domingo, 26 de fevereiro de 2012

Aula 10 - UMA IGREJA VERDADEIRAMENTE PRÓSPERA

                  Texto Básico: Ap 3:7-22; Salmo 73

“A quem tenho eu no Céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti”(Sl 73:25)

 INTRODUÇÃO

A maioria dos que cristãos diz ser imagina que uma igreja verdadeiramente prospera é aquela repleta de bens materiais; aquela cujos membros estejam empapados de riquezas materiais; aquela que se vangloria de que no rol de seus membros não existe pessoas desprovidas de bens materiais suficientemente notáveis. Todavia, no Novo Testamento, a primazia do povo de Deus não está voltada para os bens materiais, mas predominantemente aos espirituais. Aliás, no Novo Testamento não há sequer um versículo de promessa de abundância material para os que esperam pela vinda de Cristo. Se observarmos com cuidado o Novo Testamento, no tocante à vida na Igreja, com suas práticas e desafios, veremos que há mais referências para que tomemos cuidados com as riquezas do que o incentivo à busca delas. Como estes: "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína" (1Tm 6:9); "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos" (1Tm 6:17); “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”(Mt 6:19); “...vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres...”(Mc 10:21). Portanto, a teologia da prosperidade jamais pode afincar parâmetros para avaliar uma igreja verdadeiramente próspera. A Bíblia Sagrada, essa sim, tem os parâmetros indicativos de uma igreja verdadeiramente próspera.

Nesta aula, vamos aprender o que é uma igreja verdadeiramente próspera tomando como exemplo paralelo a igreja apóstata dos nossos dias: a “igreja de Laodicéia”, referida em Ap 3:14-18. Nos nossos dias muitos crentes passaram a encarar a sua fé como um meio de enriquecimento, como um mecanismo de prosperidade material e, com isto, desviam-se dos objetivos traçados pelas Escrituras Sagradas. Muitos não querem saber de buscar a Deus para ter bens espirituais (a verdadeira prosperidade da igreja) - para serem instrumentos de salvação e de aperfeiçoamento de outros crentes -, mas querem enriquecer com campanhas, “sacrifícios”, fogueiras “santas”, etc. São pessoas que vivem como os gentios, que têm as mesmas preocupações e propósitos que os gentios e que, portanto, pertencem a este vasto grupo onde o amor está esfriando pelo aumento da iniquidade e que, buscando a riqueza material, não vê que se comportam como “pobre, desgraçado e nu”, qual a igreja de Laodicéia.

I. O ESTADO ESPIRITUAL DA IGREJA MEDE SUA PROSPERIDADE

A verdadeira prosperidade não é sinônimo de riqueza material, como muitos pensam. Nem sempre uma igreja rica pode ser considerada como próspera e, da mesma maneira, não podemos dizer que uma igreja pobre materialmente não possa ser próspera. É o estado espiritual da igreja que mede se ela é verdadeiramente próspera. Vejamos alguns exemplos:

1. O Novo Testamento menciona que algumas igrejas eram pobres (2Co 8:2; Ap 2:9). Os cristãos da Judéia passaram por dificuldades financeiras e foram ajudados pelos coríntios e pelos macedônios (2Co 8 e 9; Rm 15:26). Os próprios irmãos macedônios viviam em “profunda pobreza” (2Co 8:2). No entanto, o médico Lucas diz, acerca destas igrejas: “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo” (At 9:31).

Algumas pessoas, dentre tantos outros exemplos bíblicos, que, apesar de serem pobres, foram prósperas e cumpriram os propósitos divinos:

2. Jesus é o maior exemplo, pois Ele veio a este mundo e viveu como pobre (Zc 9:9). O barco onde ele ensinava as multidões, não era seu (Lc 5:3); O jumentinho no qual ele entrou montado em Jerusalém, também não era seu (Lc 19:30-35) e Ele mesmo disse que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8:20). Quando precisou pagar o imposto, não tinha dinheiro algum, por isso mandou que Pedro fosse buscar a moeda na boca do peixe (Mt 17:27). Nem por isso, Ele deixou de ser próspero, pois cumpriu sua missão e foi exaltado por Deus (Ef 1:20,21; Fp 2:9).

3. O apóstolo Paulo também sofreu muito e passou por muitas necessidades (2Co 11:24-33). Algumas vezes precisou de auxílio dos irmãos (Fp 4:10-19). Escrevendo aos filipenses ele disse que aprendeu a estar contente com o que tinha. Sabia ter abundância e sabia também padecer necessidade (Fp 4:12-13). Mesmo assim, ele foi um homem próspero. Mesmo sem dispor de Rádio, Televisão, Internet e meios de transportes modernos, pôde ganhar milhares de vidas para Cristo, fundar dezenas de igrejas, treinar obreiros e, através de suas epístolas, contribuir para a edificação das igrejas em todo o mundo.

II. CARACTERISTICAS DE UMA IGREJA QUE NÃO É PROSPERA

Percebe-se nestes últimos tempos que há duas igrejas intitulando-se seguidoras de Cristo: a de “Filadélfia” e a de “Laodicéia”. Independente de denominação religiosa, os cristãos dessas duas igrejas estão andando juntos.

A primeira – a Igreja de Filadélfia: perseverante, fiel, que guarda a Palavra de Deus e não a nega; que suporta a oposição do mundo, resistindo à conformação às tendências malignas da igreja apóstata e perseverando na lealdade a Cristo e na verdade do evangelho.

A segunda – a igreja de Laodicéia - a igreja apóstata: morna, miserável, pobre, cega e nua. Esta igreja quer ser salva, mas não quer viver como salva; quer ser cristã, mas não quer levar a cruz; quer ir para o céu, mas não admite andar pelo caminho estreito; prefere sermões requintados de palavras boas, menos doutrina; diz que tem o Espírito Santo, mas não permite alguém glorificar a Deus; abandona a idolatria, mas idolatra seus próprios bens; não aceita as músicas mundanas, mas traz música mundana para dentro da igreja; rejeita a doutrina dos nicolaítas, mas permite seus crentes viverem em fornicação, adultério, etc. Para esta igreja, que é rica materialmente, que tem como principal doutrina a “teologia da prosperidade”, Jesus diz que ela é: “... desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3:17).

Vejamos, a seguir, algumas características desta igreja:

1. “Mornidão” espiritual.Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3:15,16). Esta é a descrição da condição espiritual da igreja de Laodicéia, a igreja pobre espiritualmente. O resultado da mornidão era terrível: por causa desta mornidão, aquela igreja seria vomitada pelo Senhor, ou seja, lançada fora da presença de Deus.

Morno” significa “aquela temperatura que varia entre o quente e o frio”, “pouco aquecido”, “que demonstra pouca energia, pouca intensidade”, “desprovido de calor, de efervescência, de vida”. Também, a “mornidão espiritual” é o resultado da mistura que o homem provoca entre coisas que são de natureza completamente oposta. Assim como o quente e o frio são contrários e não podem ser misturados sem dano, também o santo e o profano, o puro e o impuro, o certo e o errado não podem ser misturados sem dano espiritual. A “mornidão espiritual” é, portanto, o resultado da mistura entre o puro e impuro, o limpo e o imundo, entre o santo e o pecaminoso, um comportamento que sempre foi abominável aos olhos do Senhor (Ez 22:26).

2. Fraqueza espiritual. A fraqueza espiritual apresenta-se sempre quando alguém se acha forte, quando diz para si e para todos quantos o cercam de que está bem, de que não precisa de coisa alguma que venha da parte de Deus. Quando alguém se considera forte é porque está fraco espiritualmente. A fraqueza espiritual não se demonstra por falta de vigor, mas se apresenta como arrogância, como soberba, como auto-suficiência diante de Deus.

A fraqueza espiritual da igreja de Laodicéia mostra-se logo no início de suas afirmações. Aquela igreja, a começar do seu anjo (isto é, do seu dirigente), enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca soberba: “Rico sou e de nada tenho falta” (cf. Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação que se verifica a fraqueza espiritual. Ao dizer que não precisava de coisa alguma, aqueles crentes mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”, pois só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. O servo de Deus que é espiritualmente forte, como Paulo, é forte porque reconhece que é fraco. O verdadeiro forte espiritual é aquele que se manifesta como o salmista: “Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim”(Sl 40:17a).

3. Sentimento de auto-suficiência.Rico sou e de nada tenho falta”. É a expressão que dá início à “mornidão espiritual”. É o primeiro fator que é apontado pelo Senhor Jesus na identificação da “mornidão” da igreja de Laodicéia, que resultaria no seu vômito da boca do Senhor.

“Querer ser igual a Deus” foi sempre o grande mal do ser humano. “Querer ser o dono do seu nariz”, “querer tomar conta da sua vida”, é a grande mentira que o diabo tem contado a milhões e milhões de seres humanos e que tem levado multidões para a perdição. Há um grande risco quando alguém, tendo conhecido a Cristo e O aceitado como seu único e suficiente Senhor e Salvador, começa a entender que pode servir a Deus “do seu jeito”, “à sua maneira”.

Rico sou e de nada tenho falta”, ou seja, “não preciso fazer isto ou aquilo para me salvar”, “tal e qual exigência da Bíblia não vale mais para o nosso tempo”, “isto era naquele tempo, agora não é necessário”, “isto não faz mal, é implicância da igreja (ou do pastor)”. Estes são sentimentos de auto-suficiência expostos por pessoas que pertencem a uma igreja “morna espiritualmente”, e que tem levado muitos, mas muitos mesmo, à perdição. A proliferação de movimentos religiosos nos dias em que vivemos, em especial de denominações ditas evangélicas, é, em grande parte, consequência deste sentimento de auto-suficiência.

II. CONSEQUÊNCIAS DA POBRESA ESPIRITUAL DA IGREJA APÓSTATA

Em Sua carta à igreja de Laodicéia, o Senhor Jesus mostra as tristes consequências da igreja apóstata, que busca as riquezas materiais em detrimento às espirituais. Ele afirma que, por causa da mornidão, vomitaria da Sua boca aquela igreja, ou seja, lançá-la-ia fora da Sua presença, um gesto extremo e drástico, mas que revela quão abominável para o Senhor é esta situação espiritual, situação em que, lamentavelmente, se encontram muitos, mas muitos mesmos, dos que cristãos se dizem ser.

1. A “desgraça”. Jesus disse que aquela igreja era desgraçada, ou seja, não tinha a graça de Deus. Quando se acha que é rico e que de nada se tem falta, a pessoa simplesmente rejeita a graça de Deus e que é o homem sem esta graça? Uma igreja sem a graça, uma igreja “desgraçada” é uma infeliz, é uma coitada, é um ser que somente merece a condenação eterna, ser lançada fora da presença do Senhor e habitar, para todo o sempre, pela sua petulância e atrevimento, nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes (Mt 8:12; 22:13; 25:30).

2. “Miséria espiritual”. O “morno” é um miserável, porque nada tem, não vale coisa alguma, é desprezível, tem falta de tudo. Por isso, aliás, os “mornos espirituais” estão a correr atrás de fama, posição social, dinheiro e emoções as mais variadas, entrando no círculo vicioso do hedonismo, da filosofia dos prazeres, que domina os nossos dias. Por que muitos crentes estão buscando, a todo custo, uma “alegria carnal”, emoções e “sentimentos fortes”, indo de um lado para outro para saciar a sua alma? Porque são miseráveis, não têm coisa alguma, estão vazios, desprovidos de qualquer espiritualidade.

3. “Pobreza espiritual”. Jesus diz ao dirigente da igreja de Laodicéia (que representa toda a igreja, até porque, nesta carta, o Senhor, ao contrário de outras cartas, não faz qualquer ressalva ou exceção, dando a entender que não havia ali qualquer remanescente fiel) que ele era pobre. Esta pobreza não deve ser confundida com a “pobreza de espírito”, que o Senhor aponta como sendo a primeira bem-aventurança (Mt 5:3) - pobreza esta que nada mais é que o sentimento de dependência de Deus, ou seja, exatamente o contrário da auto-suficiência, da arrogância apresentada pelos laodicenses.

A “pobreza espiritual” apontada pelo Senhor Jesus na igreja de Laodicéia é a situação de carência, de falta de tudo pela ausência de Deus na vida. Os laodicenses diziam que eram ricos, que não tinham falta de coisa alguma, ou seja, rejeitavam qualquer ajuda de Deus, não queriam pedir-lhe coisa alguma. Por causa disso, como não se submeteram ao Senhor, como não lhe pediram coisa alguma, nada tinham. Eram pobres, carentes, despidos de qualquer riqueza espiritual.

Hoje, a igreja paralela à Igreja Fiel, não mais se vê a operação do poder de Deus. Desapareceram os sinais e maravilhas. Não há mais batismo com o Espírito Santo nem a manifestação dos genuínos e autênticos dons espirituais. Em seu lugar, aparecem “inovações”, as “neobesteiras pentecostais”. O poder de Deus é trocado pelo misticismo barato e debalde, fruto de muito bem elaboradas técnicas de domínio das mentes, naturais e, não raras vezes, demoníacas. Não há mais pregações ungidas pelo Espírito de Deus e, como resultado, não se tem mais conversões nem crescimento espiritual dos crentes. O louvor que  aproximava de Deus, que fazia o povo chorar e glorificar a Deus, que quebrantava os corações, foi substituído pelos balanços carnais, pelas músicas exaltadoras dos intérpretes e instrumentistas, que animam as danças e coreografias, que transformam os cultos em shows e entretenimentos. O convite ao pecador para se arrepender dos seus pecados foi trocado pela oferta de sensações e de riqueza material, a renúncia de si mesmo deu lugar à auto-exaltação e auto-afirmação diante de Deus, a ponto de se “exigir direitos” e “fazer determinações” ao Senhor Todo-Poderoso. Que miséria!

4. “Cegueira espiritual”. A cada dia que passa multidões e multidões passam a praticar verdadeiras abominações em nome de Deus ou a pretexto de servi-lo. Um sem-número de inovações e modismos chegam, instalam-se e conquistam o coração e a mente de muitos crentes, vários deles com anos e anos de fé. Como explicar isto? É a cegueira que resulta da “mornidão espiritual” em que estes se encontram.

5. “Nudez espiritual”. A nudez representa a perda da santidade, a perda da separação do pecado. Não é por outro motivo que o Senhor, ao se referir ao remanescente fiel nas igrejas da Ásia Menor, sempre diz que estes servos usavam vestes brancas (Ap 3:5,18). Só podem estar diante de Deus aqueles cujas vestes estiverem brancas (Ap 4:4; 7:9,13). A nudez está vinculada à prática do pecado, à traição diante de Deus, à prostituição espiritual (cf Lm 1:8; Ez 16:36,37).

6. Perdição Eterna. Jesus disse que vomitaria da Sua boca essa igreja por causa do seu triste e lamentável estado espiritual. Por isso, a igreja de Laodicéia é o tipo da chamada “igreja apóstata” ou “igreja paralela”, a igreja que, por causa de seu desvio espiritual, não será arrebatada no glorioso Dia da vinda do Senhor Jesus Cristo. Como se costuma dizer, em meio a tantas denominações, convenções, ministérios e comunidades, só há, diante de Deus, duas igrejas: a que vai ser arrebatada (“a que vai subir”) e a que não será arrebatada (“a que vai ficar”). A igreja de Laodicéia representa esta igreja que vai ficar, que não será levada pelo Espírito Santo ao encontro do Senhor nos ares.

III - O QUE É A VERDADEIRA PROSPERIDADE

A verdadeira prosperidade não se limita a posse dos bens terrenos, mas principalmente no reconhecimento e na aquisição dos bens espirituais e eternos. No sermão do monte, dirigido à Igreja Fiel, Jesus faz questão de mostrar que o que levará os homens a glorificar a Deus por causa dos seus discípulos, não é, como ocorria com Israel, a prosperidade material, mas, sim, a presença de boas obras (Mt 5:16). Enquanto Israel engrandeceria o nome do Senhor por intermédio de bênçãos materiais (Dt 28:10), a Igreja levaria as nações a glorificarem a Deus pela sua conduta, pelo seu comportamento, por ser luz do mundo e sal da terra.

1. A verdadeira prosperidade é ter a Deus como Bem maior

·        O versículo 25 do Salmo 73 expressa a verdadeira prosperidade do homem: Deus como o seu Supremo Bem, assim como o seu mais sublime desejo – “A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti”. É o mesmo anseio de Davi (Sl 42:1,2) e de outros fiéis da história que se sentiram inquietos pela necessidade da presença do Deus vivo! Que outro bem maior pode o homem ter além de Deus?

·         Quando a multidão estava abandonando a Cristo, e não queria mais segui-lo, Ele perguntou aos discípulos: Quereis vós também retirar-vos? Ao que Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:67,68). A resposta de Pedro é digna de bastante atenção. Com efeito, ele disse: “Senhor, como podemos te deixar? Tu ensinas as doutrinas que conduzem à vida eterna. Se nós te deixarmos, não há mais ninguém a quem poderíamos seguir. Deixar-te seria selar nossa condenação”. Para Pedro, Deus era o seu bem maior.

·         O apóstolo Paulo disse: “O que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3:7,8). Paulo apresenta sua grande renúncia. Ele relaciona aqui seus “lucros e perdas”. De um lado, lista as coisas que acabou de mencionar, que para ele haviam sido vantajosas e podem ser consideradas lucro. Do outro lado, escreve apenas uma palavra: Cristo. Comparado com o grande tesouro que havia achado em Cristo, todo o resto é como nada. Ele até os considera “perda por causa de Cristo”. Todo o ganho financeiro, todo o ganho material, todo o ganho moral, todo o ganho religioso – tudo resulta em nada quando comparado com o seu grande ganho em Cristo. Para Paulo, Cristo era o seu bem maior. E pra você?

2. A verdadeira prosperidade é possuir riquezas espirituais

·         O apóstolo Paulo nos exorta a buscar e a pensar nas “coisas que são de cima” (Cl 3:1,2).

·         Pedro não tinha prata nem ouro, mas tinham autoridade para curar em nome de Jesus (At 3:1-6).

·         A igreja de Laodicéia era materialmente rica, mas vivia em miséria espiritual. Por isso, foi repreendida pelo Senhor Jesus (Ap 3:17-18). Enquanto que a igreja de Esmirna vivia em pobreza, e o Senhor Jesus disse que ela era rica (Ap 2:9).

3. A Verdadeira Prosperidade significa êxito, triunfo. A prosperidade verdadeira é o triunfo, o êxito em alcançar o fim da nossa fé: a salvação da nossa alma (1Pe 1:9). Eis o motivo pelo qual Asafe, quando via apenas os bens materiais acumulados pelos ímpios, quase se desviou da fé (Sl 73:2), mas, ao entrar no santuário de Deus, pôde entender o fim (Sl 73:17), ou seja, o verdadeiro triunfo, o verdadeiro êxito, que é o de obter a salvação da vida na pessoa bendita de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Somente neste fim, diz o profeta Malaquias, veremos a diferença entre o justo e o ímpio (Ml 3:18), entenderemos quem, na verdade, é o exitoso, o triunfante, pois de que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8:36).

O apóstolo Paulo disse: “Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele” (1Tm 6:7). E o escritor da Epístola aos Hebreus, disse: “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura” (Hb 13:14).

CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto, quero parafrasear Asafe, autor do salmo 73, com relação aos versículos 25 e 26: “Para mim, é suficiente saber que tenho a Ti no Céu; isso me torna um homem riquíssimo; já não tenho mais desejo de coisa nenhuma aqui na Terra. Que os perversos fiquem com suas riquezas! Quanto a mim, estou satisfeito com o Senhor. Ainda que meu corpo e meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza da minha vida e nele disponho de tudo que preciso e desejo eternidade afora”.

A verdadeira prosperidade da Igreja é Cristo. NEle repousa toda as riquezas de Deus (Ef  2:7). Com Ele, temos razões para estarmos sempre contentes, trabalhando sempre, com respeito e dignidade (Ef 4:28; 1Ts 2:9; 2Ts 3:8), mas confiando nEle que nos supre do que temos real necessidade (Mt 6:33).

----------

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 49.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico Beacon – CPAD.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Ev. Caramuru Afonso Francisco – A Mornidão espiritual.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ainda resta um fio de esperança


O que fazer quando a esperança se esvai? Esta será a indagação básica de muitas almas aflitas e esgotadas, principalmente após a folia de Momo, quando os excessos de todo tipo cobrarem o seu implacável preço.

O escritor John Castleberry conta o que aconteceu com um desalentado homem, que buscou todos os tipos de prazeres em inúmeros Pubs londrinos, mas que, por fim, cansado e exaurido, dirigiu-se a uma elevada torre a fim de suicidar-se. Contudo, um pouco antes, deteve-se em uma praça para observar uma exposição de quadros de pintores célebres.

A atenção daquele homem foi providencialmente despertada para o famoso quadro do pintor Watt, denominado “A esperança”, que mostrava uma jovem com os olhos vendados sentada numa esfera escura, que representava o universo, a dedilhar uma harpa que continha apenas uma corda inteira, ou seja, “um fio de esperança”; as demais tinham arrebentado. Tal observação foi suficiente para que ele refletisse que ainda lhe restava um lar e um inocente filhinho por quem lutar. Mudando de ideia e com um novo ânimo de viver, sentia que agora tinha o seu fio de esperança.

Isso ilustra que toda pessoa precisa de esperança, mesmo que seja “um fio”, senão entra fatalmente numa espiral de depressão e desespero. Principalmente num mundo marcado por encantos fúteis e desencantos escarnecedores, a esperança é um artigo não somente valioso, mas também imprescindível.

Há desencantos de toda ordem na vida. Desencanto com a economia, quando esta é embalada pela busca desenfreada do lucro, pela mais valia da especulação do capital, mas em detrimento do valor do trabalhador e do seu trabalho. Desencanto com as artes, que em geral beiram a fronteira da loucura e se inspiram na fonte da futilidade. Desencanto com o mau uso da ciência, quando é transformada no grande vilão da deterioração ambiental. Desencanto com as lideranças, principalmente a política, com suas infindáveis e não cumpridas promessas. Desencanto com a religião, quando não oferece respostas e, em vez disso, gera escândalos e guerras. Enfim, sobra o desencanto com a própria vida, pela inexistência de um fio de esperança.

Há pessoas com problemas antigos, alguns peculiarmente difíceis; outros têm sido enganados no tocante aos seus verdadeiros problemas, gastando a poupança de uma vida toda e recebendo em troca apenas paliativos.

Alguns tiveram a esperança repetidamente despedaçada, vivendo assaltados pelo medo; porque tentaram e falharam, vivem deprimidos e derrotados. Outros desistiram de tentar, acalentando tendências suicidas, pois sofreram experiências abaladoras e deixaram de crer na possibilidade da esperança.

Mas de que esperança precisamos e o que devemos fazer para obtê-la? Ou será que existe algum fio de esperança, algo no qual possamos colocar a nossa confiança?

A esperança de que precisamos tem que abranger uma dimensão que não somente aponte soluções para o futuro, mas também apresente respostas à vida presente. Por isso ela não deve encerrar o sentido de incerteza que se aderiu ao nosso vocábulo português, quando dizemos cautelosamente: “Espero que assim seja”.

Esperança, no conceito bíblico, não tem esse sentido, pois, ao contrário, sempre significa uma expectação confiante. Quando Paulo escreveu a Tito acerca da “bendita esperança” do evangelho, por exemplo, ele o exortava a que dirigisse o olhar para adiante, para a “feliz expectativa” da “manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13).

O apóstolo não embalava a menor ideia de incerteza no tocante a esse fato, mas falava com absoluta convicção do poder de Jesus de mudar a nossa vida, perdoar os nossos pecados e nos fazer participantes dessa mesma esperança.

O evangelho exibe uma dupla esperança: no futuro, vinculado ao retorno de Cristo, à ressurreição do corpo e ao aniquilamento do pecado, da dor e de todos os outros tipos de males do mundo. Isso inclui a esperança da perfeição final por causa da presença gloriosa de Cristo. Mas não promete que só comeremos do “bolo” quando esse tempo chegar; na verdade, podemos começar a “cortar as fatias” aqui e agora.

Há a esperança de uma vida nova e abundante, agora mesmo, como disse Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10). Uma vida plena metaforizada na imagem de uma fonte jorrando eternamente: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

Quem beber das águas barrentas do Carnaval e seus prazeres carnais jamais satisfará a sua sede de sentido de vida. Porém, ainda resta um inquebrantável “fio de esperança”, ele está em Jesus, que ama você, morreu e ressuscitou para lhe dar, aqui e agora, a verdadeira alegria e a vida eterna.





Pastor de igreja próspera passa as suas férias como mendigo debaixo do viaduto




Um pastor de uma mega-igreja dos Estados Unidos, localizada na cidade de Wayne, em New Jersey, decidiu usar suas férias para conhecer a rotina e a dor dos moradores de rua, ao invés de viajar com a família.



Thomas Keinath, pastor da “Calvary Temple” (em tradução livre, Templo Calvário), que reúne duas mil pessoas a cada culto dominical e que fica em um bairro rico da cidade, chocou os membros com sua decisão de passar uma semana nas ruas, mas justificou-se afirmando ter necessidade de conhecer o problema realmente: “Como eu poderia levar ajuda ou cura para as ruas se eu não sabia quais são as necessidades dessas pessoas?”, questionou Thomas.



Durante o período que ficou como morador de rua, o pastor foi visto vagando pelas ruas e junto de grupos de sem tetos que montavam fogueiras em tonéis para se aquecer e proteger-se do frio intenso. “Eu precisava entender o que eles estavam passando, eu precisava sentir a sua dor”, explica o pastor.



Das pessoas que conheceu na rua, aproximadamente 50, passou a escrever a história de cada um, conforme os relatos que faziam sobre suas vidas. O pastor afirma que fez isso para não se esquecer das histórias que viu e viveu nesse período. “Não havia uma pessoa sequer , seja sem teto ou tóxico dependente, que abertamente rejeitou a esperança que eu estava tentando oferecer”, afirmou.



Em um sermão, após sua “volta” das ruas, o pastor Thomas afirmou que “as pessoas têm de saber que vocês [cristãos] realmente se preocupam com elas. Isso é parte do que somos como crentes no Senhor. Minha identificação com eles derrubou muitas barreiras”, mostrando que teve maior facilidade de ouvir e ser ouvido pelos sem-teto.



Agora, segundo informações do site da igreja, o pastor Thomas Keinath quer mobilizar toda sua congregação e também igrejas de outras cidades para montar uma estratégia de ajuda aos moradores de rua a longo prazo, fugindo do habitual “tome um pouco de dinheiro ou comida e não me perturbe mais”.



Após as férias nas ruas, o pastor organizou um sistema de transporte para os mendigos que desejam participar dos cultos. As vans da igreja buscam e levam os interessados. Para Thomas, isso é apenas o início do trabalho, pois ele pretende construir uma instituição de ajuda, para “abrigar os sem-teto e ao mesmo tempo ajudá-los a recuperar-se, inclusive dos vícios em álcool ou drogas”, seguindo o exemplo dos cristãos de Cesareia, que durante uma epidemia no quarto século, ajudaram os doentes e moribundos, fazendo curativos e oferecendo comida. “Eu sinto como se Deus estivesse dizendo: ‘Voltem para suas raízes. Volte para onde as pessoas estão sofrendo hoje’”, explica o pastor.



Fonte: Genizah



 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Aula 09 - DÍZIMOS E OFERTAS

                 Texto Básico: 2Corintios 9:6-8

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria”(2Co 9:7).

INTRODUÇÃO
Todos os recursos financeiros que as igrejas evangélicas, comprometidas como reino de Deus, retém são advindos dos seus membros e congregados. É bom ressaltar que a igreja evangélica não recebe subsídios estatais para se manter. Para que se mantenham, pagando contas lícitas, como energia elétrica e água, entre outros, como também realizar manutenção dos templos, prestar serviços sociais e desempenhar a pregação do evangelho, a igreja depende da contribuição financeira trazidas pelos fiéis, em obediência à Palavra de Deus.
Caro irmão, você contribui financeiramente para a obra do Senhor? Você faz isso impulsionado pelo amor ao reino de Deus, ou por constrangimento ou por obrigação ou por interesse em barganhar com Deus? De que adianta contribuir por constrangimento ou obrigação ou mesmo por interesse? Deus não precisa do nosso dinheiro. Ele é o dono da prata e do ouro - “Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24:1; Dt 10:14; 1Co 10:26). Logo, somos cônscios de que tudo pertence a Deus e que somos apenas mordomos, devendo prestar contas ao verdadeiro dono do universo do que nos foi dado para administrar. Temos, portanto, de contribuir impulsionados pelo amor abnegado e desinteresseiro. Um detalhe importante: Deus não está preocupado com a quantia que entregamos à sua obra, mas com o nível de desprendimento, amor e fé. Que sejamos mordomos fieis do Senhor, sabendo que “o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”(Fp 4:19).

I. DÍZIMO

1. O QUE O DÍZIMO É. Dízimo é a décima parte, um décimo de algo. Assim, se dividirmos uma laranja em dez partes, uma parte será o dízimo da laranja.
a) O dízimo é um ato de gratidão a Deus, de agradecimento pela concessão dos meios pelos quais se podem amealhar os recursos financeiros necessários à nossa sobrevivência. Quando dizimamos, estamos agradecendo a Deus, porque lhe devolvemos a décima parte do que Ele nos deu, para que a sua obra, que, como uma atividade feita entre os homens, depende de recursos financeiros para a sua manutenção, possa ser realizada. Deus tem escolhido homens e mulheres para que se dediquem ao reino de Deus, para que se envolvam com as tarefas destinadas à salvação e aperfeiçoamento espiritual das vidas e,  por causa deste envolvimento, tais pessoas não têm condições de obter, para si, um sustento, de efetuar um trabalho material que lhes possa proporcionar o pão de cada dia. Quando dizimamos, estamos permitindo que estas pessoas possam continuar atendendo ao chamado do Senhor e supram as suas necessidades.
b) O dízimo é um ato de fidelidade e de compromisso com Deus. À medida que separamos parte do nosso patrimônio para o sustento da obra do Senhor, com certeza estamos demonstrando que não somos indiferentes à obra de Deus, damos uma prova concreta de que estamos comprometidos e envolvidos com os planos e propósitos de Deus para a humanidade. A fé sem obras é morta (Tg 2:17) e, quando dizimamos, estamos praticando uma atitude que mostra que temos uma verdadeira fé, revelamos que amamos a Deus.
2. O QUE O DÍZIMO NÃO É
a) O dízimo não é um investimento, como muitos têm pregado por aí. Não devemos dizimar visando obter maiores lucros, como se o dízimo fosse uma aplicação financeira ou um investimento de grande retorno. Os teólogos da prosperidade têm, muitas vezes, dito que o dízimo ou “o sacrifício" (como muitos têm denominado a contribuição bem superior à décima parte, envolvendo, não poucas vezes, todo o patrimônio de alguém, "o seu tudo”, como dizem) é o caminho mais rápido e eficaz para a riqueza e para a ampla prosperidade material. Mas, dízimo não é investimento, nem um modo santo de se canalizar a ganância, algo que é próprio dos mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19).
b) Dízimo não é uma fonte de obrigações para Deus. Muitos acham que, dizimando, criam para Deus obrigações. Assim, entregam seus dízimos porque, assim, Deus estaria obrigado a lhes dar bênçãos de prosperidade material, de saúde ou, até mesmo, de salvação. Pensam que o dízimo vincula Deus a seus caprichos, desejos e aspirações. Deus é soberano e não deve satisfação à sua criação, de modo que é totalmente enganoso esse ensino. Deus não tem que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo.
c) Dízimo não é meio de salvação. Todo salvo é dizimista, mas nem todo dizimista é salvo. Querer dizer que, com a entrega do dízimo, estaremos dando passos importantes para a nossa salvação é o mesmo que dizer que, pelas obras, nós seremos salvos. É ressuscitar o odioso conceito da doutrina das indulgências que fez com que Deus levantasse homens como Martinho Lutero para recuperar a santidade e a biblicidade na Sua Igreja.
d) Dízimo não é um meio de enriquecimento de inescrupulosos e mercenários da fé. Muitos têm se aproveitado da doutrina do dízimo para amealharem riquezas e fazerem do evangelho um negócio rentável e cada vez mais crescente. Esta possibilidade não passou despercebida do Senhor que, em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2Pe 2:3). Certamente, para esses falsos pastores que escandalizam o reino de Deus, Jesus diz: “... ai daqueles por quem vierem os escândalos! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar”  (Lc 17:1,2).
e) Dízimo não é um meio de logro dentro da igreja. Muitas pessoas acham que, por entregarem fartos dízimos têm o direito de opinar ou de estabelecer as diretrizes para o ministério da igreja local. Na verdade, há, mesmo, ministros do Evangelho que dão satisfações ou procuram agradar um determinado grupo na igreja local por causa do papel que eles representam no sustento seu e da obra do Senhor. Todas estas atitudes são amplamente reprovadas pelas Escrituras, que não admitem a acepção de pessoas e tratam aos que assim procedem como pecadores (Tg 2:1-9). Os dons divinos não se adquirem nem se exercem por dinheiro (At 8:18-23).
3. O DÍZIMO NA BÍBLIA
1. Na época dos patriarcas. Não temos relato de alguma regra sobre dízimos antes da lei de Moisés. Sabemos que Abrão pagou a Melquisedeque o dízimo (10%) dos despojos de uma vitória militar (Gn 14:18-24). Neste caso, Deus não nos revelou o motivo e não falou se era ou não o costume de Abrão dar o dízimo de tudo que recebia. Se houve alguma lei atrás disso, exigindo que Abrão desse o dízimo, as Escrituras não a relatam.
É bom ressaltar que Abraão não usou o Dízimo como um instrumento de troca, não deu para receber, não deu para ser abençoado, ele usou o dízimo como instrumento de gratidão, ele era abençoado -E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era Sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o e disse: Bendito seja Abraão do Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E deu-lhe o dízimo de tudo(Gn 14: 18-20). As pessoas que alegam algum tipo de lei geral do dízimo com base neste texto bíblico estão ultrapassando a Palavra do Senhor.
Jacó foi outro patriarca que pagou o dízimo antes da lei mosaica - E Jacó votou um voto, dizendo: se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestido para vestir, e eu tornar em paz à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus... E de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo(Gn 28:20-22). Aqui, o texto trata de um voto, ou uma obrigação que a própria pessoa assumiu, e nada diz de lei ou dever imposto por Deus. Ao contrário do que muitos pensam, ele não disse “se eu ficar rico”, ou “se eu ganhar muito dinheiro”. Não foi esta a sua oração. Ele pediu a Deus o básico, as condições necessárias para a sua sobrevivência: alimento e roupa. Ele prometeu dar o dízimo “de tudo quanto me deres”, ou seja, pouco ou muito. O Dízimo nunca teve o objetivo de ser um instrumento para gerar riquezas. Ele deve ser exercitado como uma prova de obediência e de fé. 
2. Na Lei de Moisés. É incontestável que o Dízimo é um mandamento ordenado pela Lei aos filhos de Israel, para que cumprissem o pagamento de 10% sobre toda produção da terra e toda criação de animais (ver Lv 27:30-34).
Os dízimos são mencionados em mais de 20 versículos, de Levítico a Malaquias. Todas essas citações se referem ao povo de Israel. O trecho de Malaquias 3:6-12, frequentemente citado em algumas igrejas, hoje em dia, para obrigar as pessoas a dar o dízimo, refere-se a um povo material (os israelitas), que habitava numa terra material (Israel) onde produzia frutos do campo e tinha obrigação de dar os dízimos. Assim fazendo, este povo seria abençoado materialmente por Deus. Quando o povo não deu a devida importância aos dízimos, foi repreendido pelo Senhor por meio do profeta Malaquias. Desta feita, quem utiliza as palavras de Malaquias para fazer regras sobre dízimos, hoje, está distorcendo as Escrituras. A igreja de Jesus é um povo espiritual que habita no Espírito e recebe bênçãos espirituais.
2.1. VEJA OS MOTIVOS DA EXIGÊNCIA DO DÍZIMO AOS FILHOS DE ISRAEL:
a) Para o sustento da tribo de Levi que não recebeu herança. Depois de os filhos de Israel saírem da terra do Egito, após peregrinarem 40 anos pelo deserto chegaram à terra de Canaã, prometida por Deus, por intermédio de Moisés, às 12 tribos de Israel. A cada tribo, o Senhor concedeu as respectivas possessões de terras. Somente à tribo de Levi, não foi permitido por Deus que se distribuísse qualquer posse - " Pelo que Levi não tem parte nem herança com seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe disse"(Dt 10:9). "Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação" (Nm 18:21). "Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão" (Nm 18:24).
b) Auxiliar os necessitados (ver Dt 14.28,29). No terceiro ano, devia usar os dízimos na sua cidade, para alimentar o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva. Vemos aqui como o Senhor prioriza os pobres e necessitados. “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu beneficio”(Pv 19:17).
3. O Dízimo como mandamento (ler Lv 27:30-33) -Estes são os Mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai”(Lv 27: 34). O Dízimo está incluso nos mandamentos ordenados pelo Senhor. Tendo sido incluso na Lei, o Dízimo se tornou uma obrigação legal. O não cumprimento de uma obrigação legal é crime em qualquer país do mundo. Por esta razão, para Israel, reter o dízimo seria tomar para si aquilo que não era seu - o dízimo, legalmente, era propriedade do Senhor, de acordo com a Lei de Israel. Por esta razão, Israel quando deixou de entregar os Dízimos, no tempo de Malaquias, foi acusado de estar roubando o Senhor -“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas”(Ml 3: 8). Não cumprir a Lei perante os homens é crime, perante Deus é pecado. Assim, de acordo com a Lei de Israel, não se pode negar que os que deixavam de dar os Dízimos estavam roubando o Senhor.
4. Na dispensação da graça, o crente pode ser considerado ladrão se não cumprir o dispositivo da lei civil judaica? Pessoalmente, e este é um pensamento nosso, não concordamos que o crente, nesta dispensação da graça, possa ser acusado de ladrão por não dar o Dízimo. Os dízimos foram incluídos na legislação civil e religiosa de Israel. Não estamos debaixo dessa legislação. Em nossas leis o dízimo não é obrigatório, é voluntário (2Co 9:7). Portanto, retê-lo não é crime. Todavia, se a Igreja entender que o não dizimista é um ladrão, biblicamente então ele deve ser excluído da Igreja. A Igreja não pode ter um ladrão confesso no rol de seus membros. De acordo com a Bíblia, o ladrão está equiparado aos adúlteros, aos sodomitas, aos efeminados (ler1Co 6: 10). Todavia, acusar um crente de ladrão pelo fato de não ser dizimista pode acarretar para o acusador problemas de ordem penal, visto que nossa legislação não contempla essa figura jurídica para caracterizar um ladrão. Pessoalmente, e este é um pensamento nosso, dar o Dízimo é uma questão de fé.
O Novo Testamento, a aliança que governa o povo de Deus nos dias atuais, não exige que todos doem 100% de suas posses, e nem estipula 10% (o dízimo) como oferta obrigatória. Devemos contribuir ao trabalho do reino de Deus conforme a nossa prosperidade (1Co 16:2), com alegria e sinceridade (2Co 8:8; 9:7), segundo proposto no coração (2Co 9:7), com generosidade (2Co 9:11) e com um espírito de sacrifício (2Co 8:5; Fp 4:18). Seguindo esses princípios, muitos discípulos de Cristo darão até mais de 10% de sua renda, mas farão isso com alegria e por livre vontade, não pela imposição de exigências humanas. Cristãos verdadeiros que fazem parte de igrejas dedicadas ao Senhor terão prazer em participar do trabalho de Deus.
 
 

II. OFERTAS

A oferta é uma demonstração material de reconhecimento da soberania divina. Pelo que podemos deduzir das Escrituras Sagradas, desde os primórdios da civilização, ainda na primeira geração de homens após a queda do Éden, havia o costume de se cultuar a Deus com a apresentação de produtos do trabalho humano, como demonstração de gratidão e de reconhecimento da soberania de Deus sobre todas as coisas. Assim, vemos Caim e Abel, os dois filhos mais velhos do primeiro casal, apresentando ofertas ao Senhor, num gesto que se infere fosse costumeiro e resultado do ensino dos pais a estes filhos. Entendemos, desta forma, que o primeiro casal tinha plena consciência de que Deus era o dono de todas as coisas e que o resultado do trabalho humano, que Deus dissera que seria penoso, era fruto da misericórdia divina que, apesar do pecado, não tinha deixado de amparar o homem.
De pronto, pois, observamos que a oferta era apenas uma demonstração material de reconhecimento da soberania divina. Deus Se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do que está no coração do homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem, ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que haverá aceitação por parte do Senhor (Gn 4:7). No Novo Testamento, este Deus que não muda nem nEle há sombra de variação (Tg 1:17), torna a nos ensinar que Ele ama àquele que dá com alegria (2Co 9:7).
A Nova Aliança coloca a oferta no contexto de um reino espiritual com uma grande e urgente missão. As contribuições feitas na igreja não são impostos pagos num sistema teocrático. No ensinamento dado aos discípulos de Cristo, não encontramos tributação obrigatória. Em contraste com as leis específicas do Velho Testamento, o Novo nos ensina sobre a importância das nossas ofertas para cumprir a missão que Deus deu à igreja. Cada pessoa verdadeiramente convertida a Cristo dará conforme as suas condições por querer participar do trabalho importantíssimo da igreja.
1. O QUE DEUS PEDE AOS CRISTÃOS.
a) Ofertas conforme a nossa prosperidade (1Co 16:1,2). Embora este trecho trate de uma necessidade específica (os santos necessitados em Jerusalém), ele ensina um princípio importante que ajuda em outras circunstâncias. As necessidades podem ser diferentes, mas a regra de ofertas continua a mesma. Devemos dar conforme nossa prosperidade. Quem não possui nada e não ganha nada não terá condições de ofertar (veja 2Co 8:12). Mas, qualquer servo do Senhor que goza de alguma prosperidade deve ofertar.
b) Ofertas feitas com amor e sinceridade (2Co 8:8-15). Paulo comenta sobre as contribuições dos coríntios: Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor; pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos (vv 8 e 9). Paulo está dizendo que o motivo maior é o amor, sem negar a responsabilidade já dada por mandamento. O cristão que recusa dar, dizendo que não é mandamento, não mostra o amor que Deus pede.
A pessoa que tem prosperidade deve ofertar por obrigação? Não. O amor sincero é motivo muito maior. O amor é citado inúmeras vezes nas Escrituras como motivo para nosso serviço cristão. Isso inclui as ofertas.
c) Ofertas segundo o que tiver proposto no coração (2Co 9:7). O amor, a generosidade e a prontidão para a obra do Senhor são características do servo de Deus. Antes de ofertar o nosso dinheiro, devemos nos entregar ao Senhor (2Co 8:5).
d) Ofertas feitas como sacrifícios agradáveis a Deus (Fp 4:17-18). As ofertas do cristão não são apenas o que sobra depois de satisfazer os nossos próprios desejos. Pessoas que sempre querem receber, ao invés de procurar dar liberalmente, não servem a Cristo (veja a repreensão forte de Tiago 4:1-4). Paulo disse que as ofertas são sacrifícios. Dinheiro que poderíamos empregar em outras coisas, até coisas egoístas, será doado para fazer a obra do Senhor.
2. PERGUNTAS PRÁTICAS.
a) Quanto se deve ofertar? Não somos mandados por Deus para darmos uma porcentagem especial. Jesus, através de Paulo, ensina que as igrejas devem fazer coletas nas quais os cristãos darão de acordo com sua prosperidade (1Co 16:1,2). Temos que dar com amor, generosidade e alegria, conforme tencionamos em nossos corações (2Co 8:1-12; 9:1-9). Portanto, podemos dar 10%, ou mais do que 10% ou menos do que 10%. Temos que usar nossos recursos financeiros, e todos os outros recursos, no serviço de Deus.
b) Como devem ser aplicadas as ofertas? Dinheiro dado para o trabalho da igreja deve ser aplicado exclusivamente nas coisas que Deus autorizou que a igreja fizesse. Os homens que desviam o dinheiro da oferta para criar ou manter instituições humanas ou outras obras não ordenadas pelo Senhor estão ultrapassando a doutrina dele (veja 1Co 4:6; 2João 9).
3. Alguns erros referentes à Contribuição Financeira e que devem ser evitadosSão muitos os erros referentes à contribuição financeira que é entregue na Igreja Local, cometidos por pessoas até bem intencionadas, porém, sem conhecimento da Palavra de Deus. Vejamos dois.
a) É um erro pensar que o dinheiro vai ser mal aplicado. O diabo tem posto no coração de alguns que não devem contribuir porque o dinheiro vai ser mal administrado e mal aplicado pelos pastores. Por analogia, no que diz respeito aos nossos impostos, se pensarmos assim, todos deixariam de pagar. Estamos cansados de saber que o dinheiro público é roubado e mal aplicado. No entanto, temos que continuar pagando. Na Igreja Primitiva os fiéis traziam suas contribuições e “... depositavam nos pés dos Apóstolos”(Atos 4: 34). Feito isto tanto os israelitas como os crentes da Igreja Primitiva cumpriam suas obrigações. Fiscalizar a aplicação do dinheiro entregue não era função deles. Era responsabilidade dos que recebiam as contribuições. Assim, se o dinheiro das contribuições, for mal aplicado, o problema não será de quem deu, mas, será de quem aplicou mal. É preciso crer na Palavra de Deus, e ela diz: “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”(Rm 14: 12). Lembremos do caso de Judas, ele era o tesoureiro. Roubou! Aplicou o dinheiro em beneficio próprio - morreu pendurado numa corda e foi para o inferno! É preciso crer na Justiça de Deus!
b) É um erro pensar que não vai contribuir por não simpatizar com o pastor. Em todas as cidades há um lugar público para a adoração, conhecido como a casa do Senhor, que, num sentido popular, chamamos de nossa Igreja, também conhecida como Igreja Local. O Senhor Jesus comparou cada membro desta Igreja a uma ovelha, e a comunidade a um rebanho. A ovelha é um animal cem por cento útil. Uma fazenda de criação de ovelhas é mantida com a lã, com o leite, com a carne e com a reprodução das ovelhas. Não é a ovelha que escolhe onde ela vai entregar sua produção, seja a fazenda grande ou pequena. Sua produção é recolhida pelos seus pastores, na fazenda onde ela vive. O mesmo acontece com nossos Impostos. Se moramos numa cidade grande e muito rica, não podemos pagar nossos impostos numa cidade pequena e pobre. Cada um paga onde reside, não importando se a cidade é rica ou pobre, gostando ou não do seu governante. Imagine se cada cidadão pudesse escolher onde pagar; não haveria estabilidade administrativa. Seria o caos. Nenhum município poderia prever sua receita. Não haveria orçamento. Portanto, pagar os tributos não é uma questão de escolha, de poder ou não confiar no governante, de gostar ou não dele. Pagar tributos é uma exigência legal.
Com a Igreja Local, a “nossa” Igreja, acontece a mesma coisa. Não importa se ela é grande e rica, ou se é pequena e pobre. É ali o seu lugar de adoração, é ali a Casa do Senhor, é ali onde você é abençoado, e é ali que você tem seus compromissos financeiros. A igreja precisa de nossa contribuição financeira para honrar os seus compromissos, que não são poucos. Pense nisso!

CONCLUSÃO

Mostremos ao Pai toda a nossa gratidão; contribuamos não para sermos abençoados, mas porque já fomos abençoados. A contribuição financeira faz parte tanto do nosso culto público como individual. A mordomia cristã estabelece como verdade que somos criaturas, Deus é o Criador; somos súditos, Deus é o Rei; somos servos ou mordomos, Deus é o Senhor - “A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém (1Pedro 5: 11).

-------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 49.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico Beacon – CPAD.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Ev. Caramuru Afonso Francisco – Dízimos e Ofertas, uma disciplina abençoadora.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Aula 08 - O PERIGO DE QUERER BARGANHAR COM DEUS

Texto Básico: Mateus 4:1-11
Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?"(Sl 116.12 )
INTRODUÇÃO
Um dos mais sérios erros dos defensores da “teologia da prosperidade” é orientar seus seguidores a barganharem com Deus, como se uma oferta ou um dízimo fosse o suficiente para que Deus se tornasse nosso devedor. Muitos têm tratado estas e demais contribuições como “investimentos”, como um “toma-lá-dá-cá”, como se Deus se prendesse a gestos feitos pelos homens. Deus tem compromisso com a Sua Palavra, portanto nada disso é previsto nas Escrituras como um laço que obrigue Deus a enriquecer quem quer que seja. Na verdade, nossas contribuições financeiras (sejam elas ofertas ou dízimos) são um reconhecimento de que já fomos abençoados por Deus. Paulo deixa claro que Deus não deve nada a ninguém (cf Rm 11:34-36). A pergunta de Paulo continua válida em nossos dias: “quem deu primeiro a Ele para que depois possa ser retribuído?”. Nós contribuímos financeiramente porque recebemos do Senhor primeiro, e não o contrário. Precisamos entender que ninguém dá a Deus antes, para depois ser retribuído.
Muitos, por estarem interessados apenas em milagres, curas e prosperidade material, já não buscam a Deus pelo que Ele é. Na verdade, não querem conhecer a Deus, mas somente barganhar com o Senhor. São condenáveis os “sacrifícios”, os “carnês” e toda e qualquer espécie de contribuição financeira que é dada com o intuito de estabelecer uma barganha com Deus. Certamente, essas pessoas estão incorrendo num grande perigo: a perdição eterna. Deus nos concede suas bênçãos não porque tenhamos algum poder de barganha, mas porque Ele nos ama e quer aprofundar o seu relacionamento conosco.
I - A BARGANHA NA BÍBLIA
1. No Antigo Testamento. Um exemplo clássico de barganha no Antigo Testamento é o caso de Jacó. Fazer um voto era um meio de barganha, de troca entre os homens e a divindade, um “toma-lá-dá-cá”. Esta era uma demonstração da cultura gentílica. E esta ideia de barganha entre o homem e a divindade está por trás do primeiro voto mencionado na Bíblia, que foi o voto de Jacó, feito quando de sua fuga para Harã: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres certamente te darei o dízimo”(Gn 28:20-22).
Vemos neste voto de Jacó a ideia de “barganha” com Deus, algo que jamais se aprovou nas Escrituras, mas que, infelizmente, está por detrás da grande e esmagadora maioria dos votos que se fazem hoje na Igreja.
Jacó agiu sob a influência cultural gentílica, não tinha ainda uma experiência com Deus e pensou que o Senhor pudesse ser “comprado” com um voto. Na verdade, Jacó barganhou por menos que o Senhor lhe havia prometido (cf Gn 28:14). Sua fé ainda não era forte o suficiente para levar Deus a sério, de modo que Jacó condicionou o pagamento do dízimo ao cumprimento das promessas do Senhor. Deus, efetivamente, abençoou a Jacó, mas não foi por causa do voto que Jacó lhe fez, e sim, por causa da fidelidade do Senhor às promessas que havia feito a Abraão e a Isaque, promessas que, aliás, haviam sido renovadas, no sonho, pelo próprio Deus a Jacó (Gn 28:13-15).
O voto, enquanto barganha, enquanto “troca de favores”, é, portanto, algo que se encontra totalmente fora de cogitação no relacionamento entre Deus e os homens, ante a constatação de que Deus é soberano e que ao homem cabe apenas submeter-se a este Deus Todo-Poderoso.
Mas, se o voto não é barganha, o que é então? O voto é manifestação voluntária, ou seja, a declaração de vontade de alguém que é dirigida a Deus, um Deus que fez o homem com o direito de fazer escolhas e de expressar livremente a sua vontade. Todavia, qualquer ideia de barganha é infrutífera.
Deus, que é único, que é soberano e a quem pertence toda a Terra e tudo que nela há (Sl 24:1;1Co 10:26), não é “comprável” com presentes. Aliás, abomina os que se deixam levar por presentes (2Cr 19:7; Is 45:13). Se Deus é soberano, se tem o controle de todas as coisas, por que haveria de se vender a um ser humano por causa de um “voto”, de uma “promessa”?
2. Em o Novo Testamento. Um exemplo clássico de barganha no Novo Testamento é o caso de Simão, o mago, que ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o Espírito Santo (At 8:18-21).
Simão, o mágico, ficou extremamente impressionado com o fato de o Espírito Santo ter sido concedido quando os apóstolos impuseram as mãos sobre os samaritanos. Desprovido de qualquer entendimento acerca das implicações espirituais desse acontecimento, Simão o considerou apenas uma demonstração de poder sobrenatural que lhe poderia ser útil em sua ocupação. Assim, ofereceu dinheiro aos apóstolos em troca desse poder. Esse ato insano de barganhar com Deus foi rispidamente repreendido pelo apóstolo Pedro: “ O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”. A resposta de Pedro indica que Simão não era um homem convertido:
a) O teu dinheiro seja contigo para perdição. Nenhum cristão verdadeiro será entregue à perdição (João 3:16).
b) Não tens parte nem sorte neste ministério. Em outras palavras, não fazia parte da comunhão dos santos.
c) O teu coração não é reto diante de Deus. Uma descrição apropriada para uma pessoa que não é salva e que quer barganhar com Deus.
d) Estás em fel de amargura e laço de iniquidade. Palavras como essas não poderiam ser usadas para uma pessoa regenerada.
O nome “Simão” deu origem à palavra moderna “simonia”, a tentativa de comercializar coisas sagradas. A “simonia” inclui a venda de todas as formas de comercio relacionadas a questões divinas. Hoje, é aplicada aos mercadores da fé, que oferecem as bênçãos divinas mediante o pagamento de certa quantia em dinheiro. O apóstolo Paulo via, com muita tristeza, o crescimento dessa tendência mercadológica; para combatê-la, usou uma palavra cujo sentido é “falsificar ou mercadejar a Palavra de Deus”. Isso envolve práticas de "simonia” e adulteração da Palavra de Deus; é transformar o cristianismo numa prática comercial, visando apenas interesses pessoais.
Atualmente, uma das práticas que caracterizam a “simonia” é a da falaciosa “restituição”. Esta prática ficou popularizada no cântico cujo refrão é “Restitui… eu quero de volta o que é meu”. Esta prática é, também, uma fonte de dinheiro para muitos inescrupulosos que, através de “campanhas de restituição”, têm levado multidões a “exigir de Deus o que foi tomado, o que é meu” e, além de lhes causar a abominação do Senhor, ainda por cima acabam tomando o que havia ficado, por meio de ofertas e “sacrifícios”, habilmente solicitados nestas mesmas campanhas. Irmão e amigos, nós não temos direito a nada! A própria expressão bíblica exarada em Romanos 3:23 já diz tudo: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”Rm 3:23). O salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Somos salvos pela graça(Ef 2:8). Tudo que temos é por causa da graça de Deus. Exigir de Deus algo que não merecemos é um acinte ao nome preciso do Senhor.
Ainda há aqueles que, induzidos por certos pregadores (pregadores?), que desprezando a soberania divina, passam a determinar seus “direitos” e a decretar suas “posses” como se o Senhor lhes fosse um mero empregado. Isto é falta de reverencia e temor a Deus.
Portanto amados irmãos, não podemos compactuar com estas práticas de “restituição” e de tudo o que envolva esta idéia, pois ela é pura e simplesmente manifestação de rebelião contra Deus. Como sabemos, “… a rebelião é como o pecado de feitiçaria... (1Sm 15:23). Que Deus nos guarde, pois os feiticeiros e os idólatras ficarão do lado de fora da cidade santa (cf. Ap 21:8; 22:15).
Ao acharmos que algo é “nosso”, que deve ser devolvido, estamos afirmando uma ilusória independência do homem em relação a Deus, exatamente o que fez o primeiro casal pecar e perder a comunhão com o Senhor. Ao invés de “querer de volta o que é nosso”, devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que foi expresso pelo apóstolo Paulo numa das suas frases lapidares: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20).
3. As Escrituras condenam a barganha. Por tudo que vimos nos dois itens anteriores, está claro que as Escrituras condenam a barganha com Deus. A verdadeira prosperidade do povo de Deus como é ensinada na Bíblia não é barganha com Deus, uma troca com Deus, eu dou 10 para receber 20, não. Infelizmente, muitos estão indo atrás de Jesus não porque queiram ter vida eterna, mas apenas para obter estas vantagens, que, a cada dia que passa, o sistema econômico lhes vai negando. Querem não servir a Jesus, mas, sim, se servir de Jesus e é precisamente esta a mensagem antropocêntrica da “teologia da prosperidade”. Estas pessoas, como diz o apóstolo Paulo, são as mais miseráveis criaturas humanas da face da Terra (1Co 15:19), porque, sabendo quem é Jesus e o que veio fazer neste mundo, querem apenas dEle se servir para terem bens e tesouros que nada lhes representará na eternidade. São pessoas que, infelizmente, não seguem a doutrina de Cristo que, tão explicitamente exposta no sermão do monte, nos manda ajuntar tesouros no céu e não na terra, pois onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração (Mt 6:19-21).
II. PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA BARGANHA”
1. A falsa doutrina do direito legal. A “teologia da barganha” tem como pressuposto a doutrina do “direito legal” do crente. Esta falsa doutrina tem como mentor Essek William Kenyon. Para ele, Deus ao instituir o homem como seu mordomo, deu “direitos legais” ao homem, que foram, com a queda, transferidos a Satanás que, “legalmente”, hoje domina a terra e a criação terrena. Para ser mais explícito, Kenyon quis dizer que a queda do homem foi um ato legal, isto é, Adão tinha o direito legal de transferir a autoridade e o domínio que Deus tinha posto em suas mãos para as mãos de um outro. Isto dá a Satanás o “direito legal” de ditar regras ao homem e à criação. Isto quer dizer que Satanás faz parte da redenção do ser humano (cic). A redenção seria uma fórmula pela qual Deus toma esses “direitos” de Satanás, livrando o homem do seu domínio. É esta a ideia-mestra de todas as “determinações”, “declarações” e “exigências” que caracterizam os “pregadores do positivismo”.
No entanto, tal pensamento não tem o menor respaldo bíblico. Deus nunca deixou de ser o Ser Soberano, o Ser Supremo. Quando a Bíblia nos diz que o homem foi constituído como ser que dominaria sobre as demais criaturas terrenas (cf. Gn 1:26-28), tal deve ser compreendido dentro do princípio de que o homem é “imagem e semelhança de Deus”, ou seja, de que jamais o homem teria “direitos legais” diante de Deus, mas o homem foi feito um “mordomo”, ou seja, um servo que era superior às demais criaturas divinas, mas que não deixava de ser servo, tanto que, ao conscientizar o homem de que ele era “livre”, Deus o fez por meio de uma ordem (cf. Gn 2:16,17), deixando bem claro quem era a autoridade, quem mandava e quem deveria obedecer.
2. A prática do determinismo. Esse é um dos pressupostos usuais da “teologia da barganha”. A falaciosa “doutrina do determinismo” insinua, dentre outras aberrações “teológicas”, que não é mais preciso orar, e sim apenas “determinar”.
Para os seguidores desta prática vergonhosa não se deve orar a Deus rogando a Ele que faça “segundo a sua vontade”, e sim impor a nossa vontade a Deus. Isso vai de encontro o que a Bíblia Sagrada nos ensina: “Esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, SEGUNDO A SUA VONTADE, ele nos ouve”(1João 5:14).
Hoje temos visto falsos mestres ensinando que a oração da fé precisa determinar para Deus o que queremos. Este falso ensino proclama que oração é a vontade do homem prevalecendo no céu em vez da vontade de Deus prevalecendo na terra.
Analise a estrutura da oração-modelo que o Senhor deixou – o “Pai Nosso”(Mt 6:9-13). Ela nos revela que não há lugar para o “EU” e nem para o determinismo arrogante. Senão vejamos: “Pai nosso, que estás no Céu” – nossa posição: filhos de Deus; “Santificado seja o teu nome” – nossa posição: adoradores; “Venha o teu Reino” - nossa posição: súditos; “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no Céu” – nossa posição: servos; “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” – nossa posição: dependentes; “Perdoa-nos as nossas dívidas” – nossa posição: pecadores; “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” – nossa posição: fracos espiritualmente. Portanto, submissão à vontade de Deus, e não imposição da nossa vontade a Deus, é o alicerce da nossa confiança na oração. Aliás, devemos temer orar por qualquer coisa que não esteja de acordo com a vontade de Deus.
Devemos estar cientes que Deus é soberano sobre tudo e sobre todos: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos”(Is 55:8). "O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra! Bendizei ao Senhor, vós todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais a sua vontade. Bendizei ao Senhor, vós todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio! Bendizei, ó minha alma ao Senhor!" (Salmo 103:19-22). "E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" (Dn 4:35).
Em fim, prosperidade segundo a Bíblia não é determinismo, e sim benção de Deus. Porque sem a benção de Deus não há o que se falar em prosperidade. Sabe por quê? “Porque a benção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores” (Pv 10:22). A prosperidade verdadeira consiste na bênção do Senhor. Quer sejamos pobres, ou ricos, a presença e a graça do Senhor são o nosso maior tesouro.
III. O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS
1. O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. Deus é transcendente e imanente. Ou seja, a despeito de habitar nas alturas mais insondáveis, e apesar de infinito e imenso, não permanece alheio às suas criaturas. Assim, ao longo dos séculos, o Eterno vem se comunicando com o homem, direta ou indiretamente. Ele tem prazer de ser assim com o ser humano; é tanto que, após o pecado do homem, Ele proveu o Cordeiro imaculado, Jesus Cristo, para através de sua morte vicária resgatar o ser humano ao estado original da criação.
Embora Deus tenha o prazer de atender ao ser humano em suas necessidades, não podemos nos esquecer que Ele é soberano e está acima de toda criação. Deus é superior ao homem e, portanto, o homem não pode querer esquadrinhar os Seus pensamentos ou entender os Seus propósitos, a não ser pela própria revelação divina.
Conquanto a natureza possa nos fazer inferir que haja um Deus, não permite que nós, através dela ou da razão, possamos descobrir os mistérios e as profundidades do pensamento divino, pois Deus é Deus e nós, meros homens. Ou seja, Deus é transcendente - Ele é diferente e independente da sua criação (ver Ex 24:9-18; Is 6:1-3;40:12-26; 55:8,9). Seu Ser e sua existência são infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada (1Rs 8:27;At 17:24,25).
Atualmente, os teólogos adeptos da “teologia da barganha”, tentam, a bel prazer, priorizar a relação de Deus com a criação, ignorando propositalmente a soberania e a vontade de Deus. Ninguém deve, jamais, pensar que é merecedor de qualquer coisa que parta de Deus. Isso deve se aplicar a todos os aspectos da vida do cristão, desde o ar que respiramos, passando pela salvação provida na cruz, ou qualquer outro benefício que venhamos a receber dEle (Tg 4:13-15).
Quando vemos as promessas divinas, como ato soberano de Deus, temos motivos para nos humilhar perante Sua potente mão e reconhecermos que não passamos de homens e mulheres carentes de Sua graça. É uma pena que alguns cristãos não estejam se apercebendo disso, resultando em excessos na oração e nas pregações. De vez em quando, vemos e ouvimos pregadores que oram determinando bênçãos às vidas de seus expectadores. Alguns, mais ousados, querem pôr Deus no “canto da parede”, justificando, não poucas vezes, que Deus, ao prometer, não pode mais voltar atrás, tornando-se, assim, escravo de Sua palavra. Tal ensino é um acinte à soberania divina, uma verdadeira blasfêmia, que não ficará impune. Deus não tem que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo. Ao assumir um compromisso, como diz o a Bíblia em Isaías 55:10,11, assume um compromisso com Ele mesmo. Deus é fiel, como dizem as Escrituras (1Co 1:9; 10:13; 2Co 1:18), ou seja, cumpre a sua Palavra, não porque o homem passe a Lhe mandar, mas, sim, porque o caráter de Deus diz que Ele não muda (Ml 3:6), é a verdade (Dt 32:4; Jr.10:10), é Justo (Ex 9:47; 2Cr 12:6; Sl 11:7) e que, portanto, sua Palavra só pode ser “sim e amém” (2Co 1:20). Certo teólogo afirmou que Deus “pode fazer tudo o que quer, mas não quer fazer tudo o que pode”. Isto significa que o poder de Deus está sob o controle de sua sábia vontade.
2. O perigo de se transformar o sujeito em objeto. Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. A falaciosa “teologia da barganha” tem, vergonhosamente, transformado a fé em um grande negócio rentável e cada vez mais crescente. Isso tem trazido prejuízos enormes para a Igreja do Senhor Jesus. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
A briga por espaços na mídia tem sido assaz notória, vendendo uma ilusão de que seus ministérios são aprovados por Deus, quando na verdade eles estão iludindo uma parcela dos que cristãos dizem ser, que não entendem que essa atitude mercantilista é reprovada por Deus. O Senhor em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2Pe 2:3). Antes mesmo da formação da Igreja, o profeta Ezequiel já indicara a existência de pastores infiéis, que têm como objetivo tão somente explorar as ovelhas (Ez 34:4). Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Eles negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo.
Vergonhosamente, pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante. O meu maior desejo é que esses pastores convertam-se dos seus maus caminhos, antes que seja tarde demais, antes que sua mente fique cauterizada e a apostasia não mais ofereça lugar à piedade e a honestidade (ler Pv 29:1).
3. O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em relacionamentos. Os adeptos da “doutrina da barganha” têm transformado o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Segundo seus ensinamentos, para se obter o que se deseja de Deus é preciso fazer quatro coisas, as chamadas “regras da fé” ou “fórmulas da fé”, a saber:
a) confessar o que você quer.
b) crer que você tem aquilo que você quer.
c) receber o que você quer.
d) contar aos outros que você tem o que você quer.
De pronto, observamos que a soberania de Deus não é levada em consideração. Tudo gira em torno do que “você quer”, sem que se indague se o que se quer é o que Deus quer. Desprezam a realidade de que, apesar de sermos filhos de Deus, somos totalmente submissos à sua vontade e à sua soberania, como Jesus mesmo nos ensinou na oração-modelo – “o Pai nosso” – e na sua oração no jardim do Getsêmane(vide Lc 22:42); veja também 1João 5:14.
Temos, portanto, mais uma vez, evidenciado que a “doutrina da barganha” diviniza o homem, dá uma “roupagem evangélica” para o desejo pecaminoso de se ser independente de Deus. Que Deus nos guarde de agirmos assim, pecando contra a Sua soberania.
CONCLUSÃO
A Bíblia não ensina a fazer-mos uma barganha com Deus, não somos ensinados a ter que dar tanto para receber tanto. Deus não se condiciona aos nossos caprichos. Quando nos abençoa é pela sua misericórdia e tudo que recebemos é por sua infinita graça. Aliás, os “teólogos da barganha” conhecem pouco acerca da doutrina da graça, uma doutrina tão defendida pelos reformadores. O Deus Todo-Poderoso, que conhece tudo e que faz infinitamente mais do que pedimos ou pensamos, está sendo trocado por, Aladim o gênio da lâmpada, que só é buscado quando precisam de algum favor. Um Deus que tem que cumprir com todos pedidos dos pregadores da Fé.
-----
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.