segunda-feira, 28 de março de 2011

Aula 01 - QUEM É O ESPÍRITO SANTO

Texto Base:João 14:16,17,26; 6:13-15

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre”(João 14:16)


INTRODUÇÃO

Um dos ensinos básicos das Escrituras, que o autêntico cristão nunca pode desconsiderar, é o de que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Trindade, ou seja, é uma das Pessoas que formam o Único e Soberano Deus e, como tal, é uma Pessoa, jamais uma força ou influência. Ele habita no coração dos servos do Senhor Jesus. Ao estudarmos sobre este sublime assunto devemos ter plena reverencia, santo temor e oração, tendo em mente que se trata de um assunto bastante difícil, haja vista que o Espírito Santo nada fala de si mesmo(João 16:3). O eterno Deus, o Pai, revela muito de si mesmo nas páginas Sagradas; de igual modo, o Filho. Mas o divino Espírito Santo, não. Daí tratar-se este assunto de um insondável mistério, do qual devemos nos acercar primeiramente pela fé em Cristo(Rm 3:27). Ao concluirmos esta aula estaremos hábeis para descrever os atributos do Espírito Santo e defender a sua Divindade. Teremos, outrossim, a convicção de que não devemos nos apossar-nos dEle; e, sim, permitir que Ele se aposse de nossa alma, de nosso coração e de nosso corpo;de que somos o seu templo e santuário. Também, que as Escrituras nos ensinam que o Espírito Santo é uma Pessoa, é Deus e que não pode ser deliberadamente rejeitado pelo crente, pois isso é considerado um pecado imperdoável (Hb 10:29;Mt 12:31).

I. A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

1. A doutrina do Espírito Santo. A doutrina do Espírito Santo é também chamada de Pneumatologia, que trata de sua deidade, seus atributos, obras e operações. O termo vem de pneuma(gr. “o ar”, “o vento”), cognato do verbo pnéo, “respirar, “soprar”, “inspirar”. Significa, na Bíblia, principalmente o espírito humano, que, como o vento, é invisível, imaterial, dinâmico, potente. Mas pneuma(hb.ruach) diz respeito também ao Espírito de Deus, a terceira Pessoa da Trindade.[1]

Quanto aos atos e operações do Espírito Santo no Novo Testamento, na igreja, como Parácleto divino prometido pelo Pai, bem como prometido e enviado pelo Filho, essa parte da doutrina da Pneumatologia é comumente denominada Paracletologia. Algumas seitas apresentam o Espírito Santo como sendo uma influência impessoal, uma força ou uma energia. Entretanto, a Palavra de Deus nos revela que o Espírito Santo é uma pessoa, pois menciona atitudes e ações do Espírito que somente uma pessoa pode ter. Ele possui uma mente, vontade e emoções, que são características de uma pessoa e não de uma influência ou força. Em atos 10:19,20, como denotação característica de uma pessoa, o Espírito Santo chama a Si mesmo de “Eu” – “E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três varões te buscam. Levanta-te, pois, e desce, e vai com eles, não duvidando; porque eu os enviei”. Segundo o pr. Antonio Gilberto, “para o crente e a igreja, a doutrina do Espírito Santo é altamente prioritária e indispensável, uma vez que o próprio título ‘Espírito Santo’ denota regeneração, recriação, vivificação, dinamismo, espiritualidade (João 6:63; Tt 3:5). O mesmo título denota santidade, santificação(‘Santo’)”.

2. O Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. O Espírito Santo da atual dispensação é o mesmo que atuou no Antigo Testamento. Qual a diferença, então? No Antigo Testamento, se usufruía apenas individualmente (1Sm 10:6; 16:13); agora, temos o Espírito Santo (1Co 7:40; Gl 3:5; 1João 4:13; 1Ts 4:8). No Antigo Testamento, o Espírito habitava no meio do povo (Ag 2:5), ou estava sobre alguém (Nm 11:17; Is 59:21); agora, está dentro de ou em nós (Ez 36:27; João 14:17). Antes, eram usados indivíduos (como Saul, Davi, etc.); agora, ele usa um povo (1Co 6:19; Ef 2:22; Ap 3:6). No Antigo Testamento, era temporário (Nm 11:25); agora, em caráter permanente (João 16:7).

Vejamos algumas manifestações do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento:

a) No Antigo Testamento. Embora muitos achem que o Espírito tenha começado a agir apenas depois da ascensão de Jesus, na verdade ele sempre atuou de forma poderosa em toda a história bíblica, inclusive nos dias do Antigo Testamento. Nesse período, o Espírito Santo muitas vezes capacitou pessoas para serviços especiais. Ele capacitou Josué com habilidades de liderança e sabedoria(Nm 27:18; Dt 34:9), e deu poder aos juizes para libertar Israel de seus opressores(observe como o Espírito do Senhor “veio sobre” Otoniel - Juizes 3:10, Gideão - Jz 6:34, Jefté –Jz 11:29 e Sansão – Jz 13:25; 14:6, 19; 15:14). O Espírito Santo veio poderosamente sobre Saul a fim de levantá-lo para a batalha contra os inimigos de Israel(1Sm 11:6), e quando Davi foi ungido rei, “o Espírito do Senhor se apossou” dele daquele dia em diante(1Sm 16:13),capacitando-o para cumprir a tarefa de realeza para a qual Deus o havia chamado. Também, o Espírito Santo dotou Bezalel com talentos artísticos para a construção do tabernáculo e de seu equipamento(Ex 31:3; 35:31) e com capacidade para ensinar essas técnicas para os outros(Ex 35:34). O Espírito Santo também protegeu o povo de Deus e capacitou-o para vencer seus inimigos. Por exemplo, Deus colocou seu Espírito no meio deles à época do êxodo(Is 63:11,12) e, mais tarde, após seu retorno do exílio, pôs seu Espírito no meio deles para protege-los e guarda-los do medo(Ag 2:5). Em fim, em todo o Antigo Testamento vemos a manifestação irrefutável do Espírito Santo de Deus.

b) No Novo Testamento. Neste período da graça o Espírito Santo tem se manifestado não mais de forma individual e eventual, mas em todo corpo de Cristo (a igreja) e de forma atuante. O Espírito Santo é o Paracleto da Igreja. Esta não pode viver sem Aquele. No início da Igreja, o Espírito Santo capacitou os discípulos de Jesus para vários tipos de ministério. No primeiro Pentecostes após a Assunção de Cristo, quase 120 pessoas foram batizadas com o Espírito Santo(Atos 1:15). Jesus lhes tinha prometido: “... mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas...”(Atos 1:8).

A primeira operação do Espírito Santo, na atual dispensação, diz-nos Jesus, ao anunciar a Sua vinda a Terra, seria o convencimento do pecador: "E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo" (João 16:8). O Espírito Santo atua sobre a alma do pecador, a fim de que ela possa se arrepender dos seus pecados e decidir aceitar a Cristo como Seu único e suficiente Salvador. Quando isto ocorre, temos a primeira operação que foi atribuída ao Espírito Santo nesta dispensação: o novo nascimento. Ao nascer de novo, o crente recebe o batismo pelo Espírito Santo(1Co 12:13), ou seja, ele é batizado no corpo de Cristo – a Igreja, unindo-o a este corpo; fazendo com que ele seja um só com os demais crentes.

Há vários exemplos específicos da atividade do Espírito Santo concedendo poder aos primeiros cristãos para operar milagres à medida que eles proclamavam o evangelho (note Estevão em At 6:5,8; e Paulo em Rm 15:19; 1Co 2:4). Mas o Espírito Santo deu também grande poder à pregação da igreja primitiva de modo que, quando os discípulos eram cheios do Espírito Santo, proclamavam a Palavra com grande coragem e poder(At 4:8,31;6:10; 1Ts 1:5; 1Pe 1:12). Em geral, podemos dizer que o Espírito Santo fala por meio da mensagem do evangelho à medida que ela é proclamada de maneira eficaz ao coração das pessoas.

O Novo Testamento termina com um convite do Espírito Santo e da igreja, que juntos chamam as pessoas à salvação(ler Ap 22:17). Na realidade, não só na pregação da mensagem do evangelho, como também na leitura e no ensino das Escrituras, o Espírito Santo continua a falar ao coração das pessoas a cada dia(veja Hb 3:7 e 10:15, onde o autor cita uma passagem do Antigo Testamento e diz que o Espírito Santo está agora falando aquela palavra aos leitores).

Assim como aconteceu no início da Igreja, o Espírito Santo continua a capacitar os seus servos na atualidade. Isso ocorrerá até o dia do arrebatamento da Igreja.

II. A ASSEIDADE DO ESPÍRITO SANTO

1. A asseidade e existência do Espírito Santo.

a) A asseidade do Espírito Santo. A asseidade do Espírito Santo, também chamada de sua independência, é aquela virtude segundo o qual Deus existe por si próprio, tendo o fundamento e fonte eterna de seu ser em si mesmo, não sendo causado ou dependente de nenhum ser fora de si, e sendo, portanto, o ser absoluto e puro, que é também perfeitamente auto-suficiente, assim como são o Pai e o Filho. Nessa virtude ele é totalmente diferente da criatura, pois é o Criador, junto com o Pai e Filho(Gn 1:2). Ele é; a criatura existe. Ele é Eterno; a criatura é infinda.

b) A preexistência do Espírito Santo. A natureza e os atributos do Espírito Santo caracterizam-no como o ‘Espírito Eterno’, não tendo princípio e nem fim de existência (Hb 9:14). Só Deus é eterno, pois só Deus não tem princípio nem fim e, por isso, é o princípio e o fim (Ap.1:8; 22:13). Se é dito que o Espírito é Eterno, temos que Ele é Deus. Sendo Deus, o Espírito Santo sempre esteve presente em todas as ações divinas em relação ao ser humano, a começar da sua criação. Como vemos na declaração divina de Gn 1:27, na criação do homem toda a Trindade esteve envolvida. “Façamos o homem conforme à Nossa imagem, conforme à Nossa semelhança", ou seja, há o emprego do verbo no plural ao mostrar que o Deus que decidiu a criação do homem era um único Deus, mas dotado de uma pluralidade de pessoas.

c) O Espírito Santo não se confunde nem com o Pai, nem com o Filho. Ao investigarmos a doutrina da deidade do Santo Espírito, devemos observar que o Novo Testamento ensina a unicidade da divindade (1Co 8:4; Tg 2:19) e, no entanto, revela a distinção de pessoas na divindade: o Pai é Deus (Mt 11:25; João 17:3; Rm 15:6; Ef 4:6); o Filho é Deus (João 1:1,18; 20:28; Rm 9:5; Hb 1:8; Cl 2:9; Fp 2:6; 1João 5:20); o Espírito Santo é Deus (At 5:3,4; 1Co 2:10,11; Ef 2:22). O Pai, o Filho e o Espírito Santo são claramente distinguidos um dos outros na Bíblia (João 15:26; 16:13-15; Mt 3:16,17; 1Co 13:13), de tal forma que as três pessoas não se confundem umas com as outras. São três benditas e santíssimas pessoas que compõem apenas uma divindade. Portanto, na unidade da divindade há uma trindade de pessoas, da qual o Espírito Santo é o Executivo. Conquanto as evidências bíblicas acerca da divindade do Espírito Santo sejam irrefutáveis, ainda insurge no meio dos crentes sutis ensinamentos que buscam confundir os incautos de que, embora o Espírito Santo seja uma Pessoa Divina, Ele se confunde ou com o Pai, ou com o Filho. Assim, o Espírito Santo seria ou o Pai ou o Filho, mas não uma “terceira” Pessoa. Tal ensinamento, tanto quanto os que negam a personalidade e/ou a divindade do Espírito Santo, não pode ser aceito pelos servos de Deus. O Espírito Santo, embora seja um com o Pai e com o Filho, é uma Pessoa distinta, que não Se confunde com nenhuma das outras duas.

O texto da Bíblia que é mais utilizado pelos falsos mestres para demonstrar suas teorias falsas é o de João 14:18:” Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”. Dizem eles que, segundo este texto o Espírito Santo nada mais seria do que o próprio Jesus que teria retornado para conviver com a Igreja, ainda que de forma invisível e incorpórea. Afinal de contas, dizem estes hereges, “o Senhor disse que não nos deixaria órfãos, mas “voltaria para nós”. Entretanto, esta expressão não tem a ver com uma volta da Pessoa de Cristo para o convívio da Igreja, como durante o ministério terreno, mas, sim, com o Seu retorno por intermédio do Espírito Santo. O Espírito tornaria Jesus presente, fazendo-nos lembrar dos Seus ensinos, do Seu exemplo, levando-nos à comunhão com o Pai e o Filho, por meio de uma vida de santificação, de oração e de meditação na Palavra do Senhor. Assim, por meio do Espírito, sentimos a presença de Jesus, enquanto não chega o dia do arrebatamento, quando aí, sim, passaremos a ter a presença pessoal do Filho, semelhante e até mais profunda que a que havia entre Jesus e Seus discípulos durante o Seu ministério terreno. [2]

2. Atributos incomunicáveis do Espírito Santo. A natureza divina do Espírito Santo encontra-se explícita e implícita na Palavra de Deus, ou seja, não só o texto sagrado diz abertamente que o Espírito Santo é Deus, como também confere atributos e características ao Espírito Santo que indicam que Ele é Deus, já que se trata de qualidades exclusivas da Divindade.

a) O Espírito Santo é onisciente, ou seja, sabe todas as coisas -“Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1Co 2:10,11). O apóstolo Paulo ensina-nos que só quem sabe as coisas que Deus sabe é o Espírito Santo. Ora, Deus sabe todas as coisas e, portanto, o Espírito Santo, se sabe o que Deus sabe, também sabe todas as coisas. Se o Espírito sabe todas as coisas, é onisciente e só Deus é onisciente, de forma que o que o texto está a nos dizer é que o Espírito Santo é Deus.

b) O Espírito Santo é onipresente, ou seja, está em todos os lugares ao mesmo tempo (cf Sl 139:7-10). O salmista diz-nos que não há como fugir da presença do Espírito do Senhor, pois Ele está em todos os lugares. Ora, só Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, pois isto é um atributo que Lhe é exclusivo. Se o Espírito Santo está presente em todos os lugares, como diz o salmista, esta é uma outra maneira de as Escrituras nos revelarem que o Espírito Santo é Deus.

c) O Espírito Santo é onipotente, ou seja, tem todo o poder (Lc 1:35,37; 1Co 12:11). Nos dois textos mencionados, é dito que o Espírito Santo faz coisas impossíveis ao homem, pois nada Lhe é impossível, como também que ele opera todas as coisas, conforme a Sua vontade. Os dois textos mostram, assim, que não há limite para a operação do Espírito Santo, que pode fazer tudo o que quiser. Ora, isto nada mais é que onipotência, que é outro atributo exclusivo da divindade. Assim sendo, temos que o Espírito Santo é Deus.

III. A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO

De acordo com o pastor Antonio Gilberto, personalidade “é o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa”. O que nos leva a entender que o Espírito Santo é uma pessoa? O fato do Espírito sentir, perceber o que se passa na vida do crente. Um objeto não tem essa capacidade. Meu relógio não sente quando meu pulso está falhando, mesmo estando atado a ele. Entretanto, uma pessoa tocando em meu pulso poderá afirmar: ele não está passando bem. Somente uma pessoa tem essa capacidade. Assim, o Espírito Santo é uma pessoa que ama, entristece e sofre. Ele fala, age e opera funções de uma pessoa. Algumas seitas apresentam o Espírito Santo como sendo uma influência impessoal, uma força ou uma energia. Entretanto, a Palavra de Deus nos revela que o Espírito Santo é uma pessoa, pois menciona atitudes e ações que somente uma pessoa pode ter. Ele possui uma mente, vontade e emoções, que são características de uma pessoa e não de uma influência ou força.

Vejamos algumas provas, dentre muitas que existem na Bíblia Sagrada:

1. O Espírito tem emoções - "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção" (Ef 4:30). Somos admoestados a não entristecer o Espírito Santo, retratando, portanto, que Ele possui as emoções de uma pessoa. Ele sofre quando pecamos e se entristece com as manifestações do nosso pecado. Uma força, um "fluir" nunca pode ficar triste, somente uma pessoa. Mas o Espírito Santo não só Se entristece, mas também sente alegria, tanto que faz com que as pessoas sintam a Sua alegria, a começar pelo próprio Senhor Jesus (Lc 10:21) e, depois, dos discípulos (1Ts 1:6).

2. O Espírito Santo tem ciúmes - " Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?"(Tg 4:5). Quando traímos a Deus através dos nossos pecados, contradições, negações da fé, amasiamentos com o mundo, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza), espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro) e político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito Santo não é simplesmente alguém que entra em nós e depois sai. Ele vem e fica. Além disso, Ele não está presente para energizar-nos a vida. Não. Ele é uma pessoa com a qual mantemos relações pessoais.

3. O Espírito Santo raciocina (Rm 8:27) - “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”. Neste texto, as Escrituras dizem que o Espírito Santo examina os corações, ou seja, examinar é raciocinar, é calcular, é emitir juízos. Uma força jamais pode calcular, jamais pode examinar, só uma pessoa pode fazê-lo.

4. O Espírito Santo fala(Atos 8:29) - "Então disse o Espírito a Filipe: aproxima-te desse carro e acompanha-o...". Aqui, percebemos que o Espírito Santo é um Ser que fala. Ora, uma força não pode falar, mas uma Pessoa, sim. Tanto é certo que o Espírito Santo fala que, em At 13:2, isto é explicitamente mencionado, como também em 1Tm 4:1 e Hb 3:7, bem assim em todas as cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia Menor (Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22), como num instante em que se fazia a revelação a João das coisas que brevemente hão de acontecer (Ap 14:13).

5. O Espírito Santo ouve (Jo.16:13) – “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir”. Aqui a Bíblia diz que o Espírito Santo dirá aquilo que tiver ouvido. Portanto, é um ser, é uma Pessoa, pois tem capacidade de ouvir e não é um simples ouvir, mas um ouvir que retém e que discerne o que se ouve para depois o anunciar.

6. O Espírito Santo ensina (João 14:26) – “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Observe o final do versículo: “...e vos fará lembrar...” - Quando Jesus diz que o Espírito Santo nos faria lembrar de tudo quanto o Senhor Jesus nos tem dito, está a nos revelar uma face maravilhosa deste Professor e Mestre que é o Espírito Santo. O Espírito Santo não só é um Mestre (algo que uma força não pode ser, como o vimos), como também é um Mestre dedicado, um Professor comprometido com os Seus alunos.

7. O Espírito Santo tem vontade – “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co 12:11). Neste texto, é dito que o Espírito Santo reparte, como quer, os dons espirituais entre os crentes, ou seja, tem vontade, tem autodeterminação, algo que jamais uma força pode ter, mas tão somente uma pessoa. Em Atos 2:4, também é dito que os discípulos falavam línguas estranhas conforme a concessão que lhes dava o Espírito Santo, ou seja, quem determinava qual língua e quando deveria ser ela falada era o Espírito, algo que uma força jamais poderia realizar. Diferente não foi no chamado Concílio de Jerusalém, onde o Espírito Santo deu o Seu parecer a respeito da discussão a respeito da observância da lei de Moisés (At 15:28).

CONCLUSÃO

Concluindo, podemos dizer que o Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um poder impessoal. É uma Pessoa, assim como o Pai e o Filho o são. Ele é chamado Deus (At 5:3,4) e Senhor (2Co 3:18). Quando Isaías viu a glória de Deus (Is 6:1-3), escreveu: “Ouvi a voz do Senhor... vai e diz a este povo” (Is 6:8-9). O apóstolo Paulo citou essa mesma palavra e disse: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías dizendo: vai a este povo” (At 28:25, 26). Com isso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus. Ele faz parte da Santíssima Trindade. O Espírito é chamado “Espírito de Deus” (Rm 8.9); “Espírito do Pai” (Mt 10:20); “o Espírito de Cristo” (Rm 8.9; 1Pe 1.11); “o Espírito de Jesus” (At 16.7), indicando assim que Ele os representa e também age por Eles; quando o Espírito Santo opera, o Cristo vivo está presente (João 14:18). ------

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com/


Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento)

Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista Ensinador Cristão – nº 46.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Teologia Sistemática – Atual e Exaustiva – Wayne Grudem

[1] Antonio Gilberto – A doutrina do Espírito Santo – Teologia Sistemática

[2] Caramuru Afonso Francisco - A Divindade do ESPÍRITO Santo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Lições do 2ºTrimestre de 2011





















No 2º Trimestre de 2011 estaremos estudando, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “Movimento Pentecostal: As doutrinas da nossa fé”. As lições serão comentadas pelo pastor Elienai Cabral. Os assuntos serão os seguintes:


1 – Quem é o Espírito Santo.
2 – Nome, Símbolo do Espírito Santo
3 – O que é o Batismo no Espírito Santo
4 – Espírito Santo, Agente Capacitador da Obra de Deus
5 – A Importância dos Dons Espirituais
6 – Dons Espirituais que Manifestam a Sabedoria de Deus
7 – Os Dons de Poder
8 – O Genuíno Culto Pentecostal
9 – A Pureza do Movimento Pentecostal
10 – Assembleia de Deus – Cem anos de Pentecostes (comentaristas desta lição: pastores Antônio Gilberto e Isael de Araújo)
11 – Uma Igreja Autenticamente Pentecostal
12 – Conservando a Pureza da Doutrina Pentecostal
13 – Aviva, ó Senhor, a tua Obra!

sábado, 19 de março de 2011

Aula 13 - PAULO TESTIFICA DE CRISTO EM ROMA















Texto Base: Atos 27:1-44; 281:31

"E, na noite seguinte, apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo, tem bom ânimo! Porque, como de mim testificaste em Jerusalém, assim importa que testifiques também em Roma"(At 23:11)

INTRODUÇÃO

Com a graça de Deus chegamos ao final do 1º trimestre de 2011. Creio que os estudos bíblicos dominicais sobre o livro de “Atos dos Apóstolos”, ao longo do trimestre, proporcionaram edificação, exortação e consolação a todos aqueles – professores e alunos – que estudaram os temas propostos. A Igreja de Cristo segue vitoriosa, e como nós fazemos parte dela devemos dar continuidade a evangelização dos povos e ao ensino da palavra de Deus àqueles que estão dispostos à salvação de Cristo Jesus, concedida através de sua morte vicária na cruz.
Na aula de hoje estudaremos a respeito da viagem de Paulo a Roma. Veremos que essa não foi uma viagem fácil. Paulo enfrentou grande perigo, todavia o Senhor o guardou e o levou em segurança até o seu destino final; foi da vontade de Deus que Paulo se apresentasse em Roma(cf At 23:11). Paulo proclamou com ousadia e destemor o evangelho de Cristo, tanto durante a viagem como na cidade de Roma. Ele estava preso, mas não o Evangelho de Cristo. Aliás, nenhuma criatura poderá obstar a mensagem da cruz.

I. VIAGEM DE PAULO A ROMA (At 27:1 – 28:10)

Ao chegar a Jerusalém, de sua terceira viagem missionária, após uma semana o apóstolo Paulo foi preso no Templo. Numa noite em que esteve preso, o Senhor lhe disse que ele seria testemunha em Roma, a capital do império. Paulo foi escoltado até Cesaréia, onde permaneceu sob custódia por dois anos. Foi ouvido por Félix, o governador romano da Judéia, e depois por Festo, sucessor de Félix no governo. Este sabia da inocência de Paulo, mas estava inclinado a entregá-lo aos judeus, e por esse motivo Paulo apelou para o imperador César, pois tinha esse direito como cidadão romano. A viagem de Paulo a Roma começou no outono do ano 60 de nossa era. O que parecia um simples traslado de preso haveria de ser registrado pela história como o início da maior expansão do Cristianismo que, conquistando toda a Europa Ocidental, não tardaria a chegar aos pontos mais ignorados do planeta.
1. De Cesaréia a Malta (27.1-44). A viagem começou em Cesaréia. Paulo foi colocado sob a custódia de um oficial chamado Júlio. Esse centurião fazia parte da Coorte Imperial, uma legião importante do exército romano. Como todos os outros centuriões mencionados no Novo Testamento, Júlio era um homem bondoso, justo, de excelente caráter, e que mostrava consideração por outros.
O navio levava outros prisioneiros que, como Paulo, seriam julgados em Roma. Na lista de passageiros, também estavam os nomes de Aristarco e Lucas, dois companheiros do apóstolo em viagens anteriores(ver 19:29; 20:4; Cl 4:10; Fm 24). Como diz o sábio rei de Israel, é na angústia que nasce o irmão (Pv 17:17; 18:24). O navio no qual embarcaram era de Adramítio, uma cidade da Mísia, na extremidade noroeste da Ásia Menor.
O navio passou pela costa da Palestina e aportou em Sidom, a cento e doze quilômetros de Cesaréia. Tratando de Paulo com humanidade, o centurião Júlio permitiu que o apóstolo desembarcasse para ver os amigos e obter assistência. Quando Deus nos envia, até os inimigos fazem-se amigos e os amigos tornam-se irmãos.
De Sidom, o navio atravessou a extremidade nordeste do Mediterrâneo, passando por Chipre. Apesar de serem contrários os ventos, o navio atravessou para a costa sudeste da Ásia Menor e, de lá, rumou para oeste, passando a Cilícia e Panfília, até chegar a MIRRA, uma cidade portuária na Lícia.
Lá, o centurião transferiu os prisioneiros para outro navio. A primeira embarcação não poderia levá-los até a Itália, pois voltaria ao seu porto de origem navegando pela costa oeste da Ásia Menor. O segundo navio era de Alexandria, uma cidade na costa norte da África. Carregava duzentas e setenta e seis pessoas, entre passageiros e tripulantes, e também levava uma carga de trigo.
Durante muitos dias, a embarcação avançou vagarosamente devido aos ventos contrários. Por fim, com dificuldade, a tripulação levou o navio até defronte de CNIDO, um porto na extremidade sudoeste da Ásia Menor. Uma vez que o vento estava contra eles, rumaram para o sul e navegaram ao longo da costa leste de Creta, sob a proteção da ilha. Depois de contornar o cabo de Salmona, rumaram para oeste e avançaram penosamente em meio a ventos fortes até chegar a BONS PORTOS, na costa centro-sul de Creta(At 27:8).
A essa altura, haviam perdido muito tempo devido às condições desfavoráveis de navegação, e, tendo em vista a aproximação do inverno, seria perigoso prosseguir. Devia ser final de setembro ou inicio de outubro, pois o Dia do jejum (Dia da Expiação) já havia passado. Paulo advertiu a tripulação sobre o perigo de continuar navegando. Se seguissem viagem, corriam o risco de perder a carga, o navio e até mesmo a vida(At 27:9-10). Contudo, o piloto e o mestre do navio desejavam prosseguir. O centurião aceitou a decisão deles, e a maioria dos tripulantes concordou. Imaginavam que o porto onde estava não era tão próprio para invernar quanto Fenice, situada a sessenta e quatro quilômetros a oeste de Bons Portos, na extremidade sudoeste de Creta.
Ao sentirem o vento sul soprar brandamente, os marinheiros pensaram que poderiam chegar até FENICE. Levantaram âncora e rumaram para oeste, costeando Creta de perto. Então, um tufão de vento, chamado Euroaquilão(At 27:14), sobreveio dos penhascos ao longo da costa. Impossibilitada de pilotar a embarcação dentro do curso desejado, a tripulação teve de deixá-la ser levada pelo vendaval. O navio foi arrastado até uma ilhota chamada CAUDA(27:16), situada de trinta a cinquenta quilômetros de Creta. Chegando ao lado protegido da ilha, tiveram dificuldade em recolher o bote que estavam rebocando, mas, por fim, conseguiram trazê-lo a bordo. Então, amarraram cordas em torno do casco do navio para que não fosse danificado pelas fortes ondas. A maior preocupação era que o navio fosse arrastado para o sul até Sirtes, um golfo na costa norte da África(costa Líbia) conhecido por seus bancos de areia. A fim de evitar que isso acontecesse, arriaram as velas e foram ao léu(27:17).
Depois de vários dias à mercê da tempestade, os tripulantes começaram a lançar fora a carga. Ao terceiro dia a armação (isto é, os mastros e velas) do navio foi lançada ao mar. Sem dúvida, uma grande quantidade de água havia entrado na embarcação, e, portanto, era necessário aliviar a carga para evitar que afundasse. Durante alguns dias, foram levados de um lado para o outro, sem poder fazer nada, sem ver o sol nem estrelas e, portanto, sem ter como determinar sua localização. Dissipou-se, afinal, toda a esperança de sobrevivência(cf 27:18-20).
O desespero foi acentuado pela fome. Os homens haviam ficado vários dias sem comer. Por certo, passaram grande parte do tempo trabalhando para salvar o navio e baldeando água para fora da embarcação. Talvez não tivessem onde cozinhar. Provavelmente, haviam perdido o apetite devido à náusea, ao medo e ao desanimo. Não havia falta de comida, mas também não havia vontade de comer.
Então, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, transmitiu uma mensagem de esperança. Primeiro, lembrou-os com toda a delicadeza de que deveriam tê-lo atendido e permanecido em Creta. Em seguida, garantiu-lhes que, apesar da impossibilidade de salvar o navio, nenhuma vida se perderia. Como ele sabia disso? Um anjo do Senhor lhe havia aparecido naquela noite e assegurado que ele compareceria perante César em Roma. Deus havia concedido ao apostolo todos quantos navegavam com ele(27:24). Em outras palavras, eles também seriam preservados. Assim, deviam ter bom ânimo. Os tripulantes e passageiros naufragariam numa ilha, mas Paulo estava certo de que tudo ocorreria bem. Enquanto Deus tiver um lugar e um propósito na vida de alguém aqui na terra, e tal pessoa buscar a Deus e seguir a direção do Espírito Santo(cf 23:11;24:16), o Senhor o protegerá da morte.
Já se haviam passado quatorze dias desde a partida de Bons Portos. O navio estava à deriva numa região do Mediterrâneo conhecida na antiguidade como mar Adriático(chamado hoje de mar Jônico), entre a Grécia, a Itália e a áfrica. Por volta da meia-noite, pressentiram os marinheiros, talvez por som de arrebentação na praia, que se aproximava de alguma terra. Ao sondarem da primeira vez, acharam vinte braças(trinta e sete metros). Pouco tempo depois, sondaram novamente e acharam quinze braças(vinte e sete metros). Para evitar que o navio encalhasse, os marinheiros lançaram da popa quatro âncoras e oraram para que amanhecesse(cf 27:27-29).
Alguns dos marinheiros, amedrontados, tramaram deixar o navio usando o bote. Com o pretexto de largar mais âncoras da proa, estavam descendo a embarcação quando Paulo relatou a trama ao centurião. O apóstolo advertiu que, se aqueles marinheiros não permanecessem a bordo, o restante dos homens não seria salvo. Os soldados cortaram os cabos do bote e o deixaram afastar-se. Os marinheiros foram obrigados a tentar salvar-se com os outros a bordo.
Pouco depois do amanhecer, Paulo rogou a todos que se alimentassem, lembrando-os de que haviam passado duas semanas sem comer. Era chegada a hora disso. O apostolo lhes garantiu que não se perderia nem mesmo um fio de cabelo da cabeça de ninguém. Então, para dar exemplo, tomou um pão, deu graças a Deus publicamente e começou a comer(27:35). Como é fácil ficarmos com vergonha de orar na frente de outros! Muitas vezes, porém, essas orações falam mais alto que nossa pregação. Todos recobraram o ânimo e se puseram também a comer. Havia duzentas e setenta e seis pessoas a bordo do navio(At 27:35-37).
Depois de comer, aliviaram o navio, lançando o trigo ao mar. Avistaram terra firme, mas não conseguiram reconhecê-la. Decidiram, por fim, encalhar ali o navio, o mais perto possível da praia. Levantaram as âncoras e deixaram a embarcação ir ao mar. Também desamarraram o leme que havia sido suspenso anteriormente e baixaram-no de volta à sua posição normal. Alçaram a vela de proa, dirigiram-se para a praia e encalharam o navio num lugar onde duas correntes se encontravam, provavelmente um canal entre duas ilhas. A proa encravou-se firmemente na areia, mas a popa logo começou a se romper devido à violência do mar(At 27:38-41).
O parecer dos soldados era que matassem os presos, para que nenhum deles fugisse; mas o centurião, querendo salvar a Paulo, impediu-os. Ordenou aos que sabiam nadar que fossem para a praia. Os demais deviam boiar usando tábuas e outras partes do navio. Desse modo, tripulação e passageiros se salvaram em terra(cf 27:42-44). Assim que a tripulação e os passageiros chegaram à praia, descobriram que estavam na ilha de MALTA(cf 28:1).

CONTRASTE ENTRE A EXPERIÊNCIA DE PAULO NA TEMPESTADE, DENTRO DA VONTADE DE DEUS, COM A DE JONAS, QUE ESTAVA EM DESOBEDIÊNCIA.

Comparando as duas experiências, notamos: “Paulo viajava para cumprir sua sagrada vocação. Jonas fugia da chamada que recebeu. Este se escondeu e dormiu durante a tempestade. Aquele dirigia as operações e encorajava os passageiros. A presença de Jonas no navio era a causa da tempestade. O navio em que Paulo viajava seria preservado de todo dano se os tripulantes respeitassem seu aviso (At 27.9,10). Jonas foi forçado a dar testemunho acerca de Deus (Jn 1.8,9). Paulo, com boa vontade e coragem, falou acerca da sua visão e do seu Deus. A presença de Jonas no navio ameaça a vida dos gentios. A presença de Paulo era uma garantia para a vida dos seus companheiros de viagem. O navio em que Jonas viajava recebeu alívio quando ele foi jogado no mar. A conversão de Paulo salvou a tripulação do navio no qual era prisioneiro. Há muita diferença em atravessar uma tempestade dentro e fora da vontade de Deus! Paulo, andando segundo o querer de Deus, em comunhão com Ele tornou-se bênção para todos quantos atravessavam o perigo com ele. Conforme Paulo anunciou, todos escaparam ilesos para a terra. Ficaram na ilha durante o inverno, um período de três meses. Mais uma vez foi manifestada a presença de Deus através de Paulo" (PEARLMAN, Myer. Atos. 1. ed. RJ: CPAD, 1995, pp. 248-49).

2. Paulo na ilha de Malta (At 28.1-10). Forçados a desembarcar em Malta, todos são tratados com singular bondade pelos nativos. Alguns deles viram o naufrágio e acompanharam o esforço das vitimas para alcançar a terra. Num gesto de bondade, acenderam uma fogueira para os recém-chegados que estavam encharcados e com frio por causa da água do mar e da chuva que caía.
Enquanto ajudava a manter a fogueira acesa, Paulo foi picado por uma cobra venenosa. Ao que parece, a cobra estava dormindo no meio dos gravetos. Quando Paulo lançou-os na fogueira, a víbora despertou e prendeu-se à mão dele, não apenas enrolando-se, mas cravando as presas. A princípio, o povo da ilha imaginou que o apóstolo era um assassino. Havia escapado do mar, mas a Justiça não o deixa viver. Em breve, começaria a inchar ou cairia morto de repente. Contudo, como Paulo não apresentou nenhuma reação à picada, mudando de parecer, chegaram à conclusão de que ele era um deus! Vemos aqui mais uma ilustração clara da leviandade e inconstância da mente e do coração humanos (cf 28:3-6).
Na época, o homem principal de Malta era Públio. Tinha uma propriedade extensa perto da praia aonde os náufragos chegaram. Esse oficial romano abastado recebeu Paulo e seus amigos benignamente e hospedou-os por três dias, até que se provessem alojamentos onde poderiam passar o inverno. A bondade desse gentio foi recompensada. Quando seu pai achou-se enfermo de disenteria e febre Paulo foi visitá-lo e, orando, impôs-lhe as mãos, e o curou (cf 28:7,8). A notícia do milagre de cura espalhou-se rapidamente por toda a ilha. Nos três meses subseqüentes, os demais enfermos foram levados ao apóstolo e curados. Dessa maneira, semeia Paulo uma igreja que não tardaria a florescer.
Quando chegou a hora dos náufragos partirem, como prova de sua gratidão a Paulo e Lucas, o povo de Malta lhes trouxe muito presentes que seriam de grande proveito na viagem a Roma(cf 28:9,10).
3. Paulo chega a Roma (Mt 28.11-15). Passados os três meses de inverno, quando era seguro voltar a navegar, o centurião e seus prisioneiros embarcaram num navio de Alexandria, que invernara na ilha de Malta. A embarcação tinha por insígnia “Castor e Pólux”[os “deuses gêmeos”, que na mitologia greco-romana, eram os filhos de Júpiter(Zeus), considerados pelos pagãos os deuses da navegação e os padroeiros dos navegadores].
De Malta, navegaram quase cento e trinta quilômetros até Siracusa, a capital da Silícia. O navio aportou ali três dias antes de prosseguir para Régio, na extremidade sudoeste da Itália. No dia seguinte, um vento favorável soprou do sul, permitindo aos viajantes percorrer duzentos e noventa quilômetros rumo ao norte, junto à costa oeste da Itália, até Potéoli, no norte da baía de Nápoles. Potéoli ficava a cerca de duzentos e quarenta quilômetros de Roma. Lá, o apostolo encontrou alguns irmãos e recebeu permissão de permanecer com eles sete dias, provavelmente enquanto Júlio aguardava as instruções finais em relação aos prisioneiros. O Senhor jamais abandona os seus mensageiros. Mesmo distantes da pátria querida, faz-nos Ele nos sentirmos em casa.
A quarta etapa da viagem de Paulo, de Malta até Roma, foi feita por terra, e não por mar. Depois de poucos quilômetros eles devem ter encontrado a famosa VIA ÁPIA, que apontava diretamente para Roma, considerada por muitos como “a estrada romana mais antiga, mais reta e mais perfeita”. Os cristãos de Roma souberam da chegada e mandaram uma delegação para encontrar Paulo e seus companheiros no caminho. Alguns enfrentaram os cinquenta e poucos quilômetros até “Três Vendas”, enquanto outros perseveraram por mais quinze quilômetros até a cidade-mercado chamada “Praça de Ápio”. Deve ter sido uma experiência emocionante para Paulo encontrar pessoalmente os primeiros moradores da cidade de seus sonhos e os primeiros membros da igreja à qual ele havia escrito o seu grande tratado teológico e ético. Não nos surpreende que ele tenha dado “graças a Deus” sentindo-se “mais animado” ao vê-los(cf 28:15b).
Quando chegou, Lucas nos conta que Paulo recebeu custódia militar, o que lhe permitira viver em sua própria casa, embora permanecesse sob a vigilância de um solado romano, a quem ficava acorrentado pelo seu pulso direito(cf At 28:16).
“Embora Paulo fosse fiel, Deus não proveu um caminho fácil e livre de problemas. Nós, da mesma forma, podemos estar na vontade de Deus, ser inteiramente fiéis a Ele, e mesmo assim sermos dirigidos por Ele através de caminhos desagradáveis, com aflições. No meio de tudo isso, sabemos, porém, que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”(Rm 8:28)”(Bíblia Pentecostal).

II. O EVANGELHO É PROCLAMADO NA CAPITAL DO IMPÉRIO (AT 28.16-31)

1. Prisão domiciliar (28.16). Uma vez em Roma, o apostolo recebeu permissão de morar numa residência particular, tendo em sua companhia um soldado que o guardava. Apesar de ser vigiado por um soldado, tinha liberdade de ler, escrever, receber visitas e, naturalmente, evangelizar. Paulo ficou dois anos vivendo em sua própria casa, que alugara, e ministrando aos visitantes que o procuravam com frequência. Provavelmente foi durante esse período que escreveu Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Mesmo sem liberdade, o Senhor deixa-nos livres para realizar a sua obra.
2. Apologia entre os judeus (28.17-22). Uma vez que costumava testemunhar primeiro aos judeus, Paulo enviou um convite aos seus líderes religiosos. Quando se reuniram na casa alugada do apóstolo, ele explicou o seu caso. Disse-lhes que não havia feito coisa alguma contra o povo judeu ou contra os seus costumes, mas, ainda assim, os judeus de Jerusalém o haviam entregado nas mãos dos romanos para ser julgado. As autoridades gentias não o consideraram culpado de nenhum crime e quiseram soltá-lo. Quando, porém, os judeus acusaram-no mais uma vez, o apóstolo sentiu-se compelido a apelar para César. Ao fazer esse apelo, o propósito de Paulo não era apresentar acusações contra a nação judaica, mas se defender.
Era por isto, ou seja, para não ser culpado de nenhum crime contra o povo judeu, que o apóstolo havia chamado os líderes judeus de Roma para se reunirem com ele. Na verdade, estava preso com uma cadeia por causa da esperança de Israel. A esperança de Israel é uma referencia ao cumprimento das promessas feitas aos patriarcas judeus, especialmente a promessa do Messias. Os líderes judeus afirmaram não ter nenhuma informação sobre o apóstolo Paulo. Não haviam recebido da Judéia nenhuma carta a respeito dele, e nenhum dos seus compatriotas judeus havia falado mal dele. Estavam interessados, porém, em ouvir mais acerca das experiências de Paulo, pois sabiam que a fé cristã à qual ele estava associado era contestada por toda parte.
O apóstolo Paulo aproveita bem a oportunidade para anunciar que Jesus era, de fato, o Messias de Israel. Alguns deixaram-se persuadir, outros preferiram continuar na incredulidade. Entre os gentios, contudo, o evangelho expandiu-se até mesmo na elite romana.
3. Progresso do evangelho em Roma (28.23-31). Algum tempo depois, um grande número de judeus foi à residência de Paulo para ouvi-lo. O apóstolo aproveitou a oportunidade para lhes dar testemunho acerca do Reino de Deus e persuadi-los a respeito de Jesus. Para isso, usou tanto a lei de Moisés quanto os profetas, e sua exposição estendeu-se desde a manhã até à noite. Alguns creram em sua mensagem, enquanto outros continuaram incrédulos. Ao perceber que, mais uma vez, a nação judaica estava desprezando o evangelho, Paulo citou Isaias 6:9,10, em que o profeta recebeu a comissão de levar a Palavra a um povo de “coração [...] endurecido, ouvidos surdos e olhos cegos”. O apóstolo voltou a sentir o desgosto de pregar as boas-novas àqueles que não desejavam ouvi-la. Diante dessa rejeição, Paulo anunciou que levaria o evangelho aos gentios. E eles dariam ouvidos. Os judeus incrédulos partiram, discutindo entre si.
Paulo tinha liberdade considerável de pregar o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo. Apesar das intempéries surgidas e de déspotas romanos contrários à fé cristã, o progresso do Evangelho de Jesus ultrapassou os limites da inflexibilidade e rumou para conquistar as nações de forma inabalável. E ele nos alcançou. Somos gratos à determinação, ousadia e destemor deste grande missionário de Jesus Cristo, Paulo.

CONCLUSÃO

pregando o Reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum”(Atos28:31). Assim termina o livro de Atos. De modo repentino, sem nenhuma conclusão formal quanto ao que Deus realizou através do Espírito Santo e dos apóstolos. É preciso observar, porém, que o padrão esboçado logo no início havia se cumprido. O evangelho tinha sido pregado em Jerusalém, na Judéia, em Samaria e, por fim, no mundo gentio. Acredito que a intenção de Deus é que os Atos do Espírito Santo e a pregação do Evangelho continuem na vida do povo de Cristo até o fim dos tempos(At 2:17-21; Mt 28:18-20).
O Espírito Santo, através de Lucas, revelou o padrão daquilo que a igreja deve ser e fazer. Ele registrou exemplos da fidelidade dos crentes, do triunfo do evangelho em meio a oposição do inimigo e do poder do Espírito Santo operante na igreja e entre os homens. Esse é o padrão de Deus para as igrejas atuais e futuras, e devemos fielmente guardá-lo, proclamá-lo e vivê-lo(2Tm 1:14). Todas as igrejas devem avaliar-se segundo o que o Espírito Santo disse e fez entre os crentes dos primeiros tempos. Se o poder, a justiça, a alegria e a fé das nossas igrejas atuais não são idênticas às que lemos nas igrejas em Atos, devemos pedir a Deus, mais uma vez, uma renovação da nossa fé no Cristo ressurreto, e um novo derramamento do seu Espírito Santo. Amem!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento)
John Stott – A mensagem de ATOS(Até os confins da Terra)
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

sábado, 12 de março de 2011

Aula 12 - AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO

Leitura Bíblica:Atos 13:1-5;46-49

“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”(Atos 13:2).


INTRODUÇÃO

A aula de hoje é um estudo das missões transculturais, realizadas por Paulo. Após ser perseguidor da Igreja e encontrar-se com Jesus na estrada de Damasco, Paulo torna-se um apóstolo para os gentios. O grande perseguidor da igreja, o moço prodígio do judaísmo, foi enviado aos povos que não guardavam a Lei de Moises. Em Antioquia viria a chamada que já havia sido prometida desde a conversão do apóstolo. O próprio Espírito Santo chama Paulo e Barnabé e determina a sua separação para a missão (At.13:2). Era a confirmação para a igreja da promessa feita a Paulo.
O apóstolo Paulo é considerado o maior missionário do Cristianismo, pelo fato de ter realizado muito em pouco tempo. Ele realizou, ao todo, quatro viagens missionárias, levando-se em conta que, ao ser enviado preso para Roma, aproveitou a oportunidade, em todos os lugares em que o navio aportava, para pregar o evangelho. A prova disso está na grande obra que realizou na ilha de Malta, onde ganhou todos os seus moradores para Jesus. Todas essas viagens, Paulo realizou sob a égide do Espírito Santo.

I. A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA: GALÁCIA(At 13:4 –14:28)

A primeira viagem missionária de Paulo ocorreu logo após ter sido ele comissionado pelo Espírito Santo – “E servido eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”(13:2,3). Com estas palavras começa o grande movimento missionário da igreja “até aos confins da terra”(At 1:8).
1. De Antioquia a Chipre(At 13:1-12). “E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre”(At 13:4). Este versículo inicia o registro da jornada conhecida como “primeira viagem missionária de Paulo” que se estende até Atos 14:26. Nessa viagem, os evangelistas concentraram seus esforços na Ásia Menor. De Antioquia, na Síria, os dois servos intrépidos de Cristo desceram primeiro a SELÊUCIA, um porto a cerca de vinte e cinco quilômetros de Antioquia. De lá, navegaram para a ilha de CHIPRE.
Depois de chegarem a SALAMINA, na costa leste de Chipre, visitaram várias sinagogas, onde anunciaram a palavra. Ao se dirigirem primeiro às sinagogas, Barnabé, Saulo e seu auxiliar, João Marcos, estavam cumprindo a determinação divina de apresentar o evangelho aos judeus antes de levá-lo aos gentios(cf 13:5).
Saindo de Salamina, atravessaram toda a ilha até PAFOS (capital de Salamina – principal cidade comercial). Em Pafos, encontraram um judeu, mágico e falso profeta chamado Barjesus(isto é, filho de Jesus ou de Josué). Quando Sérgio Paulo, procôncul romano que administrava a ilha, mandou chamar Barnabé e Saulo para instruírem-no acerca da palavra de Deus, o mágico tentou interferir. É provável que tenha sido inspirado por Satanás a tentar impedir a propagação do evangelho. Ao perceber que Sérgio Paulo estava buscando a verdade com um coração sincero e que o mágico era um inimigo da verdade, Paulo, com autoridade do Espírito Santo, repreendeu este último com severidade(cf Atos 13:9,10). Ele ficou “cego [...] por algum tempo”. Com esse episódio o procônsul tornou-se um verdadeiro seguidor do Senhor Jesus. Foi o primeiro fruto da graça dessa viagem missionária.
2. De Chipre a Antioquia da Pisídia(At 13:13-52). De PAFOS, os missionários rumaram para PERGE da PANFÍLIA. A Panfília era uma província romana localizada na costa sul da Ásia Menor, cuja população era devota de Diana (Ártemis, para os romanos). PERGE era sua capital e ficava a cerca de onze quilômetros para o interior, junto ao rio Cestro.
Ao chegarem a PERGE, João Marcos os deixou e voltou para Jerusalém. Talvez a idéia de levar o evangelho aos gentios não o agradasse. Paulo considerou sua partida uma deserção e se recusou a permitir que Marcos o acompanhasse na segunda viagem missionária. Essa decisão provocou um conflito sério entre Paulo e Barnabé e levou os dois a seguirem caminhos separados no ministério(cf 15:36-39). Posteriormente, Marcos reconquistou a confiança do apóstolo Paulo(2Tm 4:11).
Após uma viagem de 160 quilômetros, o apóstolo chega a ANTIOQUIA DA PSÍDIA, onde havia uma grande comunidade judaica. Mais uma vez, Paulo e Barnabé dirigiram-se à sinagoga no sábado. Foi dado a oportunidade para eles falarem. Paulo, que nunca perdia uma oportunidade de pregar o evangelho, levantou-se e dirigiu-se aos presentes na sinagoga. Sua abordagem consistiu em iniciar com a história judaica e conduzir os ouvintes até os acontecimentos associados à vida e ao ministério de Cristo. Em seguida, proclamou com grande ênfase a ressurreição de Cristo, anunciou a remissão dos pecados por intermédio do Salvador e, por fim, advertiu sobre os perigos de rejeitá-lo. Quando o culto na sinagoga terminou, muitos dos judeus e dos convertidos ao judaísmo, homens piedosos e extremamente interessados, seguiram Paulo e Barnabé(cf Atos 13:42,43). Uma semana depois, Paulo e Barnabé voltaram à sinagoga para continuar de onde haviam parado. Quase toda a cidade se reuniu para ouvir a Palavra de Deus. O ministério desses dois pregadores dedicados exerceu forte impacto sobre muitos membros daquela comunidade(Atos 13:44). Entretanto, a popularidade dessa “mensagem estranha”, encheu os judeus de inveja “e, blasfemando, contradiziam o que Paulo dizia”(cf 13:45).
Paulo e Barnabé não se deixavam intimidar com facilidade. Explicaram que tinham a obrigação de pregar o evangelho primeiramente ao povo judeu. Se, no entanto, os judeus rejeitassem a mensagem e condenassem a si mesmos como indignos da vida eterna, os missionários se voltariam para os gentios. Ao mesmo tempo que enfureceu os judeus, esse anúncio foi motivo de grande alegria para os gentios presentes. Eles glorificaram a palavra do Senhor que ouviram, e todos os que estavam dispostos para a vida eterna creram(cf 13:48). Diante disso, os judeus redobraram seus esforços para impedir a propagação do evangelho. Instigaram algumas “mulheres piedosas” que haviam se convertido ao judaísmo e ocupavam alta posição na comunidade a se oporem aos missionários. Também usaram os principais da cidade para seus fins perversos. Levantaram perseguição tão intensa que Paulo e Barnabé foram expulsos da região. Os apóstolos seguiram as instruções de Jesus(Lc 9:5,10:11): “sacudindo contra aqueles o pó dos pés, partiram para ICÕNIO”(cf 13:59-52).
3. De Icônio ao regresso a Antioquia(At 14:1-28). Em ICÔNIO, como em outros lugares onde havia uma sinagoga, Paulo e Barnabé tiveram oportunidade de pregar, pois era costume na época dar a palavra a visitantes. O Espírito Santo conferiu tamanho poder à mensagem dos pregadores que um grande número de judeus e prosélitos gentios aceitou o Senhor Jesus. Os judeus que rejeitaram o evangelho se iraram e irritaram os ânimos dos gentios contra os irmãos. Em vários casos, os judeus, em vez de se envolverem diretamente, manipularam os gentios para que realizassem seus propósitos malignos.
Apesar de saberem que uma tempestade estava se formando, Paulo e Barnabé continuaram a falar ousadamente em nome do Senhor, o qual confirmava a natureza divina da mensagem dando-lhes poder para realizar sinais e prodígios(cf 14:3). À medida que a tensão crescia a cidade dividiu-se naturalmente em dois grupos. Alguns tomaram partido dos judeus e outros dos apóstolos. Por fim, gentios e judeus incrédulos investiram contra os apóstolos. Para escapar do apedrejamento que os esperava, os missionários fugiram para LISTRA e DERBE, duas cidades da LICAÔNIA, no centro da Ásia Menor. Com o mesmo ardor, anunciaram o evangelho em toda a região.
Em LISTRA, os missionários encontraram um homem aleijado de nascença que ouviu Paulo falar e demonstrou grande interesse. Assim que ouviu a ordem de Paulo para que ficasse em pé, o paralítico saltou e andou. O milagre foi realizado em público. Paulo, sem dúvida, atraiu atenção considerável ao falar em alta voz. Ao perceberem o que havia acontecido, as multidões, inclusive o sacerdote de júpiter, ficaram tão impressionadas que começaram a adorar Barnabé como se fosse Júpiter e Paulo como fosse Mercúrio. Imaginavam que os “deuses” haviam descido à terra para fazer uma visita e assumido a forma dos dois missionários. Por algum motivo não mencionado no texto, consideraram Barnabé o deus supremo; como Paulo era quem havia falado, tomaram-no por Mercúrio, o mensageiro de Júpiter(cf 14:8-13).
Quando os missionários se deram conta de que a multidão desejava adorá-los como se fossem deuses, rasgaram suas vestes, numa expressão pública de protesto e tristeza. Então, saltaram para o meio da multidão e instaram o povo a não cometer tamanha insensatez. Explicaram que não eram deuses, mas homens, como os licaônicos. Seu objetivo era apenas proclamar as boas-novas para que as pessoas deixassem as coisas vãs e adorassem ao Deus vivo(cf 14:14,15). Após a explanação de Paulo sobre a criação(cf 14:15b – 17), o povo relutante desistiu, por fim, da idéia de oferecer sacrifícios aos servos do Senhor.
Essa confusão representou um perigo mais sutil para a fé cristã que todas as outras formas de oposição registradas em Atos. Para o obreiro cristão bem-sucedido, a tendência das pessoas de voltar a atenção para ele em vez de olhar para Cristo é mais perigosa que a perseguição.
Judeus de Antioquia da Pisídia e Icônio alcançaram Paulo e Barnabé em Listra e conseguiram voltar a multidão contra os missionários. A mesma multidão que, pouco antes, quis adorá-los como se fossem deuses apedrejou Paulo e arrastou-o para fora da cidade, dando-o por morto. Contudo, Deus o restaurou miraculosamente. Quando os discípulos rodearam-no, ele levantou-se e voltou à cidade com eles. No dia seguinte, partiu, com Barnabé, para DERBE.
Numa demonstração de resiliência e poder de recuperação extraordinário, depois de anunciarem o evangelho em Derbe, voltaram para LISTRA, onde Paulo havia sido apedrejado.
Ao completarem seu trabalho em Listra, os missionários voltaram a ICÔNIO e ANTIOQUIA da PISÍDIA, onde já haviam sido organizadas algumas igrejas. Objetivo dessa vez era fazer o que chamamos de “discipulado”. Não se contentavam em pregar o evangelho e ganhar almas para o Salvador. Para eles, esse era apenas o primeiro passo. Depois da conversão, procuravam edificar os cristãos na fé santíssima, ensinando-os especialmente acerca da igreja e da sua importância no plano de Deus. Depois de orar e jejuar, Paulo e Barnabé encomendaram os cristãos ao Senhor.
Podemos imaginar como as congregações se formavam com tanta rapidez, recebiam instruções dos missionários por tão pouco tempo e, ainda assim, continuavam a refletir a luz de Cristo e funcionar como igrejas autônomas. Esse fenômeno deveu-se exclusivamente ao grande poder do Espírito Santo, o poder que se manifestou na vida de homens como Paulo e Barnabé, que exerciam uma influencia espiritualmente positiva por onde passavam. Sua autenticidade e exemplo de vida corroboravam o que pregavam em público.
Atravessando a região da PISÍDIA, viajaram para o sul e chegaram à PANFÍLIA. Lá, fizeram mais uma visita a PERGE. Em seguida, desceram à cidade portuária de ATÁLIA, de onde navegaram para ANTIOQUIA, na Síria, encerrando, assim, a primeira viagem missionária(cf 14:24-26).

II. A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA: ÁSIA MENOR E GRÉCIA(At 15:36-18:22)

Depois do Concílio de Jerusalém(vide aula 11), Paulo resolveu empreender a sua segunda viagem missionária. Tinha dois objetivos: visitar as igrejas que ele fundara durante a sua primeira viagem; e abrir novos campos de trabalho(ler 15:36,41). Barnabé decidira levar João Marcos com eles. Paulo por sua vez rejeitou a idéia, alegando que João Marcos os havia deixado em meio à viagem anterior, voltando a Jerusalém. Tal contenda causou a divisão entre ambos. Barnabé acompanhado de João Marcos foi novamente a Chipre, enquanto que Paulo levando Silas em sua companhia saiu a percorrer a Ásia Menor, visitada durante a primeira viagem missionária, e entregando às igrejas, cópias da decisão apostólica tomada no Concílio de Jerusalém(16:4,5).

1. Em direção à Ásia(15:36-16.8). Paulo e Silas partiram de Antioquia da Síria, de onde havia uma estrada que ia até Tarso e Ásia Menor. Portanto, nessa segunda viagem, o apóstolo dos gentios viajou por terra, atravessou a Cicília, região onde se situava Tarso, sua terra natal(não há registro de que ele tenha realizado trabalhos missionários em Tarso), e seguiu direto para DERBE, LISTRA, ICÔNIO E ANTIOQUIA DA PISÍDIA, a fim de fortalecer as igrejas.
Em Listra, encontrou Timóteo e o levou também. Antes de partir, Paulo circuncidou Timóteo. Como explicar essa decisão, tendo em vista a objeção veemente do apóstolo à circuncisão de Tito numa ocasião anterior(Gl 2:1-5)? A resposta é simples: no caso de Tito, era uma questão de doutrina cristã básica. Os falsos mestres insistiam em que gentios por parte de pai e mãe, como Tito, precisavam ser circuncidados a fim de receber a salvação. Paulo considerava essa idéia uma negação da suficiência da obra expiatória de Cristo, daí sua objeção. O caso de Timóteo era totalmente diferente. O povo da região sabia que Timóteo era judeu por parte de mãe. Uma vez que Paulo, Silas e Timóteo estavam realizando um trabalho de evangelização, os primeiros contatos seriam com judeus. Se esses judeus soubessem que Timóteo não era circuncidado, poderiam recusar-se a ouvi-lo; se ele fosse circuncidado, não causariam nenhuma ofensa nesse sentido. Uma vez que se tratava de uma questão moralmente indiferente e sem relevância doutrinária, Paulo aplicou a prescrição judaica a Timóteo. Ele fez-se tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns(1Co 9:19-23).
Após isso, os três atravessaram a região Frígio-Gálata(região norte da Galácia), onde foram “impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia”(At 16:6). Seguiram para MÍSIA e tentaram ir a BITÍNIA, “mas o Espírito Santo não lho permitiu”(At 16:7). Então, partiram para Tôade(At 16:8).
A Ásia necessitava do evangelho, mas não era o tempo de Deus. O chamado deles não foi determinado pela necessidade. Era o Senhor quem os guiava. Aguardaram, portanto, a sua direção especifica. Um chamado não pode se basear exclusivamente na lógica. PENSE NISSO!
2. Em direção à Europa(16:12-18:18). Em TRÔADE(localizada próxima da antiga Tróia da Ilíada de Homero), Paulo é orientado, numa visão, a seguir para a Macedônia(16:9). O varão macedônio representava a Europa. Seu clamor por socorro representava a carência de Cristo naquela região. Paulo reconheceu que a visão era uma determinação divina. Nessa localidade, Lucas se juntou à comitiva(16:10). Tendo, pois, navegado de Trôade e rumado para noroeste, os embaixadores incansáveis de Cristo ancoraram por uma noite na ilha de SAMOTRÁCIA. No dia seguinte, chegaram ao continente e aportaram em NEÁPOLIS, a quase duzentos quilômetros de Trôade. De lá, viajaram alguns quilômetros até FILIPOS. Filipos era uma colônia romana e uma das principais cidades da Macedônia. Com essa visita, Paulo fundou a primeira igreja européia. E Lídia, uma vendedora de púrpura, a primeira européia a receber a Cristo; em sua casa foi organizada uma igreja(16:14,15). Na cidade de Filipos, Paulo libertou uma advinha da opressão maligna e foi, por causa disso, foi preso, juntamente com Silas. O resultado foi a conversão do carcereiro(16:33,34).
De FILIPOS partiram para TESSALÔNICA, passando por ANFÍPOLIS e APOLÔNIA(At 17:1). Tessalônica era a principal cidade de Macedônia. Sua população era constituída de gregos, romanos e judeus. Como de costume, o apóstolo procurou uma sinagoga, para iniciar seu trabalho. Paulo só ficou três semanas nessa localidade, por causa da perseguição(17:2,5).
De Macedônia partiu para BERÉIA(17:10). Os bereanos foram mais receptivos que os tessalonicenses, e Paulo, na sinagoga, anunciava o Evangelho do Senhor Jesus. Como Beréia estava próxima de Tessalônica, não demorou muito para que os mesmos judeus, os quais perseguiram o apóstolo, viessem também para aquela cidade. Assim, ele saiu às pressas e sozinho, indo para ATENAS, deixando Silas e Timoteo naquela localidade (At 17:13-15).
3. Regresso(18:18-22). De ATENAS, Paulo dirigiu-se para a cidade de CORINTO, a mais importante metrópole da Grécia. Permaneceu nessa cidade por um ano e seis meses; foi da vontade de Deus(cf 18:9-11). Pode ter escrito 2Tessalonicenses nesse período. Por fim, o apóstolo partiu de Corinto rumo à Síria com a intenção de voltar a Antioquia, acompanhado do casal Priscila e Áquila. Priscila e Áquila conheceram Paulo durante a sua estada em Corinto; tinham acabado de ser expulsos de Roma por um decreto do imperador Cláudio contra os judeus(At 18:2). A casa em que viviam era tão móvel quanto as tendas que faziam para se sustentar. Abriram-na para Paulo, e este se uniu a eles na fabricação de tendas, para obter o sustento. Paulo compartilhou com o casal sua rica sabedoria espiritual.
Quando o navio aportou em ÉFESO, Priscila e Áquila desembarcaram com a intenção de permanecer na cidade. Paulo aproveitou a estadia curta da embarcação no porto e foi à sinagoga a fim de pregar aos judeus. Surpreendentemente, os judeus pediram que Paulo permanecessem ali mais algum tempo, mas ele não pôde atendê-los. O navio estava prestes a partir, mas Paulo prometeu voltar a Éfeso depois de ir a Jerusalém, se fosse da vontade de Deus. O navio aportou em CESARÉIA, de onde o apóstolo subiu a Jerusalém e saudou a igreja. Em seguida, desceu para Antioquia e fez sua última visita a essa congregação.

III. TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA: ÁSIA MENOR E GRÉCIA(18:23-28:16)

E, estando ali algum tempo, partiu, passando sucessivamente pela província da Galácia e da Frígia, confirmando a todos os discípulos”(At 18:23). Assim começa a terceira viagem missionária de Paulo. Ele parte para visitar as igrejas fundadas na sua primeira viagem(caps 13-14) e na segunda(15:36 – 18:22). Paulo jamais ganhou convertidos para depois esquecê-los; empenhava-se de igual modo no discipulado desses novos crentes, fortalecendo-os no caminho do Senhor. Todos os novos crentes devem ser, sem demora, procurados por cristãos firmes na fé, que orarão com eles, lhes ensinarão como viver a fé cristã e os motivarão a reunir-se com outros crentes para adoração, oração e ministração da Palavra para o bem de todos(Atos 2:42; Mt 28:19,20; 1Co 12:7-11).

1. De Antioquia a Macedônia(18:23-20:3). De Antioquia, Paulo dirigiu-se a Éfeso, objetivando confirmar a igreja local. "Saiu, atravessando sucessivamente a região da Galácia e Frígia, confirmando todos os discípulos" (18:23). Paulo iria satisfazer um grande desejo: visitar demoradamente a cidade de Éfeso. Nessa cidade, Paulo teria uma das mais proveitosas fases do seu ministério: fundaria uma grande e forte igreja. Durante três meses, Paulo ensinou na sinagoga (19:8), procurando alcançar os judeus com o Evangelho. Depois, por dois anos, diariamente ensinou na escola de Tirano (19:9). Era a sala de aula de um filósofo, onde cabia um pequeno número de pessoas. Durante o tempo em que permaneceu em Éfeso, Paulo teve um ministério de milagres (19: 11), indiscutivelmente a razão do êxito alcançado. Sem os milagres, o resultado teria sido apenas uma parte do que foi. Deus estava particularmente interessado em estabelecer o Evangelho em Éfeso.
Novamente, Paulo viaja para Corinto, onde passou três meses(20:3). Nessa última visita a Corinto, ele escreveu a carta aos Romanos, em 58 d.C., e a irmã Febe, de Cencréia, foi a portadora(Rm 16:1). Na volta para Antioquia da Síria, por terra, visitou as igrejas da Macedônia(20:1,2), até chegar a MILETO, depois de passar cinco dias em FILIPOS.
2. De Filipos a Jerusalén(20:6-21:17). Após sua estada em Filipos, Paulo seguiu juntamente com Lucas, para Trôade(20:6). Nesta cidade, para despedir-se, Paulo pregou um longo sermão, que durou até o amanhecer. Foi por volta da meia-noite que se deu o fatal acidente da queda de Êutico, da janela do terceiro andar, onde se encontrava assentado. Atos 18:9 parece deixar claro que o jovem havia morrido – “ foi levantado como morto”. Após o milagre da ressurreição do jovem Eutico, Paulo voltou a pregar, quando então partiu o pão e comeu com os discípulos ali presentes (18:11).
De MILETO, mandou chamar os anciãos da igreja em Éfeso, pois tinha pressa, e queria chegar o mais rápido possível a Jerusalém, para a festa de Pentecostes(20:16). Na praia local, fez o célebre discurso de despedida(20:17-38). Depois, segue para Cesaréia, passando pela Fenícia, e, em seguida, chega à cidade de Jerusalém, onde é preso pelos judeus(At 21:1-8,27-36).
3. Paulo em Jerusalém(At 21:17-28). Ao chegar a Jerusalém, o apóstolo e seus amigos foram recebidos com toda a cordialidade pelos irmãos. No dia seguinte, realizou-se uma reunião com Tiago, e todos os presbíteros. Durante esse encontro, Paulo contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério. Seu relato foi motivo de alegria, porém a reação dos judeus a respeito de Paulo era motivo de preocupação. Após isso, Paulo foi preso. Isso aconteceu no Templo(21:27). Ele se defendeu diante do povo(21:40-22:21) e do Sinédrio(22:30-23:10). É enviado para Cesaréia, onde se apresenta diante de Félix(23:23-24:1-17), Festo e Agripa II(25:22-26). Como ele apelou para César(25:11; 26:32), na condição de prisioneiro, partiu de Cesaréia com destino a Roma(27:1-2). Foi uma viagem muito difícil. Era inverno, e o navio naufragou em Malta, onde esteve três meses(28:1-11). Até que chegou à capital do Império em 62 d.C..

CONCLUSÃO

Paulo foi um homem inteiramente dedicado ao Senhor, que laborava quer fosse oportuno quer não. Um obreiro zeloso, invencível e incansável. Sua marca era a verdadeira humildade. Nenhum sacrifício era grande demais para ele. Seu ministério era resultante de um exercício profundo da alma. Possuía uma santa ousadia e destemor. Não importava se viveria ou morreria; o importante era que a vontade de Deus se realizasse e as pessoas ouvissem o evangelho. Fazia tudo com abnegação. Preferia dar a receber. Não se deixava abater pelas dificuldades. Praticava aquilo que pregava.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento)
John Stott – A mensagem de ATOS(Até os confins da Terra)
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

domingo, 6 de março de 2011

Aula 11 - O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA DE CRISTO

Texto Base: Atos 15:6-12

Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto”(Atos 15:5,6).

INTRODUÇÃO

Logo no início da igreja primitiva surgiram aqueles que não foram cautelosos e cuidadosos, deixando-se levar pelo “fermento dos fariseus”, apesar das advertências do Senhor no Seu ministério terreno (Mt 15:10-20; 16:1-12; Mc 8:15-21), passando a querer exigir a observância da lei como um requisito para a salvação (cf At 15:1,5). Com o início da pregação aos gentios, em Antioquia, os segmentos judaizantes de Jerusalém, agindo por conta própria e sem a autorização do seu pastor, Tiago, o irmão do Senhor (cf At 15:24), passaram a ir até o encontro das igrejas gentílicas que se formavam, defendendo a necessidade da prática da lei para que houvesse a salvação. O tumulto foi tão grande (At 15:2) que foi preciso reunir os apóstolos e os anciãos da Igreja em Jerusalém e, sob a orientação do Espírito Santo, decidir a respeito. Deu-se, portanto, o Concílio de Jerusalém (aproximadamente no ano de 48), cujas decisões foram vitais à expansão do Cristianismo até aos confins da Terra.

I. O QUE É CONCÍLIO

Concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé, costumes (moral) e disciplina eclesiástica.
Ao longo da história do povo de Israel ocorreram várias reuniões deliberativas entre os líderes para tratar das urgências nacionais e das crises que surgiram ao longo da história de Israel, no Antigo Testamento (exemplos: 2Cr 34:29; Ed 10:14; Ez 8:1). Segundo o pr.Claudionor de Andrade, “o primeiro concílio da velha aliança deu-se quando Moisés congregou os anciãos de Israel para declarar-lhes o plano de Deus para libertar os hebreus do Egito”(Ex 4:29).
No Novo Testamento, na Igreja primitiva, as questões de suma importância e que influenciariam o futuro da Igreja, foram tratadas e decididas em reuniões promovidas pelos líderes, orientados pelo Espírito Santo. “Atos dos Apóstolos” faz menção de três reuniões importantíssimas: a primeira, para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Espírito Santo(Atos 1:12-26); a segunda, para tratar acerca da assistência social, ocasião em que foi eleito sete homens para tratar exclusivamente desse mister – Atos 6:1-15 (vide aula nº 07); a terceira, que viria a ser conhecida como o Concílio de Jerusalém(At 15:6-30). Nesta, os apóstolos reuniram-se para tratar sobre os temas que estavam dividindo os primeiros cristãos: de um lado os judaizantes (judeus convertidos) e do outro os gentios (os convertidos não-judeus, que eram maioria).

1. Concílio de Jerusalém. Esse é o nome comumente dado à reunião efetuada por delegados enviados pela igreja de Antioquia (liderados por Paulo e Barnabé) com os apóstolos e anciãos da igreja de Jerusalém, a fim de dirimir dúvidas e questões doutrinárias originadas pelo grande influxo de convertidos gentios na igreja(At 15:2-29). Muitos comentaristas identificam essa reunião com aquela que é descrita em Gl 2:1-10; nosso ponto de vista, porém, é que em Gl 2:1-10 Paulo se refere a uma reunião particular que ele mesmo e Barnabé tiveram com Tiago o Justo, Pedro e João (provavelmente por ocasião da visita que fez para levar alívio aos crentes de Jerusalém, que passavam por período de fome, visita essa mencionada em At 11:30), e na qual reunião os líderes da igreja de Jerusalém reconheceram a chamada e a posição de Paulo e Barnabé para o apostolado entre os gentios.
A conclusão desse Concílio é a base para o repúdio a estes ensinamentos que, ainda hoje, persuadem e colocam em risco milhares de almas que aceitaram a Cristo como seu Salvador.
2. O ponto em discussão do Concilio de Jerusalém. A Igreja de Antioquia da Síria era unida e conservava-se em plena comunhão. Mas segundo John Stott, essa tranquilidade da comunhão cristã nessa igreja foi quebrada com a chegada de um grupo que Paulo mais tarde chama de “perturbadores” – “Alguns indivíduos desceram da Judéia para Antioquia”(15:1). Eles eram “fariseus”(15:5) e “zelosos da lei”(21:20). E isso era o que “ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos”(15:1). A circuncisão dos gentios não era a única exigência deles. Eles iam além. Os convertidos gentios também eram instigados a observar a “lei de Moisés”(15:5). Por não considerarem suficiente uma conversão sem circuncisão, eles organizaram um pequeno grupo de pressão, a quem muitas vezes chamamos de “judaizantes” ou “partido da circuncisão”. Eles não se opunham à missão entre os gentios, mas estavam convictos de que ela devia acontecer sob a guarda da igreja judaica e que os crentes gentios precisavam se submeter não só ao batismo em nome de Jesus, mas também à circuncisão e à observância da lei, como os prosélitos do judaísmo. Esse ensino provocou “da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles”(15:2a).
De acordo com o resumo revelador de Lucas, os judaizantes insistiam que os convertidos incircuncisos “não podiam ser salvos”. É claro que a circuncisão era o sinal da aliança instituído por Deus, e sem dúvida esses “perturbadores” enfatizavam isso, mas eles iam muito longe, fazendo da circuncisão uma condição para a salvação. Eles diziam aos convertidos gentios que a fé em Jesus não era suficiente, não bastava para a salvação: eles deviam acrescentar a circuncisão à fé, e à circuncisão a observância da lei. Em outras palavras, eles precisavam permitir que Moisés completasse o que Jesus havia começado, e permitir que a lei completasse o evangelho. O problema era imenso. O caminho da salvação estava em jogo. O evangelho estava sendo questionado. Os fundamentos básicos da fé cristã estavam sendo minados.
Até então tais condições não haviam sido impostas aos convertidos dentre os gentios. Evidentemente nenhuma palavra sobre a circuncisão foi dita a Cornélio e seus familiares, e quando Tito, um crente gentio, visitou Jerusalém em companhia de Paulo e Barnabé, em ocasião anterior, a questão de sua circuncisão nem ao menos foi abordada(Gl 2:3). Agora, entretanto, alguns elementos extremamente zelosos pela lei, na igreja de Jerusalém, decidiram fazer pressão sobre os crentes de Antioquia e das igrejas das circunvizinhanças, apresentando-lhes a necessidade de se submeterem à canga da lei. Tal pressão se mostrou tão persuasiva nas igrejas recém-fundadas da Galácia que Paulo teve de enviar a tais igrejas um urgente e violento protesto, atualmente conhecido como Epístola aos Gálatas. Na própria igreja de Antioquia tais judaizantes (como são chamados aqueles elementos) causaram tal controvérsia que os lideres da igreja finalmente resolveram que a questão inteira fosse ventilada e estabelecida pelas autoridades espirituais superiores – os apóstolos. Foi então efetuada aquela reunião que atualmente conhecemos como Concílio de Jerusalém.

II. A IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO DE JERUSALÉM

Das três reuniões importantes ocorridas na igreja de Jerusalém – a primeira, para eleger Matias em lugar de Judas Iscariotes e aguardar a chegada do Espírito Santo; a segunda, para tratar acerca da assistência social, ocasião em que foi eleito sete homens para tratar exclusivamente deste mister (vide aula nº 07) – a terceira reunião, que viria a ser conhecida como o Concílio de Jerusalém, configura-se tão importante e vital à Igreja de Cristo que dela dependia o futuro do Cristianismo. Não eram algumas práticas cultuais judaicas que estavam em jogo, mas sim a verdade do evangelho e o futuro da Igreja. Se os apóstolos houvessem cedido à pressão dos judaizantes, o cristianismo tinha-se transformado em mera seita judaica. Havia, portanto, o perigo de a igreja se dividir em facções teológicas rivais, cada apóstolo ensinando um evangelho diferente, destruindo a unidade da igreja. Podemos ser gratos à igreja de Antioquia, que percebeu o problema e adotou medidas práticas para resolver a questão. Podemos dizer, então, que o Concílio de Jerusalém conseguiu uma dupla vitória: uma vitória da verdade ao confirmar o evangelho da graça; e uma vitória do amor ao preservar a comunhão e a unidade através de concessões compassivas aos escrúpulos dos judeus conscienciosos.

1. Convocação. A convocação de um concílio pode ser extremamente valiosa, se o seu propósito é esclarecer alguma doutrina, acabar com controvérsias e promover a paz. E este era o propósito precípuo do Concílio de Jerusalém. De acordo com Atos 15, os irmãos de Antioquia resolveram enviar Paulo e Barnabé e alguns outros dentre eles a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros de lá. Assim que chegou a Jerusalém, Paulo se reuniu em particular com os apóstolos e presbíteros e lhes deu um relatório completo acerca do evangelho que estava pregando aos gentios. Como os lideres tiveram de reconhecer, era o mesmo evangelho pregado por eles aos judeus(cf Atos 15:4).
2. Presidência. A dependência contínua dos discípulos no Espírito Santo é indicada em Atos 15:28: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. Como alguém comentou, na igreja primitiva o presidente do conselho era o Espírito Santo. Jesus prometera que o Espírito Santo guiaria os fiéis em toda a verdade (João 16:13). Certamente, o Concílio foi liderado pelo apóstolo Tiago, que era o líder da Igreja de Jerusalém(cf Atos 21:18). Embora Pedro tenha iniciado a discussão não significa que ele presidira o Concílio. Pedro iniciou o debate porque, certamente, ele foi aquele que Deus primeiramente o instigou a quebrar a barreira de comunicação e de relacionamento que havia entre os judeus e gentios(Atos 10).
3. Debates. O debate foi aberto pelo partido farisaico da igreja de Jerusalém, o qual insistia que os convertidos entre os gentios tinham de ser circuncidados e obrigados a guardar a lei - “Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus, que haviam crido. É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés”(Atos 15:5). Segundo John Stott, “eles estavam sendo completamente bíblicos ao valorizar a circuncisão e a lei como dádivas de Deus para Israel. Mas iam além, tornando-as obrigatórias para todos, inclusive para os gentios”. Circuncisão e observância da lei, insistiam, eram essenciais para a salvação. “Então se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão”(Atos 15:6), apesar de estarem presentes também outras pessoas(15:12).
Lucas não nos fornece detalhes do “grande debate”(15:7a) que se deu, mas ele resume os discursos decisivos, feitos sucessivamente pelos três apóstolos envolvidos: o apóstolo Pedro(15:7-11); o apóstolo Paulo apoiado por Barnabé(15:12); e o apóstolo Tiago(15:13-21). Vejamos, a seguir, a participação de cada um.

a) Pedro(15:7-11). Quando Pedro tomou a palavra, os judaizantes talvez tenham imaginado que ele defenderia a posição deles; afinal, Pedro era o apóstolo da circuncisão. Quando Pedro começou a falar, porém, tais expectativas foram logo frustradas. O apóstolo lembrou a assembléia da ordem dada por Deus alguns anos atrás para que “ouvissem os gentios a palavra do evangelho por intermédio” dele. Pedro obedeceu a essa ordem quando pregou na casa de Cornélio. Ao ver os gentios buscarem-no pela fé, o Senhor concedeu o “Espírito Santo a eles, como [...] concedera” aos judeus no Pentecostes. Naquela ocasião, Deus não exigiu que os gentios fossem circuncidados. O fato de serem gentios não fez nenhuma diferença; o Senhor purificou o coração deles pela fé. Uma vez que Deus havia aceitado os gentios com base na fé, e não na observância da lei, Pedro perguntou aos presentes: Por que colocar os gentios sob o jugo da lei, “um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?”. A lei jamais havia salvado alguém. Seu ministério era de condenação, e não de salvação. A lei revela o pecado, mas não salva do pecado.
A decisão final de Pedro é particularmente notável. O apóstolo expressou a convicção profunda de que, como os gentios, os judeus foram salvos pela graça do Senhor Jesus(e não pela observância da lei). Pelo fato de Pedro ser judeu, seria de esperar que ele dissesse que os gentios foram salvos da mesma forma que os judeus. Aqui, porém, a graça triunfa sobre as distinções étnicas.
b) Paulo e Barnabé(15:12). Quando estes dois começaram a falar “toda a multidão silenciou”(15:12), evidentemente por profundo respeito. Eles relataram como Deus havia operado no meio dos gentios e autenticado a pregação do evangelho com sinais e prodígios, sem o ritualismo judaico e nem os seus encargos. Isso era a prova de que essas práticas não serviam para salvação. O testemunho esmagador de Paulo de Barnabé, somado ao discurso de Pedro, testificava contra os judaizantes.
c) Tiago(15:13-21). “Tiago, o Justo”, como se tornaria conhecido mais tarde devido à sua reputação como homem justo e piedoso, era um dos irmãos de Jesus, que provavelmente se converteu depois de ver Jesus ressuscitado(At 1:14; 1Co 15:7). Provavelmente contado entre os apóstolos (Gl 1:19) e já reconhecido como um(até mesmo “o”) líder da igreja de Jerusalém(Atos 12:17; Gl 2:9; cf Atos 21:18), evidentemente ele era o coordenador da assembléia.
Tiago esperou que os líderes missionários – Pedro, Paulo e Barnabé - terminassem seus discursos. Então, “depois que eles terminaram, falou Tiago”, chamando seu público, respeitosamente, de “irmãos” e pedindo que lhe ouvissem(15:13). Ele não atacou os legalistas e muito menos os “liberais”, pois o seu compromisso era com a Palavra de Deus. Ele resumiu seu testemunho com as seguintes palavras: “Expôs Simão como Deus primeiro visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome”(15:14).
A afirmação de Tiago é consideravelmente mais importante do que parece à primeira vista, pois as expressões “povo” e “para o seu nome” são regularmente empregados no Antigo Testamento em relação a Israel. Tiago estava expressando sua crença de que os convertidos gentios agora faziam parte do Israel verdadeiro, chamados e escolhidos por Deus para pertencerem ao seu único povo e para glorificar o seu nome.
Assim, Tiago declarou que estava de pleno acordo com Pedro, Paulo e Barnabé. A inclusão dos gentios não era uma idéia posterior de Deus, mas algo predito pelos profetas. A citação de Amós 9:11,12 apenas indica uma das muitas passagens do Antigo Testamento que prevê a salvação dos gentios(Gn 22:18; Sl 22:27; Is 9:2; 42:4; 45:22; 49:6; 60:3; Dn 7:14, etc). As próprias Escrituras confirmavam os fatos experimentados pelos missionários. O que Deus havia feito através dos apóstolos conferia com o que Ele havia dito através dos profetas. Essa concordância entre Escrituras e experiência, entre o julgamento dos profetas e o dos apóstolos, era conclusiva para Tiago. Ele estava pronto para declarar o seu julgamento – “Pelo que julgo...”(At 15:19).

III. A CARTA DE JERUSALÉM

Encerrados os debates, decidem os apóstolos enviar uma “carta” às igrejas de Antioquia, Síria e Cilícia, por intermédio de Paulo, Barnabé, Judas e Silas, expondo as resoluções tomadas no Concílio de Jerusalém. Atos 15:23-29 apresenta o teor da carta. Em resumo, nesse Concílio, que não foi decisão humana, mas decisão dirigida pelo Espírito Santo (At.15:28), estabeleceu-se, para que não houvesse mais dúvidas: que a salvação é pela graça; que os gentios deveriam, tão somente, abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação (At.15:29), não se devendo, pois, cumprir a lei judaica, nem mesmo a guarda do sábado.

1. Da salvação pela graça –“Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também”(At 15:11). A questão essencial da conferencia de Jerusalém era se a circuncisão e a obediência à lei de Moisés eram necessárias à salvação em Cristo. Os representantes que se reuniram ali chegaram à conclusão de que os gentios eram salvos pela graça do Senhor Jesus, que lhes perdoara os pecados e deles fizera novas criaturas. A graça é concedida à pessoa que se arrepende do pecado e crê em Cristo como Senhor e Salvador(At 2:38,39). Essa receptividade à graça de Deus capacita a pessoa a receber o poder de tornar-se filho de Deus(João 1:12).
2. Da comida sacrificada aos ídolos. Se os cristãos gentios continuassem consumindo os alimentos oferecidos a ídolos, seus irmãos judeus poderiam questionar se, de fato, os convertidos haviam abandonado a idolatria. Apesar de terem liberdade de consumi-los, seria errado os cristãos gentios lançarem mão dela, pois poderiam tornar-se pedra de tropeço para os irmãos judeus mais fracos. Essa matéria foi aprofundada posteriormente por Paulo(Rm 14:13-16; 1Co 8:7-15; 10:23-33).
3. Da ingestão de sangue e de carne sufocada. A abstenção de sangue e da carne sufocada está na lei de Moisés(Lv 3:17; Dt 12:26,23-25).
Essa proibição faz parte da aliança de Deus com Noé após o dilúvio(Gn 9:4,5). Assim, é uma ordem que vigora para toda a raça humana, e não apenas para a nação de Israel. Uma vez que a aliança com Noé não foi ab-rogada, consideramos que suas prescrições continuam em vigor nos dias de hoje.
É bom ressaltar, à luz da Bíblia Sagrada, que a abstenção desses elementos não implica em proibir a transfusão de sangue, tão defendida pela seita “Os testemunhas de Jeová”. Primeiro, porque o sangue dessa passagem é de o animal, e não de o ser humano. Em segundo lugar, porque nenhum preceito bíblico é nocivo à vida. Essa crença “dos testemunhos de Jeová” é condenada por Jesus(cf Mt 12:3-7).
4. Das relações sexuais ilícitas. Tendo em vista este ser o pecado principal dos gentios, era essencial que fosse incluído entre as questões mencionadas. Nenhuma passagem da Bíblia revoga a ordem de abstenção das relações sexuais ilícitas. Trata-se de uma prescrição em vigor para todas as gerações.
5. Uma questão de consciência. A expressão “destas coisas fazeis bem se vos guardardes”(At 15:29) parece mais uma recomendação. Essas regras eram o mínimo que se pedia dos gentios, para não escandalizarem os judeus cristãos. Porém, mais por amor a eles, do que um meio de salvação. Com relação à salvação não haveria mais o que discutir: somos salvos “pela graça do Senhor Jesus Cristo”(At 15:11).
A Bíblia é claríssima ao mostrar que as obras da lei são incapazes de salvar o ser humano e que ele é justificado pela fé, sem as obras da lei (Rm 3:28). Na medida em que exigimos a observância da lei para a salvação do homem, estamos a dizer que o sacrifício de Jesus é insuficiente para que o homem seja salvo. Quem escolher a lei como requisito para a sua salvação, estará assinando a sua própria sentença de morte espiritual, pois “todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gl 3:10). Por isso, o que a Bíblia nos ensina é que todo aquele que escolher a lei como veículo de salvação, estará irremediavelmente perdido, pois escolheu para si próprio a maldição.

CONCLUSÃO

As decisões da Igreja não devem ser tomadas pelo homem apenas; este deve buscar a direção do Espírito, mediante oração e jejum e a fidelidade à Palavra de Deus até que a vontade divina seja claramente discernida(cf At 13:2-4). A igreja, para ser realmente a igreja de Cristo, deve ouvir o que o Espírito Santo diz às igrejas locais(cf Ap 2:7). No Concílio de Jerusalém, os apóstolos (Pedro, Barnabé, Paulo e Tiago), os presbitérios e toda a igreja, sob a direção do Espírito Santo, chegaram a uma decisão unânime (At 15:22,28). Assim, a unidade do evangelho preservou a unidade da Igreja.
O evangelho dos apóstolos de Cristo é o evangelho da livre graça de Deus, de seu amor imerecido pelos pecadores, na morte de seu Filho, em nosso lugar. Além disso, é o evangelho da graça suficiente de Deus. Ele não pode ser considerado como um complemento de nenhuma outra coisa (por exemplo, o judaísmo) ou como algo que precisa ser complementado por alguma outra coisa(por exemplo, a circuncisão). Para os judaizantes, a fé em Jesus não era suficiente; a circuncisão e as obras da lei tinham de ser acrescentadas. Hoje, as pessoas tentam acrescentar outro tipo de obras, talvez filantropia ou observâncias religiosas, ou alguma experiência ou cerimônia especial. Em cada caso é um evangelho de “Jesus mais...”, que deprecia o valor de sua obra. Precisamos repetir as palavras de Pedro: “Cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”(Atos 15:11). Nós e eles, judeus e gentios, somos salvos da mesma forma, através do único evangelho apostólico da graça de Deus”(John Stott).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento)
John Stott – A mensagem de ATOS(Até os confins da Terra)
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS
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sexta-feira, 4 de março de 2011

QUANDO AS MÁSCARAS CAEM



Uma vez por ano elas submergem – pessoas modernas – no anonimato das máscaras sem nome. Uma vez por ano elas querem gozar como desconhecidas, aquilo que a vida oferece. Uma vez por ano elas se livram das amarras da responsabilidade, das preocupações e da autodisciplina. Mas como passam rapidamente os dias de divertimento sem controle! A toda bebedeira segue uma ressaca; todos que usam máscaras serão desmascarados.

Existe alguém que não se deixa enganar pela tua fantasia. Alguém diante de cujos olhos de fogo não existem pessoas atrás das máscaras. Os olhos do Deus vivo e santo vêem todas as coisas. Eles te seguem sempre e em todos os lugares! Na Bíblia está escrito:

“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando levanto... Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos... Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também... Se eu digo: As trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te são escuras: as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Salmo 139).

Também na balbúrdia do carnaval, os olhos de Deus te observam. Mesmo que submirjas, mesmo que nenhuma pessoa te identifique – Deus te reconhece! Ele sabe a respeito de tudo que fazes. Diante dele, têm que cair todas as máscaras! Permite-me perguntar-te: como ficas depois da folia do carnaval? Seja sincero, não te iludas! Não é assim: teu coração está vazio, ficas mal-humorado, tu te sentes miserável. A vida ficou monótona e vazia. Restou somente um gosto amargo. O tempo do carnaval veio a ti em vestes de alegria, mas sempre lhe seguem vultos vestidos de preto. Trata-se das aflições, das dores de consciência, do sofrimento e do desespero.

Feliz de ti se capitulares hoje diante de Deus! Feliz de ti, se cair tua máscara! Pois Deus te faz uma oferta. Se quiseres, ainda hoje ele te dará alegria pura e verdadeira, que não tem nada em comum com a alegria “mascarada”. Trata-se de uma alegria que poderás levar para tua vida diária.

Tu te sentes sujo e manchado pelo pecado? Está o teu coração decepcionado e vazio? Então vem a Jesus Cristo, o Filho de Deus. A Bíblia diz:

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16) – “...o sangue de Jesus, seu filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7). – Deus diz: “Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a núvem; torna-te para mim, porque eu te remi” (Isaías 44.22). Virá o dia em que todas as pessoas do mundo terão que comparecer ao juízo de Deus: “...para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2.10-11).

Esse será o dia em que o Deus santo arrancará dos rostos dos homens as máscaras da justiça própria, do orgulho e da altivez. De que maneira terrível aparecerá então a pecaminosidade e pobreza de uma vida desperdiçada! Por isso, deixa desmascarar-te hoje por Deus. Aceita a graça de Deus, que te é oferecida em Jesus Cristo. Hoje ele quer ser teu Salvador, amanhã talvez já seja teu Juíz! Aceita na fé o perdão dos pecados através do sangue de Jesus Cristo. Inicia hoje uma nova vida com teu Deus, uma vida de que não te precisarás envergonhar na Eternidade! (Y. M. - http://www.ajesus.com.br/).


Extraído do Folheto Quando as Máscaras Caem (pacote com 100)