domingo, 9 de setembro de 2018

Aula 12 – OS PÃES DA PROPOSIÇÃO - Subsídio


3º Trimestre/2018

Texto Base: Levítico 24:5-9
16/09/2018

"Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida" (João 6:47,48).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo de Levítico, trataremos nesta Aula a respeito dos “Pães da Proposição”. O povo de Israel, desde o início de sua história, sempre teve uma convivência cerimonial e tipológica com o pão (Gn.14:18-20). Entre os israelitas, o pão é tratado e respeitado como elemento vital. O pão era um alimento tão básico que se tornou sinônimo da própria vida; o próprio Jesus se referiu a si mesmo como o “Pão da vida” (João 6:35). Onde há pão não há fome, vivemos sempre em dependência diária dele, reconhecendo-o como a fonte de todo bem. “Pai [...] dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano” (Lc.11:2,3).
Contudo, mas Sagradas Escrituras, o pão é apresentado não apenas como alimento, mas também como liturgia e comunhão. No Tabernáculo Santo, servia para honrar e enaltecer o Senhor; na Igreja Cristã é utilizado como símbolo do corpo do Filho de Deus, que, no Calvário, deixou-se partir vicariamente por toda a humanidade. Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e tendo dado graças, o partiu e disse: “... Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”(Lc.22:19). Jesus mandou os discípulos pegar o pão e comer, pois o pão estava representando o seu corpo que seria entregue por todos.
Deus ordenou a Moisés que fosse construída uma mesa e que ela fosse colocada no Lugar Santo do Tabernáculo, e que sobre essa mesa estivesse continuamente 12 pães sem fermento (Êx.25:30) – “Porás sobre a mesa os pães da proposição diante de mim perpetuamente”. Não eram alimentos para Deus, mas símbolos do pão espiritual pelo qual Israel seria alimentado.
Os doze pães da proposição, conhecimentos também como pães da Presença (NVI), da presença de Deus, representavam as doze tribos de Israel, e a convicção dos israelitas de que habitavam na presença do Senhor, e que sempre deviam estar consagrados a Ele. Também, lembravam que os israelitas dependiam de Deus para satisfação das necessidades cotidianas. Também, significavam a comunhão ininterrupta do povo de Deus com Ele.
I. OS PÃES DA PROPOSIÇÃO
A frase "pães da proposição" significa literalmente "pães de rosto”, e em algumas versões da Bíblia se traduz "pão da presença", pois o pão era colocado continuamente na presença de Deus (Êx.25:30). Portanto, os pães da proposição simbolizavam a presença sempre providencial de Deus no meio de seu povo (Jr.32:38). Temos um Deus que sustenta e supre as necessidades do seu povo, seja de ordem física, emocional ou espiritual. 
1. A mesa dos pães da proposição (Êx.25:23-28).  No Lugar Santo encontravam-se três móveis: o castiçal de ouro, o altar do incenso e a mesa dos pães da proposição fabricada em madeira de acácia e revestida de ouro puro. Continha bordaduras ornamentais em ouro ao redor do tampão, uma moldura de ouro de quatro dedos de largura nas bordas laterais e uma segunda bordadura de ouro ao redor das molduras laterais. Assim como a Arca, a mesa também era transportada por meio de varais encaixados em argolas de ouro fixadas nos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés. A mesa media noventa e um centímetros de comprimento por quarenta e seis de largura, com uma altura de sessenta e sete centímetros. Foi Deus quem deu ordem a Moisés para o fabrico da mesa dos pães da proposição:
23. Também farás uma mesa de madeira de cetim; o seu comprimento será de dois côvados, e a sua largura, de um côvado, e a sua altura, de um côvado e meio,
24. e cobri-la-ás com ouro puro; também lhe farás uma coroa de ouro ao redor.
25. Também lhe farás uma moldura ao redor, da largura de uma mão, e lhe farás uma coroa de ouro ao redor da moldura.
26. Também lhe farás quatro argolas de ouro; e porás as argolas nos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés.
27. Defronte da moldura estarão as argolas, como lugares para os varais, para se levar a mesa.
28. Farás, pois, estes varais de madeira de cetim e cobri-los-ás com ouro; e levar-se-á com eles a mesa.
Todos os sábados os sacerdotes punham doze pães asmos, ou seja, sem fermento, sobre a mesa e retiravam os pães envelhecidos, que os sacerdotes comiam no Lugar Santo.
2. Os pães da proposição (Êx.25:30) - “Porás sobre a mesa os pães da proposição diante de mim perpetuamente”. Sobre a mesa estava disposto os doze pães da proposição, preparados todos os sábados pelos levitas da família de coate (cf.1Cr.9:32). Durante sete dias os doze pães de "flor de farinha com incenso" (Lv.24:5) estavam dispostos na presença do Senhor, depois do que, sendo substituídos por outros, eram o alimento dos sacerdotes, que comiam deles no Lugar Santo (vide Lv.24:5-9). Os doze pães eram postos em duas fileiras sobre a mesa, sendo entremeados por incenso – “E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o SENHOR. E sobre cada fileira porás incenso puro, que será, para o pão, por oferta memorial; oferta queimada é ao SENHOR” (Lv.24:6,7). O incenso mencionado no versículo sete pertencia ao Senhor e era oferecido a Jeová sempre que os pães velhos eram removidos e entregues aos sacerdotes para consumo. Quanto ao pão estar acompanhado de incenso, significava que a presença do Senhor sempre vem acompanhada pelas orações dos santos (Ap.5:8; 8:3,4).
3. A simbologia dos pães da Proposição. Os pães da proposição simbolizavam a presença do Deus da provisão. Quer no tabernáculo quer fora do tabernáculo, o pão sempre simbolizou a presença de Deus entre o seu povo. No Lugar Santo, colocado sobre a mesa continuamente (Ex.25:30), o pão representava a presença do Senhor como sustentador de Israel na sua vida em geral. Os pães simbolizavam o fato de que o pão diário do povo é um presente de Deus. Sugerem também que o trabalho das mãos do crente deve ser devolvido a Deus, que dá ao crente aquilo com que ele trabalha.
Os doze pães colocados na mesa também representavam uma oferta de gratidão a Deus da parte das doze tribos de Israel, pois o pão era ao mesmo tempo uma dádiva de Deus e fruto dos esforços humanos. Por isso, o povo reconhecia que havia recebido seu sustento de Deus e ao mesmo tempo consagrava a Ele os frutos de seu trabalho. Portanto, a mesa dos pães refere-se também à mordomia dos bens materiais.
Alguns comentaristas acham que o pão da proposição prefigurava a Cristo, "o pão da vida" (João 6:35). A comparação é interessante, mas não está de acordo com o propósito original de tais pães. É óbvio que os pães representavam uma oferta a Deus da parte das doze tribos, pois se ofereciam doze (se representassem a dádiva de Deus aos homens, provavelmente teria sido de um único pão). Além disso, eram oferecidos com incenso e vinho, acompanhantes comuns dos sacrifícios. Cristo é "o pão da vida", não pelo simbolismo dos pães da proposição, mas porque nele se cumpre o simbolismo do maná (João 6:31-35).
II. A PALAVRA DE DEUS, O PÃO DA VIDA
Durante a peregrinação de Israel no Sinai, os israelitas conscientizaram-se de que nem só de pão vive o homem, mas da Palavra de Deus (Dt.8:3).
"E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem" (Dt.8:3).
Mais do que o pão material, o pão espiritual é que sustentou o povo de Deus no deserto. O pão espiritual é a Palavra de Deus; Ela é o alimento que nos sustenta a alma, o coração e o próprio corpo; sem ela, a vida é impossível. Ora, não adiantava o povo de Israel alimentar-se bem da comida material, e não comer o pão espiritual, isto é, guardar a Lei do Senhor e amá-la de todo coração. Sem o pão espiritual, a nação morreria.
O problema mais grave é quando o ser humano confia somente em seu braço material, na suficiência do dinheiro, ou na beleza dos bens; é quando a visão cega, o coração esfria e a alma morre sem a presença do Altíssimo. Portanto, a verdadeira vida está na Palavra de Deus; o sustento diário está na Palavra de Deus; o sustento específico está na Palavra de Deus.
1. A Palavra de Deus é vida. Jesus afirmou: “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (João 6:63). Sendo “espírito e vida”, a Palavra de Deus atinge a parte sensorial do homem. Está escrito: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12).
O espírito, a alma e o corpo são alcançados pelo poder penetrante da Palavra divina. Por quê? Quando o homem ouve a Palavra e crê, no seu interior ocorrem modificações extraordinárias que beneficiam inclusive o funcionamento orgânico do seu corpo; ela penetra “juntas e medulas”: as juntas, permitindo os movimentos externos; as medulas, escondidas, mas vitais para os ossos. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de Moisés e Josué; e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para atender a Palavra de Deus. 
É importante verificar que a Palavra de Deus, em si, produz vida. A semente é preciosa, diz o salmista (Sl.126:6); o pão lançado sobre as águas, será achado, diz o sábio (Ec.11:1); a semente nasce independentemente do semeador, ensina Jesus na Parábola do Semeador (Mt.13:3-8).
A Palavra de Deus é vida e, como tal, independe do pregador para dar o devido fruto. Por isso, às vezes alguns se perguntam como alguém pode ter alcançado salvação só lenda a Palavra ou ouvindo um louvor espiritual; o fato é que a Palavra é Cristo e Cristo dá vida a todos quantos O aceitam como Senhor e Salvador. Somente Jesus tem palavras de vida eterna - “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida Eterna” (João 6:68).
·        A Palavra de Deus produz vida - "sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre" (1Pd.1:23).
·        A Palavra de Deus produz resultados - "assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei" (Is.55:11). Ninguém ouve a Palavra de Deus sem ser alcançado por seus resultados. Quem ouve e crê “tem a vida eterna” (João 5:24); quem ouve e não crê “já está condenado” (João 3:18).
·        A Palavra de Deus é vida, todavia, o adversário, que tem como principal incumbência matar e destruir (João 10:10), tem iludido milhões de pessoas com palavras de morte, palavras que ele mesmo tem editado. Assim fez com o primeiro casal, quando alterou completamente o dito divino, insinuando que Deus havia proibido o homem de tomar de qualquer fruto do jardim (Gn.3:1), tendo, depois, lançado descrédito sobre o dito do Senhor (Gn.3:4,5). O adversário teve espaço para a sua ação porque a mulher, distraída, não havia atentado corretamente para a Palavra do Senhor, tanto que não reproduziu com fidelidade aquilo que havia sido ordenado (Gn.3:3).
A partir do Éden, vemos que sempre o adversário tem iludido o ser humano com falsas doutrinas e falsas religiões. Paulo, na carta aos romanos, mostra claramente que toda a corrupção generalizada das nações teve início com uma falsidade doutrinária, que fez com que o homem deixasse de adorar a Deus para servir a ídolos (Rm.1:21-23), sendo certo que, mesmo no meio de Israel, levantaram-se aqueles que, a pretexto de serem profetas, tinham por intento, como verdadeiros instrumentos do diabo, desviarem o povo da adoração ao Deus verdadeiro (Dt.13:1-3).
Hoje, muitos cristãos estão morrendo espiritualmente porque estão desprezando o Pão que dá vida, a Palavra de Deus. Alguns comparecem as igrejas alimentados com o humanismo, com opiniões filosóficas e até mesmo heresias. Jesus deseja que esses tais coma o Pão espiritual da Palavra de Deus que pode lhes conceder vida e vida em abundância, a vida eterna. Jesus, a Palavra, disse: ”... eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (João 10:10).
2. A Palavra de Deus é o nosso sustento diário. No Lugar Santo do Tabernáculo, não podia faltar pão sobre a mesa (cf.Êx.25:30). Os sacerdotes alimentavam-se desse pão sagrado (Êx.24:9). A Palavra de Deus é vida e saúde para nós; é dela que, diariamente, os sacerdotes da Nova Aliança (1Pd.2:9) se alimentam. Em Provérbios 4:20-22, Deus nos adverte a ficarmos atentos às Suas Palavras porque elas nos fornecem vida e saúde: “Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no meio do teu coração. Porque são vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo” (Pv.4:20,22).
A Bíblia deve ser o nosso alimento espiritual diário, para sermos fortes e vigorosos na fé que professamos. Precisamos ter: decisão para ler a Palavra constantemente; graça para assimilá-la; presteza para reproduzi-la no viver diário e; conhecimento para darmos testemunho dela aos outros. Se alguém não possui o necessário entendimento para isso, o útil conselho que a própria Escritura dá é: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg.1:5).
Não esqueçamos que a Palavra é:
·        Leite que nutre – “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1Pd.2:2);
·        Água que limpa – “tendo-a purificado por meio da lavagem e da água pela palavra” (Ef.5:26);
·        Mel que deleita – “os juízos do Senhor são verdadeiros e igualmente justos... são mais doces do que o mel e o destilar dos favos”; “Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca” (Salmo 19:9,10; 119:103);
·        Fonte de alegria – “Regozijo-me com a tua palavra, como aquele que acha um grande despojo” (Sl.119:14); “Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração...” (Sl.19:8).
·        Lâmpada que ilumina nosso caminho – “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl.119:105).
Bem-aventurados são aqueles que diariamente se alimentam da Palavra de Deus. O salmista do salmo primeiro faz-nos entender que é impossível uma pessoa ser bem-aventurada sem seguir e meditar continuamente na Palavra de Deus. O justo possui um apetite insaciável pela Palavra do Senhor, ama a Bíblia Sagrada e medita a seu respeito de dia e de noite. Desse modo, sua vida é enriquecida, e ele se torna canal de benção para outros.
Tomar tempo para alimentar a alma com a Palavra de Deus é essencial à nossa experiência. Que possamos dizer como o salmista: "Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti" (Sl.119:11); “A tua palavra é muito pura; por isso, o teu servo a ama” (Sl.119:140).
3. A Palavra de Deus é o nosso sustento específico. Os doze pães postos sobre a Mesa, no Lugar Santo do Tabernáculo, representavam uma oferta de gratidão a Deus da parte das doze tribos de Israel, por alimentar o seu povo, tanto coletivo quanto individualmente. Cada tribo reconhecia que havia recebido seu sustento de Deus, por isso consagrava a Ele os frutos de seu trabalho. Certamente, Deus tem uma comida personalizada para cada servo seu em particular. Ele conhece perfeitamente nossas necessidades - “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó” (Sl.103:14); “...vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes” (Mt.6:8).
Todavia, Jesus afirmou que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt.4:4). Assim como o pão é alimento para a vida do corpo, a Palavra de Deus é o alimento da vida do espírito.
Se lermos e estudarmos a Bíblia Sagrada ou a ouvirmos sendo pregada e ensinada, com espirito de reverência e devoção, com certeza a fé será despertada e tornará a Palavra lida ou ouvida, em espírito e vida para nós, pela ação do Espírito Santo em nossas mentes e corações. Isto ocorre, porque as Escrituras Sagradas foram produzidas pela inspiração do Espírito Santo. Elas possuem a vida que nelas foi influída pelas verdades ensinadas e reveladas pelo Espírito Santo. Essas verdades enchem a alma de vigor, paz e alegria. Elas renovam a mente e santificam a vida. Elas elevam a alma à presença de Deus e a modelam à semelhança do caráter de Cristo.
III. JESUS CRISTO, O PÃO QUE DESCEU DO CÉU
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo” (João 6:51).
Os pães da Mesa da proposição eram comidos pelos sacerdotes que ministravam naquele ambiente sagrado. Mas esse pão, que era fabricado por mãos humanas, conquanto sagrado, saciava a fome apenas por um momento; mas, o “pão que desceu do Céu”, Jesus Cristo, tem pleno poder para saciar a fome e a sede do ser humano perpetuamente.
O Senhor Jesus, como o Pão vivo, não se limitou a ficar no “santuário”, mas, encarnando-se, trouxe a presença do Pai celeste a toda a humanidade. João, em sua primeira carta, ensina que Jesus encarnou-se e habitou entre os homens, e que Ele próprio era testemunha de que o Senhor teve um corpo de carne e osso, que podia ser tocado, que podia dormir, sentir sede, fome, cansaço, contrariando os falsos mestres que negavam a encarnação do Senhor. João conhecia o Senhor Jesus, pois convivera com Ele (1João 1:1-3). Não reconhecer a encarnação de Cristo é negar as profecias do Antigo Testamento e a mensagem do seu cumprimento em o Novo Testamento (ver Is.7:14; 9:6; João 1:1,14).
Jesus disse que “o pão vivo” que Ele daria pela “vida do mundo” era sua “carne”. Oferecer a sua “carne” significava que Jesus entregaria o seu corpo para a morte na cruz, para que por sua morte as pessoas pudessem viver para sempre.
Comer “o pão vivo” significa aceitar a Cristo em nossa vida e tornarmo-nos unidos a Ele. Somos unidos a Cristo de duas maneiras: (a) crendo em sua morte (o sacrifício de sua carne) e ressurreição e; (b) nos dedicando todos os dias a viver como Ele quer que vivamos, dependendo de seu ensino para que tenhamos a direção certa e vigor espiritual necessário em nossa jornada rumo à pátria celestial. Da mesma forma que os judeus dependiam de pão para terem a força cotidiana, e o apreciavam como uma parte principal de seu cardápio, assim devemos depender do Cristo vivo em nossa vida diária, desejando-o com fervor.
Jesus quer que aceitemos, recebamos, e até mesmo assimilemos o significado de sua morte, a fim de que recebamos a vida eterna. Os cristãos fazem isso frequentemente quando comemoram a Ceia do Senhor. Mas os cristãos não devem limitar isso somente à celebração da Ceia do Senhor (que alguns chamam de Eucaristia); os cristãos podem participar de Jesus em todos os momentos da vida. Aqueles que comem a “carne” de Jesus e bebem o seu “sangue” têm a vida eterna. Ou seja, aqueles que aceitam pela fé a morte sacrificial de Jesus recebem a vida eterna.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último Dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida” (João 6:54,55).
1. Jesus, o Pão da vida (João 6:35,48,51). Ninguém além de Jesus é o Pão que dá a vida eterna. Jesus, certa feita, disse que Ele era o Pão da vida – “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome...” (João 6:35). Ao dizer que é o Pão da vida é para Ele o mesmo que dizer: “Eu sou o sustento da vida de vocês”. Da mesma forma que o pão fornece aos nossos corpos força e nutrição, Jesus, o verdadeiro Pão do Céu, veio para fortalecer e nutrir o seu povo, para que jamais tenham fome e nunca tenham sede.
Por ocasião da jornada do povo de Israel no deserto, Deus o proveu de “maná”, o pão que descia do céu, mas o “maná” foi um pão físico e temporal. O povo o comia e se sustentava por um dia. Mas era necessário que conseguissem mais pão todos os dias, e este pão não poderia impedi-los de morrer. Sem diminuir o papel de Moisés, Jesus apresentou a Si mesmo como o Pão espiritual do Céu que satisfaz completamente, e que conduz à vida eterna.
2. Jesus, o pão de nossa comunhão com o Pai. A Mesa da proposição era chamada de Mesa da Presença. Deus mostra sempre o seu brilho no seu povo. Os 12 pães assados mostravam que Deus era um com o Seu povo, e que os sacerdotes se uniam para comer os pães, e se tornarem um. Jesus se referiu a Ele mesmo como o Pão da vida e disse que se nós comermos este Pão, nós sempre viveremos. A natureza do pão é prover alimento físico, e quando você come o pão e o digere, ele se torna parte de você. Da mesma forma, a Palavra de Deus provê alimento espiritual, e se torna parte de nossa natureza. Da mesma forma que a mesa sempre fala de companheirismo e comunhão, assim a Mesa da proposição aponta para Jesus que fez uma aliança constituída de superiores promessas, e nos dando Sua carne como alimento e o Seu sangue como bebida, para que nós sejamos um com Ele na pessoa do Espírito Santo.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre"(João 6:56-58).
Na Ceia do Senhor, um dos dois principais elementos é o “pão”. A Ceia do Senhor é o símbolo da nossa união com Cristo; ela expressa a nossa “comunhão” (gr. koinonia) com Cristo e, de nossa participação nos benefícios oriundos da sua morte sacrifical, e ao mesmo tempo expressa a nossa “comunhão” com os demais membros do corpo de cristo (1Co.10:16,17).
3. Dai-lhes vós de comer. Certa ocasião, quando fugia de Saul, Davi e seus homens, com muita fome, receberam para comer pão consagrado das mãos do sumo sacerdote (cf.1Sm.21:1-6). Como vimos, os pães da proposição só deveriam ser consumidos pelos sacerdotes, porém, o sacerdote Aimeleque deu a Davi o pão sagrado, porque não havia ali outro tipo de pão, senão os pães da proposição, que se tiraram de diante do SENHOR (1Sm.21:6). Aimeleque deu o pão da proposição a Davi porque naquele mesmo dia outros pães seriam consagrados e não havia outros pães disponíveis para a alimentação; então, Davi e seus moços comeram os pães da proposição. Deus não puniu Davi porque a sua necessidade de alimento era mais importante do que as regras sacerdotais. Naquele momento, o mais importante era a vida de Davi e de seus companheiros, e não a aplicação das regras cerimoniais.
Jesus nos ensina que Ele veio salvar as pessoas de seus pecados e conduzi-las em liberdade, e não devemos prender as pessoas em qualquer dogma que não venha dele próprio. Ele é o Pão da vida eterna. Nós, como sacerdotes da Nova Aliança (1Pd.2:9), temos que oferecer este Pão aos que têm fome espiritual. E somente através da mensagem da Palavra de Deus é que as pessoas têm a oportunidade de alcançar o Pão vivo que desceu do Céu.
Certa feita, Jesus deu uma ordem aos seus discípulos: “dá-lhes vós de comer” (Lc.9:13). Essa ordem ainda hoje impera em nossa consciência, mas ela foi transcrevida para outra modalidade: dá de comer aqueles que estão famintos espiritualmente. Ao proclamarmos o Evangelho, estamos alimentando os famintos com a Palavra de Deus. Disse Jesus: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc.16:15); “ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28:19).
CONCLUSÃO
Os Pães da proposição eram conhecidos também como Pães da presença, da presença de Deus – “E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face continuamente” (Êx.25:30). Na Bíblia King James Atualizada está escrito assim: “E colocarás, sobre a mesa, os pães da Presença, para que estejam diuturnamente diante de mim”. Todas as vezes que nos reunimos para celebrar a Ceia do Senhor, lembramo-nos de que Jesus é a presença eterna do Pai entre nós (1Co.11:23,24). Ele é o pão da vida (João 6:35). O pão comum deve ser comido para sustentar a vida física, mas Cristo deve ser convidado a participar de nosso cotidiano para sustentar nossa vida espiritual. Só podemos satisfazer a fome de nosso espirito e sustentar a vida espiritual por meio de um relacionamento correto com Jesus Cristo. Não é de admirar, portanto, que Ele tenha declarado ser o Pão da Vida.
------------
Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Nenhum comentário:

Postar um comentário