domingo, 27 de janeiro de 2013

Aula 05 – UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO


1º Trimestre/2013

Texto Básico: 1Reis 19:2-8

03/02/2013

 

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2Co 4:8,9)

 

INTRODUÇÃO


Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do inimigo. Até ao triunfo do Carmelo quando Elias sozinho enfrentou quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos do poste-ídolo Aserá, não se observa nele segundo as Escrituras nenhum traço de depressão espiritual. Mas depois do Carmelo e mais precisamente quando Elias aguardava à entrada de Jezreel boas notícias que dentro de um prognóstico seu viriam da casa real, tudo mudou (1Reis 18:46). Elias fez um prognóstico que uma vez exterminados os falsos profetas de Baal, Deus, de imediato, enviaria o avivamento espiritual sobre toda a nação. Isto fica mais evidente quando depois da vitória sobre os falsos profetas, Elias disse a Acabe: Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva (1Reis 18:41). A chuva era o sinal! Quando Acabe deu a notícia a Jezabel, ela prontamente enviou um mensageiro dizer a Elias: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles (1Reis 19:2). Elias esperava uma renovação espiritual na realeza face a presença de Deus incidida no Monte Carmelo, demonstrando que só Ele é Deus e Senhor em Israel. Entretanto, ouve uma ferrenha oposição ao profeta de Deus e isto lhe causou depressão, levando-o a desistir de lutar. Ele tirou os olhos de Deus e colocou-os nas circunstâncias. Isso pode acontecer com qualquer um de nós, por isso precisamos ter muito cuidado.

I. DEPRESSÃO


1. O que é depressão. É uma doença física como outra qualquer, só que desorganiza as reações emocionais. Ela é muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois um dos seus principais sintomas pode ser confundido com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter. É muito comum ouvir as pessoas dizer que estão deprimidas, quando apenas estão chateadas, estressadas ou porque se desentenderam com alguém.

Muitas pessoas, até aquelas consideradas muita calmas, perderia a paciência ou se chatearia numa briga de trânsito, invertida profissional, falta de grana, doença na família, perda de um ente querido, desemprego, crise conjugal, etc. Isto é comum na vida das pessoas, oscilamos o nosso humor diariamente. Só que depois de um curto período de tempo voltamos ao normal, sem grandes dramas, correndo atrás do prejuízo. Já a pessoa deprimida ou com predisposição, às vezes com uma chateação corriqueira, pode ser nocauteada e cair num abismo sem fim. Porque é assim mesmo que se sente um deprimido. Uma pessoa sem perspectiva de vida, sem amor próprio, pessimista, desanimada que não vê graça em nada a não ser no seu isolamento e luto em vida. Na realidade este desânimo perante a vida não é falta de atitude e sim um mau funcionamento cerebral. Porque embora muitas pessoas acham que depressão é tolice, “ela é uma doença, um desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores (mensageiros químicos do impulso nervoso) responsáveis pelo controle do estado de humor. Em alguns casos, a cura não depende, como se costuma pensar, da vontade própria”(fonte: http://www.espacovidaclinica.com.br/tratamentos.asp?tratamento=1).

Devemos ter cuidado para não associar a depressão com pecado, o que costuma acontecer em muitas igrejas. Essa doença, dependendo do caso, pode ser tratada tanto com medicação quanto por meio de terapia e aconselhamento. Não podemos descartar a possibilidade de uma cura divina, e, quando necessário, atentar para a necessidade de uma intervenção médica (Mt 9:12).

2. Sintomas da Depressão. Os sintomas da pessoa com depressão podem passar completamente despercebidos e só tomamos consciência da situação quando a pessoa comete alguma "asneira". Depois é demasiado tarde. Alguns dos sintomas são: Após um período de tristeza, a pessoa esmorece e fica "isolada do mundo". Não sente vontade de reagir, não acha graça em nada, se sente angustiada, sem energia, chora à toa, tem dificuldade para começar uma tarefa, dificuldade em terminar o que começou, persistência de pensamentos negativos e um mal-estar generalizado: indisposição, dores pelo corpo, insônia ou sonolência, alterações no apetite, falta de memória, concentração, vulnerabilidade, fraqueza, taquicardia, dores de cabeça, suores ou outros sintomas físicos que joga a pessoa pra baixo; pessimismo, hipocondria, autocrítica; sentimentos de culpa, de vergonha, de desamparo; sentimento de que não é digno; perda de interessa no trabalho e/ou na vida sexual, tensão, tendência a acidentes, etc.

3. Causas da depressão. A depressão pode ser causada pela maneira como se vive no trabalho, no lar, na escola. O emprego que não oferece recompensa, mas não pode ser deixado porque não há outro em vista; muita tensão de horários e prazos; tensão doméstica, econômica, déficit de sono, pouco exercício físico, problemas pessoais, problemas de criação, problemas na infância, problemas de relacionamento, distância de Deus, a meia-idade (difícil para o homem, ainda mais difícil para a mulher), desapontamentos, enfermidade, depressão após o parto, rejeição, alimentação inadequada, efeito de entorpecentes, perda de emprego, perda de posição, perda de pessoas queridas por morte, divórcio, abandono etc., etc. Outras causas não têm sentido aparente, porém, na verdade, são provocadas por um desequilíbrio interno, como desordens glandulares ou hipoglicemia.

A verdade é que a depressão é uma condição da qual Satanás se aproveita para tornar o povo de Deus inútil para a Obra do Mestre. Entende o cristão deprimido que Deus dá perdão, mas não o experimentou ou acha que não foi salvo ou que perdeu a salvação (coisa que a Bíblia não ensina), ou ainda que cometeu o pecado imperdoável (sem saber defini-lo). Satã ataca o cristão com o cansaço que deprime, e, assim, vem o sentimento de fraqueza, ansiedade e medo. Medo da morte, medo do amanhã, medo de gente, medo de coisas específicas, e medos mal definidos também.

Como se vê, as causas da depressão podem ser as mais diversas, inclusive não podemos descartar os casos hereditários. Há pessoas que, ao que tudo indica, têm alguma propensão, vinda dos seus pais, para desenvolver esse tipo doença. Mas, na maioria das vezes, a causa da depressão é cultural, isto é, depende do estilo de vida no qual as pessoas se integram e a que são expostos.

II. ELIAS - UM HOMEM COMO OS OUTROS


Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto" (Tg 5:16-18).

Elias foi um homem levantado por Deus em tempo de crise política e apostasia religiosa em Israel. Ele, ousadamente, confrontou os pecados do rei Acabe, dizendo-lhe que em seu reino não choveria por três anos, e chamou a nação indecisa a colocar sua confiança em Deus. De uma forma milagrosa multiplicou o alimento da viúva de Sarepta; também orou a Deus em favor do filho da viúva, que havia morrido, e Deus o ressuscitou. Elias desafiou os quatrocentos e cinquenta profetas do deus Baal e os quatrocentos do poste-ídolo Aserá, no alto do monte Carmelo, e triunfou valentemente sobre eles, Deus deu-lhe uma vitória espetacular diante do povo de Israel; depois da vitória, ou seja, de provar que “só o Senhor é Deus”, Elias motivou o povo a que os falsos profetas do falso deus Baal fossem mortos.

Pergunto: como é possível nos dias de hoje nos identificarmos com uma pessoa tão extraordinária como o profeta Elias? Todavia, Tiago disse: "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós..." .

É difícil tentar ver alguma semelhança com um homem que tinha esse tipo de fé. Seria mais fácil nos identificarmos com alguém como Pedro. Pedro era um individuo, que antes de ter sua vida controlada pelo Espírito Santo, estava sempre metendo os pés pelas mãos, quebrava promessas e ainda negou ao Senhor; mesmo depois de muitos anos de convertido ainda cometia atitudes incondizentes com o padrão espiritual de um apóstolo (cf. Gl 2:11-13). Também seria fácil nos identificar com Davi, às vezes ele tinha problemas com Deus; tinha problemas com os filhos; não sabia em quem confiar; caiu em adultério; mandou matar. Estes sim, eram homens sujeitos às mesmas paixões que nós.

No entanto, Tiago não falou sobre Davi, nem sobre Pedro. Falou daquele habitante do deserto, de origem humilde e insignificante humanamente falando: Elias. O que Tiago queria dizer era que Elias era um ser humano de natureza semelhante à que temos - com sentimentos, disposições de ânimo e constituição física igual. Era alguém tão humano quanto nós; ele tinha também os pés de barro. Não era um super-homem nem um super-crente. Depois de retumbantes vitórias, Elias ficou deprimido e pediu para si a morte.

Precisamos parecer com Elias nos seguintes aspectos: um distanciamento do mundo, fidelidade a Deus e um comprometimento com a Palavra de Deus. Aliás, a fidelidade inabalável de Elias a Deus e o comprometimento com a sua Palavra, faz dele um exemplo de fé, destemor e lealdade a Deus, ante a intensa oposição e perseguição às falsas religiões e aos falsos profetas. Temos habilidade de imitar esse grande homem de Deus?

III.  AS CAUSAS DOS CONFLITOS DE ELIAS


1. Decepção. O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode nos levar à depressão. Disse a ímpia Jezabel: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2). Elias não estava preparado para esta resposta da realeza, pois entendia que todo o problema em Israel se resumia aos falsos profetas. Concluiu que uma vez exterminados, não só a chuva cairia, mas a fome deixaria de assolar a nação, o pasto ressurgiria para alimentar o gado; lagos, córregos e rios alegrariam o povo em abundância de água. Que mais a realeza e a multidão queriam? Mas, o seu prognóstico foi uma decepção; por isso, caiu em depressão. Elias caiu em depressão por se achar um fracassado em sua missão espiritual para com o povo e, sobretudo com Acabe e Jezabel. As bênçãos materiais, Deus tinha derramado; mas as espirituais, como a salvação e a mudança de atitude da realeza para com Ele mesmo e seu povo, o Senhor não realizara. Isso foi o bastante para o mundo de Elias ruir. Disse o profeta: “Basta; toma agora a minha alma, não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19:4). Elias não teve poder de reação para lidar com o ocorrido. É um perigo quando objetivamos algo e em prol deste algo empenhamos toda a nossa força sem lograr êxito. Elias se sentiu assim. Julgou que seu esforço foi em vão porque Deus não agiu na realeza de Israel conforme seu ponto de vista. A vontade do Senhor é soberana!

2. Medo. Quando Elias soube da oposição da realeza ao seu grande feito no Monte Carmelo, a sua reação imediata foi esta: “Temendo, pois, Elias, levantou-se e, para salvar sua vida...”(1Reis 19:3). O profeta valente e ousado agora estava fugindo de medo das ameaças da rainha que poderia lhe tirar a própria vida. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu. Sempre que tiramos nossos olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias adversas afundamos num pântano de desespero.

IV. AS CONSEQUENCIAS DOS CONFLITOS


1. Fuga e isolamento. Fugir é a primeira reação quando nos sentimos incapazes diante do inimigo (1Reis 19:3). Moisés, incompreendido pelos filhos de Israel e procurado por Faraó, fugiu para Midiã (Ex 2:15). Davi tomou a mesma atitude; durante prolongada crise, fugiu para Aquis, rei de Gate, fazendo-se de louco (ler 1Sm 21:10-15).

Elias realizou grandes feitos perante o Senhor: extirpou a idolatria de Israel (1Reis 18:19-40) e fez chover sobre a terra, após um longo período de seca (1Rs 18:41,42; Lc 4:25; Tg 5:17,18). Todavia, isso não impediu que o profeta ficasse apavorado diante das desprezíveis ameaças de Jezabel (1Rs 19:4,9). Então, fugiu! Ele entrou na caverna da solidão quando mais precisava de pessoas à sua volta. A depressão prega esse artefato: quando mais precisamos de companhia queremos nos trancar nos quartos escuros. Elias dispensou o seu moço, quando mais precisava dele. Muitos, por não confiarem plenamente em Deus, usam o sono, o isolamento, o entretenimento, e tantas outras coisas para fugir da realidade. Se você estiver enfrentando um problema difícil, a ponto de desejar esconder-se em uma cisterna (1Sm 13:6), saiba que o Senhor tem um escape para você (Sl 91;Hb 13:5).

2. Autopiedade e desejo de morrer. Depois de percorrer muitos quilômetros, Elias deixou o seu discípulo e se prostrou debaixo de um zimbro de tanta exaustão. Observemos que a Palavra é clara: “e ali deixou o seu moço” (1Rs 19:3). Elias perdeu o ânimo para ensinar o seu discípulo e o amor por si próprio  - “Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19:4). Ele perdeu completamente a perspectiva do futuro. Elias pediu para si a morte. Ele julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava um espectro de desespero. A angústia de Elias lhe trouxe um estado espiritual mórbido. Um anjo lhe acorda com pão e água, ele come e volta a seu estado mórbido anterior: dormir. Se antes uma pequena nuvem era sinal de milagre, agora nem um anjo é capaz de lhe mostrar a vitória (1Reis 19:5,6).

V. O SOCORRO DIVINO


Deus tratou a depressão de Elias através de vários recursos.

1. Deus o tratou por meio da sonoterapia(1Reis 19:5,6)

A depressão deixa a mente agitada. Uma pessoa deprimida fica com o corpo cansado, mas a mente não desliga. Elias precisou dormir e descansar para sair do buraco da depressão. Deus encontrou o seu servo num momento de desmotivação e desespero. A depressão lhe era tão intensa que desejou a morte (1Reis 19:4). E nessa condição sentou-se debaixo de uma árvore e dormiu profundamente. Deus permitiu que o seu servo tivesse um momento de descanso.

2. Deus o tratou por meio da alimentação adequada(1Reis 19:6)

Deus preparou uma refeição para Elias no deserto. Deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento. É preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença. O Senhor, através de seu anjo, o alimentou e permitiu que repousasse. Não houve nenhuma reprimenda, sermão ou repreensão. Deus providenciou uma refeição de pão quente e água fresca e o deixou descansar. Era preciso recobrar suas forças físicas. Creio que isto é necessário não só no caso de Elias. É preciso repousar, descansar e ter uma alimentação adequada. Podemos prevenir a depressão proporcionando um período de descanso.

3. Deus tratou Elias por meio da mudança de ambiente

Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Deus tirou Elias do deserto (1Rs 19:7,8) e levou-o à sua presença, em Horebe. 1Reis 19:9 diz: “Ali entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?”. O profeta passou uma noite inteira no “aposento” de Deus. Foi o próprio Senhor que o conduziu à sua presença. Os versos 7 e 8 deixam claro isto: “Voltou segunda vez o anjo do senhor, tocou−o e lhe disse: Levanta−te, e come, porque o caminho te será sobremodo longo. Levantou−se, pois, comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus”. Deus estava em silêncio quando Elias estava prostrado no chão pedindo para si a morte. Agora, no monte Horebe é diferente, Deus lhe dirige a palavra: “Que fazes aqui Elias?”. Deus não o condenou por sua atitude. Ao invés disso faz essa pergunta. Deus queria entender. Não que Ele não entendesse, mas queria que o profeta expressasse, verbalizasse o seu problema. Certas vezes precisamos colocar para fora os nossos sentimentos, mas devemos fazê-lo de uma maneira responsável. Deus também fez Elias entender e enfrentar a realidade. Para vencer a depressão é preciso entender e enfrentar a realidade.

Quem não anela ouvir em meio às tempestades a voz inconfundível de Deus? A palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos (Sl 119:105). E mais: “Na tua presença há plenitude de alegria” (Sl 16:11). O profeta deprimido, como qualquer outro crente, precisava da amável e confortadora presença de Deus. Foi somente no trono do Pai que Elias se reencontrou com a verdadeira alegria que a depressão espiritual lhe tirou.

4. Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo

Elias estava dentro da caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordena a sair da caverna para destampar a câmara de horror da alma e espremer o pus da ferida – “Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem” (1Reis 19:10). O desabafo é uma necessidade vital para a assepsia da alma. Faça o mesmo: conte a Deus, conte a um bom amigo que lhe seja instrumento de Deus.

5. Deus o tratou dando-lhe bem-estar espiritual - Deus se revelou maravilhosamente a Elias

Em 1Reis 19:11 está escrito: “Disse−lhe Deus: Sai, e põe−te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor...” . São poucos os casos bíblicos em que Deus se revela de uma maneira especial para os seus filhos. Abraão foi chamado amigo de Deus (Tg 2:23). Enoque andou com Deus (Gn 5:24). Jó depois da provação, quando perdeu bens, amigos, filhos, saúde, pôde dizer: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino no pó e na cinza” (Jó 42:5,6). Existe um anelo em todo cristão para contemplar a grandeza do Senhor, à semelhança de Moisés que suplicou a Deus: “Rogo−te que me mostres a tua glória. Respondeu−lhe, o Senhor: Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êx 33:18,19). É na vontade soberana de Deus que está o segredo de sua manifestação pessoal aos seus. Isto não implica dizer que não devamos pedir e orar pela bênção. Devemos sim, buscar acima de tudo o Deus da bênção e não meramente a bênção como é corrente nos dias de hoje! Elias, assim como os outros, foi agraciado por Deus com sua maravilhosa manifestação.

Em 1Reis 19:11, Deus não estava num grande e forte vento; muito menos no terremoto. Em 1Reis 19:12, o Senhor não estava no fogo, mas numa brisa suave e tranquila. À suave manifestação de Deus, Elias “envolveu o rosto no seu manto...” (1Rs 19:13). O profeta sentiu o marcante poder santificador e renovador do Senhor. Não há depressão espiritual que resista ao tratamento do Médico dos médicos. É Ele quem unicamente amassa o barro porque Ele é o oleiro!

6. Deus deu uma lição no profeta Elias

Em 1Reis 19:18 Deus fala assim: “Também conservei em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou”. Deus é o mestre por excelência. Ele ensinou ao rebelde e insensível profeta Jonas o valor do verdadeiro amor ao próximo através da morte de uma simples planta (Jn 4:6−11). O salmista aprendeu o valor da disciplina divina, pois escreveu: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos, e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119:67,75). Elias experimentou a correção celestial em sua vida, mas antes disto se estribou em sua fidelidade a Deus para reclamar sua proteção. Em 1Reis 19:14 ele repete com mais intensidade o que falara no versículo 11: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar−me a vida”. Não é correto quando temos a oportunidade de ficar frente a frente com o Altíssimo e ficamos querendo nos justificar, com autocomiseração, se fazendo de vítima, tentando convencer a Deus de nosso extremo zelo (1Reis 19:14). Deus não nos mandou ser extremamente zeloso, mas sim zeloso apenas. Todo extremo é perigoso.

O profeta ouviu do próprio Deus: “Também conservei em Israel”, Elias, “sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1Rs 19:18). Deus mostra-nos nosso equívoco: tem mais gente passando pelo que estamos passando - Sete mil joelhos que não se dobraram a Baal. Elias estava se achando o último dos profetas. Talvez imaginasse que nele se resumisse a esperança de Israel. Elias aprendeu que Deus é Deus. Que lição!

7. Deus renovou a vocação profética de Elias

1Reis 18:15,16 evidencia isto: “Então o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; quando lá chegares, ungirás a Hazael para ser rei sobre a Síria. E a Jeú, filho de Ninsi, ungirás para ser rei sobre Israel; bem como a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás para ser profeta em teu lugar(1Reis 19:15,16).

Uma vez revigorado, Elias, o tesbita, tinha que ungir Hazael como rei da Síria; Jeú como rei de Israel; e a tarefa mais difícil, que era ungir a Eliseu como profeta em seu lugar. Elias tinha agora que passar o cajado. Talvez não imaginasse que este dia chegasse nestas circunstâncias. Contudo, tinha sido renovado para tal missão! Já que pediu a morte, Deus prepara seu sucessor na sua “barba”. Sempre precisaremos do renovo de Deus em nossas vidas. Grandes homens de Deus precisaram! Elias necessitou! Portanto, busquemos o trono da graça do Senhor, pois de lá, somente de lá vem o reavivamento que nos curará de toda depressão espiritual.

8. Deus providenciou um amigo próximo (1Reis 19:19-21)

É interessante observar que Deus não lhe deu apenas um sucessor, mas alguém que o amava e o compreendia suficientemente bem para servi-lo e encorajá-lo. Todos nós precisamos de outros cristãos em nossa vida para nos ajudar e encorajar. É por isso que Deus estabeleceu a igreja, para vivermos em comunhão, em amizade e em encorajamento mútuo.

CONCLUSÃO


Como Elias, podemos estar sujeitos às mesmas situações. Há crentes que passam por momentos de depressão, perdem o ânimo e acreditam que Deus sequer está ao lado deles. Mas veja o que aconteceu com Elias. Deus o socorreu e o alimentou de forma sobrenatural, convidou-o para uma caminhada, para mais perto de si, e mostrou quem seria o seu substituto no Reino do Norte. Mesmo em momentos de depressão, os servos de Deus podem contar com o seu cuidado proteção e orientação. Deus não só habita no alto e santo lugar, mas também com o contrito e quebrantado de coração (Is 57:15). Jeová jamais deixaria seus filhos sozinhos, no quarto escuro e solitário da depressão espiritual. O hino 193 da harpa cristã traz a confiança inabalável em Deus oriunda do usufruto de Sua presença apesar da depressão: “Ele intercede por ti, minh’alma; Espera Nele, com fé e calma; Jesus de todos teus males salva, E te abençoa dos altos céus”.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A IGREJA E SUA MULTIPLICAÇÃO


EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA

 

1º Trimestre/2013


Tema do trimestre: “Igreja– Missão e Crescimento”
 
Subsídio para a lição 5 da revista "Educação Cristã Continuada"
 
Leitura Básica: Atos 8:4-8

 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”” (At 5:14)

 

INTRODUÇÃO


Ao verificarmos o livro de Atos, chegamos à conclusão de que o crescimento é uma característica presente na Igreja, desde o seu princípio no dia de Pentecostes, quando, após a pregação de Pedro, quase três mil almas se converteram (At 2:41) e também após o milagre da cura do coxo da porta Formosa do Templo (At 4:4), quando o aumento do número de salvos foi para aproximadamente cinco mil. Por seguidas vezes, Lucas registra o crescimento como uma marca da igreja. Deste modo, não se pode negar que o crescimento é um elemento que deve constar dos objetivos e alvos de todos quantos estão a fazer a obra do Senhor, visto que o trabalho do Espírito Santo produz, sim, aumento do número de pessoas convertidas a Cristo Jesus, não havendo como se impedir que isto se verifique, pois se trata de um trabalho divino, trabalho este que ninguém pode impedir (Is 43:13).

As Escrituras são claras ao mostrar que a obra de Deus foi feita para crescer, e que esse crescimento é verificado tanto interno como externamente. Quanto ao crescimento interno, refere-se à melhoria da qualidade de vida espiritual de uma igreja; os cristãos crescem em sua adoração a Deus, no estudo da Palavra de Deus, no cuidado pelo próximo, no fruto do Espírito, na vida de oração, e de muitas outras maneiras. Quanto ao crescimento externo: por expansão, por extensão e por pontes. (1) Crescimento por expansão, inclui o ato de alcançar novas pessoas, de fora [do mundo] para a comunhão da igreja [o Reino de Deus], quer por conversão, quer por reconciliação com Deus e Sua igreja; (2) Crescimento por extensão, este é um sinônimo da implantação de novas igrejas; os novos convertidos são reunidos em novas igrejas; e (3) Crescimento por pontes, este crescimento também diz respeito à implantação de novas igrejas, mas neste caso, as igrejas são em outras culturas; é o que se chama de Evangelismo Transcultural.

I. A IGREJA DE CRISTO


1. Igreja: O que Significa? Igreja é um edifício construído com pedras vivas - ”Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”(1Pe 2:5). Estas pedras vivas são chamadas santos e são membros da família de Deus - “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” (Ef 2:19-22).

A palavra grega traduzida como “igreja” significa, literalmente, “chamado para fora”; refere-se a um grupo de pessoas chamadas para saírem do pecado no mundo e servirem ao Senhor. A igreja não é nenhum tipo de instituição ou objeto impessoal. É um corpo constituído de componentes vivos. Como um organismo vivo, a igreja pode sentir medo (Atos 5:11), pode orar (Atos 12:5) e pode falar (Mt 18:17). Pessoas que são chamadas para saírem do pecado não continuam participando do mal no mundo, porque elas estão santificadas ou separadas do pecado (ler João 17:14-23; Colossenses 1:13; 1Pedro 2:9; 1João 4:5-6). Deus chama o povo para deixar o mal deste mundo através da mensagem do evangelho (2 Tessalonicenses 2:13-14). Aqueles que são convertidos verdadeiramente a Cristo são chamados santos (1 Coríntios 1:2; Colossenses 1:1-2).

Entender o conceito bíblico de igreja como um corpo de pessoas chamadas para fora do pecado, para serem santos, ajuda-nos a apreciar a riqueza da descrição de Paulo da “Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20:28). Jesus não morreu para comprar terra e edifícios, nem para estabelecer alguma instituição. Ele morreu para comprar as almas dos homens e mulheres que estavam mortos no pecado, mas que agora têm salvação e esperança de vida eterna (Rm 5:8; 1Co 6:19,20).

2. A Igreja: Organismo, não Instituição. Muitas pessoas têm a noção errada de que a igreja é uma instituição, independente do povo que compõe a igreja. Este não é o conceito bíblico de igreja. Jesus não morreu para estabelecer uma instituição, mas para salvar o povo do pecado (Atos 20:28; 1Co 6:20). Jesus e o Pai não habitam numa instituição organizacional, mas no povo que os obedece (João 14:15, 23). Em vez de falar de uma instituição, a Bíblia descreve a igreja como um corpo composto de membros vivos (Rm 12:4-5; 1Co 12:12-27; Cl 1:8,24; Ef 5:23). Estes membros do corpo são “blocos” ou “pedras” usados na construção da igreja (1Co 3:10-15).

Muitas pessoas sugerem que a “igreja universal” é constituída de todas as congregações locais no mundo. Isto não é um conceito bíblico. Uma igreja local consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (Rm 16:14,15; 1Co 16:19; Cl 4:15). A igreja universal consiste de todos os discípulos de Cristo em todo o mundo. Nenhum homem é capaz de identificar e contar todos os membros deste corpo universal. Tentativas de contar todos os verdadeiros cristãos em uma nação ou no mundo ilustram a ignorância e a vaidade dos homens. Somente Deus pode contar e identificar seus “primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

3. O Modelo de Jesus para Sua Igreja. Durante sua vida na terra, Jesus escolheu 12 homens, chamados apóstolos, para revelar e espalhar a mensagem depois de sua ascensão. Começando em Atos 2, estes homens pregaram e ensinaram o evangelho em Jerusalém. Logo, outros seguidores de Cristo estavam indo de lugar a lugar, ensinando a mesma mensagem. Olhemos para a cidade de Antioquia da Síria como um modelo do que aconteceu quando pessoas receberam o evangelho lá (Atos 11:19-26). Vários cristãos foram a Antioquia. Eles pregaram o evangelho do Senhor Jesus (At 11:20). Muitos foram convertidos ao Senhor (v. 21). Os novos convertidos foram exortados a permanecer no Senhor (v. 23). Como resultado, muitas pessoas foram unidas ao Senhor (v. 24). O que é ressaltado em tudo isto é, claramente, o Senhor: Pregando o Senhor, conversão ao Senhor e lealdade ao Senhor.

A próxima coisa que lemos é a igreja se reunindo (Atos 11:26). Evidentemente, aqueles convertidos ao Senhor reuniam-se e trabalhavam como uma igreja (congregação). Esta igreja logo recolheu dinheiro para mandar aos irmãos pobres em outra cidade (Atos 11:27-30).

Mais tarde, a igreja mandou dois de seus cinco profetas e mestres para espalhar o evangelho em outras áreas (Atos 13-14). Estes dois, Barnabé e Paulo, pregaram a Jesus em muitas outras cidades e logo, nelas também, foram estabelecidas igrejas (Atos 14:23). Paulo e Barnabé, alegremente, relataram à igreja de Antioquia sobre o trabalho do Senhor durante a viagem (Atos 14:27). É válido ressaltar que não há nenhuma indicação de que a igreja de Antioquia exercesse qualquer controle sobre as outras igrejas. Antes, presbíteros (também chamados bispos e pastores, na Bíblia) foram escolhidos dentro de cada uma destas congregações para supervisionarem-na (Atos 14:23). Nunca, na Bíblia, os presbíteros foram autorizados a supervisionar outra congregação além da qual foram eles selecionados (Atos 20:28; 1Pedro 5:1-3).

Como é típico na história dos homens, algumas mudanças entraram gradativamente e desviaram os Cristãos deste modelo original. Pouco a pouco, o desenvolvimento de uma organização foi se estendendo acima das igrejas. Grupos de homens e igrejas mais importantes começaram a controlar as outras igrejas. As igrejas começaram a se tornar parte de uma hierarquia. A lealdade a Cristo foi substituída pela lealdade à “igreja”.

O pior de tudo é que, vergonhosamente, pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante. O meu maior desejo é que esses pastores convertam-se dos seus maus caminhos, antes que seja tarde demais, antes que sua mente fique cauterizada e a apostasia não mais ofereça lugar à piedade e a honestidade (ler Pv 29:1).

II. MÉTODOS DE CRESCIMENTO MAIS USUAIS


Não existe um método perfeito, ou ideal. Cada Igreja necessita descobrir qual é o método que é apropriado para a sua realidade cultural, geográfica, econômica e espiritual. Todo e qualquer método pode ser eficaz se aplicado adequadamente. A ordem bíblica prioritária é: “ir e fazer discípulo”; qualquer método aplicado é auxiliar a isto. Apresentamos a seguir os métodos mais usuais de crescimento, utilizados principalmente pela Assembléia de Deus:

 

a)      Evangelismo pessoal – “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8:4). Pode ser feito através da simples distribuição de folhetos.

b)      Pequenos grupos – “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo” (At 5:42). Os irmãos do Novo Testamento reuniam-se nas próprias casas a fim de evangelizar e ter comunhão uns com os outros(At 5:42). Atualmente, a China adota este modelo, devido as restrições políticas. Deus tem abençoado muito essa igreja, apesar das perseguições.

c)       Campanhas Evangelisticas  “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? “(Rm 10:14).Promover cultos evangelísticos –seja na igreja local, em um auditório alugado, numa enda, numa praça, num estádio – são exemplos de camapnhas evangelísticas.

d)      Através dos meios de comunicação: radio, internet, televisão, periódicos – “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). É um dos métodos assaz profícuo e que se deve usá-lo de maneira sábia e com escrúpulo. Bastante usual, atualmente.

e)      Igrejas “mãe e filha” – “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio de Laodicéia, lede-a vós também” (Cl 4:16). Este método é aplicado para atender aqueles membros que moram mais distante do local de reuniões. Os membros podem morar em bairros que estejam crescendo em população, mas que não disponham de uma igreja sequer; então, a igreja decide tornar-se “mãe” e montar uma igreja “filha” no bairro ou região onde não há igrejas pertencente àquele ministério ou denominação.

Vivemos dias em que há uma desesperada competitividade de crescimento quantitativo de pessoas nas igrejas locais. Diversas inovações e modismos têm-se ingressado nas igrejas locais a fim de atingir o alvo pretendido pelos líderes descompromissados com o reino de Deus. Com este comportamento, está-se apenas criando adeptos para a igreja apóstata que adorará o Anticristo. Tomemos cuidado, pois, se assim procedermos, estaremos tão somente repetindo o feito dos fariseus dos dias de Jesus, os quais, segundo o próprio Cristo, “percorriam o mar e a terra para fazer um prosélito e, depois de o terem feito, o faziam filho do inferno duas vezes mais do que eles próprios” (Mt 23:15). Que Deus nos guarde!

III. PADRÕES BÍBLICOS DE CRESCIMENTO DA IGREJA


No livro de Atos, na Versão Almeida Revista e Corrigida, há pelo menos cinco referências a respeito do crescimento da Igreja, a saber: 2:47; 5:14; 6:7; 9:31; 12:24; 19:20. Vejamos cada uma das referências para, do texto sagrado, podermos extrair o que significa crescimento.

1. Atos 2:47“Louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.

Nesta primeira referência ao crescimento da Igreja, na descrição que Lucas faz da igreja primitiva, vemos que o crescimento é o resultado da perseverança na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2:42). O crescimento apresenta-se como consequência de uma vida espiritual. A igreja crescia porque servia a Deus. O crescimento, portanto, é uma demonstração visível de uma realidade invisível, qual seja, o da salvação por meio do Evangelho de Cristo Jesus.

Observe o texto: “acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. Vemos aqui que o crescimento da Igreja se trata de uma obra divina, de algo que é feito pelo Senhor e não pelo homem. Isto é importantíssimo, pois, se o crescimento da Igreja é obra do Senhor, não há como o homem querer criar mecanismos que, por si sós, tragam crescimento à Igreja.

Além de o texto indicar que o crescimento é obra do Senhor, também nos mostra que a Igreja cresce através do número de “salvos”, ou seja, “daqueles que se haviam de salvar”, um texto que é, em tudo coerente, com a narrativa das primeiras conversões, quando Lucas diz que se agregaram quase três mil almas que “foram batizadas de bom grado” visto que “receberam a Palavra” (At 2:41).

As pessoas que ingressaram na Igreja eram aquelas que haviam recebido a palavra. Que palavra? A pregação feita por Pedro para que se arrependessem e fossem batizados em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados e recebessem o dom do Espírito Santo (At 2:38), que se salvassem daquela geração perversa (At 2:40). Pessoas que tinham sido compungidas em seus corações com a pregação do apóstolo (At 2:37).

Portanto, quando se fala em crescimento da Igreja não se fala em números, embora eles existam (Lucas fala das quase três mil almas que se converteram em Pentecoste e que subiram para quase cinco mil após a cura do coxo da porta Formosa), mas, sim, em salvação de almas. O crescimento era medido por um duplo critério: qualitativo-quantitativo. Não havia apenas crescimento numérico, mas crescimento numérico de salvos.

Portanto, para que a igreja cresça faz-se preciso que preguemos a Palavra de Deus, que preguemos o arrependimento dos pecados, pregação esta que seja precedida de uma vida de oração e de busca do poder de Deus.

2. Em Atos 5:14 – “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”. Neste texto é dito que “multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”.

O que torna o cristianismo atraente? É fácil ser levado para as igrejas por causa das bonitas programações, dos bons pregadores, do tamanho dos templos, das belas instalações ou da comunhão que existe entre o povo de Deus. Na igreja cristã primitiva, as pessoas eram atraídas pelas expressões do poder de Deus em ação: a generosidade, a sinceridade, a honestidade, a união dos membros e o caráter dos líderes.

Deus quer acrescentar mais cristãos à sua igreja, e não apenas renovar e melhorar a programação das atividades ou conceder instalações maiores e mais modernas.

3. Atos 6:7. Após o episódio da instituição do diaconato, que pôs fim à murmuração existente na igreja, é dito que “crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”.

Neste texto, vemos mais uma vez que o crescimento da Igreja é aliado ao crescimento da Palavra de Deus, ou seja, somente crescia o número de salvos, porque crescia a pregação da Palavra. Não há, pois, como crescer uma igreja local se não houver crescimento da pregação da Palavra, da pregação do Evangelho, pregação esta que deve levar em conta a necessidade de arrependimento dos pecados. Tanto assim é que os próprios inimigos da Igreja testemunham que Jerusalém estava cheia da doutrina, doutrina que tinha, como ponto proeminente, o perdão dos pecados por meio do sangue de Jesus (At 5:28).

Não se trata, nem de longe, de criar “pontos de contato” com o público, com o auditório, de se fazer “palatável” ou “agradável”, muito menos “simpático” ou “popular”, como se defende hodiernamente nos variados “movimentos de crescimento de igrejas”, baseados no marketing, que, para “vender seu produto”, tem de criar condições emocionais e psicológicas favoráveis ao público a fim de lhe motivar a adquirir o produto. Absolutamente não! A Igreja precisa mostrar ao mundo uma “boa nova”, a de que, em Jesus, podemos ter o perdão dos nossos pecados e alcançar a salvação, sem o que iremos irremediavelmente para a eterna separação de Deus.

O crescimento da Palavra gera a multiplicação de discípulos, diz o texto, inclusive grande número de sacerdotes, classe que, se esperaria, seria mais resistente à pregação do Evangelho, pelo recente histórico de confronto entre eles e o Senhor Jesus. No entanto, o crescimento da Palavra de Deus, a pregação contínua das Escrituras levou muitos dos sacerdotes a realmente entenderem, pelo Espírito Santo, que Jesus era o Cristo, passando, então, a obedecer à fé.

O crescimento da Palavra de Deus não resultava, apenas, em multiplicação numérica, mas em aumento do número daqueles que “obedeciam à fé”. Havia real conversão, real transformação. As pessoas abandonavam as suas velhas formas de viver e passavam a viver de acordo com a Bíblia Sagrada, com a doutrina dos apóstolos.

Crescimento importa em conversões, em mudanças de atitudes. Temo visto isto, porventura, nas megaigrejas tão mencionadas e imitadas na atualidade?

4. Atos 9:31 – “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo”. Aqui, Lucas dá conta do crescimento da igreja na Judéia, Samaria e Galileia, dizendo que elas tinham paz e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo. O crescimento era qualitativo-quantitativo.

O crescimento mencionado por Lucas, aqui, abrangia as igrejas surgidas da dispersão dos crentes de Jerusalém, por causa da perseguição liderada por Saulo (At 8:1). Este crescimento mostra, de pronto, que a pregação do Evangelho, que havia alcançado toda Jerusalém, não era obra apenas dos apóstolos, mas, também, dos crentes em geral. Isto nos mostra que a igreja não se circunscrevia às reuniões que, até então, haviam ocorrido no alpendre de Salomão, no templo de Jerusalém (At 5:12), mas também havia reuniões em casas, onde os discípulos em geral serviam a Deus e pregavam a Cristo (At 5:42), porque todos, ou, pelo menos, grande parte dos discípulos haviam sido igualmente revestidos de poder (At 4:31).

Constantes eram as reuniões de oração entre os crentes (At 12:12-17), que tinham uma vida comunitária que trasbordava as quatro paredes do templo (At 2:44,46). Na verdade, diante da real conversão dos crentes, eles não podiam calar-se diante do amor de Deus derramado em seus corações pelo Espírito Santo, e tinham a noção da necessidade e da urgência da pregação do Evangelho (1Co 9:16), levando, assim, as boas novas de salvação para toda Judéia, e Galiléia, e Samaria.

5. Atos 12:24 – “E a palavra de Deus crescia e se multiplicava”. Lucas volta a dizer que “a Palavra de Deus crescia e se multiplicava”, depois de ter narrado a trágica morte de Herodes Agripa I, que havia mandado matar Tiago. Esta afirmação mostra que, apesar da perseguição e da própria vingança do Senhor contra Herodes, a Igreja prosseguia crescendo e, por causa da Palavra de Deus. Perseguições não impedem o crescimento da Igreja, desde que haja evangelização, desde que haja o anúncio de Cristo Jesus aos perdidos. Temos feito isto num instante de peculiar intensificação da perseguição contra a Igreja?

6. Atos 19:20 – “Assim, a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia”. Aqui Lucas está falando do ministério de Paulo em Éfeso. Até mesmo Éfeso, bastião da idolatria e da feitiçaria (At 19:19,25-27), estava sendo eficazmente evangelizada por Paulo e muitas almas se convertiam, porque “assim a Palavra de Deus crescia poderosamente e prevalecia”. Não há crescimento da Igreja, não há manifestação do poder de Deus contra todas as potestades malignas, se não houver o anúncio de Cristo Jesus e de Sua salvação.

7. Atos 28:30,31“E Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara e recebia todos quantos vinham vê-lo, pregando o Reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum”.

O livro de Atos, a propósito, termina mostrando Paulo em uma casa alugada em Roma, pregando o reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus sem impedimento algum (At 28:31), a mostrar que este é o cerne de toda atividade que vise o crescimento da Igreja.

A Igreja foi feita para crescer. É o grão de mostarda que se torna a grande árvore; as três medidas de farinha que leveda toda a massa. No entanto, para que isto ocorra, é necessário que deixemos que o crescimento se dê por conta de Deus, pois se trata de uma obra divina, mas que, neste crescimento, a parte que nos cabe é pregar o Evangelho, ensinar a doutrina dos apóstolos, ir ao encontro dos perdidos.

CONCLUSÃO

A Igreja crescerá se todos os crentes se mobilizarem a fim de, seja em templos, seja em casas, seja em uma reunião coletiva, seja em reuniões em pequenos grupos, levem pessoas que não conhecem a Jesus Cristo ao conhecimento do Evangelho, mediante uma pregação que seja precedida de revestimento de poder, de oração, consagração, meditação nas Escrituras, de um testemunho fiel, de quem é temente a Deus e está sempre na companhia e consolação do Espírito Santo.

Não podemos admitir que haja crescimento de igreja sem que se pregue a Cristo e Este, crucificado (1Co 2:2), sem que fale da necessidade do perdão dos pecados pelo sangue de Jesus (At 5:28-32). A utilização de uma “mensagem aguada”, de um “evangelho light”, de um evangelho tolerante ou omisso quanto ao pecado não produzirá crescimento de igrejas, mas, quando muito, apenas um aumento de sócios ou frequentadores que não serão muito diferentes de quaisquer outras associações ou organizações.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

O CRESCIMENTO DA IGREJA PRIMITIVA – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Aula 04 – ELIAS E OS PROFETAS DE BAAL


  Trimestre_2013

 
Texto Básico: 1Reis 18:36-40

 
“Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada”(1Rs 18:21).

 

INTRODUÇÃO


Nesta Aula veremos um dos embates mais espetaculares que as Escrituras Sagradas registram: o confronto entre o deus Baal e o Deus de Israel, ou seja, entre a mentira e a verdade, entre o falso e o verdadeiro. O Deus de Israel exporia Baal, Aserá e os falsos profetas destes falsos deuses, para deixá-los exatamente como eram: menos do que nada. E isto aconteceria em uma competição entre Elias e os “profetas” de Baal no monte Carmelo (1Rs 18:19). Assim como Elias foi chamado para mostrar que o Deus de Israel é o verdadeiro Deus, todos nós que pertencemos ao novo concerto somos chamados a defender o evangelho de Cristo contra distorções, transigência com o mal e desvio doutrinário, e que somente Jesus Cristo é o “Caminho, a Verdade e a Vida, e que ninguém vai ao Pai, senão por Ele”(João 14:6), e que “há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Tm 2:5).

I. CONFRONTANDO OS FALSOS DEUSES


A diferença entre o Deus Criador de todas as coisas, o Deus da Bíblia, e os falsos deuses é tremendamente gritante. Primeiro, porque o Deus da Bíblia é o Deus vivo e eterno, criador de todas as coisas – “Mas o Senhor é o Deus verdadeiro; ele é o Deus vivo; o rei eterno"(Jr 10:10). Segundo, os falsos deuses, são apenas imaginação do homem sem Deus, logo eles são inacessíveis, porque não existem.

Uma das características fundamentais do Deus da Bíblia, que o difere dos falsos deuses, é o fato de Ele sempre procurar se comunicar com suas criaturas. O Deus da Bíblia, em sua transcendência, sempre quis e quer comunicar-se com o ser humano, de forma imanente, para demonstrar seu amor e seu cuidado, visando à sua salvação. Os deuses, criados pela imaginação humana, sempre se mostraram inacessíveis ao relacionamento com seus adoradores, porque eles simplesmente não existem. Veja o caso do profeta Elias no Monte Carmelo, quando do embate que teve com os 850 “profetas” dos falsos deuses Baal e Aserá (1Rs 18:19).

- Os seguidores do falso deus Baal:E, tomando o novilho que se lhes dera, prepararam-no, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos! Porém não houve voz; ninguém respondeu. E saltavam em volta do altar que tinham feito. Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e necessite de que o acordem. E eles clamavam em altas vozes e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lancetas, até correr o sangue sobre eles. Também sucedeu que, passado o meio dia, profetizaram eles até a hora de se oferecer o sacrifício da tarde. Porém não houve voz; ninguém respondeu, nem atendeu”(1Rs 18:26-29).

- Elias, o seguidor do Deus vivo:Sucedeu, pois que, sendo já hora de se oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se chegou, e disse: Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, seja manifestado hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra tenho feito todas estas coisas.  Responde-me, ó Senhor, responde-me para que este povo conheça que tu, ó Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração.  Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego”(1Rs 18:36-38).

Perceberam a diferença? Os falsos deuses são apenas imaginação humana, eles não existem. O Deus da Bíblia é vivo e verdadeiro e ouve a nossa oração e se comunica com o seu povo. Hoje, através de Jesus Cristo, único mediador entre Deus e os homens, o ser humano tem acesso ao Soberano Senhor do universo e de todas as coisas.

1. Conhecendo o falso deus Baal. Era o deus supremo dos cananeus. Em hebraico, Baal significa senhor. Seus adoradores acreditavam que o ídolo fosse o responsável pela abundância da terra e pela fertilidade do ventre. Sendo o deus da fertilidade, seu culto era marcado pela crueldade e por uma devassidão que envergonharia até Sodoma e Gomorra. Em suas cerimônias havia sacrifícios de vítimas humanas, orgias e os mais inimagináveis desregramentos; e, logicamente, louvores a Baal.

- O Moderno culto a Baal. O velho Baal continua o mesmo; tudo faz para induzir os santos à impureza. Seus profetas e adoradores também não mudaram. Vejamos, a seguir, alguns exemplos, como os seus cultos manifestam-se em nossos dias:

a) Pornografia. Não são poucos os filhos de Deus que se acham arruinados espiritualmente em consequência de revistas, filmes, vídeos pornográficos, internet e a maioria das novelas. O Senhor não atura tais coisas; são abomináveis aos seus olhos. Ele é Santo! E de seus filhos exige vida santa e irrepreensível – “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pe 1:15; veja ainda: Lv 20:7; Ex 19:6).

b) Diversões carnais. Infelizmente, somos obrigados a mencionar os shows promovidos em nossos púlpitos. Cantores e artistas, dizendo-se evangélicos, mas flagrantemente divorciados da graça de Deus, além de nos roubarem todo o tempo da Palavra, arrastam nossos jovens a uma vida leviana e descompromissada com Deus. A Igreja do Senhor não necessita de artistas e animadores em seus cultos, mas de homens e mulheres comprovadamente santos. Cheios do Espírito Santo, hão de adorar ao Pai em espírito e em verdade (João 4:23,24).

c) Infidelidade conjugal. Numa sociedade permissiva e erotizada como a nossa, o adultério não é visto mais como algo reprovável. É toleravelmente aceito; é socialmente incentivado; é legalmente ignorado. A Bíblia não mudou! Adultério é adultério. Pecado é pecado. Ainda que busquemos justificativas teológicas a tais comportamentos, a verdade bíblica não será alterada (Ex 20:14; Mt 5:28).

2. Identificando a falsa divindade Aserá. Aserá era uma falsa deusa cananéia muito antiga. Uma inscrição suméria datando de 1750 a.C. se refere a ela como a esposa de El, o deus pai do panteão cananeu. Como o símbolo astrológico de Baal era o Sol, Aserá é frequentemente associada com a Lua, mas seu símbolo era o planeta Vênus.

Na época do profeta Jeremias as mulheres hebréias e canaanitas amassavam pães com sua figura e eram benditos e comidos ritualmente. Pode-se constatar isso em Jeremias 7:18 – “Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira”.

Os cananeus, povo que vivia entre os israelitas, adoravam Aserá como deusa da fertilidade, talvez mesmo como deusa da sexualidade. Os misteriosos “postes-ídolos” associados aos ritos de adoração a deusa eram aparentemente troncos de árvores sem galhos. A função exata desses postes-ídolos – muitas vezes ligados à prostituição masculina e feminina – não é clara. Sabe-se somente que os profetas os consideravam repulsivos e ordenavam aos reis de Israel que os derrubassem onde quer que estivessem erigidos. O profeta Jeremias refere-se a Aserá quando menciona a "rainha dos céus" nos capítulos 7:18 e 44:17,19.

Em cada escavação arqueológica importante na Palestina são encontradas figuras femininas, datadas entre 2.000 a.C até 600 a.C. É possível que as mulheres usassem estas diminutas imagens para pedir a Aserá sua ajuda no parto ou para que lhes concedesse fertilidade.

Aserá foi a deusa de Tiro e de Sidom em épocas longínquas, ao menos desde 1200 a.C, e foi provavelmente uma esposa sidônia de Salomão quem a introduziu na corte deste rei de Israel. No reinado de Roboão, filho de Salomão, se adorava Aserá (1Rs 14:23); e isto persistiu em vários reinados de Judá (cf. 1Rs 15:13; 2Cr 15:16), num claro ato de sincretismo religioso, provocando à ira o Senhor Jeová.

No reino do Norte, o rei Acabe de Israel se casou com Jezabel, filha de um rei da Sidônia, e o culto a Aserá e ao seu filho Baal foi estabelecido na corte. O culto à Aserá em Israel, persistiu até 722 a.C., mas permaneceu em Betel, pois lemos que Josias, rei de Judá, destruiu os altares que haviam sido erigidos por Jeroboão e como destruiu os postes-ídolos de Aserá – “Demais disto também Josias tirou todas as casas dos altos que havia nas cidades de Samaria, e que os reis de Israel tinham feito para provocarem à ira o Senhor; e lhes fez conforme todos os atos que tinha feito em Betel” (2Rs 23:19)

Em fim, a repugnante e falsa deusa Aserá exerceu uma influência negativa muito grande em Israel e em Judá (Jz 2:13; 3:7; 1Rs 11:33), o que serviu de laço para o desvio espiritual destes dois reinos, e o desvirtuamento do verdadeiro culto ao Senhor Jeová. Por isso a persistência tão exaustiva dos profetas em combater a esta maligna idolatria.

II. CONFRONTANDO OS FALSOS PROFETAS


Numa impressionante demonstração de coragem e fé, Elias desafiou 850 falsos profetas, que eram sustentados pela esposa do rei, a enfrentá-lo no Monte Carmelo. Eles aceitaram o desafio, e o povo de Israel foi testemunhar a grande disputa. Este era o mesmo povo que Elias procurava converter. Ele queria mostrar-lhe a grande diferença entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses que o rei deles adorava - "Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o" (1Reis 18:21).

Os israelitas, tão acostumados a seguir cegamente seus chefes religiosos, não responderam. Seus sentimentos estavam tão embotados por gerações de tradições pecaminosas que eram praticamente incapazes de distinguir o certo do errado.

Deus mostrou ao povo a diferença. Elias e os profetas de Baal prepararam dois sacrifícios. Construíram altares, puseram lenha neles e prepararam seus sacrifícios de novilhos. Elias convidou os profetas de Baal a serem os primeiros a oferecer seus sacrifícios, exceto que eles não acenderiam o fogo. Eles deveriam orar ao seu deus para que mandasse fogo para consumir o sacrifício. Elias sabia que Deus podia fazer isto, porque já tinha consumido outros sacrifícios em gerações anteriores. Mas, e Baal? Poderia produzir fogo? Seus profetas oraram, dançaram, e até se feriram para obter sua atenção, mas Baal não respondeu. Elias escarneceu-os, sugerindo que deveriam gritar mais alto para acordar seu deus. Eles berraram com mais força, mas o impotente Baal nada fez.

Elias preparou seu sacrifício. Para ter certeza de que ninguém pudesse reclamar que ele tivesse usado de alguma trapaça, ele pediu que fosse trazida água para molhar totalmente o sacrifício, a madeira e o altar. Eles trouxeram tanta água que o rego que ele tinha escavado em volta do altar encheu-se. Somente a ação de Deus poderia incendiar este sacrifício! E foi exatamente isto que aconteceu. Elias orou: "Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que a ti fizeste retroceder o coração deles" (1Reis 18:37). Deus não deixou dúvida. "Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!" (1Reis 18:38-39). Os falsos profetas de Baal que tinham enganado o povo foram mortos.

III. CONFRONTANDO A FALSA ADORAÇÃO


Elias pediu que o povo, os profetas de Baal e de Aserá se apresentassem num lugar determinado por ele. O povo se reuniu e Elias, sem medo, apresentou-se ao povo, exigindo dele uma definição resoluta - “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o e, se é Baal, segui-o” (1Rs 18:21). Apesar da grande demonstração do poder de Deus, numa seca que já durava três anos e seis meses, numa clara prova de que Baal não era deus algum, não detinha controle algum sobre a natureza, o povo ainda estava coxeando entre dois pensamentos, preferindo as benesses do poder oferecidas por Jezabel no culto a Baal, bem como as seduções deste culto, que era um culto sensual, depravado e repleto de tudo aquilo que agradava a natureza pecaminosa do homem. Dinheiro, prazer, posição social eram ofertados pelos baalins e, assim, muitos, apesar de todas as evidências do poder do Senhor, continuavam titubeantes e, neste duvidar, acabavam sendo arrastados para a idolatria.

Elias desafiou o povo a fazer uma escolha definitiva entre seguir a Deus ou a Baal. Os israelitas achavam que podiam adorar o Deus verdadeiro e também Baal. O pecado deles era o de terem o coração dividido, querendo servir a dois senhores. O próprio Cristo advertiu contra essa atitude fatal (Mt 6:24; combine com Dt 30:19). O desafio de Elias foi apresentado: o Deus verdadeiro deveria responder com fogo a aceitação do sacrifício que lhe fosse dado. Elias tinha experimentado o pleno domínio de Deus sobre a natureza e tinha, assim, portanto, convicção de que somente Deus responderia com fogo a um sacrifício. Os profetas de Baal e de Asera, num total de oitocentos e cinquenta (1Rs 18:19), tentaram, durante toda a manhã, resposta de seus deuses para o sacrifício, sem resultado.

Elias, então, depois que havia deixado tempo suficiente para que Baal respondesse ao sacrifício, oferece o seu sacrifício diante de Deus. Como Deus não é Deus de confusão (1Co 14:33), reparou o altar, que estava quebrado, bem como pôs água abundante para que não houvesse qualquer dúvida de que era Deus quem iria operar. Este cuidado do profeta é um exemplo a seguirmos na atualidade: a operação de Deus é algo de que devemos ter certeza e convicção. Por isso, nada deve ser feito sem a devida preparação espiritual, a devida santificação (o reparo do altar), como também tudo deve ser feito às claras diante do povo, com transparência, decência e ordem (1Co 14:40). Quantos altares desmantelados na atualidade têm buscado o “fogo divino”! e, como Deus não opera em lugares assim, recorrem a subterfúgios, a astuciosos estratagemas para impressionar o povo. Entretanto, não nos iludamos, Deus não é Deus de confusão.

Mas, além de ter reparado o altar e não deixado margem a qualquer dúvida, Elias fez uma oração. Elias não “determinou” coisa alguma a Deus, pois sua “determinação” era a disposição firme de servir a Deus, não qualquer exigência que devesse ser feita, como muitos iludidos atrevem-se a fazer em os nossos dias. Elias fez uma oração, um pedido a Deus, reconhecendo a Sua soberania, o Seu senhorio – “e que eu sou teu servo”(1Rs 18:36). Ele poderia chamar Deus de Senhor, porque havia experimentado o controle de Deus sobre todas as coisas: o corvo, a panela da viúva, a vida do filho da viúva. Relembrou ao povo, que o escutava, que Deus era o Deus do pacto feito com os patriarcas, o Deus que havia formado a nação de Israel e que ele, Elias, era tão somente um servo dEle. Mal acabou a oração, o Senhor consumiu tudo com o fogo e o povo não teve mais dúvida alguma: só o Senhor é Deus! (1Rs 18:36-39).

A luta contra a falsa adoração continua ainda hoje por parte dos que desejam ser fiéis a Deus. Não há como negar que ao nosso redor ecoam ainda os dons advindos de vários cultos falsos, alguns deles, transvestidos da piedade cristã. Assim como Elias, uma igreja triunfante deve levantar a sua voz a fim de que a verdadeira adoração prevaleça. É bom ressaltar que Deus não procura somente adoração, Ele procura verdadeiros adoradores (João 4:24).

IV. CONFRONTANDO O SINCRETISMO RELIGIOSO ESTATAL


1. O perigo do sincretismo religioso. Sincretismo é a fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes, ou, a influência exercida por uma religião nas práticas de uma outra.

O sincretismo que apresentamos aqui como elemento condenável, refere-se aquele que de uma forma muito direta desobedecia e afrontava os padrões morais estabelecidos para o povo de Israel, e o próprio Senhor Deus; falando especificamente do culto sensual - aonde eram incluídas imoralidade sexual religiosa, tendo para isso prostitutas cultuais -, e da adoração a outros deuses, conhecendo a verdade existencial do Deus verdadeiro que se revelou às nações por meio de Israel. Essa prática sem dúvida atraia muitos israelitas. Deus, por sua vez, exigia padrões morais para o seu povo, vida de consagração, adoração com reverência. Em Israel, à época de Acabe e Jezabel, a adoração verdadeira ao Deus verdadeiro havia se misturado com a falsa, ao deus Baal, e o resultado não podia ser mais desastroso.

Não há uma precisão da época em que começou o sincretismo entre os israelitas. Os registros bíblicos relacionam ao período da saída do povo de Israel do Egito e entrada na terra de Canaã. Israel viveu 430 anos sob o domínio egípcio e sob a influência de suas religiões. O povo egípcio sempre foi politeísta, adorava os deuses (deus do sol), Toth (sabedoria, conhecimento, representante da Lua), Hórus (céu), Osiris (vida após a morte), Isis (amor, magia), Ged (terra), entre outros. Os filhos de Israel certamente se envolveram com estas divindades e seu culto, conforme comprova Josué: “Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor” (Js 24:23).

Com base nisto, é possível afirmar que Israel começou a praticar o sincretismo já no Egito, pois também eram conhecedores do Deus dos patriarcas de Israel. O primeiro caso que a Bíblia apresenta da prática do sincretismo pelos israelitas, depois da saída do Egito, foi quando Moisés subiu ao monte para falar com Deus no início da caminhada pelo deserto do Sinai. O povo vendo que ele tardava em descer pediu a Arão que fizesse um deus para eles. Isto demonstra que a adoração a outros deuses além do Deus criador, não era algo novo entre os filhos de Israel. Mas, este sincretismo sempre acarretou consequências drásticas aos israelitas, pois eram recorrentemente julgados por Deus por causa disso. Israel deveria ser modelo de obediência a Deus para outras nações, porém desobedeceu e foi infiel à Aliança. As muitas derrotas em batalhas, destruição do Reino do Norte e até o cativeiro Babilônico são tidos como consequências do sincretismo.

Principalmente no reino do Norte, o sincretismo religioso estatal era insistente e ameaçador. Apesar dos profetas, dia e noite, terem alertados sobre perigo do sincretismo, os reis não absorveram as mensagens transmitidas pelos profetas do Senhor. O reino de Acabe foi o mais danoso ao povo de Israel. A adoração verdadeira havia se misturado com a falsa e o resultado não podia ser mais desastroso.

A fidelidade a Jeová e à sua aliança era a condição necessária para que o rei e a nação tivessem a bênção do Senhor; se o rei fosse infiel, ele e o povo sofreriam as consequências. Quando Israel entrou em Canaã lhe foi dito “(…) não vos mistureis com estas nações que restaram entre vós. Não façais menção dos nomes dos seus deuses, nem por eles façais jurar, nem os sirvais, nem os adoreis”  (Josué 23:7). Antes, misturaram-se com eles e adoraram os seus deuses, fizeram tudo o que lhes ordenara que não fizessem.

O sincretismo foi combatido por séculos, mediante profetas que instavam com Jerusalém e com Samaria, para que não se misturassem com as nações que o Senhor desarraigava de diante deles. Eles deveriam destruir tudo, e sequer mencionar os seus deuses, não aprender a sua cultura, nem vivenciar a comunhão e intercâmbio de elementos. Porém, o povo de Israel não atendeu o clamor dos profetas, pelo contrário, desprezou-os. E isto lhe custou muito caro: foi desterrado da terra que o Senhor lhe dera. Deus usou a Assíria para punir ferozmente o povo de Israel por causa dos pecados continuados, da idolatria, das práticas pagãs, da desobediência à lei de Deus e do desprezo pelos profetas.

2. A resposta divina ao sincretismo. Seguir a falsos deuses é abandonar o Deus vivo e isto constitui em um terrível pecado, passível de punição. O texto sagrado diz que logo após o Senhor ter respondido com fogo a oração de Elias (1Rs 18:38), o profeta deu a seguinte instrução ao povo: "Lançai mão dos profetas de Baal, que nem um deles escape. Lançaram mão deles; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom e ali os matou" (1Rs 18:40). A decisão de Elias não foi tomada por sua própria conta, mas seguia a orientação divina dada pelo Senhor a Moisés: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20:3); “O que sacrificar aos deuses e não só ao SENHOR será morto” (Ex 22:20).

O culto é bíblico ou anátema. Deus não quer sacrifício, Ele requer obediência (1Sm 15:22,23). Não podemos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja, nem podemos acrescentar coisa alguma aos preceitos de Deus. O pragmatismo se interessa pelo que dá certo, e não pelo que é certo. Ele busca o que dá resultados, e não o que é verdade. Ele tem como objetivo agradar o homem, e não a Deus.

Hoje vemos florescer o sincretismo religioso nas igrejas ditas evangélicas, principalmente promovidas pelo segmento dito neopentecostalismo. Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair as pessoas. Cerimônias e ritos totalmente estranhos à Palavra de Deus são introduzidos no culto para agradar o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda. Mas ele ainda continua provocando a ira de Deus!

O culto a Deus é composto de proclamação da palavra, explicação da mesma, louvores ao Senhor, orações e intercessões e comunhão – “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14:26). Portanto, não há lugar para palhaçada e feitiçaria na igreja. Atos como esses não passam de sensualidade e libertinagem, vasão à carne e oportunidade ao pecado, criancice espiritual e brechas para Satanás agir e roubar a atenção, e difundir mal testemunho e confusão.

Afirmou Deus a Israel algo que plenamente se aplica à Igreja: "Sucederá, porém, que, se de qualquer maneira te esqueceres de Senhor teu Deus, e se seguires após outros deuses, e os servires, e te encurvares perante eles, testifico hoje contra ti que certamente perecerás. Como as nações que o Senhor vem destruindo diante de vós, assim vós perecereis, por não quererdes ouvir a voz do Senhor vosso Deus" (Dt 8:19-20). Pense nisso!

CONCLUSÃO


Do mesmo modo que Israel foi punido pela adoração e misturas de praticas religiosas de outras divindades, também qualquer povo será assim tratado a partir do momento em que se voltar a uma prática religiosa a outros deuses, depois de terem conhecido o Deus verdadeiro.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.