "Porque os pobres sempre os tendes convosco"(João 12:8). Compete àqueles que tem recursos, minimizar a situação.
Deus não prometeu riquezas para todos, porém, daqueles a quem ele deu e dá riqueza, no exercício da Mordomia Cristã das Finanças ele quer que os pobres não sejam esquecidos, tal como aconteceu na Igreja de Jerusalém - “Não havia entre eles necessitado algum...”(Atos 4: 34). Pobres, sim. Necessitados, não. Esta é a regra a ser seguida pela Igreja, hoje.
Deus não prometeu que todos os pobres ficariam ricos. O que Deus queria, e quer, é que os necessitados não fossem abandonados - “... pelo que te ordeno, dizendo; livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre da tua terra” (Dt 15: 11). Não se está falando de estrangeiros, não se está referindo aos que estão lá fora. Lá no passado está se referindo aos filhos de Israel, e hoje, está se referindo à Igreja. Fala-se em “teu irmão”, “teu necessitado”, “teu pobre”, “tua terra”. Jesus disse: “Porque sempre tendes os pobres convosco...”(Mc 14:7; Mt 26:11; João 12:8). Assim, os crentes ricos que procuram ignorar os necessitados, seus irmãos, estão falhando no exercício da Mordomia Cristã das Finanças, são maus mordomos e responderão diante do Tribunal de Cristo.
I. EXEMPLOS DE AÇÕES GENEROSAS (8.1-6,9; 9.1,2)
1. O exemplo dos macedônios (8.1-6).
Nestes versículos, Paulo cita o bom exemplo das igrejas da Macedônia (norte da Grécia) para incentivar a generosidade dos coríntios. Os cristãos da Macedônia estavam passando por muita prova de tribulação. Em geral, as pessoas em uma situação como essa procuram guardar dinheiro para garantir sua estabilidade financeira no futuro. Isso acontece especialmente quando possuem recursos escassos, como era o caso dos macedônios. Na verdade, esses irmãos não tinham praticamente nenhum dinheiro. Ainda assim, sua alegria era tanta que, ao ficar sabendo das necessidades dos cristãos em Jerusalém, eles agiram de forma contrária a todas as expectativas e ofertaram com generosidade. E as ofertas desses irmãos não foram dadas na medida de suas posses, mas acima delas. Além disso, eles se mostraram voluntários, ou seja, ofertaram espontaneamente, sem precisar ser pressionados, persuadidos ou induzidos.
Esses cristãos queridos entregaram em primeiro lugar a oferta mais valiosa de todas: deram-se a si mesmos. Feito isso, não tiveram dificuldades em fazer a coleta da oferta. Quando Paulo diz que os macedônios a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus, está apenas explicando que, em primeiro lugar, eles entregaram sua vida inteiramente a Cristo e, então, entregaram-se voluntariamente a Paulo no sentido de que contribuiriam com a oferta para Jerusalém. O apóstolo ficou encantado com o exemplo dos macedônios e desejava que fosse imitado pelos coríntios.
Uma vez que nós nos entregamos ao Senhor, devemos entender que os nossos recursos (dinheiro, habilidades, etc.) são ferramentas para usar no serviço a Deus. Os discípulos na Macedônia entenderam isso.
2. O exemplo de Jesus Cristo (8:9). “porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis”.
Neste versículo o apóstolo pinta um retrato fascinante da Pessoa mais generosa que andou sobre a terra: Jesus Cristo. O termo “graça” usado neste versículo tem o sentido claro de generosidade. Qual o tamanho da generosidade do Senhor Jesus? Ele foi tão generoso que entregou tudo o que possuía por amor de nós, para que, pela sua pobreza, nos tornássemos ricos. Somos instados a dar um pouco de dinheiro, alimento, vestuário. Jesus, porém, deu a si mesmo.
Quando e onde Jesus era rico? É claro que Ele era rico na eternidade passada, quando habitava com o Pai nos átrios celestiais. Mas “se fez pobre” não apenas em Belém, mas também em Nazaré, na Judéia, no Getsêmani e no Gólgota. Tudo por amor de nós, para que, pela sua pobreza, nos tornássemos ricos.
Jesus, em muitas ocasiões, referiu-se aos pobres e não só no sentido espiritual da palavra, ou seja, aqueles que se fazem dependentes de Deus, carentes de Deus e aceitam a Sua soberania, mas também no sentido material da expressão, pois, se assim não fosse, como entender que Jesus possuía uma bolsa para os pobres (João 12:6; 13:29), bem como mulheres que contribuíam financeiramente para este serviço (Lc.8:3)?
Outra demonstração de que o ministério de Jesus também abrangia a filantropia vemos no próprio comportamento dos discípulos que, nos tempos apostólicos, sempre cuidaram dos necessitados, particularmente das viúvas, como nos atestam textos como At.2:45; 6:1; 2Co.9; 1Tm.5:3-5. Vemos, portanto, que, se os discípulos assim procediam é porque assim havia sido o procedimento do seu Mestre e Senhor, a quem imitavam.
3. O exemplo da igreja coríntia (9:2). “porque bem sei a prontidão do vosso ânimo, da qual me glorio de vós, para com os macedônios, que a Acaia está pronta desde o ano passado, e o vosso zelo tem estimulado muitos”.
A presteza dos corintios era inquestionável. Assim que o assunto foi levantado, eles demonstraram grande preocupação e zelo. Na verdade, Paulo se gloriara deles junto aos cristãos da Macedônia. Dissera a eles que “a Acaia está pronta desde o ano passado”. A designação Acaia, a região sul da Grécia, é usada aqui em referência a Corinto, uma vez que a cidade ficava nessa região. Muitos dos macedônios se sentiram estimulados a ofertar quando ficaram sabendo que os coríntios estavam preparados “desde o ano passado”. Foram contagiados pela disposição de ofertar e decidiram entregar-se de todo o coração.
II. EXORTAÇÃO AO ESPÍRITO GENEROSO PARA CONTRIBUIR (8.7-15)
A graça de contribuir está fundamentada no princípio de que mais "bem-aventurada coisa é dar do que receber". Há igrejas que estão desengavetando as indulgências da Idade Média e vendendo as bênçãos de Deus, cobrando taxas escorchantes por seus serviços. Há igrejas que levantam dinheiro apenas para se enriquecer, lançando mão de metodologias abusivas. A igreja não pode imitar o mundo. Este enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece dando aos outros. A contribuição cristã não deve ser compulsória. Não devemos contribuir por pressão psicológica. A recomendação de Paulo é que “cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”(2Co 9:7). Contribuição cristã não é uma espécie de barganha com Deus.
1. A igreja de Corinto foi encorajada a repartir generosamente com os necessitados (8:10,11). “E nisso dou o meu parecer; pois isso vos convém a vós, que desde o ano passado começastes; e não foi só praticar, mas também querer. Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes”.
Os crentes de Corinto haviam pensado em levantar um oferta para os irmãos pobres antes de os macedônios decidirem fazer o mesmo. Na verdade, os coríntios haviam iniciado a coleta antes de os macedônios começarem arrecadar as ofertas. Assim, para serem coerentes e evidenciarem sua sinceridade, deviam terminar o que tinham começado no “ano passado”. A prática tinha precedido o querer. Mas,agora, por lhes faltar o querer, a prática estava inativa. Paulo, então, os encoraja a não ficarem apenas nas boas intenções, mas avançarem para uma prática efetiva. Não se assiste os necessitados com boas intenções. Disposição não é um substituto para a ação. Eles deviam contribuir segundo sua capacidade, e não de acordo com o que talvez desejassem fazer no futuro caso suas riquezas aumentassem – “Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem e não segundo o que não tem”(2Co 8:12).
2. A responsabilidade social da Igreja. A função de assistência social na Igreja é um dos seus pilares e, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de demonstrarmos, ao mundo, a nossa diferença e o amor de Deus que está em nossos corações. Ela é a continuação da obra iniciada por Jesus. Jesus disse que sempre haveria pobres sobre a face da Terra (João 12:8), não fugindo desta realidade nem mesmo aqueles que pertencem à igreja, como nos mostra o episódio que levou à criação do diaconato (At.6:1-3). Desde o início da história da igreja, havia aqueles que padeciam de necessidades para sobreviver (cf. At.2:45; 4:35). Se é verdade que Deus tem promessa de que o justo não será desamparado e que sua descendência não mendigará o pão (Sl.37:25), isto se deve, em grande parte, ao fato de que o Senhor, na igreja, proporciona aqueles que repartem o que têm com quem tem necessidade.
O apóstolo Paulo determina que a repartição se dê com liberalidade, de modo generoso, sem mesquinhez, sem avareza. Além de termos poucos repartidores na atualidade, quando este dom é encontrado, está muito aquém da medida recalcada e sacudida, que é a forma como Deus nos abençoa (Lc.6:38). Já imaginaram se Deus fosse tão mesquinho conosco como, às vezes, temos sido na ajuda aos necessitados? A Bíblia afirma que os cristãos primitivos "repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade" (At 2:44,45).
3. A generosidade cristã requer reciprocidade mútua dos recursos. “Mas não digo isso para que os outros tenham alívio, e vós, opressão; mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve de menos”(2Co 8:13,14,15).
A reciprocidade mútua entre os crentes supre as necessidades dos irmãos que fazem parte da mesma fé. Não pode haver espaço para a fome e a nudez no meio do povo de Deus. Paulo não espera que ninguém dê acima das suas condições, nem quer que alguns fiquem sobrecarregados enquanto outros são aliviados. Ele procura igualdade entre irmãos. Todos são iguais perante o Senhor, e seus direitos são os mesmos. Alguns interpretam de uma maneira literal e errada esta palavra "igualdade" (2Co 8:13). Nem Paulo nem outros servos de Deus no Novo Testamento pregaram igualdade absoluta em termos de bens materiais. Eles não propuseram nenhum sistema de comunismo onde todos teriam exatamente as mesmas coisas. Ainda encontramos ricos e pobres entre os discípulos primitivos, mas não houve a necessidade de alguém passar fome enquanto outros tinham abundância.
O princípio de igualdade é enfatizado por um a citação de Êxodo 16:18. Quando os filhos de Israel saíam para colher o maná, alguns conseguiram juntar mais do que outros, mas isso não importava. Quando o maná era distribuído, cada um recebia a mesma medida, um gômer(medida equivalente a algo entre dois e quatro litros). Assim, o que muito colheu não teve demais; e o que pouco colheu, não teve falta. Havia igualdade na distribuição, ou seja, quem tinha a mais, compartilhava com quem não tinha o suficiente. Se alguém tentava acumular maná, cresciam bichos.
Que lição isso nos traz? A lição ensinada no Êxodo e por Paulo é que, no meio do povo de Deus, a superabundância de um deve ser empregada para suprir as necessidades de outro; qualquer tentativa de desrespeitar essa lei resultará em vergonha e prejuízo. Bens são como maná; não podem ser acumulados. Deus permite a distribuição desigual dos bens não para que os ricos desfrutem deles egoisticamente, mas para que os compartilhem com os pobres.
III. OS PRINCÍPIOS DA GENEROSIDADE (2Co 9.6-15)
O princípio da generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter. Para que a generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar enriquecido de amor e compaixão sinceros para com o próximo. Dar de nós mesmos, e daquilo que temos, resulta em: suprimir as necessidades dos nosso irmãos mais pobres; louvor e ações de graça a Deus(9:12); e amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda(9:14)
1. O valor da liberalidade na contribuição. “E digo isto: Que o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra”(2Co 9:6-8).
O cristão pode contribuir generosamente, ou com avareza. Deus o recompensará de acordo com o que ele lhe dá(Mt 7:1,2). Para Paulo, a contribuição não é um perda, mas uma forma de economizar; ela trará benefícios substanciais para quem contribui(ver 8:2; 9:11).
A contribuição é uma semeadura que fazemos em nosso próprio campo. Esse é um investimento que fazemos em nós mesmos. Quanto mais distribuímos, mais temos. Quanto mais semeamos, mais colhemos. Quanto mais abençoamos, mais somos abençoados.
Na agricultura, sabe-se que é preciso semear generosamente a fim de obter uma colheita abundante. Podemos imaginar um agricultor preparando-se para a semeadura. Ele deve semear com liberalidade ou guardar parte do cereal para servir de alimento nos meses seguintes? Se ele “semear pouco pouco também ceifará”. Devemos lembrar, porém, que o agricultor não colhe exatamente a mesma quantidade de grãos que semeou, mas, sim, uma proporção bem maior. O mesmo acontece com a contribuição cristã: não se trata de receber de volta exatamente o que foi dado, mas de receber uma proporção muito maior. É claro que esse retorno se refere mais a bênçãos espirituais do que a bens materiais.
2. Quando a igreja contribui, sua oferta glorifica a Deus e produz camaradagem espiritual entre os irmãos(9:13,14). “visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles e para com todos, e pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da excelente graça de Deus que em vós há”.
A generosidade da igreja promove a glória de Deus, pois aqueles que são beneficiários do nosso socorro glorificam a Deus pela nossa obediência. Quando a oferta dos coríntios fosse entregue em Jerusalém, não apenas supriria a necessidade dos santos, mas também redundaria em muitas graças a Deus. Seria prova inequívoca para os cristãos da Judéia de que Cristo havia, de fato, operado na vida dos gentios convertidos.
Houve um tempo em que os cristãos judeus expressaram dúvidas em relação a cristãos gentios como os coríntios, talvez chegando a considerá-los inferiores na fé cristã. Esse gesto de bondade, porém, seria uma importante prova da realidade da fé dos corintios, e eles, isto é, os cristãos judeus, glorificariam a Deus por aquilo que o evangelho de Cristo havia feito na Acaia e também pela liberalidade da contribuição desses irmãos.
Mas não é só! A oferta de Corinto para Jerusalém levaria os cristãos judeus a lembrar de seus irmãos coríntios em oração e criaria fortes laços de afeto. Os santos em Jerusalém teriam saudades dos coríntios por causa da superabundante graça de Deus que estes últimos haviam demonstrado.
A contribuição produz comunhão. As dádivas materiais promovem bênçãos espirituais. Nunca estamos tão próximos de alguém como quando oramos por ele. É impossível orar por alguém sem amá-lo ao mesmo tempo. Por isso, Paulo diz que os crentes judeus oravam pelos gentios com grande afeto.
3. A graça de contribuir. A graça de contribuir está fundamentada no princípio de que mais "bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35). É possível contribuir sob a pressão de um apelo emocional ou público constrangimento. Não devemos contribuir apenas porque outros estão fazendo ou por um desencargo de consciência. Não devemos contribuir por necessidade nem com tristeza, mas com alegria, pois Deus ama a quem dá com alegria(9:7). Devemos contribuir com grande exultação. O princípio de dar é mais sublime do que a alegria de receber. Deveríamos pular de alegria pelo fato de Deus nos conceder a graça de contribuir.
O crente que contribui com o que pode, para ajudar os necessitados, verá que a graça de Deus suprirá o suficiente para suas próprias necessidades, e até mais, a fim de que possa ser fecundo em toda boa obra –“[...]trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade”(Ef 4:28). Contribuir é um ato de adoração e louvor a Deus (Fp 4.18).
CONCLUSÃO
Os pobres existem e continuarão existindo, para que os cristãos generosos exerçam a caridade, a maior expressão do cristianismo verdadeiro. Você tem ajudado a quem necessita? Você se preocupa em saber quem precisa da sua ajuda? A generosidade para com os necessitados é considerada não como um mérito à salvação, mas apenas como “um teste de caráter”. Ajudando aos necessitados, estaremos rompendo com nossos próprios interesses egoístas, para acumular “tesouros no Céu” (Mt 6:19-21; Lc 12:33-34). O maior tesouro é, sem dúvida, a salvação eterna, pela graça de Cristo (Ef 2:8-10), daqueles que são levados a glorificar a Deus por nossas boas obras de generosidade (ver Mt 5:16).
Espero que esta aula não tenha apenas se limitada à historicidade da filantropia da igreja primitiva, mas que tenha estimulado, naqueles que cristãos dizem ser, o ato de estender as mãos aos menos favorecidos, te tal forma que expresse genuinamente o amor de Deus através de suas vidas. Atentemos para o que nos exorta as Escrituras: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:17,18).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br, e no Blog: http://luloure.blogspot.com/
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald. II Corintios – Colin Kruse.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Aula 08 - EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO

Leitura Bíblica:2Co 6:14-18; 7:1,8-10
21 DE FEVEREIRO DE 2010

"Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2 Co 7.1).
INTRODUÇÃO
Santidade não é sinônimo de isolamento ou reclusão, e nem o hábito de seguir determinados costumes ou colocar determinadas roupas. Biblicamente falando, é o ato pelo qual nos separamos das coisas deste mundo para viver para Deus neste mundo. A santificação é parte integrante da vida cristã, e o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Como Deus deseja também nos auxiliar no processo de santificação, Ele nos dá o seu Santo Espírito para habitar em nós e nos orientar nesta separação do mundo, ou seja, separação do pecado, não dos pecadores. A vida cristã somente pode progredir e se desenvolver se houver separação do pecado, o que deve ser perseguido até o dia do arrebatamento da Igreja. A salvação é um contínuo processo que, iniciando-se na regeneração, fruto do arrependimento e da conversão, prossegue, após a justificação, mediante a santificação, até o seu instante final, que é a glorificação.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Todo crente compromissado com o Senhor deseja viver em santidade. A Bíblia Sagrada deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo. Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santo sereis”, a Palavra de Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade, ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém será santo à força; isto não agrada a Deus. Paulo amava os coríntios, por isso, os advertiu a viver uma vida de santidade na presença de Deus.
Algumas Razões pelas quais devemos ser santos.
Devemos ser santos porque somos filhos de Deus - “Amados, agora somos filhos de Deus...”(1João 3:2). Quando um filho ama seu pai ele se orgulha quando alguém diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o pai quando alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor essa mesma declaração aborrece tanto o filho como o pai.
Devemos ser santos porque queremos fazer a vontade do Pai - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Tes 4:3). Todo bom filho sente prazer e se esforça para fazer a vontade de seu pai. Todo pai fica feliz quando seu filho procura ser-lhe agradável. A Bíblia diz que Deus quer que seus filhos sejam santos.
Devemos ser santos porque queremos ser morada de Deus e um Templo para o seu Espírito -“Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”(João 14:23); “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...”(1Co 6:9). A Bíblia diz que Deus é Santo, na sua essência, ou seja, é absolutamente santo. Nós com todas nossas impurezas não sentimos bem habitando, ou convivendo num lugar sujo, imundo. Quanto mais, Deus. Daí, se eu quero que ele habite em mim, então, preciso não apenas estar limpo, preciso estar purificado.
Devemos ser santos porque queremos ser um vaso nas mãos de Deus - Santificação significa ser separado para uso de Deus. Daí, qualquer que desejar ser um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado para seu uso. Isto significa ser santo. Esta é a condição exigida pela Palavra de Deus, conforme escreveu Paulo: “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purifica destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”(2Tm 2:20-21).
Devemos ser santos porque somos peregrinos a caminho da Canaã Celestial - “...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pedro 1:17). Os que não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando no céu. Pensam que é lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus sabemos que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através do deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”(Lv 19:2). Naquele deserto, Israel teria que andar com Deus. Porém, o Profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder andar com ele: sendo Santo.
Finalmente, devemos ser santos porque queremos morar no céu - “Senhor, quem habitarás no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? (Salmo 15:1). O Senhor Deus diz : “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Somente os santos é que podem ser fiéis. Só os santos morarão no céu.
I. PAULO APELA À RECONCILIAÇÃO E COMUNHÃO (6.11-13)
1. Paulo apela ao sentimento fraterno dos coríntios (6:11). “Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado”.
O apóstolo Paulo roga encarecidamente aos coríntios que abram seu coração para ele. Paulo lhes falou abertamente do seu amor por eles. Uma vez que a boca fala do que está cheio o coração, os lábios de Paulo expressaram o que havia em seu coração repleto de afeição por esses irmãos. Esse é o sentido geral do versículo, como indica a expressão o nosso coração está dilatado. Seu coração estava pronto para recebê-los em amor.
2. Paulo dá exemplo de reconciliação. No versículo 11 Paulo mostra seu desejo de reatar os laços estreitos que havia entre ele e os crentes de Corinto. A influência negativa dos falsos apóstolos havia abalado o relacionamento daqueles crentes com seu pai espiritual, mas apesar de todos os problemas e tristezas que a igreja lhe havia causado, Paulo ainda amava profundamente os cristãos do Corinto, e esperava que esse amor fosse correspondido. Se havia limites na afeição entre Paulo e os coríntios, eram da parte deles, e não do apóstolo(ver 6:12). Talvez esses limites se refletissem na hesitação dos coríntios em recebê-lo em seu meio, mas o amor de Paulo por eles era ilimitado. Ele declara que o seu coração tem sido alargado para amar a todos os crentes e que ele e seus companheiros não têm limites nem restrições para amar a todos.
3. Paulo demonstra seu afeto e espera ser correspondido (6:13). “Ora, em recompensa disso (falo como a filhos), dilatai-vos também vós”.
Paulo, como pai espiritual dos coríntios dá-lhes seu amor e deseja receber amor de seus filhos. Ele os amava como se fossem seus filhos. Devem, portanto, amá-lo como seu pai na fé. Aqueles que recebem amor devem retribuir amor. Os coríntios precisavam se livrar de todos os pensamentos negativos que tinham contra Paulo, e encher seus corações com amor para com ele. Somente Deus pode gerar esse amor, mas os corintios deveriam permitir a operação divina em sua vida.
II. PAULO EXORTA OS CORÍNTIOS A UMA VIDA SANTIFICADA (6.14-7.1)
Essa seção de 2Corintios é uma das passagens chave das Escrituras que trata da separação. Instrui os cristãos claramente a manter-se separados dos incrédulos, da iniqüidade, das trevas, do maligno e dos ídolos.
1. Uma abrupta interrupção de exortação (6:14-18). Conquanto não seja óbvia a conexão que deveria existir entre o assunto anterior(apelo à reconciliação e a comunhão com os corintios) e o seguinte(separação), todavia o versículo 14 é ligado ao versículo 13 pelo seguinte raciocínio: Paulo pediu aos cristãos que tivessem abertura em suas afeições para com ele. Agora, ele explica que uma das maneiras de eles atenderem a esse pedido é pela separação de toda forma de pecado e iniqüidade. Sem dúvida, o apóstolo estava pensando, em parte, nos falsos mestres que haviam invadido a igreja de Corinto.
2. O perigo que ameaça a fé: o jugo desigual. ” Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?”(6:14).
A expressão “jugo desigual” contém a idéia de alguém estar num jugo desnivelado. O pano de fundo aqui é a proibição de pôr animais de natureza diferente sob o mesmo jugo. Havia uma proibição de “lavrar com junta de boi e jumento”(Dt 22:10) e também de fazer cruzamento de animais de diferentes espécies(Lv 19:19). A idéia que Paulo está transmitindo é que existem certas coisas que são essencialmente distintas e fundamentalmente incompatíveis, que jamais podem ser naturalmente unidas. Assim como água e óleo não se misturam, a comunhão dos santos com os infiéis equivale a um jugo desigual.
Aprofundar a comunhão com pessoas descompromissadas com o Evangelho de Jesus Cristo é abrir brechas para Satanás. A associação entre o cristão e o incrédulo deve ser o mínimo necessário à conveniência social ou econômica. Leia e medite no Salmo 1. O crente, portanto, não deve ter comunhão ou amizade íntima com incrédulos, porque tais relacionamentos corrompem sua comunhão com Cristo.
Um crente não deve pôr-se debaixo do mesmo jugo com um incrédulo em,pelo menos, duas áreas: vida conjugal e participação em práticas cultuais pagãs.
Quanto à vida conjugal – O casamento entre um crente e um incrédulo está em desacordo com a Palavra de Deus(1Co 7:39). Esse princípio foi reprisado inúmeras vezes para o povo de Israel e repetidas vezes desobedecido(Ne 9:2; 10:28; 13:1-9,23-31). No caso de um crente já estar casado com um incrédulo, essa passagem não autoriza separação ou divórcio(1Co 7:12-16).
Quanto às práticas cultuais pagãs. O contexto prova que o propósito de Paulo nesse texto é proibir os crentes de unirem com os incrédulos no culto pagão(1Co 10:14-22). Paulo ataca com vigor a tese da união entre todas as religiões. Ele resiste fortemente ao ecumenismo universalista. O pensamento de que toda religião é boa e todo caminho leva a Deus está em completo descompasso com a Escritura. Não há comunhão verdadeira fora da verdade. No versículo 16 ele declara que não há consenso entre Deus e os ídolos, pois se cada crente é templo do Deus vivo, não pode haver em seu interior imundícias que profanem a vida cristã. Assim, devemos abster-nos de todo tipo de relacionamento que nos leve a transigir nossa fé ante o paganismo.
3. O correto relacionamento do cristão com os não-crentes. Na vida cristã há relacionamentos que precisamos cultivar e outros que precisamos abandonar. Quando Paulo exorta os crentes de Corinto a não se colocar sob um jugo desigual com o incrédulo não é um incentivo à discriminação social. Não se prende nenhuma exclusividade farisaica. Paulo mesmo foi sensível à cultura da época, mas não à custa da integridade da fé cristã e dos seus padrões morais(ler 1Co 9:19-23). Bem disse o pr. Elienai Cabral: Numa sociedade, as circunstâncias levam-nos a comunicar-nos com os mais variados tipos de pessoas. Todavia, não devemos praticar, jamais, as obras dos ímpios e inimigos da fé. Pois as ações do crente devem influenciar as pessoas de fora, não o contrário.
O comportamento do crente deve evitar toda a aparência do mal - “Abstende-vos de toda aparência do mal” (1Tessalonicenses 5:22). “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus” (Ef 5:15,16).
O crente tem um dever de viver uma vida digna perante os demais - “Vivei, acima de tudo, por modo digno do Evangelho de Cristo” (Fp 1.27).
A conduta do crente deve refletir a de uma pessoa transformada, que foi lapidada pelo poder do Espírito Santo. Há uma grande necessidade de mantermos uma conduta exemplar. Para tanto, é mister grande empenho para atingir tal objetivo. Somos exortados, pela Palavra de Deus, como deve ser a nossa conduta “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15).
Tudo o que nos distanciar do mal e nos aproximar de Deus, deve ser feito pelo salvo. Tudo aquilo que não contribui em coisa alguma para nossa aproximação com Deus deve ser evitado. Portanto, quando formos meditar sobre esta ou aquela conduta, lembremo-nos que o que está em jogo é o nosso relacionamento com Deus e que Deus quer que nós nos santifiquemos.
III. PAULO REGOZIJA-SE COM AS NOTÍCIAS DA IGREJA DE CORINTO (7.2-16)
1. Paulo reitera seu amor para com os coríntios (7:2-4). “ Recebei-nos em vossos corações; a ninguém tratamos com injustiça, a ninguém corrompemos, de ninguém buscamos o nosso proveito. Não digo isso para vossa condenação; pois já, antes, tinha dito que estais em nossos corações para juntamente morrer e viver. Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação e transbordante de gozo em todas as nossas tribulações”.
Depois de desviar o assunto em 6:14-7:1, Paulo volta seu relacionamento pessoal com a Igreja de Corinto. Ele já havia escancarado as comportas do seu coração para expressar seu profundo amor pela igreja(6:11,12). Ele também já havia rogado a retribuição de seu amor(6:13). Agora, ele,mais uma vez, pede hospedagem no coração dos crentes e elenca algumas razões pelas quais solicita o acolhimento:
Em primeiro lugar, Paulo não tratou ninguém com injustiça(7:2). Paulo não foi um mercenário, mas um pastor. Ele esteve em Corinto não para explorar o rebanho de Deus, mas para apascentar as ovelhas de Cristo. Seu propósito não era explorar os crentes, mas servi-los. Por isso, os crentes de Corinto não tinha motivos para não acolhê-lo em seu coração. Hoje, vemos muitos líderes inescrupulosos se abastecendo das ovelhas, em vez de pastoreá-las.
Em segundo lugar, Paulo não corrompeu ninguém(7:2). Paulo não causou mal algum à igreja. Seu exemplo e ensino não corromperam ninguém nem incentivaram o comportamento imoral. Hoje, há muitos escândalos que provocam verdadeiros terremotos morais na igreja. Há líderes que em vez de guiar o povo de Deus pelas sendas da verdade, desvia-os pelos atalhos da heterodoxia e do descalabro moral.
Em terceiro lugar, de ninguém buscou proveito para si(7:2). Paulo a ninguém explorou com o objetivo de obter lucro financeiro. Ele não cobiçou de ninguém nem prata nem ouro. Ele trabalhou com suas próprias mãos para se sustentar e ainda ajudar os necessitados(2Co 11:8). Ele não estava atrás do dinheiro do povo, mas velava por suas almas.
Em quarto lugar, Paulo sempre manteve uma lealdade sincera – “ Não digo isso para vossa condenação; pois já, antes, tinha dito que estais em nossos corações para juntamente morrer e viver”(7:3). A comunhão entre os verdadeiros cristãos é tão sólida, tão profunda e tão duradoura que nem mesmo a morte pode encerrá-la. Somos um aqui e seremos um por toda a eternidade(João 17:24).
Em quinto lugar, Paulo sempre acreditou na lealdade dos irmãos(7:4). “ Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação e transbordante de gozo em todas as nossas tribulações”.
A despeito do ataque desferido contra a integridade do apóstolo pelo ofensor(7:12), Paulo ainda cria fortemente na lealdade básica dos corintios para com ele. Talvez o aspecto específico da vida cristã dos coríntios que Paulo considerava louvável fosse sua disposição de ajudar os irmãos pobres de Jerusalém pela coleta de uma oferta. Também, outro fator que estimulou Paulo a confiar na lealdade dos coríntios foi as boas noticias que obteve da igreja através de Tito, seu companheiro – estou cheio de consolação e transbordante de gozo em todas as nossas tribulações.
2. Paulo alegra-se com as notícias trazidas por Tito (7:5-7). Paulo retoma o assunto deixado na capítulo 2:13. Ele saiu de Éfeso e viajou para Trôade à procura de seu companheiro Tito. Uma vez que não o encontrou lá, dirigiu-se à Macedônia. No versículo 5, o apóstolo explica que nem mesmo sua chegada à Macedônia lhe deu alívio esperado. Ele continuou preocupado e foi perseguido e atribulado. Por fora, o inimigo o atacava impiedosamente, e, por dentro, havia temores e ansiedade sem dúvida relacionados ao fato de ele ainda não ter feito contato com Tito. Então, Deus interveio e consolou Paulo com a chegada de Tito. A chegada de Tito com notícias alvissareiras foi um bálsamo para o apóstolo. O próprio Deus, Pai de toda consolação(1:3), consolou-o com a chegada de Tito(7:6).
Mas não foi somente o reencontro com seu amigo que alegrou tanto o coração de Paulo. O apóstolo também se regozijou ao ficar sabendo como Tito havia sido confortado pela reação dos corintios à carta paulina.
Tito deu a boa notícia de que os corintios ansiavam por ver Paulo, mesmo depois do empenho dos falsos mestres em afastá-los do apóstolo. Além de estarem com saudade de Paulo, os irmãos de Corinto também se mostraram entristecidos. Sua tristeza talvez se devesse ao fato de terem tolerado o pecado no meio da congregação ou à angústia e ansiedade que haviam causado ao apóstolo. Além do pranto, Tito menciona também a verdadeira consideração e zelo dos coríntios por Paulo, isto é, seu desejo sincero de agradá-lo.
Assim, a alegria de Paulo foi tripla: ele ficou feliz com a resposta positiva da igreja à sua carta; ficou feliz pela maneira fidalga com que a igreja tratou Tito; e ficou feliz pela expressão eloquente da saudade, do pranto e do zelo da igreja por ele(7:7).
Deus nunca abandona seu próprio povo, mas, no tempo certo, Ele lhes manda livramento. Seus olhos estão nos seus filhos que passam por sofrimentos, tanto físicos como mentais, por amor do seu reino. Ele ouve as orações deles e responde às suas necessidades, quando estão abandonados e humilhados.
3. A tristeza segundo Deus (7:8-16). Paulo está feliz porque os coríntios estão tristes(7:9). Só que essa tristeza é a tristeza do arrependimento, a tristeza que produz vida. Ao reprovar as atitudes erradas dos coríntios, produziu arrependimento e bem-estar em todos eles.
Paulo fala sobre dois tipos de tristeza: a tristeza piedosa – a tristeza segundo Deus - e a tristeza do mundo. Uma conduz à vida; a outra desemboca na morte.
A tristeza segundo Deus. É aquela que a pessoa sente depois de cometer um pecado e que produz arrependimento. É a tristeza que leva o homem a abominar o pecado, e não apenas as conseqüências dele. A tristeza pelo pecado produz arrependimento verdadeiro, e o arrependimento atinge três áreas vitais da vida: razão(é abandonar conceitos e valores errados e adotar os princípios e valores de Deus), emoção(é sentir tristeza pelo erro, e não apenas pelas consequencias dele. É sentir nojo do pecado) e vontade(é dar meia-volta e seguir um novo caminho. É voltar-se para Deus.).
Exemplos ver alguns casos de tristeza “segundo Deus” na Bíblia: DAVI(2Sm 12:13; Sl 51); PEDRO(Mc 14:72) e o FILHO PRÓDIGO(Lc 15:17-24).
A tristeza do mundo. É o sentimento daquela pessoa que está triste não porque roubou, mas porque foi flagrada e apanhada no ato do roubo. Não é arrependimento verdadeiro, mas apenas remorso. Produz amargura, resistência, desespero e, por fim, morte. Exemplos: o de ESAÚ(Hb 12:15-17) e JUDAS ISCARIOTES(Mt 27:3-5).
CONCLUSÃO
“Regozijo-me de em tudo poder confiar em vós”(7:16). Com este versículo, conclui-se o capítulo sete e a primeira seção de 2Corintios – a defesa do Ministério de Paulo. Apesar do estremecido relacionamento entre Paulo e a igreja de Corinto, o amor, a fé e a paciência dedicados ao discipulado dessa igreja, embora não fisicamente presente, contribuíram sobremaneira para que houvesse a restauração plena da comunhão entre ambos. A batalha contra os falsos apóstolos, que queriam denegrir o ministério do servo de Deus, o apóstolo Paulo, foi vencida. Paulo agora estava consolado, porque os crentes de Corinto apresentava um comportamento esperado. Agora, eles haviam recebido o apóstolo Paulo como a sua autoridade representativa. Diante disso, Paulo, então, fecha o círculo dessa consolação restauradora, dizendo:” Regozijo-me de em tudo poder confiar em vós”.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br, e no Blog: http://luloure.blogspot.com/
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald. II Corintios – Colin Kruse.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aula 07 - PAULO, UM MODELO DE LÍDER-SERVIDOR

Leitura Bíblica: 2 CORÍNTIOS 6.1-10
14 DE FEVEREIRO DE 2010

"E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão"(2 Co 6.1).
INTRODUÇÃO
Muitas teorias acerca do tema liderança têm sido apresentadas em diversas escolas de administração, porém, a mais importante é a que a Bíblia mostra: a liderança exercida pelo exemplo, a liderança-servidora. A base da liderança não é o poder e sim a autoridade, conquistada com amor dedicação e sacrifício. O respeito, a responsabilidade e o cuidado com as pessoas são virtudes indispensáveis a um grande lider.
Liderar não é ser chefe (chefia pressupõe autoritarismo). Liderar também não é o mesmo que gerenciar; você gerencia coisas e lidera pessoas. Liderar é servir. Atualmente muitos querem exercer liderança, mas poucos querem servir ao Senhor Jesus e a Sua Igreja. Jesus foi o nosso exemplo de líder-servidor. Certa vez, Ele declarou que não veio a esse mundo para ser servido, mas para servir (Mt 20.26-28). Paulo foi um homem que seguiu as pisadas do Mestre e personificou sua liderança como um líder-servidor. Ele aprendeu com Jesus que o serviço é a postura ideal para quem deseja liderar na vida eclesiástica. Mesmo sofrendo retaliação e rejeição de alguns, Paulo amou, liderou e serviu a igreja, e esperava que os coríntios fizessem o mesmo. Ele recomenda aos coríntios na primeira carta:”sede meus imitadores, como eu sou de Cristo”(1Co 11:1).
I. PAULO SE IDENTIFICA COMO SERVIDOR DE CRISTO (6.1,2)
1. Paulo se descreve como cooperador de Deus no ministério da reconciliação
-“ E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão”(6:1).
Este versículo é complemento do capitulo 5, que estudamos na aula anterior sobre o “Ministério da reconciliação”. Aqui, Paulo ainda está relatando sua mensagem aos que ainda não eram salvos, precisamente aos corintios, para que se reconciliem com Deus. Fazendo assim, ele afirma que estava cooperando com Jesus Cristo. Ele falou da graça maravilhosa que lhes é oferecida por Deus. Agora, roga-lhes que não a recebam em vão. Eles não devem permitir que a semente do evangelho caia em solo estéril. Antes, devem responder a essa mensagem maravilhosa recebendo o Salvador da qual ele fala.
É óbvio que Deus não precisa de ninguém para fazer o que é necessário ser feito, mas Ele deseja uma relação de comunhão e serviço em conjunto com o ser humano, para que este tenha o privilégio de participar do ministério da reconciliação.
2. Paulo, um modelo de líder-servidor. O apóstolo Paulo é considerado um modelo de líder-servidor, porque ele é o reflexo da liderança-servidora de Jesus Cristo, cuja essência era “se você quiser liderar, primeiro deve servir”. E Jesus demonstrou isso durante todo o seu ministério terreno. Lembremos, Ele não era detentor de qualquer tipo de poder político, econômico ou religioso da época. Herodes, Pôncio Pilatos, os romanos e muitos judeus religiosos tinham poder, mas Jesus não. Ele possuía autoridade; influência sobre as pessoas que o seguiam. Influência essa que era baseada principalmente na forma como servia ao povo.
As características do amor ágape são modelos essenciais a serem absorvidos pelo líder. Desta feita, o capítulo 13 de 1Corintios apresenta-se como o texto áureo da verdadeira liderança-servidora. Para verificar, basta trocar as palavras amor/caridade pela expressão verdadeiro líder e terás a seguinte paráfrase: O verdadeiro líder sofre, é bondoso. O verdadeiro líder não é invejoso, não é leviano e não é arrogante. O verdadeiro líder não se porta com indecência, não é mesquinho, não se estressa facilmente e não suspeita mal. O verdadeiro líder não folga com a injustiça, ama a verdade. O verdadeiro líder acredita, é paciente e tudo suporta.
3. Paulo desperta os coríntios para a chegada do tempo aceitável - (Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.)”(6:2).
Neste versículo, Paulo cita Isaias 49:8. Neste capítulo, vemos que Deus está em litígio com seu povo porque rejeitaram o Messias. No versículo 7 deste capítulo, o Senhor é rejeitado pela nação de Israel, uma rejeição que, como sabemos bem, resultou na morte de Jesus. No versículo 8, porém, temos as palavras de Jeová, garantindo ao Senhor Jesus que sua oração foi ouvida e que Deus Pai o ajudaria e o preservaria.
Socorri-te no dia da salvação. Estas palavras se referem à ressurreição do Senhor Jesus Cristo. O tempo aceitável e o dia da salvação seriam iniciados com a ressurreição de Cristo dentre os mortos.
Ao pregar o evangelho, Paulo se apropria dessa maravilhosa verdade e anuncia aos seus ouvintes não – salvos: eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação. Em outras palavras, já estamos vivendo na era sobre a qual Isaias havia profetizado como dia da salvação, de modo que Paulo insta os homens a crer no Salvador enquanto ainda é o dia da salivação. Hoje, ainda é tempo oportuno de você se reconciliar com Deus. Amanhã pode ser tarde demais!
II. A ABNEGAÇÃO DE UM LÍDER-SERVIDOR (6.3-10)
Paulo tratou da súbita honra de ser um ministro da nova aliança(3:6), um ministro da justiça(3:9), um ministro da reconciliação(5:18); de receber a palavra da reconciliação(5:19) e ser um embaixador de Deus(5:20). Por esse motivo, ele buscava viver de forma irrepreensível a fim de que o ministério não fosse censurado(6:3).
1. O cuidado de um líder-servidor. “Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado”.
O apóstolo Paulo tinha o cuidado de não fazer coisa alguma que pudesse servir de tropeço tanto a incrédulos quanto a cristãos(Rm 14:1-23). Ele estava ciente de que sempre haveria pessoas à procura de uma desculpa para não ouvir a mensagem da salvação e dispostas a usar a vida incoerente do pregador como pretexto. Assim, o apóstolo lembra aos coríntios que não deu nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não pudesse ser censurado. “Ministério” aqui não se refere a um alto cargo eclesiástico, mas ao serviço a Cristo. E isto diz respeito a todos os que pertencem a Cristo.
Um pastor é sempre em primeiro lugar um ministro da Palavra e, depois, um servo do Senhor para o seu povo. Quando um ministro do evangelho quebra a lei moral de Deus, a Igreja local sentirá muita dificuldade para testemunhar efetivamente para o mundo. A igreja local a que pertence esse ministro se torna objeto de riso, pois a poluição do pecado mostra a contradição entre atos e palavras. O ato pecaminoso ofusca a mensagem do evangelho.
2. Experiências de um líder-servidor (6:4-5). “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns”.
Paulo descreve seu ministério apostólico apresentando uma série de seis tribulações e aflições experimentadas por ele. Didaticamente, ele aborda três grupos, cada um composto de três situações, em que a paciência é aplicada.
Primeiro grupo, os conflitos internos da vida cristã(6:4): aflições, necessidades e angústias.
Aflições
– podem referir-se a perseguições sofridas pelo apóstolo em nome de Cristo.
Necessidades – Dão a idéia de carência de necessidades básicas como alimento, vestuário e abrigo.
Angústias – Podem abranger as circunstâncias adversas nas quais ele se via com frequencia.
Segundo grupo, as tribulações externas da vida cristã – são exemplos particulares(6:5): açoites, prisões e tumultos.
Açoites – O sofrimento de Paulo não era apenas espiritual, mas também físico. Conforme Atos 16:23 e 2Co 11:23,24, Paulo sofreu muitos açoites.
É exatamente porque os cristãos primitivos enfrentaram as fogueiras, as feras e toda sorte de castigos físicos que hoje recebemos o legado do cristianismo.
Prisões – Paulo foi preso várias vezes. Ele passou vários anos do seu ministério na cadeia. O livro de Atos registra sua prisão em Filipos, Jerusalém, Cesaréia e Roma. Também são mencionadas em 2Corintios 11:23: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes”. Paulo terminou os seus dias numa masmorra romana, de onde saiu para ser decapitado.
Tumultos – Se referem às confusões provocadas em várias ocasiões pela pregação do evangelho. A mensagem de que os gentios podiam ser salvos da mesma forma que os judeus foi a causa de alguns dos tumultos mais violentos.
Terceiro grupo, as tribulações naturais da vida cristã(6:5b): trabalhos, vigílias e jejuns. Estas provas não vieram de fora nem de dentro, mas foram abraçadas voluntariamente por Paulo.
Trabalhos - Os trabalhos de Paulo podem incluir não apenas a confecção de tendas, mas outros trabalhos braçais, sem falar em suas viagens.
Vigílias – As vigílias descrevem sua constante necessidade de permanecer alerta às tentativas de seus inimigos lhe fazerem mal e aos ardis do diabo.
Jejuns – Os jejuns talvez incluam a abstinência voluntária de alimentos; é mais provável, porém, que se refiram à fome decorrente da pobreza.
Apesar de todas essas experiências na vida ministerial de Paulo, ele não se envergonhou do evangelho de Cristo nem desistiu de continuar seu trabalho, que era realizado na pureza(6:6), ou seja, com castidade e santidade. Ninguém podia acusá-lo de praticar atos que maculassem o seu caráter.
3. Os elementos da graça que o sustentaram nestas experiências (6:6). na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido”.
O apóstolo Paulo deixa de lado as provas e tribulações, que a paciência lhe permitiu vencer, e apresenta seis "elementos" que lhe deram força interior, resultantes da graça, e que o sustentaram, bem como a seus companheiros, naquelas tribulações: "pureza, ciência (conhecimento), longanimidade, benignidade, a presença do Espírito Santo e o amor não fingido (verdadeiro)".
Em primeiro lugar, as qualidades que Deus outorga à mente. Três virtudes basilares da vida cristã são dadas a Paulo, capacitando-o para ser um ministro da reconciliação: pureza, ciência(conhecimento) e longanimidade.
A pureza – O ministério de Paulo era realizado na pureza, ou seja, com castidade e santidade. Ninguém podia acusá-lo de ser imoral.
A ciência(conhecimento) - Paulo não se refere à riqueza de informações, conhecimento intelectual, mas a um claro entendimento da mensagem do evangelho. Cristo havia revelado a Paulo o ministério da salvação(Ef 3:6).
A longanimidade – Longanimidade é a habilidade de suportar as pessoas mesmo quando elas estão equivocadas ou são cruéis. Refere-se a um demorado refletir mental antes de dar lugar aos sentimentos e à ação. É a capacidade de suportar injúrias e desprezos, sem nutrir ressentimentos.
Em segundo lugar, as qualidades que Deus outorga ao coração: benignidade, Espírito Santo e amor não fingido.
A benignidade
– É ser bondoso. Possibilita o líder cristão a não agir com revanche ou desforra. É uma benevolência compassiva. Ser bom é pensar mais nos outros do que em si mesmo. Paulo em toda a sua vida ministerial investiu na vida dos outros.
O Espírito Santo - Tudo que Paulo fez, foi feito no poder e em submissão ao Espírito Santo. Ele pregou no poder do Espírito Santo(1Co 2:4; 1Ts 1:5). Fazer algo no Espírito Santo significa reconhecer a sua direção em todas as decisões da nossa vida.
O amor não fingido – É ao amor ágape. É aquele amor tipo de amor que não paga o mal com o mal, mas vence o mal com o bem. É o amor que não se vinga, mas se entrega sacrificialmente em favor da pessoa amada. Esse amor não é misturado com outros sentimentos egoístas. Esse amor foi a maior motivação para o exercício ministerial de Paulo, e deve ser de todos os cristãos.
III. AS ARMAS DE ATAQUE E DEFESA DE UM LÍDER-SERVIDOR
A vida cristã é um combate sem trégua. Lutamos não contra o sangue e a carne, mas contra principados e potestades(Ef 6:12). Nessa peleja não há campo neutro. Somos um guerreiro ou uma vítima. Não podemos entrar nessa batalha sem armas adequadas(2Co 10:3,4).
No versículo 7 do capítulo 6 Paulo menciona três qualidades concedidas por Deus, equipando-o para a pregação do Evangelho: a Palavra da verdade, o poder de Deus e as armas da justiça – “na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda”.
A Palavra da verdade - Paulo tinha recebido tanto a Palavra de Deus como a força para proclamá-la. Ele não gerou a Palavra, ele a recebeu. Ele não transmite o que vem de dentro, mas o que vem do alto. Não se trata de palavra de homens, mas da Palavra da verdade.
Poder de Deus - Paulo anunciava a Palavra no poder de Deus(1Co 2:4; 1Ts 1:5). Ele não realizava o ministério com seu próprio poder, mas na simples dependência da força que Deus provia. Sem poder não há pregação. Paulo não apenas falava do poder, ele experimentava o poder.
1. As armas da justiça numa guerra espiritual (6:7). “[...] pelas armas da justiça, à direita e à esquerda”.
Como embaixador de Cristo, Paulo sente-se como um soldado preparado para a luta. Suas armas não são materiais ou exteriores; são espirituais(2Co 10:3-5; Rm 13:12). As armas da justiça são descritas em Efésios 6:14-18 e retratam um caráter reto e firme. Quando a nossa consciência está livre de ofensas contra Deus ou contra outros, o Diabo tem pouca oportunidade de nos atacar.
Essas armas são tanto de defesa quanto de combate. Trata-se do escudo usado na mão esquerda; e a espada, na mão direita. O escudo era a arma de defesa; e a espada, a arma de combate. Neste caso, Paulo está dizendo que o bom caráter cristão é o melhor ataque e a melhor defesa.
2. Os contrastes da vida cristã na experiência de um líder-servidor (6:8-10). “ por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo”.
Nos versículos 8 a 10 Paulo descreve alguns contrastes gritantes encontrados no serviço do Senhor Jesus. O verdadeiro discípulo experimenta tanto o topo da montanha como as regiões mais baixas dos vales mais profundos. Ele oscila entre a honra e a desonra, entre a infâmia e a boa fama, entre a vida e a morte. Alguns falam bem do seu zelo e coragem, enquanto outros só tem palavras de condenação em relação à sua pessoa. Apesar de ser autêntico, é tratado como enganador. Não é um impostor, mas um servo de Deus altíssimo.
Em fim, esses paradoxos falam dos dois lados opostos da vida de um homem de Deus: o lado secular e o lado espiritual. O lado visto pelos ímpios, e o lado visto por Deus.
3. Paulo dá uma resposta aos adeptos da Teologia da Prosperidade (6:10). "Como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo".
Como pobres, mas enriquecendo a muitos” - Paulo não era como os falsos apóstolos que ganhavam dinheiro mercadejando a Palavra(2Co 2:17). Paulo era pobre. Ele não tinha dinheiro, mas tinha um tesouro mais precioso do que todo o ouro da Terra: o bendito evangelho de Cristo(4:7). Ele enriquecia as pessoas não de coisas materiais, mas de bênçãos espirituais, provenientes do Evangelho de Cristo. Dessa forma, o apóstolo demonstra que a pobreza terrena não significa nada, e que ninguém precisa tornar-se pobre para obter riquezas espirituais.
como nada tendo e possuindo tudo” - Paulo não possuía riquezas terrenas, mas era herdeiro daquele que é dono de todas as coisas. Apesar de não possuir nada, de certa forma ele possuía tudo o que importava.
O ímpio tem posse provisória, mas o cristão é dono de todas as coisas que pertencem ao Pai(Lc 15:31). Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8:17). O ímpio tendo tudo aqui, mas nada levará(1Tm 6:7). Nós nada tendo aqui, possuímos tudo: a vida eterna com Cristo em sua glória –“ Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.”(João 3: 36). “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”(João 5:24). “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna”(João 6:47). Leia o Salmo 73, e veja a diferença entre o crente e o ímpio rico.
CONCLUSÃO
Embora “servir” tenha uma conotação de fraqueza para alguns, a liderança - servidora pode ter um impacto positivo em nosso desempenho como pais, treinadores, cônjuges, professores, pastores ou gerentes. Afinal, todos querem se tornar os líderes que as pessoas precisam e merecem. O apóstolo dedicou, pois, sua vida e personificou sua liderança como um líder-servidor. Ele seguia o exemplo do Senhor Jesus que foi, é e sempre será o modelo perfeito de líder-servidor(Mc 10:45), e esperava que os coríntios fizessem o mesmo(1Co 11:1). Isto se aplica peremptoriamente a todos nós. Se quisermos servir ao Senhor com inteireza de coração, precisamos seguir os passos de Jesus.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no site: www.adbelavista.com.br, e no Blog: http://luloure.blogspot.com/
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo DAKE. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da bíblia – 2Corintios. 2Corintios – Rev. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdnald.