3º Trimestre/2025
SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 04
“E,
tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do
Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (Atos 4:31).
Atos 4:
24.E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e
disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o
que neles há;
25.Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram
os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?
26.Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram
à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27.Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que
tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e
os povos de Israel;
28.Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham
anteriormente determinado que se havia de fazer.
29.Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede
aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra;
30.Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam
sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus.
31.E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e
todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de
Deus.
INTRODUÇÃO
1. Suporta o sofrimento
“E, chamando-os, disseram-lhes que
absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus” (Atos 4:18).
A
verdadeira igreja de Cristo não é marcada apenas por eventos gloriosos, mas
principalmente por sua capacidade de permanecer firme em meio às adversidades.
A experiência de Pedro e João, após o milagre na Porta Formosa, é emblemática:
ao invés de recuarem diante da prisão e das ameaças (Atos 4:3,17,18), eles
demonstraram coragem e firmeza ao declarar que era impossível deixar de falar
do que tinham visto e ouvido (Atos 4:20). Essa ousadia, no entanto, não era
fruto de mera coragem humana, mas de uma vida cheia do Espírito Santo - “então
Pedro, cheio do Espírito Santo” (Atos 4:8). Pedro já havia sido cheio do
Espírito Santo no Pentecostes (Atos 2:4), mas agora, frente à perseguição, é
revestido novamente com poder para enfrentar o sofrimento com firmeza.
A
perseverança da Igreja não é, portanto, apenas um esforço humano ou moral, mas
uma evidência da ação contínua do Espírito Santo em seu interior. Igrejas
Locais cheias do Espírito enfrentam o sofrimento com fé e submissão à vontade
de Deus, sem negociar a verdade ou comprometer sua fidelidade a Cristo.
Perseverar, nesse contexto, é resistir sem se calar; é sofrer sem perder a
esperança; é triunfar sem precisar retaliar. Essa é a marca da igreja
vitoriosa: cheia do Espírito, ela permanece fiel mesmo sob pressão.
“Julgai vós se é justo, diante de Deus,
ouvir-vos antes a vós do que a Deus” (Atos 4:19).
A
perseverança espiritual da Igreja não se limita à resistência passiva, mas se
revela sobretudo em sua fidelidade inegociável aos valores do Evangelho. Quando
os apóstolos foram proibidos pelo Sinédrio de pregar e ensinar em nome de Jesus
(Atos 4:18), sua resposta foi firme e convicta: “Julgai vós se é justo,
diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus” (Atos 4:19). Eles não
estavam apenas desafiando a autoridade humana, mas reafirmando que a obediência
a Deus está acima de qualquer imposição terrena.
Essa
postura nos remete a outros exemplos bíblicos de fidelidade:
- As parteiras hebreias recusaram-se a matar os bebês israelitas
por temor a Deus (Êx.1:17);
- Daniel e seus amigos não se curvaram diante da idolatria
babilônica (Dn.3:16-18);
- Moisés foi preservado por pais que não temeram o
decreto de Faraó (Hb.11:23).
Em todos
esses casos, vemos homens e mulheres que escolheram agradar a Deus, mesmo que
isso implicasse confrontar autoridades e arriscar a própria vida.
Pedro e
João, agora cheios do Espírito Santo, estavam diante dos mesmos líderes
religiosos que haviam condenado Jesus à morte. Ainda assim, não se intimidaram.
Declararam com ousadia que não poderiam deixar de falar do que tinham visto e
ouvido (Atos 4:20). Eles haviam testemunhado o poder de Cristo: viram cegos
enxergarem, coxos andarem, mortos se levantarem, e foram eles próprios
transformados por esse poder.
O
verdadeiro perigo não está em enfrentar o mundo, mas em ceder a ele. A igreja
que negocia seus valores, que relativiza a verdade para se adaptar à cultura ou
evitar confrontos, está perdendo o poder do Espírito Santo. Uma igreja
perseverante resiste ao espírito deste século, recusa-se a silenciar o nome de
Jesus e permanece firme na verdade das Escrituras, mesmo quando isso lhe custa
rejeição, perseguição ou sofrimento. Como disse o Senhor: “Não temais os que
matam o corpo e não podem matar a alma” (Mt.10:28).
3. Está
convicta de sua fé
“não podemos
deixar de falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4:20).
A perseverança da Igreja está diretamente relacionada à
profundidade de sua convicção. Uma igreja cheia do Espírito Santo não vive de
teorias religiosas ou tradições vazias, mas de experiências concretas com Deus.
Pedro e João não falaram com base em especulações, mas com a autoridade de quem
havia testemunhado pessoalmente os feitos de Cristo: “não podemos deixar de
falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4:20). Esta é a essência da fé perseverante
— uma fé fundamentada na realidade do poder de Deus.
Os apóstolos haviam visto o Senhor crucificado, mas também haviam
contemplado o túmulo vazio. Tinham caminhado com o Cristo ressurreto e
experimentado, em Pentecostes, a plenitude do Espírito. Seus olhos tinham visto
cegos enxergarem, coxos andarem, leprosos serem purificados, e seus corações
haviam sido radicalmente transformados. Sua convicção não era fruto de um
discurso persuasivo, mas do impacto de uma vida marcada por encontros com o
sobrenatural.
Assim também, os cristãos do Novo Testamento não apenas anunciavam
a Palavra, mas confirmavam-na com sinais e maravilhas. Quando Filipe pregou em
Samaria, os ouvintes se renderam à mensagem porque “ouviam e viam os sinais”
que ele realizava (Atos 8:6). A pregação era acompanhada de poder, evidência da
presença de Deus em ação. Como escreveu o apóstolo Paulo, o Evangelho que ele
anunciava não consistia apenas em palavras, mas “em poder e no Espírito Santo”
(1Ts.1:5; cf. Rm.15:18,19).
Essa convicção nasce da comunhão com Deus e se sustenta pela
atuação contínua do Espírito Santo. Uma igreja convicta é uma igreja que não
retrocede. Ela permanece firme mesmo em meio à oposição, pois conhece em quem
tem crido (2Tm.1:12). E quanto mais vê Deus agir, mais ousadamente proclama sua
fé. Em um tempo em que muitas vozes buscam desacreditar o Evangelho, a igreja
perseverante precisa levantar-se com convicção e testemunhar com autoridade:
“nós vimos, nós ouvimos, nós cremos e, por isso, falamos” (2Co.4:13).
O QUE APRENDEMOS NESTE TÓPICO I
– “UMA IGREJA PERSEVERANTE” Este primeiro tópico nos ensina que a verdadeira força da Igreja
não está em sua popularidade ou estrutura, mas em sua capacidade de
permanecer fiel a Cristo mesmo em tempos de oposição e sofrimento. A perseverança
é uma marca essencial da igreja que vive no poder do Espírito Santo. 1. Suporta o sofrimento com firmeza
espiritual. A experiência de Pedro e João diante das ameaças do Sinédrio
mostra que a perseverança cristã não é fruto de coragem natural, mas
da ação contínua do Espírito Santo. Mesmo após serem presos e ameaçados,
eles não se calaram. Isso nos ensina que uma igreja cheia do Espírito não
foge da dor, mas a enfrenta com fé, sem abrir mão da missão. Perseverar é
continuar proclamando, mesmo quando o mundo tenta silenciar. 2. Não negocia seus valores. A
resposta dos apóstolos — “é melhor obedecer a Deus do que aos homens” —
revela uma fidelidade inegociável. A igreja perseverante não se curva às
pressões culturais, políticas ou sociais. Ela permanece firme na verdade do
Evangelho, mesmo que isso custe sua reputação ou segurança. Como os heróis da
fé do Antigo Testamento, ela escolhe agradar a Deus acima de tudo. 3. Está convicta de sua fé. A
perseverança nasce da convicção profunda de quem viu, ouviu e
experimentou o poder de Deus. Pedro e João não falavam por tradição, mas por
experiência. Eles tinham visto o Cristo ressurreto, vivido o Pentecostes e
testemunhado milagres. Essa fé vivida gera ousadia. Uma igreja convicta não
se cala, porque sabe em quem tem crido. Ela fala com autoridade, pois sua fé
é real e transformadora. Aplicação prática
|
II. UMA IGREJA QUE ORA COM PODER
1. Orando com propósito
“E, soltos eles, foram para os seus e contaram
tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos. E,
ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus [...] “ (Atos
4:23,24).
Uma igreja
cheia do Espírito Santo sabe onde buscar força: na oração (Atos 4:24-31).
Diante da primeira grande perseguição (Atos 4:1-23), a reação imediata da
igreja de Jerusalém não foi o medo, a ira ou o desejo de vingança, mas uma
convocação à oração unida. Isso revela maturidade espiritual e dependência
total de Deus. Quando os crentes oram, reconhecem que a batalha não é contra
carne e sangue, e que a vitória não vem da força humana, mas da intervenção
divina.
A oração
registrada em Atos 4:24-31 é profundamente intencional. Os discípulos não
fizeram petições genéricas — eles oraram com propósito claro. Reconheceram a
soberania de Deus, relembraram as Escrituras (Salmos 2), e apresentaram uma
súplica específica: ousadia para continuar anunciando o Evangelho, mesmo
em face da oposição. Eles não pediram livramento da perseguição, mas coragem
para enfrentá-la e fidelidade para cumprir sua missão.
Essa
oração demonstra que uma igreja cheia do Espírito não busca conforto, mas
capacitação. O foco não estava em si mesma, mas na glória de Deus por meio da
proclamação do nome de Jesus. Quando uma igreja ora assim — com clareza,
humildade e propósito — ela move os céus e se torna instrumento de milagres na
terra. A oração, portanto, não é um recurso secundário, mas a primeira resposta
da igreja perseverante e cheia do Espírito.
2. Orando em unidade
“E, ouvindo eles isto, unânimes
levantaram a voz a Deus...” (Atos 4:24)
A
expressão “unânimes” em Atos 4:24, traduzida do grego homothymadon,
carrega a ideia de uma profunda harmonia espiritual — não apenas de estarem
juntos fisicamente, mas de estarem de coração e mente alinhados em um
mesmo propósito diante de Deus. Essa é uma das marcas mais fortes de uma igreja
cheia do Espírito Santo: a unidade que nasce da submissão coletiva ao senhorio
de Cristo e da busca sincera pela vontade de Deus.
A oração
da igreja primitiva não foi feita por vozes dispersas, motivadas por interesses
individuais, foi uma oração unificada, conduzida por um só Espírito. Isso não
significa que todos na igreja eram iguais em maturidade ou dons, mas que todos
estavam em comunhão e submissos ao mesmo propósito: glorificar a Deus e cumprir
Sua missão. A diversidade de experiências, personalidades e níveis de fé não
impediu, mas enriquecia essa unidade espiritual.
Uma igreja
que ora em unidade impacta o mundo. Jesus disse que, onde há concordância na
oração, ali está a aprovação do Pai (Mt.18:19,20). E foi essa unidade de
propósito que fez a igreja primitiva romper barreiras, suportar perseguições e
experimentar grandes manifestações do poder de Deus.
Portanto,
orar em unidade é mais do que estar no mesmo lugar — é estar com o mesmo
coração voltado ao céu. É quando a igreja deixa de ser apenas uma reunião de
pessoas e se torna um só corpo, cheio do Espírito e alinhado com os céus.
3. Orando fundamentada na Palavra de Deus
(Atos 4:25,26)
“que disseste pela boca de Davi, teu servo:
Por que bramaram as gentes, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se
os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma contra o Senhor e contra o
seu Ungido”.
A oração
da igreja em Atos 4 foi marcada por profundo conhecimento das Escrituras
Sagradas. Diante da perseguição, os crentes não se desesperaram, tampouco se
deixaram dominar pelo medo; ao contrário, eles recorreram à Palavra de Deus e
oraram com base nela. Citando o Salmo 2, reconheceram que a oposição contra
Cristo já havia sido profetizada — os reis e autoridades se levantariam contra
o Ungido do Senhor — mas tudo isso estava sob o controle soberano de Deus.
Essa
atitude revela uma verdade essencial: uma
igreja cheia do Espírito ora fundamentada na Palavra. Ela entende que a Bíblia
não apenas inspira a oração, mas também orienta o conteúdo dela, dando-lhe
profundidade, precisão e autoridade. Ao
citarem o texto bíblico, os discípulos demonstraram fé no propósito eterno de
Deus. Perceberam que a prisão, as ameaças e a perseguição não estavam fora do
plano divino, mas eram meios pelos quais Deus estava cumprindo Sua vontade
soberana.
O teólogo
Werner de Boor afirma com precisão que os inimigos de Cristo não frustraram os
planos de Deus — ao contrário, suas ações contribuíram para a concretização do
que o Senhor já havia predeterminado. Isso é exatamente o que Atos 4:28
declara: os adversários apenas fizeram o que a mão e o conselho de Deus haviam
anteriormente decidido.
Orar com
base na Palavra é uma das chaves para uma vida de oração eficaz. Deus vela por
Sua Palavra para cumpri-la (Jr.1:12), e orações desconectadas das Escrituras
tendem a ser vazias, desorientadas e ineficazes. Por isso, quanto mais uma
igreja conhece e medita na Palavra, mais poderosa e confiante será sua oração,
mesmo em meio à adversidade.
O QUE APRENDEMOS NESTE TÓPICO II
– “UMA IGREJA QUE ORA COM PODER” Este tópico II nos ensina que a oração não é apenas uma prática
devocional, mas uma ferramenta poderosa e indispensável para a vida
da igreja. A igreja primitiva nos dá um exemplo claro de como orar com
propósito, unidade e fundamentação bíblica. 1. Orando com propósito. A igreja
de Jerusalém, diante da perseguição, não se desesperou nem buscou soluções
humanas. Sua primeira reação foi a oração — e não uma oração genérica,
mas intencional e focada. Eles reconheceram a soberania de Deus,
relembraram as Escrituras e pediram ousadia para continuar pregando. Isso nos
ensina que uma igreja cheia do Espírito não ora por conforto, mas por
capacitação. A oração com propósito alinha o coração da igreja com a missão
de Deus. 2. Orando em unidade. A
expressão “unânimes” revela que a oração da igreja era feita
com harmonia espiritual. Não se tratava apenas de estarem juntos
fisicamente, mas de estarem alinhados em mente e coração. Essa unidade é
fruto da submissão coletiva ao Espírito Santo. Quando a igreja ora em
concordância, ela se torna um só corpo, e essa unidade espiritual atrai
a presença e o poder de Deus. Jesus prometeu que onde houver concordância,
ali estará o Pai (Mt.18:19,20). 3. Orando fundamentada na Palavra. A oração
da igreja foi baseada nas Escrituras, especialmente no Salmo 2. Isso mostra
que orar com base na Palavra de Deus dá profundidade, direção e
autoridade à oração. Eles entenderam que a perseguição não era um acidente,
mas parte do plano soberano de Deus. Orar com as Escrituras é reconhecer que
Deus já falou, e que nossas orações devem estar em sintonia com Sua vontade
revelada. Quanto mais a igreja conhece a Palavra, mais eficaz será sua
oração. Aplicação prática
|
III. UMA IGREJA OUSADA NO SEU TESTEMUNHO
1. Ousadia
para enfrentar oposição ao Evangelho
A oração registrada em Atos 4:29 revela a
maturidade espiritual da igreja primitiva. Diante das ameaças das autoridades,
os crentes não pediram alívio ou proteção, mas ousadia para continuar
proclamando a Palavra de Deus. Eles reconheceram a gravidade da oposição –
“olha para as suas ameaças” – mas não foram dominados pelo medo. Em vez de
focar na autopreservação, desejaram ser instrumentos da vontade de Deus, mesmo
que isso lhes custasse perseguição.
Essa atitude reflete a consciência de que a
fidelidade ao Evangelho inevitavelmente atrai oposição (2Tm.3:12). Uma igreja
verdadeiramente bíblica não busca agradar ao mundo nem se moldar à agenda do
Estado, mas permanece firme na verdade de Deus, ainda que rejeitada. Como
afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes, a verdadeira oração não tenta manipular
Deus, mas submete-se à Sua vontade soberana, pedindo poder para viver e
anunciar essa vontade.
Hoje, muitas igrejas abandonaram a
centralidade da Palavra, trocando a cruz por discursos de autoajuda, a
santidade por promessas de prosperidade, e o Evangelho por entretenimento
religioso. Diferente disso, a igreja de Jerusalém testemunhava com ousadia,
movida pelo Espírito Santo, sem concessões à pressão cultural ou religiosa. A
Igreja atual precisa redescobrir essa ousadia — não uma ousadia humana ou
arrogante, mas aquela que nasce da convicção profunda de quem viu, ouviu e foi
transformado pelo poder do Evangelho. É tempo de voltarmos à Palavra e
proclamá-la com intrepidez.
2. Ousadia no exercício dos dons espirituais
“E, tendo orado, moveu-se o lugar em que
estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo...” (Atos 4:31).
Em Atos
4:31, vemos uma resposta extraordinária à oração unânime da igreja primitiva: o
lugar onde estavam reunidos tremeu e todos foram novamente cheios do Espírito
Santo. Esse “tremor” não foi apenas físico, mas principalmente espiritual,
simbolizando a presença manifesta de Deus e a confirmação de que Ele atenderia
à oração feita. O efeito imediato desse novo enchimento foi a ousadia renovada
para anunciar com autoridade e clareza a Palavra de Deus.
Esse
episódio destaca uma verdade essencial: a evangelização autêntica e frutífera
depende inteiramente do poder do Espírito Santo. O ministério cristão não pode
ser sustentado por carisma humano, estratégias de mercado ou habilidades
retóricas. Como bem afirmou Charles Spurgeon: “Eu creio no Espírito Santo, eu
dependo do Espírito Santo”. Sem Ele, a obra se torna infrutífera. É o Espírito
quem convence do pecado, transforma corações e fortalece os crentes para
testemunhar. Sem o Espírito Santo nenhuma alma pode ser convertida. É mais
fácil um leão tornar-se vegetariano do que uma pessoa converter-se a Cristo sem
a obra do Espirito Santo.
O
enchimento do Espírito, como vemos em Atos, não é um evento único, mas
contínuo. Precisamos ser continuamente cheio do Espírito Santo. O enchimento de
ontem não serve mais para hoje (Atos 2:4; 4:8; 4:31). Pedro, que já havia sido
cheio no Pentecostes (Atos 2:4) e novamente ao testemunhar perante o Sinédrio
(Atos 4:8), é agora mais uma vez revestido de poder (Atos 4:31). Isso nos
ensina que a ousadia espiritual não nasce de autoconfiança, mas da constante
dependência e comunhão com o Espírito Santo. Fazer a obra de Deus sem esse
poder é como tentar cortar lenha com o cabo do machado: um esforço debalde.
Portanto,
uma igreja ousada não depende de artifícios humanos, mas está cheia do Espírito
e manifesta seus dons com intrepidez, visando exclusivamente a glorificação de
Cristo e a salvação das almas.
3. Ousadia na exposição da Palavra
“...e anunciavam com ousadia a palavra de
Deus” (Atos 4:31).
Em Atos
4:31, lemos que, após a fervorosa oração da igreja, “todos foram cheios do
Espírito Santo e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus”. A palavra grega
usada para “ousadia” (parrēsía) denota franqueza, liberdade e coragem
para falar abertamente, sem medo das consequências. Isso indica que a plenitude
do Espírito Santo não apenas fortaleceu os discípulos interiormente, mas também
os capacitou a proclamar a verdade de Deus com firmeza e clareza, mesmo diante
de perseguições.
Esse mesmo
termo aparece em Atos 4:13, onde o Sinédrio se maravilha ao perceber a ousadia
de Pedro e João, especialmente por serem “homens iletrados e indoutos”. O
impacto da exposição da Palavra não estava na eloquência humana, mas no poder
do Espírito que os habilitava a testemunhar com autoridade. Ousadia aqui não é
sinônimo de arrogância, mas de coragem santa, fundamentada na certeza do que se
viu, ouviu e experimentou em Cristo (Atos 4:20).
Uma igreja
cheia do Espírito não apenas ora com fervor, mas também prega com ousadia. Não
se curva diante da pressão cultural, nem adapta a mensagem para agradar aos
ouvintes. Ela proclama fielmente o evangelho de Cristo, ainda que isso custe
rejeição, oposição ou sofrimento. Hoje, em meio a um mundo que rejeita
absolutos e promove relativismos, precisamos recuperar essa ousadia espiritual.
O Espírito Santo não apenas consola e santifica, mas também capacita a Igreja
para proclamar com intrepidez a verdade eterna.
Portanto,
a ousadia na exposição da Palavra é uma marca visível de uma igreja cheia do
Espírito: ela fala com clareza, autoridade e fidelidade, colocando a glória de
Deus acima de toda aceitação humana.
O QUE APRENDEMOS NESTE TÓPICO
III – “UMA IGREJA OUSADA NO SEU TESTEMUNHO” Este tópico III nos ensina que a ousadia da Igreja não é fruto
de autoconfiança ou ativismo religioso, mas de uma vida cheia do Espírito
Santo, fundamentada na Palavra e comprometida com a missão de proclamar
Cristo, mesmo diante da oposição. 1. Ousadia para enfrentar oposição ao
Evangelho. A oração da igreja primitiva em Atos 4:29 revela uma maturidade
espiritual impressionante: em vez de pedir livramento, pediram ousadia para
continuar pregando. Isso nos ensina que a verdadeira ousadia nasce da
submissão à vontade de Deus, mesmo quando isso implica sofrimento. A igreja
ousada não busca agradar ao mundo, mas permanecer fiel à verdade, sabendo que
a oposição é parte do caminho cristão (2Tm.3:12). 2. Ousadia no exercício dos dons espirituais.
A resposta divina à oração foi imediata: o lugar tremeu e todos
foram cheios do Espírito Santo novamente (Atos 4:31). Isso mostra que a
ousadia espiritual é renovada continuamente pela ação do Espírito, e não é um
evento isolado. A evangelização eficaz não depende de carisma humano, mas do
poder do Espírito que convence, transforma e capacita. Uma igreja ousada é
uma igreja que depende do Espírito Santo diariamente para cumprir
sua missão com poder e autenticidade. 3. Ousadia na exposição da Palavra. A
ousadia também se manifesta na clareza, fidelidade e coragem com que a
Palavra é anunciada. A igreja primitiva não adaptava a mensagem para agradar,
mas proclamava com franqueza e autoridade, mesmo diante de ameaças. A palavra
grega parrēsía usada em Atos 4:31 indica uma coragem santa,
que nasce da convicção profunda de quem conhece a verdade. Hoje, em um mundo
que rejeita absolutos, a igreja precisa recuperar essa ousadia para pregar
com fidelidade, sem medo de rejeição. Aplicações práticas
|
CONCLUSÃO
Uma igreja cheia do Espírito Santo é marcada pela perseverança,
pela oração poderosa e por um testemunho ousado. Em meio às adversidades, ela
não se acovarda, mas permanece firme, sustentada pela fé e fortalecida pelo
Espírito. Ora com propósito, em unidade e fundamentada na Palavra, confiando
que Deus governa todas as coisas. Testemunha com intrepidez, não por força
humana, mas pela capacitação do Espírito, proclamando fielmente o Evangelho de
Cristo. Que sejamos hoje essa igreja viva, corajosa e dependente de Deus,
pronta para cumprir sua missão até a volta gloriosa do Senhor Jesus.
Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Dicionário
VINE.CPAD.
O
Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da Igreja. Hagnos.
Ralph
Earle. Livro dos Atos do Apóstolos.
Myer Pearlman. Atos: Estudo do Livro de Atos e
o Crescimento da Igreja Primitiva.
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