4º Trimestre/2016
Texto Base: Filipenses 4:10-20
"Posso todas as coisas naquele que me
fortalece" (Fp.4:13).
INTRODUÇÃO
Com esta Aula concluímos o 4º Trimestre
letivo de 2016. Aprendemos que, embora sejamos filhos de Deus, estamos sujeitos
a enfrentar algumas crises em nossa caminhada. Lembremos que o deserto é a
trajetória de nossa caminhada rumo à Pátria Celestial. Logo, enfrentamos
momentos difíceis, mas Deus está conosco nos dando a vitória diante das
intempéries; Ele está no controle de tudo. O Deus que sustentou o povo de
Israel no deserto durante 40 anos, que sustentou Abraão e seus descendentes é o
Deus que vai nos sustentar e ajudar-nos a enfrentar as adversidades da vida. O
que Ele quer de nós? Certamente, fidelidade a Ele. O que é fidelidade? É a
característica de quem tem bom caráter, é fiel e demonstra respeito por alguém
e pelo compromisso assumido com outrem; é sinônimo de lealdade. Se Deus procura
os fiéis da terra para que estejam com Ele, a fidelidade, entre outras
virtudes, é algo que atrai a atenção de Deus. A vida de Paulo é um exemplo de
como podemos vencer as crises e permanecer fiéis ao Senhor. A Epístola aos
Filipenses nos dá uma visão clara sobre a fidelidade de Paulo a Deus, a
despeito das circunstâncias adversas.
I. A FIDELIDADE DE PAULO EM MEIO ÀS
CRISES
1. Destemor e ousadia. Paulo, durante 16 anos, após sua conversão, pregou no vale do Jordão, na
Síria e na Cilícia. Foi especialmente perseguido pelos judeus, que o
consideravam um grande traidor. Fez quatro grandes viagens missionárias, sendo
que na última foi a Roma como prisioneiro, para ser julgado, e nunca mais
retornou para a Judéia. Ele tinha consciência de sua missão, especialmente, no
mundo gentio. Pregou a Palavra de Deus com zelo, destemor e ousadia, e não se
deixou abater pelas dificuldades. Nada o demovia de pregar o Evangelho.
Paulo estava preso em Roma, no corredor
da morte, na antessala do martírio, com o pé na sepultura, com o pescoço na
guilhotina de Roma, mas escreve aos filipenses e diz: “E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram
contribuíram para maior proveito do evangelho” Fp.1:12). O que aconteceu a
Paulo que contribuiu para maior
proveito do evangelho? Ele foi preso em Damasco, rejeitado em Jerusalém,
esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica
e Beréia, foi chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto, enfrentou
feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém e acusado em Cesaréia, enfrentou um naufrágio
em sua viagem para Roma, foi picado por uma víbora em Malta e chegou algemado
na capital do império. Entretanto, ele olhou todas essas circunstâncias
adversas com os olhos da submissão à vontade de Deus, dizendo que elas haviam
contribuído para o progresso do evangelho.
Porque ele estava preso, a igreja foi
mais encorajada a pregar – “e muitos dos
irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra
mais confiadamente, sem temor” (Fp.1:14).
Porque ele estava preso, a guarda pretoriana
foi evangelizada - “De maneira que as
minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana e por
todos os demais lugares” (Fp.1:13).
Porque ele estava preso, escreveu Cartas
que abençoaram o mundo inteiro. Das treze Epístolas que escreveu, cinco foram
escritas na prisão, a saber: aos Efésios; aos Filipenses; aos Colossenses; Filemon
e; 2Timóteo. Através destas Cartas, Paulo transmitiu às comunidades cristãs e
aos seus discípulos uma fé fervorosa em Jesus Cristo, na sua morte e ressurreição.
Deus espera de todos os verdadeiros líderes, obreiros e todos os cristãos autênticos
que não se intimidem diante das perseguições, tribulações e crises.
2. Alegria em meio às crises. Paulo, embora fosse
um prisioneiro, era muito feliz, e incentivava e ainda incentiva todos os
crentes a se regozijarem em Cristo. Ainda que preso, oprimido por
circunstâncias adversas, Paulo, na Epístola à Igreja de Filipos, irrompe em
brados de alegria, revelando que a alegria verdadeira é imperativa,
ultracircunstancial e cristocêntrica – “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez
vos digo: alegrai-vos” (Fp.4:4).
A Epístola aos Filipenses foi escrita
na prisão, em Roma, e a nota dominante em toda a Carta é a alegria triunfante. A
alegria apresentada envolve uma ardente expectativa da iminente volta de
Cristo. O fato de essa expectativa ser dominante no pensamento de Paulo é
observado em suas cinco referências à volta de Cristo, e em cada referência há
uma nota de alegria (Fp.1:6,10; 2:16; 3:20; 4:5).
A alegria do cristão não é ausência de
problemas nem está colocada em coisas; ela procede de Deus, é sustentada por
Deus e consumada por Ele. O evangelho que nos alcançou é a boa-nova de grande
alegria; o Reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo; o
fruto do Espírito é alegria. A ordem de Deus para nós é: "Alegrai-vos"
(Fp.4:4). O mundo não pode dar nem tirar essa alegria, pois ela vem do Céu, vem
de Deus. Não permitamos, portanto, que as crises enfraqueçam a nossa fé e
roubem a nossa alegria.
3. Servindo a Deus em meio às crises. Paulo enfrentou muitas crises em sua vida pessoal e ministerial, mas em
tudo ele foi fiel ao Senhor. Nenhuma crise, por mais aguda que ela se
apresentasse, não arrefeceu o seu ânimo, o seu ministério. Ele trabalhou
diuturnamente, sem intermitência, com saúde ou doente; em liberdade ou na
prisão; na fartura ou passando necessidades. Jamais deixou de trabalhar pela
causa de Cristo.
- Foi preso várias vezes. O Livro de Atos
revela sua prisão em Filipos, em Jerusalém, em Cesaréia e em Roma. Paulo passou
preso boa parte da sua atividade apostólica. Ele podia estar encarcerado, mas a
Palavra de Deus não estava algemada. Era um embaixador em cadeias. Jamais se
sentiu prisioneiro de homens, mas sempre prisioneiro de Cristo.
- Foi açoitado várias vezes pelos judeus. O Livro de Atos não é exaustivo em relatar os diversos açoites que
Paulo sofreu. Temos informação que ele foi açoitado em Filipos, mas muitas outras
vezes seu corpo foi surrado a ponto de dizer para os gálatas que trazia no
corpo as marcas de Cristo (Gl.6:17). Cinco
vezes recebeu dos judeus trinta e nove açoites, com base no modelo judaico exarado
em Deuteronômio 25:2-5. Segundo o estudioso Fritz Rienecker, “a pessoa tinha as
suas duas mãos presas a um poste e suas roupas eram removidas, de modo que seu
peito ficava a descoberto. Com um chicote feito de uma correia de bezerro e
duas de couro de jumento ligadas a um longo cabo, a pessoa recebia um terço das
trinta e nove chicotadas no tórax e dois terços nas costas. Esse castigo era
tão severo que muitos sucumbiam a ele”.
- Foi açoitado várias vezes pelos romanos. Paulo não foi apenas castigado pelos judeus, foi também castigado pelos
romanos. Se a quarentena de açoites era um castigo judaico (Dt.25:1-3),
fustigar com caras era um castigo romano. O Livro de Atos só relata os açoites
que Paulo sofreu em Filipos, mas em 2Co.11:23b-25) Paulo nos informa que três vezes foi fustigado com varas.
- Foi apedrejado. Paulo não foi apenas açoitado pelos
judeus e pelos gentios, foi também apedrejado. Na sua Primeira Viagem
Missionária, ele foi apedrejado em Listra e foi arrastado da cidade como morto.
Deus o levantou milagrosamente para prosseguir seu trabalho missionário. A vida
de Paulo é um milagre; seu sofrimento, um monumento; suas cicatrizes, seu
vibrante testemunho.
Paulo foi perseguido, rejeitado,
esquecido, apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado, condenado à
morte, degolado. Mas, em vez de fechar as cortinas da vida com pessimismo,
amargura e ressentimento, termina erguendo ao Céu um tributo de louvor ao Senhor:
"eu sei em quem tenho crido, e estou
certo de que ele é poderoso para guardar o meu tesouro até aquele dia"
(2Tm.1:12).
Em Roma, na antessala do martírio, de
forma imperturbável, impressionante e com alegria na alma, Paulo ergue ao Céu
sua última doxologia: “combati o bom
combate, acabei a carreira e guardei a fé. desde agora, a coroa da justiça me
está guardada, a qual o senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente
a mim, mas a todos aqueles que amarem a sua vinda” (2Tm 4:7,8). "a Ele [o
Senhor Jesus Cristo], glória pelos séculos dos séculos. Amém" (2Tm.4:18b).
Paulo tombou na terra, pelo martírio,
mas ergueu-se no Céu para receber a recompensa, como o mais vitorioso e
destacado bandeirante da fé.
II. ABNEGAÇÃO ANTE O SOFRIMENTO
1. A disposição de Paulo em sofrer
pelos cristãos de Filipos (Fp.2:17,18). Paulo era um homem
pronto a dar sua vida por outros, não por constrangimento, mas com grande
alegria – “E, ainda que seja oferecido
por libação sobre o sacrifício e
serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. E vós também
regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo” (Fp.2:17,18). Ele
demonstra uma alegria imensa mesmo estando na antessala da morte e no corredor
do martírio. Suas palavras não são de revolta nem de lamento. Ele foi
perseguido, apedrejado, preso e açoitado com varas. Ele enfrentou frio, fome e
passou provações. Ele enfrentou inimigos de fora e perseguições de dentro. Ele,
agora, está em Roma, sendo acusado pelos judeus diante de César, aguardando uma
sentença que pode levá-lo à morte; mas, a despeito dessa situação, sua alma
está em festa, e seu coração está exultante de alegria.
Paulo usa a figura da “libação” para expressar sua disposição de dar sua vida pelo
evangelho e pela igreja, para mostrar que a morte dele
completaria o sacrifício dos filipenses. A libação era um rito comum na
religião judaica. No judaísmo, a libação era o derramamento de vinho ou azeite
sobre a oferta do holocausto (cf. Ex.29:40,41; Nm.15:5,7,10; 28:24). Não era uma
oferta pelos pecados, mas uma oferta de gratidão ao Senhor. Paulo, portanto,
entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da igreja (Fp.2:17)
e derramada no mais verdadeiro sentido sobre o holocausto [sacrifício total] do
Messias Jesus (Rm.8:32). O martírio de Paulo coroaria sua vida e seu
apostolado. Contudo, Paulo deseja que esse sacrifício seja colocado como
crédito aos Filipenses, e não a seu próprio favor. Sendo assim, não haveria
motivo para lágrimas. Essa perspectiva levou Paulo a dizer: “...me regozijo com todos vós. E vós também regozijai-vos e alegrai-vos
comigo por isto mesmo”.
Atualmente, muitos têm feito da obra do
Senhor um meio mercantilista, mas, também, é notório que muitos crentes estão
dispostos a dar a sua vida pelo Senhor.
2. A disposição de Epafrodito (Fp.2:25-30). “Julguei, contudo, necessário
mandar até vós Epafrodito, por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de
lutas; e, por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas
necessidades; Porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não
fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço”
(Fp.2:25,30).
O apóstolo Paulo faz menção carinhosa
de um obreiro dedicado e abnegado chamado Epafrodito. Este valoroso e dedicado
obreiro só é citado na Carta aos Filipenses, no capítulo 2:25-30 e no capítulo
4:18, mas é o suficiente para compreendermos seu profundo amor por Jesus e pela
Igreja. Não sabemos se ele é o Epafras de Colossenses 4:12, não há como afirmar
isso com certeza. Em todo caso, sabemos que morava em Filipos, era um gentil, e
que pode ter sido um presbítero da igreja.
Paulo queria que os filipenses
soubessem o quanto ele estimava Epafrodito, de modo que ele o caracterizou
através de três nomes (cf. Fp.2:25):
·
Meu irmão, significando um irmão em Cristo. Se nós estamos em Cristo, há um elo de amor
fraternal que nos une uns aos outros. Essa é uma palavra que destaca a relação
de família.
·
Meu cooperador, que significa que ele também estava
trabalhando para o Reino de Deus. Epafrodito era um trabalhador na obra de
Cristo e um ajudador de Paulo.
·
Meu companheiro nos combates, referindo-se à
solidariedade entre os crentes que estão lutando na mesma batalha. A vida
cristã não é um parque de diversões, uma colônia de férias, mas um campo de
guerra. Epafrodito estava no meio desse campo de lutas com o apóstolo Paulo.
Epafrodito era um homem que sabia trabalhar com os outros, qualidade essencial
na vida cristã e no serviço do Senhor. Sejamos “cooperadores e companheiros de
lutas”, para o bem da obra do Senhor.
Epafrodito colocou as necessidades dos
outros acima de suas próprias. Ele estava sempre pronto a fazer os trabalhos
mais comuns e menos honrosos. Hoje, são muitos os interessados em trabalhos
agradáveis e visíveis. Deve-se reconhecer e agradecer a Deus a vida daqueles
que fazem trabalho rotineiro, sem alarde e sem visibilidade. Por fazer o
trabalho árduo, Epafrodito se humilhou. Deus, porém, o exaltou, registrando seu
fiel serviço no capítulo 2 da Carta aos Filipenses, para conhecimento das
gerações vindouras.
3. Paulo e os judaizantes (Fp 3.1-8). Paulo, mesmo sob algemas, não cala sua voz. Ele denuncia e desmascara os
falsos mestres com veemência - “Guardai-vos
dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão! Porque a
circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em
Jesus Cristo, e não confiamos na carne”(Fp.3:2,3).
Paulo adverte os crentes a se guardarem
de um grupo de pessoas em particular que ele descreveu usando três termos
depreciativos diferentes: cães, maus
obreiros e circuncisão. É provável que essas três expressões se refiram ao
mesmo grupo de pessoas: os falsos ensinadores, que procuravam submeter os
cristãos ao judaísmo e ensinavam que só haveria justificação para quem guardasse
a lei e seus rituais. Veja a tríplice advertência de Paulo:
a) “Guardai-vos dos cães”. Aqueles ensinadores
eram considerados “cães”. Na Bíblia, os “cães” são animais imundos. Esse termo
era usado pelos judeus para descrever os gentios. Nas terras do Oriente, os
cães eram criaturas sem lar e, como não tinham dono, viviam nas ruas procurando
alimento onde pudessem. Paulo vira o feitiço contra o feiticeiro, aplicando a
alcunha de “cães” aos falsos ensinadores do judaísmo que procuravam corromper a
Igreja. Eles é que viviam à margem da Igreja, procurando sobreviver de rituais
e de cerimônias. Apanhavam migalhas quando podiam estar assentados à mesa dentro
da festa.
2. “Guardai-vos dos maus obreiros”. Aqueles
ensinadores eram “maus obreiros”. Eles eram obreiros da iniquidade (Lc.13:27) e
obreiros fraudulentos (1Co.11:13). Desviavam a atenção de Cristo e de Sua
redenção perfeita e a fixavam em rituais ultrapassados e em obras humanas. Eles
trabalhavam contra Deus e para desfazerem a obra de Deus. Laboravam para o erro
e para desviarem as pessoas da verdade. Para esses mestres judaizantes, agir
com justiça era observar a lei e segui-la em seus múltiplos detalhes e cumprir
suas inumeráveis regras e prescrições. Mas Paulo estava seguro de que a única
classe de justiça que agrada a Deus consiste em render-se livremente à Sua
graça.
3. “Guardai-vos da circuncisão”. Paulo se refere a
esses ensinadores como homens da “circuncisão” ou da “falsa circuncisão”(ARA).
Esses ensinadores que se diziam cristãos de origem judaica erroneamente
acreditavam que era essencial que os gentios seguissem todas as leis do Antigo
Testamento, dizendo que os crentes gentios tinham que ser circuncidados para
que pudessem ser salvos. Esses mestres judaizantes trocaram a graça de Deus por
um rito físico. Eles queriam inserir na mensagem do evangelho a obrigatoriedade
da circuncisão como condição indispensável para a salvação (At.15:1). Assim, a
salvação deixava de ser pela fé somente e passava a depender do esforço humano.
Eles se vangloriavam de uma incisão na carne, em vez de uma mudança no coração.
Eles cortavam o prepúcio do órgão sexual masculino, porém não cortavam o
prepúcio do coração. Paulo escarnece dessa falsa confiança deles no rito da
circuncisão, em vez de confiarem na graça de Deus. A preocupação de Paulo era
que nada ficasse no caminho da verdade simples de sua mensagem: que a salvação,
para judeus e gentios, igualmente, vem somente através da fé em Jesus Cristo.
III. APRENDENDO A VENCER AS CRISES
1. A crise da falta de firmeza
espiritual (Fp.4:1). “Portanto,
meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no
Senhor, amado”. Na igreja de Filipos, havia perigos internos e externos. A
igreja estava sendo atacada por falsos mestres e por falta de comunhão. A
heresia e a desarmonia atacavam a igreja. Existiam problemas doutrinários e
relacionais. A igreja estava sendo atacada por fora e por dentro. Diante desses
perigos, e por causa das promessas extraordinárias e certas, exaradas no
capítulo anterior, nos versículos 20 e 21, Paulo exorta-os a continuarem “firmes no Senhor”, opondo-se à falsa
doutrina e à divisão interna.
A igreja deve permanecer firme no
Senhor por causa de sua herança (Fp.1:6) e vocação celestial (Fp.3:20,21). Ela
deve permanecer firme, a despeito da hostilidade dos legalistas (Fp.3:2) e dos
libertinos (Fp.3:18,19). Deve permanecer firme diante dos sinais de desarmonia
nos relacionamentos (Fp.2:3,4) e dos desacordos de pensamento (Fp.4:2).
Paulo encerra Filipenses 4:1 com a seguinte
expressão: “amados”. Ele ama de fato
os crentes de Filipos, e esse é um dos segredos de sua eficácia na obra do
Senhor.
2. A crise da desarmonia (Fp.4:2,3). “Rogo a Evódia e rogo a
Síntique que sintam o mesmo no Senhor” (Fp.4:2). Nem tudo era maravilhoso e
perfeito na igreja de Filipos. Ali estava acontecendo algo que é muito comum
nestes últimos dias da Igreja: a dissensão, oriunda de problemas de
relacionamentos. Evódia e Síntique
eram duas irmãs que ocupavam posição de liderança na igreja, que haviam se
esforçado com Paulo no evangelho, mas, agora, estavam em discórdia na igreja.
Elas tinham nomes bonitos (Evódia significa
“doce fragrância”, e Síntique “boa
sorte”), mas estavam vivendo de maneira repreensível. O relacionamento
interrompido delas não era um problema pequeno; muitos havia se tornados
crentes através de seus esforços (cf. Fp.4:3), mas a sua briga estava causando
uma dissensão na igreja. Não temos detalhes da causa de sua discórdia (talvez
seja bom assim!), mas Paulo rogou a elas que resolvessem a situação. O apóstolo
emprega a palavra “rogo” duas vezes,
para mostrar que essa exortação é dirigida a uma e outra. Paulo as incentiva
que “sintam o mesmo no Senhor”.
É impossível sermos unidos em todas as
coisas da vida diária, mas quanto às coisas “no Senhor” é possível reprimir
pequenas diferenças a fim de que o Senhor possa ser magnificado e para que sua
obra avance. É válido ressaltar que:
- Na vida cristã não há comunhão
vertical sem comunhão horizontal. Não podemos estar unidos a Cristo e desunidos
com os irmãos. A lealdade mútua é fruto da lealdade a Cristo. A irmandade
humana é impossível sem o senhorio de Cristo. Ninguém pode estar em paz com
Deus e em desavença com os seus irmãos. Por isso, a desunião dos crentes num
mundo fragmentado é um escândalo. Devemos ser um povo diferente do mundo ímpio,
senão, nossa evangelização é inócua.
- A desarmonia é contrária à natureza
da igreja (Fp.4:3). A igreja deve ser marcada pelo trabalho conjunto, pelo auxílio
recíproco e pela esperança futura. Há uma realidade celestial acerca da igreja,
a saber, o nome dos crentes está escrito no livro da vida, e lá no céu não há
divisão; a igreja na Terra deve ser uma réplica da igreja do Céu. A igreja que
seremos deve ensinar a igreja que somos. É contrária à natureza da igreja
confessar a unidade no Céu e praticar a desunião na Terra. Todos os crentes,
lavados no sangue do Cordeiro, têm seus nomes escritos no livro da vida e serão
introduzidos na cidade santa (Lc.10:17-20; Hb.12:22,23; Ap.3:5; 20:11-15). O
fato de irmos morar juntos no Céu deveria nos ensinar a viver em harmonia na Terra.
3. Vencendo as crises (Fp.4:11). “Não digo isto como por necessidade, porque
já aprendi a contentar-me com o que tenho”. Embora estivesse muito
satisfeito com a generosidade dos filipenses, Paulo esclareceu que tinha
aprendido um importante segredo para a vida cristã: que ele poderia se
contentar com o que tinha, fosse muito ou pouco. Paulo explicou que a sua
suficiência estava somente em Cristo, que provê a força para que enfrentemos
todas as crises.
É importante que os crentes percebam
que o “contentamento” bíblico não significa uma acomodação em relação aos
desafios da vida, nem tampouco um desinteresse por melhorar o crescimento
profissional, educacional, etc. Trata-se de um estado de alma, que possuímos em
Cristo tudo quanto nos é necessário para nossa alegria, paz e comunhão com Deus
e os homens.
Para Paulo, o contentamento que
experimentava na riqueza e pobreza, na fartura ou miséria, eram reflexos de uma
mesma realidade vivida na presença de Deus. A certeza de que Deus estava nele,
que havia concedido a ele o seu Reino, transcendia suas experiências pessoais e
as colocava num universo eterno. Penso que foi isso que Jesus experimentou. Sua
vida não foi sempre um arranjo de fatos agradáveis. Experimentou o abandono,
angústia, tristeza, traição, alegria e exultação, e todas essas experiências
fizeram parte do Reino que havia sido entregue.
É bom ressaltar que o contentamento não
será encontrado na próxima curva, na visita ao shopping center, no novo emprego
ou nas coisas simples e rotineiras, mas nas experiências que a graça de Deus
nos concede dia a dia. Contentamento não significa não passar pelos vales
sombrios da morte, mas gozar a plenitude do Reino, do amor, da justiça e da
paz.
Para ter o verdadeiro contentamento,
lembre-se de que tudo pertence a Deus e que aquilo que temos nos foi dado por
Ele. Sejamos agradecidos pelo que temos, não cobiçando o que os outros possuem.
Peçamos sabedoria para usarmos sabiamente o que temos. Oremos pedindo ao Senhor
a graça necessária para abandonarmos o desejo exasperado pelo que não temos.
Confiemos que Deus suprirá as nossas necessidades.
Muitas pessoas que se dizem cristãs têm
sido fiéis e leais ao Senhor Jesus enquanto as condições permitem, isto é,
enquanto tudo está bem, quando os ventos são favoráveis, quando não falta
dinheiro, quando a família está com saúde. Porém, vindo as aflições,
perseguições, carência de dinheiro, etc., deixam de olhar para o Autor e
Consumador da fé (Hb.12:2), e começam a murmurar e a questionar a Deus pela
situação que está atravessando. Daí começa o descontentamento, a tristeza, e em
seguida partem para a infidelidade, que é um sinal de desconfiança e incerteza.
É fácil ser fiel quando tudo vai bem. Quando as coisas vão mal, a fidelidade é
um “sacrifício”. O que o Espírito Santo deposita dentro de nós através da
fidelidade atravessa qualquer barreira, transpondo todos os obstáculos
contrários à fé. E Deus sempre está provando a nossa fidelidade para com Ele.
Devemos estar cônscios de que os desertos não são apenas os momentos difíceis
por que passamos aqui, não! Os “desertos” são a trajetória de nossa jornada
rumo ao Céu. Pense nisso!
CONCLUSÃO
O contentamento de Paulo diante das
crises era resultado da sua comunhão com Deus. Ele aprendera com o Senhor a se
contentar em toda e qualquer circunstância. Disse ele: “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em
todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a
ter abundância como a padecer necessidade”. Paulo sabia “estar abatido” ou
“humilhado” (ARA), isto é, quando não tinha suprimento para as necessidades
básicas da vida, e também sabia “ser honrado”, ou seja, quando recebia mais do
que necessitava. “Em todas as circunstâncias” - já tinha experiência, tanto de
fartura como de fome; assim de abundância como de escassez. Como Paulo aprendeu
tal lição? Simplesmente porque tinha a certeza de estar na vontade de Deus onde
quer que estivesse, fossem quais fossem as circunstâncias. Sabia que estava ali
pela vontade de Deus. Assim, se passasse fome, era porque Deus queria que ele
passasse fome. Se estivesse fartura, era porque Deus planejou que fosse assim.
Estando ocupado fielmente no serviço do Rei, ele podia dizer: “Sim, ó Pai,
porque assim foi do teu agrado”. Portanto, quer Paulo tivesse muito ou pouco,
ele era capaz de manter a vida em equilíbrio por causa do contentamento. Que
lição importante para todos os crentes, das igrejas locais de hoje, aprenderem!
Que possamos seguir o exemplo de Paulo e aprender com o Senhor a ter paz e
contentamento mesmo enfrentando crises.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista Ensinador
Cristão – nº 68. CPAD.
Pr. Elienai Cabral.
O Deus da Provisão, Esperança e sabedoria divina para a Igreja em meio ás
crises. CPAD.
Rev. Caramuru Afonso
Francisco. Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas.
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