terça-feira, 30 de novembro de 2010

Aula 10 - O MINISTÉRIO DA INTERCESSÃO

Leitura Bíblica: Gênesis 18.23-29,32,33
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”(Ef 6.18).

INTRODUÇÃO
A intercessão deve ser uma das prioridades da vida do cristão. Há pessoas que têm um ministério de intercessão, com uma unção especial para tanto, mas cada crente tem uma vocação de Deus para interceder; é um imperativo, quem não o faz não exerce seu sacerdócio. A intercessão é uma forma de levarmos as cargas uns dos outros, cumprindo, assim, a exortação de Gl 6:2; esta exortação é dirigida a todos os crentes, o que faz com que estejamos todos incluídos neste dever. Paulo é enfático ao dizer: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações e intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens” (1Tm 2:1). Estamos intercedendo pelas almas perdidas? Pela obra de Deus(Mt 9:28)? Suplicamos em favor da Igreja de Cristo? Oramos pelas autoridades constituídas(1Tm 2:1,2)? Tem você intercedido pelos maus? Ou limita-se a orar somente pelos bons? Tem implorado por seus desafetos?(vide Mt 5:44). Nossa obrigação é interceder por todos, porque Jesus incessantemente intercede por nós(Rm 8:34). Ou já não damos importância à oração sacerdotal? Sem intercessão nenhum avivamento é possível; a bênção de Deus não é manifestada.
I. A ORAÇÃO INTERCESSÓRIA
1. No Antigo Testamento.
Grandes servos de Deus e líderes do povo, no Antigo Testamento, exercitaram a intercessão, alcançando resultados espirituais favoráveis e grandes bênçãos em favor da pessoa por quem intercederam. Observando os relatos bíblicos sobre as experiências de intercessão e as circunstâncias em que ocorreram, vemos que ela foi praticada sob três formas de motivação possíveis: por determinação direta da parte de Deus, indicando o intercessor, a causa da intercessão e o beneficiário; por iniciativa e desejo espontâneo do intercessor, que se compadeceu de alguém necessitado; a pedido da pessoa necessitada, que recorre a um intercessor. Nas três situações encontramos evidências de que Deus se agrada da intercessão e atende a essas petições. Vejamos alguns exemplos.
Em Gn 18, encontramos Abraão intercedendo pelo povo de Sodoma e Gomorra. Tendo sido avisado pelo Senhor, que não ocultou de seu servo a destruição que estava por vir às duas cidades, Abraão se pôs a interceder em favor dos justos que ali vivendo viriam a ser destruídos juntamente com os ímpios. Em Sodoma estava o seu sobrinho, Ló, com sua família. O resultado está em Gn 19 e nós conhecemos: dois anjos foram à Sodoma, deram aviso a Ló do que estava para acontecer e o retiraram dali, com sua família, antes de darem início à destruição da cidade.
No cap. 20, mais uma vez Abraão intercede por alguém e, desta vez, por Abimeleque, rei de Gerar. Ainda que tenha sido ele próprio o causador da situação que atingiu a casa do rei, por ter ocultado que Sara era sua mulher, enquanto homem de Deus ele orou por Abimeleque e Deus atendeu à sua oração.
Moisés intercedeu pelo povo quando do pecado contra o Senhor, ao fazerem o bezerro de ouro. Moisés disse ao povo: "Vós pecastes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor; porventura farei propiciação por vosso pecado" (Êx 32:30). Moisés clamou e Deus mudou os seus desígnios para com o povo, retirando o mal que dissera havia de fazer (Êxodo 32:11-14); no dia seguinte, novamente Moisés intercedeu com profundidade de alma: "Agora, pois perdoa-lhes o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste" (Êxodo 32: 30-25). O salmo 106:23 testifica sobre o resultado destas intercessões de Moisés dizendo: "Tê-los-ia exterminado, como dissera, se Moisés, seu escolhido, não se houvesse interposto, impedindo que sua cólera os destruísse”.
Samuel numa situação de pecado do povo, exorta os filhos de Israel ao arrependimento e depois diz: "Congregai todo o Israel em Mispá, e orarei por vós ao Senhor" (1Sm 7:5).
Até aqui, vimos alguns exemplos em que a intercessão se deu por iniciativa do intercessor, sendo recebida por Deus.
Novamente com Samuel, encontramos um exemplo em que o povo suplica ao profeta que ore por eles, também em conseqüência a uma situação de pecado. Em 1Samuel 12:19 lemos: "E todo o povo disse a Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor, teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei". Mais uma vez Samuel os exorta e orienta e, depois, responde: "E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito" (12:23).
Ainda no Antigo Testamento, encontramos outro exemplo, sendo que, desta vez, foi Deus quem determinou a intercessão. Aconteceu com Jó em relação aos seus amigos. Depois de repreender os três amigos de Jó, o Senhor diz: "e ide ao meu servo Jó, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate segundo a vossa loucura..." (Jó 42:8). Eles assim o fizeram e o texto diz: "e o Senhor aceitou a face de Jó”(42:9).
2. Em o Novo Testamento. Em o Novo Testamento, vamos encontrar a intercessão sendo praticada por servos de Deus, individualmente, e pela Igreja do Senhor Jesus, coletivamente. A partir do livro de Atos e das Epístolas há muitos e variados exemplos de intercessões em oração, nos quais há grandes lições para a nossa vida cristã. A igreja é incentivada a orar uns pelos outros (Tg 5.16; Ef 6.18).
Em certa ocasião, Pedro foi chamado para orar por Dorcas que, tendo adoecido veio a falecer. Ele acompanhou os que vieram buscá-lo, orou por ela, e o Senhor operou o milagre da ressurreição, trazendo Dorcas de volta à vida (At 9:36-40).
Em outra ocasião, Pedro que tão bem experimentara a tarefa espiritual de intercessor, encontrou-se na posição de necessitado, estando preso por ordem de Herodes que estava perseguindo e maltratando a alguns da Igreja. Diante da situação, a Igreja se pôs a interceder por ele. Era a sua vez de receber os benefícios da intercessão. O anjo do Senhor foi à prisão e libertou-o de forma sobrenatural.
O apóstolo Paulo muito fala sobre a intercessão em suas cartas, mencionando as orações feitas por ele em favor dos crentes e da Igreja, ao mesmo tempo em que pede as orações em seu favor.
Não podemos deixar de mencionar o maior de todos os exemplos de intercessão: a oração de Jesus em favor de seus discípulos, registrada em João 17 - a chamada oração sacerdotal (estudada na Aula 08 deste trimestre). Intercedendo por nós, o nosso Salvador e Mestre não apenas nos deu um exemplo a seguir, mas também nos ensinou que a intercessão é um meio espiritual de combatermos o mal em todas as suas esferas.
Por meio da oração intercessória, graves problemas são solucionados e, até mesmo, evitados, quando nos antecipamos em interceder. Em resposta às orações intercessórias, Deus põe em ação a sua graça, que concede perdão ao pecador, cura o enfermo, conforta o aflito, dá livramento ao que está em perigo, levanta o caído, faz justiça ao oprimido, supre as necessidades humanas, etc.
Por isso mesmo, a intercessão muito incomoda ao inferno e Satanás remete as suas setas, procurando criar todo tipo de obstáculo ao trabalho intercessório. Ele conhece a Palavra de Deus e sabe que "a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5:16). Contudo, nós bem sabemos que maior é o que está em nós do que o que está no mundo (1João 4:4).
3. Nos dias atuais. A prática do serviço da oração intercessória, tanto no Antigo Testamento como no princípio da igreja, são exemplos para serem imitados nos dias atuais, últimos dias da Igreja do Senhor. É um mandamento imperativo: “Orai uns pelos outros”(Tiago 5:16). Aquele que persevera em orar pelos outros, Deus levanta intercessores para orar por ele e, assim, todos são abençoados.
Nos dias atuais, somos instados, de forma imperativa, para orar por nós mesmos (Mt 24:20; 26:41; Mc 13:18,33; Lc 22:40), uns pelos outros (Tg 5:16; Cl 1:3), pelos inimigos da Igreja (Mt 5:44; Lc 6:28), pelos ministros do Evangelho e pela obra do Senhor (Ef 6:19; 1Ts 5:25; Hb 13:18), como também pelas autoridades constituídas (1Tm 2:2), como por todos os homens (1Tm 2:1). Portanto, não responder a esse chamado do Trono é estar em falta com Deus. O profeta Samuel, diante do pedido do povo para que clamasse a seu favor, para que não morressem por causa dos seus próprios pecados, fez uma tremenda declaração que deveria ser um desafio para nós também: "E quanto a mim, longe de mim esteja o pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós" (1Sm 12:23).
II. CARACTERÍSTICAS DE UM INTERCESSOR
1. Perseverança.
"Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos" (Ef 6.18). Não há ninguém que tenha alcançado algo em Deus para sua vida sem perseverança. Ao longo de toda bíblia observamos como essa atitude é exigida dos filhos de Deus. Creio que um dos motivos mais fortes para se perseverar é porque Deus não pode mentir (Hb 6:18; Nm 23:19); porque Ele é a verdade, sua palavra é verdadeira e eterna; nEle não há engano, dúvida, injustiça. Só isso já é um motivo sólido para crer e perseverar. Na Bíblia Sagrada existem várias promessas para aquele que crê, e a atitude prática para quem crê é ir até o fim, ou seja, perseverar.
A mulher siro-fenícia, apesar de ser ignorada e receber inicialmente um “não” do Senhor, como teste da sua fé, ela insistiu em seu pedido, humilhando-se diante dEle, até que foi atendida em sua petição (Mt 15.22-28).
George Mueller era conhecido por ter muita fé e ser perseverante em oração. Ainda muito jovem, ele orou pela salvação de cinco amigos. Depois de cinco anos, um deles se tornou um cristão. Após dez anos, dois deles aceitaram a Cristo. Vinte cinco anos se passaram e o quarto também foi salvo. Pelo último ele orou até o dia de sua morte, mas nunca o viu tornar-se um cristão. Contudo, três meses depois que Mueller foi enterrado, este homem também entregou seu coração ao Senhor. Por este último, George Mueller orou 52 anos. Nunca devemos desistir da oração.
A vida cristã vitoriosa se firma numa vida de constante oração, não somente por si mesmo, mas, principalmente pelos outros. Sabemos que a oração move a mão de Deus e que é o fortificante indispensável para nosso crescimento espiritual. Um cristão que não ora não vê os milagres acontecerem e enfrenta os dias obscuros sem a perspectiva de ver o brilho do Sol da Justiça sobre sua vida.
2. Altruísmo. A oração intercessória é puramente uma demonstração de amor, porque é desinteressada; ela se concentra nos outros. É através da oração intercessória que demonstramos amor e altruísmo; provamos que o bem-estar do semelhante está acima do nosso. Moisés, por exemplo, chegou a abdicar de sua bem-aventurança eterna ao interceder pelos filhos de Israel: "Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito" (Êx 32:32). Esta sua intercessão foi tão forte, que levou Deus a poupar os rebelados israelitas. O patriarca Jó livrou-se de seu cativeiro quando intercedia por seus amigos (Jó 42:7-12). O apóstolo Paulo, com profundo amor pelo seu povo e anseio por sua salvação, afirmou que abriria mão de sua própria salvação em favor deles (Rm 9:3). Jesus, cravado no madeiro, sofrendo grandes dores, intercedeu por seus algozes (Lc 23.33,34), e pelo ladrão arrependido crucificado ao seu lado (Lc 23:40-43).
3. Empatia. Empatia significa colocar-se na situação de outrem. Significa comungar, sincera e amorosamente, dos sentimentos de nossos irmãos, conforme enfatiza o apóstolo Paulo: "Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram" (Rm 12.15). Um grande edifício é construído de pedras que possuem arestas que de vez em quando se cortam e arranham umas nas outras, porém quando são rebocadas e pintadas não mais se lembram das diferenças, pois o mais importante é fazer parte do edifício que chega ao céu. No edifício de Deus, a Igreja, os irmãos se perdoam e se amam, procurando esquecer as falhas de cada um e ajudando-se uns aos outros a serem membros deste tão maravilhoso edifício que vai morar no céu. Em 1Pedro 2:5 está escrito: “vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo”.
Interceder, no campo espiritual, é mais do que simplesmente apresentar pedidos em favor de outros diante de Deus. É colocar-se no lugar de outro e pleitear a sua causa, como se fora sua própria. É estar entre Deus e as pessoas, a seu favor, tomando seu lugar e sentindo sua necessidade de tal maneira que luta, em oração, até conseguir a vitória na vida daquele por quem intercede. O intercessor vai a Deus não por causa de si mesmo, mas por causa dos outros. Ele se coloca numa posição de sacerdote, entre Deus e a pessoa, para pleitear a sua causa.
Esdras e Jeremias, em oração apresentaram o povo a Deus, rogando-lhe o seu perdão e implorando por salvação (Jr 14.18-22; Ed 9.6-15). Neemias, o governador, fez a mesma coisa (Ne 9.33,37). Em Jesus esta característica é notória; Ele sentia a dor das pessoas, o que o levava à compaixão (Lc 7.11-13; Mt 9.36; 14.14).
David Brainerd, jovem missionário enviado para pregar no terrível oeste americano, para os sanguinários índios peles-vermelha, morreu com apenas trinta e três anos de idade, tuberculoso, dentro de uma cisterna onde procurava se esconder da friagem, clamando: "Dá-me almas, senão eu morro". Após a sua morte ocorreu um fenômeno: - milhares de índios se converteram por toda parte!
João Oxtoby, orava com tal fervor que passou a ser conhecido como "Joãozinho da oração". O concílio da Igreja Metodista estava para tomar a decisão de fechar o campo missionário de Filey, uma vez que vários pregadores já haviam sido enviados e não estavam alcançando resultados. Joãozinho comovido pediu mais uma chance para aquele povo. O concílio decidiu atender. Como não havia nenhum obreiro disposto a ir, Joãozinho se apresentou e foi! Nas primeiras pregações nada ocorreu... Joãozinho então se embrenhou na mata e, em agonia de alma, orava, mais ou menos assim: "Não podes fazer de mim um palhaço! Eu disse aos crentes lá em Bridlington que tu vivificarias a tua obra, e agora é preciso que assim o faças. De outro modo nunca mais terei coragem de lhes mostrar o rosto... então o que dirá o povo sobre a oração e a fé..." Depois clamou: "Filey está conquistada! Filey está conquistada! E saiu cantando e clamando pelas ruas: "Voltai-vos para o Senhor e buscai a salvação". Milhares se converteram. - transcrito do Livro: Paixão Pelas Almas, de Oswald J. Smith.
John Hyde, conhecido como "O Homem que Orava", foi missionário na Índia. Inicialmente nas suas intercessões pedia a Deus que lhe desse a conversão de uma alma por dia. Deus ouviu e atendeu a sua oração. Passou, então, a solicitar duas almas por dia. Deus lhas deu. Aumentou o número para quatro! Milhares se converteram na Índia. Na sua biografia "O Homem Que Orava", é registrado que John Hyde orava com tamanha intensidade de alma, que uma certa feita, um seu companheiro de oração não suportou permanecer ao seu lado, porque um calor muito forte encheu todo o aposento.
No texto de Ezequiel 22:30 o Senhor diz que não achou intercessores, que se pusessem na brecha do muro e clamassem pelo povo. Esta falta ainda continua sendo sentida em muitas igrejas. Quando há intercessões, almas se convertem.
III. A FORÇA DA ORAÇÃO COLETIVA
1. Nínive.
Nínive era uma grande cidade, cujo pecado havia chegado ao limite da paciência de Deus (Jonas 1.1-3). Deus queria dar aos ninivitas uma oportunidade de se arrependerem, antes de desatar seu juízo contra eles, porém, Jonas não queria anunciar a advertência de Deus, pois temia o arrependimento dos ninivitas. Não queria compartilhar a misericórdia de Deus com os demais, pelo contrário, queria monopolizá-la toda para si e seu povo judeu. Deus, porém, não pensava assim. Seu amor e misericórdia estendem-se a todas as nações.
Os habitantes de Nínive, diante da pregação do profeta Jonas, decidiram arrepender-se e humilhar-se diante de Deus, como um só homem, apregoando um jejum que incluía até os animais, clamando a Deus por misericórdia e pela revogação da sentença destruidora que fora motivada por eles mesmos.
Deus respondeu com misericórdia e cancelou sua ameaça de destruição(Jn 3:5-10). Ele afirmou que qualquer nação, sobre a qual tivesse pronunciado seu juízo, seria salva caso se arrependesse (Jr 18:7,8). Deus perdoou Nínive, exatamente como concedera o perdão a Jonas. A finalidade do juízo de Deus é a correção, não a vingança. Ele está sempre pronto a mostrar sua compaixão a qualquer pessoa que esteja disposta a buscá-lo em oração.
2. Israel. Quando a rainha Ester foi desafiada pelo seu tio a tomar uma atitude em relação à perseguição estatal que estava para acontecer contra o seu povo, ela foi obediente e, na obediência está o segredo da vitória. Abandonou o seu indiferentismo (Et 4:11), pediu a intercessão dos judeus e iniciou três dias de oração e jejum, decidida a arriscar a sua vida a fim de obter a salvação do seu povo judeu(Et 4:16). E ela mesma participou desta preparação espiritual.
Após esta preparação espiritual, Ester vestiu-se de vestidos reais, pôs-se no pátio interior da casa do rei, em frente ao seu aposento (Et 5:1). Embora soubesse da importância e prioridade da preparação espiritual, por meio de jejum e oração, Ester não descuidou dos aspectos materiais da questão. Para se apresentar diante do rei, deveria estar bem vestida, realçando a sua beleza natural e se mostrando agradável. Não iria vestir-se de saco, apesar da situação em que estava. Não iria, também, apresentar-se com semblante caído, ainda que tivesse ficado três dias em jejum e oração. Tinha de ter aparência alegre, a fim de alcançar graça aos olhos de Assuero, para que fosse possível a salvação do seu povo.
Foi a grande misericórdia de Deus que fez com que Ele aceitasse a oração coletiva do Seu povo desesperado e o salvasse para a Sua honra(Et 8:7-17). A Sua misericordiosa providencial protegeu o resto do povo do aniquilamento total! A decisão de Hamã de exterminar os judeus e enforcar Mordecai foi frustrada pelo corajoso ato de Ester (Hadassa) - "Se morrer, morrerei"! Com essa decisão corajosa ela não apenas frustrou o plano de Hamã, mas também do rei, agindo em favor do seu povo. E Hamã experimentou o dito: aquele que prepara uma forca para Israel será pendurado nela. Em memória do maravilhoso livramento da mão de Hamã, Israel festeja a cada ano, no dia 14 de adar, a Festa de Purim.
3. Igreja Primitiva. A Igreja Primitiva frequentemente se dedicava à oração coletiva (Atos 1:4;2:42; 4:24-31; 12:5,12; 12:12;13:2). O poder e presença de Deus e as reuniões de oração integravam-se. O livro de Atos dos Apóstolos e as cartas de Paulo trazem lindos relatos de como os cristãos da igreja primitiva perseveravam unidos em encontros de oração, tanto no pátio do templo judaico - local de reuniões inserido na cultura da época (Atos 3:1) - como nas residências (At 12:5;12). Foi na casa de Maria, mãe de Marcos (o autor do Evangelho) que a Igreja costumeiramente se reunia, especialmente em Cultos de Oração, conforme se lê em Atos 12:12. A intenção de Deus é que seu povo do Novo Testamento se reúna para a oração definida e perseverante; note as palavras de Jesus: “A minha casa será chamada casa de oração”(Mt 21:13).
As igrejas que declaram basear sua teologia prática e missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e outros escritos do Novo Testamento, devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua adoração - e não apenas um ou dois minutos por culto. Nenhum volume de pregação, ensino, cânticos, música, animação, movimento e entusiasmo manifestará o poder e presença genuínos no Espírito Santo, sem a oração neotestamentária, mediante a qual os crentes “perseveravam unanimemente em oração e súplicas”(Atos 1:14; 2:42).
É somente aos pés do Senhor Jesus que a igreja encontra direção e disposição para o trabalho, bem como forças para não fraquejar diante das dificuldades. Jesus está voltando e a necessidade da igreja se manter fervorosamente unida em oração é cada vez mais premente, pois o adversário de nossas almas está fazendo tudo que está ao seu alcance para desviar o maior número de cristãos dos caminhos do Senhor. O alerta do apóstolo Pedro é vital para a igreja de hoje: “Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração”(1Pe 4:7).
CONCLUSÃO
Chegou o momento de cultivar o ministério da intercessão. Oremos como Jeremias. Aos pés de Cristo, choremos lágrimas compassivas e misericordiosas. Assim não intercedeu o Senhor Jesus por todos nós? Choremos pelos que sofrem. Supliquemos pelos que perecem. Assim fazendo, além de aprimorar sua vida de comunhão com Deus, o cristão estará cumprindo o mandato divino de amar ao próximo como a si mesmo. Que as nossas orações tenham como fundamento o amor altruísta e desinteressado.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

domingo, 28 de novembro de 2010

JERUSALÉM




Jerusalém, capital de Israel e sede de seu governo, é a maior cidade do país. Seus habitantes constituem um mosaico de diversas comunidades nacionais, religiosas e étnicas. Jerusalém é uma cidade com sítios históricos cuidadosamente preservados e restaurados e modernos edifícios, bairros em constante expansão, zonas comerciais, centros comerciais, parques industriais de alta tecnologia e áreas verdes bem cuidadas. É uma cidade antiga e moderna ao mesmo tempo, com tesouros do passado e planos para o futuro.
A santidade de Jerusalém é reconhecida pelas três grandes religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islã - mas a natureza desta santidade difere nas três crenças.
Para o povo judeu, a própria cidade é santa. Escolhida por Deus em sua aliança com Davi, Jerusalém é a essência e o centro da existência e continuidade espiritual e nacional judaicas. Durante 3.000 anos, desde o tempo do rei Davi e da construção do primeiro Templo por seu filho, o rei Salomão, Jerusalém tem sido o foco da prece e da devoção judaicas. Há quase 2.000 anos os judeus se viram na direção de Jerusalém e do Monte do Templo quando oram, onde quer que estejam.
Para os cristãos, Jerusalém é uma cidade de lugares santos associados a eventos da vida e ministério de Jesus e ao início da igreja apostólica. Estes são locais de peregrinação, prece e devoção. As tradições que identificam alguns destes sítios datam dos primeiros séculos do cristianismo.
Na tradição muçulmana, o Monte do Templo é identificado como "o mais remoto santuário" (em árabe: masjid al-aksa), de onde o “profeta” Maomé, “acompanhado pelo anjo Gabriel, fez a jornada noturna ao trono de Deus” (Alcorão, Surata 17:1, Al-Isra).
A soberania judaica sobre a cidade terminou no ano 135 d.C., com a repressão da segunda revolta judaica contra Roma; e só foi restaurada em 1948, quando o Estado de Israel foi estabelecido. Durante todos aqueles séculos, Jerusalém esteve sob o domínio de poderes estrangeiros. Contudo, através dos tempos, sempre houve judeus vivendo em Jerusalém, e desde 1870 eles constituem a maioria da população da cidade.
Em consequência dos combates durante a guerra da Independência, em 1948, e a subseqüente divisão de Jerusalém, as sinagogas e academias religiosas históricas no quarteirão judaico da cidade velha foram destruídas ou seriamente danificadas. Com a reunificação da cidade após a guerra dos seis dias, em 1967, elas foram restauradas e o quarteirão judaico reconstruído.
Hoje em dia, Jerusalém é uma cidade movimentada e vibrante. É um centro cultural de renome internacional, que oferece festivais de cinema e artes dramáticas, concertos, museus singulares, grandes bibliotecas e convenções profissionais.
"Três mil anos de história nos contemplam hoje, na cidade de cujas pedras a antiga nação judaica se ergueu; e deste ar puro da montanha, três religiões absorveram sua essência espiritual e sua força...
"Três mil anos de história nos contemplam hoje, na cidade onde as bênçãos dos sacerdotes judeus misturam-se aos chamados dos muezins muçulmanos e aos sinos das igrejas cristãs; onde em cada alameda e em cada casa de pedra foram ouvidas as admoestações dos profetas; cujas torres viram nações se erguerem e caírem - e Jerusalém permanece para sempre...
"Três mil anos de Jerusalém são para nós, agora e eternamente, uma mensagem de tolerância entre religiões, de amor entre os povos, de entendimento entre as nações..." (Yitzhak Rabin, setembro de 1995
)
Não há outra cidade na face Terra como Jerusalém
Há cidades conhecidas por seu tamanho, seu clima e beleza, ou ainda por sua força industrial. Mas nenhuma se compara em majestade a Jerusalém. Por quê? Porque Jerusalém é a cidade de Deus, a capital da nação que Deus criou por sua palavra (Gn 12:1-3; 13:14) e com a qual ele mais tarde estabeleceu um laço eterno, um pacto de sangue incondicional(Gn 15:8-18).
Esta é acidade que Deus escolheu para a sua habitação: “Mas escolhi Jerusalém para que ali seja estabelecido o meu nome... nela, estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias... nesta casa e em Jerusalém, que escolhi... porei o meu nome para sempre”(2Cr 6:6; 7:16). O rei Davi, o homem que expulsou os jebuseus de Jerusalém, nela reinou por muitos anos. Também os filhos de Corá escreveram sobre a cidade de Deus com uma paixão santa, dizendo: “Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus. Seu santo monte, belo e sobranceiro, é a alegria de toda a terra; o monte de Sião, para os lados do Norte, a cidade do grande Rei. Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus a estabelece para sempre”(Sl 48:1-2,8).
O mais apaixonado verso da Bíblia referente a Jerusalém foi escrito no livro dos Salmos: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar do ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria”(Sl 137:5-6). O autor desse Salmo provavelmente era músico e cantor. Com estas palavras, ele estava dizendo que, caso se esquecesse de Jerusalém e dos propósitos de Deus para aquela cidade, ele preferia que sua mão direita não tivesse mais condições de tocar um instrumento – uma das coisas mais preciosas para ele - e que não pudesse mais abrir sua boca para cantar. Um músico que não pode tocar e um cantor incapaz de cantar são pessoas que perderam o propósito da vida. Do mesmo modo, o homem que se esquecer de Jerusalém, coração e alma de Israel, não tem razão para continuar vivendo.
Jerusalém é um monumento à fidelidade de Deus. O salmista escreveu: “Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, firme para sempre. Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o Senhor, em derredor do seu povo, desde agora e para sempre”(Sl 125:1-2).
Jerusalém é um testemunho vivo a todos os crentes de que não pode ser abalada pelas tempestades da vida, pois está abrigada nos braços de Deus, assim como Israel está protegido pelos montes.
Nos últimos dias, pouco antes da segunda vinda de Cristo, as nações do mundo se reunirão para lutar contra Jerusalém, e Deus vai defender a sua habitação na Terra.
O profeta Zacarias registra que “esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que guerrearem contra Jerusalém: a sua carne se apodrecerá, estando eles de pé, apodrecer-se-lhes-ão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua na boca”(Zc 14:12). Creio que esta descrição feita por Zacarias é de um ataque nuclear, o qual gera um calor de um milhão de graus Celsius em menos de um segundo. É assim que nossas línguas e olhos se dissolveriam em nossos bocas e órbitas antes mesmo de nosso corpos caírem no chão.
Durante o reino milenar de Cristo, Jerusalém será o centro do universo. Zacarias escreve: “Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos”(Zc 14:16).
Quando Jesus Cristo retornar à Terra, ele estabelecerá o seu Trono na cidade de Deus – Jerusalém. Reis, rainhas, príncipes e monarcas virão à Cidade Santa “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”(Fp 2:10,11).

Concluindo este pequeno relato, espero que os cristãos possam atender ao mandado bíblico que diz: "Orai pela paz de Jerusalém; prosperem aqueles que te amam"(Sl 122:6). Que tenhamos consciência da importância de Jerusalém para nós, para o povo judeu e para a redenção da igreja de Cristo e de Israel!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Aula 09 - A ORAÇÃO E A VONTADE DE DEUS

Leitura Bíblica: João 14.13-17; 15.7;1 João 5.14,15
Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”(João 15.7).
INTRODUÇÃO
Paulo, discorrendo sobre a fraqueza humana, a exemplifica na vida cristã no fato de não sabermos orar como convém (Rm 8:26-27). Por isso, o Espírito Santo que em nós habita nos auxilia em nossas orações, fazendo-nos pedir o que convém, capacitando-nos a rogar de acordo com a vontade de Deus. Muitas vezes, estamos tão confusos diante das opções que temos, que não sabemos nem mesmo como apresentar os nossos desejos e as nossas dúvidas diante de Deus. Todavia, o Espírito Santo nos socorre. Ele ora a nosso favor quando nós mesmos deveríamos ter orado, porém não sabíamos para que orar. Orar como convém é orar segundo a vontade de Deus, colocando os nossos desejos em harmonia com o santo propósito de Deus; isto só é possível pelo Espírito de Deus que Se conhece perfeitamente (1Co 2.10-12). Assim, toda oração genuína é sob a orientação e direção do Espírito (Ef 6:18; Jd 20).
I. A ORAÇÃO E A VONTADE DE DEUS
Quando temos a certeza da vida eterna, é evidente que podemos colocar-nos diante de Deus com a confiança que João descreve em 1João 5:14-15, que diz: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos”. Portanto, a oração não é um recurso conveniente para impormos a nossa vontade a Deus, ou para dobrar a sua vontade à nossa, mas, sim, o meio prescrito de subordinar a nossa vontade à de Deus. É pela oração que buscamos a vontade de Deus, nos abraçamos e nos alinhamos a ela.
1. O caráter de Deus. Por caráter, Deus é amoroso, justo, santo, sábio, bom, compassivo, misericordioso, amável, perdoador, paciente, tardio para se irar, fiel e muito mais. Deus é soberano e tem o controle final da história ao mesmo tempo em que leva em conta as decisões das pessoas. Deus é tanto transcendente (fora da criação) como imanente (está presente e ativo na criação e habita dentro do crente). Portanto, o conhecimento de tais atributos divinos é imprescindível para orarmos a Deus com entendimento e sermos respondidos em nossas súplicas. Quanto mais conhecermos a Deus, melhor compreenderemos, aceitaremos e identificaremos a sua vontade para nós.
O homem natural não conhece a vontade de Deus. E, por que não pode conhecê-la? Porque os caminhos e os pensamentos de Deus são mais altos do que os do homem. Aqueles que crêem n’Ele e O seguem, estão capacitados a conhecer a vontade de Deus.
2. A vontade de Deus e as Sagradas Escrituras. Submissão à vontade de Deus, e não imposição da nossa vontade a Deus, é o alicerce da nossa confiança na oração. Hoje temos visto falsos mestres ensinando que a oração da fé precisa determinar para Deus o que queremos. Este falso ensino proclama que oração é a vontade do homem prevalecendo no céu em vez da vontade de Deus prevalecendo na terra. A oração é um instrumento poderoso, não para conseguir que a vontade do homem seja feita no céu, mas para garantir que a vontade de Deus seja feita na Terra.
Aliás, devemos temer orar por qualquer coisa que não esteja de acordo com a vontade de Deus. Tiago e João, por exemplo, insensatamente pediram algo a Jesus Cristo em conflito com sua natureza e vontade, mas foram repreendidos pelo Senhor (Lc 9.54-56). Talvez alguém pergunte: “Como saber qual é a vontade de Deus?”. Podemos responder em termos gerais que a vontade de Deus nos é revelada nas Escrituras Sagradas. Devemos, portanto, estuda-las a fim de conhecer melhor a vontade de Deus e aprender a orar com mais discernimento.
Portanto, para orar segundo a vontade de Deus, é preciso conhecê-la e concordar com ela. Somente depois que estivermos convictos de que desejamos a vontade de Deus mais do que nossa própria vontade, é que podemos orar a oração dominical, com segurança: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”(Mateus 6:10).
3. A vontade de Deus para cada indivíduo. Conhecer a vontade de Deus é, às vezes, difícil. As pessoas querem que Deus, basicamente, diga a elas o que fazer – onde trabalhar, onde morar, com quem se casar, etc. Deus raramente dá às pessoas informações assim tão diretas e específicas. Deus permite que façamos escolhas em relação a estas coisas. A única decisão que Deus não quer que tomemos é a decisão de pecar ou resistir à Sua vontade.
Deus quer que façamos escolhas que estejam em conformidade com sua vontade. Mas, como podemos saber a vontade de Deus para nossa vida? Para descobri-la, é necessário que o servo de Deus cultive uma vida de íntima comunhão com Deus. À medida que conhecemos o Senhor, sua vontade vai se tornando mais evidente para nós. Romanos 12:2 nos diz: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”
Se buscarmos a Deus em favor de determinada causa precisamos saber se ela está dentro da vontade de Deus. Apresentamos dois comandos para se conhecer a vontade de Deus para uma dada causa:
a) Certifique-se de que o que você está pedindo ou pensando em fazer não é algo que a Bíblia proíbe.
b) Certifique-se de que o que você está pedindo ou pensando em fazer irá glorificar a Deus e ajudá-lo a crescer espiritualmente. Se estas duas coisas forem verdades e Deus, ainda assim, não está dando o que você está pedindo, então provavelmente não é da vontade de Deus que você tenha o que está pedindo. Ou, talvez, você somente precise esperar um pouco mais por isso.
Se você estiver caminhando junto ao Senhor e verdadeiramente desejar a vontade dEle para sua vida, Deus colocará Sua vontade em seu coração. A chave é desejar a vontade de Deus, não a sua própria. “Deleita-te também no SENHOR, e ele te concederá o que deseja o teu coração” (Salmos 37:4). Se a Bíblia não se coloca contra algo, e este algo pode verdadeiramente beneficiá-lo espiritualmente, então a Bíblia dá a você a “permissão” de tomar decisões e seguir seu coração.
Para saber a vontade de Deus para decisões mais específicas, por exemplo, com quem casar, ou sobre a vida profissional, deveria considerar os seguintes:
a) Se existir uma falta da paz dentro de si, não vá em frente.
b) Fale com outros crentes mais maduros, e preste atenção aos seus conselhos.
c) Pergunte a si próprio: "Será que quero fazer a vontade de Deus com todo o meu coração?" Se a sua resposta for "sim", é muito provável que saiba logo qual é a vontade de Deus.
d) Pergunte a si próprio: "Será que esta coisa me vai ajudar na minha vida espiritual?".
e) Quando uma porta abrir, não suponha automaticamente que Deus esteja a abrir a porta. Às vezes o diabo tenta-nos com coisas atraentes que não são de acordo com a vontade de Deus para nós. Peça a sabedoria de Deus e pela Sua confirmação se aquela oportunidade à sua frente for a Sua vontade.
f) Não tome uma decisão rápida. Espere em Deus porque muitas vezes com o passar do tempo nossos pensamentos e desejos mudam.
Enfim, o que faço é para a glória de Deus? "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1Co 10:31). Deus deve não somente ser glorificado nos templos, mas também fora deles; não somente na vida privada, mas também na esfera pública. Não somente nas coisas referentes à sobriedade do "ministério cristão", mas também nas coisas evidentes e simples do nosso cotidiano como "comer e beber".
II. ORAÇÕES NÃO RESPONDIDAS POR DEUS
1. Orações egoístas (Tg 4.3).
Há algo muito errado com o crente que não sente necessidade e nem prazer em fazer a vontade de Deus. E essa grave anomalia é evidenciada em orações egoístas. O escritor do livro de Tiago disse: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. Aqui, o apóstolo Tiago afirma que pedidos egoístas, que visam interesses próprios, não são respondidos pelo Senhor – é a dura consequencia. Deus não responde as orações dos que amam os prazeres e que desejam honra, poder e riquezas. Todos devemos tomar consciência disso, porque Deus não ouvirá as nossas orações se tivermos o coração cheio de desejos egoístas. Nossas orações se tornarão poderosas quando permitirmos que Deus mude nossos desejos para que correspondam perfeitamente à vontade dEle para a nossa vida(1João 3:21,22).
Quantos estragos temos feito em nossa própria vida, por orações centralizadas em nós mesmos?
E quantos benefícios a outras pessoas deixamos de proporcionar por nem pensarmos neles em nossas orações? Após conhecer o Senhor mais profundamente, Jó intercedeu por seus amigos (Jó 42.10). Experimente orar mais pelos outros do que por si.
2. Orações por posição social (Mt 20.17-28). É um tremendo erro orar por posição social tal como reconhecimento humano, honras, glórias, poder, dinheiro, para satisfazer a natureza hedonista do ser humano. Esse tipo de oração, considerada egoísta, certamente, Deus não atenderá. Vemos um exemplo clássico na Bíblia com a Mãe de Tiago e João: “Então, se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e fazendo-lhe um pedido. E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu Reino”(Mt 20:20,21). É claro que Jesus não acatou esse pedido, como bem denota os versículos seguintes. Foi um pedido egoísta. É louvável da sua parte que ela quisesse os filhos perto de Jesus, e que ela ainda esperasse seu futuro reino. Mas ela não entendeu os princípios pelos quais as honras seriam conferidas no reino. Jesus respondeu claramente que eles não entendiam o que estavam pedindo. Eles queriam uma coroa sem uma cruz, um trono sem o altar de sacrifício, a glória sem o sofrimento anterior. Então Ele lhes perguntou sem rodeios: “Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?”. Ela não tinha consciência de que não existe posição melhor do que ser um servo de Deus, que foi transportado do reino das trevas para o Reino do Filho do seu amor (Cl 1.13), e agora vive não mais para si mesmo, mas em e por Cristo (Gl 2.19,20).
Observe que a mãe de Tiago e João adorou a Jesus antes do seu pedido. Ela adorou Jesus, mas seu objetivo principal era obter algo dEle. Isso acontece muitas vezes em nossas igrejas e em nossa vida. Desempenhamos atividades religiosas, esperando que Deus nos dê alguma coisa em troca. Entretanto, a verdadeira adoração e louvor devem ser dados a Cristo por quem Ele é, e por aquilo que Ele fez.
Diante daqueles que estão a pensar apenas nas coisas materiais, que se tornaram materialistas, é imperioso que a Igreja mostre a sublimidade e a superioridade das coisas espirituais. Neste particular, é necessário que a Igreja seja a primeira a dar o seu testemunho de que as “coisas de cima” são melhores e maiores que as coisas desta terra. Paulo é taxativo ao afirmar que “… se já ressuscitastes com Cristo, buscais as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra, porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”(Cl 3:1-3). Entretanto, como podemos querer que o mundo se liberte do materialismo, se temos, enquanto Igreja, igualmente dado prioridade às coisas da terra? Como podemos querer que o mundo se liberte do materialismo, se nossas preocupações estão única e exclusivamente nesta terra?
Como podemos denunciar o materialismo, se nossos púlpitos apenas falam de “prosperidade material”, se os crentes querem apenas melhores salários, empregos (os mais modestos, pois a maioria quer, mesmo, é se tornar grandes empresários…) e bem-estar nesta vida? Como criticar a prática materialista dos nossos dias, se, nas igrejas, o critério de crescimento no ministério é a arrecadação econômico-financeira, se há uma preocupação em se formar grandes impérios empresariais da fé? Como mostrar a necessidade de se desprender do “ter” se alguns têm associado avivamento espiritual com o surgimento de megatemplos que fazem os grandes estádios e ginásios do mundo parecer miniaturas?
Nossos dias são os dias da “igreja de Laodicéia”, a igreja que deu valor ao materialismo e que, por isso, se achava suficiente e preparada só porque era rica, tinha se enriquecido e de nada tinha falta (Ap 3:17), mal sabendo, porém, que, espiritualmente falando, era praticamente um nada diante de Deus. É preciso voltarmos ao tempo em que a igreja, embora não tivesse prata nem ouro, tinha o poder de Deus para fazer a obra sobrenatural do Senhor (cf. At 3:6). Só aqueles que assim fizerem poderão enfrentar o materialismo hodierno e, mesmo que tenha pouca força, serão vitoriosos, pois são a “igreja de Filadélfia”, a igreja que será arrebatada por Jesus.
3. Orações hipócritas (Mt 6.5,6). “E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”(v.5). Aqui, Jesus adverte os discípulos contra a hipocrisia ao orar. Eles não deveriam se posicionar propositalmente em áreas públicas de forma que os outros, vendo-os orar, ficassem impressionados por suas devoções.
A hipocrisia foi condenada porque desvia o propósito da oração, que é a glória de Deus, para a glória do ego, do eu. Alguns, especialmente os religiosos, queriam ser vistos como santos, e a oração em público era um modo de chamarem a atenção para isso. Porém Jesus enxergou a intenção deles de se promoverem e ensinou que a essência da oração não é a justificação em público, mas a comunicação particular com Deus. Como diz o pr. Eliezer de Lira: “É melhor ser sincero como um publicano, carente da misericórdia de Deus, do que um fariseu, cheio de justiça própria, pois aquele teve sua oração atendida e este não" (Lc 18.9-14).
Uma coisa é certa: A presunção, o fato de se considerar melhor que os outros faz parte do jeito dos fariseus. Na parábola, do fariseu e do publicano, o fariseu conhecia muito bem a maldade das outras pessoas, especialmente do publicano. Mas se estivermos conscientes da nossa imperfeição no momento em que orarmos a Deus, então, como Jesus disse, voltaremos "justificados" para nossa casa. "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado"(Mt 23.12).
III. ORAÇÕES ATENDIDAS POR DEUS
Na Bíblia temos muitos exemplos de orações respondidas, uma vez que estavam em harmonia com a vontade de Deus. Nesta aula citaremos apenas três.
1. A oração do rei Salomão (2Cr 1.7-12).Naquela mesma noite, Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: Pede o que quiseres que eu te dê. E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande beneficência com Davi, meu pai, e a mim me fizeste rei em seu lugar. Agora, pois, ó SENHOR Deus, confirme-se a tua palavra, dada a Davi, meu pai; porque tu me fizeste rei sobre um povo numeroso como o pó da terra. Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? Então, Deus disse a Salomão: Porquanto houve isso no teu coração, e não pediste riquezas, fazenda ou honra, nem a morte dos que te aborrecem, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te pus rei, sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, e fazenda, e honra, qual nenhum rei antes de ti teve, e depois de ti tal não haverá”.
Eis aqui uma oração curta, porém sincera e sábia. Não há nenhuma denotação egoística em suas palavras. Por isso, Deus atendeu a sua oração sem demora. O pedido de Salomão provavelmente foi inspirado pela oração de que ele, como novo rei, pudesse ter sabedoria e entendimento. A aparição do Senhor, em visão, deu a ele a oportunidade de pedir o que quisesse, ou seja, ele tinha um “cheque em branco”(v.7), no entanto, não teve desejos egoístas, pensou no reino de Israel e no seu povo. Aqui está o princípio hebraico de que riquezas, fazenda e honra (v.12) seguem aquele que faz a vontade de Deus. É claro que isso não era sempre verdade naquela época, nem o é hoje em dia; mas o que era verdade então, e continua hoje, é que o homem que obedece a Deus é sempre melhor do que o que o ignora. Salomão tornou-se o homem mais sábio e rico do mundo de sua época (1Rs 4.29-34).
2. A oração do profeta Elias (1Rs 18.36-39). A oração que está dentro da vontade de Deus, ou seja, aquela que O glorifica e O exalta, será respondida. Aqui, citamos como exemplo, a oração que Elias fez no monte Carmelo diante dos profetas de Baal. Conforme se observa no versículo 37, o único desejo de Elias era que o nome do Senhor fosse reconhecido e aclamado no meio daquele povo.
Naquela época, Israel vivia uma verdadeira “apostasia nacional”, pois todo o país estava se enveredando pelo culto a Baal. O próprio Deus diria a Elias, pouco depois, que apenas sete mil pessoas não haviam dobrado seus joelhos a Baal nem o haviam beijado, um número bem diminuto frente a uma população que deveria ser bem maior (1Rs 19:18). Diante da apostasia reinante, Elias resolveu fazer um desafio ao povo de Israel: o Deus verdadeiro deveria responder com fogo a aceitação do sacrifício que Lhe fosse dado. No momento do desafio, os profetas de Baal e de Asera, num total de oitocentos e cinquenta (1Rs.18:19), tentaram, durante toda a manhã, resposta de seus deuses para o sacrifício, sem resultado.
Elias, então, depois que havia deixado tempo suficiente para que Baal respondesse ao sacrifício, oferece o seu diante de Deus. Como Deus não é Deus de confusão (1Co 14:33), reparou o altar, que estava quebrado, bem como pôs água abundante para que não houvesse qualquer dúvida de que era Deus quem iria operar. Este cuidado do profeta é um exemplo a seguirmos na atualidade: a operação de Deus é algo de que devemos ter certeza e convicção. Por isso, nada deve ser feito sem a devida preparação espiritual, a devida santificação (o reparo do altar), como também tudo deve ser feito às claras diante do povo, com transparência, decência e ordem (1Co 14:40). Quantos altares desmantelados na atualidade têm buscado o “fogo divino” e, como Deus não opera em lugares assim, recorrem a subterfúgios, a astuciosos estratagemas para impressionar o povo. Entretanto, não nos iludamos, Deus não é Deus de confusão.
Mas, além de ter reparado o altar e não deixado margem a qualquer dúvida, Elias fez uma oração. Ele não “determinou” coisa alguma a Deus, pois sua “determinação” é a disposição firme de servir a Deus, não qualquer exigência que devesse ser feita, como muitos iludidos atrevem-se a fazer em os nossos dias. Elias fez uma oração, um pedido a Deus, reconhecendo a Sua soberania, o Seu senhorio. Relembrou ao povo, que o escutava, que Deus era o Deus do pacto feito com os patriarcas, o Deus que havia formado a nação de Israel e que ele, Elias, era tão somente um servo dEle. Mal acabou a oração, o Senhor consumiu tudo com o fogo e o povo não teve mais dúvida alguma: só o Senhor é Deus! (1Rs 18:36-39).
3. A oração de Davi (Sl 51.1-17). O salmo 51 é uma súplica, primeiramente, por perdão, com uma confissão humilde de atos pecaminosos provenientes de uma natureza pecaminosa como sua raiz amarga; e, depois, por renovação e santificação através do Espírito Santo. Neste salmo, Davi reconhece a gravidade de seus erros e, principalmente, por ter pecado contra o seu Deus. Em seguida, arrepende-se profundamente e busca com lágrimas o perdão e a restauração divina. Davi tinha plena certeza que alcançaria a misericórdia e benignidade de Deus se o buscasse com um coração sincero e contrito.
Davi sentiu uma culpa profunda por sua conivência, mentira, adultério e, finalmente, assassinato. Por trás dessas transgressões ele consegue enxergar a raiz e causa e ora para que o Senhor o lave completamente da sua iniquidade e o purifique do seu pecado (51:2). Ele não procura encobrir ou desculpar a profundidade da sua necessidade.
Todos que pecaram gravemente e que estão opressos por sentimento de culpa podem obter o perdão, a purificação do pecado e a restauração diante de Deus, se O buscarem conforme a natureza e a mensagem deste Salmo. A súplica de Davi, por perdão e restauração, baseia-se na graça, misericórdia, benignidade e compaixão de Deus(51:1), num coração verdadeiramente quebrantado e arrependido(51:17) e, em sentido pleno, na morte vicária de Cristo pelos nossos pecados(1João 2:1,2).
Nenhum pecado é grande demais para Deus perdoar! Você sente que nunca poderia aproximar-se do Senhor por ter feito algo terrível? Deus pode e quer perdoá-lo. Embora Ele nos perdoe, nem sempre apaga as conseqüências de nossos pecados. A vida e a família de Davi nunca mais foram as mesmas como resultado do que ele fez(ver 2Samuel 12:1-23).
CONCLUSÃO
Quando oramos exercitamos a nossa confiança no Deus da Providência, sabendo que nada nos faltará, porque Ele é o nosso Pai. A oração tem sempre uma conotação de submissão confiante. Portanto, orar ao Pai, significa sintonizar a nossa vontade com a dEle; sabendo que Ele é santo e a Sua vontade também o é (Mt 6.9,10).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

domingo, 21 de novembro de 2010

NÃO ABRA MÃO DE SER UM VENCEDOR

Na Palavra de Deus podemos ver que o povo de Israel, que entra em guerra com os filisteus, tinham um grande problema, que era um Gigante que lutava do lado de seus inimigo. (1Samuel 17:1-11). Muitos temeram o gigante, e não quiseram guerrear com ele, mas quando Davi resolve guerrear, os seus familiares o menosprezam e zombam dele. Mas Davi não vê somente o insulto que o gigante fazia, mas também o que ele ganharia para enfrentar aquele problema (1Samuel 17:23-31). E não somente isso, Davi também mostra seu valor e seu espírito de coragem ao enfrentar aquele gigante (1Sm 17.32-37). E mesmo assim, aqueles que estavam ao redor de Davi, tentaram mostrar para ele o problema, e dizer que ele não era capaz de enfrentar aquele gigante(1Sm 17.38-39). E pela orientação do Espírito, Davi escolhe pedras do ribeiro (1Sm 17.40), e não somente isso, além de escolher bem sua arma de guerra, ele vai em direção ao seu inimigo com a certeza da vitória (1Sm 46-47). E depois disso, enfrenta o inimigo em Nome do Senhor. Vence e volta mostrando sua vitória para todos (1Samuel 17:48-54).
Vencedores de gigantes triunfam em público, porque já tiveram importantes vitórias privadas. Saul destacava-se do ombro para cima de todos os demais guerreiros de Israel, mas não tinha estatura suficiente para lutar contra o gigante Golias. Davi enfrentou e venceu o gigante porque já triunfara sobre um leão e um urso na solidão das montanhas de Belém. O que você é quando está sozinho determina o que você será publicamente. O caráter precede a performance. Ser é mais importante do que fazer.
Vencedores de gigantes não olham para os obstáculos, mas para as oportunidades. Henry Ford estava coberto de razão quando afirmou: “Obstáculos são aquelas coisas tenebrosas que vemos quando desviamos os olhos do nosso objetivo”. Na Bíblia, vemos o grande exemplo de Calebe, contemporâneo de Josué. Ele foi um dos únicos de uma geração a alcançar as promessas de Deus para a sua vida. Ele era um homem de visão e não temia obstáculos que surgissem à sua frente como empecilhos para que alcançasse a benção de Deus, mesmo que esses obstáculos fossem gigantes de quase três metros de altura, os anaquins. Calebe, assim como Davi era um vencedor de gigantes. Muitos de nós também enfrentamos todos os dias, situações que parecem gigantes que se levantam contra nós. Problema financeiro; problema de saúde na família; crise conjugal; desemprego; pecados... E muitas vezes nos sentimos como “gafanhotos” diante dos problemas. Mas o relato da vida de Calebe nos serve como inspiração para enfrentarmos todas as situações que nos são propostas em nossas vidas.
Vencedores de gigantes mantém seus olhos em Deus e nunca nas circunstancias. Pedro afundou no mar quando tirou os olhos de Jesus para colocá-los no fragor das ondas. Enquanto ele manteve os olhos em Jesus foi capaz de caminhar em meio à tormenta, mas no instante em que reparou na força do vento, teve medo e começou a ser engolido pelos vagalhões. Andar sobre as águas é algo impossível para o homem, mas quando nossos olhos estão fitos no Criador do Céu e da terra, podemos experimentar o sobrenatural e pisar no solo firme dos milagres.
Vencedores de gigantes não ouvem a voz dos pessimistas. Tenhamos cuidado com o vozerio dos pessimistas, eles olham para a vida com lentes embaraçadas. Eles perdem a vida por medo de viver. Eles correm até da sombra. Eles pensam que os gigantes são invencíveis. O gigante Golias julgava-se invencível. Era um guerreiro inveterado, assombroso, experiente, que infundia medo em todo o exército de Saul. Ele desafiou os exércitos de Israel e fez Saul e seus soldados recuarem, empapuçados de medo. Durante quarenta dias, duas vezes por dia, Golias afrontou os exércitos do Deus vivo e não apareceu ninguém com coragem para enfrentá-lo. Mas, em meio à orquestra do medo, ouve-se o clarinete da esperança. Entre o povo circulou a notícia de que o jovem pastor Davi, que acabara de chegar de Belém, estava disposto a enfrentar o gigante. Essa notícia espalhou-se rapidamente e foi parar no palácio do rei. Davi tapou os ouvidos à voz dos embaixadores do caos; ele não ouviu os profetas do pessimismo, nem inclinou os seus ouvidos ao vozerio desolador da multidão apavorada.
Um vencedor de gigantes não segue o caminho dos medrosos. Os prognósticos agourentos dos covardes só infundem desespero. Eles olham para a vida com lentes cinzentas e só enxergam dificuldades. A voz da multidão quase sempre infunde medo e conduz ao fracasso. Aqueles que nunca mataram um gigante vão lhe dizer que os gigantes são invencíveis. Aqueles que correm até da sombra dirão que a estrada da vida está cheia de fantasmas. Aqueles que fracassam justificarão suas retiradas do campo de batalha.
Precisamos olhar não para a altura dos gigantes, mas por sobre seus ombros e agarrar a crise pelo pescoço. Precisamos olhar não para a carranca da crise, mas para as possibilidades que se ocultam pr trás delas. A crise é um tempo de oportunidade, um terreno fértil de milagres. A crise é o cemitério dos covardes e a porta de entrada da terra prometida para os vencedores. Enquanto todos se assentam para chorar, os vencedores empunham as armas e triunfam. Enquanto os covardes só se encolhem de medo diante das dificuldades, os vencedores permanecem com os olhos fixos na recompensa e obcecados pela vitória. Por isso, não dê atenção aos medrosos. Você pode derrubar os gigantes e ser um vencedor.
O vencedor de gigantes não tira os olhos de Deus para colocá-los nas circunstancias. Os dez espias de Israel foram esmagados pela síndrome do gafanhoto porque tiraram os olhos de Deus para colocá-los na fortaleza dos gigantes. Isso lhes deu uma perspectiva falsa do problema, fazendo com que dissessem: os gigantes são fortes e nós fracos; são muitos e nós poucos; são guerreiros e nós nômades; são gigantes e nós gafanhotos. Porque duvidaram da promessa de Deus, sentiram-se menos do que homens, sentiram-se insetos, gafanhotos. Eles não só introjetaram um sentimento de fracasso na alma, mas também contaminaram todo o arraial de Israel com o seu pessimismo. Como resultado, toda aquela geração pereceu no deserto e não pôde entrar na Terra Prometida. Apenas Josué e Calebe olharam para as circunstâncias com os olhos da fé. Note o que eles disseram: “Certamente o Senhor nos deu toda esta terá em nossas mãos. E todos os seus moradores estão desmaiados diante de nós”(Josué 2:24). Eles creram e venceram. Por terem crido, eles tomaram posse da Terra Prometida.
Vencedores de gigantes triunfam sobre as críticas. Os críticos são como erva daninha, florescem em qualquer lugar. São os inimigos de plantão, que sempre estão à nossa espreita. Estão espalhados por toda parte, esperando para nos morder sem piedade. Eles estão dentro de casa, nas ruas, no trabalho, na escola e até na igreja. Davi foi duramente criticado pelo seu próprio irmão Eliabe. A raiz da crítica era a inveja. Davi foi criticado também por Saul, que o julgou incapaz de enfrentar o gigante Golias. Saul subestimou Davi. Finalmente, Davi foi criticado pelo próprio duelista, o gigante Golias, que o desprezou, escarnecendo dele e do seu Deus. A motivação foi o sentimento de superioridade.
Você não pode ser um vencedor de gigantes sem antes vacinar-se contra o veneno dos críticos. O objetivo deles é sempre querer nos nivelar à sua mediocridade. Eles são medrosos e covardes e não toleram ver em nós uma atitude de confiança diante dos desafios da vida. Os críticos questionam nossas motivações, julgam nossos propósitos e assacam contra nós acusações pesadas e levianas, tentando macular a nossa honra e desbaratar nossos objetivos.
Os críticos são movidos pelo combustível da inveja. O invejoso é aquele que se sente infeliz por não ser como você e por não ter o que você tem. Caim matou Abel por inveja, em vez de seguir seu exemplo. Os irmãos de José tentaram se livrar dele por inveja, em vez de seguir os seus passos. Os fariseus, por inveja de Jesus, preferiram persegui-lo a seguir os seus ensinos. O invejoso é um egoísta inveterado, dono de uma auto-imagem doentia. Ele sofre de um avassalador complexo de inferioridade. É capaz de chorar com os que choram, mas jamais se alegrar com os que se alegram.
Vencedores de gigantes não são covardes. Eles não fogem e nunca desistem. São perseverantes. Eles não se contentam com nada menos que a vitória. Fazem das derrotas do passado experiências indispensáveis para construírem as vitórias do futuro. Experiência não é simplesmente aquilo que acontece na vida de uma pessoa, mas como ela lida com o que lhe acontece. Os vencedores nunca desviam os olhos do alvo. Eles são determinados e obcecados pela vitória, não importa o quanto possa lhes parecer difícil alcança-la. Quando Thomas Alva Edison inventou a lâmpada elétrica, foram necessárias mais de duas mil experiências antes de obter sucesso. Certa vez, um jovem repórter perguntou como ele se sentia tendo fracassado tantas vezes. Ele respondeu: “Eu nunca fracassei. Inventei a lâmpada elétrica. Só que para chegar lá, foi preciso uma caminhada de dois mil passos”. John Milton ficou cego aos quarenta e quatro anos de idade. Dezesseis anos depois, escreveu o clássico “Paraíso Perdido”. Após uma perda progressiva da audição, o compositor alemão Ludwig Van Beethoven ficou totalmente surdo aos quarenta e seis anos. Apesar disso, continuou compondo, e algumas de suas melhores composições, inclusive cinco sinfonias, foram escritas durante seus últimos anos. Vencedores de gigantes não desistem, mesmo diante dos maiores obstáculos.
A revista Time de abril de 1986 publicou um artigo sobre algumas pessoas que foram consideradas sem perspectiva de futuro. Todas foram vistas pelos críticos como condenadas ao fracasso. Quer saber os nomes de algumas dessas pessoas?
Beethoven – Seu professor certa feita fez o seguinte comentário sobre ele: “Esse jovem tem uma maneira estranha de manusear o violino. Prefere tocar suas próprias composições ao invés de aprimorar sua técnica”. Esse mesmo professor avaliou que não havia esperança para ele como compositor. Beethoven não aceitou esse prognóstico pessimista a seu respeito. Ele superou todas as dificuldades e triunfou. Mesmo tendo ficado completamente surdo, ele se tornou um dos músicos mais excelentes e consagrados de toda a história. Seus críticos tiveram que engolir suas previsões negativas e ver o sucesso desse gigante da música clássica. Mesmo carregando o fardo da surdez, compôs músicas timbradas pelo mais alto grau de excelência.
Thomas Alva Edison – Sua professora o devolveu à mãe por considerá-lo inapto para o aprendizado. Sua mãe, sem perder o ânimo, resolveu investir em sua educação. Certa feita, ele perguntou à sua mãe porque a escola o recusara, e ela lhe respondeu: “Porque você é muito inteligente e a escola não consegue acompanhar seu ritmo de aprendizado”. Thomas Edison superou as dificuldades e galgou o honroso posto de maior cientista do mundo, tendo registrado mais de mil invenções, entre elas a lâmpada elétrica. No dia de sua morte, como forma de homenageá-lo, desligaram todas as luzes por alguns minutos, mostrando como seria o mundo sem ele.
Albert Einstein – Sua tese de doutorado em Bonn foi considerada irrelevante e sofisticada. Alguns anos depois, foi expulso da Escola Politécnica de Zurich. Alguns de seus críticos acharam que não havia futuro para ele, mas Einstein galgou as alturas excelsas, fazendo vôos altaneiros em suas conquistas cientificas. Tornou-se mundialmente conhecido por ter descoberto a teoria da relatividade, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física.
Luiz Pasteur – Foi um estudante medíocre. Em uma turma de vinte e dois alunos de química, obteve apenas a décima quinta colocação. Mas devemos a ele a descoberta da penicilina, que tanto tem contribuído para o tratamento dos males que afligem a humanidade.
Portanto, não permita que os críticos roubem as suas forças ou tirem de você a sede da vitória. Enfrente os gigantes e vença-os!
Vencedores de gigantes não dão ouvidos aos arautos do pessimismo. Eles não olham para as dificuldades, mas para as possibilidades. Eles não gastam tempo medindo a altura do inimigo, mas fortalecem os braços para vencê-lo. Eles não fogem assustados com o rugido do inimigo, mas correm para a linha de frente, para a zona de combate, porque estão obcecados pela vitória.
Saul enxergou três empecilhos em Davi:
Primeiro, ele considerou Davi incapaz
– Saul disse: “Você não pode...”. Nunca diga para uma pessoa que ela não pode. Aquele que confia em Deus pode o impossível. O apóstolo Paulo, mesmo preso, na ante-sala do martírio, disse: “Tudo posso naquele que me fortalece”(Fp 4:13).
Segundo, ele considerou-o inexperiente – Saul disse: “Você não tem experiência”. O sucesso de uma pessoa não está na sua idade cronológica, mas na sua confiança em Deus. Há jovens sábios e velhos tolos. Há jovens cansados e velhos cheios de sonhos e projetos. Davi nunca tinha estado numa guerra, mas tinha intimidade com o Senhor dos Exércitos. Ele nunca tinha empunhado uma espada, mas tinha matado um urso e agarrado um leão pela barba e vencido. Davi nunca tinha usado uma armadura nem empunhado um escudo, mas manejava com perícia sua funda. Ele não tinha performance para fazer parte do exército de Saul, mas tinha determinação para enfrentar e vencer o gigante.
Terceiro, ele considerou-o muito jovem – Saul disse: “Você é ainda muito jovem”. Davi era jovem, mas corajoso. Era jovem, mas confiava em Deus e possuía a fibra de um vencedor de gigantes. Os jovens também podem ser heróis e vencedores. Eles podem triunfar sobre os gigantes. Se você é jovem, não permita que os críticos contaminem seu coração e deixem você desanimado por causa da sua pouca idade.
Os gigantes pensam que são invencíveis. Eles jamais contam com a derrota. Eles são convencidos. Eles sofrem de um grande complexo de inexpugnabilidade. São megalomaníacos. Mas quem se exalta será humilhado. Quem tenta ficar de pé estribado no bordão da autoconfiança precisa beijar o chão e se alimentar com o pó da derrota. A maldição imprecada a Davi voltou-se contra Golias. Ele mesmo sofreu o golpe fatal de suas medonhas previsões. Ao afrontar Davi, ele estava afrontando o Deus de Davi. Quem toca nos filhos de Deus toca na menina dos olhos de Deus. Quem declara guerra contra os filhos de Deus chama o próprio Deus Todo-Poderoso para a briga. Naquele combate, o gigante caiu. Davi, com uma só pedra, jogou o gigante ao chão. A cabeça de Golias foi cortada pela sua própria espada. Ele pereceu através de suas próprias armas. Golias morreu. Davi prevaleceu. Israel ficou livre e o nome de Deus foi glorificado. Davi não se intimidou porque tinha paixão em promover a glória de Deus; tinha seus olhos na recompensa e sabia que o próprio Deus é quem estava pelejando por ele.
Os tempos mudaram. Nós mudamos. Os gigantes se travestiram e usam novas roupagens, mas eles ainda rondam a nossa vida e nos espreitam com insolentes ameaças. Muitos ainda estão com medo, dando as costas ao inimigo e fugindo acovardados. Muitos estão desacreditados aos seus próprios olhos, enfileirados apenas para fugir ao sonido do próximo estardalhaço do gigante. Volte seus olhos para Deus em vez de inclinar os seus ouvidos às bravatas dos gigantes. Você não foi criado para viver debaixo das botas dos gigantes. Ponha sua fé naquele que está assentado no alto e sublime trono. Enfrente o seu gigante em nome do Senhor dos Exércitos. Não deixe que a insolência dos gigantes tire de você a certeza da vitória e a pressa para vencer. Não abra mão de ser um vencedor de gigantes.
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Luciano de Paula Lourenço
Alguns trechos foram extraídos do Livro “Vencendo Gigantes”, cujos autor é o Rev. Hernandes Dias Lopes – Editora Hagnos.



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aula 08 - A ORAÇÃO SACERDOTAL DE JESUS CRISTO

Leitura Bíblica: João 17.1-4; 15-17; 20-22
E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”(Lc 6:12).

INTRODUÇÃO
Uma das características do Senhor Jesus foi sua atitude sacerdotal para com seus discípulos. Momentos antes da pior hora, a hora do gemido, da dor, da morte, ele deixa sair do fundo de sua alma, palavras profundas, emocionantes, vibrantes, que enchem nossos corações de esperança. Em sua oração sacerdotal, exarada no capítulo 17 do evangelho segundo escreveu o apóstolo João, Jesus expressa seus sentimentos, pensamentos e vontades mais íntimas em relação aos seus discípulos. Nesta oração, o Senhor consagra-se para o sacrifício em que Ele é, ao mesmo tempo, sacerdote e vítima. Também é uma oração de consagração em favor daqueles por quem o sacrifício é oferecido: os discípulos que estavam presentes no cenáculo e os que depois viriam a crer através do testemunho deles. A partir dessa oração aprendemos que o mundo é um grande campo de batalha, onde as forças de Satanás e aqueles que estão sob a autoridade de Deus estão em guerra. O Diabo e suas hostes são motivados pelo ódio a Cristo e aos aliados dEle.
A oração inteira é uma bela ilustração da intercessão do nosso amado Senhor à mão direita de Deus. Não há nenhuma palavra contra o seu povo; nenhuma referencia às suas falhas ou deficiências. Todas as petições em particular a favor do seu povo se referem às coisas espirituais; todas têm referencia às bênçãos espirituais. O Senhor não pede riquezas para eles, nem honras, nem influencia mundial, ou grandes prioridades, mas ora mui sinceramente que sejam guardados do mal, separados do mundo, qualificados para as obrigações e levados em segurança ao lar celestial. Prosperidade da alma é a melhor prosperidade. Glórias a Deus!!
I. ORAÇÃO POR UMA VIDA DE COMUNHÃO COM O PAI
1. Relacionamento com Deus (João 17.2,3).
Assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
Como podemos ter a vida eterna? Jesus nos dá a resposta aqui: conhecendo a Deus Pai através de seu Filho, Jesus Cristo. Este conhecimento não é uma simples questão de conhecimento intelectual; ele envolve um relacionamento pessoal. O Pai e o Filho se conhecem em amor mútuo, e através do conhecimento de Deus as pessoas são admitidas ao mistério deste amor divino, amando a Deus, sendo amadas por Ele e, em resposta, amando uma às outras. Esta é a base da unidade pela qual Jesus ora nos versículos 20-23 do capítulo 17. Atentemos, portanto, para o que o profeta Oséias recomenda: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor” (Os 6:3).
2. Meditação e prática da Palavra de Deus (Jo 17.6).Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra”. Jesus disse: “... e guardaram a tua Palavra”. Apesar de todas as falhas e fraquezas, Ele dá crédito aos discípulos como tendo crido e obedecido seus ensinos. Ele não proferiu nenhuma palavra contra os seus discípulos e não fez nenhuma alusão ao que tinham feito ou estavam a ponto de fazer, como abandoná-lo.
Os discípulos demonstraram ser realmente “seus” crendo nele, reconhecendo que seu ensino vinha de Deus Pai e aceitando-o de acordo com isto. Eles guardaram a Palavra de Deus que Ele lhes transmitiu, armazenando-a em seus corações e obedecendo-a em suas vidas. Desta forma, eles constataram por experiência própria que a promessa dele era verdadeira (João 7:17). Ao reconhecer que o ensino de Jesus vinha de Deus Pai, eles ao mesmo tempo reconheceram que Ele próprio vinha de Deus, o “enviado” do Pai(1João 4:2; 5:20).
Como bem disse o pr. Eliezer de Lira, a melhor maneira de conhecer o Pai e a sua vontade para seus filhos é meditar em sua Santa Palavra. A Lei do Senhor é capaz de ensinar, redarguir, corrigir, instruir em justiça (2 Tm 3.16), bem como produzir alegria (Jr 15.16), prosperidade (Sl 1.1-3) e vida eterna (João 6.63;6:28; Hb 4.12).
3. Uma vida que glorifique a Deus (17.4).Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer”. Enquanto o Senhor proferiu estas palavras, falava como se já tivesse morrido, sepultado e ressuscitado. Ele tinha glorificado o Pai por sua vida impecável, por seus milagres, por seu sofrimento e morte e por sua ressurreição. Ele tinha consumado a obra que o Pai lhe confiara para fazer.
Como está a nossa vida de crente, ela glorifica a Deus? O crente deve viver neste mundo para a glória do Senhor. O apóstolo Paulo, como imitador de Cristo(1Co 11:1), nos exorta: “Andai com Sabedoria para com os que estão de fora...”(Cl 4:5). Aqui, a expressão de Paulo, “os que estão de fora”, refere-se àqueles que não pertencem à Igreja, ou, que não são crentes. Desta forma, “os que estão de fora” podem estar dentro de nossa casa, ser nossos parentes; podem estar ao lado de nossa casa, ser nossos vizinhos; podem estar ao nosso lado, sendo nossos colegas de trabalho, ou de escola; podem estar nos caminhos por onde passarmos e nos locais onde convivemos.
Toda essa gente que nos cerca, que nos conhece, que convive conosco - pode não ler a Bíblia, mas, certamente, lê a nossa vida. Gostando do que leram em nós, poderão sentir desejo de ler, também, a Bíblia.
Não foi sem razão que Pedro disse: “Tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observe”(1Pe 2:12).
Paulo, no mesmo sentido, porém, com outras palavras, diz: “Para que andeis honestamente para com os que estão de fora...”(1Tes 4:12). “Viver honestamente... andar com sabedoria... andar honestamente...”. Perceba a ênfase que a Palavra de Deus dá ao testemunho do crente, através de sua maneira de viver.
Fica claro que o Crente não pode separar o que ele faz, daquilo que ele é. Não tendo uma maneira de andar conforme deve andar um seguidor de Jesus, então, também, não pode, ou não deve, falar que é um crente em Jesus.
Conta-se que um “crente” estava falando de Jesus e de sua Palavra. Uma pessoa que o conhecia, disse-lhe: “O que você faz fala tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”. Assim, para poder dizer que é um discípulo de Jesus, para poder dar o seu testemunho de crente, para que a sua vida glorifique a Deus, é preciso viver como um discípulo e ser um crente salvo.
Ao inspirar os apóstolos, o Espírito Santo sabia, e nós hoje também sabemos, que o testemunho do crente, ou sua conduta, ou sua maneira de viver é o cartão de visita de sua Igreja. Um crente, sem dizer palavras, pode abrir ou fechar as portas para o Evangelho.
À medida que nos relacionamos intimamente com o Senhor por meio da oração e da meditação em seus mandamentos, o seu caráter vai sendo moldado em nós e, por conseguinte, externamos uma vida que glorifica ao Senhor.
Que a Igreja de Cristo busque ardentemente agradá-lo e glorificá-lo em todo tempo - “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus”(1Co 10:31)
II. ORAÇÃO POR PERSEVERANÇA, ALEGRIA E LIVRAMENTO
1. Perseverança (João 17.11,12).
E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse”.
No dicionário a palavra perseverança está descrita como: persistência; constância; firmeza. Então é isso que Deus requer de nós, e temos vários motivos para realmente viver nessa prática. Não há ninguém que tenha alcançado algo de Deus para sua vida sem perseverança. Ao longo de toda bíblia observamos como essa atitude é exigida dos filhos de Deus.
Nos versículos acima é mostrado que Jesus estava a caminho do Pai, e não estaria mais com seus discípulos no mundo para protegê-los, como tinha feito até então, mas o Pai os protegeria em seu nome, isto é, pelo seu poder e autoridade. Ele sabia que, na sua ausência, a fé deles poderia enfraquecer. Por isso, intercedeu ao Pai para que continuassem crendo nEle e guardando a sua Palavra, a fim de conseguirem perseverar no caminho, na fé, na verdade e na comunhão.
A nossa salvação está em perseverar (Mt 10:22 e 24:13). Ter nossas orações respondidas está em perseverar (Rm 12:12 e Lc 18:1 a 8). Frutificar pela palavra em todas as áreas da nossa vida está em perseverar (Tiago 1:25 e 2Pedro 1:3 -11).
Em Hebreus 10: 38 e 39 diz: “Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma”. Aqui o crente é encorajado a não abandonar a sua fé em tempos de perseguição, mas a mostrarem, por sua resistência, que a sua fé é real. Ter fé significa descansar naquilo que Cristo fez por nós no passado, mas também significa confiar naquilo que Ele faz por nós no presente, e fará no futuro(ver Rm 8:14-25, 35-39).
A nossa esperança maior e o maior motivo pelo qual devemos perseverar é a vinda de Jesus, aquele grande Dia quando O conheceremos como Ele é, quando tudo o que hoje nos traz por um momento tristeza e tribulação terá um fim.
2. Alegria (João 17.13).Mas, agora, vou para ti e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos”. Jesus ora para que a alegria dos discípulos permaneça na sua ausência. Antes, na mesma noite, Jesus tinha dito aos seus discípulos: “Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa”(15:11).
Jesus mantinha seu profundo deleite em comunhão com o Pai. Ele queria que seus discípulos tivessem esse deleite que vem da dependência dele. Ele queria que sua alegria fosse, também, deles.
A idéia de alegria do ser humano é ser tão feliz quanto puder, deixando Deus fora de sua vida. O Senhor ensinou que alegria verdadeira vem por receber Deus na nossa vida o máximo possível, e guardar seus mandamentos.
Portanto, Jesus quer que sejamos alegres. A chave para a alegria incomensurável é viver em contato intimo com Cristo, a fonte de toda a alegria. Quando o fazemos, experimentamos o cuidado e a proteção especiais de Deus e vemos a vitória que Ele nos concede mesmo quando a derrota parece certa.
3. Livramento (João 17.15).Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. Apesar da hostilidade do mundo, Jesus não quer que seus discípulos sejam retirados dele. Sabemos que o mundo esta debaixo do poder do diabo (1João 5:19), que o domina como usurpador(veja 1João 2:13s., 3:12, 5:18); Jesus ora para que os discípulos sejam protegidos dele, assim como já os ensinara a orar por esta proteção(Mt 6:13).
Jesus entendia que nossa presença neste mundo decaído daria continuidade à sua obra, por isso não pediu ao Pai que nos tirasse deste mundo, mas que nos livrasse do mal. Imagine se cada salvo fosse arrebatado pouco depois de conhecer a Jesus como seu Senhor e Salvador. Não teríamos igrejas, lideranças, testemunhos, discipulado. Por isso Ele pediu que fôssemos guardados do mal, e não que fôssemos retirados deste mundo. Podemos descansar na proteção divina, uma vez que estamos refugiados no esconderijo do Altíssimo (Sl 91.1). Contudo, é nosso dever orar e vigiar, “em todo o tempo” (Ef 6.18), a fim de não entrarmos em tentação (Lc 22.40).
III. ORAÇÃO POR SANTIDADE, UNIDADE E FRUTOS ESPIRITUAIS
1. Santidade (João 17.17).
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Jesus ora para que seus discípulos sejam um povo santo, separados do mundo e do pecado, para adorar a Deus e servi-lo. Devem separar-se para estarem perto de Deus, para viverem para Ele e para serem semelhantes a Ele. Ao longo de toda a Bíblia, observamos que o Senhor sempre requereu de seu povo separação total do mundo e do pecado, a fim de adorá-lo e servi-lo. Esse é um processo natural, porquanto, à proporção que nos aproximamos de Deus, afastamo-nos do pecado; e vice-versa.
Essa santificação vem pela dedicação à verdade revelada pelo Espírito Santo da verdade(cf João 14:17; 16:13). A verdade é tanto a Palavra de Deus(João 1:1), como a revelação da Palavra escrita de Deus. É bom ressaltar que a santidade não reside na guarda de costumes, mas na observância do que está registrado na Palavra de Deus. Quando a observamos e guardamos deixamos de pecar contra Deus, pois aprendemos a fazer o que lhe agrada.
2. Unidade (João 17.21,22).para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”(v.21). Aqui, Jesus orou pela unidade do testemunho. A oração foi feita pela unidade entre os cristãos, visando a salvação de pecadores. A unidade pela qual Cristo orou não era uma questão de unidade externa da Igreja. Antes, era uma unidade baseada na semelhança moral. Ele orava para que cristãos pudessem ser um ao exibir o caráter de Deus Pai e de Cristo. Isso é o que faria o mundo crer que Deus Pai o enviara. Essa é a unidade que faz o mundo dizer: “Vejo Cristo nesses cristãos como o Pai foi visto em Cristo”.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um”(v.22). Aqui, Jesus orou pela unidade em glória. Isso antecipa o tempo em que os santos receberão seu corpo glorificado. “A glória que a mim me deste” é a glória da ressurreição e ascensão. Não temos essa glória ainda. Ela nos foi transmitida em respeito aos propósitos de Deus para nós, mas não a receberemos até o Salvador voltar para nos levar ao Céu. Será manifesta ao mundo quando o Senhor Jesus Cristo voltar para restabelecer seu reino na Terra. Naquele tempo, o mundo reconhecerá a unidade vital entre o Pai e o Filho, e entre o Filho e seu povo.
3. Frutificação espiritual (João 17.18).Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. O Pai enviou o Senhor Jesus ao mundo a fim de revelar o caráter de Deus aos homens. Enquanto o Senhor orava, reconheceu que voltaria logo ao Céu. Mas gerações futuras precisariam de algum testemunho acerca de Deus. Essa obra deve ser feita por cristãos, por meio do poder do Espírito Santo. Naturalmente, os cristãos nunca poderão representar Deus tão perfeitamente como Cristo fez, porque nunca conseguirão ser igual a Deus. Mas, apesar disso, os cristãos estão aqui a fim de apresentar Deus ao mundo. É por isso que Jesus os enviou ao mundo. Por ter nos enviado ao mundo, não devemos tentar escapar do mundo nem evitar todos os relacionamentos com os não cristãos. Somos chamados para sermos sal e luz(Mt 5:13-16), e devemos fazer a obra que Deus nos enviou a fazer.
CONCLUSÃO
Temos tido uma vida de oração com Deus, da mesma forma que tinha o Nosso senhor Jesus? Temos orado pelo crescimento e união do Corpo de Cristo em todas as áreas? Temos orado com amor ou desejando o mal com vãs orações? Pois do mesmo modo que Jesus rogou em seu próprio favor, para que seja glorificado por Deus, e que também Ele rogou em favor dos seus discípulos e em favor de nós, temos que também seguir este exemplo (que por sinal, é o maior de todos), rogando sempre ao Pai, constantemente, pelo crescimento, pela unidade e união da Igreja.
A íntima comunhão de Jesus com o Pai é manifestada como o modelo para a nossa comunhão uns com os outros. Sua eterna unidade com o Pai é revelada como o molde da nossa comunhão com os salvos. Sua misericordiosa compaixão para com os ainda não salvos é a inspiração para o nosso mover em direção a estes.
Que as profundas e ricas palavras de Jesus nessa extraordinária oração entrem profundamente em nossos corações e transformem nossa vida substancialmente.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

sábado, 13 de novembro de 2010

"O HOMENZINHO DA RUA GEORGE"

Podemos ser um vaso nas mãos de Deus sem precisar estar em evidência! Deus requer o mínimo de nós para fazermos grandes coisas para o seu Reino. Este testemunho, publicado no site www.chamada.com.br, me emocionou sobremaneira! Leia-o e se proponha fazer o mesmo! Você não precisa se preocupar com relatórios e nem fazer sensacionalismo do trabalho que você fará para o engrandecimento do reino de Deus. Os líderes deste mundo jamais vão reconhecer o trabalho que fizermos, pois não sabem dimensionar o seu valor para Deus, pois só olham para a vultuosidade do mesmo. No Céu, porém, Deus não deixará passar nada que fizermos para enobrecer o seu reino, mesmo que seja o mais modesto aos olhos dos homens. Certamente, haverá uma recompensa para aqueles que disseminam a Palavra de Deus e que se mantém firme neste propósito. Apenas use as habilidades que você tem. Se sua habilidade é distribuir folheto, eis um grande trabalho a realizar! Este foi o que o Mr. Genor, o personagem principal deste lindo testemunho, realizou. Sem saber, ele ganhou milhares de pessoas para o reino de Deus. Este é um tipo de evangelista que me serve de modelo, porque assemelha-se o Senhor Jesus.
Luciano de Paula Lourenço





Alguma vez você já se perguntou o que resulta da distribuição de folhetos? O relato abaixo, do pastor Dave Smethurst, de Londres, responde essa pergunta:
“É uma história extraordinária a que eu vou contar. Tudo começou há alguns anos em uma Igreja Batista que se reúne no Palácio de Cristal ao Sul de Londres. Estávamos chegando ao final do culto dominical quando um homem se levantou em uma das últimas fileiras de bancos, ergueu sua mão e perguntou: “Pastor, desculpe-me, mas será que eu poderia dar um rápido testemunho?” Olhei para meu relógio e concordei, dizendo: “Você tem três minutos!” O homem logo começou com sua história:
“Mudei-me para cá há pouco tempo. Eu vivia em Sydney, na Austrália. Há alguns meses estive lá visitando alguns parentes e fui passear na rua George. Ela se estende do bairro comercial de Sydney até a área residencial chamada Rock. Um homem baixinho, de aparência um pouco estranha, de cabelos brancos, saiu da entrada de uma loja, entregou-me um folheto e perguntou: ‘Desculpe, mas o senhor é salvo? Se morrer hoje à noite, o senhor irá para o céu?’ – Fiquei perplexo com essas palavras, pois jamais alguém havia me perguntado uma coisa dessas. Agradeci polidamente pelo folheto, mas na viagem de volta para Londres eu me sentia bastante confuso com o episódio. Entrei em contato com um amigo que, graças a Deus, é cristão, e ele me conduziu a Cristo”.
Todos aplaudiram suas palavras e deram-lhe as boas-vindas, pois os batistas gostam de testemunhos desse tipo.
Uma semana depois, voei para Adelaide, no Sul da Austrália. Durante meus três dias de palestras em uma igreja batista local, uma mulher veio se aconselhar comigo. A primeira coisa que fiz foi perguntar sobre sua posição em relação a Jesus Cristo. Ela respondeu:
“Morei em Sydney por algum tempo, e há alguns meses voltei lá para visitar amigos. Estava na rua George fazendo compras quando um homenzinho de aparência curiosa, de cabelos brancos, saiu da entrada de uma loja e veio em minha direção, ofereceu-me um folheto e disse: ‘Desculpe, mas a senhora já é salva? Se morrer hoje, vai para o céu?’ – Essas palavras me deixaram inquieta. De volta a Adelaide, procurei por um pastor de uma igreja batista que ficava perto de minha casa. Depois de conversarmos, ele me conduziu a Cristo. Assim, posso lhe dizer que agora sou crente”.
Eu estava ficando muito admirado. Duas vezes, no prazo de apenas duas semanas, e em lugares tão distantes, eu ouvira o mesmo testemunho. Viajei para mais uma série de palestras na Mount Pleasant Church em Perth, no Oeste da Austrália. Quando concluí meu trabalho na cidade, um ancião da igreja me convidou para almoçar. Aproveitando a oportunidade, perguntei como ele tinha se tornado cristão. Ele explicou:
“Aos quinze anos vim a esta igreja, mas não tinha um relacionamento real com Jesus. Eu simplesmente participava das atividades, como todo mundo. Devido à minha capacidade para negócios e meu sucesso financeiro, minha influência na igreja foi aumentando. Há três anos fiz uma viagem de negócios a Sydney. Um homem pequeno, de aparência estranha, saiu da entrada de uma loja e me entregou um panfleto religioso – propaganda barata – e me fez a pergunta: ‘Desculpe, mas o senhor é salvo? Se morrer hoje, o senhor vai para o céu?’ – Tentei explicar-lhe que eu era ancião de uma igreja batista, mas ele nem quis me ouvir. Durante todo o caminho de volta para casa, de Sydney a Perth, eu fervia de raiva. Esperando contar com a simpatia do meu pastor, contei-lhe a estranha história. Mas ele não concordou comigo de forma alguma. Há anos ele vinha me incomodando e dizendo que eu não tinha um relacionamento pessoal com Jesus, e tinha razão. Foi assim que, há três anos, meu pastor me conduziu a Cristo”.
Voei de volta para Londres e logo depois falei na Assembléia Keswick no Lake-District. Lá relatei esses três testemunhos singulares. No final da série de conferências, quatro pastores idosos vieram à frente e contaram que eles também foram salvos, há 25-30 anos atrás, pela mesma pergunta e por um folheto entregue na rua George em Sydney, na Austrália.
Na semana seguinte viajei para uma igreja semelhante à de Keswick e falei a missionários no Caribe. Também lá contei os mesmos testemunhos. No final da minha palestra, três missionários vieram à frente e explicaram que há 15-25 anos atrás eles igualmente haviam sido salvos pela pergunta e pelo folheto do homenzinho da rua George na distante Austrália.
Minha próxima série de palestras me conduziu a Atlanta, na Geórgia (EUA). Fui até lá para falar num encontro de capelães da Marinha. Por três dias fiz palestras a mais de mil capelães de navios. No final, o capelão-mor me convidou para uma refeição. Aproveitando a oportunidade, perguntei como ele havia se tornado cristão.
“Foi um milagre. Eu era marinheiro em um navio de guerra no Pacífico Sul e vivia uma vida desprezível. Fazíamos manobras de treinamento naquela região e renovávamos nossos estoques de suprimentos no porto de Sydney. Ficamos totalmente largados. Em certa ocasião eu estava completamente embriagado e peguei o ônibus errado. Desci na rua George. Ao saltar do ônibus pensei que estava vendo um fantasma quando um homem apareceu na minha frente com um folheto na mão e perguntando: ‘Marinheiro, você está salvo? Se morrer hoje à noite, você vai para o céu?’ – O temor de Deus tomou conta de mim imediatamente. Fiquei sóbrio de repente, corri de volta para o navio e fui procurar o capelão. Ele me levou a Cristo. Com sua orientação, logo comecei a me preparar para o ministério. Hoje tenho a responsabilidade sobre mais de mil capelães da Marinha, que procuram ganhar almas para Cristo”.
Seis meses depois, viajei a uma conferência reunindo mais de cinco mil missionários no Nordeste da Índia. No final, o diretor da missão me levou para comer uma refeição simples em sua humilde e pequena casa. Também perguntei a ele como tinha deixado de ser hindu para tornar-se cristão.
“Cresci numa posição muito privilegiada. Viajei pelo mundo como representante diplomático da Índia. Sou muito feliz pelo perdão dos meus pecados, lavados pelo sangue de Cristo. Ficaria muito envergonhado se descobrissem tudo o que aprontei naquela época. Por um tempo, o serviço diplomático me conduziu a Sydney. Lá fiz algumas compras e estava levando pacotes com brinquedos e roupas para meus filhos. Eu descia a rua George quando um senhor bem-educado, grisalho e baixinho chegou perto de mim, entregou-me um folheto e me fez uma pergunta muito pessoal: ‘Desculpe-me, mas o senhor é salvo? Se morrer hoje, vai para o céu?’ – Agradeci na hora, mas fiquei remoendo esse assunto dentro de mim. De volta a minha cidade, fui procurar um sacerdote hindu. Ele não conseguiu me ajudar mas me aconselhou a satisfazer minha curiosidade junto a um missionário na Missão que ficava no fim da rua. Foi um bom conselho, pois nesse dia o missionário me conduziu a Cristo. Larguei o hinduísmo imediatamente e comecei a me preparar para o trabalho missionário. Saí do serviço diplomático e hoje, pela graça de Deus, tenho responsabilidade sobre todos esses missionários, que juntos já conduziram mais de 100.000 pessoas a Cristo”.
Oito meses depois, fui pregar em Sydney. Perguntei ao pastor batista que me convidara se ele conhecia um homem pequeno, de cabelos brancos, que costumava distribuir folhetos na rua George. Ele confirmou: “Sim, eu o conheço, seu nome é Mr. Genor, mas não creio que ele ainda faça esse trabalho, pois já está bem velho e fraco”. Dois dias depois fomos procurar por ele em sua pequena moradia. Batemos na porta, e um homenzinho pequeno, frágil e muito idoso nos saudou. Mr. Genor pediu que entrássemos e preparou um chá para nós. Ele estava tão debilitado e suas mãos tremiam tanto que continuamente derramava chá no pires. Contei-lhe todos os testemunhos que ouvira a seu respeito nos últimos três anos. As lágrimas começaram a rolar pela sua face, e então ele nos relatou sua história:
“Eu era marinheiro em um navio de guerra australiano. Vivia uma vida condenável. Durante uma crise entrei em colapso. Um dos meus colegas marinheiros, que eu havia incomodado muito, não me deixou sozinho nessa hora e ajudou a me levantar. Conduziu-me a Cristo, e minha vida mudou radicalmente de um dia para outro. Fiquei tão grato a Deus que prometi dar um testemunho simples de Jesus a pelo menos dez pessoas por dia. Quando Deus restaurou minhas forças, comecei a colocar meu plano em prática. Muitas vezes ficava doente e não conseguia cumprir minha promessa, mas assim que eu melhorava recuperava o tempo perdido. Depois que me aposentei, escolhi para meu propósito um lugar na rua George, onde centenas de pessoas cruzavam meu caminho diariamente. Algumas vezes as pessoas rejeitavam minha oferta, mas também havia as que recebiam meus folhetos com educação. Há quarenta anos faço isso, mas até o dia de hoje não tinha ouvido falar de ninguém que tivesse se voltado para Jesus através do meu trabalho”.
Aqui vemos o que é verdadeira dedicação: demonstrar amor e gratidão a Jesus por quarenta anos sem saber de qualquer resultado positivo. Esse homem simples, pequeno e sem dons especiais deu testemunho de sua fé para mais de 150.000 pessoas. Penso que os frutos do trabalho de Mr. Genor que Deus mostrou ao pastor londrino sejam apenas uma fração da ponta do iceberg.
Só Deus sabe quantas pessoas mais foram ganhas para Cristo através desses folhetos e das palavras desse homem. Mr. Genor, que realizou um enorme trabalho nos campos missionários, faleceu duas semanas depois de nossa visita. Você pode imaginar o galardão que o esperava no céu? Duvido que sua foto tenha aparecido alguma vez em alguma revista cristã. Também duvido que alguém tenha visto uma reportagem ilustrada a seu respeito. Ninguém, a não ser um pequeno grupo de batistas de Sydney, conhecia Mr. Genor, mas eu asseguro que no céu seu nome é muito conhecido. O céu conhece Mr. Genor, e podemos imaginar vividamente a maravilhosa recepção que ele teve quando entrou por suas portas. (extraído de Worldmissions – redação final: Werner Gitt)
Vale a Pena!
“Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21).
Existem muitas organizações que trabalham com literatura cristã. Inúmeros irmãos fazem uso de folhetos, livros, fitas e revistas para divulgar o Evangelho, mas geralmente não vêem o resultado de suas atividades missionárias. Isso pode causar desânimo, e certamente muitos distribuidores de folhetos já se perguntaram: “Será que vale a pena?”
Com freqüência ficamos sabendo de pessoas que se converteram através de um folheto ou de um livro, ou que foram fortalecidas na fé por meio da literatura. Mesmo que jamais saibamos dos resultados de nossa semeadura, eles são prometidos pelo Senhor (veja Is 55.11). Além disso, um obreiro na “seara do Senhor” não é avaliado pelo número de pessoas que se convertem pelo seu trabalho mas por sua fidelidade no trabalho cristão. Também devemos ter sempre em mente que nós não convertemos ninguém. Só Deus é que pode tocar os corações, despertar as consciências e, pelo Espírito Santo, conduzir uma pessoa à fé em Jesus Cristo. O exemplo citado mostra que Ele faz isso em nossos dias e que pode agir através de muito ou de pouco. Que este testemunho anime os distribuidores de folhetos a continuarem semeando com perseverança a boa semente, que certamente dará frutos a seu tempo. (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br).
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, abril de 2005.