segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Aula 05 – DEUS ABOMINA A SOBERBA


4º Trimestre/2014

 
Texto Base: Dn 4:10-18

 
“Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4:37).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos acerca do capítulo 4 de Daniel. Neste capítulo, Daniel traz a imagem de uma árvore florescente representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Na imagem apresentada um homem anuncia que a árvore seria cortada e ficaria apenas o tronco com suas raízes. Isto demonstra o desastroso efeito da soberba. O sábio Salomão alerta: “A soberba precede a ruína, e altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18).

Um indivíduo soberbo é aquele que deseja ser mais do que é e ainda se coloca acima dos outros para humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo superdimensiona a própria imagem e diminui o valor dos outros. É o narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota máxima e aplaude a si mesmo. É por isso que o sábio diz que, em vindo a soberba, sobrevém a desonra. A soberba é a sala de espera da desonra. É o corredor do vexame. É a porta de entrada da vergonha e da humilhação. A Bíblia diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4:6), declarando guerra contra ele. “Glória ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de guerra da humanidade orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir o céu na terra (Pv 11:1-9; Ap 18). Deus aborrece “olhos altivos” (Pv 6:16,17) e promete destruir “a casa dos soberbos” (Pv 15:25).

I. A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4:1-3)

A soberania de Deus é a autoridade inquestionável que o Senhor detém sobre o Universo, pelo fato óbvio de que Ele é o Criador de todas as coisas(Is 44:6;45:6; Ap 11:17). Sua soberania está baseada em sua onipotência, onipresença e onisciência. Quando afirmamos que Deus é soberano, estamos dizendo que Ele controla o Universo e pode fazer o que lhe aprouver. A soberba é um dos pecados da alma que afeta diretamente a soberania de Deus.

1. Nabucodonosor, chamado por Deus para um desígnio especial (Jr 25:9. “... Nabucodonosor [...] meu servo”.

Esta expressão não significa que o monarca babilônico adorava o Deus de Israel, mas apenas que era usado pelo Senhor para cumprir seus propósitos (à semelhança de Ciro, que é chamado de ungido do Senhor, em Isaías 45:1). Não há dúvida que ele foi submetido a um desígnio especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel. Mesmo sendo um rei ímpio cumpria um desígnio especial de correção divina ao reino de Judá, por ter se corrompido com o sistema mundano, iniquo, inimigo de Deus. Ora, Deus tinha e tem o domínio de todos os reinos do mundo, e poder para fazer com que o ímpio Nabucodonosor, por um desígnio especial, se tornasse próspero em seu reino e crescesse em extensão, a ponto de se autodenominar “rei de reis”. O profeta Jeremias, que presenciou a investida babilônica contra o reino de Judá e seu exílio para Babilônia, diz que Deus chamou Nabucodonosor de “meu servo” (Jr 25:9). Na verdade, Nabucodonosor foi a “vara” de Deus de punição ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho proibido da idolatria e dos costumes pagãos dos reinos vizinhos. Aprendemos que Deus, em sua soberania é Aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2:21).

2. A soberba de Nabucodonosor. Conquanto tenha sido um instrumento que Deus utilizou para corrigir e disciplinar o seu povo, Nabucodonosor foi traspassado pela arrogância, pela soberba. Por causa disso, Deus mostrou que ele seria punido severamente; ele seria, como a árvore do sonho, cortado até o tronco (Dn 4:18). Isto cumpriu-se literalmente na vida de Nabucodonosor, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar e decidir porque seu coração foi mudado - de “coração de homem” (Dn 4:16) para “um coração de animal”. Ele foi dominado por uma insanidade sem precedente. A punição levaria “sete tempos”, período em que Nabucodonosor estaria agindo de forma irracional à semelhança dos animais do campo (Dn 4:28-33), tendo o seu corpo molhado pelo orvalho do céu. Esse estado de decadência do rei foi resultado de sua soberba.

O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a soberba é a porta de entrada do fracasso e a sala de espera da ruína. O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o orgulho vem antes da destruição, e o espírito altivo, antes da queda. Nabucodonosor foi retirado do trono e colocado no meio dos animais por causa da sua soberba (cf. Dn 4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes porque ensoberbeceu seu coração em vez de dar glória a Deus (At 12:21-23). O reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos orgulhosos de coração.

Esse terrível mal também tem grassado igrejas locais. A Bíblia registra um exemplo: a igreja de Laodicéia. Esta igreja, a começar do seu líder, enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica a fraqueza espiritual. Só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A autoglorificação é desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si mesma em todas as áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A Bíblia diz: ”Louve-te o estranho, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios”(Pv 27:2). Deus detesta o louvor próprio. Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e do publicano. Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu para sua casa justificado.

3. Nabucodonosor proclama a soberania de Deus (Dn 4:1-3). “Nabucodonosor, rei, a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração”.

Nabucodonosor dá testemunho da grandeza e do poder de Deus. Chegou a esta conclusão depois da sua experiência humilhante de loucura. Foi restaurado de sua demência depois que se humilhou diante do Altíssimo. Reconheceu a soberania do Deus Onipotente e fez uma proclamação acerca do Eterno domínio de Deus (Dn 4:34-37). Ele aprendeu que o Senhor, em sua soberania, é quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis” (Dn 2:21).

II. DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO DE SONHOS (Dn 4:4-9).

1. Deus adverte Nabucodonosor através de um sonho. Nabucodonosor sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível. Então, Deus o adverte através de um sonho.

"tive um sonho" (Dn 4:5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor; mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado.

É interessante perceber que o modo como Deus falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos, especialmente os caldeus, darem muita importância aos sonhos e a sua interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal revelador da fala de Deus aos homens. É bom que se diga que não existe dom de sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos (Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD).

2. Daniel é convocado (Dn 4:8,9).Mas, por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele: Beltessazar, príncipe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil; dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação”.

Há um contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu (Dn 2:1,6 e 4:10-17). Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (Dn 4:6,7). Finalmente, foi convocado Daniel, e este, ao ouvir do rei o relato pediu-lhe um tempo porque, por quase uma hora, estava atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho ao rei. Daniel ficou perturbado, e disse: “O sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (Dn 4:19).

3. Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4:19-26). O rei conta a Daniel todo o seu sonho. Ele viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos (Dn 4:10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (Dn 4:13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (Dn 4:14). “Então Daniel... esteve atônito quase uma hora” (4:19). O tempo que Daniel levou para interpretar o sonho significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu Deus havia revelado.

a) Uma árvore majestosa (Dn 4:11,12). A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es tu, ó rei” (Dn 4:22). Imaginemos o semblante de espanto de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos (Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD).

b) Juízo e misericórdia são demonstrações da soberania divina. “Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn 4:24,25).

Aqui é mostrado como Daniel começou a interpretação da “grande árvore” que o rei tinha visto no sonho. Daniel declarou que aquele monarca era a árvore e que seria cortada como quando o lenhador corta a árvore do bosque. Mas Daniel acrescentou que um tronco, com suas raízes, seria deixado na terra (Dn 4:15). Nabucodonosor devia saber que, ao passar o tempo de castigo, seria restaurado novamente no seu posto como governador do império babilônico. Isto mostra que a intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por “sete tempos” (Dn 4:25). Depois desse período de demência, Nabucodonosor voltou ao normal e louvou ao Deus Altíssimo – “Mas, ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração” (Dn 4:34).

O Deus Todo Poderoso sempre que aplica uma sentença, ela vem mesclada de misericórdia. Porém, é evidente que chegará o Dia quando não mais essa misericórdia existirá, e, a partir daí, Deus dará aos seus inimigos o cálice da sua ira (Ap 14:10). No presente século, o ser humano é convidado a tomar parte no “dia da salvação”, porém em breve chegará o momento em que ele tomará parte da ira de Deus e do Cordeiro (Ap 6:17).

III. A PREGAÇÃO DE DANIEL

Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres, e talvez se prolongue a tua tranquilidade” (Dn 4:27).

O texto mostra que Daniel aconselhou o rei a arrepender-se dos seus maus caminhos – “desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres” -, mas tudo indica que o rei continuou a sua vida como antes: soberbo e arrogante. A Bíblia diz que a soberba torna os olhos altivos (Pv 21:4). Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento, ele, porém, não entrou. Então, Deus o empurrou para o corredor do juízo. Deus o humilhou. O orgulho é algo abominável para Deus, pois Ele resiste ao soberbo (1Pe 5:5).

Após 12 meses o sonho se cumpriu literalmente (Dn 4:29-32). Nabucodonosor morou com os animais, comeu erva como boi, e seu corpo foi molhado pelo orvalho. Depois de restabelecido, o rei entendeu que tudo aconteceu por causa de seu orgulho. Então, ele declarou:

 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba”.

Nabucodonosor, finalmente, foi restaurado, tanto da doença mental como da alma. Deus o transformou através das duras provas.

“A conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências:

- ele glorificou a Deus (Dn 4:34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa vida sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e Deus o chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno.

- “ele confessou a soberania de Deus (Dn 4.35).

- “ele testemunhou sua restauração (Dn4.36) e adorou a Deus (Dn 4.37)”.

(Rev. Hernandes Dias Lopes – Daniel, um homem amado no céu).

CONCLUSÃO

Se desejamos viver vitoriosamente, tenhamos muito cuidado, para não sermos contagiados pela soberba, que tem levado muitos à queda, pois Deus resiste e continuará resistindo aos soberbos (Tg 4:6). Todavia, o Pai Celeste dá e dará graças, misericórdia e ajuda em todas as situações da vida, àqueles que têm o coração quebrantado e contrito, que se chega a Ele com humildade.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Integridade Moral e Espiritual – Elienai Cabral. CPAD.

Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Daniel – As visões para estes últimos dias. Severino Pedro da Silva. CPAD.

Hernandes Dias Lopes – Daniel (Um homem amado do Cé). Hagnos.

Revista Ensinador Cristão – nº 60 – CPAD.

 

sábado, 25 de outubro de 2014

"A IGREJA CHINESA AMA JESUS, ISRAEL E OS ÁRABES"

GREJA CHINESA AMA JESUS, ISRAEL E OS ÁRABES"
Zhang Fuheng, um dos cinco "pais" do movimento evangélico "Igreja nas casas" na China partilhou recentemente o seu testemunho, que vale bem a pena conhecer:
TESTEMUNHO DE ZHANG FUHENG
"Durante o ano de 1979 fiquei bastante enfermo. Só conseguia mexer a boca. Chorava quase todos os dias. Cheguei a amaldiçoar o dia em que nasci, e encarei até o suicídio.
Naquela altura havia pouquíssimos cristãos na China. Um cristão que vivia numa aldeia próxima teve as suas duas filhas gémeas retiradas dele à força e vendidas como escravas. Quando veio à procura das suas filhas (não as tendo encontrado), ele soube da minha doença e veio partilhar as "boas novas" da salvação comigo. Naquela altura recebi uma nova esperança no meu coração.
Comecei a orar para ser curado. Durante uma semana orei de dia e de noite. Nada parecia estar a acontecer. Certa manhã, acordei, e reparei que o cobertor estava no chão, pelo que concluí que me devia ter mexido durante a noite. Sentei-me, saí da cama e desci as escadas. Todos ficaram em choque. Todos na casa receberam o Senhor.
Na semana seguinte, abrimos a casa para contar às pessoas o que tinha acontecido. Apareceram 200 pessoas, incluindo pessoas das aldeias próximas. Daquele grupo, 60 pessoas da nossa aldeia receberam o Senhor, e uma "Igreja em casa" foi iniciada da noite para o dia na nossa casa.
Não tínhamos nenhuma Bíblia. Alguém de uma aldeia próxima emprestou-me a sua Bíblia durante um mês. Essa "Bíblia" não era mais do que uma parte do Novo Testamento com alguns livros em falta. Eu não sabia o que fazer, por isso copiei à mão as Escrituras que me tinham sido confiadas antes de as ter de entregar.
(Há muito pouco tempo, 40 anos depois, as duas filhas do homem que partilhou comigo o Evangelho pela primeira vez foram localizadas, e a família reunida novamente.)
IGREJAS NAS CASAS
Em 1949, Mao Tse Tung mandou que todos os missionários e empresários estrangeiros saíssem do país. Os líderes cristãos locais foram presos. O período entre 1949 e 1979 foi negro e com muito sofrimento. O povo chorava e orava. Em 1979, o novo líder político Deng Xiaoping iniciou a política das "portas abertas", permitindo que alguns negócios e comércios pudessem regressar.
Naquela época havia dois tipos de Igrejas: as que estavam registadas no governo (as igrejas das "três autonomias"), e as não registadas, maioritariamente nas aldeias. Nós que vivíamos nas aldeias não conseguíamos identificar-nos com as igrejas registadas. A estrutura delas parecia-nos estrangeira, ocidentalizada, e não-bíblica. Não sabíamos o que fazer. Então, começámos a ler o Livro de Atos dos Apóstolos. Foi ali que encontrámos todas as respostas. Sentimos que o novo movimento das igrejas nas casas estava restaurando a tradição apostólica original. (Nestes últimos anos tem havido muita reconciliação entre as igrejas registadas e as não-registadas.)
Acreditávamos em Atos 1:8 para receber poder e sermos testemunhas desde Jerusalém até aos confins da terra. Tínhamos fogo espiritual, curas e libertação de demónios. Eu visitava muitas aldeias, partilhando o meu testemunho. Em sete anos iniciei 200 igrejas com cerca de 30.000 membros.
Em 1983 veio uma nova vaga de intensa perseguição. Durante cinco anos não pude viver na minha aldeia. Só ocasionalmente é que conseguia infiltrar-me durante a noite para visitar os meus pais. Os crentes chineses mais velhos foram espalhados e perseguidos. O sofrimento passou a ser uma parte tão grande nas suas vidas que alguns dos cristãos mais novos que ainda não tinham ido para a cadeia começaram a orar: 'Deus, por que é que eu não fui ainda para a prisão? Terei eu pecado? Há algo de errado?'
Os líderes cristãos nas aldeias eram espancados, mortos a tiro ou enforcados; muitos eram continuamente detidos; as mulheres eram chicoteadas. A minha esposa costumava falar acerca de mim: 'O meu marido tem o dom espiritual de ser preso.' A maioria dos pastores não tinham Bíblia nem treinamento.
Tal como o Evangelho se espalhou com a onda de perseguição à volta da morte de Estêvão, o primeiro mártir (Atos 8:1), assim aconteceu conosco. Em 1979, havia 700.000 cristãos na China. O nosso movimento das igrejas nas casas cresceu até aos 70 milhões de crentes. É um crescimento de 100 vezes mais.
DE VOLTA A JERUSALÉM
A Igreja chinesa é a maior do mundo. O remanescente messiânico israelita o mais pequeno. Olhamos no entanto para vós (os judeus messiânicos) como o "irmão mais velho." Os apóstolos originais foram a raiz que desabrochou para todos os ramos. Temos regressado até vós. Não estamos "sem esperança", porque somos um na família de Jesus.
Por que é que os judeus sofreram tanto na História? Vocês (judeus) são um milagre. A restauração de Israel é um ato de Deus; assim é também a restauração do remanescente messiânico. Muitos turistas chineses vêm a Israel e quando veem o que tem acontecido, tornam-se crentes em Jesus.
Houve um avivamento na China nos anos 20. Os cristãos daquela época tinham a visão de trazer o Evangelho "de volta" desde os confins da terra (China) até Israel. Eles dedicaram-se ao movimento "de volta a Jerusalém." Eles sentiam que tinham recebido a vida eterna a partir dos judeus e queriam levar essa mesma graça até eles. 

Foi assim que um grande grupo dentre eles iniciou uma caminhada a pé até Jerusalém, primeiramente até às regiões mais ocidentais da China. Em 1949, contudo, depois que os comunistas chegaram ao poder, as fronteiras da China foram completamente bloqueadas. Uma vez que não conseguiam sair, estabeleceram uma comunidade na província de Xin Jang, perto da fronteira.
 
Esses jovens cristãos oraram durante décadas com esta visão. Foram envelhecendo. Quando os nossos pastores receberam a mesma visão, viajámos ao encontro deles. Muitos já tinham morrido. Dissemos aos anciãos que vieram ter conosco: 'Animem-se! Iremos à Arábia e até Jerusalém . ' Eles choraram e abraçaram-nos, dizendo: 'Agora, Senhor, os Teus servos podem partir.'
A Igreja chinesa ama Jesus, ama Israel e ama os árabes. Aqui estamos hoje a abraçá-los. Tal como o sol nasce no oriente, assim este avivamento voltará a Jerusalém." 
Shalom, Israel!
Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.com.br/

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Aula 04 – A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA

4º Trimestre/2014

Texto Base: Daniel 3:1-7,14


“Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei” (Dn 3:17).

INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos acerca da fidelidade de Hananias, Misael e Azarias. Três jovens que tinham uma fé imutável no seu Deus. Eles foram provados numa fornalha ardente, todavia permaneceram fiéis e Deus os livrou da maldade do rei Nabucodonosor e de seus inimigos. Esses jovens não concordaram em se dobrar diante de uma estátua, que representava o orgulho de um déspota, e desobedeceram a uma lei que ia contra os princípios divinos. Nabucodonosor era um homem embriagado pelo poder; ficou cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se contentou em ser rei de reis, em ser o maior rei da terra, mas quis ser adorado como deus.
Obedecer a Deus é sempre a melhor alternativa, mesmo que nos leve até a fornalha ardente. Às vezes cruzamos os vales da sombra da morte, mas temos a presença amiga e consoladora do divino Pastor para nos encorajar. Passamos pelas ondas, pelos rios e até pelo fogo, mas o Senhor sempre aparece para nos livrar (Is 43:2) - “quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”. Jesus é o quarto Homem na fornalha ardente (Dn 3:24-25). O senhor não nos livra da fornalha, mas nos salva do fogo da fornalha. Na jornada da fé há tempestade, mas também há Deus conosco; há fornalha ardente, mas há o quarto Homem. As provações vêm, e às vezes com ímpeto, mas Jesus sempre vem ao nosso encontro na hora da crise.
I. A TENTATIVA DE SE INSTITUIR UMA RELIGIÃO MUNDIAL
1. A grande estátua.O Rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era de sessenta côvados, e a sua largura, de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia” (Dn 3:1).
O Império Babilónico foi o primeiro grande império mundial a construir uma grande estátua que deveria ser adorada por todos súditos do império. Provavelmente a imagem que o rei mandou erguer fosse uma estátua dele próprio. Isto significava uma espécie de culto ao rei; uma divinização do governante. É uma prova de que ele não se converteu depois que o seu sonho foi interpretado por Daniel. Adorar a estátua significava, além da idolatria, a adoração ao rei. Judá havia “sentido na pele”, recentemente, o resultado desastroso da idolatria.
Era uma estátua muito alta, uma clara demonstração da altivez do rei. Um côvado em Israel media cerca de 40 cm; na época de Ezequiel, media 51,8 cm, porém o côvado babilônico media aproximadamente 49 cm, o que daria à estátua uma altura próxima dos 29 metros (um edifício de mais de nove andares).
A obsessão pelo poder faz a pessoa perder o bom senso. O rei Nabucodonosor estava dopado pela ideia de ser o maior e perdeu a autocrítica embriagado pelo próprio poder e cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se contentou em ser apenas a cabeça de ouro da estátua do seu sonho. No capítulo dois havia uma estátua no seu sonho e no capitulo três ele constrói literalmente uma estátua para si. Essa presunção vislumbra profeticamente outra estátua (imagem) que será erguida pelo último império mundial gentílico profetizado como o reino do Anticristo e será no "tempo do Fim” (Ap 13:14,15). (1)
2. A diferença entre as estátuas. É necessário destacar a diferença entre a estátua do capítulo 2 e a do capítulo 3. A estátua do capítulo 2 era simbólica, que surgiu no sonho do rei Nabucodonosor, e a estátua do capítulo 3 era literal, construída pelos homens. A estátua do capítulo 3 tinha a forma de um obelisco e tinha um aspecto um tanto grotesco que revelava a intenção vaidosa de Nabucodonosor de impor-se pela idolatria do homem e sua autodeificação aos olhos dos súditos (cf Dn 4:30).
3. A inauguração da estátua de ouro. Todos compareceram à inauguração da estátua, por força do edito do rei, e todos deveriam adorar a estátua de ouro (Dn 3:4). O rei testava seu poder de dominação requerendo dos exilados que renegassem suas crenças e substituíssem seus deuses pelos deuses da Babilônia. O objetivo era escravizar todos os seus súditos e obrigá-los a servirem às divindades caldeias. Ele queria uma religião totalitária em que as pessoas obedecessem não pela lealdade, mas pela força bruta (Dn 3:5,6).
Nabucodonosor foi seduzido por seu ego presunçoso que se via superior a tudo e a todos. Ele estava embriagado por sua própria glória temporal e passageira, por isso seu coração se engrandeceu e ele desejou ser adorado como deus. Não lhe bastou a revelação de que o único Deus verdadeiro triunfaria na história conforme está expresso no capitulo dois. Ele preferiu exaltar a si mesmo e para tal instituiu o culto a si e, também, a adoração dos seus falsos deuses. O objetivo era escravizar as consciências e obrigá-las a servirem aos seus deuses.
II. O DESAFIO A IDOLATRIA
1. A ordem do rei a todos os seus súditos (Dn 3:4-7).Então, se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado. E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas: Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado. E qualquer que se não prostrar e não a adorar será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente. Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério e de toda sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
Os Sátrapas eram altos funcionários, representantes do rei, cabeças do governo provincial. Os prefeitos aqui neste texto, eram, provavelmente, comandantes. Os governadores eram senhores de distritos; quanto a conselheiros, o sentido é o mesmo da palavra, ou seja, conselheiros do povo. Tesoureiros eram administradores públicos. Os juízes administravam as leis enquanto os magistrados executavam as leis.  Por fim, de um modo geral, o rei diz: “todos os oficiais”, afim de não esquecer nenhum, apanhando a todos de uma forma mais abrangente.
Nabucodonosor exigiu obediência cega dos seus súditos de todos os territórios ao seu edito. Quando os instrumentos musicais fossem tocados, todos deveriam se ajoelhar diante da estátua e adorá-la, sob pena de serem arremessados na fornalha de fogo ardente em caso de desobediência. Era a punição mais terrível que alguém poderia sofrer, ser queimado vivo numa fornalha grandemente aquecida. Segundo o profeta Jeremias, o rei Zedequias de Judá foi queimado no fogo na Babilônia (Jr 29:22).
De todas as nações presentes com seus exilados estavam lá os judeus que serviam ao Deus vivo de Israel. Na história contada por Daniel, estavam lá os seus três amigos. Não há uma explicação plausível para a ausência de Daniel naquele evento. O que importa, de fato, é que os três hebreus deram uma tangível demonstração de fidelidade fé no seu Deus.
2. A intenção do rei e o espírito do Anticristo. Nabucodonosor tornou-se um homem embriagado pelo poder e ofuscado pela sua própria glória. Ele não se contentou com a mais alta posição da terra, ser rei de reis; ele quis ser adorado como deus (Dn 3:1-5). Diante da revelação da soberania e triunfo de Deus na história (capítulo 2), em vez de se humilhar, exaltou-se. Ele instituiu o culto a si mesmo e a adoração a seus deuses. Ele ordenou a todos os súditos de seu reino para se prostrarem e adorarem sua imagem. Ele escravizou as consciências e usou a religião para consolidar sua política opressora. A intenção do rei prenunciava o espírito do Anticristo, que levantará a imagem da Besta para ser adorado no tempo do Fim (Ap 13:11-17).
O objetivo de Nabucodonosor era a instituição de uma religião totalitária (Dn 3:6,7). “A religião totalitária exige a lealdade das pessoas pela força. Não conquista os corações, mas obriga as consciências. As pessoas se dobram por medo, não por devoção. É a religião do terror, não do amor. Estabelece uma pena para a desobediência: a morte. Estabelece um método para matar: a fornalha ardente. Nabucodonosor institui uma inquisição bárbara, uma adoração compulsória, uma religião opressora. Quando a religião se desvia da verdade, torna-se o braço da intolerância e da truculência” (Rev. Hernandes Dias Lopes).
3. Coragem para não fazer concessões à idolatria (Dn 3:6). “E qualquer que se não prostrar e não a adorar será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente”.
Hananias, Misael e Azarias estavam no local determinado por força do edito do rei. Todos os ilustres homens do império, os chefes de governos, os sátrapas, os governadores das províncias, os sábios, os sacerdotes dos vários cultos pagãos, todos estavam lá. A ordem era que quando a música fosse tocada todos deveriam ajoelhar-se e adorar a estátua do rei. Quem não obedecesse seria lançado na fornalha de fogo ardente. Os três servos de Deus (segundo estudiosos, nessa época eles estavam na faixa dos 40 anos de idade) preferiram morrer queimados naquela fornalha a negar a fé no Deus de Israel. Eles não fizeram concessões que comprometessem a sua fé em Deus. Eles não se acovardaram diante da ameaça de Nabucodonosor. Eles estavam seguros do cuidado do Deus vivo e verdadeiro, como falou o profeta Isaias: “... quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43:2).
III. A FIDELIDADE A DEUS ANTE A FORNALHA ARDENTE (Dn 3:8-12)
1. Os jovens hebreus foram acusados e denunciados (Dn 3:8-12).Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus. Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram” (Dn 3:8,12).
As pessoas ingratas têm memória curta. Os caldeus tinham sido poupados da morte pela intervenção de Daniel e de seus amigos (Dn 2:5,18). Agora eles, de forma ingrata, acusam as pessoas que lhes ajudaram, no passado, a se livrar da morte. E, ainda, faz três acusações graves contra eles: “não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem; nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram” (Dn 3:12). A ingratidão é uma atitude que fere as pessoas e entristece a Deus. A acusação dos caldeus foi maliciosa.
Os caldeus acrescentaram um fato inverídico: "Não fizeram caso de ti". Isso denota que eles eram tremendos bajuladores do rei. Eles não queriam informar, mas distorcer os fatos e destruir os judeus. As pessoas invejosas tentam se promover buscando a destruição dos concorrentes. Isso, apenas porque esses judeus foram constituídos sobre os negócios da província. A inveja foi o pecado que levou Lúcifer a ser um querubim descontente, mesmo no céu, e a tornar-se um demônio. A inveja provoca contendas, brigas, mortes e desastres.
Entretanto, esses jovens entenderam que a fidelidade a Deus é uma questão inegociável; eles entenderam que agradar a Deus é mais importante que preservar a própria vida. Três jovens tiveram coragem de discordar de todos; preferiram a morte ao pecado. Estavam dispostos a morrer, não a pecar. Transigir era uma palavra que não constava no vocabulário deles.
2. A resposta corajosa dos jovens hebreus (Dn 3:16-19). O rei foi informado da desobediência dos três servos de Deus. Quando o rei soube da atitude deles, ficou furioso e convocou os três imediatamente (Dn 3:19). Sem dar-lhes chance de se defenderem, deu-lhes mais uma oportunidade de prestar adoração após o som especial da música. A recusa em fazê-lo significaria a imediata execução do decreto irreversível: eles seriam lançados “dentro da fornalha de fogo ardente; e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?”, vociferou o rei. Porém, os três jovens, de forma corajosa e destemida, responderam ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder (“defender-nos”, NVI) sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3:16-18).
A verdadeira fé não está ligada às circunstâncias nem às consequências. Ela está fundada na imutável fidelidade de Deus. Poderia ter parecido algo de menor valor racionalizar apenas um pouco. Afinal, eles não deviam uma certa consideração ao rei? Porventura, eles não poderiam dobrar seus joelhos, mas ficar em pé em seus corações? Uma pequena concessão à limitada compreensão das coisas divinas por parte do rei seria uma questão insignificante. Mas não! A reputação do caráter do Deus vivo e verdadeiro dependia desse momento. Multidões de pagãos de muitos países estavam observando. Quer Deus os libertasse das chamas, quer não, eles deveriam ser fiéis em honrar o seu nome(2). A fidelidade incondicional não é uma barganha com Deus.
Muitas vezes, nossa fidelidade a Deus nos levará à fornalha, à cova dos leões, à prisão, a sermos rejeitados pelo grupo, a sermos despedidos de uma empresa, a sermos rejeitados na escola. Nosso compromisso não é com o sucesso, mas com a fidelidade a Deus.
Os três jovens não cederam às ameaças e não ficaram livres da fornalha, mas o quarto Homem já os esperava ali (Dn 3:25). Ele está conosco sempre. Ele caminha conosco no meio do fogo, da dor, da doença, do abandono, da solidão, do luto e da morte. Quando todos os recursos da terra acabam, encontramos o livramento no quarto Homem, ainda que em meio da fornalha (Dn 3:24,25). Aqueles servos de Deus saíram ilesos e sem um único fio de cabelo queimado, porque foram fieis a seu Deus e confiaram nEle (Dn 3:28).
Quando o quarto Homem nos faz sair da fornalha, até nossos inimigos precisam reconhecer a majestade de Deus e dar glória a Seu nome:
28. Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus.
29. Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro deus que possa livrar como este.
Ceder à pressão da maioria pode destruir sua vida mais que o fogo da fornalha. Muitos jovens crentes são tentados a ceder. Jovens cristãos são instados a se embriagar com seus amigos ou a perder a virgindade antes do casamento. São tentados a mentir aos pais, a ver filmes indecentes, a curtir músicas maliciosas do mundo. O mundo tem sua própria fornalha ardente à espera daqueles que não se conformam em adorar seus ídolos. É a fornalha de ser desprezado, ridicularizado. Os que são fiéis a Deus são chamados de retrógrados. Cuidado com a opinião da maioria, ela pode estar errada e, via de regra, está (Rev. Hernandes Dias Lopes). (3)
3. Reação à intimidação (Dn 3:15). “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3:15). Os jovens responderam a essa ameaça da seguinte forma: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei” (Dn 3:17).
Os três servos de Deus não entraram numa discussão infrutífera. Eles apenas testemunharam de Deus, mostrando que estavam prontos a morrer, mas não a ser infiéis a Ele. Nabucodonosor tenta intimidá-los, dizendo que deus nenhum poderia livrá-los de sua mão. Mas eles não tentam defender a reputação de Deus, procuram apenas obedecê-lo (Dn 3:16,17). Os três jovens dizem que Deus pode livrar, mas não dizem que Deus o fará. Eles não são donos da agenda de Deus. Eles não decretam nada para Deus. Eles não dizem: "Eu não aceito isto"; "Eu rejeito aquilo"; "Eu repreendo o fogo"'; "O rei está amarrado". Eles não determinam o que Deus deve fazer. Nem sempre é da vontade de Deus livrar Seus filhos dos padecimentos e da morte. O patriarca Jó, no auge da sua dor gritou: "Ainda que Deus me mate, eu ainda confiarei nele" (Jó 13:15, ARA). Tiago, Paulo, Pedro, John Huss, dentre inúmeros servos de Deus da história do cristianismo, foram mortos, não forma poupados. Às vezes, Deus livra Seus filhos da morte; outras vezes, não. Não importa, pois "se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor" (Rm 14:8).
CONCLUSÃO
Apreendemos nesta Aula que:
- Devemos ser fiéis a Deus, não apenas pelo que Deus faz, mas por quem Deus é. Hananias, Misael e Azarias não serviam a Deus por causa dos benefícios recebidos. A religião deles não era um negócio, uma barganha com Deus. Eles serviam a Deus por causa do caráter de Deus. Eles tinham uma fé cristocêntrica, não antropocêntrica. Hoje as pessoas buscam a Deus, não por causa de Deus, mas por causa das dádivas de Deus. Querem bênçãos, não Deus.
- Devemos ser fiéis a Deus independente das circunstâncias. Nem sempre Deus nos livra dos problemas, mas nos problemas. Deus não impediu a fabricação da imagem, não impediu que Nabucodonosor acendesse a fornalha, não impediu a divulgação do decreto, não impediu que os três jovens fossem acusados, não os livrou da fúria do rei nem do fogo da fornalha. Deus não impediu que eles fossem atados e jogados na fornalha acesa e aquecida sete vezes mais, mas livrou-os do fogo da fornalha.
- Deus sempre honrará a nossa fé. Deus nos promove quando saímos da fornalha. O mesmo rei que ficou com o rosto transtornado de ira contra Hananias, Misael e Azarias, agora os chama reverentemente de servos do Deus Altíssimo (Dn 3:26). O mesmo rei que decretou a morte deles, agora os faz prosperar (Dn 3:30). Saíram da fornalha mais fortes e mais próximos de Deus!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
(1) Integridade Moral e Espiritual – Elienai Cabral. CPAD.
(2) Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Daniel – As visões para estes últimos dias. Severino Pedro da Silva. CPAD.
(3) Hernandes Dias Lopes – Daniel (Um homem amado do Cé). Hagnos.
Revista Ensinador Cristão – nº 60 – CPAD.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Aula 03 - O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA


4º Trimestre/2014

 
Texto Base: Daniel 2:12-23

 
“Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes” (Dn 2:20,21).

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Aula da maravilhosa revelação de Deus acerca de Sua intervenção na história da humanidade. Veremos isso à luz do capítulo 2 de Daniel, que trata do sonho de Nabucodonosor, no qual Deus revela sua soberania sobre os governos do mundo, a destruição dos megalomaníacos impérios e o estabelecimento vitorioso do Reino de Cristo. A Babilônia era a dona do mundo. Nabucodonosor era o rei de reis. As glórias da Babilônia atingiram seu apogeu. De repente, o sonho do rei tira não apenas seu sono, mas também a paz de todos os sábios. Os privilégios dos sábios transformam-se em iminente ameaça. Mas lá estava Daniel, homem de Deus, para fazer a diferença. O rei desafiou os seus magos a contarem o sonho e sua interpretação, que era humanamente impossível ser atendido. Mas “Daniel ora e pede a ajuda do Senhor. Temos um Deus que revela os seus mistérios aos seus profetas. Daniel, com a ajuda do Senhor, revelou ao rei detalhes do sonho que ele vagamente lembrava. A imagem vista por Nabucodonosor representava sucessivos reinos futuros, até que o Rei dos reis venha e estabeleça o seu reino eterno”.

I.  O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR (Dn 2:1-15)

O sonho revelou a fragilidade do rei Nabucodonosor. Tirou-lhe o sono e perturbou seu espírito (Dn 2:1). O rei encheu-se de ansiedade, insegurança e medo. Aparentemente nada nem ninguém podia ameaçar a fortaleza do seu reino. Ele tinha poder, riqueza e fama. Sua palavra era lei. Suas ordens não podiam ser questionadas. Mas, agora ele foi abalado. Sentiu que alguém maior que ele o ameaçava. A segurança de seu império estava ameaçada por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste mundo. Por isso, ficou inseguro, inquieto e perturbado.

1. O tempo do sonho (Dn 2:1). “No segundo ano...”. Tendo em vista que o sistema babilônico começou a contar o reinado de Nabucodonosor oficialmente no começo do ano seguinte, o “segundo ano” do reinado de Nabucodonosor poderia significar o fim dos três anos de treinamento de Daniel (Dn 1:5). De outro modo, os eventos aqui historiados teriam acontecido durante o treinamento de Daniel.

2. A habilidade dos sábios é desafiada no palácio (Dn 2:2). “E o rei mandou chamar os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei”.

O pr. Severino Pedro da Silva em seu livro Daniel (as visões para estes últimos dias) define assim estes “sábios” da Babilônia:

- Os magos – eram os escribas sagrados – uma ordem de sábios que tinham a seu cargo os escritos ditos sacros, que vieram passando de mão em mão desde o tempo da Torre de Babel. Algumas literaturas, das mais primitivas que se conhecem na terra, eram constituídas desses livros de magia, astrologia, feitiçaria, etc”(ver At 19:19).

- Os astrólogos – tinham acesso ao conhecimento sobrenatural por meio do estudo dos céus.

- Os encantadores – eram manipuladores de poderes sobrenaturais por meio da feitiçaria. Usavam fórmulas mágicas, atuadas por espíritos médiuns. Simão, o mágico, de Samaria e Elimas, “o encantador”, da ilha de Pafos pertenciam a essa classe (ver At 8:9 e 13:8).

- Os feiticeiros - eram dedicados à magia negra. A mesma palavra emprega-se a respeito dos encantadores egípcios Janes e Jambres, que resistiram a Moisés na corte de Faraó (Ex 7:11; 2Tm 3:8).

- Os caldeus – denominava a casta sacerdotal deles todos. Dizem alguns estudiosos que os caldeus estudavam o dia do nascimento de uma pessoa, indagando até a hora, e então lançavam o horóscopo do seu destino. A prática foi levada para Roma, onde os Césares consultavam os áugures (peritos em magia negra, espiritismo e astrologia). No primeiro século da Era Cristã, a prática tinha se desenvolvido em toda a Ásia Menor.

Ao esquecer-se do sonho (alguns estudiosos dizem que ele não esqueceu) Nabucodonosor desafiou as habilidades desses “sábios” do reino em revelar e interpretar o que ele havia sonhado. Observe que Daniel e seus amigos não foram convocados, embora pouco tempo antes tivessem sido avaliados dez vezes mais sábios que os entendidos do reino (Dn 1:20). É bem provável que eles ainda não houvessem conquistado um lugar reconhecido entre os conselheiros sábios e profissionais. Além disso, Daniel e seus amigos, apesar de serem altamente dotados, não haviam sido aceitos na casta sacerdotal. Daniel e seus amigos só foram lembrados mais tarde para serem mortos (Dn 2:13).

Inicialmente o rei prometeu uma recompensa (Dn 2:6) e terminou sua mensagem ameaçando matar todos os sábios. Como não puderam dar a resposta que o rei exigia, então, foi decretado o extermínio de todos os sábios da Babilônia. Daniel e seus amigos foram agora lembrados para serem mortos (Dn 2:13); isto mostra que eles, efetivamente, faziam parte do grupo de conselheiros do rei.

É impossível alguém revelar o sonho de uma pessoa, sem que essa pessoa o conte primeiramente. Portanto, o que Nabucodonosor exigia de seus “sábios” era uma clara evidência de uma mente perturbada e despótica. Sem dúvida, uma demonstração clara de prepotência. E Nabucodonosor demonstrou isto de três maneiras: (1)

- Primeiro, exigindo dos homens o que eles não poderiam oferecer (Dn 2:5,10,11). Há coisas que são impossíveis aos homens. Exigir deles isso é um ato de prepotência. Os magos da Babilônia tinham limitações.

- Segundo, oferecendo vantagens financeiras e promoções (Dn 2:6). O rei tem poder e riqueza nas mãos. Com essas duas armas deseja o mundo aos seus pés.

- Terceiro, determinando o extermínio dos sábios para satisfazer um capricho pessoal (Dn 2:5,8,9,12,13). O rei não respeitou a limitação dos “sábios”. Acusou-os de esperteza (Dn 2:8), conspiração (Dn 2:9) e determinou o extermínio sumário deles (Dn 2:12).

Alguém disse que esse sentimento de insegurança, bem como esse complexo de ansiedade, é a causa da tirania política moderna. Quanto mais alto um homem sobe, mais medo ele tem de perder o poder, mais inseguro se torna. Isso prova que o poder, a riqueza e a fama não dão segurança ao homem nem satisfazem sua alma.

3. O fracasso da sabedoria pagã (Dn 2:3-13). A sabedoria dos sábios deste mundo tem limites. O rei mandou chamar os sábios da Babilônia, mas eles não puderam contar o sonho nem dar sua interpretação ao rei. Nabucodonosor suspeitava que os seus magos e encantadores se aproveitavam da situação para quererem usar de engano com vãs palavras, então os ameaça com pena de morte (Dn 2:13). Essa casta de “sábios” era mantida pelo palácio para prestar serviços especiais ao rei. Porém, diante do desafio, eles foram inaptos e inoperantes para revelarem o sonho do rei e dar a sua interpretação. Por isso, o rei decretou que todos esses sábios fossem mortos, inclusive Daniel e seus amigos.

Os caldeus e todos os sábios do palácio, desesperados ante a ameaça de Nabucodonosor, apenas disseram ao rei: "Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei" (Dn 2:10). No versículo 11 está escrito assim: "Porque o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei". Ora, esses sábios e magos do palácio não só confessavam sua incapacidade de revelar o sonho e sua interpretação, mas admitiam que, apesar de suas pretensões de comunicação com os espíritos, reconheciam que havia algo mais poderoso que eles, pois se referem a "deuses cuja morada não é com a carne" (2:11). Todos os demais sábios do palácio eram politeístas. Somente Daniel e seus amigos eram monoteístas. Quando Daniel teve a oportunidade de se apresentar diante do rei, disse-lhe: "Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios" (Dn 2:28).

A teologia dos sábios deste mundo é deficiente. Eles reconhecem que há uma divindade acima e além, mas não têm uma visão do Deus pessoal, presente entre Seu povo (Is 57:15).

II. A ATITUDE SÁBIA DE DANIEL (Dn 2:16-30)

1. A cautela de Daniel (Dn 2:16-18). Daniel "falou avisada e prudentemente com Arioque, o capitão da guarda do rei" (Dn 2:14).

Quando o chefe da guarda do rei recebeu ordens para matar a todos os sábios da Babilônia, inclusive a Daniel e seus companheiros, Deus entrou em ação interferindo naquele episódio. Ele deu inteligência a Daniel para falar com Arioque. Daniel solicitou que Arioque pedisse ao rei para ser ouvido, e foi-lhe concedida a audiência com o rei. Daniel achou graça diante de Arioque porque Deus amenizou seu coração para que a soberana vontade de Deus prevalecesse naquela situação. Daniel teve iniciativa e ousadia. Ele não fugiu, não se escondeu, nem tentou enrolar o rei. Ele reconheceu sua limitação, mas demonstrou confiança na intervenção divina. Foi um grande passo de fé, e mostrou que ele já sabia, por experiência própria, que Deus nunca falha. Daniel tomou três atitudes importantes na solução daquele complicado problema: (2)

- Em primeiro lugar, ele vai ao rei e pede tempo (Dn 2:16). Daniel, sabedor do decreto real, pediu que lhe fosse dado um tempo para que pudesse revelar e interpretar o sonho do rei. Arioque deu a entender que não poderia adiar o mandado do rei (Dn 2:15). Mas foi-lhe concedida a oportunidade de se apresentar diante do rei, e ele, com respeito ao rei e com palavras prudentes, se identificou e pediu tempo ao rei para trazer, posteriormente, a revelação do sonho.

- Em segundo lugar, Daniel vai aos amigos e pede oração (Dn 2:17). Quando, para o mundo, só resta o desespero, para os filhos de Deus ainda há o recurso da oração. Os magos suplicaram ao rei da Babilônia que lhes contasse o sonho, mas Daniel fez o mesmo pedido ao Rei dos reis, o Senhor Deus Todo-Poderoso. Daniel compreendeu a importância de termos um grupo de oração. Ele sabia que quando os crentes se unem em oração, isto agrada a Deus, e a vitória é certa. Precisamos buscar ajuda nas pessoas certas na hora da crise.

- Em terceiro lugar, Daniel vai a Deus e pede misericórdia quanto ao segredo (Dn 2:18). Ele ora ao Deus do céu para que ele fosse o instrumento para a salvação não só dele e de seus amigos, mas também dos sábios da Babilônia, naquele momento crítico para todos (Dn 2:17,18). O nosso Deus está acima do céu, isto é, acima do sol, da lua e das estrelas que os babilônios adoravam. Enquanto os caldeus adoravam os astros, Daniel adorava o Deus criador dos astros. Ele revela sua fé no Deus vivo. Daniel chega a Deus pedindo misericórdia. A oração é um ato de humildade, não de arrogância.

2. Deus ainda revela mistérios (Dn 2:19-27). ''Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite" (Dn 2:19).

No versículo 18 está escrito que "Daniel foi para a sua casa", que era o lugar da sua intimidade com Deus, onde ninguém mais o perturbaria. Foi na sua casa que ele pediu ao Pai que revelasse aquele mistério a fim de salvar a sua própria vida e a dos seus amigos hebreus, bem como dos demais sábios do palácio. Sua intimidade com Deus lhe propiciou a graça divina para receber a revelação do sonho do rei em visão de noite. Uma prova indiscutível de que Deus se utiliza desses meios para revelar a sua glória aos seus servos (Elienai Cabral).

A confiança de Daniel em Deus e na resposta que havia recebido era completa: “darei ao rei a interpretação” (Dn 2:24). A visão que Deus tinha lhe dado era idêntica à do rei. Sendo assim, ele nem precisou inquirir o rei para testá-la.

A alegria de Arioque em ver que Daniel estava pronto para dar a resposta ao rei ficou evidente em suas ações: “Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei “(Dn 2:25). Quando o incrédulo rei perguntou se Daniel poderia cumprir sua difícil exigência, ele se deparou com um homem que estava firmado sobre um fundamento mais sólido do que o solo da Babilônia. Daniel fez questão de dizer ao rei que o mistério do seu sonho "nem sábios, nem astrólogos, nem adivinhos o podem declarar ao rei" (Dn 2:27), mas humildemente declarou que sua fonte de conhecimento era uma revelação do “Deus nos céus, o qual revela os mistérios” (Dn 2:28). Daniel negou qualquer revelação própria. Além disso, essa revelação particular foi dirigida de Deus para o próprio rei, para que soubesse os pensamentos do seu próprio coração e "o que há de ser no fim dos dias”.

O primeiro pensamento de Daniel após o Senhor revelar-lhe o sonho e a sua interpretação foi louvar ao Senhor por sua bondade e poder. Expressões espontâneas de louvor a Deus são típicas daqueles que verdadeiramente O amam e O servem.

3. O caráter profético do sonho de Nabucodonosor (Dn 2:28,29). O sonho do rei dizia respeito ao próprio reino da Babilônia, mas continha uma visão futura dos próximos reinos que haveriam de suceder ao reino da Babilônia. Daniel usou a expressão "fim dos dias" (v.28) que é escatológica e não significa simplesmente a sucessão dos impérios representados no texto. Segundo a escatologia judaica do Antigo Testamento "o fim dos dias" pode significar todo o espaço de tempo desde o começo do cumprimento da profecia até a inauguração do reino messiânico na terra.

Inteirar-se do significado desta visão é de suma importância para a Igreja do Senhor que vive na iminência da volta de Cristo, pois esta visão ajuda a compreender globalmente a palavra profética.

III. DANIEL CONTA O SONHO E INTERPRETA-O (Dn 2:31-45).

1. A correta descrição do sonho (Dn 2:31-35). O sonho de Nabucodonosor tinha uma estrutura de uma mensagem profética. Os estudiosos veem o capítulo 2 apenas numa perspectiva histórica, porque os quatro impérios pagãos que a visão anunciava já passaram. Porém, a visão tinha também um sentido escatológico, porque estabelece ao final o reino universal de Cristo. É algo que Deus tem preparado para o futuro.

A estátua continha quatro divisões principais: a cabeça de ouro (Dn 2:32); o peito e os braços eram de prata (2:32); o ventre e as coxas eram de cobre (2:32); as pernas eram de ferro (2:33) e os pés continham ferro e barro (2:33). No versículo 34 lemos: "uma pedra que foi cortada, sem mãos", a qual feriu a estátua nos pés destruindo-a completamente. Naqueles tempos, o misticismo e a utilização de figuras de representação faziam parte das crendices existentes na cultura pagã. Na mente de Nabucodonosor havia essa cultura e Deus aproveita para revelar realidades presentes e futuras daquele império através de sonhos. Todavia o rei esqueceu o sonho, mas sabia que havia sonhado algo importante que tinha algum significado para si mesmo e para o seu império (Elienai Cabral).

2. A interpretação dos elementos materiais da grande estátua (Dn 2:34-45). Daniel revela que o sonho do rei é profético, não histórico (Dn 2:28,29). O sonho do rei diz respeito ao plano de Deus na história da humanidade. Por intermédio desse sonho do rei, Deus abre as cortinas da história e revela que o futuro está em Suas próprias mãos.

A estátua visualizada em sonho por Nabucodonosor tinha cinco destaques: (3)

a) “A cabeça de ouro” (Dn 2:32,36-38). Nabucodonosor foi chamado de rei de reis (v. 37). Ele era a cabeça de ouro. Ele representava o império. Sua palavra era lei. Ele governou durante 41 anos. Transformou a Babilônia no maior império e na maior cidade do mundo. Alargou as fronteiras de seu domínio. Mas, a riqueza e o poder da Babilônia foram dados por Deus (v. 37,38). A Babilônia deu ao mundo a organização da legislação (código de Hamurahi).

b) “O peito e os braços de prata” (Dn 2:32,39). O peito e os braços de prata simbolizam o império medo-persa. Como a figura já indica, os dois braços ligados pelo peito representam um império que seria formado pela união de dois povos: os medos e os persas. Nesse reino, o rei não estava acima da lei, mas sob ela. A lei era maior que o rei. O rei tinha menos autoridade. O império medo-persa deu ao mundo o aperfeiçoamento do Sistema Tributário.

c) “Ventre os quadris” (Dn 2:32,39). O ventre e os quadris de bronze representam o império grego estabelecido por Alexandre Magno, em 333 a.C. Este dominou o mundo inteiro, mas seu reino desintegrou-se com sua morte. O império grego deu ao mundo a cultura, a língua e os jogos.

d) “Pernas de ferro” (Dn 2:33,40-43). Trata-se do império romano. Era o mais forte dos quatro. Mas, internamente, seu valor era inferior aos seus predecessores, como o ferro é inferior aos outros metais. Ao mesmo tempo, o império romano era forte como o ferro (exército, leis e organização política), mas débil como o barro (baixo nível moral). O império romano deu ao mundo o aperfeiçoamento da legislação (o Direito Romano).

3. “A pedra cortada, sem ajuda de mãos” (Dn 2:45). Aqui, Daniel explica a respeito da pedra que esmiúça a estátua (Dn 2:34,35,44,45). Qual é o significado da pedra? Ela representa o Reino Messiânico de Cristo que virá intervindo no poder dos reinos do mundo. Ele é a pedra cortada que virá para desfazer no último tempo o poder mundial do Anticristo (Dn 2:45; Zc 12:3).

A pedra tronou-se um reino que encheu toda a Terra (Dn 2:35). Este quinto reino é o reino de Deus, estabelecido por Jesus, o Messias. Ele encherá a Terra inteira e se estenderá até aos novos céus e a nova terra (cf. Ap 21:1). Este reino durará para sempre (cf 2Pe 3:10-13).

 “... o Deus grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso...”. Daniel foi explicito em sua interpretação. Ele disse que o alvo final não é o governo do homem em esplendor crescente, mas o governo de Deus sobre as ruinas da loucura do homem. A presente Ordem Mundial com a sua filosofia de vida e valores deve desaparecer completamente para que o Reino de Cristo seja plenamente estabelecido aqui.  Amém! Vem, Senhor Jesus!.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta Aula que a história está nas mãos de Deus. Ele não apenas prevê o futuro, Ele tem o controle do futuro. Ninguém pode frustrar Seus desígnios. Seu plano é eterno. Ele está com as rédeas da história nas mãos e Ele a levará a um fim glorioso: a vitória triunfante do Reino de Cristo sobre os reinos do mundo.

Depreendemos desse sonho de Nabucodonosor que o Reino de Cristo triunfará. Os poderosos deste mundo, os reis e os déspotas, não têm as rédeas nas mãos. Os grandes impérios já caíram. Outros ainda cairão. Só o Reino de Cristo triunfará. Não precisamos ter medo quanto ao futuro da causa de Cristo. Ele já determinou o fim: sua vitória gloriosa!

 

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Integridade Moral e Espiritual – Elienai Cabral. CPAD.

Ensinador Cristão – nº 60. CPAD,

Daniel – As visões para estes últimos dias. Severino Pedro da Silva. CPAD.

(1) Hernandes Dias Lopes – Daniel (Um homem amado do Cé). Hagnos.

(2) ibidem

(3) ibidem