segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aula 08 - A ORAÇÃO SACERDOTAL DE JESUS CRISTO

Leitura Bíblica: João 17.1-4; 15-17; 20-22
E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”(Lc 6:12).

INTRODUÇÃO
Uma das características do Senhor Jesus foi sua atitude sacerdotal para com seus discípulos. Momentos antes da pior hora, a hora do gemido, da dor, da morte, ele deixa sair do fundo de sua alma, palavras profundas, emocionantes, vibrantes, que enchem nossos corações de esperança. Em sua oração sacerdotal, exarada no capítulo 17 do evangelho segundo escreveu o apóstolo João, Jesus expressa seus sentimentos, pensamentos e vontades mais íntimas em relação aos seus discípulos. Nesta oração, o Senhor consagra-se para o sacrifício em que Ele é, ao mesmo tempo, sacerdote e vítima. Também é uma oração de consagração em favor daqueles por quem o sacrifício é oferecido: os discípulos que estavam presentes no cenáculo e os que depois viriam a crer através do testemunho deles. A partir dessa oração aprendemos que o mundo é um grande campo de batalha, onde as forças de Satanás e aqueles que estão sob a autoridade de Deus estão em guerra. O Diabo e suas hostes são motivados pelo ódio a Cristo e aos aliados dEle.
A oração inteira é uma bela ilustração da intercessão do nosso amado Senhor à mão direita de Deus. Não há nenhuma palavra contra o seu povo; nenhuma referencia às suas falhas ou deficiências. Todas as petições em particular a favor do seu povo se referem às coisas espirituais; todas têm referencia às bênçãos espirituais. O Senhor não pede riquezas para eles, nem honras, nem influencia mundial, ou grandes prioridades, mas ora mui sinceramente que sejam guardados do mal, separados do mundo, qualificados para as obrigações e levados em segurança ao lar celestial. Prosperidade da alma é a melhor prosperidade. Glórias a Deus!!
I. ORAÇÃO POR UMA VIDA DE COMUNHÃO COM O PAI
1. Relacionamento com Deus (João 17.2,3).
Assim como lhe deste poder sobre toda carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
Como podemos ter a vida eterna? Jesus nos dá a resposta aqui: conhecendo a Deus Pai através de seu Filho, Jesus Cristo. Este conhecimento não é uma simples questão de conhecimento intelectual; ele envolve um relacionamento pessoal. O Pai e o Filho se conhecem em amor mútuo, e através do conhecimento de Deus as pessoas são admitidas ao mistério deste amor divino, amando a Deus, sendo amadas por Ele e, em resposta, amando uma às outras. Esta é a base da unidade pela qual Jesus ora nos versículos 20-23 do capítulo 17. Atentemos, portanto, para o que o profeta Oséias recomenda: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor” (Os 6:3).
2. Meditação e prática da Palavra de Deus (Jo 17.6).Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra”. Jesus disse: “... e guardaram a tua Palavra”. Apesar de todas as falhas e fraquezas, Ele dá crédito aos discípulos como tendo crido e obedecido seus ensinos. Ele não proferiu nenhuma palavra contra os seus discípulos e não fez nenhuma alusão ao que tinham feito ou estavam a ponto de fazer, como abandoná-lo.
Os discípulos demonstraram ser realmente “seus” crendo nele, reconhecendo que seu ensino vinha de Deus Pai e aceitando-o de acordo com isto. Eles guardaram a Palavra de Deus que Ele lhes transmitiu, armazenando-a em seus corações e obedecendo-a em suas vidas. Desta forma, eles constataram por experiência própria que a promessa dele era verdadeira (João 7:17). Ao reconhecer que o ensino de Jesus vinha de Deus Pai, eles ao mesmo tempo reconheceram que Ele próprio vinha de Deus, o “enviado” do Pai(1João 4:2; 5:20).
Como bem disse o pr. Eliezer de Lira, a melhor maneira de conhecer o Pai e a sua vontade para seus filhos é meditar em sua Santa Palavra. A Lei do Senhor é capaz de ensinar, redarguir, corrigir, instruir em justiça (2 Tm 3.16), bem como produzir alegria (Jr 15.16), prosperidade (Sl 1.1-3) e vida eterna (João 6.63;6:28; Hb 4.12).
3. Uma vida que glorifique a Deus (17.4).Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer”. Enquanto o Senhor proferiu estas palavras, falava como se já tivesse morrido, sepultado e ressuscitado. Ele tinha glorificado o Pai por sua vida impecável, por seus milagres, por seu sofrimento e morte e por sua ressurreição. Ele tinha consumado a obra que o Pai lhe confiara para fazer.
Como está a nossa vida de crente, ela glorifica a Deus? O crente deve viver neste mundo para a glória do Senhor. O apóstolo Paulo, como imitador de Cristo(1Co 11:1), nos exorta: “Andai com Sabedoria para com os que estão de fora...”(Cl 4:5). Aqui, a expressão de Paulo, “os que estão de fora”, refere-se àqueles que não pertencem à Igreja, ou, que não são crentes. Desta forma, “os que estão de fora” podem estar dentro de nossa casa, ser nossos parentes; podem estar ao lado de nossa casa, ser nossos vizinhos; podem estar ao nosso lado, sendo nossos colegas de trabalho, ou de escola; podem estar nos caminhos por onde passarmos e nos locais onde convivemos.
Toda essa gente que nos cerca, que nos conhece, que convive conosco - pode não ler a Bíblia, mas, certamente, lê a nossa vida. Gostando do que leram em nós, poderão sentir desejo de ler, também, a Bíblia.
Não foi sem razão que Pedro disse: “Tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observe”(1Pe 2:12).
Paulo, no mesmo sentido, porém, com outras palavras, diz: “Para que andeis honestamente para com os que estão de fora...”(1Tes 4:12). “Viver honestamente... andar com sabedoria... andar honestamente...”. Perceba a ênfase que a Palavra de Deus dá ao testemunho do crente, através de sua maneira de viver.
Fica claro que o Crente não pode separar o que ele faz, daquilo que ele é. Não tendo uma maneira de andar conforme deve andar um seguidor de Jesus, então, também, não pode, ou não deve, falar que é um crente em Jesus.
Conta-se que um “crente” estava falando de Jesus e de sua Palavra. Uma pessoa que o conhecia, disse-lhe: “O que você faz fala tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”. Assim, para poder dizer que é um discípulo de Jesus, para poder dar o seu testemunho de crente, para que a sua vida glorifique a Deus, é preciso viver como um discípulo e ser um crente salvo.
Ao inspirar os apóstolos, o Espírito Santo sabia, e nós hoje também sabemos, que o testemunho do crente, ou sua conduta, ou sua maneira de viver é o cartão de visita de sua Igreja. Um crente, sem dizer palavras, pode abrir ou fechar as portas para o Evangelho.
À medida que nos relacionamos intimamente com o Senhor por meio da oração e da meditação em seus mandamentos, o seu caráter vai sendo moldado em nós e, por conseguinte, externamos uma vida que glorifica ao Senhor.
Que a Igreja de Cristo busque ardentemente agradá-lo e glorificá-lo em todo tempo - “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus”(1Co 10:31)
II. ORAÇÃO POR PERSEVERANÇA, ALEGRIA E LIVRAMENTO
1. Perseverança (João 17.11,12).
E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse”.
No dicionário a palavra perseverança está descrita como: persistência; constância; firmeza. Então é isso que Deus requer de nós, e temos vários motivos para realmente viver nessa prática. Não há ninguém que tenha alcançado algo de Deus para sua vida sem perseverança. Ao longo de toda bíblia observamos como essa atitude é exigida dos filhos de Deus.
Nos versículos acima é mostrado que Jesus estava a caminho do Pai, e não estaria mais com seus discípulos no mundo para protegê-los, como tinha feito até então, mas o Pai os protegeria em seu nome, isto é, pelo seu poder e autoridade. Ele sabia que, na sua ausência, a fé deles poderia enfraquecer. Por isso, intercedeu ao Pai para que continuassem crendo nEle e guardando a sua Palavra, a fim de conseguirem perseverar no caminho, na fé, na verdade e na comunhão.
A nossa salvação está em perseverar (Mt 10:22 e 24:13). Ter nossas orações respondidas está em perseverar (Rm 12:12 e Lc 18:1 a 8). Frutificar pela palavra em todas as áreas da nossa vida está em perseverar (Tiago 1:25 e 2Pedro 1:3 -11).
Em Hebreus 10: 38 e 39 diz: “Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma”. Aqui o crente é encorajado a não abandonar a sua fé em tempos de perseguição, mas a mostrarem, por sua resistência, que a sua fé é real. Ter fé significa descansar naquilo que Cristo fez por nós no passado, mas também significa confiar naquilo que Ele faz por nós no presente, e fará no futuro(ver Rm 8:14-25, 35-39).
A nossa esperança maior e o maior motivo pelo qual devemos perseverar é a vinda de Jesus, aquele grande Dia quando O conheceremos como Ele é, quando tudo o que hoje nos traz por um momento tristeza e tribulação terá um fim.
2. Alegria (João 17.13).Mas, agora, vou para ti e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos”. Jesus ora para que a alegria dos discípulos permaneça na sua ausência. Antes, na mesma noite, Jesus tinha dito aos seus discípulos: “Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa”(15:11).
Jesus mantinha seu profundo deleite em comunhão com o Pai. Ele queria que seus discípulos tivessem esse deleite que vem da dependência dele. Ele queria que sua alegria fosse, também, deles.
A idéia de alegria do ser humano é ser tão feliz quanto puder, deixando Deus fora de sua vida. O Senhor ensinou que alegria verdadeira vem por receber Deus na nossa vida o máximo possível, e guardar seus mandamentos.
Portanto, Jesus quer que sejamos alegres. A chave para a alegria incomensurável é viver em contato intimo com Cristo, a fonte de toda a alegria. Quando o fazemos, experimentamos o cuidado e a proteção especiais de Deus e vemos a vitória que Ele nos concede mesmo quando a derrota parece certa.
3. Livramento (João 17.15).Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. Apesar da hostilidade do mundo, Jesus não quer que seus discípulos sejam retirados dele. Sabemos que o mundo esta debaixo do poder do diabo (1João 5:19), que o domina como usurpador(veja 1João 2:13s., 3:12, 5:18); Jesus ora para que os discípulos sejam protegidos dele, assim como já os ensinara a orar por esta proteção(Mt 6:13).
Jesus entendia que nossa presença neste mundo decaído daria continuidade à sua obra, por isso não pediu ao Pai que nos tirasse deste mundo, mas que nos livrasse do mal. Imagine se cada salvo fosse arrebatado pouco depois de conhecer a Jesus como seu Senhor e Salvador. Não teríamos igrejas, lideranças, testemunhos, discipulado. Por isso Ele pediu que fôssemos guardados do mal, e não que fôssemos retirados deste mundo. Podemos descansar na proteção divina, uma vez que estamos refugiados no esconderijo do Altíssimo (Sl 91.1). Contudo, é nosso dever orar e vigiar, “em todo o tempo” (Ef 6.18), a fim de não entrarmos em tentação (Lc 22.40).
III. ORAÇÃO POR SANTIDADE, UNIDADE E FRUTOS ESPIRITUAIS
1. Santidade (João 17.17).
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Jesus ora para que seus discípulos sejam um povo santo, separados do mundo e do pecado, para adorar a Deus e servi-lo. Devem separar-se para estarem perto de Deus, para viverem para Ele e para serem semelhantes a Ele. Ao longo de toda a Bíblia, observamos que o Senhor sempre requereu de seu povo separação total do mundo e do pecado, a fim de adorá-lo e servi-lo. Esse é um processo natural, porquanto, à proporção que nos aproximamos de Deus, afastamo-nos do pecado; e vice-versa.
Essa santificação vem pela dedicação à verdade revelada pelo Espírito Santo da verdade(cf João 14:17; 16:13). A verdade é tanto a Palavra de Deus(João 1:1), como a revelação da Palavra escrita de Deus. É bom ressaltar que a santidade não reside na guarda de costumes, mas na observância do que está registrado na Palavra de Deus. Quando a observamos e guardamos deixamos de pecar contra Deus, pois aprendemos a fazer o que lhe agrada.
2. Unidade (João 17.21,22).para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”(v.21). Aqui, Jesus orou pela unidade do testemunho. A oração foi feita pela unidade entre os cristãos, visando a salvação de pecadores. A unidade pela qual Cristo orou não era uma questão de unidade externa da Igreja. Antes, era uma unidade baseada na semelhança moral. Ele orava para que cristãos pudessem ser um ao exibir o caráter de Deus Pai e de Cristo. Isso é o que faria o mundo crer que Deus Pai o enviara. Essa é a unidade que faz o mundo dizer: “Vejo Cristo nesses cristãos como o Pai foi visto em Cristo”.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um”(v.22). Aqui, Jesus orou pela unidade em glória. Isso antecipa o tempo em que os santos receberão seu corpo glorificado. “A glória que a mim me deste” é a glória da ressurreição e ascensão. Não temos essa glória ainda. Ela nos foi transmitida em respeito aos propósitos de Deus para nós, mas não a receberemos até o Salvador voltar para nos levar ao Céu. Será manifesta ao mundo quando o Senhor Jesus Cristo voltar para restabelecer seu reino na Terra. Naquele tempo, o mundo reconhecerá a unidade vital entre o Pai e o Filho, e entre o Filho e seu povo.
3. Frutificação espiritual (João 17.18).Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. O Pai enviou o Senhor Jesus ao mundo a fim de revelar o caráter de Deus aos homens. Enquanto o Senhor orava, reconheceu que voltaria logo ao Céu. Mas gerações futuras precisariam de algum testemunho acerca de Deus. Essa obra deve ser feita por cristãos, por meio do poder do Espírito Santo. Naturalmente, os cristãos nunca poderão representar Deus tão perfeitamente como Cristo fez, porque nunca conseguirão ser igual a Deus. Mas, apesar disso, os cristãos estão aqui a fim de apresentar Deus ao mundo. É por isso que Jesus os enviou ao mundo. Por ter nos enviado ao mundo, não devemos tentar escapar do mundo nem evitar todos os relacionamentos com os não cristãos. Somos chamados para sermos sal e luz(Mt 5:13-16), e devemos fazer a obra que Deus nos enviou a fazer.
CONCLUSÃO
Temos tido uma vida de oração com Deus, da mesma forma que tinha o Nosso senhor Jesus? Temos orado pelo crescimento e união do Corpo de Cristo em todas as áreas? Temos orado com amor ou desejando o mal com vãs orações? Pois do mesmo modo que Jesus rogou em seu próprio favor, para que seja glorificado por Deus, e que também Ele rogou em favor dos seus discípulos e em favor de nós, temos que também seguir este exemplo (que por sinal, é o maior de todos), rogando sempre ao Pai, constantemente, pelo crescimento, pela unidade e união da Igreja.
A íntima comunhão de Jesus com o Pai é manifestada como o modelo para a nossa comunhão uns com os outros. Sua eterna unidade com o Pai é revelada como o molde da nossa comunhão com os salvos. Sua misericordiosa compaixão para com os ainda não salvos é a inspiração para o nosso mover em direção a estes.
Que as profundas e ricas palavras de Jesus nessa extraordinária oração entrem profundamente em nossos corações e transformem nossa vida substancialmente.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

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