segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Aula 06 - A PROSPERIDADE DOS BEM-AVENTURADOS

Texto Básico: Mateus 5:1-12

Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”(Mt 5:16)

INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos sobre a prosperidade dos bem-aventurados. Veremos que ser um bem-aventurado não é ter muitos bens materiais, mas é viver do favor de Deus. As bem-aventuranças que Jesus ensinou aos discípulos no Sermão do Monte mostram que os valores do Reino de Deus têm a ver com o SER e não com o TER. Elas mostram o quanto Jesus ensina sobre a verdadeira prosperidade: Ser humilde de espírito, ganha o Reino dos céus; Ser manso, herda a terra; Ser misericordioso, alcança misericórdia; Ser limpo de coração, vê Deus; Ser pacificador, é filho de Deus e Ser perseguido, recebe galardão. Quem não quer ter essa prosperidade? Todo verdadeiro cristão deve dizer como Asafe disse no salmo 73: “Não possuo outro bem, senão a Ti, Senhor; não há nada em que me compraza na terra e não tenho outro no céu senão a Ti” (Sl 73:25). Portanto, a vida do cristão deve ter como alvo o SER. Deus deseja que seus filhos sejam prósperos, não prioritariamente em posses materiais, mas prósperos, na alma, da graça de Deus. É Jesus quem diz: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”(Mt 16:26). Na carta aos Colossenses Paulo orienta os cristãos a buscarem as coisas lá de cima e não as que são aqui da terra; devem refletir sobre as coisas do Ser e não do Ter; pensar em Cristo e esse ressuscitado, pois morremos para as coisas efêmeras daqui da terra e vivemos para as coisas eternas onde Cristo está assentado e que em breve será manifestado em glória.
I. O FUNDAMENTO DAS BEM-AVENTURANÇAS
1. O significado das bem-aventuranças.
As “Bem-Aventuranças” são verdadeiras orientações para o verdadeiro caráter e conduta do cristão, em relação a Deus e aos homens; elas nos desafiam a sermos diferentes. Elas apresentam os fundamentos de uma vida feliz. A expressão que se repete é: “Bem-aventurados”. No original grego, o vocábulo usado por Mateus é “makarios”, cujo significado lembra felicidade, alegria divina e perfeita. Felicidade não no sentido subjetivo de sentir, mas no sentido de realização por ter agido de forma correta. Felicidade do ponto de vista de Deus. Aos olhos de Deus, felizes são os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores e os perseguidos por causa da justiça.
Para ser “bem-aventurado” é necessário que se tenha sido salvo pelo Senhor (Dt 33:29), salvação esta que se dá mediante o perdão dos pecados (Sl 32:1,2), a fé no Senhor (Sl 34:8; 40:4; 84:12) e a eleição de Deus para se chegar a Ele (Sl 65:4). Todos estes requisitos são satisfeitos pela Igreja e, portanto, se os salvos são chamados bem-aventurados, isto é a prova evidente de que a prosperidade também é uma promessa que se estende à Igreja. No entanto, esta prosperidade não abrange aspectos materiais, mas, sim, um estado espiritual de felicidade, de bem-aventurança.
Quando vemos a descrição dos “bem-aventurados” por parte do Senhor Jesus, em momento algum, vemos o Senhor se referindo a bênçãos materiais, a posse de riquezas. O bem-aventurado é reconhecido pelo seu caráter, pelo seu comportamento, não pelos bens que possa ter. Ao encerrar as bem-aventuranças, aliás, o Senhor faz questão de dizer que a prosperidade abrange um grande galardão nos céus, que deveria ser o motivo de exultação e alegria para a Igreja (Mt 5:11).
2. Bem-aventurados os pobres (humildes)(Mt 5:3). Nesse aspecto, a referência não trata de pessoas que possuem dinheiro, e sim de pessoas que são dependentes de Deus. Tanto pobres quanto ricos podem ser “pobres de espírito”, ou seja, pessoas que reconhecem sua incapacidade espiritual e ficam na dependência de Deus para sua subsistência e salvação. Eles percebem sua necessidade espiritual e encontram o suprimento no Senhor. O “reino dos céus”, onde a auto-suficiência não é virtude e a auto-exaltação é um vício, pertence a tais pessoas.
Por reconhecer suas verdadeiras necessidades espirituais, os “pobres de espírito” almejam um relacionamento mais profundo com Deus como o fez o salmista: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à Casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava. Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença” (Sl 42:1-5).
3. Bem-aventurados os que choram(Mt 5:4). Isso não se refere às vicissitudes da vida. É o choro que uma pessoa experimenta devido à comunhão que ele tem com o Senhor Jesus. É também sentirmos pesar por aquilo que entristece a Deus. É ter nossos sentimentos em sintonia com os sentimentos de Deus. É sentir aflição em nosso espírito por causa do pecado, da imoralidade e da crueldade prevalecentes no mundo.
Em Lucas 19:41 está escrito que Jesus chorou, quando ia chegando em Jerusalém, por ocasião de sua entrada triunfal. Esse choro de Jesus significa mais do que derramar lágrimas. É lamentação, pranto, soluço e clamor de uma alma em agonia. Jesus, em sua deidade, não somente revela seu sentimento, como também o coração partido do próprio Deus, por causa da condição do homem perdido e da sua recusa em arrepender-se e aceitar a salvação. O cristão bem-aventurado compartilha ativamente com Jesus Cristo das dores e dos pecados do mundo. Esses que choram serão consolados no dia vindouro quando Deus "... enxugará dos olhos toda lágrima..." (Ap 21:4). Os crentes choram pelos descrentes agora, nesta vida, pois a tristeza de hoje é apenas uma amostra da tristeza eterna.
II. A BEM-AVENTURANÇA DA MANSIDÃO E DA MISERICÓRDIA
1. Bem-aventurados os mansos(Mt 5:5).
Mansidão não é ausência de sentimentos ante a determinadas situações. Na verdade é uma atitude amável e justa para com qualquer pessoa ou situação. Mansidão na vida do crente fiel é “fruto do Espírito” (veja Gl 5:22). Os “mansos” são os humildes e submissos diante de Deus. Acham nEle o seu refugio e lhe consagram todo o seu ser. Por natureza essas pessoas poderiam ser até temperamentais e ásperas. Mas por causa do espírito de Cristo que há neles, tornam-se mansos ou gentis (cf. Mt 11:29).
A pessoa mansa é gentil e moderada nas causas próprias, mas pode ser um leão quando se trata das coisas de Deus ou da defesa de outras pessoas. Deus espera que a mansidão seja uma característica dos seus filhos, como fruto da atuação do Espírito Santo no dia a dia da pessoa.
Embora os homens achem que a terra será herdada pelos grandes guerreiros, pelos grandes estrategistas, pelos donos das armas mais poderosas do mundo, na verdade, quem vai herdar a terra são os mansos, aqueles que forem discípulos do Senhor. O povo de Israel chegou à terra prometida porque, entre outras coisas, tinha um líder manso, mansidão que foi fundamental para manter a unidade e a sobrevivência do povo durante a mudança de geração no deserto. Os mansos não herdam a terra agora; pelo contrário, herdam o abuso e a expropriação. Mas eles verdadeiramente herdarão a terra quando Cristo, o Rei, reinar durante mil anos em paz e prosperidade.
2. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça (Mt 5:6). A condição fundamental para uma vida santa em todos os aspectos é ter “fome e sede de justiça”. A essa pessoa há uma promessa de satisfação. Tal fome é vista em Moisés (Ex 33:13,18). O estado espiritual do cristão durante toda sua vida dependerá da sua fome e sede da presença de Deus(Dt 4:29), da Palavra de Deus(Sl 119:97-105)), da comunhão com Cristo(Fp 3:8-10), e da volta do Senhor(2Tm 4:8).
A fome que o cristão tem das coisas de Deus pode ser destruída pelas preocupações deste mundo, pelo engano das riquezas (Mt 13:22), pela ambição pelas coisas materiais(Mc 4:19), pelos prazeres do mundo(Lc 8:14) e por deixar de permanecer em Cristo(João 15:4).
Quando a fome de Deus cessa no crente, este morre espiritualmente (ler Rm 5:21). É então indispensável que sejamos sensíveis ao Espírito Santo ao convencer-nos do pecado (ver João 16:8-13; Rm 8:5-16). Aqueles que sinceramente têm fome e sede de justiça “serão fartos”.
3. Bem-aventurados os misericordiosos(Mt 5:7). Ser misericordioso significa ser ativamente compassivo. Num sentido mais amplo, significa socorrer os necessitados que não podem se auto-ajudar. Deus mostrou misericórdia em reter o julgamento que nossos pecados mereciam e em nos demonstrar bondade através da obra salvadora de Cristo. Somos imitadores de Cristo quando temos compaixão.
Os misericordiosos alcançarão misericórdia. Aqui, Jesus não está se referindo à misericórdia da salvação que Deus dá ao pecador que crê; essa misericórdia não depende de a pessoa ser misericordiosa — é uma dádiva incondicional e gratuita. Pelo contrário, aqui o Senhor está falando da misericórdia diária necessária para a vida cristã e da misericórdia naquele Dia futuro (no Tribunal de Cristo) quando as obras de cada um de nós serão avaliadas(1Co 3:12-15); se a pessoa não foi misericordiosa não recebera misericórdia, isto é, sua recompensa diminuirá consideravelmente.
III. A BEM-AVENTURANÇA DA PUREZA E DA AFLIÇÃO
1. Bem-aventurados os limpos de coração(Mt 5:8).
Uma pessoa com um coração limpo é aquela cujos motivos são puros, os pensamentos são santos e a consciência é limpa. Aos limpos de coração é dada a certeza de que verão a Deus. A expressão verão a Deus pode ser entendida de vários modos. Em primeiro lugar, os limpos de coração vêem Deus agora por meio da comunhão na palavra de Deus e no Espírito. Em segundo, podem ter, às vezes, uma visão ou aparição sobrenatural do Senhor. Em terceiro lugar, verão a Deus na pessoa de Jesus quando ele vier novamente. Em quarto lugar, eles verão a Deus na eternidade. A verdade é que “só os limpos de coração verão a Deus”.
2. Bem-aventurados os pacificadores(Mt 5:9). Aqui, o Senhor Jesus não está falando em relação às pessoas que têm uma disposição pacífica ou em relação aos que amam a paz. Ele está se referindo aos que ativamente trabalham para promover a paz. Não é somente observar e desejar que haja paz. A maior paz que pode ser promovida consiste em obter a paz com Deus - isto se faz mediante a pregação e ensino da mensagem do Evangelho.
Uma promessa é dada aos pacificadores: “... serão chamados filhos de Deus”. Serão chamados filhos de Deus, porque demonstram ter a natureza pacificadora que provém de Deus. Eles já terão antes sido feitos filhos de Deus porque crêem em seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (João 1:12).
Não é por serem pacificadores que se tornam filhos de Deus. Só se toma um filho de Deus quem recebe o Senhor Jesus Cristo como Salvador (João 1:12). Promovendo a paz, os crentes se manifestam como filhos de Deus. Temos semeado a paz? Ou somos aqueles que se comprazem em levar a guerra entre os irmãos, entre os pastores, entre as igrejas?
3. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça(Mt 5:10,11). Aqui se trata dos que, pela sua fé em Cristo, procuram viver de maneira justa, honesta, íntegra e são perseguidos por causa disso. Sua integridade condena o mundo, que desagrada a Deus, e, em consequência disso, vem a hostilidade. As pessoas ímpias odeiam uma vida justa, pois ela expõe a injustiça delas. O Senhor Jesus esclarece este ponto em seguida, dizendo aos discípulos que eles serão bem-aventurados quando forem injuriados, perseguidos e caluniados por causa dele próprio. Isto lhes será motivo de exultação e alegria, pois os profetas antes deles também sofreram da mesma forma. Grande será o seu galardão no tribunal de Cristo. Cristo é a revelação da perfeita justiça de Deus. A história tem confirmado que o mundo odeia a justiça de Deus, e imenso tem sido o número de mártires que sofreram porque foram fiéis a Cristo, não cedendo às pressões do mundo idólatra e da religião apóstata dos seus dias. O ato de sofrer por Cristo é um privilégio que deveria se tomar alegria. Um grande galardão aguarda os que assim se tomam companheiros dos profetas nas tribulações.
CONCLUSÃO
As bem-aventuranças de Jesus Cristo apresentam um retrato do cidadão ideal no reino de Cristo. Elas contrariam totalmente os conceitos da Teologia da Prosperidade, pois mostram o aspecto atemporal do Reino de Deus – o SER, e não o aspecto material e efêmero - o TER. Observe a ênfase: na Justiça (Mt 5:6), na paz (Mt 5:9) e na alegria (Mt 5:12). É provável que o apóstolo Paulo tivesse essa passagem em mente quando escreveu: "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rm 14:17).
Logo após as bem-aventuranças, ainda no sermão do monte, dirigido à Igreja, Jesus faz questão de mostrar que o que levará os homens a glorificar a Deus por causa dos seus discípulos, não é, como ocorria com Israel, a prosperidade material, mas, sim, a presença de boas obras (Mt 5:16). Enquanto Israel engrandeceria o nome do Senhor por intermédio de bênçãos materiais (Dt 28:10), a Igreja levaria as nações a glorificarem a Deus pela sua conduta, pelo seu comportamento, por ser luz do mundo e sal da terra.
------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Aula 05 - AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE À IGREJA

Texto Básico: Deuteronômio 28:1-14; Êxodo 15:26



"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor" (Ef 1:3,4).



INTRODUÇÃO
Na Palavra de Deus encontramos muitas preciosas e incondicionais promessas para toda a humanidade, como por exemplo, "sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite", enquanto a Terra durar e sem cessar(Gn 8:22). Todavia, algumas bênçãos e promessas são especificas para Israel e outras são para a Igreja. Entendemos que não é fácil distinguir que tipo de bênçãos foi destinado apenas para Israel, e quais bênçãos podem ser estendidas para a Igreja, hoje composta majoritariamente por gentios (não judeus). É um tema que precisa ser abordado com cuidado, pois, em nossos dias, é comum que algumas pessoas desavisadas tomem um verso bíblico em particular, e de forma bem isolada, e entendam que o conteúdo dele é para si. Falta equilíbrio de muitos pregadores que sobem nos púlpitos e despejam nos auditórios o resultado de interpretações equivocadas, dando um sentido às Escrituras Sagradas que o próprio Deus não tinha intenção de transmitir. Hoje, a maior bênção que uma pessoa pode experimentar é quando ela, pela fé, entrega a sua vida a Jesus e recebe o perdão dos seus pecados por intermédio do sangue do Cordeiro Imaculado.
I. PROMESSAS DE BÊNÇÃOS MATERIAIS PARA ISRAEL – Dt 28:8,11,12
1. Condição "sine qua non": a obediência.
O Senhor fez promessas de bênçãos materiais aos israelitas, para que eles pudessem se manter como nação independente das demais e com condições de levá-las a servir a Deus. Porém, nem tudo o que foi prometido por Deus a Israel era unilateral. Na verdade, a maioria das promessas dependia de uma obediência a Deus e temor para com Sua Palavra. Sem esses elementos, muitas das bênçãos não seriam derramadas. Eram bênçãos condicionadas, ou seja, dependiam de atitudes humanas para receberem a retribuição divina.
Em havendo obediência ao Senhor, Deus prometia a Israel a manutenção de seu sustento, as condições para que pudesse, do fruto da terra, obter a sua sobrevivência, para que, tendo com que comer, beber e vestir, pudesse exercer o seu papel de "reino sacerdotal e povo santo". Já no capítulo 11 do livro de Deuteronômio, vemos que o Senhor traz os benefícios da obediência, a começar pela chuva a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que pudessem ser recolhidos o grão, o mosto e o azeite (Dt 11:14). Deus prometia chuvas no tempo certo não com o objetivo de que Israel tivesse "fartura desmedida" como pagamento de sua obediência, mas lhes dar condição para que, tendo com que comer, beber e vestir, não depender das demais nações e, assim, em independência, poder cumprir o propósito estabelecido para que servisse a Deus e fosse um veículo de aproximação entre Deus e os demais povos. Também, o Senhor prometeu erva no campo para que o gado pudesse se alimentar (Dt 11:15) e, desta maneira, servir não só de alimento para o povo, mas também para que os sacrifícios exigidos pela lei pudessem ser feitos.
Ao mesmo tempo em que o Senhor prometia bênçãos materiais para Israel, não deixou de alertar os israelitas para que seus corações não se deixassem enganar pela prosperidade material e, com isso, se desviassem dos caminhos do Senhor, pois, se isto acontecesse, se o povo deixasse de servir a Deus por causa das bênçãos dadas por Deus, tais bênçãos desapareceriam, com o fechamento dos céus, a falta de água e o consequente perecimento por falta de condições de sobrevivência (Dt 11:16,17).
2. Objetivo das bênçãos materiais para Israel:
a) Cumprir o propósito de Deus, que era o de Israel ser uma referencia entre as nações para que elas se voltassem ao Senhor (Dt 28:1).
A "exaltação sobre todas as nações da Terra" prometida pelo Senhor a Israel se obedecesse aos Seus mandamentos, não era o de fazer de Israel uma "potência política-econômica", um "império", mas, sim, de uma nação diferente das demais, com plenas condições de autossustento e que se distinguisse das outras pela sua maneira de viver, pela sua adoração a Deus.
É precisamente o que se requer da Igreja em nossos dias. Diante dos sistemas do mundo, ela deve ter uma maneira de viver distinta que faça com que os homens venham a nos perguntar a razão da esperança que há em nós (1Pe 3:15), algo que advém da nossa santidade, daquilo que somos, não daquilo que porventura tenhamos.
Os "teólogos da prosperidade", entretanto, desvirtuam esta realidade bíblica, defendendo uma "exaltação" que é antibíblica e satânica. O salvo por Cristo Jesus não precisa ser um "milionário" para mostrar ao mundo que serve a Cristo, que é salvo e que vai para o Céu. Não é através de uma "ostentação de riqueza" que iremos mostrar que servimos a Deus. Pelo contrário, a "ostentação de riquezas" nada mais é que a "soberba da vida", um dos elementos que caracteriza o mundo sem Deus e sem salvação (1Joao 2:16).
b) Dar condições para que o papel espiritual de Israel fosse cumprido. Os frutos materiais da obediência ao Senhor não visavam, em absoluto, uma vida regalada, uma vida voltada para os prazeres deste mundo, mas tão somente a criação de meios para que Israel se dedicasse a servir a Deus diante das demais nações.
A ganância desmedida estimulada pelos agentes da "teologia da prosperidade" não tem qualquer respaldo bíblico, nem mesmo no capítulo 28 do livro de Deuteronômio. Quem põe sua esperança e confiança no dinheiro, jamais se satisfará e tudo isto, diz Salomão, é vaidade (Ec 5:10). Fujamos, pois, desta pregação do deus Mamom, pois quem serve ao dinheiro, jamais servirá ao Senhor (Mt 6:24).
c) Criar condições para que Israel fosse "povo santo"(Dt 28:9). Através das bênçãos materiais (Dt 28:8,11,12), o Senhor tinha por propósito confirmar a Israel como "povo santo", para mostrar às demais nações que era "o povo chamado pelo nome do Senhor" (Dt 28:10) e, por este motivo, os povos teriam temor de Israel, expressão que não significava apenas "medo", mas, muito mais do que isto, respeito e consideração, atitudes que fariam com que os povos se interessassem em saber porque Israel era assim e, deste modo, pelo testemunho apresentado pelos israelitas, pudessem se aproximar do Senhor. Desta feita, os bens materiais jamais poderiam ser utilizados para a prática do pecado.
Os "teólogos da prosperidade" de nossos dias não explicam qual o objetivo com que Deus prometia abençoar Israel. Assim, sem tal explicação, acabam por incitar no povo incauto o desejo pela vaidade, o desejo pela acumulação de bens materiais, o desejo pelo enriquecimento, etc. Já perceberam que os "testemunhos" apresentados por este tipo de gente só traz pessoas que dizem ter hoje uma "vida regalada?". Quantos já ouviram "testemunhos de prosperidade" em que a abundância supostamente recebida é utilizada para "confirmação da santidade", para a glória do nome do Senhor? Acredito que ninguém!
d) Emprestar a quem precisa (Dt 28:12b). A abundância patrimonial prometida a Israel seria aproveitada para que houvesse "empréstimos a muitas gentes", ou seja, o que sobrasse eventualmente do produzido, das riquezas auferidas, deveria ser "emprestada" a outros povos, empréstimos que não poderiam ser usurários, com propósito de exploração das outras nações, algo que era vedado pela lei, que mandava que o estrangeiro fosse bem tratado, visto que Israel havia sido povo estrangeiro no Egito (Ex 22:21; 23:9; Lv 19:33,34; Dt 10:19).
Portanto, o Senhor estava disposto, sim, a dar prosperidade material a Israel, mas como uma forma de permitir que os israelitas cumprissem o propósito maior de ser "reino sacerdotal e povo santo"(Ex 19:6), algo bem diferente do que se anda ensinando por aí pelos falsos pregadores da prosperidade.
De igual modo, a Igreja, para bem cumprir a sua missão de evangelizar o mundo, tem, também, da parte de Deus, promessas condicionadas à sua obediência, mas jamais para que tenha uma vida regalada aqui na Terra, e sim para que possa ser "luz do mundo" e "sal da terra". Temos consciência disto?
II. AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE À IGREJA
1. AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL.
Estas bênçãos encontram-se, sobretudo, elencadas em conjunto nos primeiros quatorze versículos do capítulo 28 do livro de Deuteronômio, um dos textos prediletos dos "teólogos da prosperidade" que, retirando o texto do contexto, tomam esta passagem como uma das "demonstrações" do que o Senhor tem prometido ao Seu povo neotestamentário a prosperidade material. Isto é falso e deve ser prontamente refutado pelos servos do Senhor.
a) "Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo" (Dt 28:3). A primeira bênção, condicionada à obediência, diz respeito ao próprio ser do israelita. Ele mesmo seria uma bênção, seja na cidade, seja no campo. Isto está diretamente ligada ao propósito estatuído por Deus àquela nação: a de que seria uma bênção (Gn 12:2).
Deus promete que Seu povo seja uma bênção, isto é, ele será um motivo para que todos que estejam com ele sejam abençoados. Ele é um canal de bênçãos, pois ele é "bendito". Assim Jesus Se apresentou aos homens e assim foi aclamado quando adentrou em Jerusalém pela última vez em Seu ministério terreno – "... bendito o que vem em nome do Senhor..." (Mt 21:9; Mc 11:9). Jesus foi aclamado como "bendito", porque provou sê-lo ao andar fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At 10:38). Nós, como Seus imitadores (1Co 11:1; 1Pe 2:21), também devemos nos comportar como Ele se comportou, andando a fazer bem e a curar a todos os oprimidos do diabo. Assim, provaremos que somos "benditos", que somos "luz do mundo e sal da terra".
Vemos, pois, que esta primeira bênção discrepa radicalmente do que é ensinado e estimulado pelos "teólogos da prosperidade", que não falam de "pessoas abençoadas" que "façam bem e curem todos os oprimidos do diabo", mas, sim, de pessoas que irão possuir muito para seu próprio deleite e regalo, sem se preocupar com o próximo e querendo sempre ganhar e ganhar cada vez mais. Tais "teólogos" estão a querer transformar os salvos em Cristo Jesus no rico da "história do rico e Lázaro" (Lc 16:19-31) e, que, como aquele rico, acabarão por passar para eternidade sem Deus e sem salvação, por ter amado as riquezas materiais em detrimento às riquezas espirituais (1Tm 6:9,10). Que Deus nos guarde!
b) "Bendito o fruto do ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e a criação das tuas vacas e das tuas ovelhas" (Dt 28:4). Aqui, o Senhor prometeu ao israelita fiel que abençoaria a sua descendência, algo necessário para a manutenção da existência da nação ao longo das gerações para que cumprisse o seu papel diante da humanidade, como também de todo o patrimônio, para que se tivesse o suficiente indispensável para a sobrevivência da nação.
Observemos que o Senhor não prometeu a multiplicação indiscriminada, a acumulação de riquezas em virtude da obediência a Deus. Prometeu que a descendência e o patrimônio seriam abençoados, ou seja, seriam tais que permitiriam a manutenção da existência da nação ao longo das gerações. Não temos aqui a promessa de um acúmulo desmedido, mas de que tudo contribuiria para o bem.
Não resta dúvida de que Deus quer abençoar a nossa família e o nosso patrimônio, mas o objetivo desta bênção é a da manutenção da nossa existência ao longo das gerações para que cumpramos o propósito divino de sermos "luz do mundo e sal da terra". Não há aqui qualquer promessa divina para que tenhamos uma "vida regalada", para que sejamos "milionários". Tudo isto não passa de distorção das Escrituras por parte dos ardilosos agentes da "teologia da prosperidade".
c) "Bendito o teu cesto e a amassadeira" (Dt 28:5). Deus prometia não só uma produção suficiente, mas que haveria condições para que aquela produção fosse aproveitada, devidamente armazenada e distribuída de maneira que todos pudessem ser satisfeitos em suas necessidades. Isto assume uma importância muito grande, pois sabemos que, na atualidade, muitos passam fome ao redor do mundo, mas não é por falta de produção. O Senhor dá o necessário para o sustento de toda a humanidade, algo que, inclusive, é potencializado pelo desenvolvimento tecnológico que tem aumentado a produtividade. Entretanto, toda esta produção não é distribuída corretamente, de sorte que muitos passam fome e muito alimento é desperdiçado no mundo.
d) "Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres" (Dt 28:6). A Nova Versão Internacional traduz esta benção como "a benção em tudo o que fizerem". Trata-se da promessa de sucesso e de bom êxito em todas as ações que forem realizadas pelo povo.
O Senhor Jesus ensinou-nos que nada podemos fazer sem Ele (João 15:5). Assim, quando o Senhor prometeu a Israel que ele seria bem sucedido em tudo quanto fizesse, estava a prometer que estaria com o Seu povo em todos os momentos, em se mantendo a comunhão com Ele.
Israel, estando em comunhão com o Senhor, tudo faria para cumprir o seu papel diante das nações, ou seja, estaria a tomar atitudes sempre com o objetivo de glorificar e adorar ao Senhor, de fazer com que as nações se aproximassem de Deus. Eis a razão pela qual todas estas ações seriam bem sucedidas, porque seriam do agrado do Senhor e teriam por finalidade a glória do Seu nome.
e) Posição superior aos demais povos – "ser cabeça e não cauda" (Dt 28:13). Aqui não se trata de uma posição de ostentação para que houvesse a opressão dos demais povos, mas uma posição de destaque, de uma demonstração de grandeza espiritual, que levassem os povos a servir a Deus, a reconhecer que o Senhor estava com Israel e que era o único Senhor e Deus (Dt 6:4). Portanto, "ser cabeça e não cauda" nada tem a ver com ostentação, fama ou elevação de uma posição social invejável, como se diz por aí pelos "teólogos e pregadores da prosperidade", mas de estar "espiritualmente por cima", ou seja, de se manter em pé, em comunhão com o Senhor, cumprindo-se o que Deus quer de cada um de nós.
f) A bênção da saúde - "E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o Senhor que te sara" (Ex 15:26). Esta foi uma bênção dada pelo Senhor ao povo de Israel, sob condição de obediência, logo no início da jornada no deserto, em Mara. Ali, o Senhor disse a Israel que, se ele fosse obediente, não poria nenhuma das enfermidades que havia posto sobre o Egito, porquanto Ele era o "Senhor que sara" (Javé-Rafá).
A saúde aqui também está vinculada à missão que Israel deveria realizar para o Senhor diante das nações. Israel não seria atingido por juízo divino algum para que pudesse ser "reino sacerdotal e povo santo", para que pudesse levar as nações à comunhão com o Senhor.
É bom ressaltar que esta benção não era de "imunidade contra as doenças", de "saúde eterna", até porque nas próprias promessas dadas a Israel, estava a da bênção do fruto do ventre, para continuidade da existência biológica do povo, prova de que as pessoas haveriam de morrer, haja vista que estamos no mundo e a morte física é um juízo estatuído por Deus a toda a humanidade por causa do pecado.
Com base nesta promessa dada pelo Senhor a Israel, há aqueles que também defendem uma "imunidade contra doenças" por parte de Deus a todos quantos forem fiéis ao Senhor. A doença, dizem os defensores da "teologia da confissão positiva", seria um sinal de pecado. Isso é uma tremenda falsidade! Tanto assim é que um grande profeta levantado por Deus, Eliseu, morreu por causa de uma enfermidade (2Rs 13:14), doença esta que não era resultado de pecado algum, tanto que, mesmo depois de morto, ainda foi contabilizado um milagre a Eliseu, a ressurreição de um morto que tocou em seus ossos (2Rs 13:21).
2. O QUE CABE À IGREJA. No Novo Testamento, a primazia do povo de Deus não está voltada para os bens materiais, mas predominantemente aos espirituais. Portanto, as bênçãos do capitulo 28 de Deuteronômio, tão utilizadas pelos pregadores da "teologia da prosperidade" em nossos dias, foram direcionadas ao povo de Israel, como fica bem claro no intróito da relação, em Dt 28:1, e tinha uma finalidade especifica, a saber, a exaltação de Israel sobre todas as nações da Terra, como fruto da fidelidade à lei de Moisés, lei que, como bem sabemos, já não mais vigora na atual dispensação. Infelizmente, algumas heresias têm sido fomentadas nos arraiais evangélicos porque algumas dessas promessas são tomadas como se fossem também para a Igreja. Não há respaldo bíblico para se confirmar isso, sendo mais uma artimanha dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente a todos quantos não conhecem a doutrina(Ef 4:14).
Outrossim, as Bênçãos dadas individualmente aos vários personagens bíblicos, como Abraão, Isaque, Jacó, Noé, Salomão, Ana, Raabe, Ezequias (prorrogação de sua vida) e muitos outros, foram específicas e não podem ser tomadas como algo que deva acontecer da mesma forma hoje, ainda que o seu conteúdo espiritual permaneça válido. Foi o caso de Salomão (1Rs 3:11-13), que recebeu a prosperidade material não porque a tivesse pedido, mas, sim, porque quis, antes, sabedoria, a verdadeira prosperidade. Como isso agradou a Deus, Salomão recebeu, também, riquezas materiais (1Rs 3:5-10). Portanto, é um tremendo engano querer fazer as pessoas crerem que, assim como Salomão, de igual modo, Deus tem algum compromisso de enriquecer este ou aquele servo seu, pelo simples fato dele ser fiel ao Senhor.
No Novo Testamento, a prosperidade do povo de Deus é acumulada não na Terra, mas no Céu (Mt 6:19,20). Na carta aos Romanos 12:16, a Palavra do Senhor diz: "Não devemos ambicionar coisas altas, mas acomodar às humildes". Aliás, no Novo Testamento não há sequer um versículo de promessa de abundância material para os que esperam pela vinda de Cristo. Se observarmos com cuidado o Novo Testamento, no tocante à vida na Igreja, com suas práticas e desafios, veremos que há mais referências para que tomemos cuidados com as riquezas do que o incentivo à busca delas. Como estes: "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína" (1Tm 6:9); "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos" (1Tm 6:17); "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam"(Mt 6:19); "...vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres..."(Mc 10:21).
Não negamos que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua Igreja: "Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma" (3João 1:2 ARA); a ideia de uma vida abençoada não se restringe ao Antigo Testamento. Todavia, é preciso observar que o enfoque do Novo Testamento não é prosperidade material; definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e não é este o propósito estabelecido para ela pelo Senhor. Quando mudamos a agenda divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos pela agenda de busca de prosperidade, estamos nos encaminhando, perigosamente, para a apostasia. Não é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da igreja apóstata dos últimos dias, antes do arrebatamento, seja "rico sou e de nada tenho falta" (Ap 3:17), a mostrar que essa igreja tinha, em primeiro plano, a preocupação com as riquezas, com os bens materiais, comportamento que persiste nos nossos dias, onde, lamentavelmente, boa parte da igreja evangélica tem perdido a dimensão escatológica do Reino de Deus, ao privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o "ter" e não seu lado atemporal ou eterno - o "ser"(ler 1Ts 4:17; 1Co 16:22). O apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, afirmou: "Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3:20). É claro que o cristão não tem como evitar o lado "temporal" da vida, mas seu olhar deve fixar-se, prioritariamente, em sua redenção eterna.
CONCLUSÃO
Nós que amamos a vinda do Senhor, e temos como principal alvo a promessa da vida eterna(1João 2:25), devemos priorizar a comunhão com o Senhor e não a busca insana por riquezas materiais, pois "os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas que submergem os homens na perdição e ruína"(1Tm 6:9). "Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios" (Sl 37:16). "Quem não se contenta com o que possui, priorizando a busca de riquezas e o amor ao dinheiro, é capaz de fazer qualquer coisa para ganhar mais e mais dinheiro, até mesmo mercadejar a Palavra de Deus (2Co 2: 17, ARA). A avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5:5), e nenhum idólatra entrará no Reino de Deus (1Co 5:11; Ap 21:8)" (Pr. Ciro Sanches).
--------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Caramuru Afonso Francisco – Os frutos da Obediência na vida de Israel.

sábado, 21 de janeiro de 2012

CÂNTICOS VOCAL - JERUSALÉM


É impossível não nos emocionarmos diante de tão linda e tocante melodia! Ela enche nossa alma de alegria e efervesce nossa esperança de um dia morarmos na Nova Jerusalém de Ouro.
A Nova Jerusalém é a cidade celestial que foi feita para ser o local onde Deus habitará juntamente com os homens que Lhe foram fiéis e aceitaram a Sua oferta de submissão e obediência à Sua Palavra. A Nova Jerusalém é o local que substituirá o Éden como morada de Deus com os homens. Ela é explicitamente mencionada e revelada no capítulo 21 do livro do Apocalipse, mas, antes da visão do apóstolo João, já havia referências a ela nas Escrituras. O próprio Jesus já havia mencionado existir um lugar que seria por Ele preparado para que os Seus servos nele habitassem para sempre com o Senhor (João 14:3).
A Nova Jerusalém apresenta-se, portanto, como o ambiente, o lugar onde Deus morará com os homens. É a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens que havia antes que o pecado causasse o atual estado de divisão que existe entre Deus e a humanidade. Somente na Nova Jerusalém, esta comunhão será restabelecida por completo, ocorrendo aquilo que é dito pelo apóstolo, de vermos Deus como ele é (1João 3:2).
As Escrituras afirmam que nenhum homem nascido e criado nesta nossa dimensão viu a Deus (João 1:18; 1João 4:12), porque, no atual estado em que nos encontramos, isto não é mesmo possível, pois é preciso que sejamos glorificados para que possamos contemplar o Senhor na Sua plenitude, ou seja, de forma completa, dentro das nossas imperfeições, naturalmente, pois sabemos que Deus é infinito e jamais poderemos contemplá-lo em Sua imensidão.
O objetivo de Deus é fazer com que tenhamos, novamente, um lugar onde possamos habitar com Deus e a Nova Jerusalém é este local. Então, é válido, muito válido mesmo, ser crente em Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor.
“Conservemos em nossa lembrança as riquezas do lindo país e guardemos conosco a esperança de uma vida melhor, mais feliz. Pois dali, pois dali, uma voz verdadeira não cansa de oferecer-nos do reino da luz o amor protetor de Jesus. Se quisermos gozar da ventura que no belo país haverá, é somente pedir de alma pura, que de graça Jesus nos dará. Pois dali, pois dali, todo cheio de amor, de ternura, deste amor que mostrou-nos na cruz, nos escuta, nos ouve Jesus” (3ª e 4ª estrofes do hino 202 da Harpa Cristã).

domingo, 15 de janeiro de 2012

Aula 04 - A PROSPERIDADE EM O NOVO TESTAMENTO

Texto Básico: 2Co 8:1-9

Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”(Rm 14:17).

INTRODUÇÃO
Na Aula 02 estudamos sobre a Prosperidade no Antigo Testamento, onde aprendemos que a nossa prosperidade não é apenas fruto de nossas mãos, mas é também resultado da bênção do Senhor sobre nossos empreendimentos e vida (Pv 10:22). Sem a bênção do Senhor, o nosso trabalho não passaria de ativismo. É a bênção do Senhor que enriquece e faz o nosso labor ser prazeroso e profícuo. Mas o nosso entendimento sobre o viver próspero seria imperfeito sem a devida análise do Novo Testamento. Nesta aula, vamos procurar sintetizar aquilo que a Nova Aliança diz sobre esse assunto.
I. A PROSPERIDADE NO NOVO TESTAMENTO E A ESCATOLOGIA
1. Prosperidade e consumo.
A Pós-Modernidade retrata com nitidez e preocupação o consumismo exacerbado que tem invadido o ego de todas as pessoas em todo o mundo. Vivemos hoje num mundo onde há uma corrida desenfreada para o acúmulo de riquezas, onde todos buscam tão somente poupar bens para si. Há um consenso de que o homem foi feito para a riqueza material e que a vida se resume na posse de fortunas. Muitas pessoas, por sua vez, são julgadas e julgam as outras pelo que possuem, pelo seu patrimônio, numa completa inversão de valores morais e éticos. O materialismo distorce totalmente os relacionamentos entre as pessoas, que passam a ser, sobretudo, relacionamentos interesseiros, voltados para a obtenção de vantagens econômico-financeiras. Até mesmo os relacionamentos afetivos passam a ser guiados por motivos econômicos e financeiros, a ponto de muitos constituírem ou destruírem lares e famílias por motivos puramente patrimoniais. No entanto, não é este o ensino de Jesus. O Senhor é bem claro ao afirmar que “a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”(Lc 12:15).
A prática materialista tem se disseminado em todo o mundo. Muitos são impelidos, especialmente, pela propaganda difundida nas mídias eletrônicas (Rádio, TV, Internet), a comprarem aquilo de que realmente não necessitam. Os profissionais do marketing aproveitam-se das datas comemorativas tais como, Natal, Páscoa, Dia das mães, dos pais, dos namorados, das crianças, etc., para incitar as pessoas ao consumo. O pior do consumismo é que muitos acabam valorizando mais as coisas materiais do que as espirituais (Pv 30:15; Mt 6:19-21). O crente em Jesus deve resistir ao consumo inútil e à tentação do crédito fácil, propalados pela mídia. Lembre-se: "Crédito imediato é também dívida imediata!". A Palavra de Deus nos adverte taxativamente sobre o gasto abusivo e desnecessário (Pv 21:20; Is 55:2). O Senhor Jesus e os apóstolos desencorajam o consumo e o acúmulo de bens materiais(Mt 6:19; 1Tm 6:8-10).
O compromisso que Deus tem com seus filhos não é o do consumismo, mas o da provisão diária(Mt 6:11). Há pessoas que necessitam de mais recursos em suas provisões e outros, de menos, e Deus sabe como distribuir esses meios para cada um. Em ambos os casos, a certeza do socorro divino é clara, o que não acontece quando uma pessoa se sente compelida a comprar coisas compulsivamente, movida por frustrações, transtornos do humor(pessoa que gasta dinheiro porque está triste ou irritada) ou pelo desejo de ostentação. Biblicamente falando, Deus não tem qualquer obrigação nesses casos.
2. Prosperidade e futuridade. A excessiva preocupação do homem com as coisas desta vida é uma característica da prática materialista ao longo da história da humanidade. É evidente que o homem, para sobreviver, tenha de suprir suas necessidades essenciais (alimentação, vestuário, educação, transporte, habitação), necessidade que é reconhecida por Deus (Mt 6:32), mas também é ponto pacífico que o homem não pode pôr estas coisas como prioritárias na sua vida. No exato instante em que as coisas materiais passam a dominar o centro das atenções do homem, ele se torna presa do materialismo e, neste preciso momento, dá as costas para Deus. Quando amamos as coisas desta vida em primeiro lugar, passamos a servir às riquezas, ou seja, a Mamom (o deus das riquezas) e, por causa disto, deixamos Deus de lado. Jesus disse que não se pode servir a Deus e a Mamom (Mt 6:24) e, infelizmente, muitos são os que, na atualidade, mesmo se dizendo crentes, não servem a Deus, mas única e exclusivamente a Mamom.
O dinheiro poderá suprir algumas necessidades materiais, e trazer alegria momentânea para as coisas deste mundo, mas também não compra tudo, e jamais irá proporcionar ao ser humano a oportunidade de provar o dom celestial e à consolidação na esperança da salvação para os dias vindouros.
II. A PROSPERIDADE EM O NOVO TESTAMENTO É MAIS UMA QUESTAO DE SER DO QUE DE TER
Infelizmente, boa parte da igreja evangélica tem perdido a dimensão escatológica do Reino de Deus, quando demonstra privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o "ter" e não seu lado atemporal ou eterno - o "ser"(ler 1Ts 4:17; 1Co 16:22). Encontramos no Novo Testamento certo homem(o rico insensato) preocupado mais em "ter" do que "ser" (Lc 12:16-20). Ele queria, por exemplo, ter muitos bens materiais, mas, por outro lado, não demonstrou nenhuma preocupação em ser alguém zeloso com as coisas espirituais. Fazer dos ganhos ou das riquezas da terra o propósito da nossa vida é um erro fatal que leva à perdição eterna(Lc 12:20,21).
1. Tesouros na terra“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”(Mt 6:19). Nesta passagem Jesus contradiz todo o conselho humano para providenciar um futuro financeiramente seguro. Quando Ele diz: “Não ajunteis tesouros na terra”, está indicando que não há nenhuma segurança em coisas materiais. Qualquer tipo de tesouro material na terra pode ser destruído por elementos da natureza (traça ou ferrugem) ou roubado por ladrões ou destruído pelo tirânico sistema financeiro. Jesus diz que os únicos investimentos que não estão sujeitos à perda são os tesouros do Céu(Mt 6:20).
Certa feita, Jesus estava no meio de uma multidão ensinando o povo a ter cuidado com os religiosos, quando alguém levantou uma questão: alguém pediu que Jesus fosse o juiz num caso de divisão de herança(Lc 12:13-15). Esse pedido feito a Jesus não era algo estranho, pois conforme Dt 21:17 existia a regra genérica de que um filho mais velho receberia o dobro da porção de um filho mais jovem. As disputas sobre tais questões eram em geral dirimidas pelos rabinos. Como bem sabemos, a divisão de uma herança é sempre um problema, pois nesse momento aparecem a usura e a avareza.
Com certeza, muita gente pensa: "Ah! tudo estaria resolvido se aparecesse agora alguma herança". Será que esse não é o desejo de alguns de nós nesse momento? Mas aí é que está o erro. É enganoso pensar assim, pois a partir desse momento é que começam os conflitos e as dificuldades entre os herdeiros. Jesus foi muito claro quando disse: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”(Lc 12:15).
Esse pedido que o homem fez a Jesus era egoísta e materialista. Jesus então lhe respondeu com uma parábola a respeito das consequências da ganância(Lc 12:16-22). Jesus contou que um homem rico teve uma colheita espetacular. Essa colheita foi tão boa que ele precisou construir novos armazéns para guardá-la. Ele imaginava estar, assim, acumulando garantias para o seu futuro. Na verdade, esse é o sonho de muita gente. Mas Jesus disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”(Lc 12:20).
Aquele rico insensato foi chamado de louco não porque estivesse cometendo algum crime, escândalo, roubo ou adultério, mas porque era avarento, voltado somente para sua riqueza. Ele pensava que a alma se alimenta de cereal. Ele foi considerado um pecador tão perigoso quanto aquele que mata, rouba e adultera. Em outras palavras, esse homem era materialista ou ateu, como tantos que existem hoje em nossa sociedade, vivendo como se Deus não existisse. O materialismo, isto é, o apego às coisas materiais, representa a própria negação de Deus, é ateísmo camuflado. Quando há o apego às coisas materiais, estamos, ainda que não o digamos com argumentos, na prática negando que Deus existe. É por este motivo que o apóstolo Paulo faz a seguinte exortação: “Mas os que querem ser ricos caem em grande tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé...” (1Tm 6:9, 10). Portanto, todos aqueles que vivem alimentando as suas almas de coisas terrenas, esquecidos de Deus e das coisas de Deus, são considerados loucos.
Hoje continua da mesma forma, muitos buscam a Cristo como um juiz repartidor de bens materiais. Querem fazer grandes celeiros, e a viverem uma vida farta. Porém esquecem a finalidade principal da aspersão do sangue de Cristo na cruz: nos dar da sua “graça”, remir os nossos pecados e nos ofertar a vida eterna, para vivermos num lugar onde a morte já não existe mais, e não haverá mais pranto, nem dor e nem clamor, porque Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima.
Vale a pena destacar um ponto importante: a vida não nos pertence; os bens não nos pertencem; nem a vida nem os bens são nossas propriedades, são apenas um empréstimo. E então? De que adiantam os bens acumulados? As riquezas não podem atender as maiores necessidades da vida e nem mesmo nos libertar da ansiedade. Elas não são garantia de vida, porque a vida é um presente de Deus, do qual temos que prestar conta a qualquer momento. Mas ainda surge uma pergunta importante: e as coisas acumuladas, para quem ficarão? Primeiro, elas não deviam ter sido acumuladas, mas repartidas, porque o que sobra não pertence mais a nós, mas a todos aqueles que nada têm (Lc 11:41;12:33). Segundo, todo o acúmulo dos bens, mesmo repartido em herança, sempre gera problemas, exatamente como estava acontecendo quando aquele homem pediu que Jesus ordenasse a seu irmão que dividisse a herança com ele. Portanto, devemos estar cientes que o dinheiro ou os bens não oferecem qualquer segurança para a eternidade, porque de um momento para o outro seu possuidor pode ser surpreendido com o chamado de Deus. Onde você tem depositado sua confiança? Nas suas posses? Nos seus bens? Que sua segurança esteja totalmente depositada em Jesus Cristo, no Céu! Pense nisso!
2. Tesouros no Céu – “Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam”(Mt 6:20). O Novo Testamento traz uma mensagem que tenta tirar o nosso foco deste mundo e colocá-lo no Céu: "Não ajunteis tesouros na terra... Ajuntai tesouros no Céu”.
Os primeiros cristãos visavam uma pátria celestial, onde estariam livres de todo o sofrimento terreno. A verdadeira prosperidade é ter tesouro no Céu. Sim, as verdadeiras riquezas são as espirituais e não materiais. “Se pensarmos em Cristo somente para as coisas desta vida, seremos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co 15:19). Lamentavelmente, muitos pregadores da atualidade têm se esquecido de falar sobre o Céu. Aliás, eles têm "transferido" o Céu para a Terra, dando-lhe um sentido materialista, visível, hedonista, egocêntrico e imediato.
As Escrituras já haviam predito que, nos últimos dias, haveria, no meio do povo de Deus, falsos mestres que não teriam qualquer pudor, mas após terem negado o Senhor que os resgatara, iriam fazer dos crentes negócio com palavras fingidas (2Pe 2:1-3). Hoje, esses falsos mestres são os propagadores da “teologia da prosperidade”. Na verdade, estes “pregadores de prosperidade” nada mais são que escravos do dinheiro e das coisas materiais. Vivem em função da acumulação de riquezas, vivem à busca das coisas desta vida, num sentido diametralmente oposto ao que se lê na Bíblia Sagrada, que manda aos crentes buscar as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus (Cl 3:1). Por isso, como verdadeiros estelionatários, procuram satisfazer a sua ganância através da ganância alheia. Assim, exploram o povo e arrancam verdadeiras fortunas dos bolsos destes incautos, vendendo a imagem de um Deus que faz barganhas com os Seus servos e que, ante o “sacrifício”, ante o “tudo” que foi entregue, serão ricamente abençoados e enriquecidos pelo Senhor. No fundo, porém, quem enriquece são estes mesmos pregadores ou, então, as instituições para as quais eles trabalham. Neste relacionamento estabelecido em cima da “pregação da prosperidade”, só temos que nos recordar das palavras do apóstolo Paulo: “… os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2Tm 3:13). Tenhamos, portanto, cuidado com este falso evangelho, com esta investida materialista travestida de cristã e de evangélica, pois, “… alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”(1Tm 6:10b).
III. A PROSPERIDADE EM O NOVO TESTAMENTO É FILANTRÓPICA
Atentemos para o que nos exorta as Escrituras: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:17,18). O princípio da generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter. Para que a generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar enriquecido de amor e compaixão sinceros para com o próximo. Dar de nós mesmos, e daquilo que temos, resulta em: suprimir as necessidades dos nosso irmãos mais pobres; louvor e ações de graça a Deus(2Co 9:12); e amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda(2Co 9:14)
1. Uma Igreja com diferentes classes sociais. Assim como o mundo do Antigo Testamento, a sociedade neotestamentária era formada também por ricos, classe média, diaristas e escravos. É nesse contexto social que a Igreja nasce e começa a se expandir através da ação evangelística(At 6:7). Como resultado dessa ação, muita gente se converteu, incluindo as classes mais abastadas. Uma leitura bíblica atenta revela que grande parte dos discípulos, que era formada por escravos, era pobre. A ideia de prosperidade no Novo Testamento passa a estar intimamente ligada à solidariedade e à filantropia. A minha prosperidade não pode fazer "vista grossa" para as carências e necessidades do outro. O próspero é alguém que passa a se importar com o seu irmão.
Conhecedor das necessidades dos crentes da Judeia, Paulo mostra aos crentes de origem gentílica que eles não deviam esquecer que fora a partir de Jerusalém que a bênção da Salvação chegara até eles - "Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?"(2Co 9.11). As igrejas entenderam o apelo do apóstolo e mandaram seus donativos: "Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém" (Rm 15:26).
2. Não esquecer dos pobres – “Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes”(Mt 14:7). A grandeza do ato de ajudar os pobres é um tema bastante repetido nas Escrituras(Ex 23:10,11; Dt 15:7-11; Jr 22:16; Am 2:6,7; Mt 6:2-4; João 13:29).
Os pobres existem e continuarão existindo, para que os cristãos generosos exerçam a caridade, a maior expressão do cristianismo verdadeiro. A igreja primitiva sobressaia-se neste mister, tanto que foi estabelecida a diaconia ou o serviço de atendimento social(ler At 6:1-10).
O apóstolo Paulo recorda que Pedro, Tiago e João, que eram tidos como as colunas da Igreja em Jerusalém, pediram-lhe que não se esquecesse dos pobres – “recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligencia”(Gl 2:10).
A generosidade para com os necessitados é considerada não como um mérito à salvação, mas apenas como “um teste de caráter”. Ajudando os necessitados, estaremos rompendo com nossos próprios interesses egoístas, para acumular “tesouros no Céu” (Mt 6:19-21;Lc 12:33-34). O maior tesouro é, sem dúvida, a salvação eterna, pela graça de Cristo (Ef 2:8-10), daqueles que são levados a glorificar a Deus por nossas boas obras de generosidade (ver Mt 5:16). Você tem ajudado a quem necessita? Você se preocupa em saber quem precisa da sua ajuda? Pense nisso!
CONCLUSÃO
No Novo Testamento, a primazia do povo de Deus não está voltada para os bens materiais, mas predominantemente aos espirituais. No Novo Testamento, a prosperidade do povo de Deus é acumulada não na Terra, mas no Céu (Mt 6:19,20). Na carta aos Romanos 12:16, a Palavra do Senhor diz: “Não devemos ambicionar coisas altas, mas acomodar às humildes”. Aliás, no Novo Testamento não há uma só referência, sequer um versículo de promessa de abundância material para os que esperam pela vinda de Cristo. Jesus Cristo nos dá a confortável confiança que não precisamos nos preocupar com o amanhã, com coisas materiais como alimento e as vestes. Devemos sim, buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e as demais coisas nos serão acrescentadas. Isso é o essencial para o nosso cotidiano, porque a inquietação com o amanhã é coisa dos gentios ímpios, aqueles que não temem e nem confiam no poder do Senhor (Mt 6:25-33). Aliás, Jesus descreve os gentios como sendo pessoas que se preocupavam apenas em correr atrás do beber, do comer e do vestir, dando a isto prioridade em suas vidas (Mt 6:31,32), comportamento que persiste nos nossos dias, onde, lamentavelmente, o “ter” tem preponderância sobre o “ser”.
Após Cristo ter-se dado em sacrifício vivo para remissão dos nossos pecados, para alcançarmos a salvação, as prosperidades materiais tornaram-se coisas insignificantes, pequenas diante da grandeza de Deus em nos proporcionar a oferta da vida eterna, pois, agora temos uma melhor e mais confortável esperança em Jesus Cristo: encontramos a vida pela morte de Cristo na cruz, algo infinitamente superior a todos os bens materiais deste mundo.
Portanto, no Antigo Testamento: bênçãos e prosperidades materiais para o homem fiel a Deus. No Novo Testamento: Paz no coração, alegria e promessa de vida eterna(1João 2:25) para os que crêem e guardam os mandamentos do Senhor até o fim.
Mas, lamentavelmente, os promotores da falaz “Teologia da Prosperidade” que fazem a mídia no ambiente evangélico, criaram um cifrão ($) como símbolo de fé para os que buscam a prosperidade, priorizando a vontade da carne e a materialidade, em detrimento da “graça”, das bênçãos espirituais e da promessa da salvação e da vida eterna. Só veem o que está diante do nariz, mas não tem olhos espirituais para ver a grande divisão que há entre o Antigo e o Novo Testamento do Senhor Jesus Cristo. Não anunciam o que é mais importante do que todos os bens deste mundo, o propósito de Deus para o homem: a vida eterna, com Cristo no Céu(ler 1Joao 5:11,12; João 14:1-3).
------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Caramuru Afonso Francisco – Materialismo e Ateísmo
.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Aula 03 - OS FRUTOS DA OBEDIENCIA NA VIDA DE ISRAEL

Texto Básico: Deuteronômio 28:1-68

E será que, havendo-te o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra, a que vais para possuí-la, então, pronunciarás a bênção sobre o monte Gerizim e a maldição sobre o monte Ebal”(Dt 11:29)

INTRODUÇÃO
Quando analisamos a história de Israel, fica evidente que o povo de Deus recebeu o direito de escolher se desejava ou não ser abençoado por Ele (vide Deuteronômio cap.28). A bênção viria como um fruto da obediência ao Senhor, e a ausência desta era vista como um fruto da desobediência aos preceitos divinos. Quando a nação obedecia a Deus, prosperava, mas quando seguia outros deuses, experimentava adversidades.
Atualmente a palavra obediência parece andar um tanto esquecida. Fala-se muito em bênçãos e prosperidade, todavia, muitos se esquecem de que as bênçãos são decorrentes da obediência aos princípios divinos. A obediência é uma prova viva de amor ao Pai Celestial. A Bíblia diz em João 14:15, 23: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos... Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada”. O Espírito Santo só será dado àqueles que obedecem a Deus. A Bíblia diz em Atos 5:32: “E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. Jesus obedeceu ao Seu Pai dando-nos um exemplo de como devemos obedecer ao Senhor. A Bíblia diz em Hebreus 5:8-9: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu; e, tendo sido aperfeiçoado, veio a ser autor de eterna salvação para todos os que lhe obedecem”.
Deus é bom e quer nos abençoar integralmente. Entretanto, Ele também é justiça. A justiça do Pai, assim como a sua bondade, atinge todas as áreas de nossa vida.
I. OBEDIENCIA, UM FIRME FUNDAMENTO.
Quando a Bíblia Sagrada diz que o homem foi criado com liberdade (Gn 2:16,17), devemos observar que liberdade é a possibilidade de o homem escolher entre obedecer ou desobedecer a Deus. A liberdade jamais pode ser concebida como “autonomia”, ou seja, como uma faculdade do homem de ele próprio estabelecer qual é a regra, qual é a norma, como, aliás, entenderam alguns filósofos ao longo da história da humanidade.
A liberdade não se confunde com a ausência de um poder superior ao homem. Deus é superior ao homem e estabelece, como Criador de todas as coisas, as regras e os mandamentos que devem ser observados pelo homem. O homem, por ser livre, tem a possibilidade de observar, ou não, estas regras, mas não há um mundo sem regras ou sem leis. A liberdade sempre se estabelece debaixo de um senhorio divino, debaixo de regras e mandamentos estabelecidos pelo Senhor. Por isso a liberdade redunda em responsabilidade. O outro lado da liberdade, o outro lado da possibilidade de se atender, ou não, ao mandamento divino é a responsabilidade, ou seja, o homem responde pela opção que tomar. O homem não é senhor de si; não é ele quem estipula as regras e as normas que terá de responder diante de Deus pelo que tiver feito. Este princípio, aliás, foi muito bem apontado por Paulo quando escreveu aos gálatas: “ Não erreis, Deus não Se deixa escarnecer, porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gl 6:7).

1. Deus fala e quer ser ouvido. O Senhor tirou os israelitas do Egito, a fim de que eles fossem uma nação próspera e temente a Ele. Para que fossem abençoados, deveria pautar pela obediência a Ele e à Sua Lei. Esta condição pode ser resumida na frase encontrada várias vezes no Pentateuco: “Se ouvires a minha voz e guardares os meus mandamentos”(Ex 15:26;19:5; Lv 26:14;Dt 28:1).
No discurso de Moisés, exarado no capítulo 28 de Deuteronômio, há uma extensa lista de bênçãos que viriam se o povo de Israel obedecesse à voz do Senhor quanto ao cumprimento de Sua Palavra. Os catorze versículos inicias falam das bênçãos que sucederiam a obediência, enquanto os últimos 54 versículos descrevem as maldições que recairiam sobre Israel se voltasse as costas para o Senhor. As bênçãos prometidas abrangem a preeminência entre as nações, propriedade material, fecundidade, colheitas abundantes, vitória nas batalhas e sucesso no comércio exterior. A proteção de Deus também seria notada por todos, quando aqueles que se diziam inimigos de Israel fossem derrotados, entregues pelo próprio Senhor aos israelitas. Para quem pensa que Ele ia cuidar apenas dos aspectos físicos da existência, Ele deixa claro que separaria Seu povo para que fosse santo, desde que Seu povo ouvisse a Sua voz, guardasse Seus mandamentos e andasse nos Seus caminhos. Isso atrairia o temor dos povos em torno de Israel. Essas promessas foram destinadas a Israel, que, infelizmente, trilhou por caminhos contrários a Deus, mostrando que a rebeldia humana pode destruir uma nação que tinha tudo para dar certo.
Alguém pode perguntar: é possível que Deus estenda esses preceitos aos que andam pela fé em Sua Palavra em nossos dias? Com certeza. Deus não deixou de ter a bondade de abençoar, mas devemos levar em conta dois fatores: primeiro, não podemos nos apropriar de promessas que não foram destinadas a nós; segundo, devemos ser diligentes em nossos trabalhos, para que cresçamos de forma honesta, pois tão importante quanto crer nas promessas de Deus é fazer a nossa parte: andar nos caminhos dEle e trabalhar de forma diligente com nossas mãos.
Portanto, o melhor que podemos fazer pela nossa vida é obedecer a Deus e à Sua Palavra. A Bíblia diz em Deuteronômio 30:15-16:Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, a morte e o mal; porquanto te ordeno, hoje, que ames o Senhor, teu Deus, que andes nos seus caminhos e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas e te multipliques, e o Senhor, teu Deus, te abençoe na terra, a qual passas a possuir”.
Deuteronômio 10:12-13 diz:Agora, pois, ó Israel, que é o que o SENHOR, teu Deus, pede de ti, senão que temas o SENHOR, teu Deus, e que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?”.
A obediência é a chave para uma vida de sucesso. A Bíblia diz em Josué 1:8: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás”.
Seremos avaliados em termos da nossa obediência aos mandamentos de Deus. A Bíblia diz em Mateus 5:19: “Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus”.

2. A obediência e suas reais motivações. Conforme lemos em Deuteronômio 28, a motivação principal para a obediência não era necessariamente receber a bênção de Deus (apesar de ela estar intrínseca no texto), e sim a comunhão com Deus e a sua aprovação em todas as coisas que o fiel realizava. Podemos inferir disso a certeza de que Deus conhece as reais motivações com que nos aproximamos dEle. Ele sabe quando os corações são ou não interesseiros.

II. DESOBEDIÊNCIA, A CAUSA DA MALDIÇÃO
A maldição é um instrumento divino e, na verdade, faz parte de Sua atividade julgadora. Em Deuteronômio 11:26-28, Deus diz: “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, quando ouvirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes”. A Bíblia não diz que a bênção é de Deus e a maldição é do diabo. Tanto uma quanto a outra são prerrogativas divinas. A maldição está ligada à desobediência e a bênção à obediência.

1. A quebra da aliança. Ainda com relação ao capítulo 28 de Deuteronômio, Moisés profetiza uma série de maldições como causa da desobediência a Deus e à Sua Palavra, ou seja, quebra do concerto divino: castigo, destruição, grande aflição, cativeiro e dispersão entre as nações (vide Dt 28:15-68).
Dt 28:15-37 - As maldições incluíam escassez, esterilidade, ferrugem, seca, derrota nas batalhas, loucura, medo, adversidade, calamidade e vulnerabilidade(v.15-32). Os versículos 33-37 prevêem o cativeiro numa terra estrangeira, profecia que se cumpriu quando o povo foi levado cativo pelos assírios e babilônios. Israel seria pasmo, provérbio e motejo entre todos os povos.
Dt 28:38-46 – Os israelitas seriam amaldiçoados com colheitas minguadas e escassez de uvas e azeitonas. Seus filhos seriam “levados ao cativeiro, e o gafanhoto” consumiria seu “arvoredo e o fruto da [...] terra”. O estrangeiro no meio deles se elevaria mais e mais, enquanto o povo desceria mais e mais. Se os israelitas fossem obedientes, se tornariam credores no mercado internacional. Porém, se fossem desobedientes, teriam de tomar dinheiro emprestado de estrangeiros(v. 44).
Dt 28:47-57 – Invasores estrangeiros levantariam cerco contra Israel, provocando os horrores escritos nos versículos 49-57. As condições seriam tão terríveis, que as pessoas devorariam umas às outras. Essa profecia se cumpriu quando Jerusalém foi sitiada pelos babilônios e, posteriormente, pelos romanos. Nas duas ocasiões, muitos recorreram ao canibalismo. Até o indivíduo mais refinado e “delicado” se tornaria “mesquinho” e canibalesco.
Dt 28:58-68 – Pragas e enfermidades graves e duradouras dizimariam a população de Israel. Os sobreviventes se dispersariam por toda a terra e viveriam com pavor constante de perseguição. Deus os faria até voltar ao Egito em navios. De acordo com Josefo, a profecia de que Israel voltaria ao Egito se cumpriu parcialmente no tempo de Tito, quando os judeus foram levados para lá em navios e vendidos como escravos. Nesse caso, porém, “Egito” pode indicar servidão em geral. Deus havia livrado Israel da escravidão literal do Egito no passado. Se, contudo, a nação não o amasse, nem reconhecesse seu direito soberano de receber obediência, não se manteria pura como esposa e não seria sua propriedade exclusiva. Caso escolhesse se portar como as outras nações, seria vendida de volta à escravidão. A essa altura, porem, estaria de tal modo destruída, que ninguém a desejaria, nem mesmo como escrava.
Ao meditarmos sobre essas condições, ficamos abismados com a manifestação da ira de Jeová contra o povo. Moisés não poupou palavras e não deixou nenhum detalhe por conta da imaginação, antes, pintou um quadro nítido e realista. Israel precisava saber quais seriam as consequências da desobediência para que aprendesse a temer o nome do Senhor, o Deus de Israel. “Aquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão”(Lc 12:48). Israel havia recebido mais privilégios do que qualquer outra nação e, portanto, tinha mais responsabilidades e poderia sofrer castigo mais severo.

2. A maldição da idolatria. Idolatria é colocar qualquer coisa, ou pessoa, em lugar de Deus. Está escrito que Deus não dá sua glória a ninguém (cf Is 48:11). Portanto, a idolatria é um pecado grosseiro e afrontoso ao Único e Verdadeiro Deus, porque: (a) lhe rouba a glória e consagra-a as obras que nada são; (b) ignora-lhe a eterna e inquestionável soberania; (c) zomba das reivindicações que Ele apresenta em Sua Palavra. O idólatra demonstra que não dá nenhuma importância à soberania divina (Sl 14:1).
A maldição vez por outra alcançava o povo de Israel por causa da idolatria, que é veementemente condenada na Bíblia. Mesmo antes da decretação dos 10 mandamentos, o povo de Israel já se achava mais do que ciente acerca do pecado e da desgraça que é a idolatria. Quatro séculos depois, quando da promulgação do Decálogo, o Senhor Deus ordena: “Eu Sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex 20:2-4). Mais adiante, Moisés adverte: “Maldito o homem que fizer imagem de escultura ou de fundição, abominável ao Senhor, obra da mão de do artífice, e a puser em um lugar escondido! E todo o povo responderá: Amém!”(Dt 27:15).
Todos os profetas exortaram os israelitas a que se abstivessem da idolatria. O que dizer das advertências de Isaías? Dos clamores de Oséias? Das mensagens de Amós? E o quanto não sofreu Jeremias a fim de reconduzir o seu povo ao Deus Único e Verdadeiro? Foi em consequência da idolatria que Israel e Judá foram expulsos de suas possessões e experimentaram o amargo cativeiro (2Rs 17:1-23; 2Cr 36:11-21).
Se a idolatria era combatida com rigor no Antigo Testamento, não seria diferente no Novo. No Concílio de Jerusalém, os apóstolos e anciãos, inspirados pelo Espírito Santo, recomendaram aos fiéis: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes” (At 15:29). Em suas diversas epístolas, os apóstolos condenaram duramente o envolvimento dos cristãos com a idolatria (1Co 10:14 ; 1Pe 4:3).
Talvez hoje não mais encontremos por aí o horrendo deus Moloque, nem a infame Diana dos efésios. Mas, a moderna idolatria, além de seu aspecto tradicional e grosseiro (a adoração de imagens de escultura) vem, de forma sorrateira, furtiva e até subliminar, minando a resistência do povo de Deus. Muitos são os crentes que se vem deixando contaminar pelos promotores desse perverso e ímpio sistema idolátrico que, nos meios de comunicação, recebe os mais insinuantes títulos: humanismo, nova Era, regressão psicológica, teologia da prosperidade, pensamento positivo, liberação sexual, etc. Os agentes da impiedade não poupam esforços; sabem como insuflar suas doutrinas até entre os santos.
Estejamos, pois, alerta! Não podemos traficar com a glória divina, nem trocá-la pelos ídolos, sejam quais forem as formas com que estes se apresentem. O Senhor não negocia a Sua majestade.

III. AS FALSAS IDEIAS SOBRE MALDIÇÃO
Ultimamente, uma falsa doutrina tem se infiltrado no meio do povo de Deus: a falaciosa “maldição hereditária”. Os defensores dessa falsa doutrina concebem-na como sendo “… a autorização dada ao diabo, por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado…” ou, ainda, para outros, seria “… problemas e sofrimentos originados por problemas e pecados dos antepassados e herdados hereditariamente.…”.
Segundo os “ensinadores” dessa falsa doutrina, a “maldição hereditária” tem de ser quebrada e um dos meios pelos quais se faz esta “quebra” é por intermédio da “regressão psicológica”, em que se “descobre”, no passado, a origem, a causa da maldição que, então, apresentada ao Senhor Jesus, pode ser quebrada, ocasionando a completa “libertação” do servo de Deus. Crendo nessa falsa doutrina, muitos que cristãos dizem ser entram numa espécie de paranóia, procurando alguma maldição para quebrar.
Todavia, não é isto que ensina a Bíblia Sagrada. Nas Escrituras, fica claro que o que causa divisão entre o homem e Deus são os nossos pecados (Is 59:2), pois o salário do pecado é a morte, ou seja, a separação entre o homem e Deus (Rm 6:23). O pecado traz, em consequência, uma maldição ao homem (Dt 28:15-19; Gl 3:10). No entanto, Jesus fez-se maldição por nós e, com isto, pagou o preço da nossa redenção (Gl 3:13) e, por isso, converteu a maldição em bênção, de modo que, agora, a bênção de Abraão chega até nós por intermédio de Cristo Jesus (Gl 3:16), de modo que somos, agora, amigos de Deus (João 15:15).
Aqueles, que cristãos dizem ser, que acham que precisam quebrar maldição não entenderam a obra de Cristo. Aqueles que temem que satanás possa prender algum crente sobre maldição não entenderam o que Cristo fez com o diabo para benefício dos crentes quando morreu na cruz. Gênesis 3:15 diz que Cristo feriria a cabeça da serpente e isso aconteceu quando Ele morreu na cruz do calvário. Da mesma forma Colossenses 2:13-15 fala-nos da obra de Cristo que removeu nossa dívida quando morreu na cruz. A vitória de Cristo é uma vitória completa, portanto, somos verdadeiramente livres.
Mas não apenas isso. Em Romanos capitulo 6, Paulo explica o que aconteceu conosco quando nos convertemos (Rm 6:5). Isso significa que o crente espiritualmente participa da morte de Cristo. Ele(o velho homem) realmente morreu com Cristo na cruz (Rm 6:6). Todas as maldições cessam aí, crucificadas na cruz de Cristo. A ênfase de Paulo é que não ficamos mortos, e sim, como Cristo ressuscitou, nós também ressuscitamos – “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”(Rm 6:4).
Pode alguém que nasceu de novo, que morreu com Cristo e ressuscitou espiritualmente com Ele, ainda carregar maldições? Será que a obra de Cristo não foi completa? Se o crente pudesse ainda carregar maldições o texto de 2Coríntios 5:17 não seria verdadeiro – “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Se ainda há maldições, então, não há nova criatura, nem novo nascimento, nem conversão. Se Cristo habita em nossos corações, não devemos menosprezar a Sua obra, não podemos diminuir a importância e a eficiência dela.
Portanto, quem participa desta falsa doutrina não crê no poder transformador e suficiente do sacrifício de Jesus para nossa salvação e, lamentavelmente, se não crê no Filho, também não crê no Pai(1João 2:22,23), logo, está demonstrando, de modo cabal, que se caminha para a perdição de sua alma(Mc 16:17).
Ainda estamos em um mundo decaído, e, portanto, submetidos a muitas limitações. Porém, isso não significa que as maldições não foram quebradas em nossa vida. Ainda não somos tudo aquilo o que fomos projetados para ser - “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”(1João 3:2). O Apocalipse descreve o momento quando toda maldição será retirada da criação e a cidade santa for estabelecida por Deus: “E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”(AP 22:3). Glórias sejam dadas ao nome do Senhor Jesus!

CONCLUSÃO
Obedecer a Deus é cumprir em nossas vidas a sua Santa Palavra (Dt 26:16). Não podemos duvidar do seu comando, da sua vontade, temos que acreditar e obedecer. Se obedecermos, então, permanecerá sobre nós a bênção do Senhor (Lv 26:3-13).
-----
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Aula 02 - A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

Leitura Básica: Dt 8:11-18

Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em sua mão” (Gn 39:3).

INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos a respeito da Prosperidade no Antigo Testamento. Veremos que na Antiga Aliança, a Verdadeira Prosperidade é primeiramente espiritual. Uma vida bem-sucedida não é resultado do sucesso financeiro, mas sim da obediência a Deus, da fidelidade e da santidade: “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens” (Pv 3:3,4). Além disso, a Prosperidade na Antiga Aliança está diretamente relacionada à obediência à Palavra de Deus e a dedicação ao trabalho. É algo que vai muito além dos bens materiais. Que sejamos sensíveis à revelação do Espírito Santo para entendermos em que consiste, quais as fontes e os princípios que norteiam a Verdadeira Prosperidade.
I. O QUE É PROSPERIDADE
Prosperidade é o estado do que é e se torna próspero. Mas o que é ser próspero? É ser feliz, ser abençoado, ser bem-aventurado, ter abundância de vida. É ter um bem-estar físico, relacionado à saúde; um bem-estar na família; um bem-estar no seu trabalho, ou seja, exercer o seu trabalho de forma que glorifique a Deus e traga resultado de bem-aventurança, como diz o salmo 1: “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará”.
Deus fez o homem para ser feliz, próspero, abençoado. E vemos isso no período da inocência, quando ainda antes da queda, antes do pecado, quando o homem ocupava o lugar de proeminência na obra da criação. Gêneses 1:28 diz: “ E Deus os abençoou...”. Deus fez o homem à sua imagem e à sua semelhança. Se Deus o fez assim, não foi para que o homem fosse escravo da miséria, mas o fez para desfrutar do que de bom há nele, em Deus: sua comunhão, seus bens. Após a criação do homem, a Bíblia diz em Gênesis 1:31: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, eis que tudo era muito bom”.
Ainda no Éden, observamos que Deus pôs o homem no jardim para lavrá-lo e guardá-lo (Gn 2:15), mas, antes de ali colocar o homem, fez questão que o jardim tivesse árvores agradáveis à vista como boas para comida (Gn 2:9). Neste gesto, o Senhor demonstrou, claramente, que seu objetivo era que o homem tivesse bem-estar físico e mental, que estivesse num ambiente em que pudesse ter satisfação, alegria, conforto e tranquilidade. Isto é um propósito que se estende a toda a humanidade. No entanto, o homem pecou e, por causa disso, aquele ambiente de satisfação, conforto e tranquilidade, passou a ser um ambiente penoso, de dificuldades, onde a sobrevivência não se daria mais por meio da satisfação, mas do suor do rosto, da dor (Gn 3:17-19). Por isso, a sobrevivência passou a ser algo advindo de sofrimento e esforço, não mais algo prazeroso, como era antes do pecado. Portanto, a prosperidade depende do perdão dos pecados, e não é por outro motivo que o servo de Deus é sempre chamado de “bem-aventurado”, pois, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “bem-aventurado” é “aquele que goza de boa ventura, bem-afortunado, feliz”.
Porém, para ser “bem-aventurado” é necessário que tenha sido salvo pelo Senhor (Dt 33:29), salvação esta que se dá mediante o perdão dos pecados (Sl 32:1,2) e a fé no Senhor (Sl 34:8; 40:4; 84:12). Se os salvos são chamados bem-aventurados, então a prosperidade também é uma promessa que se estende à Igreja. No entanto, esta prosperidade não abrange aspectos materiais, mas, sim, um estado espiritual de felicidade, de bem-aventurança. A prosperidade do salvo é o fato de ser bem sucedido naquilo que é fundamental para alguém: ter a vida eterna, ter a certeza de que o seu fim é o de habitar com o Senhor para todo o sempre.
Quando vemos a descrição dos “bem-aventurados” por parte do Senhor Jesus, no intróito do sermão do monte, que é conhecido como o “sermão das bem-aventuranças”, em momento algum, vemos o Senhor se referindo a bênçãos materiais, a posse de riquezas.
O bem-aventurado é reconhecido pelo seu caráter, pelo seu comportamento, não pelos bens que possa ter. Aliás, ao encerrar as bem-aventuranças, o Senhor faz questão de dizer que a prosperidade abrange um grande galardão nos céus, que deveria ser o motivo de exultação e alegria para a Igreja (Mt 5:12).
Ainda no sermão do monte, Jesus faz questão de mostrar que o que levará os homens a glorificar a Deus por causa dos seus discípulos, não é, como ocorria com Israel, a prosperidade material, mas, sim, a presença de boas obras (Mt 5:16). Enquanto Israel engrandeceria o nome do Senhor por intermédio de bênçãos materiais (Dt 28:10), a Igreja levaria as nações a glorificarem a Deus pela sua conduta, pelo seu comportamento, por ser luz do mundo e sal da terra.
Prosperidade ensinada na Bíblia não é também confissão positiva: eu determino que vai acontecer e automaticamente isso aconteça. Também, Prosperidade segundo a Bíblia, não é triunfalismo e nem mesmo determinismo, mas a bênção de Deus. Porque sem a benção de Deus não há o que se falar em prosperidade. Sabe por quê? Porque é a benção de Deus que enriquece, e Ele não acrescenta dores (Pv 10:22).
II. A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
1. A Prosperidade no Antigo Testamento estava relacionada à comunhão com Deus.
Foi Deus por sua soberana vontade que plantou um jardim no Éden e nele pôs o homem que havia formado (Gn 1:8). Ali, Deus coloca o homem para que pudesse desfrutar de toda uma vida próspera, feliz e abençoada. Então, no período da inocência, vemos o homem desfrutando prosperidade, quando ele tinha comunhão com Deus, quando ele participava de uma convivência com Deus.
2. A Prosperidade no Antigo Testamento, em seu aspecto material, foi prometida, em primeiro lugar, ao povo de Israel, como consequência do pacto firmado com ele seja no Sinai, seja nos montes Gerizim e Ebal (o chamado “pacto palestiniano” – Dt 27:12-13; Js 8:33-35). Tanto que a palavra “prosperidade” e seus derivados são encontrados quase que exclusivamente no Antigo Testamento e, nas duas vezes em que aparece em o Novo Testamento, está num contexto completamente alheio a promessas.
a) Promessas Nacionais - As famosas bênçãos materiais de Dt 28:1-14, tão utilizadas pelos pregadores de prosperidade em os nossos dias, são promessas dirigidas ao povo de Israel, são promessas “nacionais”, que têm como destinatários os israelitas, como, aliás, fica bem claro logo no intróito da relação, em Dt 28:1, quando se vê que a promessa era para que Israel se exaltasse sobre todas as nações da Terra e que era o resultado da fidelidade à lei de Moisés, lei que, como bem sabemos, já não mais vigora na atual dispensação. Tem-se, portanto, que a aplicação das referidas promessas de prosperidade material ali previstas, para a Igreja, em os nossos dias, é algo equivocado e que não encontra qualquer respaldo bíblico, sendo mais um engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente a todos quantos não conhecem a doutrina –“ para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro”(Ef 4:14).
b) Promessas Individuais - Em outras passagens, vemos que a prosperidade material é prometida a pessoas específicas, sendo, pois, verdadeiras promessas “individuais”, exclusivas para seus destinatários. Foi o caso de Salomão (1Rs 3:11-13), que recebeu a prosperidade material não porque a tivesse pedido, mas, sim, porque quis, antes, sabedoria, a verdadeira prosperidade. Como isso agradou a Deus, Salomão recebeu, também, riquezas materiais (1Rs 3:5-10). Como se trata de promessas “individuais”, temos que tais promessas, igualmente, não podem ser consideradas como feitas a qualquer outra pessoa, sendo, também, engano querer fazer as pessoas crerem que, assim como Salomão, Abraão ou Ezequias, de igual modo, Deus tem algum compromisso de enriquecer este ou aquele servo seu, pelo simples fato de este indivíduo ser fiel ao Senhor.
c) A prosperidade material tem como propósito o engrandecimento do nome do Senhor. Em Dt 28:10, fica bem claro que o objetivo da prosperidade material prometida a Israel era fazer com que as nações, sobre as quais Israel se sobressairia, viessem a reconhecer que aquele era o povo de Deus: “E todos os povos da terra verão que é chamado pelo nome do Senhor e terão temor de ti”. O objetivo declarado do Senhor era o de ver o seu nome exaltado e glorificado pelas demais nações. Tanto assim é que, em havendo a desobediência por parte de Israel, sobreviriam maldições, inclusive a penúria econômico-financeira, maldições que tinham o mesmo propósito, o de mostrar a grandeza do Senhor, como se lê em Dt 28:37: “e serás por pasmo, por ditado, e por fábula entre todos os povos a que o Senhor te levará”.
Portanto, ainda que tais promessas fossem dirigidas à Igreja, o que não é o caso, também estariam equivocados os que as andam buscando para satisfação dos seus desejos, de seus caprichos, de sua ganância, pois, em momento algum, quis o Senhor que a prosperidade material servisse para agrado dos homens, mas única e exclusivamente para o engrandecimento do nome dEle. Não é por outro motivo que, no ocaso de sua vida, Salomão, a despeito de todo o seu riquíssimo patrimônio, tenha, publicamente, resumido a vida humana deste modo: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos, porque este é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12:13,14).
Temos, portanto, verificado que, à primeira vista, a promessa da prosperidade não se reduz ao aspecto material, que é uma promessa condicional e que, notadamente em seu aspecto material, é uma promessa dirigida ou ao povo de Israel, ou, então, a pessoas específicas, tendo como propósito o engrandecimento do nome do Senhor.
3. A Prosperidade no Antigo Testamento era resultante de uma vida de obediência e temor a Deus. No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual é resultado da obediência e reverência do homem a Deus. A Escritura afirma que Uzias "buscou o SENHOR, e Deus o fez prosperar". A prosperidade de Uzias nesse período foi extraordinária. Como rei, desfrutou de um sucesso e progresso imensurável (2Cr 26:7-15). Deus deu-lhe sabedoria para desenvolver poderosas máquinas de guerra para proteger Jerusalém (vv.14,15). A prosperidade de Uzias era subordinada à sua obediência a Deus. O profeta Zacarias o instruía no temor do Senhor, razão pela qual o monarca prosperou abundantemente. O homem verdadeiramente próspero é como a "árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará" (Sl 1:3). Porém, a soberba destronou o rei de seu palácio e prosperidade.
4. A Prosperidade no Antigo Testamento não era aferida pelo poder aquisitivo de alguém. Quando nos referimos à Prosperidade no contexto bíblico, devemos levar em conta que no Antigo Testamento havia um contraste enorme entre ricos e pobres. Não havia somente ricos, mas também muitos pobres. Isso nos ajuda a corrigir um ensino equivocado dos pregadores da prosperidade que passam a ideia de que no Antigo Testamento o povo de Deus não passava por revezes, mas viviam pisando em ouro. É o caso, por exemplo, de Rute, a moabita, e Boaz. Ele era rico, mas Rute era pobre, todavia ambos eram abnegados servos de Deus (Rt 2:1,2). Esse fato nos ajuda a desfazer duas ideias equivocadas sobre riqueza e pobreza, e que ainda continuam em voga hoje em dia. A primeira dessas ideias via a riqueza como uma consequência natural da bênção divina e a pobreza necessariamente como um sinal do julgamento de Deus sobre a pessoa. Por outro lado, havia aqueles que iam para o extremo oposto e não acreditavam que nenhum rico contava com o favor divino, pois somente os pobres eram merecedores desse favor. Todavia, o que vamos observar, ainda no Antigo Testamento, é que nem a riqueza nem a pobreza podem servir como aferidores da prosperidade de alguém. Havia ricos que não eram prósperos, como, por exemplo, Nabal (1Sm 25:2,3,6,25), além do fato de haver até mesmo ímpios que prosperavam! O salmista verificou que os ímpios também "prosperam" (Salmo 73). No Antigo Testamento, observamos que havia outros valores que eram tidos como sinais de uma vida próspera, e não somente a prosperidade material. Esses valores são espirituais, tais como a justiça, o entendimento, a humildade etc.
5. A Prosperidade no Antigo Testamento advinha do comportamento sábio e prudente que a pessoa apresentava. Nabal, que significa "louco", "imprudente", "tolo", demonstrou imprudência, tolice e loucura ao negar socorrer a Davi em suas necessidades. Embora rico, não era sábio e prudente (1Sm 25:10-17); sua estultice quase o leva à morte pelas mãos de Davi, mas não impediu que o mesmo fosse morto pelo Senhor (1Sm 25:37,38). Nabal não agiu com "sabedoria", "prudência", portanto, "não teve sucesso", "não foi próspero".
Davi, por outro lado, viveu sabiamente diante de Saul, dos exércitos de Israel, do povo e diante do próprio Senhor: "E Davi se conduzia com prudência em todos os seus caminhos, e o Senhor era com ele" (1Sm 18:14; ler vv.12,15). O Senhor era com Davi, razão pela qual o filho de Jessé foi prudente em suas ações; Davi era sábio, justo e prudente, motivo pelo qual o Senhor era com ele. Portanto, a Verdadeira Prosperidade, também, advém do comportamento sábio e prudente que a pessoa deve apresentar.
6. A Prosperidade no Antigo Testamento, no período patriarcal, estava relacionada com a bênção proferida pelo patriarca aos seus filhos. Nós vemos isso no exemplo de Isaque abençoando Jacó, verbalizando as seguintes palavras: “Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto” (G 27:28). É verdade que Jacó ficou rico como fruto do seu trabalho. Durante 20 anos trabalhou para o seu tio Labão(Gn 31:41). Porém, o próprio Jacó reconheceu, “que se não fora o Deus de meu pai, o Deus de Abrão e o temor de Isaque, por certo me despediria agora de mãos vazias. Deus me atendeu ao sofrimento e ao trabalho das minhas mãos e te repreendeu ontem à noite”(Gn 31:42), falou Jacó a Labão. Então vemos Jacó se enriquecendo, mas teve que trabalhar. A riqueza não caiu de cima, não veio de cima. Jacó teve que trabalhar, e trabalhar duro! Durante o dia consumido pela sol, e à noite pela geada. Mas, antes de tudo, tinha a benção de seu pai. Então que possamos verbalizar bênçãos sobre a nossa família, pedindo que Deus abençoe nossa família, porque o Deus de Jacó é o nosso Deus, e Deus quer o nosso bem.
7. A Prosperidade no Antigo Testamento estava relacionada à bondade, ao favor e à soberania de Deus. É da natureza de Deus abençoar os seus filhos; é do coração de Deus; faz parte da sua natureza. Deus tem prazer de abençoar o homem. Quando Moises desejou e pediu para ver a glória de Deus, Ele lhe disse: “farei passar diante de ti toda a minha bondade por diante de ti e proclamarei o nome do Senhor diante de ti; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me compadecer”(Ex 33:18,19). Deus quer te abençoar. Deus tem o prazer em te abençoar. Nós estamos na sua dependência, porque faz parte da sua soberania. Nada impede ou obriga Deus de te abençoar. Deus faz isso por um ato liberal da sua vontade, da sua soberania. Ele é totalmente livre para te abençoar e deseja nos abençoar e nos prosperar em toda área de nossa vida.
Nós vemos isso também na benção sacerdotal, quando o povo de Israel estava ainda no deserto do Sinai. Ali Deus chama Moises e dá uma ordem a Moises dizendo: “E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo-lhes: O SENHOR te abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz. Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nm 6:22-27). Esta bênção, conhecida como bênção sacerdotal, revela o coração de Deus. E é tão interessante que quando Deus instruiu para que Moises instruísse os sacerdotes para que verbalizassem esta bênção, eles estavam ainda no deserto do Sinai. Não tinha ainda empreendia jornada em direção a Canaã.
No capitulo 22 a 24 de Números acontece um incidente com o povo de Israel, quando o rei dos moabitas, Balaque, contrata o falso profeta Balaão para amaldiçoar o povo, porém, Balaão não pôde amaldiçoar porque Deus já tinha abençoado; o diabo chegou atrasado, porque Deus já tinha abençoado no capitulo 6 de Números. Deus já te abençoou, meu irmão, com a rica bênção da Sua graça. Ele deseja que tu tenhas comunhão com Ele, mas também deseja que os teus seleiros sejam fartos para que a sua glória seja manifestada.
Todavia é bom ressaltar que Deus abençoa a quem Ele quer, assim como enriquece ou empobrece da mesma forma a quem quiser. Não adianta criar leis sobre a prosperidade financeira e deixarmos de fora a soberania de Deus.
8. A Prosperidade no Antigo Testamento, também, estava relacionada à Obediência à Palavra de Deus. Em 2 Crônicas 7:14 diz: “e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. O que significa sarar a terra? Significa, novamente, torná-la fértil, frutífera, que produza o seu mantimento, que receba chuva no tempo certo para que Deus na sua bondade faça prosperar. Glórias a Deus!
Depois que Salomão acabou o templo e seu palácio, o Senhor apareceu a ele de noite e lhe fez estas promessas, mas também advertências(ler 2Cr 7:19-22). Se Deus retivesse a chuva ou enviasse gafanhotos ou peste, o povo devia “se humilhar, e orar, e [...] buscar ao Senhor e se converter dos seus maus caminhos. Então, Ele perdoaria os pecados e restauraria seu povo”. Apesar de dirigido a Israel, pode ser aplicado corretamente às nações que possuem herança bíblica. É o caminho garantido para a restauração da prosperidade em qualquer tempo. Se as condições forem satisfeitas, Deus certamente cumprirá as promessas. Quem crê deve abandonar seus pecados, deixar a vida centrada no eu e se entregar à Palavra e à vontade de Deus. Só então, e não antes, o Céu enviará restauração, quer espiritual, quer física, quer material.
9. A Prosperidade no Antigo Testamento, enfim, estava relacionada com as prioridades corretas. Você pode estar servindo a Deus, você pode estar buscando constantemente uma comunhão com Deus, mas você pode estar praticando prioridades erradas, contrárias à vontade de Deus. Isso aconteceu com o povo de Israel no tempo do profeta Ageu. A prioridade era a reconstrução do Templo do Senhor, que fora destruído pelo rei da Babilônia. Mas o povo estava dizendo que ainda não era tempo de reedificar a Casa do Senhor, e Deus ouviu. E Deus levantou o profeta Ageu para encorajar o povo. Ageu 1:6 diz assim: “Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário num saquitel furado”. Ou seja, vocês estão com prioridades erradas. A motivação de vocês é errada, por isso o céu retém o seu orvalho, e a terra não produz. É por isso que vocês estão em miséria, sofrendo. Mas no momento que mudarem a prioridade eu vou abençoá-los. E é isso que a Palavra de Deus diz: “Então, ouviu Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e todo o resto do povo a voz do SENHOR, seu Deus, e as palavras do profeta Ageu, como o SENHOR, seu Deus, o tinha enviado; e temeu o povo diante do SENHOR. Então, Ageu, o embaixador do SENHOR, falou ao povo, conforme a mensagem do SENHOR, dizendo: Eu sou convosco, diz o SENHOR” (Ag 1:12,13).
Quando os israelitas alinharam a prioridade com a vontade de Deus, então veio a prosperidade. Quem sabe a prosperidade em tua vida não chegou porque a tua prioridade ainda não é o reino de Deus; talvez a tua motivação penda para interesses egoístas, e é por isso que você trabalha muito e ganha pouco; é por isso que o pouco que você ganha não dá para suprir as necessidades. Não queremos com isso dizer que aqueles que são pobres são amaldiçoados, nem tampouco os que são ricos são amaldiçoados, mas, devemos, sim, buscar a Deus prioritariamente porque são as bênçãos de Deus que enriquecem. E através do profeta Isaias Deus conclama o povo dizendo: “Se me ouvirdes e quiserdes comereis do fruto da terra”.
CONCLUSÃO
E nós concluímos dizendo que a verdadeira prosperidade não consiste apenas de bens materiais porque o próprio Jesus disse que “adiante o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” A nossa alma vale mais do todo o tesouro do mundo. Deus quer que sejamos prósperos, mas em primeiro lugar está a comunhão com Ele, servir a Ele, obediência à sua Palavra, dedicação ao trabalho, porque Deus não abençoa o preguiçoso. Deus abençoa aquele que trabalha, aquele que busca. Então, a Prosperidade no Antigo Testamento está relacionada, intimamente, diretamente, com a obediência à Palavra de Deus e à dedicação ao trabalho. Por isso a verdadeira prosperidade do povo de Deus como é ensinada na Bíblia não é barganha com Deus, uma troca com Deus, eu dou 10 para receber 20, não é isso.
Uma pessoa abençoada, próspera, tem consciência do favor divino em sua vida; também de solidariedade, ou seja, uma pessoa próspera tem o prazer em compartilhar e ajudar o próximo.
-------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Caramuru Afonso Francisco - A promessa da verdadeira Prosperidade