domingo, 27 de novembro de 2016

Aula 10 - ADORANDO A DEUS EM MEIO À CALAMIDADE


4° Trimestre/2016

Texto Base: 2Crônicas 20:1-12

 "Louvai ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua benignidade é para sempre"(Sl.136:1).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, estudaremos acerca da provisão de Deus em meio à calamidade. Teremos como exemplo o grande livramento que Deus deu a Josafá, rei de Judá, quando ele teve que enfrentar as nações inimigas, moabitas e amonitas, que se levantaram para atacar Judá, e que diante da força delas, Josafá não teria como escapar, não tinha nenhuma saída; a destruição de Judá seria inevitável. Então, ele decide buscar o Senhor em oração e jejum, confessando a Ele que não tinha nenhuma capacidade para sair daquela situação critica. O rei e seu povo se depararam com o tipo de dilema que todos nós enfrentamos mais de uma vez na vida, e nós não sabemos o que faremos. Olhamos para todos os lados e não encontramos saída; a saída está acima de nós; a saída está em Deus, o nosso socorro bem presente na hora da angústia. Este era o único recurso disponível para Josafá, que se apropria dele para obter a solução do grande problema que se agigantava diante do seu povo. Este recurso está à disposição de todo o verdadeiro servo de Deus: os nossos olhos estão postos em ti (2Cr.20:12). Josafá teve fé, por isso, recebeu a vitória contra os seus inimigos. Diante da vitória, em um gesto de gratidão, Josafá louva e adora ao Senhor. Seu coração foi afligido pelo temor, mas o tempo de cantar chegou. Assim como Deus deu o livramento a Judá, em meio à calamidade, Ele dará o livramento a todos nós, quando o buscamos de todo o coração. Está escrito: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir” (Is.29:1).

I. A DIVISÃO DO REINO DE ISRAEL

Salomão foi o terceiro rei de Israel. Ele era filho de Davi com Bate-Seba; teve um início de governo excelente. Tratou de obedecer às ordens de Davi seu pai e eliminou os inimigos do reino. Salomão subiu ao trono em condições muitíssimo favoráveis; seu pai, Davi, havia derrotado todos os inimigos ao redor e Israel passava por um tempo de sossego. Sob seu governo, Israel prosperou e conquistou sua maior amplitude territorial (1Rs.4:20-28).

Deus aparece em sonhos a Salomão no início do seu reinado e lhe pergunta o que gostaria de receber (1Rs.3:5). Salomão responde pedindo a Deus sabedoria ao invés de riquezas ou qualquer outro desejo material (1Rs.3:6-9); esta atitude agrada a Deus que lhe concede sabedoria e muito mais (1Rs.3:10-15). Salomão tornou-se o homem mais sábio de sua época (1Rs.4:29-34) e em nenhum outro período da monarquia a nação proveu de contatos internacionais, riquezas e ausência de guerras, necessários para a produtividade literária, como durante o período do seu governo.  O próprio Salomão, conforme relata a Bíblia, compôs provérbios e cânticos (1Rs.4:32).

Salomão procurou com zelo construir o templo do Senhor, iniciando a obra no quarto ano do seu reinado, concluindo sete anos depois (1Rs.5:1-5; 6:1,37,38; 2Cr.3:1,2). Salomão fez os utensílios do templo e trouxe as ofertas de Davi seu pai para a casa do Senhor. Após concluir a construção e trazer todos os objetos para o templo (1Rs.7:51; 2Cr.5:1), a arca foi colocada em seu lugar, ou seja, no Santo dos Santos, no interior do templo; para isso, Salomão convocou os anciãos de Israel, os cabeças das tribos e os príncipes das famílias dos israelitas para transportarem a arca para o templo. Uma grande multidão compareceu para a festa de consagração do templo e a nuvem da Glória do Senhor encheu o santuário (1Rs.8:1-11; 2Cr.5:2-14).

Durante a consagração do templo, Salomão fala ao povo e mostra reconhecer as promessas feitas por Deus a Davi, bem como o cumprimento das mesmas (1Rs.8:12-21; 2Cr.6:1-11). Então ora ao Senhor em agradecimento e adoração, abençoa ao povo, oferece sacrifícios a Deus e conclui a solenidade despedindo toda a multidão.

Depois de acabar a construção da Casa do Senhor e da casa do rei, Deus fala com Salomão pela segunda vez e faz com ele aliança, advertindo-o acerca da necessidade de obediência (1Rs.9:1-9; 2Cr.7:11-22). Todavia, mesmo sabendo que o Senhor lhe fizera prosperar e o advertira sobre a necessidade de obediência, Salomão pecou e apartou-se do Senhor. A princípio, seu pecado começou com uma série de casamentos mistos. Além de se casar com a filha de Faraó, Salomão casou-se com várias mulheres pagãs, as quais o Senhor havia advertido para que Israel não se misturasse; chegou a ter 700 mulheres e 300 concubinas. Estas mulheres levaram Salomão a pecar na sua velhice, adorando aos seus deuses (1Rs.11:1-8,33).

Por causa da desobediência de Salomão, conforme o Senhor lhe advertira anteriormente, no final do seu reinado houve uma certa quebra da tranquilidade que perdurou por um bom tempo; Salomão enfrentou dois problemas, a saber: ao sul houve uma revolta do príncipe edomita Hadade e; ao norte, Damasco foi ocupada por Rezom que a transformou em um reino, tornando-se adversário de Israel durante todo os dias de Salomão. Certamente, esses problemas trouxeram dificuldades para o governo de Salomão. Entretanto, a mais dura consequência do pecado de Salomão, viria durante o governo do seu filho, Roboão, quando Israel seria dividido em duas partes (1Rs.11:9-13): Reino do Norte e Reino do Sul. O Reino do Norte era formado por dez tribos e a capital era Samaria.  O Reino do Sul era formado por duas tribos, Judá e Benjamim, e a capital era Jerusalém.

O período do reino unido, correspondente a Saul, Davi e Salomão, teve a duração de 120 anos aproximadamente, considerando-se que cada reino tenha durado 40 anos: Saul - 1.051 (ou 1050) até 1.011(ou 1.010) a. C.; Davi - 1011(ou 1.010) até 971(ou 970) a. C.; Salomão - 971(ou 970) até 931(ou 930) a. C.

A idolatria, a injustiça social e a degradação moral do povo estão na base da divisão do reino de Israel (1Rs.11:33). Deus havia advertido a Salomão por duas vezes sobre a adoração de deuses estrangeiros, mas o rei não levou isso em consideração (1Rs.11:10). Por esse motivo o Senhor disse-lhe que o reino lhe seria tirado, embora não durante a sua vida. Isso nos trás uma grande lição: a obediência a Deus é a base fundamental do progresso, da prosperidade do povo de Deus. Obedecer à Palavra de Deus é o que faz a diferença no reino de Deus (Mt.5:16).

1. O Reino do Norte. O Reino do Norte conseguiu sobreviver por aproximadamente 200 anos. Foi governado por 20 diferentes reis, e experimentou diferentes crises: políticas, sociais e religiosas. A apostasia personificou-se no primeiro rei de Israel, Jeroboão, que se tornou para todas as gerações subsequentes um modelo de iniquidade e mau comportamento.

Devido à forte idolatria, a injustiça social e a degradação moral do povo de Israel (reino do Norte), Deus suscitou nações poderosas para punir o povo. Em 2Rs.17:7-41, o Espírito Santo cita as razões teológicas e morais por que Deus levou a efeito a ruína do seu povo redimido segundo o concerto e o removeu de diante da sua face (2Rs.17:18):

a) Os israelitas esqueceram-se do amor e da graça de Deus, manifestos na sua redenção do Egito, e pecaram contra o Senhor - “Porque sucedeu que os filhos de Israel pecaram contra o Senhor seu Deus, que os fizera subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito e serviram a outros deuses” (2Rs.17:7).

b) serviam aos deuses dos povos pagãos em derredor, imaginando que obteriam sucesso, bem-estar e orientação (2Rs.17:7,12,17).

c) adotaram os costumes e modos de vida do mundo ímpio (2Rs.17:8-11,15-17).

d) Rejeitaram os profetas de Deus com sua mensagem de retidão (2Rs.17:13-15; cf. At.7:51).

e) Rebelaram-se abertamente contra a revelação escrita de Deus e seu concerto(2Rs.17:13-16).

f) entregaram-se ao espiritismo e a todos os tipos de imoralidade (2Rs.17:16,17).

g) Israel andou nos estatutos das nações ímpias - “E andaram nos estatutos das nações que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel e nos costumes dos reis de Israel” (2Rs.17:8). Israel aceitou, com facilidade, os modos e padrões de vida dos povos que não conheciam a Deus.

Por causa de todos estes terríveis pecados, Deus decretou a queda final e o exílio de Israel – “Assim diz o Senhor: ... Israel certamente será levado cativo" (Amós 7:17). “No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assíria, e fê-los habitar em Hala e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos medos” (2Rs.17:6).

O rei da Assíria chamava-se Salmaneser V (filho de Tiglate- Pileser III - 2Rs.15:29) (2Rs.7:3). Em 722 a.C, depois de 200 anos de idolatria, de rebeldia espiritual e de corrupção moral, Deus decretou a queda final e o exílio de Israel (as dez tribos do Reino do Norte). O avança implacável do mal entre o povo de Deus chegara ao ponto culminante e irreversível. Oséias foi o último rei do Reino do Norte. No seu governo, o reino foi varrido para sempre.

Os resultados de abandonar a Deus são o castigo, a ruína, o sofrimento e a rejeição final (cf. Ap.2:5;3:15,16). Embora a separação entre Israel e as demais nações fosse uma das exigências fundamentais de Deus para o seu povo (Lv.18:3,30; Dt.12:29-31; 18:9-14), Israel, ao contrário, foi adotando os costumes pagãos daquelas nações em derredor. Conformar-se com o modo mundano de viver é um dos grandes perigos que o povo de Deus enfrenta em cada geração e cultura. Para nós, Igreja do Senhor, o Espírito Santo nos adverte: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento...”(Rm.12:2).

2. O Reino do Sul. O reino do Sul foi regido por 19 reis que pertenciam à linhagem de Davi. Seu primeiro rei foi Roboão, filho de Salomão. Este reino, também, enfrentou muitas crises: políticas, sociais e religiosas, e teve que lutar com muitos inimigos, inclusive os seus irmãos do Reino do Norte. Por causa da iniquidade deste reino, Deus também puniu os judeus do reino do Sul. Às vezes não aprendemos com os exemplos de pecado e tolice que ocorrem à nossa volta - “Até Judá não guardou os mandamentos do SENHOR, seu Deus; antes, andaram nos estatutos que Israel fizera” (2Rs.17:19). 

Apesar de ver seus irmãos serem levados para o exílio, o povo de Judá cai em pecado. O rei Ezequias e o rei Josias começaram muitas reformas, mas isto não foi o bastante para converter permanentemente a nação a Deus. A iniquidade saturara o Reino do Sul, e a ira de Deus inflamou-se contra os judeus. A Babilônia conquistou a Assíria e tornou-se a nova potência mundial. O exército caldeu marchou contra Jerusalém, queimou o Templo, derrubou os grandes muros da cidade e levou o povo cativo para a Babilônia. O pecado sempre traz disciplina e as suas consequências são às vezes irreversíveis. Pense nisso!

II. O REI JOSAFÁ

1. Quem era Josafá (1Rs.22:41-43). O seu nome significa “Yahweh julgou”. Ele foi o quarto rei de Judá, o sexto da linhagem de Davi. Reinou no período de 870 a 848 a.C. Com 35 de idade ele se tornou co-regente com seu pai, o rei Asa, até a morte deste em 870. Governou por 25 anos (1Rs.22:42) e foi contemporâneo de vários reis de Israel: Onri, Acabe, Acazias e Jeorão. Os profetas Elias e Eliseu atuaram nesse tempo, com mais intensidade no reino do Norte.

Josafá foi um rei piedoso, e reviveu antigas práticas religiosas do judaísmo. Desde o início foi zeloso na fé. De maneira geral eliminou a idolatria, mas com êxito apenas parcial. Preocupou-se em ensinar a Lei do Senhor ao povo, indo até às suas casas. Os seus atos foram protegidos pelo Senhor - “E o SENHOR foi com Josafá, porque andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não buscou baalins. Antes, buscou ao Deus de seu pai e andou nos seus mandamentos e não segundo as obras de Israel. E o SENHOR confirmou o reino nas suas mãos, e todo o Judá deu presentes a Josafá; e teve riquezas e glória em abundância” (2Cr.17:3-5).

Ao assumir o poder, Josafá fortificou seu reino contra o reino do Norte, Israel. Apesar de ter fortificado o reino, o segredo do sucesso de seu governo foi seguir ao Senhor como Davi fizera. As Escrituras Sagradas afirmam que Deus era com ele, pois "andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai" (2Cr.17:3). É interessante observar como Davi constitui o padrão pelo qual os reis são medido. Se andavam segundo seu exemplo, prosperavam e eram abençoados; do contrário, fracassavam. A terra teve paz sob Josafá, e seus inimigos pagavam tributos (2Cr.17:10-12). Seu governo foi próspero (2Cr.17:5). Ele morreu com sessenta anos de idade, e foi sepultado na cidade de Davi (1Rs.22:50).

2. O cuidado de Josafá em instruir o povo (2Cr.17:7-9). Uma das principais providências do rei Josafá, logo após assumir o trono de Judá, foi dar prioridade ao ensino da Palavra de Deus ao povo. No terceiro ano de seu reinado, enviou uma comissão especial de príncipes, levitas e sacerdotes a percorrer Judá para ensinar ao povo os caminhos do Senhor, conforme a instrução de Deuteronômio 6:6-12. Diz o texto sagrado: “No terceiro ano do seu reinado, enviou ele os seus príncipes Ben-Hail, Obadias, Zacarias, Natanael e Micaías, para ensinarem nas cidades de Judá; e, com eles, os levitas Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobe-Adonias; e, com estes levitas, os sacerdotes Elisama e Jeorão. Ensinaram em Judá, tendo consigo o Livro da Lei do SENHOR; percorriam todas as cidades de Judá e ensinavam ao povo”.

Josafá dava grande importância à palavra de Deus. Era zeloso em observar seus preceitos e se deleitava em obedecê-los. Fez da Palavra de Deus a norma para seu reino. De cidade em cidade, esses homens reuniam o povo nas praças, uma vez que não havia sinagogas nem templos fora de Jerusalém, e ali ensinavam as pessoas. O ensino da Palavra de Deus a todo o povo explica o grande nível espiritual de Judá nos dias de Josafá, bem assim os grandes milagres ocorridos durante este reinado (cf.2Cr.20:1-29). Só há sinais e maravilhas quando, antes, o povo dá prioridade à Palavra do Senhor.

Uma das características mais virtuosas de um autêntico líder é o desvelo pelo ensino sistemático das Escrituras Sagradas. O verdadeiro pastor do rebanho do Senhor, como despenseiro de Deus, procura cumprir com responsabilidade a tarefa indelegável de alimentar as ovelhas do aprisco do Senhor. A Palavra de Deus é o puro, insubstituível e nutritivo alimento.

3. O ensino da Palavra de Deus promoveu um grande avivamento e temor no coração de todos (2Cr.17:10).. Diz o texto sagrado: “E veio o temor do SENHOR sobre todos os reinos das terras que estavam em roda de Judá e não guerrearam contra Josafá”. O temor a Deus é o princípio da sabedoria. Um povo que teme a Deus se tornará próspero.

Segundo Roberto L.Sawyer, "este foi um estudo sistemático da mensagem, da parte do Antigo Testamento que é chamada de Pentateuco, composta pelos cinco livros de Moisés. Cada Levita tinha sua própria cópia, e indica que elas podem ter sido raras. Este foi o início da educação religiosa fora de casa e do Templo. É o único registro deste tipo de missão (cf. 2Rs.23:2 e Neemias 8:3-18, onde a Lei também foi ensinada, embora sob circunstâncias diferentes)". Concordo com Roberto L.Sawyer, quando diz que “nenhum avivamento é possível sem que se honre a Palavra de Deus”.

Desde o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus são caracterizados por uma busca da Palavra de Deus, por uma renovação no interesse e na observância das Escrituras. Todo e qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus, que não der espaço ao estudo e ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência duvidosa. Não há como se concordar com um “avivamento” que deixa de lado as Escrituras Sagradas e se apegam a invencionices humanas.

Uma igreja avivada, ao contrário do que muita gente pensa e faz na atualidade, não é uma igreja que não estude a Palavra de Deus, nem uma igreja que, por achar que “a letra mata”, não frequenta ou nem tem cultos de ensino e de doutrina, procurando apenas “reuniões de poder”. O verdadeiro avivamento faz com que o crente seja guiado pelo Espírito Santo e esta direção exige, em primeiro lugar, a perseverança na doutrina dos apóstolos. Crente avivado é crente que conhece a doutrina dos apóstolos e permanece nela, e que, por isso, não se deixa levar por qualquer “vento de doutrina”.

III. O EXTRAORDINÁRIO LIVRAMENTO DE DEUS

1. A perigosa aliança feita com Acabe (2Cr.18:1-3) – “Tinha, pois, Josafá riquezas e glória em abundância e aparentou-se com Acabe” (2Cr.18:1). O reino de Judá e o reino de Israel haviam mantido uma relação mutuamente hostil, até o casamento do filho de Josafá com a filha de Acabe, Atália (cf. 2Cr.21:5,6; 2Rs.8:18). Este casamento proporcionou uma aliança entre os dois reis. Certamente o objetivo era bom – tentar unir os reinos; fizeram o correto, porém da maneira errada. Os fins não justificam os meios. Os nossos métodos ou planos devem estar dentro da vontade de Deus. Este enlace abriu a porta à adoração a Baal no reino de Judá, causando-lhe uma derrota moral, física e espiritual por muito tempo. Alianças feitas sem a orientação e a permissão de Deus sempre trazem prejuízos.

Além desse enlace matrimonial, Acabe pediu a Josafá que o ajudasse a atacar os sírios que ainda controlava parte do território de Israel (cf. 1Rs.22:3,4); isso ocorreu em 853 a.C (cf. 2Cr.18:2-34). Sem hesitar, e sem consultar o Senhor, Josafá concordou em ajudar o rei do Norte. Antes, o profeta Micaías foi consultado se a batalha seria ganha. Ele disse que a batalha seria perdida e que os quatrocentos profetas do rei Acabe foram induzidos ao erro, e que Acabe seria morto. O profeta foi severamente punido pelo rei por causa de sua profecia, que vinha do Senhor. Também, Josafá não deu ouvidos ao profeta Micaías. Nessa batalha, Acabe foi mortalmente ferido, mas Josafá, pela misericórdia de Deus, sobreviveu (cf. 1Rs.22:1-38). Contudo, Deus usou o profeta Jeú para repreender Josafá. O profeta mostrou ao rei o quanto a aliança que ele havia feito com Acabe aborrecera ao Senhor (2Cr.19:2). O rei aceitou a repreensão e se arrependeu da sua aliança com Acabe (2Cr.19:1-9).

Ao se relacionar com o idólatra Acabe, Josafá dera mau exemplo a seus súditos. O rei percorreu todo o reino, portanto, para fazer o povo tornar ao Senhor. Também instituiu um sistema judiciário segundo a lei mosaica (Dt.16:18-20). Essa medida, junto com o envio de mestres a todas as partes do reino (2Cr.17:7-9), revelou o respeito tremendo que Josafá tinha pelas Escrituras Sagradas. Seus atos indicaram, ainda, preocupação por seus súditos e o desejo de agir com retidão como regente escolhido por Jeová.

2. Josafá enfrenta a ameaça dos inimigos (2Cr.20:1-12). Um grande exército, de Moabe, de Edom e de Amom, atravessou o mar Morto para lutar contra Josafá; eles se coligaram para atacar o reino de Judá e destronar o rei. Cercaram Jerusalém. Josafá teve medo, com razão.

Observe que nos dois capítulos anteriores há o relato de um grande avivamento que ocorreu no governo de Josafá (cf. 2Cr.17:7-9 e 19:4-11); toda a nação tornou-se para o Senhor com temor e tremor, porque a Palavra de Deus foi exaustivamente ensinada – “Eles percorreram todas as cidades do reino de Judá, levando consigo o Livro da Lei do Senhor e ensinando o povo" (2Cr.17:9). Todavia, em vez de bênçãos, vem um inimigo feroz e destruidor. Por que aconteceu isso, quando a nação já se havia optado por servir ao Senhor? Deus sabe melhor que nós as razões, entretanto, sabemos que, sem provações, nossas decisões duram pouco; sem fortalecimento, nossas determinações são fracas, e não persistem, não resistem ao tempo. Por isso, quando tomamos uma decisão certa de seguir a Jesus, então vêm as provas que são destinadas a reforçar a decisão, e, pela luta, manter a convicção ao lado do Senhor cada vez mais forte. O que vale aqui é ganhar a vida eterna, não uma vida um pouco melhor na Terra. 

Sem dúvida, foi uma experiência aterrorizante para Josafá, mas Deus deu o livramento ao seu servo, porque ele resolveu confiar no seu Deus. Ele tinha consciência plena que Deus não desampara aqueles que estão em plena comunhão com Ele. Ora, Josafá vinha de uma experiência de altos e baixos em termos de fidelidade a Deus. Ele se mostrava um bom rei, hoje diríamos um bom pastor cristão. Mas cometia erros por atitudes negligentes, como a sua aliança com o rei Acabe. Ele era alguém que precisava de uma forte provação para ser refinado. A essa altura, ele e toda a nação precisavam de uma provação para reforçar a fidelidade a Deus. Por vezes, provações nos aproximam definitivamente de Deus, e essa era a situação de Josafá e de seu povo naquele tempo. Concordo com o Pr. Elienai Cabral quando diz que muitos só se lembram de buscar a Deus quando estão cercados pelas dificuldades. Não deixe para buscar a Deus somente nos tempos de crise; busque-o continuamente.

3. A ação de Josafá. O exército inimigo era muito superior ao de Josafá. A destruição de Jerusalém era iminente. Só tinha uma saída para Josafá naquele momento tenebroso: para cima, para o Deus de Israel. E foi isto que Josafá fez. Naquele momento, certamente, ele se lembrou das palavras do salmista: "O meu socorro vem do Senhor que fez o Céu e a terra" (Sl.121:2). Josafá invocou o nome do Senhor, e apregoou um jejum em toda a nação (cf.2Cr.20:3). Seguindo uma liderança temente e obediente ao Senhor, a nação inteira - os homens, as mulheres e as crianças - ouviu o apelo do rei e buscou a Deus de coração. O rei invocou o Deus de seus pais, e relembrou libertações ocorridas no passado (veja 2Cr.6:28-31). Sob a sombra do Templo, Josafá lembrou ao Senhor que o povo de Judá era seu povo da aliança; que a Casa do Senhor, onde ele estava orando, era o santuário de Deus e o lugar onde Ele prometera ouvir as orações e responder a elas; que aqueles aos quais Israel havia demonstrado bondade estavam prestes a destruí-lo e a tomar sua terra. Em momentos de crise, a oração é uma fonte de força capaz de nos fazer recordar experiências prévias em que fomos ajudados por Deus. Nenhum crente deve duvidar do poder da oração.

Josafá encerrou sua súplica fervorosa, e todo o povo de Judá ficou em pé diante do Senhor, à espera da resposta (cf.2Cr.20:7-13). Então o Senhor, por intermédio do profeta Jaaziel, respondeu dizendo que a peleja não era deles, mas de Deus (2Rs.20:15). O povo só precisaria sair no dia seguinte e ver o que o Senhor faria (cf.2Cr.20:14-17).

Pela fé, o povo se alegrou, antecipadamente, com a vitória. Na manhã seguinte, se levantaram bem cedo e saíram para ver o que o Senhor fizera. Marcharam ao campo de batalha precedidos de cantores, como quem vai a um festival (cf.2Cr.20:18-21). Ao ouvir seu povo entoar o cântico de fé, Deus confundiu os inimigos de tal modo que lutaram uns contra os outros. Quando Judá chegou, restou-lhe apenas juntar os despojos, uma tarefa que os ocupou por três dias. Transbordantes de alegria, louvaram o Senhor e voltaram a Jerusalém cantando. Os reinos vizinhos souberam do ocorrido, e temeram; Judá desfrutou paz (cf. 2Cr.20:22-30).

CONCLUSÃO

Aprendemos com a história de Josafá que não há crise que não possa ser vencida quando oramos, jejuamos e confiamos no Senhor. Também aprendemos que o inimigo não pode resistir ao povo de Deus quando há oração, jejum e verdadeira adoração. Jesus declarou que determinadas castas de demônios só podem ser expelidas pela "oração e pelo jejum" (Mt.17:21). Se você está enfrentando, como o rei Josafá, uma terrível crise, não desanime. Não se renda diante das ameaças do inimigo. Ore, jejue, adore e veja o livramento do Senhor.

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.

Elienai Cabral. O Deus da Provisão – Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio às crises. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Aula 09 - O MILAGRE ESTÁ EM SUA CASA


4º Trimestre/2016

 Texto Base: 2Reis 4:1-7

“Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses [...], que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste”(Dt.10:17,18).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula, trataremos acerca do milagre que Deus operou por intermédio do profeta Eliseu para salvar uma viúva e seus dois filhos de uma crise financeira. Essa história, relatada em 2Reis 4:1-7, é muito conhecida no meio cristão tradicional e é um exemplo importantíssimo de como a provisão de Deus funciona no nosso lar. Esse milagre nos ensina que o pouco com Deus torna-se muito e a escassez pode converter-se em abundância. O Deus de Elizeu é também o nosso Deus. Ele é imutável - “Porque eu, o Senhor, não mudo...”(Ml.1:17); “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente”(Hb.13:8) -, e mediante sua graça continua a alcançar os corações daqueles que estão desesperados por um milagre em sua casa.

I. UMA FAMÍLIA EM DIFICULDADES

1. A crise das dívidas. Não sabemos o nome da viúva nem dos seus filhos, mas sabemos que ela era esposa de um discípulo de Eliseu. De acordo com o historiador Flavo Josefo, “a viúva desta história era a esposa de Obadias, o mordomo de Acabe em 1Reis 18:3. O motivo de a família estar endividada era que Obadias havia sustentado os 100 profetas do Senhor que ele escondera de Acabe e Jezabel” (cf. 1Rs.18:4). Naquela época, e até mesmo à época de Jesus, as viúvas eram sustentadas pelos filhos. Tudo indica que os dois filhos dessa viúva ainda eram crianças. Como herança, o aprendiz de profeta deixou-lhe dois filhos para criar e uma dívida para saldar. Não havia pensão, não havia seguro de vida e não havia ninguém por ela. Por isso, não tardou surgirem os “abutres do lucro fácil”, ávidos por confiscar os seus filhos.

2. O risco de perder os filhos. Achando-se incapaz de saldar a dívida deixada pelo seu marido, a viúva enfrentou a possibilidade de o credor tomar seus dois filhos para um período de escravidão. Os credores queriam logo recuperar seu dinheiro. Então, a viúva deve ter-lhes dito: “Sinto muito, senhores, eu não tenho recursos para pagar a dívida que o meu marido contraiu”. Ao que eles, talvez, responderam: “Muito bem, senhora, como não dispõe do valor necessário para quitar a dívida, de acordo com a lei, podemos levar seus dois filhos como pagamento. Eles serão nossos escravos, para compensar a dívida que seu a marido não saldou”. O texto em Levítico 25:39,40 determina que se o devedor não pudesse pagar a sua dívida, ele era obrigado a servir ao credor como escravo até o ano do jubileu. Deus, porém, interveio e concedeu àquela viúva a provisão suficiente para atender à sua urgente necessidade e de seus dois filhos.

Aquela era uma época terrível! Eram dias de plena apostasia, em que o temor de Deus havia desaparecido; cada um fazia o que queria, ignorando por completo a lei de Deus. Os contemporâneos de Eliseu abusavam das crianças necessitadas, tolhendo-lhes o direito, o respeito e a dignidade.

E os nossos contemporâneos, não têm feito o mesmo? Nossas crianças têm sido comercializadas; sua inocência tem dado lucro a muita gente; seu corpo angelical tornou-se um objeto de desejo; suas mãos delicadas se transformaram em “mão-de-obra barata”; a formação do caráter e personalidade de milhares de crianças inocentes e indefesas tem sido colocada à mercê de casais homossexuais, com educação moral e espiritual totalmente desviada do padrão judaico-cristão. Não podemos nos calar, nem fingir que tudo isso não acontece.

3. A viuvez. Dentro dos dramas sociais que o cristão pode se deparar está a viuvez. É um fato comum em nossa sociedade, caracterizado pela perda do companheiro de vida, que abarca milhares de pessoas. Faz parte do processo natural da existência do ser humano, por isso deve-se estar preparado para este estado aflitivo da vida. Quando o cônjuge perde a sua companheira (ou companheiro) significa um rompimento do ciclo de um convívio íntimo, intenso e profundo; a pessoa viúva enfrentará a solidão e a saudade do cônjuge que se foi. Algumas pessoas suportam com resignação esta lacuna da vida, mas outras se definham diante da amargura que lhe envolve, resultando em insegurança existencial que paralisam a sua sociabilidade e espiritualidade.

A palavra viuvez deriva da forma latina “vidua”, que significa “ser privado de algo”. É uma situação de desconsolo por desamparo. É um fato dramático, que atinge não só o psiquê e a saúde dos indivíduos, mas também suas relações sociais, tanto dentro da família quanto na sua comunidade. A condição de viuvez pode fazer com que as pessoas após anos de convivência, enfrentem um momento de solidão, processo profundamente sofrido, não só pela perda do marido ou esposa, mas pelas dificuldades em administrar a casa e os filhos na falta do chefe da família.

No Antigo Testamento, a viúva era personagem marginalizada, especialmente se não tinha filhos crescidos para cuidar dela ou algum familiar que se tornasse o remidor, casando-se com ela. Era facilmente vitimada e tinha limitados recursos materiais e financeiros (vide Sl.94:6). Mas, Deus sempre teve uma atenção especial à viuvez, quer no Antigo quer no Novo Testamento. As recomendações foram claras e imperativas ao povo de Israel. Cito algumas:

 Quando no teu campo colheres a tua colheita, e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo; para [...] a viúva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos”(Dt.24:19);

Quando sacudires a tua oliveira, não voltarás para colher o fruto dos ramos; ...para a viúva será”(Dt.24:20);

Quando vindimares a tua vinha, não voltarás para a rebuscá-la; ...para a viúva será o restante”(Dt.24:21);

Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem”(Dt.26:12);

A nenhuma viúva ... afligireis”(Ex.22:22).

“Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas”(1Tm.5:16).

A bondade demonstrada às viúvas era louvada como um dos sinais da verdadeira religião. Diz o profeta Isaías: “Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Is.1:17). Diz também Tiago: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas Tribulações...” (Tg.1:27).

Quando esta fase da vida chega na vida de um irmão ou irmã, a Igreja e a família devem estar prontas para dar-lhe total apoio, consolo e carinho, bem como acudi-la(o) no aspecto estrutural necessário à sua convivência social e firmeza espiritual.

É bom ressaltar que a opressão e a injúria contra as viúvas fazem o faltoso incorrer em horrenda punição – “E chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma testemunha veloz contra os que [...] pervertem o direito da viúva [...] (Ml.3:5).

No caso da viúva em epígrafe, a dívida contraída por seu marido deveria ser paga com a venda de seus filhos. Em meio a esta situação tenebrosa, a mulher lembrou-se do homem de Deus. Talvez Eliseu tivesse conhecido aquela família nos tempos de bonança.

Deus não desampara as viúvas e os órfãos. Deus é o socorro do Seu povo na hora da angústia. O salmista assim se expressou: “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Salmo 46:1). O socorro divino nem sempre se manifesta em forma de milagre, de algo sobrenatural; pode ser de forma muito simples e nem ser notada. Geralmente o socorro de Deus vem pela ação de algum dos Seus servos que Ele usa para a glória do nome dEle; muitas vezes vem como resposta à oração. É o Pai respondendo ao clamor de seus filhos.

II. DEUS REALIZA MILAGRES

1. A fé do profeta. O milagre é uma forma perceptível de demonstração de que a fé é o meio pelo qual alguém obtém os benefícios da parte de Deus. Os 14(quatorze) milagres operados pelo profeta Eliseu evidenciam a fé dele e o cuidado de Deus para com todos aqueles que creem nEle. Foram uma clara demonstração do poder de Deus, que teve como propósito específico demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento Eliseu ensoberbeceu-se do dom que havia nele, e nem deixou transparecer que se tratava de algo que ele conseguia manipular através do domínio de alguma técnica ludibriante.

Os milagres operados objetivam a glorificar a Deus. A maioria deles é uma resposta de Deus ao sofrimento do ser humano, todavia, não se concentra no ser humano, mas em Deus. Diferentemente do que acontece hoje em muitos segmentos cristãos, principalmente aqueles que se expõem na mídia, os profetas do Antigo Testamento bem como os discípulos de Cristo nunca buscaram chamar a atenção para si através dos milagres que realizavam nem tirar proveitos deles. No Novo Testamento, os milagres estão diretamente ligados com a obra salvífica de Cristo e tem a função de confirmar a palavra que é pregada pelos mensageiros do Senhor.

O milagre não tem por objetivo criar um espetáculo. Observe que os milagres não davam testemunho dos apóstolos e sim do Senhor Jesus e da sua mensagem. Somente os que buscam a própria glória transformam os milagres em um show (é o que estamos vendo hoje em muitas igrejas). Para esses, Jesus tem um recado: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”(Mt.7:22,23).

O crente deve ter cuidado com a supervalorização dos milagres. Conquanto Deus realize sinais e maravilhas através do seu povo santo, os mesmos não devem nortear a vida do crente. Sinais e maravilhas são feitos pelo Senhor, que utiliza a instrumentalidade humana para esse fim, mas isso não significa que eles são o indicativo para a orientação de Deus às nossas vidas. Há pessoas que se colocam como reféns de milagres, como se estes fossem o marco regulatório para a vida cristã, e não tomam nenhuma postura ou atitude na vida se não virem milagres à sua volta. Tais pessoas precisam aprender a crer que os milagres são parte do Evangelho, mas que a Palavra de Deus é que deve nortear a vida do crente. Os sinais seguem aqueles que seguem a Palavra de Deus, e não os que creem seguem os milagres.

2. A viúva procurou Eliseu. Não tendo a quem mais recorrer, a pobre viúva apelou ao profeta Eliseu, apesar de saber que este também não possuía recursos financeiros. Confiava que ele encontraria em Deus uma saída para a crise. Ela sabia que o profeta Eliseu era um homem de Deus, por isso recorreu a ele (2Rs.4:1). As Escrituras Sagradas mostram que o Senhor socorre o necessitado:

“Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia...” (Is.25:4);

“Porque o Senhor ouve os necessitados…”(Sl.69:33);

“Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores” (Jr.20:13);

“Eu sou pobre necessitado; mas o Senhor cuida de mim; tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus” (Sl.40:17).

Diante do clamor daquela viúva (2Rs.4:1), Eliseu ficou sensibilizado e não hesitou em atendê-la. Como homem de Deus, ele sabia que o Senhor poderia reverter a situação financeira daquela viúva. Ele não quis saber quem era o responsável pela dívida, mas decidiu ajudar uma pessoa necessitada. Tal como Elias fizera em Sarepta (1Reis 17), usou do pouco que ela tinha para resolver o problema. Deus compadeceu-se daquela mulher sofredora e interveio na sua causa. O Senhor é compassivo, misericordioso e longânime – “Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia” (Sl.116:5); “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm.3:22).

Aquela mulher procurou um servo de Deus e apresentou seu problema, pedindo socorro. Nosso comportamento deve ser o mesmo hoje. Quando enfrentamos dificuldades, devemos clamar a Deus pedindo Sua ajuda. Ele designará um cristão que o ama e obedece a Ele para nos socorrer. Deus está sempre à nossa espera para atender e satisfazer todas as nossas verdadeiras necessidades. Por isso nós, servos de Deus, podemos ser usados da mesma maneira que o Senhor usou Eliseu, com o objetivo de auxiliar alguém que esteja passando necessidades. Há grande suprimento para toda necessidade quando Deus intervém. Coloque tudo o que tem nas mãos de Deus e, ainda que seja pouco, se fará mais que suficiente.

3. Deus utiliza aquilo que temos. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” (2Rs.4:2). É uma resposta bastante desanimada. Às vezes acontece conosco também, quando estamos diante das crises que se agigantam de forma tenebrosa e nos deixa combalidos. Ora, se para Deus o nada já é muita coisa, quanto mais uma botija de azeite. A provisão milagrosa lhe veio mediante o que ela já tinha: um vaso de azeite. A provisão foi dada na medida da fé que a mulher tinha e da sua capacidade de armazenamento. Deus usou o que ela possuía para multiplicar-lhe os recursos e realizar o milagre de que ela precisava. Para Deus operar um milagre a quantidade não faz nenhuma diferença. Vejamos:

·     Moisés – tinha uma vara: “… e os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em seco…” (Êx.14:16,21,22).

·     Sansão – tinha uma queixada de um jumento: “… e feriu com ela mil homens” (Jz.15:15).

·     Davi – tinha uma funda e cinco pedras: “E assim… prevaleceu contra o gigante filisteu…” (1Sm.17:40,50).

·     A viúva de Sarepta – tinha farinha na panela e azeite na botija: “… e assim comeu ela… e a sua casa muitos dias” (1Rs.17:12,14,15).

·     Elias – tinha uma capa: “… e passaram ambos (Elias e Eliseu) o rio Jordão em seco” (2Rs.2:8).

·     Os discípulos – tinham cinco pães e dois peixinhos: “… e deram de comer a quase cinco mil homens” (Mc.6:37-44).

·     O apóstolo Pedro – tinha unção e poder e disse ao paralítico: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta e anda” (At.3:6).

·     O apóstolo Pedro tinha uma rede de pesca e viu o milagre de Deus, depois de uma noite sem pegar nada – “E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede” (Lc.5:6).

·     A mulher do profeta – tinha apenas uma botija de azeite. E foi a partir desta botija de azeite que Deus operou o milagre: “E sucedeu que, todos os vasos foram cheios…” (2Rs.4:2,6,7). É a partir de "uma botija de azeite" que Deus torna tudo abundante, porque Ele é o Deus de toda provisão.

III. PROVISÃO NA MEDIDA CERTA

1. Preparação para receber o milagre. Eliseu havia compreendido o que Deus podia fazer usando um simples vaso com azeite, a princípio insignificante, e então disse à mulher e a seus filhos para pedir emprestado aos vizinhos a maior quantidade de frascos vazios que pudessem (cf. 2Rs.4:3-5). A mulher precisaria de muitas vasilhas, pois a multiplicação do azeite, que haveria em sua casa, seria sem medida, abundante. Ela precisava se preparar para receber tal bênção. O azeite era uma mercadoria muito apreciada em Israel, servindo como alimento, medicamento, cosmético, combustível e para fins religiosos. Aquela mulher demonstrou o seu calor por meio da fé e por meio de um especial empenho para vender rapidamente o produto e saldar sua dívida.

Muitas vezes, nos sentimos como aquela viúva quando percebemos que o que nos resta parece algo absolutamente insignificante, de modo que nem cogitamos que aquilo possa ser usado por Deus a nosso favor. Contudo, essa história nos mostra que Deus tem poder para transformar em muito aquilo que nos parece pouco.

Creia que o dia do seu milagre chegará, assim como chegou para essa viúva. Só precisamos manter o que aquela viúva mantinha: temor a Deus (2Rs.4:1). Aos seus servos o Senhor Deus não nega bem nenhum. No tempo apropriado a provisão divina chegará. Está escrito: “Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas àqueles que buscam ao Senhor bem nenhum faltará”(Sl.34:10).

2. Provisão abundante. A viúva recebeu mais do que precisava - “... E sucedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém ele lhe disse: Não há mais vaso nenhum. Então, o azeite parou “(2Rs.4:6). A viúva recebeu do Senhor mais do que pedira. Seu pedido fora apenas que seus filhos ficassem livres de viver na escravidão, mas em sua pobreza ela ainda tinha muitas outras necessidades. Deus Se dispôs a suprir essas necessidades. Ele constantemente dá aos seres humanos bênçãos muito maiores do que eles pedem para si mesmos.

O milagre, portanto, depende do que se têm. O que é que você tem em casa? Diante da pergunta, você poderia responder: “Não tenho nada”. Não seja tão pessimista para enxergar o quão é suficiente para Deus para fazer um grande milagre através daquilo que você considera não ser nada. Um martelo é suficiente para transformar você num homem de grandes negócios. Deus irá operar o milagre em sua vida a partir do que você tem. Se nada oferecemos a Deus, Ele nada terá para usar. Mas Ele pode usar o pouco que temos e transformá-lo em muito. “Sem fé é impossível agradar a Deus”.

Nós podemos nem ter tudo, e, contudo, podemos ter conosco alguma coisa que Deus é capaz de abençoar abundantemente - “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef.3:20).

Não perca a esperança! O pouco pode ser transformado em muito se for colocado nas mãos do Senhor e por Ele abençoado. A viúva tinha somente uma botija de azeite e a lição que aprendemos é que Deus abençoa aquilo que temos. Sua medida é sempre além, sacudida, recalcada e transbordante (Lc.6:38).

3. Fé em ação. A viúva e seus dois filhos precisavam seguir as orientações do profeta. A orientação do profeta Eliseu foi simples e objetiva:

a) “...pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos”. Às vezes temos que fazer algo que esteja ao nosso alcance para receber o que Deus nos quer dar.

b)  “...fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos...”. A mulher devia fechar a porta, ficar a sós com seus filhos e trabalhar. Nem sempre as bênçãos de Deus acontecem no meio de muita gente. Neste sentido, Jesus orientou assim: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt.6:6).

“...fecha a porta” (2Rs.4:4). O que se percebe nesta expressão é que o homem de Deus, Eliseu, não buscou notoriedade no milagre. Ele tinha plena certeza que Deus era quem estava operando aquele grande milagre. Então a glória pertencia a Deus e não ao profeta. É possível que uma das causas da escassez de milagres hoje esteja na publicidade desenfreada. Deus quer privacidade, mas os homens gostam de notoriedade. Gostam de aparecer e vangloriar-se (leia Lc.12:15). Deixam a porta aberta para serem vistos!

c) “... e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia”. A mulher foi ajudada por seus filhos. A participação de nossos filhos na obra de Deus é uma bênção!

d) “...vivei do resto”(2Rs.4:7). A viúva e seus filhos olharam para todos os vasos cheios do azeite oriundo de sua pequena botija e o fez saber ao homem de Deus. E Eliseu disse para ela vender o azeite e pagar a dívida deixada por seu marido. Com o dinheiro que sobrasse, ela e seus filhos, poderiam viver por muito tempo. O milagre da multiplicação do azeite, além de resolver o problema da dívida deixada pelo marido, proveu o sustento dela e dos filhos por muito tempo. Às vezes Deus quer dar bênçãos duradouras e a pessoa quer apenas as temporárias. Salvação é bênção duradoura; cura de alguma enfermidade é temporária.

Portanto, precisamos agir com fé, pois a fé sem obras, sem atitudes, sem ação, é morta. A mulher pegou as vasilhas e começou a enchê-las a partir da botija de azeite que ela tinha em sua casa. Ela foi quem encheu as vasilhas e não o profeta. Este somente deu a orientação. Da mesma forma, Deus nos orienta, conforme as nossas forças e os nossos recursos, a agirmos e buscarmos a solução para os nossos problemas. Mas, nós é que devemos que correr atrás, que buscar, que agir.

A fé que aquela mulher tinha no Senhor tornou possível que ela saísse daquela situação crítica; permitiu que ela apresentasse seu problema a Deus e confiasse nele para orientá-la no sentido de encontrar a solução. Deus também deseja que você creia e busque em Sua Palavra a orientação sobre o que esperar dele e sobre como agir com sabedoria nos momentos de escassez.

Prezado irmão e amigo, você está aguardando no Senhor algum milagre em sua casa, em sua vida? Você tem passado por provações na vida semelhante às desta viúva? Você é temente a Deus como essa viúva? Você tem buscado em Deus a solução de seus problemas ou apenas tem comentado com os outros o que você está passando? Faça como a viúva em comento: seja obediente aos mandamentos de Deus, tenha fé e aja com ousadia e determinação.

CONCLUSÃO

Muitos são os fatores que podem levar uma família a passar escassez: a morte do provedor ou o descaso deste para com os seus dependentes; desemprego, doenças, etc. É bom saber que estes fatores podem acontecer tanto para os que amam e temem ao Senhor quanto para os que não o temem. Temos que avaliar as causas disso. Muitas vezes a escassez advém de desequilíbrio na família, no tocante ao consumismo. O mal de muitos é não saber distribuir, é não ter método no gastar. Se tem muito, gastam tudo; quando não tem bastante, tomam emprestado. Por isso a vida financeira de muitos que se dizem cristãos é uma pedra de tropeço diante dos incrédulos. Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos a direção do Senhor de nossas vidas, para que ele nos ensine a usar o pouco que nos foi entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta. Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn.41:35,36; Pv.21:20). Fuja das dívidas! Evite o desperdício e o supérfluo. Gaste somente o necessário, dentro da sua capacidade financeira! Liberte-se do consumo irresponsável! Viva dentro do orçamento cabível e, se for possível, reserve um pouco para imprevistos, que sempre aparecem. 

“O Senhor é meu Pastor; de nada terei falta” (Sl 23:1,NVI). Deus, o Pastor do Salmo 23, é Aquele que detém todas as coisas em Suas mãos, e faz com que nada falte aos Seus. Restaura a saúde, proporciona tranquilidade, segurança, proteção, prosperidade e fartura. Sua bondade e fidelidade acompanham seus filhos por toda a vida. Creia nisso!

Assim como aquela viúva que pediu ajuda ao profeta Eliseu, temos uma dívida que não podemos pagar, que herdamos de Adão e na qual incorremos todos os dias: o pecado. E o pagamento dessa dívida implicaria a morte espiritual e eterna, se não fosse o sacrifício de Cristo Jesus em nosso lugar. Jesus pagou a nossa dívida com Sua própria vida. O apóstolo Paulo com muita propriedade escreveu: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”(Cl.2:14). Portanto, no momento em que alguém aceita Jesus, com sinceridade, é salvo, e suas reais necessidades (de perdão, paz, amor, salvação, vida eterna, etc.) são supridas.

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Quatro homens, um destino.

Pr. Elienai Cabral. O Deus da Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio ás crises. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Rute, uma perfeita história de amor.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

domingo, 13 de novembro de 2016

Aula 08 – RUTE, DEUS TRABALHA PELA FAMÍLIA


4º Trimestre_2016

Texto Base: Rute 1:1-14

 
"[...] Bendito seja o SENHOR, que não deixou, hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel" (Rt. 4:14).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula vamos estudar sobre o cuidado de Deus para com a família. Teremos como base a família de Noemi. Seu esposo chamava-se Elimeleque, e seus dois filhos chamavam-se Malom e Quiliom. Naquela época aconteceu uma grave crise econômico-financeira. Era resultado da desobediência dos israelitas aos preceitos do Senhor. Isso aconteceu no período dos juízes. Era um tempo difícil, onde cada um fazia aquilo que parecia ser bom aos seus próprios olhos. A falta de temor e observância da lei trouxe sérios prejuízos espirituais e financeiros para Israel, que pagou caro por ter se desviado do Senhor. Israel afastou-se da comunhão com Deus, adorando ídolos pagãos. Nem todos agiam de modo pecaminoso, mas a disciplina era para todos.

Por causa da fome que incidia sobre a nação de Israel, a família de Noemi mudou-se para Moabe na esperança de ter dias melhores. Mas esta decisão sem a orientação de Deus trouxe crises ainda piores para essa família, pois o marido de Noemi e seus dois filhos faleceram em Moabe, precocemente. Elimeleque liderou sua família a fugir da Casa do Pão, para uma terra idólatra, enquanto deveria ter liderado sua família a buscar a Deus no tempo de crise. Ele não viveu de acordo com seu nome (“meu Deus é rei”). Na escuridão das circunstâncias adversas, essa família belemita saiu da sua terra em busca de refúgio e encontrou a morte; saiu da casa do Pão em busca de sobrevivência e encontrou a sepultura. Eles fugiram da fome, mas não conseguiram escapar da morte.

Somente um membro da família ficou com vida, Noemi. Ela estava viva, mas enfrentou o drama da solidão em Moabe. Ela ficou sozinha em terra estranha. Não tinha parente nem dinheiro. Estava absolutamente só, sem lar, sem marido, sem filhos, sem amigos, sem esperança, sem herança. Deus, porém, lhe concedeu um escape: uma nora que a amou e a acolheu em tempos de amargura. Noemi e Rute voltaram para Belém, trabalharam, mantiveram a fé em Deus e foram grandemente abençoadas. Todos nós enfrentamos momentos de dor e aflição, mas a nossa fé nos faz avançar, trabalhar e ver o impossível ser realizado, sob o auspício de Deus.

I. A CRISE ECONÔMICA

1. Fome na "casa do pão".  A família de Noemi morava em Belém de Judá. Belém em hebraico significa Casa do Pão, mas, nos dias de Noemi, na Casa do Pão faltou o pão. A Casa do Pão estava com as prateleiras vazias, com os fornos frios e sem nenhuma provisão. A cidade deixou de ser um celeiro para ser um lugar de desespero e fome. Mas aquela crise não era uma casualidade, nem mesmo resultado de uma tragédia natural. Aquela crise era um juízo de Deus à desobediência (Lv.26:19,20; Dt.28:23,24). A obediência produz vida, mas a rebeldia gera morte. A fome era a vara da disciplina de Deus.

Quando a escassez chega na Casa do Pão, a tendência é querer fugir. A fome deixa as pessoas desassossegadas. Ela move e remove as pessoas do seu lugar. Os irmãos de José desceram ao Egito para comprar pão; os quatro leprosos de Israel arriscaram suas vidas para procurar pão no acampamento do inimigo (2Rs.7:1-6). Quando a fome chegou a Belém, Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom abandonaram a cidade do pão e se digiram às terras de Moabe. Eles colocaram o pé na estrada da fuga, em vez de escolher o caminho do enfrentamento. Eles saíram movidos pela visão humana, e não guiados pela fé. Como Ló, buscaram segurança, e não a vontade de Deus. Buscaram novos horizontes, e não a direção do Céu. Elimeleque, em vez de buscar a Deus para resolver o problema, fugiu das circunstâncias adversas. Em vez de clamar aos céus por restauração, ele e sua família fugiram da Casa do Pão para as terras de Moabe. O dilema é que Moabe não era um lugar seguro para aquela família; ao contrário, era um lugar de sofrimento, doença, pobreza e morte. As alternativas do mundo podem nos jogar na cova da morte.

Muitas pessoas deixam a igreja quando falta Pão na Casa do Pão. Muitas pessoas vão procurar alimento em seitas heréticas, onde só tem veneno mortífero. Outras rebuscam os farelos do próprio mundo como fez Demas, que amou o presente século e abandonou a fé (2Tm.4:10). Quando a crise chega, quando há falta de Pão na Casa do Pão, a solução não é abandonar a igreja, buscar novos rumos, novas teologias, novas experiências e novos modismos. Nessas horas, o que a igreja precisa fazer é se humilhar diante de Deus. O que ela precisa é buscar o Pão Vivo do Céu, Jesus.

2. A crise alcança uma família (Rute 1:1,2). Quando a crise chega, ela atinge a todos: pobres e ricos, homens e mulheres. A fome chegou a Belém e atingiu a todos. Possivelmente, segundo alguns estudiosos, esse fato aconteceu no período de Gideão, quando os midianitas dominaram Israel e saquearam a sua terra. A opressão dos midianitas foi a vara da disciplina de Deus ao Seu povo inconstante e rebelde. Ninguém escapou dessa amarga situação. Até mesmo as famílias mais abastadas de Belém sofreram as dolorosas consequências desse saque impiedoso dos midianitas.

A família de Noemi era abastada, tinha terras e bens. Contudo, a crise a atingiu, a fome também chegou a sua casa. A família de Noemi não buscou a Deus para enfrentar aquela crise, preferiu fugir a Moabe. Eles fugiram da crise, em vez de enfrentá-la. Eles buscaram abrigo em terra estrangeira, em vez de enfrentar a crise em sua própria terra. Nem sempre é prudente fugir. Fugir em tempo de crise é uma precipitação perigosa. Buscar abrigo sob as asas de outra nação pode não ser uma decisão segura. A migração pode trazer mais dor que alivio, mais lágrima que consolo, mais perda que ganhos, mais morte que vida. A maioria dos migrantes, ainda hoje, sofre muitas perdas no âmbito familiar.

A crise é uma encruzilhada, onde precisamos inevitavelmente tomar uma decisão. Uns colocam os pés na estrada na vitória, outros avançam pelos atalhos da fuga e do fracasso. Em um tempo de fome, Abraão fugiu para o Egito e ali quase acabou com o seu casamento. Na mesma situação, Isaque foi tentado a descer ao Egito, mas Deus lhe ordenou: "Não desças ao Egito".

Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom escolheram fugir, em vez de enfrentar a crise. Eles apostaram que a crise era irremediável e que o caminho da fuga era a única rota de escape. Contudo, fugir nem sempre é a alternativa mais segura e sensata. Na hora da crise, devemos olhar para Deus, em vez de mirarmos apenas as circunstâncias; precisamos acreditar que Deus está acima e no controle delas; precisamos nos abrigar nas asas do Onipotente, em vez de buscar falsos refúgios.

A fuga de Belém para Moabe foi marcada por muitos desastres na família de Elimeleque. Eles foram para Moabe em busca de sobrevivência e encontraram a morte. Eles foram buscar pão e encontraram a doença. Eles foram buscar vida e encontraram uma sepultura. A terra estrangeira não lhes deu segurança, mas um enterro. Buscar refúgio fora da vontade de Deus é um consumado engano.

A segurança de Moabe é falsa. A fartura de Moabe é enganosa. Moabe significou para Noemi doença, pobreza e viuvez. Moabe significou para Noemi a perda dos seus dois filhos. Moabe é um símbolo do mundo e de sua aparente segurança. Moabe levará os seus filhos e os enterrará antes do tempo. Moabe separará você do seu cônjuge. Moabe tirará a sua alegria e encherá o seu coração de amargura. O preço cobrado em Moabe é muito alto, lá as pessoas pagam com seus casamentos, seus filhos e suas próprias vidas.

3. Três viúvas. A morte de uma pessoa jovem tem um tom de tragédia. Na perspectiva humana, a morte chegou cedo demais na vida de Elimeleque, Malom e Quiliom. Eles furaram a fila e deixaram três viúvas: Noemi, Rute e Orfa (Rute 1:3,4). Observe as atitudes diferentes destas três viúvas: Noemi estava profundamente entristecida, pois, em consequência do juízo divino, havia sido despojada de toda a alegria terrena de ter marido e família. Orfa, depois de ponderar sobre as palavras da sogra, mostrou-se acomodada e escolheu o caminho mais fácil e conveniente. Rute, por sua vez, foi abnegada e se apegou a Noemi, não obstante as tentativas da sogra de dissuadi-la. Quando escolheu começar uma nova vida com Noemi, Rute estava ciente de que não seria fácil. Uma vez que não tinham um homem para sustentá-las, o que as esperava era trabalho árduo e pobreza. Além disso, deixou sua terra natal e seus entes queridos.

Essas mulheres, desprotegidas, sofreram enormes dificuldades para sobreviver. O pior drama era de Noemi. Ela sofreu as mais profundas e sucessivas perdas. Ela saiu de Belém por causa de bens materiais, objetos. Contudo, em Moabe ela perdeu não apenas coisas, mas pessoas; ela não perdeu apenas pessoas, mas perdeu as pessoas mais importantes da sua vida; perdeu não apenas dinheiro, mas relacionamentos; perdeu não apenas o supérfluo, mas o essencial. Além de perder precocemente os três homens da sua família - Elimeleque, Malom e Quiliom -, Noemi ficou sem qualquer herdeiro que pudesse dar continuidade à herança deles. Seus homens morreram, e com eles os seus nomes. Ela está velha, viúva, pobre, sem filhos, sem dinheiro em terra estrangeira; não tinha mais ninguém a quem recorrer. Ela não tem filhos nem descendentes. Ela não tinha mais idade para casar-se novamente. Sua semente vai ser cortada da terra. Sua memória vai se apagar, e ela, então, passa a alimentar-se de absinto. Ela introjeta uma amargura existencial assoladora na alma. Chega mesmo a mudar de nome: não quer mais ser chamada de Noemi (“agradável, feliz”), mas de Mara (“amargura”) - Rute 1:20. Noemi estava absolutamente só, sem lar, sem marido, sem filhos, sem amigos, sem herança, sem esperança. Mas, Deus não abandona seus filhos nem os desampara. O Senhor já tinha um plano de redenção e bênção preparado para Noemi. Em momentos de crises, muitas vezes achamos que Deus está silencioso e distante. Parece não haver saída, mas Ele está trabalhando em nosso favor. Por isso, não tenha medo, tenha fé. Deus não vai desamparar você.

II. SUPERANDO AS CRISES

1. Noemi enfrenta a crise. O livro de Rute, apesar de descrever com cores fortes os desastres sucessivos que desabaram sobre Noemi, revela, também, que Deus jamais desperdiça sofrimento na vida do Seu povo. O sofrimento de Noemi parece insuportável, as circunstâncias parecem injustas e as perguntas sem respostas. Parecia não existir solução para a crise que estava vivendo. Noemi foi dominada pela amargura e dor. Seus sentimentos tornaram-se amargos. Ela não esperava mais nada da vida, senão a morte. Nessas horas, precisamos aprender a descansar na providência amorosa do Eterno, deixar as dificuldades nas mãos de Deus, mesmo sem receber uma resposta, sabendo que "por trás de toda providência carrancuda, esconde-se uma face sorridente”. Se você está enfrentando uma situação que não parece ter solução, não se desespere. Tenha fé no Deus de toda a provisão.

2. O retorno para sua terra. Quando soube que na Casa do Pão havia pão em abundância, Noemi tomou a decisão de retornar a Belém, a sua terra natal. Mas, os pródigos não voltam sozinhos à Casa do Pão. Noemi voltou com Rute, sua nora. Rute não quis abandonar a sogra. Talvez, Noemi estivesse pensando que Deus a estava castigando com todos aqueles sofrimentos. Ela não podia imaginar o plano de Deus em todas aquelas adversidades. Aprendemos com a Palavra de Deus que "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm.8:28).

Quando tem pão na Casa do Pão, os pródigos voltam à igreja. Noemi voltou para Belém. A igreja ficará cheia quando as pessoas souberem que lá encontrarão o Pão da Vida. Quando Deus visita o Seu povo com Pão na Casa do Pão, os cultos tornam-se cheios de vida. Há sincera e abundante adoração. As músicas tornam-se cheias de alegria, as orações cheias de fervor, e os crentes cheios do Espírito Santo. Que a fome de Deus seja o sinal distintivo da nossa vida. Que a nossa fome de Deus seja maior do que a nossa fome pelas bênçãos de Deus.

Um pastor na Etiópia estava pregando quando homens do governo comunista o interromperam, dizendo: Estamos aqui para acabar com esta igreja. Depois de severas ameaças, agarraram a filha do pastor de três anos de idade e a arremessaram pela janela do templo à vista de todos os fiéis. Os comunistas pensaram que essa violência acabaria com a igreja, mas a esposa do pastor desceu, colocou sua filhinha morta nos braços e retornou ao seu lugar na primeira fila, e a adoração continuou. Como consequência da fidelidade desse humilde pastor, quatrocentos mil crentes fiéis, destemidamente, compareceram a suas conferências bíblicas na Etiópia.

Um pastor americano, encontrando-se com esse pastor, disse-lhe: "Irmão, nós temos orado por vocês, por causa da sua pobreza". Esse humilde homem voltou-se para o pastor americano e disse: "Não, você não compreende. Nós é que temos orado por vocês, por causa de sua prosperidade". Que a nossa fome de Deus seja maior do que a nossa fome por prosperidade e conforto.

3. Rute e o Deus de Israel. Rute acompanhou Noemi a Belém (Rute 1:16-19,22). Noemi ainda tentou dissuadi-la, mas Rute estava resoluta. Ela se recusou a deixar Noemi. Em uma das declarações mais nobres feitas por uma gentia no Antigo Testamento, Rute deixa claro seu compromisso total com a sogra. Escolheu o mesmo destino, habitação, povo, lugar de sepultamento e até o mesmo Deus. Declarou ela: “Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1:16). Rute, antes de chegar a Israel, creu no Deus de Israel; antes de entrar nos campos de Belém, a Casa do Pão, já havia saciado sua fome naquele que é o Pão da Vida. Todo aquele que busca abrigo sob as asas do Onipotente encontra refúgio seguro. Deus jamais desampara aqueles que nEle esperam.

Rute se apegou à sua sogra, e este gesto de amor e generosidade nos mostra que é possível o bom relacionamento entre noras e sogras. Rute saiu de Moabe, lugar de morte, e encontrou a vida e um futuro glorioso em Belém. Ela tornou-se avó de Davi, um símbolo do Rei messiânico. Davi nasceu em Belém, a Casa do Pão. Jesus também nasceu em Belém, Ele é o Pão da Vida (João 6:35,48). O Pão da Vida nasceu na Casa do Pão. Agora temos o Pão do Céu na Casa do Pão. A todos os que têm fome, Ele diz: "Eu sou o Pão vivo que desceu do Céu; se alguém dele comer, viverá eternamente" (João 6:50,51).

A sogra de Rute, Noemi, embora atravessando um momento difícil, deu um excelente testemunho. A convivência com Noemi levou Rute a ter uma experiência pessoal com Deus. Da mesma maneira que Rute, uma gentia, acompanhou Noemi à Casa do Pão, também as multidões famintas nos acompanharão à Casa de Deus quando souberem que Deus nos visitou com abundância de Pão. As pessoas virão à igreja quando provarem o Pão da presença de Deus.

III. FÉ E TRABALHO

1. Noemi e Rute chegam à terra do pão. “Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?” (Rute 1:19). A chegada a Belém, depois de dez anos, significou um tempo de recomeço. Às vezes recomeçar não é fácil, é constrangedor, é humilhante, porém, é a única maneira de darmos novamente uma chance à vida.

A chegada de Noemi, porém, produziu profundos sentimentos no povo da cidade e no próprio coração dela. Destacamos três fatos:

a) uma comoção geral (Rute 1:19). A chegada de Noemi e Rute a Belém chamou a atenção de toda a cidade. Elas ganharam notoriedade não pelo sucesso alcançado em Moabe, mas pelas tragédias colhidas naquela região. Toda a cidade se comoveu ao ver aquela que saíra ditosa e voltara infeliz. Saíra casada e voltara viúva. Saíra com dois filhos e voltara apenas com o atestado de óbito de ambos. O que provoca espanto e comoção em Belém é o retorno de Noemi depois de tantas perdas, de tantas tragédias, de tantos desastres. O mesmo poderá se aplicar a qualquer crente que se desviar dos caminhos do Senhor: o Senhor poderá trazê-lo de volta vazio, normalmente por meio de severa disciplina.

b) uma lamentação pessoal (Rute 1:20,21). O primeiro ato de Noemi em Belém foi mudar o seu nome. Ela não quis mais ser chamada de Noemi ("agradável, feliz"), mas de Mara ("amargura"). Ela estava tomada por um profundo senso de auto-piedade. Ela queria que todos soubessem quanta dor, quanta amargura e quanta tristeza latejavam em seu peito. Ela não queria mais ostentar um nome que era a negação de toda a sua dolorosa experiência vivida em Moabe. Ela olhava para o passado e não tinha mais nenhum motivo para alegrar-se.

A lamentação de Noemi é endereçada contra Deus. As tragédias que desabaram sobre sua vida tinham uma causa, ou melhor, um causador. Ela atribuiu todo o seu infortúnio a Deus. Ela disse que Deus lhe dera não felicidade, mas amargura (Rute 1:20). Deus lhe dera não prosperidade, mas pobreza (Rute 1:21). Deus estava não com ela, mas contra ela (Rute 1:21). Deus estava não consolando, mas afligindo a sua vida (Rute 1:21). Para Noemi, o Deus Todo-Poderoso usara Seu poder não para socorrê-la, mas para torná-la amarga e infeliz. Ela se sentia prisioneira de Deus, e sua porção era o cálice do sofrimento.

c) uma providência especial (Rute 1:22). A despeito das circunstâncias adversas e dos sentimentos turbulentos de Noemi, ela chegou com sua nora Rute a Belém exatamente no princípio da sega da cevada (Rute 1:22), a época das primícias (que tipifica a ressurreição de Cristo). Aqui um novo capítulo se abre na vida dessas duas viúvas. A providência carrancuda da crise vai mostrar a face sorridente da graça. A extrema pobreza dessas duas mulheres vai abrir as cortinas para um tempo novo de riqueza e felicidade para ambas. A própria mão da providência as trouxera de Moabe para protagonizarem uma das mais lindas histórias de toda a Bíblia. A nora estrangeira seria sua provedora. A nora moabita seria para ela melhor do que sete filhos. Rute seria sua filha, mãe de seu neto, avó do grande rei Davi, e ancestral do Messias (Mt.1:5). A Bíblia diz que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm.8:28). Isto não é uma hipótese ou mera possibilidade, mas um fato real.

As coisas não se acertam por simples coincidência, elas não se alinham por uma influência dos astros, elas não se encaixam por um determinismo cego. Deus é quem tece as circunstâncias da nossa vida, até mesmo aquelas mais amargas para o nosso bem.

“Assim, Noemi voltou, e com ela, Rute, a moabita, sua nora…” (Rute 1:22). Semelhantemente, quando a igreja é restaurada, quando ela é reavivada, não somente os que saíram dela voltam, mas trazem outras pessoas. Se Deus realmente se manifestar com poder na igreja, o rumor dos famintos se espalhará no campo e na cidade. Antes de podermos abrir as portas, os famintos já estarão na fila esperando o Pão. E, quando os pródigos voltarem, não voltarão sozinhos, os gentios que habitam em “Moabe” voltarão com eles.

2. Rute ajuda Noemi. Rute se dispôs a trabalhar por Noemi, e não apenas a viver com ela. Elas chegaram a Belém no "principio da sega das cevadas" (Rute 1:22), ou seja, quando a colheita estava começando. Rute vai para um campo de cevada que pertencia a um parente de Elimeleque, ele se chamava Boaz. Ali no campo, ela ajunta as espigas que os segadores deixavam para trás.

Não havia muitas maneiras de uma viúva ganhar a vida, contudo, uma delas era o costume de respigar. Havia provisão, na lei, para que na época da colheita o fazendeiro não colhesse as bordas da propriedade, nem apanhasse aquilo que caísse no solo, à passagem dos ceifeiros (Lv.19:9; 23:22). De fato, se ele esquecesse um molho no campo, estava proibido de voltar para apanhá-lo (Dt.24:19). Essas provisões eram feitas com vistas aos pobres. A Bíblia diz que os ricos devem ser generosos no repartir. Os bens não são dados para serem acumulados, mas para serem repartidos. A semente que se multiplica não é a que comemos, mas a que semeamos. Quando abrimos a mão para repartir com generosidade, Deus multiplica a nossa sementeira, pois a alma generosa prosperará.

Rute demonstrou disposição de trabalhar e buscar o seu sustento e o sustento da sua sogra. Ela não ficou esperando, de braços cruzados, um milagre acontecer. Ela se moveu, se mexeu na direção do trabalho. Ela assumiu sem traumas que era carente e necessitada. Rute teve iniciativa para cuidar de sua sogra. Ela assumiu a posição de provedora da sua sogra Noemi.

Rute é uma mulher determinada e disposta a enfrentar riscos e desafios. Ela disse: “Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça” (Rute 2:2). Contudo, no tempo dos juízes, nem todos eram bem-vindos para colher ou respigar. Rute, porém, não ficou cogitando a possibilidade de ser rejeitada. Ela não aceitou a decretação da derrota antecipadamente. Ela não capitulou ao desânimo de antemão. Mesmo sendo pobre e estrangeira, ela saiu à luta, correu riscos e não teve medo de fracassar. Napoleão Bonaparte dizia que a vitória sem luta não tem glória.

O exemplo de Rute nos ensina que o enfrentamento das crises, e não a fuga delas, é o caminho da vitória. Os tímidos, os medrosos e os preguiçosos sempre darão desculpas para os seus fracassos. Entretanto, os vencedores jamais retrocedem diante das adversidades. Eles estão sempre prontos a correr grandes riscos para alcançar as maiores vitórias.

Deus honrou a decisão, a atitude e o trabalho de Rute. Ela descobriu que Boaz era parente de Elimeleque e, por lei ele poderia se casar com ela e redimi-la. Ele é um tipo de Cristo, o nosso Redentor, que sendo rico se fez pobre para nos fazer herdeiros das suas riquezas (2Co.8:9). Depois de algum tempo Boaz casa com Rute e ela dá à luz a um filho, o qual recebeu o nome de Obede. Mais tarde, Obede se tornou o avô de Davi. O bem que você faz aos outros volta para você mesmo. O que você semeia você colhe. O casamento de Rute com Boaz em Belém foi pavimentado pelo que Rute fez com Noemi em Moabe.

Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes, quando diz que a lei da semeadura e da colheita é uma lei universal que se aplica a todos, em todos os tempos e em todos os lugares. Quem planta mentira, colhe traição; quem planta verdade, colhe lealdade; quem planta ciúmes, colhe suspeita; quem planta confiança, colhe descanso; quem planta inveja, colhe mediocridade; quem planta admiração, colhe grandeza; quem planta amizade, colhe compromisso; quem planta contenda, colhe solidão; quem planta ódio, colhe amargura; quem planta amor, colhe ternura.

A Bíblia diz que quem semeia com lagrimas, com júbilo voltará trazendo os seus feixes (Sl.126:5,6). Quem semeia com fartura, com abundância ceifará (2Co.9:6). Precisamos aprender a semear na vida dos outros. Precisamos ser generosos em nossas ações, pródigos em nossos elogios e transcendentes em nossas reações. Precisamos abençoar, em vez de maldizer; perdoar, em vez de agasalhar no peito a mágoa; exercer misericórdia, em vez de esmagar aqueles que já estão feridos como cana quebrada.

Rute deu da sua pobreza à sua sogra. Ela semeou do pouco que tinha na vida da sua sogra, e Deus multiplicou a sua sementeira. Você nunca é tão pobre que não possa semear na vida das outras pessoas. A alma generosa prosperará. Quanto mais você dá, mais você tem para dar. Quando você retém mais do que é justo, isso é pura perda. Quando você acumula mais do que pode usar, seus tesouros são entregues à traça e à ferrugem. Pense nisso!

CONCLUSÃO

Rute nos ensina que só Deus satisfaz. Apenas Ele oferece refúgio verdadeiro. Rute nos ensina que o refúgio do homem é insuficiente, é fraco e incapaz de nos dar segurança. O dinheiro não satisfaz. O casamento não satisfaz. As vitórias terrenas não são suficientes. Essas coisas, por mais excelentes, não podem ser um substituto de Deus em nossa vida. Precisamos buscar abrigo em Deus e nas coisas de Deus. Tomar decisões sem consultar a Deus e sem seguir Sua orientação é fazer escolhas para o desastre. Escolher os caminhos mais fáceis na hora da crise nem sempre é a decisão mais segura. Nossa confiança precisa estar no provedor mais do que na provisão. Quando as coisas nos faltarem, precisamos nos alegrar em Deus como fez o profeta Habacuque (Hc.3:15-17).

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Revista Ensinador Cristão – nº 68. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Quatro homens, um destino.

Pr. Elienai Cabral. O Deus da Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio ás crises. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Rute, uma perfeita história de amor.