domingo, 28 de agosto de 2011

Aula 10 - A ATUAÇÃO SOCIAL DA IGREJA

Texto Básico: Isaias 58:6-8,10,11; Tiago 2:14-17

“Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”(1João 3:17,18).

INTRODUÇÃO
O binômio evangelização-ação social são duas atividades complementares da igreja. Infelizmente, muitos evangélicos fazem uma dicotomia entre esses elementos, considerando-os como mutuamente excludentes. Acham que a igreja deve preocupar-se apenas com atividades “espirituais” ou religiosas, como a evangelização, deixando a esfera social para outras instituições, principalmente o Estado. Entendemos que a evangelização e a ação social são partes essenciais e complementares da missão da igreja no mundo. Cremos existirem abundantes argumentos bíblicos que apontam para o fato de que Deus quer dar plenitude de vida às suas criaturas, e essa plenitude inclui tanto o conhecimento de Deus e um relacionamento vital com ele, quanto o suprimento das necessidades humanas mais fundamentais no plano material. Não só o desconhecimento de Deus, mas também a fome, a doença, a ignorância e a violência são fatores que atentam contra a dignidade humana. Portanto, a evangelização e a ação social devem caminhar lado a lado, como dois aspectos integrais da missão e do testemunho da igreja junto à sociedade.
I. POBREZA: UMA REALIDADE SEMPRE PRESENTE
A palavra “pobre” na Bíblia se refere à pessoa que, por uma tragédia ou injustiça, foi levado à miséria. São os indigentes, os carentes, os favelados, sem teto, sem terra (Mt 5:1-12; Mt 11:28; Lc 16:19-31). Assim, por “pobre” a Bíblia denomina todos aqueles que, de algum modo, foram despojados dos bens e recursos ficando reduzido à escravidão ou à mendicância, incapazes de suprir suas necessidades pessoais e familiares.
A pobreza, sempre presente, é testemunha que, ao longo da história, o ser humano tem falhado nas questões sociais. Além disso, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento não se via uma classe média. O que havia era a classe pobre, que nada tinha, e a classe rica, que possuía bens e terras, separadas entre si por um grande abismo.
O Senhor sempre levantou profetas para denunciar a injustiça social excessiva que, periodicamente, surgia em Israel, precisamente em épocas de maior desvio espiritual (Is 1:17; Jr 22:3; Am 2:4-8), prova de que não admite o conformismo e a omissão como resposta a este estado de coisas. Afinal, se somos o corpo de Cristo, aqui estamos para desfazer as obras do diabo, entre os quais, se encontra a injustiça social (1João 3:8).
Assim como Jesus, não devemos apenas denunciar a pobreza, a miséria e a fome, mas, além de propor soluções para estes problemas, ajudarmos a diminuir esta situação com iniciativas de assistência social, que não seja apenas a “bolsa dos pobres”, que é necessária e que era utilizada por Jesus, mas também levando a essas pessoas necessitadas a ajuda que só a Igreja pode dar, que é a ajuda espiritual, a mensagem de libertação da opressão maior, que é a do pecado.
Para colocar diretrizes ao tratamento das injustiças sociais, o Antigo Testamento e o Novo Testamento apresentam leis, advertências e orientações com relação à exploração dos pobres e injustiçados:
* Ex 21.2: após seis anos de escravidão o devedor está livre do credor escravizante.
* Ex 23.10-11: a cada seis anos o proprietário não poderia plantar na sua terra – era o chamado ano sabático - e no sétimo havia o descanso da terra, sendo que o que crescesse nesse ano não poderia ser colhido pelo proprietário, mas deveria ser deixado para os pobres.
* Ex 23.6: advertência aos juízes para que não pervertam a justiça para prejudicar os pobres.
* Ex 22.21-24: Deus é quem intervém para fazer vingança em favor do pobre.
* Dt 15.7-11: ordena ao povo ser bondoso para com o pobre.
* Dt 24.15-15: ordena o pagamento de salário justo ao pobre.
* Am 2.7; 4.1 e 5.11: condenam a opressão do pobre, os excessos de impostos e a exploração dos pobres.
* Sl 9.18: mostra o cuidado com os pobres.
* Mt 5.3 e Lc 6.20: os pobres são chamados de bem-aventurados.
* Lc 16.19-31: a Parábola do Rico e Lázaro mostra que a riqueza sem justiça e que explora são condenadas por Deus.
* At 2.44-45 e 4.34-37: apresenta a preocupação que se deve ter com os pobres.
* Finalmente, a Igreja deve estar consciente de que “sempre haverá pobres e necessitados no meio dela” (Dt 15:11a; João 12:8) e assim devemos cumprir a ordem divina: ”Livremente abrirás a tua mão para teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra” (Dt 15:11b).
Todavia, é bom ressaltar que ser pobre não é pecado nem ser rico é sinônimo de santidade. Aliás, o pobre o rico foram criados por Deus(Pv 22:2). Não devemos aceitar os exageros da "Teologia da Prosperidade", nem aceitar a "Teologia da Miserabilidade". Devemos nos afeiçoar à porção justa de Agur(Pv 30:7-9).
Creio que Deus tem um plano para cada um de nós desde que nos submetamos a Ele. Assim Deus chama uns para serem pobres e na sua pobreza fazer uma grande obra pra Ele; enquanto também chama pessoas de classe média e alta para O servir. Também vemos que Ele chama ricos e os faz pobres, como chama pobres e os faz ricos, tudo está em Seus planos e o que temos que fazer é nos submeter a eles sem murmuração.
II. QUESTÕES SOCIAIS NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento, uma das funções dos profetas era a denúncia contra a nação quando os necessitados eram negligenciados, pois esse tipo de injustiça feria a santidade de Deus (Jr 34:8-11,16,17).
A injustiça social, o suborno que torcia a justiça para exercer poder contra os pobres, a exploração dos comerciantes sem escrúpulos, o desprezo aos menos favorecidos (órfãos e viúvas), a exploração dos latifundiários, uma vida luxuosa contrastando ostensivamente com a miséria dos indigentes, tudo era alvo da crítica profética (ler Isaías 1:17,23; 3:14-15,18-23; 58:5-10. Miquéias 2:1; 6:8-11; 7:3. Amós 2:6-7; 4:1;5:12-15; 8:4-6).
1. Os ricos e os pobres em Israel. No Antigo Testamento, a riqueza estava concentrada nas mãos dos reis e de suas cortes. Assim, quanto maior luxo havia na corte, maior era a carga de tributos sobre os súditos do rei para financiá-lo. Até mesmo os reinados de Davi e Salomão foram de profundo crescimento da pobreza em função da manutenção do exército e do palácio real, tornando a classe pobre oprimida e injustiçada, especialmente a dos povos dominados. Além disso, os ricos exploravam os pobres tomando suas propriedades em troca de pequenas dívidas, para aumentar suas posses, e os donos primitivos das terras eram vendidos como escravos ou aprisionados por tempo indeterminado.
Os estudiosos da doutrina social bíblica tem chamado essa injustiça inerente a toda sociedade de “pecado social”. Sim, o “pecado social” é uma realidade presente e deve ser combatido pela Igreja, como qualquer outro pecado, mas não devemos nos iludir: o “pecado social” só é combatido pela pregação do Evangelho. O “pecado social” somente poderá ser extirpado quando os homens pecadores forem regenerados, quando nascerem da água e do Espírito. Por isso, a salvação individual de cada pessoa continua a ser a única forma pela qual a Igreja pode combater o “pecado social”, que, como sabemos, somente será dissipado quando o próprio Jesus reinar sobre a Terra, quando, então, “a misericórdia e a verdade se encontrarão; a justiça e a paz se beijarão”(Sl 85:10).
Todavia, o fato de que o “pecado social” só será extirpado quando do reino milenial de Cristo, não impede nem dispensa a Igreja de lutar para que haja melhorias na vida em sociedade, para que a injustiça e as desigualdades sociais sejam diminuídas. Jesus dá-nos o exemplo, pois, embora confirmasse que os pobres sempre existiriam (Mt 26:11; João 12:8), nem por isso deixava de ter uma bolsa para ajudar os pobres (João 12:5,6).
Há, ainda, entre os crentes, quem defenda que a prosperidade material é um indicador de que a pessoa é abençoada, que a pessoa está em comunhão com Deus, que está em virtude de uma superioridade espiritual frente aos demais homens. Este era um conceito corrente na Antigüidade e que, mesmo entre os cristãos aqui no Ocidente, obteve acolhida. Entre os judeus dos tempos de Jesus, por exemplo, notamos como era forte este entendimento, pois houve admiração até entre os discípulos quando Jesus afirmou que os ricos teriam dificuldades para entrar no reino de Deus (cf. Mt 19:23-26).
Muitos pensam que se a pessoa não for rica, se a pessoa não tiver abundância de bens materiais, não estará demonstrando que tem comunhão com Deus, nem tampouco que seja verdadeiro filho de Deus. No entanto, não é isso que a Bíblia está a dizer em todo o seu conteúdo. Deus pode, sim, abençoar com bênçãos materiais, mas isto não é um critério para demonstração de comunhão com Deus, nem de superioridade espiritual. Não há qualquer garantia de prosperidade material para os servos de Deus. Deus promete é um galardão nos céus, não na terra (cfr. Mt 6:19-21). Como bem afirmou Jesus, “a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui” (Lc 12:15).
Não se está aqui afirmando que o cristão não deve procurar uma melhoria de vida, um melhor emprego, capacitar-se para obter melhores posições, mas, afirmando que não devemos colocar como alvos únicos e exclusivos de nossas vidas uma prosperidade material(ler Pv 27:24). Nunca nos esqueçamos que, se cremos em Cristo só para esta vida, seremos os mais miseráveis de todos os homens!(1Co 15:19).
2. A escravidão em Israel (Dt 15:12-18). A escravidão fazia parte do cenário contemporâneo, mas a legislação mosaica modificou seus rigores e tomou providencias para seu fim em condições generosas.
Depois de servir por seis anos(15:12), o escravo receberia alforria no sétimo. De acordo com o versículo 14, com os presentes do rebanho, da eira e do lagar do seu senhor, o escravo liberto começaria a vida com o suficiente para ter independência. Este ato humanitário reconhecia que cada pessoa foi criada por Deus e tinha valor e dignidade. Há três motivos para o senhor do escravo fazer assim: primeiro, porque ele próprio é tratado generosamente pelo SENHOR (15:14); segundo, ele, ou seus antepassados, foram escravos no Egito e o Senhor os resgatou(15:15); e terceiro, tendo o ex-escravo como membro permanente da casa, ele recebeu duas vezes o benefício de um jornaleiro(15:18; “trabalhador contratado”, NVI), que trabalhava somente em horários ajustados.
Hoje não possuímos escravos, mas as instruções do Senhor ainda se aplicam a nós. Precisamos tratar nossos empregados com respeito e justiça econômica. Os empregadores que, realmente, são servos de Deus devem assalariar seus empregados de acordo com a reta justiça, não se contentando em cumprir a lei, mas em ser justo, o que é coisa bem diversa, mormente quando sabemos que, nos últimos tempos, a exploração dos trabalhadores tem aumentado cada vez mais e as implicações da economia e da política têm impedido que o salário mínimo, por exemplo, seja o que deveria ser, nos termos da legislação.
É profundamente lamentável que, nos nossos dias, poucos, muito poucos têm se comportado desta maneira entre os empresários que se dizem cristãos. Para eles, a lei da concorrência, as regras do mercado, este novo “deus” que tem guiado os patrões, estejam acima do que ensina a Palavra de Deus. No entanto, não devemos agradar aos homens nem nos conformarmos com o sistema do mundo pecaminoso, mas, sim, obedecermos à Palavra do Senhor. Deus é o dono do ouro e da prata, não o mercado. Deus tem o controle de todas as coisas, não o mercado. Assim, patrões crentes, obedeçam a Deus e não ao mercado. Sejam justos e equânimes com os seus empregados e, certamente, o Senhor lhes recompensará!
3. O socorro aos pobres. Quando os israelitas estavam para entrar na Terra Prometida, Deus ordenou-lhes que ajudassem os pobres que viessem a conviver com eles( ler Dt 15:11). Esta era uma importante ação a ser observada no momento da posse da terra.
Muitas pessoas pensam que os pobres são menos favorecidos por causa de seus atos pecaminosos. Este tipo de raciocínio faz com que elas fechem seu coração e sua mão para os necessitados. Mas não devemos inventar desculpas para ignorar o pobre. Precisamos suprir as necessidades deles sem questionar quem ou o que foi responsável por essa condição.
Quem são os pobres em sua comunidade? Como sua igreja pode ajudá-los? Deus observa nossa atitude e desejo de ajudar os pobres e necessitados. Devemos usar nossos recursos materiais para ajudar os realmente necessitados. O espírito de cobiça e de egoísmo que não se preocupa com as necessidades dos outros, priva-nos da bênção de Deus (Dt 15:9,10).
4. Modelos Bíblicos para socorro aos pobres, no Antigo Testamento:
a) O ano do jubileu (Lv 25:10-17).
Significava que ao fim de cada período de 50 anos a terra voltava aos donos originais sem qualquer pagamento. Ocorria que algumas pessoas, por circunstâncias variadas (doenças, morte da pessoa que sustentava a família, endividamento ou até pela falta de capacidade – física ou administrativa), eram obrigadas a vender sua terra.
A terra, portanto, não podia ser vendida definitivamente (Lv 25:23), pelo fato de Deus ser o proprietário absoluto de toda terra. No período anterior e posterior ao Jubileu a terra podia ser vendida ou comprada, porém, o que era comprado ou vendido, era o direito de usufruto e não a terra em si (Lv 25:16). A pessoa assim, adquiria o direito de plantar e colher consciente de que no jubileu toda terra adquirida voltava, gratuitamente, aos donos originais ou seus descendentes.
b) O Ano Sabático (Ex 23:10,11; Lv 25:1-7). Tinha dupla função: humanitária e ecológica. Ao final de cada período de 6 anos o proprietário deveria deixar a terra em repouso. O que estivesse plantado deveria ser deixado e os frutos não deveriam ser colhidos pelo dono. Eram deixados para que os pobres da terra tivessem como se alimentar.
Também, no ano sabático eram libertos todos os escravos. As situações de pobreza provocavam endividamentos e isto forçava muitos hebreus a se venderem ou a seus filhos como escravos (cf. Ne 5). No ano sabático todos deveriam ser libertos (Dt 15:12-18). É muito interessante notar que os escravos libertos não deveriam ser despedidos de mãos vazias (cf. Dt 15:13,14). Além disso, no ano sabático todas as dívidas deveriam ser canceladas (Dt 15:1-6).
Não era permitido a um hebreu escravizar outro hebreu nem tratá-lo com tirania (Lv 25:39,40,43), Mesmo assim, há registros de tal ocorrência no livro de Neemias (cap. 5).
c) O Dízimo Trienal (Dt 14:28,29). De em 3 em 3 anos o povo deveria tirar o dízimo de tudo quanto havia produzido em sua terra e colocá-lo à porta para que os levitas, os estrangeiros, o órfão e a viúva se alimentassem.
d) A Lei da Rebusca (Lv 19:9,10). Obedecendo a essa lei, na época da colheita o agricultor não deveria colher todo o seu fruto, mas deveria deixar algum “para o pobre e para o estrangeiro” (cf. Rt 2:2,3,7). Pode-se ver aqui que, apesar de ser um direito dos pobres, dependia da boa vontade dos proprietários.
Todas essas recomendações demonstram o cuidado de Deus para proteger os mais pobres ou, mesmo evitar que as pessoas chegassem a situações de necessidades extremas. Assim também, o povo de Deus hoje precisa encaminhar projetos que amenize o sofrimento das pessoas mais carentes.
III. O NOVO TESTAMENTO E A AÇÃO SOCIAL DA IGREJA
Se tomarmos o exemplo da Igreja Primitiva, veremos o quanto ela atentou às necessidades do seu tempo e realizou um trabalho social que beneficiou muitas pessoas (At 2:42; 4:32), e o apóstolo Paulo incentivou a coleta de recursos que amparassem as necessidades da Igreja em Jerusalém quando esta passava por um período de sérias provações (Rm 15:25-29). Além de assistir os domésticos da fé, o serviço social nos move para fazer melhor as boas obras. Isso não significa que essas ações tenham o poder de nos salvar, e sim que, por sermos salvos, fazemos boas obras para agradar a Deus e partilhar o que temos com aqueles que pouco tem.
1. A Prática de Jesus. Jesus estabeleceu uma comunidade de discípulos cujo relacionamento se baseava no amor e na partilha.
a) Eram recolhidas ofertas/doações para os pobres. Essa comunidade dispunha de uma bolsa comum onde eram recolhidas ofertas/doações que eram administradas por Judas Iscariotes. Dessa bolsa, sob as ordens de Jesus eram feitas doações aos pobres (cf. João 12:6; 13:29). Algumas mulheres seguidoras do Mestre colocavam seus bens a serviço dessa causa (cf. Mc 15:40,41; Lc 8:1-3).
b) A proposta de Jesus ao jovem rico (Lc 19:16-22). Aqui Jesus propõe ao jovem uma alteração radical no seu estilo de vida que trazia implicações profundas na área financeira: repartir com os pobres.
c) A multiplicação dos pães e dos peixes (Mc 6:30-44). Ao multiplicar estes elementos Jesus se utiliza do pouco que alguém se dispôs a partilhar. Partilhar o que se tem mexe com o nosso egoísmo. Alguns intérpretes acham que o que ocorreu nessa ocasião foi que todos se dispuseram a dar do pouco que tinham e a grande lição que Jesus queria ensinar é que a disposição para repartir o que se tem promove o suprimento de todos.
2. O Exercício dos Ministérios Sociais nos primeiros tempos da Igreja. A preocupação com ministérios sociais é natural à fé cristã e essa marca distinguiu os cristãos desde o princípio. Nos primeiros três séculos da Igreja essa preocupação se configurou no surgimento de diversas atividades cujo objetivo era socorrer pessoas em situações extremas (viúvas, órfãos, encarcerados, etc.).
a) Socorro a órfãos e viúvas. As comunidades cristãs assumiram como tarefa básica de seus líderes “cuidar daqueles que não tinham ninguém mais para tomar-lhes conta” (HINSON & SIEPIERSKI, s/d., p. 94), cf. Tg 1:27. Por volta do ano 217, Hipólito testava candidatos ao batismo no socorro dispensado às viúvas. Nesse período o infanticídio e o abandono de crianças eram ocorrências comuns no Império Romano. As comunidades cristãs então, envolveram-se na tarefa de recolher e cuidar das crianças abandonadas.
b) Socorro aos doentes, miseráveis e debilitados. Para atender “empobrecidos e negligenciados (...) as igrejas estabeleceram uma estrutura no diaconato...” (HINSON & SIEPIERSKI, s/d., p.95). Para aqueles irmãos negligenciar os pobres era grave pecado e a falta de atenção aos pobres era denominada como “o caminho da morte” (Manual da Igreja Cristã Primitiva).
c) Apoio aos encarcerados e cativos. “Justino classificou a visitação de prisioneiros entre as funções regulares dos diáconos de seu tempo” (idem, p.95). Eventualmente, alguns cristãos se colocaram em prisão para libertar outros. Clemente de Roma, afirma que muitos cristãos se ofereceram como prisioneiros para libertar outros (cf. HINSON & SIEPIERSKI, s/d. p. 95).
d) Arranjando empregos eticamente corretos. Quando um indivíduo tinha um trabalho eticamente questionável (gladiadores, por exemplo), a Igreja procurava outro emprego para ele. Quando o emprego não era encontrado imediatamente as igrejas sustentavam essas pessoas através de um fundo comum até que a situação fosse resolvida.
e) Socorro em tempos de calamidades. Quando ocorriam situações de emergências como períodos de escassez de alimentos (2Coríntios capítulos 8 e 9), enchentes, etc. os cristãos sentiam-se naturalmente movidos a buscar meios para amenizar as conseqüências de tais episódios na população, especialmente, os mais pobres.
Podemos dizer, então, que a igreja Primitiva:
Experimentava a verdadeira ortopraxia.
Aliás, ortodoxia e ortopraxia se completam. Para que haja real ortopraxia, é preciso ortodoxia; e para que a ortodoxia gere frutos é necessário que ela seja encarnada na vida, se manifeste nas ações; é necessário que seja algo mais do que mero conhecimento; é necessário que se materialize em ortopraxia. Ortodoxia sem ortopraxia é verdade sem vida; já ortopraxia nem existe em sua plenitude sem ortodoxia, pois não há Vida se ignoramos a Verdade.
Exercia a verdadeira generosidade. Naqueles dias, a Judéia enfrentava tempos difíceis em virtude de uma escassez, que deixou muitos dos santos em grande aflição (At 11:28,29). Esse flagelo ocorreu nos dias do imperador Cláudio César, que reinara de 41 a 54 d. C., isto é, na época do ministério de Paulo na província da Ásia Menor.
Vivemos em uma sociedade marcada pelo individualismo e o egoísmo, onde parece não existir mais lugar para a generosidade. Todavia, ajudar aos necessitados, tanto do ponto-de-vista material quanto espiritual, é um dos elementos do serviço cristão; é um preceito bíblico. Podemos fazer muitas declarações ao Senhor e prometer-lhe obediência e amor. No entanto, é diante do nosso próximo que vamos mostrar se há mesmo amor, benignidade, bondade, etc, em nossos corações. De nada vale o nosso discurso se não há a prática de boas obras palpáveis (Tg 2:14-17).
Experimentava uma verdadeira koinonia. Stott elucida-nos este interessante aspecto da união cristã: “Assim, koinonia é uma experiência trinitária; é a parte que temos em comum com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Mas Koinonia é a palavra que Paulo usou para a oferta que recolheu entre as igrejas gregas, e koinonikos é a palavra grega para generoso”(As disciplinas da vida cristã –CPAD, 2008 –pp 119,120).
CONCLUSÃO
A ação social da Igreja não se limita apenas à “assistência social”, nem pode se circunscrever ao aspecto material. Por isso, não é desculpa a falta de recursos materiais para não se praticar atos de ação social. Quem não pode vestir, dar de comer ou dar abrigo a alguém, pode consolar, instruir, confortar, visitar. A bondade não consiste em dar presentes, mas na doçura e na generosidade do espírito. Pode-se dar dinheiro da algibeira sem nada que venha do coração. A bondade que se contenta com dar dinheiro não vale grande cousa e muitas vezes faz tanto mal como bem, mas a bondade que se traduz por uma verdadeira simpatia e um auxílio oportuno nunca deixa de dar bons resultados.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
HINSON E SIEPIERSKI, Vozes do cristianismo primitivo, São Paulo: Editora Sepal/Temática Publicações, s/d.
Pr.Marcos A M Bittencourt - Responsabilidade Social no Antigo Testamento

domingo, 21 de agosto de 2011

Aula 09 - PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA

Texto Básico: Atos 20:25-32

"Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2Co 11:3).
INTRODUÇÃO
Ao estabelecer a Igreja, Jesus tinha um propósito bem definido, todavia muitos estão se desviando desse propósito e caindo nas muitas ciladas do Diabo. Para que a Igreja preserve sua identidade, ela precisa resguardar-se de situações que coloquem sua autenticidade e essência em risco. Dentre esses perigos, destacamos, conforme nos alerta o apóstolo Paulo:
Ameaças internas: "E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si" (At 20:30). Não é incomum ver, na história da igreja, ataques vindos de dentro da própria instituição. Paulo deixa claro que homens do nosso meio, com o objetivo de atrair seguidores, falarão coisas que irão ferir o próprio Evangelho. Em 2Coríntios 11:26, Paulo descreve que, dentre os diversos perigos pelos quais passou, sofreu com os chamados falsos irmãos: "Em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos".
Ameaças externas: "Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho" (At 20.29). Paulo sabia que, depois de sua partida, a igreja sofreria ataques de falsos mestres, lobo em pele de ovelha, que se infiltrariam no rebanho e não teriam misericórdia. Isso tem acontecido em muitas igrejas, onde homens sem temor a Deus entram sem serem impedidos pregando falsas doutrinas e desviando da fé muitos incautos.
Sem dúvida nenhuma, vivemos tempos trabalhosos e difíceis, por isso precisamos orar, vigiar, estudar e meditar na Palavra de Deus a fim de manter nossa identidade como Igreja do Senhor.
I. O QUE É A IGREJA
A Igreja (o Corpo de Cristo) é formada por pessoas oriundas de todas as nacionalidades, culturas e etnias, que, pelo sangue de Cristo, passam a ter comunhão com Deus, perdoados que estão dos seus pecados, um povo espiritual, assim como o seu Senhor, um povo destinado a se reunir aos santos do passado para povoar a Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, onde se reeditará a comunhão eterna e perfeita que havia entre Deus e a humanidade antes que o pecado entrasse no mundo (Ap 21:3). “A Igreja é a herdeira da Cruz”.
1. Definição. A palavra igreja vem do grego “ekklēsia”. O termo, literalmente, refere-se à reunião pública, ou assembléia regularmente convocada, cujo objetivo é congregar-se para deliberar sobre o bem comum(Mt 18:17; At 15:4).
A palavra “ekklesia” foi utilizada na Versão Grega do Antigo Testamento (a chamada Septuaginta) para traduzir a palavra hebraica “qahal”, que as nossas versões em língua portuguesa costumam registrar como “congregação”, nome pelo qual era conhecida a reunião do povo de Israel, principalmente no tempo da peregrinação no deserto, quando Moisés costumava chamar todo o povo para algumas reuniões solenes à frente do tabernáculo que, por isso mesmo, era denominada de “tenda da congregação” (Nm 10:1-3). Notamos, pois, que a palavra “igreja” fala de uma “reunião”, ou seja, um grupo de pessoas.
Este significado de “igreja” é o que se chama, também, de “igreja universal”, entendida esta como a reunião de todos os homens que creram em Cristo em todos os tempos, a partir da obra redentora na cruz do Calvário, a “universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb 12:23a), ao “corpo de Cristo” (1Co 12:27; Ef 4:12), a “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1Pe 2:9), o conjunto de todos os que creram em Jesus Cristo ao longo da história e que se reunirá, pela vez primeira, quando do arrebatamento da Igreja, os quais serão apresentados ao Pai pelo Filho com as seguintes palavras: “Eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.”(Hb 2:13).
2. As duas principais dimensões da Igreja. A Igreja não é uma mera organização, mas um organismo vivo. O Novo Testamento mostra que ela é Divina e Terrena. Vejamos:
a) Divina. Concebida ainda antes da fundação do mundo(Ef 1:10), a Igreja é um projeto exclusivamente divino, concebido, executado e sustentado por Deus. Ela foi revelada por Jesus na famosa “declaração de Cesaréia”. No entanto, somente teria existência própria a partir do instante em que Jesus subiu aos Céus, assentando-se à direita de Deus, visto que a igreja é “o Corpo de Cristo”. É por isso que podemos ter a certeza, e a história tem demonstrado isto, que nada pode destruir a Igreja. Durante estes quase dois mil anos em que a igreja tem participado da história da humanidade, muitos homens poderosos se levantaram contra a Igreja, tentaram destruí-la e não foram poucas as vezes em que se proclamou que a Igreja estava vencida. No entanto, todos estes homens passaram, mas a Igreja se manteve de pé, vencedora, demonstrando que não se trata de obra humana, mas de algo que é divino e contra o qual todos os poderes das trevas não têm podido prevalecer.
b) Terrena. A partir do livro de Atos dos Apóstolos, nos deparamos com a chamada “igreja local”, ou seja, um conjunto de pessoas que dizem crer em Jesus Cristo e que professam a sua doutrina e que se encontram numa determinada localidade. É uma reunião de pessoas que, chamadas por Deus, passam a obedecer às Escrituras e aos ensinos do Senhor Jesus, e, por isso mesmo, pregam a Cristo e ensinam a Palavra de Deus a todos quantos vivem naquele determinado lugar.
O significado de Igreja Local surge, pela vez primeira, em At 8:1, quando se fala na perseguição que se iniciou contra “a igreja que estava em Jerusalém”, para, logo em seguida, dizer que os membros desta igreja foram dispersos, com exceção dos apóstolos, passando a pregar a Cristo em todos os lugares, começando a narrativa por Samaria, para onde fora Filipe. Neste significado, encontramos a palavra “igreja” no plural, como se lê, por exemplo, em At 9:31, que fala das “igrejas em toda Judéia, e Galiléia, e Samaria”. A “igreja local”, portanto, é um grupo social, uma reunião de pessoas, uma partícula da “igreja universal”, do “corpo de Cristo”.
3. Sua identidade. Há dois elementos principais, registrados na Bíblia Sagrada, que identificam a Igreja de forma contundente: o Amor e a Santidade.
a) O Amor. Deus nos amou (João 3:16), e nos deu, juntamente com a salvação, o dom de amar. Muito além do amor romântico, de um sentimento, o verdadeiro amor ultrapassa essas barreiras e é parte da personalidade do cristão.
Como está escrito no “Manual Bíblico de Halley”, "o amor é a arma mais eficaz da igreja. O amor é a essência da natureza de Deus. O amor é a perfeição do caráter humano. O amor é a força mais poderosa e determinante do universo inteiro. Sem o amor, nenhum dos vários dons do Espírito teria proveito". O amor é cartão de identidade do cristão.
Nestes “últimos dias”, o desamor é uma constante e, em virtude disto, os dias são repletos de violência, pois a vida humana é vilipendiada, já que não há amor a Deus e, conseqüentemente, não há amor ao próximo. O homem é menosprezado e se desenvolve, entre os homens, uma verdadeira “cultura da morte”.
b) A Santidade. Acima de todas as coisas, a Santidade é a prioridade de Deus para os seus seguidores (Ef 4:21-24). Ser santo é ficar perto de Deus, e de todo o coração, buscar sua presença, sua justiça e a sua comunhão.
A Santidade foi o propósito de Deus para o seu povo quando Ele planejou sua salvação em Cristo(Ef 1:4). A Santidade foi o propósito de Cristo para seu povo quando Ele veio a esta Terra(Mt 1:21; 1Co 1:2,30). A Santidade foi o propósito de Cristo para seu povo quando Ele se entregou por eles na cruz(Ef 5:25-27). A Santidade é o propósito de Deus, ao fazer de nós novas criaturas e nos conceder o Espírito Santo(Rm 8:2-15; Gl 5:16-25; Ef 2:10). Sem Santidade, ninguém poderá ser útil a Deus(2Tm 2:20,21). Sem Santidade, ninguém terá intimidade nem comunhão com Deus(Sl 15:1,2). Sem Santidade, ninguém verá o Senhor(Hb 12:14; Mt 5:8).
Os crentes primitivos pela sua vida de santidade, pela sua comunhão com o Senhor, geravam temor, respeito e estima entre os incrédulos. Hoje, infelizmente, muitos dos que cristãos dizem ser, não tem mais esta identidade. Nos dias em que vivemos, não se pode sequer definir o perfil de um salvo, pois há “evangélicos”, “crentes” de todos os tipos, de todos os gostos, “de todas as tribos”. Quem poderia imaginar, há alguns anos atrás, que haveria “blocos carnavalescos evangélicos”? Quem poderia dizer que haveria o “heavy metal rock evangélico”? E “evangélicos” que posam nus para revistas eróticas ou que apresentassem programas eróticos nos meios de comunicação? Isto para não falar de “evangélicos homossexuais”, “novenas evangélicas”, “amuletos evangélicos” (sal grosso, rosas ungidas, óleo santo etc.), “samba evangélico”, “comunicação com santos do Paraíso”, “cultos evangélicos dirigidos por anjos” e tantos outros modismos que têm invadido e confundido muitos que dizem ter sido salvos por Jesus e deixado o pecado. A causa de tudo isso é a falta de discernimento entre o que é santo e o que é profano. Isso é terrível! Isso é uma ameaça à identidade da Igreja!
II. A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DA IGREJA
1. Na pregação e no ensino do Evangelho.
As duas principais missões da Igreja no mundo são a evangelização e o ensino da Palavra de Deus. Elas representam, respectivamente, o relacionamento horizontal: igreja e o mundo; e o relacionamento central: igreja e seus membros. Quando os cristãos têm consciência dessas missões, passam a entender que sua existência gira em torno delas.
Na exposição da mensagem do Evangelho é necessário ter convicção da verdade apresentada. A pessoa que comunica a verdade do evangelho precisa ter muita certeza para poder comunicá-la efetivamente. Então, o Evangelho poderá ser recebido como palavra de Deus (ler 1Ts 2.13).
Muitos obreiros acham que para pregar o evangelho não é necessário aprender a doutrina bíblica. Acham que o aprendizado sistemático da Palavra de Deus é perda de tempo. Acham que o Espírito Santo os ensinará no momento da pregação. Isto é uma aberração! O espírito Santo jamais ajudará obreiros preguiçosos, que não estudam a Palavra de Deus.
É bom observar o belo exemplo de Epafras; ele foi um grande missionário. Além de fundar a igreja de Colossos foi também o fundador das igrejas de Laudicéia e Hierápolis. Tudo indica que ele se converteu ao evangelho pela pregação de Paulo, por isso Epafras deve ter se formado na teologia paulina, de modo que estaria bem preparado para ser um missionário e mestre. Ele era um obreiro zeloso, pois se preocupava com o estado espiritual das igrejas que havia aberto orando por elas (Cl 4:12).Era também um obreiro que pregava e ensinava o evangelho genuíno, pois no início da epístola aos Efésios Paulo afirma que Epafras fora um missionário que havia pregado a “palavra da verdade do evangelho” e que havia incutido na mente dos crentes a “esperança reservada nos céus” (Cl 1:5). Era também um mestre preocupado com o ensino da sã doutrina (Cl 1:7), e o próprio Paulo escrevendo a Timóteo afirma que o verdadeiro líder deve estar apto para ensinar (1Tm 3.2). Portanto, Epafras foi um líder preocupado com a vida espiritual de seus liderados, ele tinha zelo por eles. Que isto sirva de exemplo aos nossos líderes atuais.
2. No amor cristão. Outro fator determinante de uma Igreja forte é sem dúvida a demonstração de amor que os membros manifestam uns pelos outros. Mesmo que haja atritos entre os irmãos, esse sentimento funcionará como o adesivo, unindo as partes conflitantes sem causar feridas.
Jesus ensinou aos seus seguidores que o amor evidencia a comunhão com Ele e com o Pai: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:35). Somente através de Jesus Cristo o amor de Deus é derramado em nossos corações, levando-nos a cumprir o conselho do apóstolo João de amarmos uns aos outros (1João 3:23).
3. Na defesa da fé. Cada crente deve preservar a doutrina de Cristo, lutando contra as várias distorções e heresias que surgem a cada dia (2João vv.9,10; 1Tm 6.3-5). Somente poderemos defender a santíssima fé se nos dedicarmos com afinco a estudo da doutrina bíblica. Timóteo permaneceu em Éfeso a pedido de Paulo para que aconselhasse que não fosse ensinada “outra doutrina”(1Tm 1:3). A doutrina bíblica não pode ser modificada, substituída ou anulada por supostas revelações, visões e profecias (At 20:27-30; 1Tm 6:20). Timóteo, também, foi incentivado a defender a sua fé: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante muitas testemunhas”(2Tm 6:12). Aqueles que conhecem os fundamentos básicos da fé cristã podem defender suas convicções à luz da Palavra de Deus, como também aplicar as verdades à sua vida.
Saibamos que nossa fé é atacada por inimigos e questionada por pessoas sinceras e desejosas de respostas. Conhecendo bem a doutrina, podemos “responder, com mansidão e temor, a razão da esperança” que há em nós(1Pe 3:15).
III. ALGUNS PERIGOS QUE AMEAÇAM A IGREJA
1. A perda e o esfriamento do amor.
Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres”(Ap 2:4,5). Estas palavras foram dirigidas a Igreja de Éfeso, aquela que representou os cristãos até o ano 100 depois de Cristo. Quando estas palavras foram proferidas muitos dos seus fundadores já haviam morrido e a maioria dos crentes da segunda geração havia perdido seu zelo por Deus. Era uma igreja muito ocupada. Seus membros faziam muito em beneficio próprio e da comunidade, mas estavam agindo de acordo com motivos errados. A obra de Deus deve ser motivada pelo amor a Deus; caso contrário, não durará.
Há pouco tempo a Igreja evangélica viveu momentos de grande avivamento espiritual, mormente a Assembléia de Deus, no que tange ao movimento pentecostal, em que os deleites espirituais da igreja primitiva foram vivenciados. Mas, qual a igreja de Éfeso, à medida que as gerações vão sendo sucedidas por outras, a igreja vai mudando o seu ritmo e sua maneira bíblica e apostólica de viver. Muitos falsos pastores e mestres têm surgido e tem causado tremendos prejuízos espirituais à Igreja.
Deus está alertando a igreja de hoje como o fez com a igreja de Sardes: “... Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto. Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti”(Ap 3:1-3).
"Tens nome de que estás vivo, e estás morto". Na sociedade daquele tempo, ou até mesmo entre os crentes, Sardes era considerada uma Igreja viva. Até tinha evidências de um avivamento. Porém, aos olhos de Deus, havia lá muito material “necrosado”, “morto”. A Igreja estava morta espiritualmente. Assim são muitos crentes e muitas Igrejas locais atualmente. Muitas vezes, há nelas uma "aparência" de avivamento, um barulho "santo", mas é só barulho, são só lampejos de um verdadeiro avivamento. Deus alerta seus filhos para que despertem: "Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará"(Ef 5:14).
“Sê vigilante”. O Senhor está dizendo à Igreja: “Desperta dessa anestesia espiritual!”. O Apóstolo Paulo disse a Timóteo: "Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados”(2Tm 3:13). Numa Igreja que tem aparência de viva, mas está morta, não há frutos, arrependimentos, santidade, ética, caráter... Uma Igreja assim precisa de uma reforma, de um novo começo, precisa voltar ao primeiro amor.
"...e confirma o restante, que estava para morrer". Na Igreja de Sardes, as poucas coisas que ainda viviam já estavam à beira da morte, mas poderiam ser salvas, mediante uma pronta intervenção do Senhor da Igreja. A aparência e as formas estavam bem, mas precisavam ser trocadas pelo poder e pela dedicação. Temos aqui também, um grande perigo. Muitos já morreram na vida cristã. Mas outros há que estão morrendo em sua passividade. É necessário interromper este "sono letal", esta "morte lenta", esta “mornidão espiritual”, que atinge um certo número de irmãos no seio da Igreja local nos dias hodiernos. Nosso amor por Jesus deve ser puro, sincero e ardente (Mt 15:8). Voltemos, pois, imediatamente ao primeiro amor.
2. A perda do temor a Deus. Num mundo onde impera o relativismo moral e ético, corremos o perigo de perder o temor e a reverência ao Altíssimo. Ser temente a Deus não é ter medo de Deus, mas, muito pelo contrário, é ter respeito a Deus, comportar-se de modo que se reconheça que Deus é o Senhor e que nós somos apenas Seus servos.
Ser temente a Deus é reconhecer que Deus deve guiar nossos passos e que nós devemos obedecer-lhe, simplesmente porque Ele é o Senhor. Aqui repousa, aliás, a própria moralidade do servo do Senhor. Fazemos ou deixamos de fazer algo não porque tenhamos medo de Deus, mas porque reconhecemos que Ele é o Senhor e que a Ele cabe ordenar os homens sobre o que deve ser feito ou não.
Ser temente a Deus é ser dependente de Deus, é negar o convite feito pelo inimigo de sermos auto-suficientes e de querermos ser "pequenos deuses", dizendo, para nós mesmos, o que é certo ou o que é errado, exatamente a mensagem satânica que está sendo disseminada no mundo, atualmente sob a roupagem do movimento Nova Era.
Alguém com verdadeiro temor a Deus deseja andar de acordo com a vontade divina e cumprir os ensinamentos da sua santa Palavra. Não seria nenhum exagero afirmarmos que não cometeríamos muitas das nossas transgressões se, de fato, houvesse em nosso coração um autêntico e sincero temor ao Senhor. Com o mesmo temor ao Senhor, os opressores não oprimiriam, os injustos não fariam injustiças, os corruptos não agiriam despudoradamente e os ímpios mudariam de vida.
Jó era temente a Deus(Jó 1:1), reconhecia em Deus o senhorio sobre o universo e sobre a sua vida e, por isso, aborrecia o mal (Pv 8:13). A Bíblia diz que o temor do Senhor é o princípio do conhecimento (Pv 1:7), é o princípio da sabedoria (Sl 111:10). É no temor de Deus que Jó depositava a sua confiança (Jó 4:6), não sendo diferente conosco nestes dias(Pv 14:26), pois, ao temermos a Deus, sabemos que Ele é soberano e tem o absoluto controle sobre todas as coisas, o que nos deixa tranquilos quanto à Sua bênção sobre nós e o cumprimento de Suas promessas a nosso respeito.
Só poderemos alcançar a pureza se tivermos o temor do Senhor, pois só Ele é limpo (Sl 19:9). Não temer a Deus é ser ímpio e, portanto, sem qualquer parte com o Senhor e com a vida eterna (Sl 36:1;Rm 3:12-18).
3. A perda da humildade.Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda humildade...”(Ef 4:1,2). Humildade é uma condição necessária para todo aquele que quer viver como salvo. Pelo que se pode observar, entre os crentes da Igreja primitiva não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32). Aqueles cristãos primitivos sabiam que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “... Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes...”(Tiago 4:6). Neste mesmo sentido ensinou, também, o Apóstolo Pedro, dizendo: “... revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”(1Pedro 5:5). Ainda sobre a humildade escreveu Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3).
Nestes dias pós-modernos, muitos são os que permitiram o orgulho tomar conta de seus corações. Eles se esquecem de que tudo neste mundo é efêmero: riqueza, fama e poder. Por conseguinte, quando o crente perde a simplicidade cristã torna-se orgulhoso e insuportável, inclusive para o próprio Deus. Vigiemos para que jamais venhamos a perder a humildade, pois a "soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra" (Pv 29:23).
CONCLUSÃO
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobreviverão tempos trabalhosos
”(2Tm 3:1). Nos “tempos trabalhosos” dos “últimos dias” Paulo não se refere a perseguições, mártires, prisões, mas fala de convulsões internas. Nessa época, o perigo estaria dentro ou no seio da própria igreja local. Esses “tempos trabalhosos” seriam caracterizados por um período de Apostasia cada vez mais intenso, bem como de uma crescente corrupção moral. Conforme 2Timóteo 3:1-5, Paulo enumera cerca de vinte diferentes aspectos da reprovação que iria caracterizar uma boa parte das lideranças da “Igreja”, para depois afirmar que “... os homens maus e enganadores irão de mau para pior, enganando e sendo enganados”(2Tm 3:13). Assim, olhando para a Bíblia, e olhando para o chamado “mundo evangélico” temos a impressão de estarmos vivendo aqueles “últimos dias” referidos por Paulo.
Tenhamos cuidado para não perdermos a identidade de verdadeiros cristãos. Conservemos a sã doutrina, pois o Inimigo tenta macular a Igreja de Cristo mediante as heresias, modismos e costumes mundanos, através de influencias externas e, principalmente internas. Sigamos o conselho de Paulo a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem" (1Tm 4:16).

Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco – A secularização da Igreja

domingo, 14 de agosto de 2011

Aula 08 - IGREJA – AGENTE TRANSFORMADOR DA SOCIEDADE

Texto Básico: Marcos 2:13-17; Atos 2:37-41
E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores”(Mc 2:17)

INTRODUÇÃO
Dada a importância da igreja no propósito de Deus, ela é chamada para ser o principal agente do reino de Deus no mundo. Para que isso aconteça, a igreja e seus membros precisam manifestar os sinais do reino, ser instrumentos do reino na vida das pessoas, da sociedade, do mundo. Sempre que a igreja busca em primeiro lugar a glória de Deus, fazer a vontade de Deus, viver uma vida de humildade, amor, abnegação, altruísmo, solidariedade, santidade, etc., ela se torna agente transformador da sociedade e instrumento inabalável do reino de Deus.
I. A IGREJA E A SOCIEDADE
1. O que é uma sociedade.
O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada. A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico”(Wikipédia)
Ao decidir que o homem não poderia viver só, Deus criou a família(Gn 1:28), formando uma mulher, tirada do homem, para que, por meio da família, pudesse se constituir a sociedade. A família é a “célula-mater” da sociedade, ou seja, é a única origem possível para uma sociedade, é o grupo fundamental da sociedade e, como tal, deve ser tratada. Sem a família a sociedade desaparece.
A Bíblia ensina que não há como sustentar-se ou manter-se uma sociedade sem que se fortaleça a família, sem que a família tenha a devida proteção e seja honrada pelos demais grupos e estruturas sociais. A destruição da família implica na destruição da sociedade e o que vemos, na atualidade, é exatamente este processo de destruição. O inimigo de nossas almas tem atacado particularmente a família, pois sabe que, destruída a família, a um só tempo ele destrói a sociedade e cada integrante da família. A defesa da família e seu fortalecimento, portanto, é atitude que deve nortear todas as ações de cada crente em particular e da Igreja na vida em sociedade.
2. Jesus e a sociedade. Desde a infância, Jesus sabia como agir e interagir numa sociedade organizada (Lc 2:52). Ele era amorosamente amistoso (Lc 2:39-51). Ao contrário dos escribas e fariseus, Jesus não se importava de estar na companhia de publicanos e pecadores (Mc 2:15,16). Para comprovar nossa afirmativa, dentre dezenas, vamos citar quatro exemplos.
a) Jesus presente em Festas - “E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. E foram convidados Jesus e seus discípulos para as bodas“(João 2:1-2). Ele não alegou que não podia aceitar o Convite. Pelo contrário, tendo sido convidado, ele foi. Não era uma festa só para as famílias dos noivos, não! Pelo contrário, eram muitos os presentes, tanto que a provisão de vinho não foi suficiente. Mas, não era somente numa festa de Casamento que ele podia ir. Ele comparecia, também, nas festas de caráter nacional, realizadas em Jerusalém, a Capital de Israel: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba... Então, muitos da multidão, ouvindo essa palavra, diziam: verdadeiramente, este é o Profeta”(João 7:37-40). Ele não vivia escondido do povo, mas, estava no meio dele.
b) Jesus aceitou um convite para jantar, ou cear. O convite foi feito por um fariseu. O Senhor Jesus não teve qualquer dificuldade em aceitar. Ele não fazia acepção de pessoas – “E rogou-lhe um fariseu que comesse com ele; e entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa”. Ele não apenas foi à casa do fariseu como também operou ali um milagre, salvando uma mulher pecadora durante o jantar"(Lc 7:36-38).
c) Jesus comia com publicanos e pecadores. Nenhum Judeu faria isto. Jesus, no entanto, não se preocupava sobre o que iriam falar a seu respeito se o vissem no meio daquela gente de baixa reputação. E, realmente, falaram: “aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: não necessitam de médico os sãos, mas sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9:10-13).
c) Jesus andava sem qualquer receio, no meio da multidão. Jesus não pregava em cabines de vidros à prova de balas, não entrava e saía pelas portas dos fundos, não vivia cercado por seguranças. O cheiro do povo não o incomodava – “... E, indo ele, apertava-o a multidão. E uma mulher que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com remédios todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada. Chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: quem é que me tocou?”(Lc 8:42-45).
Enganam-se aqueles que pensam que para poder servir a Deus, para ser santo, é necessário viver recluso num Mosteiro, ou num Convento. Certamente que quem pensa desta maneira não conhece a oração sacerdotal de Jesus, quando pediu ao Pai pelos seus discípulos, entre os quais nós, hoje, nos incluímos, dizendo: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”(João 17:15).
É entre os homens de todas as camadas sociais sem qualquer distinção, que ele quer que seus discípulos estejam, porquanto os considerou como sal e como luz – “Vos sois o sal da terra...vós sois a luz do mundo”(Mt 5:13-15). Sal guardado à sete chaves e luz acesa no deserto, não faz sentido. Jesus não foi anti-social, não fugiu dos homens, não viveu recluso.
Se somos cristãos precisamos viver como Jesus viveu e fazer como ele fez. Ele quer que sejamos uma benção onde quer que estejamos, um instrumento de libertação de vidas, um agente transformador da sociedade em que vivemos. Para isto precisamos conhecer o segredo de Jesus. Jesus tinha um segredo: ele agia, pensava e sentia de forma diferente da dos homens de seu tempo, mas, vivia entre eles como se fosse igual. Sigamos o exemplo do nosso Mestre!
3. A Igreja na sociedade. Por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas “igrejas locais”, a Igreja acaba tendo de ter um papel importantíssimo perante a sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (João 17:15) e, diante desta realidade, assim como fez nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.
Uma comunidade cristã que não interage com as pessoas à sua volta não completará a Grande Comissão, pois precisa justamente da interação para fazer Deus conhecido. Quando utilizamos essa expressão, não estamos dando a entender que a igreja precisa envolver-se com as práticas do mundo, ou associar-se a ele em seus pensamentos e ações. Não foi esse o projeto de Deus. Se uma igreja se associa com o mundo, acaba se parecendo com ele, perdendo sua característica de agente transformador comissionado pelo Senhor. Quando se fala em a Igreja interagir, isso implica viver e agir com o outro sem perder suas particularidades. Uma igreja pode envolver-se em ações sociais sem comprometer sua vocação e mensagem. Dependendo da sua estrutura, pode prestar assistência social - primeiramente aos domésticos da fé, como ordena a Palavra de Deus - a todos que precisarem, e oferecer-lhes o pão do céu, sempre mostrando que o alimento material é insuficiente sem o espiritual.
II. A IGREJA E A PROTEÇÃO SOCIAL
1. Através da oração.
Um recurso eficaz e poderoso para abençoar e proteger a sociedade é a intercessão do povo de Deus. O apóstolo Paulo adverte-nos da seguinte forma: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam... orações... por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”(1Tm 2:2). Aqui há uma menção especial aos reis e todos os que se acham investidos de autoridade. Eles devem ocupar lugar especial em nossas orações. Em outra passagem, Paulo nos lembra de que as autoridades foram instituídas por Deus(Rm 13:1) e que elas são os ministros de Deus para o nosso bem(Rm 13:4). Esse versículo ganha tom especial quando lembramos que foi escrito na época de Nero. As terríveis perseguições infligidas aos cristãos sob o comando do perverso imperador não abalaram a convicção dos cristãos de que deveriam orar por seus líderes governamentais. O Novo Testamento ensina que o cristão deve ser leal ao governo sob o qual vive, exceto quando o governo ordena que desobedeça a Deus. Nesse caso, a primeira responsabilidade é para com Deus. O cristão não deve se envolver em revoluções ou violência contra o governo. Deve simplesmente se recusar a obedecer a qualquer ordem contrária à Palavra de Deus.
Portanto, orar por todos os homens, incluindo reis e autoridades, é bom por si só e aceitável diante de Deus, nosso Salvador (1Tm 2:3). A omissão presente na Igreja na atualidade com relação à intercessão pela Pátria, seja em rogos, seja em orações, seja em jejuns, seja em ações e gestos de colaboração com o governo e demais segmentos sociais pelo bem-estar da coletividade, é mais uma demonstração da falta de amor que há no seio dos que cristãos se dizem ser.
Muitos têm preferido, na atualidade, fazer “declarações”,determinações” de que tal cidade é do Senhor Jesus, tal bairro é do Senhor Jesus, inclusive se “especializando” em “batalhas espirituais” contra “demônios territoriais”, como se isto fosse suficiente para transformar uma vila, uma cidade ou um país. Não é através de “palavras mágicas” ou “práticas ocultistas” que se conseguirá demonstrar amor pela Pátria, que se intercederá pela Pátria.
2. Por intermédio dos conselhos divinos. Antes da instauração da monarquia em Israel, os profetas eram os únicos canais humanos e legítimos de comunicação entre Deus e o povo. Alguns deles foram conselheiros de reis, vivendo na corte como Daniel e Isaías, cooperando com eles nos assuntos espirituais e políticos. Outros, como Jeremias, tiveram de enfrentar reis e autoridades incrédulas, buscando o bem-estar do povo.
Os profetas falavam em nome de Jeová, Deus de Israel, e suas profecias vinham diretas do Espírito Santo, que dava a eles o discernimento para interpretar os acontecimentos passados, os acontecimentos contemporâneos e os futuros. Além do mais, os profetas de Israel eram profundos conhecedores de seu povo e do sistema político, social e religioso de sua nação. Eles conheciam assuntos da casa real, das políticas interna e externa. Esses mensageiros do Senhor exerciam uma função social de grande importância: denunciavam as injustiças sociais e os pecados do povo, dos governantes e até dos sacerdotes(Jr 2:1 2,1 3,19; 25.3-7; Ml 1:1-2.17). Encontramos Isaias dando orientação sobre política internacional a Acaz(Is 7:3-7). O mesmo aparece com Jeremias(Jr 37:5-9). Daniel ocupou alto cargo na política da Babilônia (Dn 6:2-3). Oséias reprovou a aliança insensata do Reino do Norte com o Egito (Os 7:11) e denunciou os abusos e a luxúria nas festas da coroação dos reis(Os 7:5).
Clamemos a Deus para que levante homens autênticos para que falem ousadamente a sua Palavra. Sim, homens irrepreensíveis, a fim de aconselharem e confrontarem os pecados da nação (Mc 6:17,18).
3. Por meio dos valores cristãos. Nestes últimos dias, há um verdadeiro ataque aos princípios da “moral cristã”, ainda persistentes, sobretudo, no tratamento jurídico da família. Dissemina-se a prática do divórcio, ataca-se violentamente a instituição do casamento, com a legalização e aumento crescente das uniões sem casamento entre as pessoas, sem se falar na chamada “liberação sexual”, que deu guarida e conivência com todo o tipo de prática sexual condenada pelas Escrituras Sagradas, com especial enfoque no homossexualismo. E por falar em homossexualismo, antes era um assunto que gerava polemica e rejeição. Todavia, a TV e o meio artístico, como formadores de opinião tanto para o bem quanto para o mal, colocaram homossexuais em programas e novelas, que são vistos por milhões de pessoas, difundindo a idéia de que ser homossexual é perfeitamente normal, e não uma inversão de valores. Dessa forma, com o afrouxamento moral e das convicções antes tidas por certas, alarga-se a permissividade social e moral.
Esta permissividade no campo da família atingiu a sociedade como um todo, até porque a formação das gerações futuras ficou completamente comprometida, ante a instabilidade surgida com a multiplicidade de casamentos, com as uniões informais e com o aumento da promiscuidade sexual, que levou, inclusive, à legalização da prática do aborto.
A permissividade social é tanta que algumas igrejas ditas evangélicas estão sendo influenciadas pelo curso deste mundo(Ef 2:2). Entretanto, a Igreja não deve se omitir diante de erros que venham de encontro à Lei moral de Deus. A Igreja existe para anunciar o Evangelho, para proclamar a verdade e, como tal, não pode, em absoluto, se omitir quando medidas, atos e decisões forem tomadas em desacordo com a sã doutrina, que venham desestimular os valores cristãos.
Cada vez mais são intensas as investidas dos inimigos do Evangelho em nosso país. Como exemplos, citamos a apresentação de projetos para criminalizar a “homofobia”, para deformar o conceito de família. Vimos, recentemente, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal da união homossexual no Brasil, atropelando com nitidez o artigo 226 da Constituição Federal. A todas essas medidas diabólicas, dentre muitas que estão tramitando no congresso, quando muito, é apresentada uma tardia manifestação dos órgãos de cúpula das igrejas evangélicas, sem que haja uma mobilização permanente e preventiva em defesa da sã doutrina.
Não é comportamento de um cristão genuíno e verdadeiro o confronto, o uso da violência, o desrespeito e a irreverência, que tanto têm caracterizado o chamado “ativismo político”. Entretanto, dentro da lei e da ordem, dentro dos direitos fundamentais da pessoa humana, pode e deve o cristão apresentar suas reivindicações, proclamar o Evangelho e exigir que os governantes observem a Palavra de Deus. Como João Batista, não podemos nos calar ao vermos as “ilicitudes” dos governantes, chamando-os, de modo pacífico, ordeiro, mas firme e com autoridade do Espírito Santo, à verdade, mesmo que isto custe a nossa cabeça (Mc 6:18). Exemplo de reivindicação bem sucedida e que se pautou pelos parâmetros cristãos temos na luta pela concessão de direitos civis aos negros norte-americanos pelo pastor batista Martin Luther King (1929-1968).
Quais pastores têm se levantado contra as ilicitudes dos governantes, de forma clara e contundente? Não tenho visto nenhum, exceto o pr. Malafaia, que tem sido o homem que mais tem combatido os projetos políticos nefastos que tendem denegrir os valores morais cristãos, os padrões morais da Igreja do Senhor e da família, dentre outras cousas. Carecemos desesperadamente de homens destemidos, que não olhem para o seu umbigo, que venham a defender, através dos meios de comunicação, os valores cristãos e os princípios estabelecidos por Deus nas Escrituras Sagradas.
III. A IGREJA E A ASSISTÊNCIA À SOCIEDADE
1. A evangelização.
“[...] Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho”(PACTO DE LAUSAME – CAP.6).
A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra. Não cabe à Igreja julgar os homens e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. O Senhor foi enfático em dizer que toda criatura deve ouvir a mensagem do Evangelho, seja esta pessoa quem for. É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus, Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo, e nós, o que estamos a fazer?
2. A ação social. Somos cônscios que a evangelização é a missão máxima da igreja. Ela deve pregar o Evangelho em tempo e fora de tempo(2Tm 4:2), em quaisquer circunstancias, a todos os povos e etnias, anunciar que Jesus veio salvar o homem, perdoar os nossos pecados e restabelecer a comunhão entre Deus e a humanidade. Todavia, a missão integral da igreja, também, envolve o aspecto social, no qual a Igreja deve ser paradigma para todos os segmentos religiosos.
A Igreja deve estar ciente de que a evangelização e a ação social não são mutuamente exclusivas. Não somente deve manter interesse pela assistência social, mas, também, deve partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão.
A igreja que não está preocupada com os problemas das pessoas e procura somente o bem espiritual de seus membros, negligenciando a necessidade daqueles que estão à sua volta, não tem manifestado o Reino de Deus; não tem sido sal para a Terra, nem luz para o mundo.
3. Restaurando a sociedade. Ao longo da história humana Deus implementou diversas maneiras de tratar com o ser humano sempre no afã de restaurar a sua identidade perdida. Neste período da Graça de Deus está sendo apresentada ao ser humano a mensagem do Evangelho. A mensagem de que “o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou”, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus, restaurando-lhe, assim, a dignidade originalmente concedida na criação, bem como lhe assegurando a vida eterna.
Ao aceitar a mensagem do Evangelho o ser humano passa a se comportar de maneira condizente com a vontade de Deus; passa refletir a respeito dos princípios e valores, que se encontram na Palavra de Deus, em todos os níveis de nossas relações: na família, na igreja, na escola, no trabalho e nas amizades. Isto equivale dizer que o Evangelho de Cristo não visa apenas salvar o homem do pecado e do inferno, mas também levá-lo a agir como instrumento transformador da sociedade na qual acha-se inserido.
CONCLUSÃO
Para que a igreja seja uma verdadeira agente do reino, primeiramente ela precisa refletir sobre a sua relação com Deus, fazer disso a sua prioridade máxima, identificar-se com os seus propósitos, associar-se a ele em sua obra de restauração da criação. A igreja precisa ser teocêntrica, a começar do seu culto. Quando o culto e a vida da igreja são voltados em primeiro lugar para a satisfação de necessidades humanas, e não para a glória e o louvor de Deus, a igreja deixa de ser teocêntrica, e em assim fazendo, não pode ser agente do reino de Deus no mundo.
Além disso, a Igreja jamais deve ignorar a missão que lhe foi dada por Deus. Se isso acontecer, a Igreja negará a sua razão de ser e está sujeita ao juízo de Deus, como aconteceu com Israel. A missão primordial da igreja no que diz respeito ao mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim como fizeram Jesus e os seus discípulos. Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas importantes. Em primeiro lugar, esse evangelho é um convite a indivíduos, famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o arrependimento e a fé em Cristo. Todavia, o evangelho são as boas novas de Deus para todos os aspectos da vida, pessoal e coletiva. Assim sendo, a legítima proclamação do evangelho não vai se limitar ao aspecto religioso e à dimensão individual (experiência de conversão pessoal), mas vai mostrar o senhorio de Cristo sobre todos os aspectos da existência. Além disso, essa proclamação não ficará restrita ao aspecto verbal, mas incluirá ações concretas que expressem amor de Deus pelas pessoas (Tg 2:14-17; 1João 3:16-18). Aí podem ser incluídas muitas iniciativas, que vão desde o socorro a necessidades imediatas até a luta por mudanças estruturais que irão produzir maior justiça na sociedade. Exemplos: auxílio financeiro a pessoas e instituições, trabalho voluntário, mobilização para a criação de leis justas, luta pela ética na vida pública, participação em projetos comuns com outras igrejas e instituições, etc. Portanto, influenciemos e transformemos a sociedade, para que o nome de Cristo seja glorificado entre os homens. Amém!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.


sábado, 13 de agosto de 2011

ROGAÇÃO DE UM PAI









Autor: Desconhecido



No dia em que a velhice estiver chegando, e eu começar a derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar os sapatos, tenha paciência e lembra-te das horas em que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas!

Se quando conversares comigo, eu repetir as mesmas palavras que sabes de sobra como terminam, não me interrompas, só escute...! Quando eras pequeno, para que dormisses tive que contar milhares de vezes a mesma história até que fechasse os olhinhos!

Quando estivermos reunidos e, sem querer, eu fazer minhas necessidades, não fiques com vergonha...! Compreendas que não tenho culpa, pois já não às posso controlar...! Pensa quantas vezes pacientemente, troquei tuas roupas para que estivesse sempre limpinho e cheiroso!

Também não me reproves se eu não quiser tomar banho! Lembra-te dos momentos em que te persegui e os mil pretextos que inventava para ti convencer a tomar banho!

Quando me vires inútil e ignorante frente às novas tecnologias que já não poderei entender, suplico-te que me dês todo tempo necessário, e que não me machuques com um sorriso de superioridade! Lembra-te de que fui eu quem te ensinou tantas coisas: comer, vestir-se e como enfrentar a vida também como hoje tu fazes!

Se estivermos conversando, e eu esquecer do que estamos falando, tenhas paciência e me ajude a lembrar...! Talvez a única coisa importante para mim nesse momento, seja o fato de estares perto de mim, dando-me atenção, e não a conversar propriamente!

Se alguma vez eu não quiser comer, saiba insistir com carinho...! Assim como fiz muitas vezes contigo. Também compreendas que, com o tempo, não terei mais dentes fortes e nem agilidade para engolir!

E quando minhas pernas falharem por estarem tão cansadas, se eu já não conseguir mais me equilibrar! Como ternura dá-me tua mão para me apoiar, como eu fiz quando começastes a caminhar com tuas perninhas tão frágeis!

E, se por acaso, ouvir-me dizer que não quero mais viver não te aborreças comigo...! Apenas entenda que isso não tem nada a ver com teu carinho ou com o quanto te amo. Compreenda que é difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo e que é duro admitir que já não tenho mais o vigor para correr ao teu lado, ou para tomá-lo em meus braços, com antes.

Não te sintas triste ou impotente por me ver assim...! Não olhes com cara de pena...! Trata-me com amor e dá-me somente teu coração, tua compreensão e apoio, como fiz quando começastes a viver. ISSO ME DARÁ FORÇAS E MUITA CORAGEM!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

ATRAINDO A ATENÇÃO DE DEUS ATRAVÉS DA ADORAÇÃO




A adoração sempre atrai a atenção de Deus, é o principal elemento do culto genuíno a Deus. Adorar é prestar culto, é reconhecer o nosso Criador e Senhor como o único e verdadeiro Deus. Enquanto louvar é reverenciar os atributos dele e enaltecer suas qualidades maravilhosas. Sendo assim, o louvor é uma expressão da adoração.

Eu entendo porque Davi é considerado um dos maiores adoradores na Bíblia! Porque ele foi um homem segundo o coração de Deus, que soube reconhecer a glória, a majestade, o poder do Senhor e buscar a vontade do Altíssimo. Davi sabia que só Deus é maravilhoso, que tudo provém dele e que o homem é totalmente dependente do Senhor.

Em 1Crônicas 29:11-14, Davi adorou ao Senhor: “Tua é, SENHOR, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste sobre todos como chefe. E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força epoder; e na tua mão está o engrandecer e dar força a tudo. Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos e louvamos o nome da tua glória. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos”.

Há inúmeros salmos, compostos por Davi, para louvar e adorar a Deus. No Salmo 71:8, por exemplo, vemos a disposição de Davi para adorar ao Senhor diariamente, por isso ele rogou: “Encha-se a minha boca do teu louvor e da tua glória todo o dia”.
No Salmo 34:1, ele prometeu: “Louvarei ao Senhor em todo tempo, o seu louvor estará continuamente na minha boca”.
No Salmo 68:4, exortou o povo de Deus a louvar e adorar também: Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome, louvai aquele que vai sobre os céus, pois o seu nome é Jeová; exultai diante dele.

O povo cristão sabe pedir muito bem. Sabe agradecer mais ou menos. Contudo, é fraco em adorar. De um modo geral, 95% do tempo é gasto na oração é para pedir. São comuns petições do tipo: “Senhor, quero isso. Preciso que me dês"; "Senhor, abra esta porta, porque tu és o Deus da provisão! A prata e o ouro te pertencem"; "Senhor, é a décima vez nessa oração que eu te peço isso. Tu és o Deus todo-poderoso. Tu não me deixarás envergonhado. Eu sou fiel a ti, Senhor, inclusive nos dízimos e nas ofertas". Quando está para finalizar a oração, o cristão diz: "Senhor, eu te dou graças por tudo. Glorificado seja o Pai, o Filho e o Espírito Santo". Pronto, acabou a oração! Não existe adoração!

Adorar não é pedir nem agradecer. É louvar o Senhor com palavras que enalteçam Sua grandeza, Seu poder e Sua glória; que expressem nosso amor, nossa reverência e nossa admiração por Ele.

Adorar é reconhecer quem Deus é: "Senhor, tu és grande! És poderoso! És o único Deus verdadeiro! Tu és digno de glória, de honra, de louvor e de majestade". “Tu estás assentado num alto e sublime trono. Tu fazes tudo o que te apraz! Tu és cheio de glória e de majestade! Santo, santo, santo és, Senhor! Toda a terra está cheia da tua glória. Não há outro como tu. Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo. A Deus, seja o louvor e o domínio para sempre. Aleluia!".

Sabe por que a adoração atrai Deus? Sábios e ignorantes procuram Deus. Brancos, negros, amarelos procuram Deus. Americanos, africanos, europeus, asiáticos procuram Deus. Pobres e ricos procuram Deus. Todo tipo de gente procura Deus, mas só tem uma classe de gente que Deus procura: “os verdadeiros adoradores, que o adoram em espírito e em verdade” (João 4:23).

Apesar de a maioria dos evangélicos conhecer esse texto e saber o que é adoração, não a praticam. Alguns até se propõem a ir à igreja para prestar um culto a Deus, mas conversam o tempo todo, falam da vida de todo mundo, reparam nas pessoas, parece que foram contratados como críticos, pois reclamam do culto, do louvor, do coral, da mensagem, do pregador.

As pessoas vão à igreja porque querem, porque decidiram, e deveriam ser fiéis à sua decisão. Contudo, muitas ficam agoniadas, pensando na demora do ônibus, nos problemas em casa ou nas contas a pagar. Algumas ficam ansiosas para o culto acabar. Seria melhor para elas ficar em casa, porque o culto delas não vale nada para Deus.

Como deve ser o nosso culto? Racional. O que é um culto racional? É uma adoração prestada ao Senhor no domínio da nossa vontade e razão.

O Senhor não obriga ninguém a cultuá-lo. Então, se você quer prestar culto a Deus, mantenha uma atitude de adorador. Diga-lhe: "Pai, estou aqui porque estou diante de um Deus incomparável, único, verdadeiro. A ti, a glória, a honra, o louvor, a adoração! Eu estou aqui prestando culto ao Senhor. Tu és digno!".

Há outros que vão à igreja, e perturbam quem está do lado deles, porque falam alto e não deixam as pessoas próximas ouvirem a pregação. Infelizmente, tem gente que não demonstra ter educação. Mas, se ela quer ser alvo da atenção de Deus, precisa educar-se e aprender a ser bênção para outros!

Quer outro exemplo? O pastor finaliza a mensagem e pede às pessoas presentes para ficarem de pé no momento do apelo, para intercederem pelos que aceitaram Jesus como seu Salvador. Nesse momento, vários mal-educados começam a sair. Então, um visitante, que não conhece a liturgia do culto, pensa que aquilo que será dito dali para frente não será importante ou que o culto já acabou, e vai embora também.

Esses pseudocristãos não sabem ganhar nem quem está dentro da igreja, que dirá quem está lá fora, no mundão! Eles precisam aprender que, quando uma pessoa ou um casal visita a igreja e não consegue um lugar para se sentar, devem levantar-se prontamente para dar lugar ao visitante. Mas, alguns deles entram em "oração", e fingem que os visitantes não estão ali, de pé, ao seu lado.

Como servos do Senhor e seguidores de Jesus, nós, cristãos, devemos receber as pessoas bem em nossa casa e na igreja. Em situações desconfortáveis, devemos negar a nós mesmos, para educadamente recebermos a pessoa que nos visita, a fim de que ela se sinta bem acomodada para prestar um culto a Deus e bem recebida em nosso meio, a fim de retornar.

Outros acabam com a ordem do culto, gritando em línguas estranhas, para roubar a atenção dos irmãos. Alguns alegam que fazem isso porque não conseguem controlar a efusão do Espírito Santo. Conseguem sim! O Espírito está sujeito ao profeta. Além disso, o Espírito Santo é educado, não é espírito de bagunça, mas de ordem e decência.

Em suma, a adoração envolve vários aspectos. Que, como cristãos, possamos aprender a oferecer a Deus uma adoração genuína e o perfeito louvor! Que nossa adoração seja manifesta não apenas com nossos lábios, mas com todo o nosso ser e reflita-se em nossas escolhas, atitudes, em nosso modo de ser e de agir. Afinal, como disse Jesus: “A hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem (João 4.23)!”.

Que a nossa adoração possa atrair a atenção de Deus, e possamos ser abençoados com a Sua maravilhosa presença!

Amém?

domingo, 7 de agosto de 2011

Aula 07 - A BELEZA DO SERVIÇO CRISTÃO

Texto Base: João 13:12-17; Atos 2:42-47


Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim“ (Mt 24:46).

INTRODUÇÃO
O serviço cristão é o trabalho amoroso e sacrifical que o crente em Cristo consagra ao Senhor, tendo em vista à expansão do Reino de Deus e à edificação do Corpo de Cristo. A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual prestaremos contas quando chegarmos à eternidade.
I. AS CARACTERISTICAS DO SERVO DE CRISTO
Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, que tem de prestar um serviço, serviço que deve ser “assim”, ou seja, segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor. Ele disse: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim”(Mt 24:46).
Os maiores homens de Deus, na Bíblia, são chamados de servos. Abraão foi chamado de servo pelo Senhor, quando falava sobre ele, com Isaque – “... e multiplicarei a tua semente por amor de Abraão, meu servo”(Gn 26:24).
Moisés foi chamado de servo – “... pois, ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra meu servo Moisés?”(Nm 12:8).
Davi foi chamado de servo – “Porque eu ampararei a esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo Davi”(2Cr 19:34).
O Apóstolo João, conhecido como o apóstolo do amor, foi chamado de servo – “Revelação de Jesus Cristo... e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo”(Ap 1:1).
Paulo, o grande Apóstolo dos gentios, ele mesmo se auto-intitulou como sendo servo – “Paulo, servo de Deus e Apóstolo de Jesus Cristo...”(Tito 1:1).
Vê-se, pois, que para todos os grandes homens de Deus, Profetas, Reis, Apóstolos, ser chamado de servo de Deus era considerado uma benção, um privilégio especial. Nós, pela grande misericórdia de Deus, também alcançamos este privilégio de podermos dizer como disse Paulo, de podermos afirmar que somos servos de Deus.
A seguir destacaremos três características, dentre muitas, inerentes ao servo de Cristo:
1. Amor.
O amor é uma característica indispensável para quem diz ser filho de Deus, é como se fosse o próprio DNA espiritual do cristão sincero e verdadeiro, devemos observar que este amor não é apenas a essência da comunhão entre Deus e o homem, o próprio núcleo da vida espiritual, mas é, como afirma Paulo, a primeira característica do fruto do Espírito (Gl 5:22), ou seja, necessariamente este amor tem de se traduzir em atitudes, em ações, tem de se manifestar fora do indivíduo.
A prova de que alguém é, realmente, um filho de Deus está, precisamente, em ter este amor (vide 1João 4:7). Jesus deixou-nos isto muito claro ao dizer que Seus discípulos seriam reconhecidos pelo amor(João 15:12; 1João 2:10,11; 3:10,11). Ele é o pressuposto, é o elemento primeiro e indispensável para que alguém seja um cristão e possa ser um vaso de bênçãos nas mãos do Senhor.
2. Compromisso. Temos duas maneiras de viver: viver como salvo e viver sem compromisso com a salvação. O salvo, diz a Bíblia, “... deve andar como ele andou”(1João 2:6). Esse “Ele” fala de Jesus. O Apóstolo Pedro nos informa como “ele andou”: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”(Atos 10:38).
Os não salvos, sem compromissos com Deus e nem com o céu, seguem “... andando segundo as suas próprias concupiscências”(2Pedro 3:3).
Tem que haver uma nítida diferença entre a maneira de viver dos salvos em relação aos não salvos. Os Salvos, andando como Jesus andou, devem andar em amor, santidade, união, honestidade, humildade, dentre outras virtudes.
Há por aí um evangelho fácil e descomprometido com Deus, com sua Palavra e com a igreja, onde o fascínio de práticas ritualistas está de mãos dadas com a superficialidade da fé ao mesmo tempo em que a visão materialista da vida cristã toma o lugar da renúncia exigida por Cristo e vislumbrada nas bem-aventuranças (ver Mt 5:1-12; 16:24-26). Todavia, o compromisso de viver os princípios do Reino com todas as suas implicações é parte da relevância do crente no mundo.
3. Humildade.Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda humildade...”(Ef 4:1,2). Humildade é uma condição necessária para todo aquele que quer viver como salvo. Os Cristãos primitivos foram ensinados que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “...Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes...”(Tiago 4:6). Neste mesmo sentido ensinou, também, o Apóstolo Pedro, dizendo: “...revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”(1Pedro 5:5). Ainda sobre a humildade escreveu Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3). Pelo que se pode observar, entre os crentes da Igreja primitiva não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32).
Portanto, para viver e andar como salvo é necessário andar em humildade. Entretanto, é bom ressaltar que:
* Humildade não é pobreza. Normalmente quando alguém quer se referir a um irmão muito pobre costuma-se dizer “é um irmão muito humildezinho”. Porém, nem todo pobre é humilde, bem como nem todo rico é soberbo, ou orgulhoso. Existem pobres revoltados pelo simples fato de serem pobres. Não se conformam, têm inveja dos ricos. Humildade e inveja são dois sentimentos que não podem habitar juntos. A presença de um elimina o outro.
* Humildade não é Ignorância. Costuma-se dizer: “aquele irmão é muito humilde, nem ler ele sabe”. Todavia, para ser orgulhoso, altivo, soberbo, não precisa saber ler. Nem todo analfabeto é humilde e nem todo letrado e sábio tem que ser altivo e soberbo. Por certo que temos muitos Obreiros, especialmente dos mais antigos, que não tiveram o privilégio de cursar nem o primeiro grau, porém, eles mesmos e um grande número de crentes que foram ganhos por eles estão vivendo como verdadeiras testemunhas de Cristo. Por outro lado existe uma nova geração de Obreiros que possuem vários diplomas de curso superior, são muito cultos, escritores, estes sempre gostam de escrever, pelo menos um “livrinho” para ser contado entre os escritores. Muitos destes que deixaram a verdadeira humildade correm o risco de nem estar vivendo como Salvos.
* Humildade não é aparência exterior. Ser testemunha de Cristo não é necessário ter cara e nem jeito de “coitado”. Não é pela aparência exterior que identificamos uma pessoa humilde, um crente que esteja dando testemunho de salvo em Cristo. “Ele é muito humilde, não liga para nada, anda mal vestido, não tem vaidade”. Isto pode ser desleixo, falta de higiene, mau gosto no vestir, ou até sovinismo. Humildade não é alimentar-se e vestir-se mal, podendo alimentar-se e vestir-se bem; humildade não é ter um carro velho, podendo ter um novo; humildade não é morar num barraco, podendo morar numa casa confortável. Quando o crente não pode ter o que é bom e Deus ainda não lhe quis dar, então ele segue vivendo como testemunhas de Cristo e dando glórias a Deus. Porém, quando o crente pode ter todo o conforto e regalias, então ele faz uso de seus bens materiais, segue sendo grato a Deus, vivendo como salvo e dando glórias a Deus.
II. O SERVIÇO CRISTÃO
O serviço cristão é a missão que todos os crentes devem cumprir exaltando o nome de Deus, divulgando a salvação, e promovendo a comunhão com o Criador.
1. Ordenado pelo Senhor. O Senhor, depois de haver libertado um homem de espíritos malignos disse-lhe: “Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti” (Mc 5:19). Este homem deve ter feito conforme lhe foi pedido e, certamente, muitos foram abençoados por Deus pelo serviço prestado por esse seguidor de Jesus.
Agora, pois, que é que o Senhor, teu Deus requer de ti, senão que temas ao Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames e sirvas ao Senhor, teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma”(Dt 10:12). Estas palavras foram ditas ao povo de Israel e que se aplicam, literalmente, a todos nós que pertencemos à Igreja do Senhor.
2. Em relação a Deus. Também servimos a Deus mediante a adoração. Adoração com uma atitude certa nos faz ser diferente. É o diferencial entre os que servem e os que não servem a Deus.
Uma das características da descendência piedosa de Sete, estava, precisamente, no fato de que era esta linha de descendentes que adorava a Deus. A Bíblia informa-nos que, após o nascimento de Enos, o filho primogênito de Sete, passou-se a invocar o nome do Senhor (Gn 4:26), ou seja, Deus passou a ser buscado, a ser procurado, a ser reverenciado. O fato de esta linha de descendentes adorar a Deus, buscar reconhecer a sua autoridade, era o grande diferencial entre eles e os descendentes de Caim, a ponto de a Bíblia a eles se referir como sendo os "filhos de Deus" (Gn 6:2). Deus sempre irá manter um relacionamento de pai para filho com aqueles que O adorarem!
A Igreja Primitiva olhava para a adoração como uma atividade diária e constante (At 2:42-47). Para os primeiros discípulos, a adoração não era um tempo separado na vida diária; ela era a própria vida diária. O apóstolo Paulo referiu-se à vida cristã como um contínuo ato de adoração - “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Rm 12:1-2). E em Hebreus temos explícito mandamento quanto à necessidade da adoração pública do povo de Deus: “Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”(Hb 10:25). Em Romanos 11:33-36 é demonstrado que só a Deus deve ser prestado adoração, logo o “eu” não tem forma diante dEle. Ele é a fonte de todas as coisas. Ele é o poder que sustenta e governa o mundo em que vivemos e criou tudo para expressão da sua glória - “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? Ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”.
3. Em relação ao próximo. O amor a Deus é pressuposto para que se tenha amor ao próximo. Quem ama a Deus, ama o próximo(1João 4:21). Não é possível amar o próximo sem que antes se ame a Deus. Todavia, amar o próximo não é apenas ajudar alguém do ponto-de-vista material, mas, sobretudo, levar este alguém a uma vida de comunhão com Deus, a um equilíbrio em todos os aspectos da sua vida. Medidas emergenciais serão necessárias, como nos mostra a parábola do bom samaritano, mas é extremamente necessário que levemos o próximo a entender que deve, sobretudo, amar a Deus, para que também ame o próximo, como nós o amamos. Isto é um maiúsculo serviço cristão em relação ao próximo.
III. A MISSÃO DA IGREJA NESTE MUNDO
Missão” vem de uma palavra latina que significa “enviar”. Jesus ordenou aos seus primeiros discípulos, como representantes daqueles que os seguiram: “… Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21b; cf. 17:18). Essa missão é ainda válida: a Igreja universal, incluindo cada igreja local e cada cristão, é enviada ao mundo para cumprir uma tarefa específica. Dentre as tarefas que a Igreja tem de cumprir destacamos três: proclamar a Palavra de Deus; viver em comunhão; servir a Deus e ao próximo.
1. Proclamar a Palavra de Deus(Mc 16:15). Como agente do Reino, a igreja é chamada a proclamar o Senhor Jesus como único Senhor e Salvador a todos os seres humanos, não importando sua etnia, cor, língua e posição social, e anunciar o convite de Deus aos pecadores para que entrem na vida, voltando-se para Cristo por meio do arrependimento e da fé (Mt 22:1-10; At 17:30). O ministério de Paulo como plantador de igrejas e evangelista por todo o mundo, tanto quanto possível, é um modelo para se levar adiante essa tarefa precípua (Rm 1:14; 15:17-29; 1Co 9:19-23; Cl 1:28-29).
2. Viver em comunhão. É parte da missão da igreja a comunhão do corpo de Cristo, e a partir do corpo de Cristo a visão inclui a família, lembrando que Deus quer ter uma família de muitos filhos semelhantes a Cristo. Neste sentido, a unidade da igreja é uma necessidade urgente. Quando Jesus orou ao Pai, pediu-lhe enfaticamente: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”(João 17:20-21) .
3. Servir a Deus e ao próximo. A igreja é chamada também para realizar as “boas obras que Deus preparou de antemão para que as realize” (Ef 2:10), pois para isso foi criada. Fomos salvos para as boas obras. Por meio delas, o Reino se torna historicamente visível como uma realidade presente. A esta dimensão tem se chamado de responsabilidade social.
Confiando no mandamento de Deus para amar ao próximo, os cristãos devem responder com generosidade e compaixão a todas as formas de necessidades humanas (Mt 25:34-40; Lc 10:25-37; Rm 12:20-21). Jesus curou doentes, alimentou famintos e ensinou a ignorantes (Mt 15:32; 20:34; Mc 1:41; 10:1), e os que são novas criaturas em Cristo devem por em prática a mesma compaixão. Ao agirem assim, darão credibilidade ao evangelho que pregam a respeito de um Salvador cujo amor transforma pecadores naqueles que amam a Deus e ao próximo (Mt 5:16).
Esse tipo de serviço é também um testemunho de amor cristão. Provavelmente Tiago tenha falado que a fé sem as obras seja morta, nos exortando ao serviço para o bem comum. Está escrito: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”(Tg 4:17).
Jesus declarou o seguinte:E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulos, em verdade vos digo, que de modo algum perderá sua recompensa”(Mt 10:42 ).
CONCLUSÃO
Portanto, o serviço é uma parte indissociável da vida do salvo. Logo, todo salvo tem de servir a Deus, tem de Lhe prestar um serviço. Cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 47.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Caramuru Afonso Francisco – Igreja, povo exclusivo de adoração
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