domingo, 26 de setembro de 2010

Aula 01 - O QUE É ORAÇÃO

Leitura Bíblica: 1Cr 16:8,10-17; João 15:16
“Orando em todo o tempo como toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisso com toda a perseverança e súplica por todos os santos”(Ef 6:18)
Estamos chegando a mais um último trimestre de um ano. Sem dúvida alguma, tivemos a oportunidade de prosseguirmos nossa caminhada de contínuo crescimento no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Damos graças a Deus por termos podido estudar a Sua Palavra e de termos contribuído para que cada professor, cada aluno da Escola Bíblica Dominical tivesse condições de fortalecer a sua fé e o seu amor a Deus, bem assim revigorar a sua esperança na volta do Senhor.
Neste último trimestre de 2010 estudaremos um tema importante e relevante para os nossos dias, a saber, “O PODER E O MINISTÉRIO DA ORAÇÃO”. Sempre a Igreja, ao longo de sua peregrinação na Terra, precisou se dedicar à oração, pois Satanás, o seu principal adversário, sempre a perseguiu, e foi através da oração que a Igreja prevaleceu sobre os seus ataques mortais. Mas, nestes últimos dias da dispensação da Graça precisamos ainda mais orar e vigiar, pois o adversário de nossas almas, Satanás, mais do que nunca, investirá suas principais armas para desanimar e destruir o maior número daqueles que cristão dizem ser. Portanto, vigiar e orar é o mandamento mais contundente que a igreja do Senhor deve atentar. Sem isto estaremos vulneráveis a se desviar do Alvo que a Igreja deve perseguir.
O comentarista das lições deste trimestre é o pastor Eliezer de Lira e Silva, conferencista de Escolas Bíblicas em todo o país e diretor do “Projeto Missionário Ide Ensinai em Moçambique, África”.
Que estas aulas, contribuam como subsídios, para que os professores, alunos e apreciadores da Palavra de Deus venham a conhecer melhor a Deus através da oração.
INTRODUÇÃO
A oração é o canal pelo qual o homem exercita a sua submissão a Deus. É a forma pela qual o crente se põe como um verdadeiro servo do Senhor. É a própria exteriorização de nossa qualidade de servo de Deus. Nas páginas das Escrituras Sagradas, veremos, sempre, que os grandes homens de Deus eram homens de oração, bem como que os grandes fracassos espirituais ali descritos têm, como ponto em comum, a falta de oração, a falta de diálogo com Deus. Quando o homem se distancia de Deus, podemos verificar que o distanciamento se deu, num primeiro instante, pela perda de contato entre o homem e Deus através da oração. Eis porque todas as forças do mal buscam retirar o nosso tempo de oração, buscam eliminar a oração do nosso dia-a-dia. A oração, como bem afirmou Paulo, é indispensável para que vençamos as hostes espirituais da maldade, pois é a ferramenta que nos coloca em forma para podermos utilizar adequadamente a armadura de Deus (Ef.6:13-18). Quando falamos em oração, entendamos que ela é um dever, ou seja, é algo que é obrigatório e que o cristão não tem o direito de deixar de fazer. Quando o Senhor Jesus contou aos discípulos a parábola do juiz iníquo ele quis ilustrar o “dever de orar sempre e nunca desfalecer”(Lc 18:1).
I. A QUEM ORAR E QUANDO ORAR?
1. A Quem devemos orar?
É óbvio que devemos orar somente a Deus, e deve ser feito em nome de Jesus, “porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem”(1Tm 2:5). Paulo exortou os crentes da igreja de Éfeso a sempre dar “graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20). Jesus assegurou aos seus discípulos que qualquer coisa que pedissem em Seu nome seria concedido (João 15:16; 16:23) - “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”(João 14:13).
E qual a participação do Espírito Santo? Talvez alguém interrogue. A terceira pessoa da Trindade tem um papel ativo nas orações dos filhos de Deus. O apóstolo Paulo explicou qual a tarefa do Espírito Santo na oração: "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26). Aqui mostra que a atividade do Espírito Santo é interceder “com gemido”; com freqüência, sentimo-nos desnorteados em nossa vida de oração. Não sabemos orar como convém. Oramos de maneira egoísta, ignorante, limitada. Porém, o Espírito coloca-se ao nosso lado para nos ajudar em nossa fraqueza e intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis. Aqui, é o Espírito quem geme, e não nós, apesar de também o fazermos. Esses gemidos têm lugar no coração do crente. Nota-se que o filho de Deus tem dois intercessores divinos: Cristo, intercede no Céu pelo crente, perante a face do Pai(Rm 8:34; Hb 7:25; 9:24; 1João 2:1); e o Espírito Santo, intercede no íntimo do crente, na Terra.
Os desejos e anseios espirituais dos crentes têm sua origem no Espírito Santo, que habita em nosso coração. O próprio Espírito suspira, geme e sofre dentro de nós, ansiando pelo dia final da redenção (Rm 8:23-25). Ele apela ao Pai em favor das nossas necessidades “segundo a vontade de Deus”(Rm 8:27).
De igual importância é a quem não devemos orar. Algumas religiões não-cristãs encorajam seus seguidores a orar ao panteão de deuses, parentes mortos, santos e espíritos. Católicos Romanos são ensinados a orarem a Maria e a vários outros santos, como Pedro, José, Francisco, Antonio, Padre Cícero, etc. Tais orações não são bíblicas, são contra a vontade de Deus e são, na verdade, uma ofensa ao nosso Pai Celestial. O problema em orar a qualquer outra pessoa que não seja Deus é que Ele é um Deus zeloso e tem declarado que não vai dividir Sua glória com ninguém. Na verdade, fazer isso é nada menos do que pura idolatria. “Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Isaías 42:8).
2. Quando devemos orar? O apóstolo Paulo mostra que a guerra do crente contra as forças espirituais de Satanás exige dedicação a oração, “em todo tempo”, “com toda oração e súplica”, “por todos os santos”, “com toda perseverança” – “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos”(Ef 6:18); “Orai sem cessar”(1Ts 5:17).
Temos de vigiar contra a tendência de toscanejar, de deixar a mente vagar e de nos preocupar com outras coisas. A oração requer que estejamos alertas e concentrados espiritualmente. Tem de haver perseverança na oração. Temos de pedir, buscar e bater(Lc 11:9).
a) Quando tudo está bem. Há uma tendência de desprezarmos o ritmo de intimidade com Deus, as coisas constitutivas da nossa comunhão com Deus, quando parece que tudo está bem ao nosso redor. Muitos homens de Deus ao longo da história se descuidaram de buscar a Deus e de vigiar quando todas as coisas lhes eram bastante favoráveis.
Como exemplo, citamos Davi. Este grande rei de Israel, ao invés de ir adiante do seu exército na batalha, conforme fizera antes, ficou em Jerusalém; foi tomado de uma indolência que não demorou a levá-lo ao colapso moral e espiritual. Sua vida de conforto e luxo como rei desenvolveu nele a autoconfiança e o tornou uma pessoa descomedida. Não orou e nem vigiou, logo caiu em tentação, cometeu o pecado de adultério. O adultério com Bate-Seba, o planejamento e a covarde execução de seu esposo, Urias, estão entre os pecados mais condenáveis e repulsivos já narrados na história bíblica. Uma vez concebido, o pecado fez com que o "homem segundo o coração de Deus" passasse da vitória para o tormento. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado(ver Salmo 51). Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm 11:27), perdoou-o por se arrepender profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis e trágicas consequencias. Antes, um homem segundo o coração de Deus – obediente, valente, vitorioso, temente ao Senhor – o Senhor era com ele; depois (durante 25 anos), um homem deprimido moral, emocional e espiritualmente; perseguido e vulnerável.
Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir.
Outro exemplo, Sansão. Esse famoso Juiz de Israel, cujo nome fazia tremer os belicosos filisteus, inimigos mortais do Povo de Deus, tinha tudo para ser uma bênção, se tivesse temperança, ou auto-controle, ou domínio próprio sobre seus impulsos carnais. Mas, Sansão não tinha. Gostava e sentia prazer em exibir sua força. Exibicionismo de qualquer natureza é falta de temperança. Quem tem consciência do que possui não precisa fazer exibição. Deus nunca exibiu seu Poder, o Senhor Jesus nunca fez um milagre apenas para mostrar Seu Poder. Um homem de Deus usa o Poder para fazer a Obra de Deus, e, não apenas para mostrar que tem Poder.
Sansão além de exibicionista não tinha qualquer controle sobre seus sentimentos, suas paixões, seus desejos carnais, principalmente os sexuais. Ele pagou muito caro pela sua destemperança, ou intemperança, perdeu seu Posto de Juiz, perdeu o Poder de Deus, perdeu seus olhos, perdeu sua vida(Jz 16:1-21).
O pecado promete prazer e paga com o desgosto. Levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte. Tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do pecado. O pecado é maligníssimo. Ele é pior do que a pobreza, do que a solidão, do que a doença. Enfim, o pecado é pior do que a própria morte. Esses males todos não podem destruir sua alma nem afastar você de Deus, mas o pecado arruína seu corpo, sua alma e afasta você eternamente de Deus. Por isso a tão singular advertência de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”(Mt 26:41).
b) No dia da angústia e da adversidade. Há momentos de nossa vida que são tão cruentos que pensamos que Deus nos tem desprezado. As angústias e adversidades nos deixam debilitados espiritualmente e nos fazem ofuscar as esperanças de uma recuperação a uma posição original. Mas, o crente tem uma arma poderosa nestes momentos difíceis de nossa caminhada rumo ao Céu: a oração. Ela é poderosa e traz substancia à alma, pois mesmo não tendo força suficiente devido o momento difícil e tenebroso, o Espírito Santo nos ajuda a buscarmos a Deus em oração. O apóstolo Paulo, real exemplo de um crente que passou por momentos de angústia, nos dá a receita certa para esses momentos: “alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”(Rm 12:12)
Jonas, no seu momento de angústia ele orou a Deus, assim: “Na minha angústia, clamei ao SENHOR, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz”(Jonas 2:1-2). Do ventre do grande peixe, Jonas clama ao Senhor, embora se considerasse quase morto (Jn 2:6); sua oração é ouvida pelo Senhor que, em sua misericórdia, poupa-lhe a vida. Assim, os crentes nunca devem perder a esperança, mesmo em situações que pareçam insuportáveis. Assim como Jonas, os crentes devem clamar a Deus, pedindo misericórdia e ajuda. Depositemos, pois, nossas vidas em suas mãos!.
II. COMO ORAR?
1. Com reverência.
A oração deve ser feita com reverência. Jesus ensinou isso na oração do Pai nosso – Lucas 11:2. Veja, também, a manifestação do salmista no salmo 111. A sua atitude é de uma cabal reverencia na presença de Deus ao proferir tão lindas palavras. Portanto, não devemos nunca, de qualquer modo, tratar com leviandade os títulos ou nomes de Deus. Ao orar, penetramos na sala de audiência do Altíssimo, e devemos ir à Sua presença possuídos de santa reverência.
Veja e sinta a reverencia que os anjos têm para com o Deus todo-poderoso, quando estão em sua presença, conforme descrito em Is 6:2-3. Os anjos velam o rosto em Sua presença. Os querubins e os serafins aproximam-se de Seu trono com solene reverência. Quanto mais deveríamos nós, seres finitos e pecadores, apresentar-nos de modo reverente perante o Senhor, nosso Criador.
É tremendamente preocupante quando muitos que se dizem cristãos, no momento da oração, estão alheios a esse momento tão sublime, pois, sem temor mascam chicletes, balbuciam conversas paralelas nada condizentes com o momento tão sublime e sobrenatural; sem falar em outros absurdos destoante de uma vida genuinamente cristã. Isto caracteriza indiferentismo com a presença do Senhor, é trazer fogo estranho ao Altar(ler Num 26:61). A Bíblia nos induz ao respeito para com Deus em qualquer situação, principalmente quando estamos num momento de oração - “Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor”(Hb 12;28).
2. Com fé e humildade.
a) Com fé.
“Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte”(Tg 1:6). Tiago nos exorta a buscarmos a Deus em oração com fé, em nada duvidando. Precisamos ter convicção de seu amor e preocupação conosco e saber que nada é impossível para ele. Se duvidarmos de sua bondade e do seu poder, não teremos estabilidade nas provações. Talvez consigamos descansar em Deus por alguns momentos, mas logo imaginaremos que ele se esqueceu de nos tratar com bondade; procedendo assim, seremos como a onda do mar que se eleva majestosamente e depois desaba espumante e agitada. Esse tipo de fé que vacila entre otimismo e o pessimismo não honra a Deus(Tg 1:7-8).
b) Com humildade. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”(Rm 12:1,2).
Quando o crente se apresentar a Deus em oração, diz o pastor Eliezer de Lira e Silva, “deve reconhecer a sua insignificância em si mesmo, suas fragilidades, necessidades e estar disposto a confessar seus pecados e deixá-los, e buscar a boa e perfeita e agradável vontade de Deus para a sua vida. Isto é uma condição necessária para todo aquele que quiser viver como salvo. A humildade foi uma das características marcantes na vida e no Ministério de Jesus”.
Os Cristãos primitivos foram ensinados que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “... Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes...”(Tiago 4:6). Neste mesmo sentido ensinou, também, o Apóstolo Pedro, dizendo: “... revestivos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”(1Pedro 5:5). Ainda sobre a humildade escreveu Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3).
Pelo que se pode observar, entre os crentes da Igreja primitiva não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32).
O Senhor Jesus, disse que era “... humilde e manso de coração”. A verdadeira humildade manifesta-se de dentro para fora, não é, apenas, aparência exterior. Não é pela aparência exterior que identificamos uma pessoa humilde, um crente que esteja vivendo como salvo. Alguns podem dizer, “ele é muito humilde, não liga para nada, anda mal vestido, não tem vaidade”. Todavia, isto pode ser desleixo, falta de higiene, mau gosto no vestir, ou até sovinismo. Humildade não é alimentar-se e vestir-se mal, podendo alimentar-se e vestir-se bem; humildade não é ter um carro velho, podendo ter um novo; humildade não é morar num barraco, podendo morar numa casa confortável.
3. Priorizando o Reino de Deus e seus valores eternos. Foi assim que Jesus ensinou aos discípulos: “E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino”(Lc 11:2). Aqui o Senhor ensinou os discípulos a se dirigirem a Deus como Pai. Essa íntima afinidade familiar era desconhecida aos crentes no Antigo Testamento. Simplesmente quer dizer que os crentes agora podem falar com Deus como a um amoroso Pai celestial. Em seguida, somos ensinados a orar para que o nome de Deus seja santificado. Isso expressa a ânsia do coração do crente de que Ele deveria ser reverenciado, magnificado e adorado. Na petição, “venha o teu reino”, temos uma oração para que o dia logo chegue quando Deus derrubará as forças do mal e, na pessoa de Cristo, reinará supremo sobre a Terra, onde sua vontade será como é no Céu. Portanto, priorizar o reino de Deus e seus valores nas nossas orações é parte integrante do caráter cristão.
III. ONDE ORAR E POR QUEM ORAR?
1. Onde Orar? Quando a mulher samaritana perguntou a Jesus sobre o lugar apropriado para se adorar a Deus, Ele respondeu-lhe: “... importa que os que o adoram, o adorem em espírito e em verdade”(João 4:24). Esta resposta esclarece-nos sobre a maneira como as pessoas devem buscar a Deus. Fala da verdade, da sinceridade, da voluntariedade e dos desejos do coração do homem e especifica que a comunhão com Deus só se alcança de espírito a Espírito. Pelas palavras de Jesus à samaritana, compreende-se também, que a oração não depende do local escolhido.
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo disse: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda”(1Tm 2:8). A expressão em todo lugar significa que o cristão pode orar a qualquer hora, não importa onde esteja.
Caso a oração seja em público, três qualificações aplicáveis são adicionadas àqueles que oram publicamente. Em primeiro lugar, eles devem levantar as “mãos santas”. A ênfase não é tanto na postura física de quem está orando, mas na vida interior. As mãos devem ser “mãos santas”. As mãos representam todo modo de vida do homem. Em segundo lugar, deve-se "orar sem ira". Essa expressão ressalta a incoerência de pessoas acostumadas a demonstrações de ira, mas que se levantam nas igrejas locais para dirigir-se a Deus em nome dos que ali se congregam. Em terceiro lugar, deve-se orar "sem contendas”. Isso significa orar sem animosidade, não se opor, discutir ou contender. É ter fé na habilidade e na vontade de Deus de ouvir as orações e responder a elas. Nós podemos sintetizar essas qualificações dizendo que o homem deve mostrar santidade e pureza para consigo mesmo, amor e paz para com os homens e fé inabalável para com Deus.
Jesus adverte aos discípulos contra a hipocrisia ao orar em público. Eles não deveriam se posicionar propositadamente em áreas públicas de forma que os outros, vendo-os orar, ficassem impressionados por suas devoções – “E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”(Mt 6:5). Portanto, a oração deve ser com sinceridade.
Entretanto, todo filho de Deus deve ter um lugar para estar a sós com Deus a fim de buscá-lo; é recomendação do próprio Jesus: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”(Mt 6:6). Jesus tinha seus lugares secretos para orar(Mt 14:23; Mc 1:35; Lc 4:42; 5:16; 6:12). Este é o melhor momento e o melhor lugar para o exercício da humildade, da sinceridade e da purificação da fé. A perseverança e a dedicação a esse tipo de oração secreta, longe das pessoas, é que formará a estrutura de uma fé genuína e vigorosa que levará o servo de Deus a alcançar uma vida plena.
2. Por quem devemos orar? A resposta parece óbvia demais. Devemos orar por nós mesmos e pelos outros. Jesus exige claramente que nós oremos por nós mesmos e pelos outros. Ele nos diz para orar por aqueles que nos perseguem (Mateus 5:44). Ele insiste conosco para que oremos pedindo trabalhadores para as colheitas (Mateus 9:38). Ele nos ensina a orar pelos amigos que enfrentam a tentação (Lucas 22:32), bem como por nós mesmos para que não entremos em tentação (Lucas 22:40). Através de Paulo, ele nos exorta a fazer "súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade..." (1Timóteo 2:1-2).
Jesus também nos exorta a orar pelos inimigos (Mt 5:44). Certamente, esta é uma tarefa que demanda muito esforço, amor, renúncia e propósito de agradar a Deus, obedecer a sua Palavra e dominar seu próprio coração. Neste aspecto, Jesus e o diácono Estevão deram-nos exemplos(Lc 23:34; At 7:60). Em vista destas instruções, a oração é um dever, um mandamento a ser obedecido. Isto, por si só, é bastante motivação para aquele que tem fé para obedecer.
O amor se torna nossa motivação para orar por outros, porque ele nos dá forças para amar nosso próximo como a nós mesmos; a amar os irmãos no Senhor colocando seus interesses acima dos nossos; a amar e ser cuidadoso com as coisas de Deus, antes que com nossos interesses pessoais. Quando atingimos o ponto em que ficamos tão preocupados com os outros como conosco, então a oração pelos outros se torna tão natural como a oração por nós mesmos. Que força este poder de motivação, chamado amor, mostra ter; e para a maioria de nós, que mudança faz em nossas vidas!
Quando oramos por outrem, isso apazigua as contendas; simplesmente, não é deixado lugar dentro de nós para o egoísmo, o ódio, a vingança ou a amargura. Talvez a maior bênção que advém da oração é que o próprio ato demonstra a Deus nossa fé nele. Nossas orações mostram que agimos pela nossa fé e que nós, orando por outros, desejamos mudar nosso caráter e personalidade, para nos conformarmos à imagem de seu bendito Filho.
CONCLUSÃO
Que Deus nos encontre sempre perante Seu trono, pois temos um Sumo Sacerdote no Céu que pode se identificar com tudo o que passamos (Hb 4:15-16). Temos Sua promessa de que “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16-18). Que Deus possa glorificar Seu nome em nossas vidas conforme creiamos nele de forma suficiente para que venhamos sempre a Ele em oração.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.

sábado, 18 de setembro de 2010

Aula 13 - A MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA

Texto base: Atos 8.4-8,12-17
"Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade"(1 Tm 3.15).

INTRODUÇÃO
A missão profética da Igreja trata-se da responsabilidade que a mesma tem de ser a portadora da Palavra de Deus, a ser proclamada, divulgada e defendida, não só com palavras, mas, principalmente, com atitudes. A Igreja é a porta-voz de Deus sobre a face da Terra. Ela tem o Espírito Santo (João 14:7), cuja função é guiar a Igreja em toda a verdade, anunciar o que há de vir, bem como glorificar e anunciar tudo o que diz respeito a Cristo (João 16:13,14). Por isso, não pode haver qualquer outro “mensageiro” divino além da Igreja enquanto durar esta dispensação. Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33).
I. A PERSEGUIÇÃO
Desde o seu nascedouro, a Igreja foi e está sendo perseguida. Satanás nunca a deixou quieta. Enquanto estiver aqui na Terra, ela passará por perseguições. O apóstolo Paulo ressaltou isso quando escreveu ao jovem Timóteo: “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12). Mas não devemos temê-las, cientes de que as venceremos pela fé em Cristo (1João 5.4); a Igreja sempre prevalecerá. Jesus, o autor da Igreja, foi enfático ao afirmar que “as portas do inferno não prevalecerão sobre a Igreja”(Mt 16:18).
A opressão sofrida pela igreja, ao longo do tempo, se deu de várias maneiras: por meios religiosos, teológicos, em cumprimento a determinações legais, políticos e/ou culturais. Em muitos lugares esses elementos foram aplicados de modo integrado a fim de que os perseguidos não encontrem escapatória.
O autêntico cristão é cônscio de que a perseguição faz parte da caminhada, já que Cristo nos advertiu nesse sentido (Mt 5.11,12; Lc 11.48,51; 21.12; Mc 4.17; João 15.20). Estevão, um dos primeiros mártires da Era Cristã, sentiu na pele o peso da perseguição (At 7.52), mas não apenas ele, a igreja primitiva pagou um alto preço por seguir a Jesus (Hb 11.38; 1João 3.12); basta ler as histórias dos mártires do Coliseu para constatar. Paulo é um caso especial de alguém que perseguiu e depois passou a ser perseguido (At 9.1-9; Fp 3.6; 1Co 15.32; 2Co 11.23). No Apocalipse, a igreja de Esmirna, tipifica a igreja perseguida e vitoriosa (Ap 2.9,13).
1. Perseguição Religiosa. A religião é um instrumento poderoso de perseguição. Jesus foi alvo de intensos ataques dos religiosos de sua época (João 5.16). A perseguição religiosa é perigosa porque ela se manifesta debaixo da pretensa autoridade de que age em nome de Deus. As autoridades de alguns seguimentos religiosas, ao longo da história, estabeleceram inquisições a fim de julgar e punir todos aqueles que, literalmente, “rezavam fora de suas cartilhas”. A religião se acha detentora de verdade, e, com base em “sua” verdade, persegue a todos aqueles que a ela se opõem. É nesse contexto que, aqueles que seguem a Cristo, que é a Verdade (João 14.6), são vítimas das intensas perseguições religiosas.
a) os judeus legalistas mataram judeus cristãos. O início da perseguição dos judeus contra a igreja se deu quando Pedro e João, em o nome de Jesus, curaram um coxo de nascença que ficava esmolando à “porta do templo chamado Formosa” (At 3.2). Naquele episódio, os apóstolos foram presos (At 4.3), mas muitas pessoas creram, elevando o número dos cristãos a quase cinco mil (At 4.4). A igreja primitiva sofreu muito com as prisões, ameaças e mortes, mas nada disso impossibilitou seu extraordinário crescimento (At 5.19, 29; 6.8-15).
Satanás, no princípio da Igreja, em Jerusalém, usando seus súditos, matou Estevão. O resultado para o reino de Satanás foi catastrófico. Os crentes de Jerusalém se espalharam por toda parte e incendiaram o mundo através da pregação do Evangelho. O Cristianismo, já no tempo de Paulo, alcançou toda a Terra, conforme ele afirmou: “...ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que já chegou a vós, como também está em todo o mundo...”(Cl 1:5-6). E tudo tinha começado com a morte de Estevão!Deu tudo errado para satanás. A igreja, tendo o Senhor Jesus como seu Comandante, venceu e seguiu triunfante.
b) Os imperadores romanos mataram cristãos. Satanás resolveu de uma vez para sempre, acabar com toda a Igreja, matando não apenas um, mas todos os cristãos. Sendo ele o príncipe do presente século, mobilizou, através dos imperadores de Roma, todo o gigantesco Império Romano, com todas as suas forças e recursos, jogando contra os, aparentemente, indefesos cristãos. Matou milhares, porém, converteram-se milhões. No final de cerca de dois séculos e meio de ardente e terrível perseguição, segundo a história, havia cerca de seis milhões de cristãos no Império Romano. Deu tudo errado para Satanás. A Igreja, tendo o Senhor Jesus como seu Comandante, venceu, e seguiu triunfante.
c) Satanás mudou de tática: usou o “poder espiritual”. Deixou de lado o poder bélico e passou a usar o poder “espiritual” para criar a maior de todas as Heresias, com aparência cristã, a saber, a chamada Igreja Universal de Constantino - IUC. Através dessa igreja satanás procurou mergulhar o mundo na mais densa escuridão, escondendo a Bíblia Sagrada do povo, proibindo, terminantemente, sob pena de morte, a sua leitura. Enquanto isto procurou substituir o Teocentrismo pelo antropocentrismo, levando a humanidade à idolatria, transformando em “deuses” homens e mulheres já falecidos. Foram séculos de escuridão, mas, a luz não se apagou. Terminada a Idade Média, apareceu Lutero com a Bíblia na mão, e o resultado foi a reforma Protestante, iniciada em 31/10/1517. Deu tudo errado, novamente, para Satanás; a Igreja saiu triunfante novamente.
d) Mais uma vez satanás mudou sua tática: Usa prepostos (os líderes da IUC) para matar os cristãos. Novamente, pelas forças das armas, agora tendo os seus principais líderes como seu preposto, satanás se propôs a acabar de vez com os cristãos. Esses líderes religiosos mataram ferozmente milhões de cristãos que não se submetiam a seus dogmas antibíblicos. Várias foram os instrumentos destrutivos que os Papas usavam para intimidar os crentes fiéis, e uma delas, foi a mal chamada “santa inquisição”. Muitos cristãos foram queimados vivos nas fogueiras do ódio, mas Satanás fracassou outra vez. Os cristãos perseguidos por toda Europa, começaram a migrar para a América. Acabaram construindo nela a maior potência da Terra e, através dela, o Evangelho foi sendo alcançado por todo o mundo, tendo inclusive chegado ao Brasil. Deu tudo errado para Satanás. A Igreja tendo o Senhor Jesus como seu Comandante, venceu, e seguiu triunfante.
e) No Movimento Pós-Moderno, qual a tática do Inimigo da Igreja? Certamente, a perseguição camuflada. A “perseguição silenciosa, astuta, camuflada” é a mais dura de todas as perseguições, porque não é aparente, não traz repugnância aos olhos da sociedade e se apresenta como algo normal e compreensível.
Através deste tipo de perseguição, não se proíbe a Igreja de pregar o Evangelho e de cultuar a Deus, mas, sim, de combater o pecado. A idéia básica da “perseguição camuflada” é a pregação da “tolerância máxima”, ou seja, a elaboração de leis, regras e regulamentos que exijam das pessoas a “máxima tolerância”, tolerância não entendida como o respeito ao livre-arbítrio das pessoas, o que é um comportamento que todo servo do Senhor deve ter, uma vez que Deus criou o homem com o livre-arbítrio e o respeita, mas, sim, de consentimento e concordância com o pecado, algo impossível para quem tem o Espírito de Deus(João 14:17; Rm 8:9), o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2:5), Espírito e sentimento que fazem com que o servo de Deus abomine o pecado (Zc 13:1; Rm 6:2; Hb 12:4; 1João 3:8).
A pressão exercida pelo mundo sobre cada servo do Senhor para que ele “deixe de ser fanático”, “faça uma trégua com o pecado”, “seja tolerante com o pecado” tem sido intensa. Como a perseguição camuflada não se apresenta violenta, não é sanguinária, tem aparência de civilidade, consegue ser muito mais forte do que a perseguição aberta. Quem não se revolta ao ver cenas de incêndio de templos de igrejas, de condenações à morte de pessoas somente por causa da pregação do Evangelho? No entanto, quantos não estão indiferentes e até defendem atitudes de “repressão ao fundamentalismo”, como as que têm sido feitas na atualidade?
Nos tempos em que vivemos, pós-moderno, não vamos encontrar prisões cheias de cristãos, presos por causa do testemunho da fé; cristãos desapossados de seus bens, sendo torturados, mortos, jogados às feras, devorados, não. Vamos, contudo, encontrar muitas lideranças, sem a direção de Deus, sentadas à mesa com os “Gibeonitas” e sendo enganados por eles, tal como aconteceu com Josué(Ler capitulo 9 de Josué e compare com Dt 7:1-2). Vamos encontrar muitos “Tobias”, homens sem temor de Deus, infiltrados na Casa de Deus, cuidando de seus próprios interesses pessoais e materiais (Ler Ne 4:3 e 13:4-9).
Satanás não mudou sua natureza. Acompanhando pela Bíblia e pela história, até parece que ele mudou, mas ele continua o mesmo. Assim como Tobias ele mudou de tática. Agora ele procura agir com Diplomacia, e, pela porta, entra na Igreja, levando o mundo consigo. Mas “batendo” de frente com a Igreja ele perdeu todas, pois “... as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(Mt 16:18).
2. Perseguição política-religiosa. A perseguição feita pelo poder político traz inúmeros sofrimentos à Igreja. Por causa do desatendimento da ordem do Sinédrio, os discípulos foram presos (At 5:18), açoitados (At 5:40) e até mortos, como ocorreu com Estêvão(At 7:58-60) e Tiago, o filho de Zebedeu (At 12:1,2). Que dizer, então, da perseguição sofrida pelos cristãos, que foram obrigados a sair de Jerusalém (At 8:1)? E os milhares de cristãos mortos durante as dez perseguições do Império Romano, profetizadas em Ap 2:10?
Não nos esqueçamos de que a expressão de Jesus é “portas do inferno” e que as portas falava das autoridades de uma cidade, do poder de uma cidade daquele tempo. Nas portas, estavam as defesas (cf Ne 7:3 - autoridade militar) e os juízes para julgar (cf Rt 4:1,2 - autoridade judiciária).
Para refletir a respeito de como acontece a perseguição político-religiosa, basta lembrar da união entre Caifás e Pilatos na execução de Cristo (João 19.7). Pilatos queriam se manter no poder, e, para isso, sabia que não poderia desagradar a religião judaica. Por isso, mesmo com o apelo de sua esposa (Mt 27.19), Pilatos determinou que Jesus fosse crucificado (João 19.6). A política, debaixo da influência da religião, mesmo na democracia, persegue intensamente aqueles que escutam a Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
A perseguição do poder político para impedir a pregação do Evangelho ainda prossegue em nossos dias, mesmo diante das grandes conquistas relacionadas com a proteção e o reconhecimento dos direitos fundamentais da pessoa humana. Ainda hoje, em pleno século XXI, pessoas são presas, torturadas e mortas única e exclusivamente porque professam o nome do Senhor Jesus, como se pode ver em boa parte dos países muçulmanos.
3. Perseguição Teológica. Nos tempos apostólicos, no limiar da igreja primitiva, a Igreja sofreu o ataque do inimigo e muitos se deixaram seduzir pelo adversário, abandonando a fé genuína na Palavra de Deus e adotando ensinos falsos e distorcidos. Os apóstolos levantaram-se contra os judaizantes (Gl 5:1-4), os gnósticos (Cl 2:18-23; 1João 4:1-3), os nicolaítas (Ap 2:2,6,15) e os que apresentaram falsos ensinos sobre a ressurreição (2Tm 2:17,18).
A partir de então, mostra-nos a história do cristianismo, não houve época em que não se levantassem movimentos, doutrinas e grupos que distorceram a Palavra de Deus e construíram “outros evangelhos”, muito diferentes daquele que foi anunciado pelo Senhor Jesus. A situação chegou a tal ponto que a própria cúpula governante do que se dizia ser a Igreja do Senhor era a fomentadora dos falsos ensinos, criando-se a lamentável situação que só iria melhorar a partir da Reforma Protestante.
Sem falar nos problemas existentes na igreja dos dias apostólicos, os escritores do Novo Testamento já alertavam os crentes que os dias finais do tempo da Igreja na Terra seriam nebulosos e repletos de falsos ensinos numa profusão nunca antes conhecida. Porventura não estamos presenciando isso nos dias hodiernos?
II. OS SAMARITANOS
Os samaritanos eram discriminados no tempo de Jesus, e odiados pelos judeus da Judéia, por uma razão muito antiga:
(1) Após a morte do rei Salomão, cerca de 900 anos antes de Cristo, o seu filho sucessor, Roboão, se desentendeu com as 10(dez) tribos da região norte do país, o que motivou a divisão do povo judeu em dois reinos: as 10 tribos ficaram sob o reinado de Jeroboão, com a capital em Samaria, e duas tribos (Judá e Benjamin) ficaram no sul, sob o reinado de Roboão, filho de Salomão, com capital em Jerusalém.
(2) No ano de 722 antes de Cristo, o reino da Samaria foi vencido pelo rei da Assíria, Assurbanipal, e o povo foi levado para a Assíria em cativeiro(2Rs 17:23,26,29,33). Durante esse tempo, povos pagãos, não judeus, vieram para a Samaria(2Rs 17:24), e houve muitos casamentos mistos de judeus que permaneceram em Samaria com pessoas pagãs(parece que os assírios não retiraram dali todos os habitantes israelitas, porque o relato de 2Crônicas 34:6-9, compare isso com 2Rs 23:19, 20, dá a entender que, durante o reinado do rei Josias, ainda havia israelitas naquela terra). Isto era proibido pela lei de Moisés; por isso o povo de Jerusalém, chamados de judeus, odiavam os samaritanos. Não os consideravam mais judeus por terem se misturado com povos não judeus.
Apesar desse clima tenso, Jesus amava os samaritanos. Ele procurou quebrar a barreira de comunicabilidade entre esses dois povos. Pode-se ver isso quando ele, em sua passagem por Samaria, dialogou com a mulher samaritana, e que resultou na conversão de toda aquela aldeia para o Reino de Deus (João 4:1-39).
Para a mulher samaritana havia três barreiras para ela aproximar-se de Jesus: (a) A barreira racial: Jesus era judeu; e, ela samaritana; (b) a barreira material: Jesus não tinha para ela os utensílios para tirar a água da vida. Para tirar água do poço era necessário corda e um balde; (c) a barreira espacial: o poço era fundo.
Mas para Jesus as barreiras são encurtadas. Ele diz para a mulher: "Se tu conheceras o Dom de Deus e quem é o que diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva" (João 4:10). Para tirar a água viva, que é a graça salvadora de Deus, não precisamos de balde e corda, precisamos sim de conhecer o dom de Deus que é a graça dEle; não existe poço fundo para Jesus Cristo, as dificuldades são superadas.
Jesus não perguntou qual a sua religião e sua família; não perguntou se a mulher era idólatra, nem se era de boa ou má conduta; mas ofereceu à mulher o que ela mais necessitava: a água viva. A mulher não sabia que Jesus é a fonte d’água viva. Para tirar água do poço de Jacó era necessário, sim, balde e corda; mas, para tirarmos água da fonte da vida é necessário unicamente fé. Ele oferece gratuitamente a água da vida(Ap 22:17).
Jesus demonstrou para a mulher samaritana que para Deus não há barreira étnica, o seu amor é ilimitado; Ele não discrimina ninguém. Quando a amor divino passa a existir no ser humano, o que somente é possível mediante a salvação, gera uma fonte de água que jorra para a vida eterna (João 4:14). Se é fonte de água que jorra, é água em movimento; se é água em movimento, é água que atinge outros lugares; se é água que atinge outros lugares, é água que leva a vida eterna até estes outros lugares.
O Evangelho desconhece fronteiras. Mediante esse fato, Jesus dá ordem aos seus discípulos para que enfrentem e debelem as barreiras étnicas com a pregação do Evangelho. Após a sua ressurreição dentre os mortos, o Senhor Jesus Cristo mandou seus discípulos pregar o evangelho em todas as partes, inclusive em Samaria (At 1.8). "A Igreja é o estandarte da reconciliação entre a humanidade e Deus, e dos seres humanos entre si” (HORTON, Stanley).
III. O EVANGELHO EM SAMARIA
Depois de refrear a curiosidade dos discípulos quanto à data futura do seu reino terreno(Atos 1:7), Jesus direcionou a atenção deles para uma questão mais imediata: a natureza e abrangência da missão da qual seriam incumbidos. Quanto à natureza dessa incumbência, os discípulos deviam ser testemunhas; quanto à abrangência, deviam testemunhar tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra(Atos 1:8).
Antes disso, porém, precisavam receber o poder do Espírito Santo. Esse poder é o elemento absolutamente indispensável do testemunho cristão. Uma pessoa pode ter muitos talentos, treinamento e experiência, mas, sem poder espiritual, será ineficaz. Em contrapartida, uma pessoa pode ter pouca instrução, ser pouco atraente e polida, mas, ao receber o poder do Espírito Santo, é capaz de fazer grandes coisas para Deus. Os discípulos temerosos precisavam de poder para testemunhar e de ousadia santa para pregar o evangelho. Esse poder lhes seria dado quando o Espírito Santo descesse sobre eles.
Em primeiro lugar, deviam testemunhar em Jerusalém. A mesma cidade onde Jesus havia sido crucificado seria a primeira a receber o chamado para se arrepender e crer nele.
Em seguida, as testemunhas deviam se dirigir à Judéia, a parte sul da Palestina com uma população predominantemente judaica, da qual Jerusalém era a principal cidade.
Em terceiro lugar, deviam ir a Samaria, na região central da Palestina, onde se encontrava uma população de mestiços odiados pelos judeus.
Depois disso, deviam testemunhar até aos confins da terra conhecida na época, ou seja, aos países gentios desprovidos da Graça salvadora de Deus.
A morte de Estevão desencadeou uma perseguição generalizada contra a igreja(Atos 8:1-3). Os cristãos foram dispersos por toda a Judéia e Samaria. Até então, o testemunho dos discípulos tinha se limitado exclusivamente a Jerusalém. A perseguição serviu, então, para impelir os discípulos receosos de levar o evangelho a outros lugares.
Do ponto de vista humano, foi um dia sombrio para os cristãos. Um membro de sua comunidade dera a vida pela fé. Eles próprios estavam sendo perseguidos como animais. Do ponto de vista divino, porém, foi auspicioso. Um grão de trigo precisava ser plantado no solo para dar muito fruto. Os ventos da aflição estavam levando a lugares distantes sementes do evangelho que dariam frutos incalculáveis.
A dispersão dos cristãos não calou seu testemunho. Antes, por toda parte aonde iam, pregavam as boas-novas da salvação. Filipe, o “diácono” do capítulo 6, que tinha o dom ministerial de evangelista(At 21:8), foi para o norte, para a cidade de Samaria(Atos 8:6). Além de anunciar Cristo, realizou muitos sinais. Os espíritos imundos foram expulsos, e muitos paralíticos e coxos foram curados. Como a mensagem genuinamente evangelística e cristocêntrica resulta em bênçãos divinas e conversões, havia muita alegria na cidade. A pregação de Filipe era acompanhada de cura e libertação, por isso, atraiu toda a população de Samaria. Muitos se converteram ao evangelho e, como aconteceu em Jerusalém no Dia de Pentecostes, foi realizado um batismo em água, que marcou o início da igreja naquela localidade (ler Atos 8:4-8).
Quando os apóstolos em Jerusalém receberam a noticia de que Samaria havia recebido de bom grado a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Ao chegarem a Samaria, os apóstolos ficaram sabendo que os cristãos haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus, mas não havia recebido o Espírito Santo. Agindo, sem dúvida, sob a orientação de Deus, os apóstolos oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo e lhes impuseram as mãos. Logo em seguida, os samaritanos receberam o Espírito Santo (Atos 8:14-17).
Aqui, os apóstolos fazem uma oração especial pelos samaritanos e lhes impõem as mãos, numa seqüência diferente daquela observada no dia de Pentecostes. No pentecostes, os judeus: (1) Arrependeram-se; (2) Foram batizados; (3) Receberam o Espírito Santo. Neste caso, os samaritanos: (1) Creram; (2) Foram batizados; (3) Receberam a imposição de mãos dos apóstolos; (5) Receberam o Espírito Santo. Esse processo visava a expressar a unidade da Igreja, quer fosse constituída de judeus quer de samaritanos. Havia o perigo de a igreja em Jerusalém manter os conceitos de superioridade judaica e continuar inteiramente afastada dos seus irmãos samaritanos. Para evitar a possibilidade de um cisma ou a idéia de que havia duas igrejas (uma judaica e outra samaritana), Deus enviou os apóstolos para impor as mãos sobre os samaritanos. Esse gesto expressou a comunhão plena com eles como seguidores do Senhor Jesus. Todos eram membros de um só corpo, todos eram um em Cristo Jesus. Agora que haviam estabelecido uma base de operações na região, os apóstolos também evangelizaram muitas aldeias dos samaritanos(Atos 8:25).
CONCLUSÃO
A Grande Comissão é, sem sombra de dúvidas, a suprema missão da igreja. As palavras de Jesus Cristo, relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, apontam para alvo e objetivo que a igreja deva alcançar. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais devem ser encarados no contexto da igreja local como acessórios, entretanto a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não fizer missões e evangelismo, não fez nada. Missões é urgente e importante! Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee. A missão profética da igreja: a proclamação da palavra - Caramuru Afonso Francisco.

domingo, 12 de setembro de 2010

Aula 12 - O TRIPLICE PROPÓSITO DA PROFECIA

Texto Base: 1Coríntios 12.4-10; 14.1-5

"Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14.3).

INTRODUÇÃO
A profecia, como um dom espiritual de expressão verbal, mostrada no Novo Testamento(1Co 12:10), não tem a mesma autoridade canônica das Escrituras (2 Pe 1.20), que são infalíveis. Portanto, deve ser julgada (1Co 14.29). A autêntica profecia é uma revelação divina, pois trata-se de um oráculo vindo da parte de Deus; porém, em nossos dias muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se estas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Escutamos frequentemente: “Eu profetizo sobre a tua vida!”; “Profetize pra seu irmão”. A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU" querer: “... porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). É bom observarmos que os profetas autênticos de Deus não usaram esse famigerado clichê; ao contrário, quando profetizavam, diziam: “Assim veio a mim a palavra do Senhor...” (Jr 1:4); “Assim diz o Senhor...” (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); “Ouví a palavra do Senhor...” (Jr 2:4); “E veio a mim a palavra do Senhor”(Jr 2:1; 16:1). Portanto, desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória jamais poderá invocar o dom de profecia sob pena de não estar falando inspirado por Deus. Os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas (1Co 12:29), e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira.
I. OS DONS ESPIRITUAIS
Os Dons de natureza Espiritual são destinados aos homens espirituais, ou seja, aqueles que receberam vida espiritual através do Novo Nascimento. As pessoas, lá fora, possuem os Dons Naturais, porém, os espirituais são destinados à Igreja. Diríamos que a condição para o uso dos Dons Espirituais é a apresentação do corpo “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, ou seja, uma vida colocada no altar, uma vida de consagração a Deus, uma vida de santificação. O Senhor Nosso Deus usa vasos limpos, ou purificados, vasos que não estejam em conformidade com o mundo.
1. O que são os Dons espirituais. São dotações e capacitações sobrenaturais que o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, outorga à sua Igreja, visando a expansão universal da sua obra e a edificação dos santos. O crente que crê na operação ainda hoje do Espírito Santo como agente transmissor de poder divino na pregação do Evangelho é um crente que crê no Evangelho completo, pois a pregação do evangelho abrange não só a notícia de que Jesus é o Senhor e Salvador do mundo e que é preciso nEle crer para alcançar o perdão dos pecados e a salvação da alma, obtendo, assim, a vida eterna, como também esta mensagem é confirmada da parte de Deus mediante a operação do Seu poder, através dos dons espirituais, cuja recepção se torna possível em virtude do revestimento de poder, do mergulho, da imersão do ser do crente no fogo do Espírito de Deus, no seu completo envolvimento com a terceira Pessoa da Trindade Divina.
2. Conceito. Os Dons espirituais são chamados, no original grego, de "charismata", palavra que significa "graças", ou seja, os Dons espirituais são dádivas, são favores imerecidos que Deus concede aos homens que estão dispostos a servi-lo. A verificação do significado da palavra "charismata" é muito importante, pois demonstra, de forma cabal, que os dons espirituais são concessões divinas, decorrem do exercício da Sua infinita misericórdia, não havendo, portanto, qualquer merecimento, qualquer mérito por parte daqueles que são aquinhoados pelo Espírito Santo com um dom espiritual.
O dom espiritual é concedido não porque alguém seja mais espiritual ou melhor do que outro, mas em virtude da soberana vontade do Senhor. Quem o diz não somos nós, mas a própria Palavra de Deus: "Mas um só mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”(1Co.12:11). Muitos são os que acham que os portadores de Dons espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade. Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20). Jesus não aprovou esta conduta, típica dos judeus formalistas e descrentes (Mt 12:38,39). Nenhum outro sinal deve-se buscar, como disse nosso Senhor e Salvador, senão a Sua ressurreição, que é a garantia da aceitação do Seu sacrifício e do perdão dos nossos pecados.
3. O falso ensino dos cessacionistas. Uma corrente da teoria cessacionista deduz, erradamente, que os Dons espirituais cessaram após a era apostólica, pois o Evangelho, de acordo com a geografia daqueles dias, já havia chegado aos confins da terra (At 1.8; 13.47). Afirma que os Dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo. Uma outra corrente acredita que os Dons espirituais não são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico. No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os Dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento.
A atualidade dos Dons espirituais é confirmada pela Escritura e experiência cristã. O apóstolo Paulo diz que os propósitos dos dons, especificamente, é o de fortalecer a igreja (1Co 14.3,4, 26). Se os Dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria a igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons conforme a verdade bíblica.
4. Os Dons são dados como instrumentos de Trabalho.
a) Os Dons Espirituais não são presentes. Deus capacita o homem através da concessão de seus dons. Isto nos faz entender que os Dons não são presentes de Deus ao homem, ou à Igreja, conforme muitos afirmam. Presentes, tal como os Dons, nós recebemos, gratuitamente. Porém, o presente uma vez recebido torna-se propriedade nossa. A pessoa que o dá perde o controle sobre o mesmo. O que recebe pode fazer do presente o que quiser. É seu! Se gostar, pode usar; não gostando, pode dar-lhe o fim que pretender, pois ele é o dono da coisa recebida. Com os Dons é diferente, eles são dados como Instrumentos de Trabalho - “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”(1Co 12:7).
Os Dons são dados não como se dá uma jóia para ser usada como adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa. Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de querer; Deus dá para ser usado!
b) Aquele que recebe um Dom e não usa, pode ser responsabilizado. O mesmo pode acontecer com aquele que usa o Dom, não na obra de Deus, mas, para satisfazer algum interesse pessoal, e particular. Vemos a comprovação do que estamos afirmando exposta por Jesus, nas Parábolas dos Talentos e das Minas(Mt 25:14-30 e Lucas 10:11-27). Nem os Talentos, nem as Minas foram dados como presentes aos seus amigos. Foram, na verdade, dados aos servos para que fossem usados de acordo com os interesses do Senhor, o legitimo dono dos Talentos e das Minas. Contudo, um dos servos, ou não entendeu, ou foi negligente, pois, resolveu não trabalhar com o valor recebido – “...cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor”(Mt 25:18). Perceba a expressão “o dinheiro do seu senhor”. Da mesma forma os Dons de Deus não se tornam propriedade daquele que os recebe. São dados para serem usados na Obra de Deus.
A negligencia pela não utilização ou pelo uso indevido por parte de quem recebe o Dom resultará em conseqüências negativas quando o dono voltar, tal como aconteceu naquelas duas Parábolas referidas: “Lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá planto e ranger de dentes”(Mt 25:30).
Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais Dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco, você não pode enterrá-los. PENSE NISSO!
c) O Dom é concedido conforme a capacidade e habilidade no seu uso. Voltamos a afirmar que os Dons de Deus não são dados como presentes, mas, como Instrumentos de Trabalho para serem usados na Obra de Deus. Eles são dados “...conforme a medida da fé que Deus repartiu à cada um”, e, no caso dos Dons espirituais, eles são distribuídos pelo Espírito Santo “...a cada um para o que for útil”(1Co 12:7). Portanto, cada um recebe segundo a sua capacidade e habilidade no seu uso.
O Senhor Deus conhece essa capacidade e habilidade de cada um. Um estetoscópio é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um médico. Porém, não terá nenhuma serventia nas mãos de um pedreiro. Da mesma forma um prumo é um instrumento de trabalho de grande utilidade nas mãos de um pedreiro, porém, de nada servirá nas mãos de um médico.
O Espírito Santo dá o instrumento à pessoa certa. Àquela que tem condições de usá-lo. Assim, se você recebeu um Dom é porque você pode e deve usá-lo em beneficio da Obra de Deus, nunca em beneficio pessoal, porque você é um servo. Portanto, se você receber um Dom e não usá-lo, ou se usá-lo diferente do que é exigido pela Bíblia, você não será considerado inocente!
5. A lista dos dons espirituais e uma ilustração. É comumente dito que os dons espirituais são nove, dizer este que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, que se encontra em 1Co 12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm 12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira e que parece misturar dons espirituais com dons ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado). Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de 1Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (1Co 12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove. Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na igreja, inevitavelmente, trará edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da igreja local com o Senhor e a Sua obra.
Tomando-se, porém, a relação mais minudente das Escrituras, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:
a) dons de poder
: fé, dons de curar, operação de maravilhas. São dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.
b) dons de ciência: palavra da sabedoria, palavra da ciência, dom de discernir os espíritos. São dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.
c) dons de elocução ou de fala: variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia. São dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.
Observamos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus; tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial. Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (1Co 2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (1Co 2:2).
É com base nesta peculiar circunstância que podemos identificar e repudiar todas as inovações que hoje contagiam muitas igrejas locais, em especial os “novos dons” e a tão desejada e nunca explicada “nova unção”. Não existe apoio bíblico para determinadas manifestações que são puras heresias e demonstrações claras de manifestações diabólicas, como os ditos “dons” da “risada santa”, do “cair pelo Espírito”, do “dom de lagartixa”, do “vômito santo” e outras “neobobagens pentecostais”, como bem denominou o jornalista cristão Jozadak Pereira.
II. A IMPORTÂNCIA DO AMOR
O amor é imprescindível para quem diz ser filho de Deus. É como se fosse o próprio DNA espiritual do cristão sincero e verdadeiro. Devemos observar que este amor não é apenas a essência da comunhão entre Deus e o homem, o próprio núcleo da vida espiritual, mas é, como afirma Paulo, a primeira virtude do fruto do Espírito (Gl 5:22), ou seja, necessariamente este amor tem de se traduzir em atitudes, em ações, tem de se manifestar fora do indivíduo. Não foi por outra razão que Deus, ao entregar a Moisés a lei, estabeleceu que o resumo de todos os mandamentos fosse “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder”(Dt 6:5). Só assim poderia haver a guarda de todos os mandamentos e, por conseguinte, temor a Deus (cfr. Dt 6:1,2), mandamento este que foi endossado por Cristo, quando indagado a respeito do que era mais importante na lei (Mt 22:37).
O amor é a marca registrada do cristão, conforme afirmou o próprio Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(João 13:35).
O amor é, também, o distintivo do filho de Deus – “Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem... e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo...” (Lc 6:35).
A falta de amor que paira sobre as pessoas que não são salvas, que realmente é uma característica dos que não temem a Deus, tem, infelizmente, se alastrado em muitos que se dizem ser cristão. A crescente onda do mal tem distorcido a visão das pessoas de tal forma que aquilo que é malévolo parece banal. Isso está ocasionando a insensibilidade e o esfriamento do amor, infelizmente, até mesmo entre os cristãos. A falta de amor é um dos principais fatores da mornidão espiritual que avança no meio dos que cristãos se dizem ser.
Quando aceitamos a Cristo, o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5:5); das virtudes cristãs, é a mais importante (1Co 13:13). Assim, não podemos, em hipótese alguma, permitir que esta virtude, esta disposição de caráter, esta força que nos impulsiona a tomar as atitudes do dia-a-dia, desapareça de nossas vidas, por causa da multiplicação do pecado.
Portanto, o amor é o que nos distingue como filhos de Deus; não é o dom de profecia, o poder de falar em nome de Deus ou de realizar curas, etc. De que adianta ao crente ser dotado de todos os dons espirituais e até demonstrar auto-sacrifício, se ele não pratica o amor de Deus em sua vida cotidiana? Os dons são temporários e não distribuídos a todos os crentes, mas o amor é uma virtude permanente e deve existir em todos os crentes indistintamente, pois ele é o “cartão de identidade” do autêntico cristão (1João 4:8; Rm 5:5,8).
O apóstolo Paulo afirma em 1Co 13:2 que sem o genuíno amor de Deus operando em nossos corações, os mais destacados dons tornam-se ineficazes – “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria”.
Uma pessoa pode receber revelações maravilhosas de Deus; pode entender os grandes mistérios divinos, verdades extraordinárias até então ocultas, mas agora reveladas a esse indivíduo; grande ciência pode lhe ser concedida de forma sobrenatural; pode receber a fé heróica que é capaz de transportar montes. Se, porém, esses dons maravilhosos forem usados apenas em benefício próprio, e não para a edificação dos membros do Corpo de Cristo, não têm absolutamente nenhum valor e quem os possui não é nada, ou seja, não é de nenhuma ajuda para os outros.
Outrossim, o apóstolo Paulo nos chama atenção de ainda que ele entregasse todos os seus bens para alimentar os pobres, ou mesmo que entregasse seu próprio corpo para ser queimado, esses atos de grande coragem só lhe seriam proveitosos se fossem realizados em espírito de amor (1Co 13:3). Se estivesse apenas tentando chamar a atenção, sua demonstração de virtude não teria nenhum valor.
Jesus deu poder aos seus discípulos, enviou o Consolador, mas deixou claro que seríamos conhecidos como seus discípulos se amássemos uns aos outros(João 13:35). Deus sabe que somos todos diferentes, física e psicologicamente falando. Havia diferença também entre os discípulos, mas o Senhor ordenou que amassem uns aos outros. O novo mandamento – de demonstrar o amor - é a diferença cristã em um mundo egoísta e vingativo.
III. O DOM DE PROFECIA (1Co 14.3)
O dom de profecia é concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para trazer mensagens de Deus com a finalidade de edificar, exortar e consolar a igreja – este é o tríplice propósito da profecia neotestamentária. É uma demonstração de que Deus está conosco a todo instante e que compartilha de nossos sentimentos, fazendo questão de lhos manifestar para que, sentindo a Sua compaixão, ajamos de acordo com a Sua vontade. Ao dizer que o profeta edifica, exorta e consola, o apóstolo Paulo não fornece uma definição, apenas cita os resultados da mensagem transmitida em uma linguagem que as pessoas conhecem. Ao contrário do dom de Línguas, o qual, sem interpretação, beneficia somente à pessoa contemplada com este dom.
Quando as línguas não são interpretadas, só Deus as entende. Nesse sentido aquele que fala em línguas "não fala aos homens, se não a Deus". Por conseguinte, ninguém na congregação entende o que é dito ou aprende algo. Ainda que o espírito humano seja suscetível ao Espírito de Deus, e o que fala em línguas esteja sendo edificado, tudo o que é dito permanece em "mistérios". De nada adiantará alguém apresentar verdades maravilhosas nunca antes reveladas se estas não forem inteligíveis.
1. Edificação. O dom de profecia na igreja é originado pelo Espírito Santo, não para predizer o futuro, mas para fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Na edificação os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm 12:2-8). Neste processo, os crentes são edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera. Por isso, todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à igreja nem abalar a fé daqueles que ainda não possui uma firme edificação.
2. Exortação. A exortação é outra função da profecia que tem por sinônimo o encorajamento divino para os servos de Deus. Significa, também, ajudar, assistir, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar. Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.
3. Consolação. A consolação é o terceiro propósito da profecia do Novo Testamento. Tendo em vista o fato de que estamos em um mundo decaído, que pode nos tirar a esperança e a alegria, esta função é indispensável para o fortalecimento da fé do povo de Deus.
Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus, mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo, em especial nos instantes de aumento da iniqüidade como os vividos pela Igreja neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.
O bom ânimo, a disposição, é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel(Js 1:6), como também o conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre Israel(1Cr 22:13; 28:20), ou palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt 9:2,22; Mc 6:50; Lc 8:48). Paulo, também, usou deste dom no retorno às igrejas que fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At 14:22).
CONCLUSÂO
Diante do que foi exposto somos cônscios de que os Dons espirituais são imprescindíveis à Igreja nos dias de hoje e que devemos buscá-los com dedicação, principalmente o dom de Profecia (1Co 14:1). Apesar de ser verdade que os dons são distribuídos pelo Espírito conforme lhe apraz, também é fato que podemos pedir os dons que serão mais valiosos para a igreja local. Por isso, o apóstolo Paulo sugere que o dom de profecia é particularmente desejável.
Quem recebe um dom espiritual deve estar consciente que, em razão deste dom, não foi feito melhor dos que os demais irmãos, mas, bem ao contrário, foi-lhe dada uma responsabilidade ainda maior, de forma que deverá, sempre, usar este dom conforme a vontade do Senhor e de acordo com as Escrituras, pois deve sempre exercer este dom para a glória do nome do Senhor. Infelizmente é comum medirmos o grau de espiritualidade de um crente pela quantidade de dons que ele possui ou pelo fato de ele "ser muito usado por Deus". Entretanto, a Bíblia nos mostra o caminho mais excelente: o amor. Não é por acaso que Paulo associa dons, amor e Corpo de Cristo num mesmo tratado. Uma igreja pode reunir todos os dons espirituais, no entanto, se não tiver amor, ela não terá utilidade nenhuma no Reino de Deus (1Co 13.3). O dom deve ser usado livre de escândalos, engano, falsificação, e dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1Co 14.26-40). Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee. Os Dons do Espírito Santo - Caramuru Afonso Francisco.


domingo, 5 de setembro de 2010

Aula 11 - O DOM MINISTERIAL DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

Texto Base: Efésios 4.11-14; 1 Coríntios 14.3

"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas" (1 Co 12.28).

INTRODUÇÃO
Existe uma razoável diferença entre o dom ministerial e o dom de profecia. Em que pese ambos serem enviados por Deus e de estrema utilidade para a igreja, o primeiro(o dom ministerial), tratado em 1Co 12:28 e Ef 4:11, é concedido a crentes com chamada específica, com finalidade de trazer maturidade espiritual ao povo de Deus e prepará-lo convenientemente para o exercício das tarefas cometidas pelo Senhor a cada um dos membros do “Corpo de Cristo”; ao passo que o segundo(o dom de profecia), tratado em 1Co 12:10, pode ser concedido a qualquer crente, de acordo com a vontade do Espírito Santo, com a finalidade de exortar, edificar e consolar o povo de Deus (1Co 14.3). O dom de profecia não pode ser considerado indicativo de santidade, pois o mesmo é concedido não por mérito, mas dado “a cada um para o que for útil”(1Co 12:7).
I. OS DONS MINISTERIAIS
Esses dons são enumerados em Efésios 4:11 e 1Coríntios 12:28, 29, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores ou mestres. São os dons Ministeriais propriamente dito.
1. Distinção entre o colégio apostólico e o dom ministerial de apóstolo. É importante que façamos uma distinção entre os doze apóstolos de Cristo (Lc 6:12-16) e o apóstolo como dom ministerial(Ef 4:11; 1Co 12:28).
a) O colégio apostólico. Em sentido especial, os doze apóstolos constituíram o início do alicerce da Igreja (cf Ef 2:20; 3:5; Mt 16:18; Ap 21:14). Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje(Ef 3:5). Por essa razão, este ofício inicial de apóstolo do Novo Testamento é ímpar e não repetido. Como testemunhas e mensageiros diretos do Senhor ressurreto, com exceção de Judas Iscariotes, eles edificaram o alicerce da Igreja de Jesus Cristo, alicerce este que nunca poderá ser alterado, nem admitir acréscimo. Daí, aquele grupo de apóstolos não ter sucessores. São “apóstolos do Cordeiro” num sentido único (Ap 21:14; 1Ts 2:6; Jd 17).
Mas outros além dos doze foram chamados para ser apóstolos; o mais conhecido é Paulo (Rm 1:1), o último dos apóstolos (1Co 15:8) no sentido de receber um mandato especial através de um encontro com o Senhor ressurreto para integrar a formação do testemunho inicial e fundamental de Jesus Cristo (cf At 9:3-8; 22:6-11; 26:12-18). Barnabé (At 14:14); Tiago, o irmão de Jesus(Gl 1:19); Silas e Timóteo(1Ts 1:1;2:6) também são chamados de apóstolos. Juntamente com os profetas do Novo Testamento, esses apóstolos lançaram, com seus ensinamentos acerca do Senhor Jesus Cristo, os alicerces doutrinários da Igreja (Ef 2:20).
OBSERVAÇÃO: “A Igreja somente poderá ser genuína se for alicerçada na revelação infalível, inspirada por Cristo, aos primeiros apóstolos(ver Ef 2:20).
(1) Os apóstolos do Novo Testamento foram os mensageiros originais, testemunhas e representantes autorizados do Senhor crucificado e ressurreto. Foram as pedras fundamentais da Igreja, e sua mensagem encontra-se nos escritos do Novo Testamento, como o testemunho original e fundamental do evangelho de Cristo, válido para todas as épocas.
(2) Todos os crentes e igrejas locais dependem das palavras, da mensagem e da fé dos primeiros apóstolos, conforme estão registradas historicamente em Atos e nos seus escritos. A autoridade deles é conservada no Novo Testamento. As gerações posteriores da Igreja têm o dever de obedecer à revelação apostólica e dar testemunho da sua verdade. O evangelho concedido aos apóstolos do Novo Testamento, mediante o Espírito Santo, é a fonte permanente de vida, verdade e orientação à igreja.
(3) Todos os crentes e igrejas serão verdadeiros somente à medida em que fizerem o seguinte: (a) Aceitar o ensino e revelação originais dos apóstolos a respeito do evangelho, conforme o Novo Testamento registra, e procurar manter-se fiéis a eles(At 2:42). Rejeitar os ensinos dos apóstolos é rejeitar o próprio Senhor(João 16:13-15; 1Co 14:36-38; Gl 1:9-11); (b) Continuar a missão e ministério apostólicos, comunicando continuamente sua mensagem ao mundo e à Igreja, através da proclamação e ensino fiéis, no poder do Espírito(At 1:8; 2Tm 1:8-14; Tt 1:7-9); (c) Não somente crer na mensagem apostólica, mas também defendê-la e guardá-la contra todas as distorções ou alterações. A revelação dos apóstolos, conforme temos no Novo Testamento, nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior (At 20:27-31; 1Tm 6:20)”(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL - nota a Efésios 2:20, p.1811).
b) Dom ministerial de apóstolo. No sentido mais amplo, os apóstolos dados à igreja, por intermédio do dom ministerial e cuja função é de "embaixador" (cf. 2 Co 8.23; 2Co 5:20) e "enviado" (cf. Fp 2.25), temos os mensageiros e plantadores de igrejas enviados pelo Senhor. Eles são igualmente imprescindíveis à obra de Deus. Ao chamá-los de missionários, e não apóstolos, evitamos criar a impressão de que possuem autoridade e poder extraordinários como os primeiros apóstolos.
Como crentes, somos embaixadores de Cristo, enviados a pregar sua mensagem de reconciliação ao mundo. Antes, inimigos; agora, somos seus representantes neste mundo pecaminoso. Zelamos pelos interesses do Seu Reino, além de sermos seus porta-vozes às nações em todos os aspectos. Prestamos assistência neste mundo aos nascidos de novo, e convidamos outros para que, pelo novo nascimento, partilhem das bênçãos que Deus tem preparado a todos aqueles que o aceitarem como Senhor e Salvador.
2. Uma consideração acerca dos dons ministeriais. Devemos distinguir os dons ministeriais dos “títulos ministeriais” ou dos “cargos eclesiásticos”. Nos nossos dias, muitos têm confundido estas duas coisas, que são completamente diferentes. O dom é uma dádiva de Cristo, é um dom que vem diretamente do Senhor para o crente, dom este que é percebido pelo crente através da comunhão que tem com Deus e pela presença do Espírito Santo na sua vida e que independe de qualquer reconhecimento humano, mesmo da igreja local. Já os “títulos ministeriais” e os “cargos eclesiásticos”, são posições sociais criadas dentro das igrejas locais, posições estas que, em sua nomenclatura, muitas vezes estão baseadas na relação de Ef 4:11, como a indicar que o seu ocupante tem o referido dom ministerial, mas que, nem sempre, corresponde a este dom. Como a igreja local, via de regra, é também uma organização humana, acabam sendo criados “títulos” e “posições” com o propósito de esclarecer a hierarquia administrativa, a própria estrutura de governo da organização eclesiástica, dados que, se apenas refletem uma necessária ordem que deve existir em todo grupo social, nada tem que ver, a princípio, com os dons ministeriais.
Na igreja primitiva, notamos, claramente, que, apesar da existência de uma organização da administração das igrejas locais (At.14:23), o que é necessário já que cada igreja local precisa ter governo, também não é menos notado que não havia muita preocupação com “títulos” ou “posições”, tanto que, no texto sagrado, os incumbidos do governo da igreja, com exceção dos apóstolos (estes próprios assim estabelecidos pelo próprio Jesus, cujos requisitos se encontram em At.1:21,22) e dos diáconos (At.6:5,6, cuja função é nitidamente administrativa e social), são chamados de vários nomes, indistintamente, como “presbíteros” (1Pe.5:1), “anciãos” (At.14:23) e “bispos” (At.20:28; Fp.1:1), prova de que não havia, àquela época, uma “carreira administrativo-eclesiástica”, como se tem hoje em dia.
a) Apóstolos – “ ele mesmo deu uns para apóstolos...” (Ef 4:11). Em Efésisos 4:11 o termo apóstolo(cujo significado é “enviado”) se refere a um mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial. São homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho com milagres. Cuidam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza apostólicas. São servos itinerantes que arriscam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho. São homens de fé e de oração, cheios do Espírito.
Sendo um dom ministerial, uma operação de Cristo, feita pelo Espírito Santo, na igreja, temos de admitir que se trata de um dom que persiste nos nossos dias, mas não devemos nos esquecer que o dom de apóstolo nada tem que ver com os “títulos” que se têm dado na atualidade e que, se alguma base bíblica tem, só pode ser a referência de 2Co 11:13.
b) Evangelistas – “...outros para evangelistas...”(Ef 4:11). O dom de Evangelista é imprescindível à Igreja. É o dom de ganhar almas para Cristo e de instruí-las nas doutrinas fundamentais da vida espiritual (Hb 6:1,2), a fim de que, superada a fase inicial, possam prosseguir por conta própria na caminhada para o céu. A principal característica do evangelista é, portanto, a de que é um instrumento de Deus para trazer as pessoas ao encontro pessoal com Cristo e de criar as condições mínimas para a estruturação da vida espiritual. É o anunciador das boas-novas da salvação, aquele que está na linha de frente do “ide” de Jesus. Eles têm habilidade especial para diagnosticar a condição do pecador, sondar sua consciência, responder a objeções, encorajar a decisão por Cristo e ajudar o convertido a encontrar segurança na Palavra de Deus. Os evangelistas devem sair e pregar ao mundo para depois conduzir os convertidos a uma igreja local onde serão alimentados e encorajados espiritualmente. Paulo, sabendo da importância deste dom, disse a Timóteo: “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”(2Tm 4:5). Paulo também fala de outro evangelista, que fora muito útil na obra de evangelização na igreja primitiva: Filipe(At 21:8).
c) Pastores e doutores (ou mestres) – “... e outros para pastores e doutores”(Ef 4:11).
* Pastores são homens que servem debaixo da autoridade do “Supremo Pastor” cuidando das “ovelhas” do Cristo. Guiam e alimentam o rebanho. O seu ministério é o de sábio conselho, correção, encorajamento e consolo.
* Doutores (ou Mestres) são homens que receberam poder de Deus para explicar o que a Bíblia diz, interpretar o sentido da Palavra e aplicá-la ao coração e à consciência dos santos. Enquanto um evangelista pode pregar o evangelho usando um texto sem prestar atenção ao contexto, o mestre procura mostrar como a passagem se harmoniza com o contexto.
Há quem pense que os dois termos (Pastores e Mestres) se referem a um só dom, devendo ser traduzido “pastores-mestres” já que as palavras “pastores e mestres” estão unidas nesse versículo. Porém, não é necessariamente assim, pois um homem pode ter o dom de ensinar sem ter o coração de pastor. E um pastor pode ser hábil na Palavra de Deus sem ter o dom de ensinar. Se pastores e mestres são as mesmas pessoas em Efesios 4:11, então, pela mesma regra gramatical, apóstolos e profetas também são em Efésios 2:20 e 3:5(vide II.2 a seguir). Mesmo tendo a consciência de que os referidos dons são distintos, não são mutuamente exclusivos; a responsabilidade de ambos é cuidar do “rebanho” do Senhor de modo que cada membro seja instruído e guiado “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). É claro que só atingiremos à unidade da fé e à medida da estatura de varão perfeito somente quando o Senhor levar a sua Igreja para o Céu, ou seja, na gloficação dos santos do Senhor(João 14:1-3). Agora vemos como em espelho obscuramente muitos assuntos. Temos diferenças de opinião em muitos assuntos. Aqui cada um tem seu próprio ponto de vista acerca do Senhor, de como Ele é e das implicações dos seus ensinamentos. Mas quando Ele vier O veremos tal qual Ele é e o conheceremos como também somos conhecidos.
Uma palavra final: devemos ter cuidado em distinguir entre dons divinos(espirituais ou ministeriais) e habilidades naturais. Nenhuma pessoa que não seja convertida, mesmo que tenha muita habilidade, pode ser evangelista, pastor ou mestre no sentido do Novo Testamento. Aliás, nem mesmo um cristão poderia sem receber um dom especial. Os dons do Espírito são sobrenaturais; capacitam o homem a fazer o que de outra forma seria humanamente impossível.
3. Objetivo dos dons ministeriais. Na visão do apóstolo Paulo, os dons ministeriais são dádivas concedidas por Cristo para “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não mais sejamos como meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente”(Ef 4:12-14).
Não se trata de operações episódicas, de demonstrações esporádicas e temporalmente limitadas, com vistas a um consolo, uma exortação, o suprimento de uma necessidade ou uma instantânea manifestação do poder de Deus para a igreja, mas de uma atividade contínua, no meio do povo de Deus, para que a igreja cumpra com suas tarefas neste mundo, quais sejam, a evangelização e o aperfeiçoamento dos salvos. Através dos dons ministeriais, Cristo concede à Igreja homens que, diuturnamente, estarão servindo ao corpo de Cristo, que serão, eles mesmos, verdadeiros dons para a igreja.
Em resumo, os dons ministeriais são dados para aperfeiçoar ou equipar todos os crentes a fim de poderem servir ao Senhor e então edificarem o “corpo de Cristo”. O processo é assim: (a) Os dons equipam os santos; (b) Os santos então servem; (c) O corpo enfim é edificado.
Conforme versículo 14, quando os dons operam de acordo com a vontade de Deus e os santos são ativos no serviço do Senhor, três perigos são evitados: imaturidade, instabilidade e ingenuidade.
Imaturidade – “....para que não mais sejamos como meninos”. Há crentes que nunca deixam de ser meninos espirituais, por falta de envolvimento no serviço de Cristo, e também porque não se dedicam à leitura devocional e ao estudo sistemático da Palavra de Deus. São subdesenvolvidos precisamente por falta de exercício nestes pilares. Foi para pessoas assim que o autor da Epístola aos Hebreus disse: ”Quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine de novo”(Hb 5:12).
Instabilidade – “...inconstantes”. Instabilidade espiritual é um perigo! Cristãos imaturos são susceptíveis a novidades grotescas e modismos transitórios criados por charlatões profissionais. Tornam-se ciganos religiosos, andando de um lado para outro, isto é, inconstantes.
Ingenuidade – “...levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens”. O perigo mais sério é a decepção. Os meninos espirituais são inexperientes na palavra da justiça. Suas faculdades não são exercitadas para discernir o bem e o mal(Hb 5:13,14). Encontram inevitavelmente alguém de uma seita falsa que os impressiona com seu zelo e sinceridade aparentes. Por empregar palavras religiosas, acreditam que se trata de um cristão verdadeiro. Se tivessem estudado a Bíblia Sagrada, perceberiam o quanto tal indivíduo joga traiçoeiramente com palavras. Por isso, que o ensino bíblico constante e progressivo, sob a unção de Deus, é indispensável para impedir que os crentes “meninos espirituais” sejam levados por "todo o vento de doutrina" (Ef 4:14).
II. “OUTROS PARA PROFETAS" (Ef 4.11a).
1. A distinção entre “apóstolo-profeta” e “profeta”. Conforme disse o pr. Esequias Soares, o emprego do termo profeta em Efésios 4:11 apresenta sentido distinto daquele encontrado nos textos de Efésios 2:20 e 3:5. Efésios 2.20: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. Efésios 3.5: “o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas”. Efésios 4.11: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas...”.
a) “Apóstolo-profeta”. Em Efésios 2:20 e 3:5 trata-se de um mesmo grupo: os “apóstolos-profetas”. De forma alguma o texto faz referência aos profetas do Antigo Testamento porque esses nada sabiam acerca da Igreja. Isso não quer dizer que os “apóstolos-profetas” eram o fundamento da igreja. Cristo é o fundamento da Igreja(1Co 3:11). Porém, eles foram os que lançaram o fundamento através das doutrinas que ensinaram sobre a pessoa e obra do Senhor Jesus. A igreja é fundada sobre Cristo no sentido de que Ele foi revelado através do testemunho e dos ensinamentos dos “apóstolos – profetas”. Quando Pedro confessou Jesus como Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus anunciou que a sua igreja seria edificada sobre esta Pedra, a saber, sobre a Verdade sólida de que Jesus era o ungido de Deus e o seu Filho Único(Mt 16:18).
Em Apocalipse 21:14 os apóstolos de Cristo são associados aos doze fundamentos da Santa Jerusalém. Eles não são o fundamento, mas são ligados a ele por terem ensinado a grande verdade sobre Cristo e sua igreja. O fundamento de qualquer edifício precisa ser lançado uma vez só. Os “apóstolos-profetas” fizeram essa obra de uma vez por todas. O fundamento que lançaram é preservado nas Escrituras do Novo Testamento.
b) “Profeta”. Em Efésios 4.11 o apóstolo Paulo deixa claro que “apóstolos” e “profetas” referem-se a mensageiros usados pelo Espírito Santo que cooperavam na edificação da Igreja(At 13:1), dedicando-se ao ensino e à interpretação da Palavra de Deus. Em todas as épocas tem havido homens cujo ministério foi de natureza apostólica ou profética. Os missionários, os que plantam igrejas e os que ministram a palavra para edificação dos santos são profetas, porém, não são “profetas e apóstolos” no sentido primário.
2. As principais funções do profeta. Assim como no Antigo Testamento, a função instintiva do profeta do Novo Testamento é transmitir e interpretar a Palavra de Deus através do Espírito Santo, para admoestar, exortar, animar, consolar e edificar o povo de Deus(At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3). Como eu disse na aula nº 10 é dever do profeta do Novo Testamento, assim como fora do Antigo Testamento, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus. Por causa da sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
A obrigação profética da Igreja não é, em absoluto, a autorização para que, mediante uma “tradição”, acrescente o que foi revelado pelas Escrituras a respeito de Cristo (João 5:39), mas tão somente a divulgação, o anúncio, a explicação daquilo que está contido na Bíblia Sagrada, que é a Verdade (João17:17) e que se encontra em posição superior à própria Igreja, seja porque é fonte de sua santificação, seja porque a Palavra se encontra engrandecida acima do próprio nome do Senhor (Sl.138:2), nome que está acima de todo o nome (Fp.2:9), precisamente por ser Jesus o Verbo (João 1:1), aquele que é a própria Palavra de Deus (Ap.19:13). Por isso, quando não se conhecem as Escrituras, cometem-se erros (Mt.22:29).
III. O DOM DE PROFECIA(1Co 12:10)
1. O que é Profecia. A Profecia é um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus (1Co 14.3). O maior valor da profecia é que ela, uma vez proferida, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas(que edifica a própria pessoa), edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza. A profecia é necessária para impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao céu.
2. Características. O dom de profecia, hoje, não tem a mesma autoridade canônica das Escrituras (2Pe 1.20), que são infalíveis e não passíveis de correção. A profecia atual deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co 14.29-33). Pode acontecer que a pessoa que é detentora do dom de profecia receba a revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e falta de temor de Deus, falar além do que devia. Portanto, “quem profetiza deve ter o cuidado de falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não alegando estar ‘fora de si’ ou ‘descontrolado’, pois ‘os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas’ (1Co 14.32)”.
Nem todas as pessoas têm o dom de profecia. Em nossos dias, temos visto que os termos ”profecia“ e ”profetizar“ têm sido mal utilizados. Muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se estas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Paulo perguntou: “...Porventura são todos profetas?’” (1Co 12:29). Essa pergunta foi feita para mostrar que nem todas as pessoas são profetas, ou seja, nem toda pessoa possui o dom de profecia dado pelo Espírito Santo. Desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória tem sido encarado como uma profecia, o que é um erro terrível, pois os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pe 1:21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira.
CONCLUSÂO
Os dons ministeriais e os dons espirituais, como o de profecia, continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a igreja. Deus sempre se comunicou com o seu povo e continua ainda hoje, quer através dos ministros escolhidos por Deus, conforme o seu dom, ou por meio do dom espiritual de profecia. A igreja que rejeitar ou for indiferente a esses dons, certamente, caminhará para a decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalimo quanto aos ensinos da Bíblia (1Co 14.3; cf. Mt 23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52); a política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2Tm 3.1-9; 4.3-5; 2Pe 2.1-3,12-22).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee