2º
Trimestre/2019
Texto Base: Êxodo 28.1; Levítico 8.22; Hebreus
7.23-28; 1 Pedro 2.9
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os
céus” (Hb.7:26).
1-Depois,
tu farás chegar a ti teu irmão Arão e seus filhos com ele, do meio dos filhos
de Israel, para me administrarem o ofício sacerdotal, a saber: Arão e seus
filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.
Levítico 8
22-Depois,
fez chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração; e Arão e seus filhos
puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro;
Hebreus 7
23-E,
na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela
morte, foram impedidos de permanecer;
24-mas
este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo.
25-Portanto,
pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles.
26-Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores e feito mais sublime do que os céus,
27-que
não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso
fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
28-Porque
a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento,
que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.
1Pedro 2
9-Mas
vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.
INTRODUÇÃO
Na Aula anterior vimos que o sistema de sacrifícios levítico apontava
para o sacrifício do Calvário. Nesta Aula veremos que o ofício sacerdotal
levítico apontava para o sacerdócio perfeito de Cristo Jesus.
Todos os sacrifícios oferecidos pelos sacerdotes apontavam para Cristo.
Tudo era sombra da plena realidade que se cumpriu em Cristo. Ele foi o
sacerdote perfeito. Ele ofereceu o sacrifício perfeito. Seu sangue nos purifica
de todo pecado. Sua morte foi substitutiva. Ele abriu para nós um novo e vivo
caminho para Deus. Por meio de sua morte, fomos reconciliados com Deus, e
através de Sua preciosa graça temos o maior Dom: a Salvação eterna.
No interior do Tabernáculo, o personagem mais importante era o sumo
sacerdote. Somente ele estava autorizado a entrar no Lugar Santíssimo, com o
sangue do sacrifício, uma vez por ano, para expiar os pecados do povo de
Israel. Esse personagem era símbolo do sacerdócio eterno de Jesus Cristo, o
Sumo Sacerdote eterno do povo de Deus da Nova Aliança, que uma vez para sempre,
entrou na presença de Deus e satisfez a justiça de Deus e expiou os pecados de
todos aqueles que nele creem.
O sumo sacerdócio de Cristo é a sua mais completa descrição com respeito
a sua obra redentora. Enquanto o levítico foi estabelecido em Arão, o do Novo
Testamento foi estabelecido em Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque
(Hb.5:10) - “Sendo por Deus chamado sumo
sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Melquisedeque era rei e sacerdote. Somente em Jesus Cristo e em
Melquisedeque é que esses dois cargos são unidos em uma só pessoa. Jesus Cristo
é Rei e Sumo Sacerdote. Ele é o Sumo Sacerdote entronizado.
I. A ESCOLHA DOS
SACERDOTES (Êx.28:1-5)
“Depois, tu farás chegar a ti teu irmão
Arão e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para me administrarem
o ofício sacerdotal, a saber: Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e
Itamar” (Êx.28:1).
O ministério sacerdotal surgiu como uma necessidade para que houvesse o
devido relacionamento entre Deus e os homens. Deus ordenou a Moisés que
separasse a Arão e seus filhos para este tão grande e sublime mister. Essa
escolha divina foi confirmada mediante a unção, que seguiu um rito todo
especial, determinado pelo próprio Deus (cf. Levítico cap. 8).
No ministério cristão, por meio do Espírito Santo, Deus é quem elege
líderes para a sua Igreja (At.13:2).
1. Os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi.
O sacerdote era um mediador que ensinava a lei, mas principalmente
oficiava os cultos religiosos dos israelitas. Eles só podiam vir da tribo
de Levi (Êx.28:1). No entanto, o simples fato de alguém ser levita não
fazia dele um sacerdote.
Para atuar como sacerdote era necessário o chamado de Deus (Hb.5:4)
- "Ninguém, pois, toma esta
honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com
Arão".
Então, ser sacerdote era uma honra especial, e os que desempenhavam essa
função eram diretamente chamados por Deus. Os demais levitas, embora
desempenhassem trabalhos importantes na vida religiosa de Israel, não eram
sacerdotes.
Os sacerdotes da ordem levítica, da casa de Arão, eram consagrados ou
separados por Deus para esse trabalho especial (Êx.28:1-4). Isso significa
que eram santos, não devendo ser consideradas pessoas comuns. Eles tinham uma
posição proeminente entre as demais tribos de Israel (Nm.1:52,53).
“E os filhos de Israel assentarão as
suas tendas, cada um no seu esquadrão e cada um junto à sua bandeira, segundo
os seus exércitos. Mas os levitas assentarão as suas tendas ao redor do
tabernáculo do Testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos
filhos de Israel; pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo
do Testemunho”.
Além disso, para que um homem fosse sacerdote, ele precisava não só ser
da tribo de Levi, ser chamada por Deus para o trabalho e ser consagrada, mas
tinha de estar isenta de deformidades físicas e de outras contaminações (veja
Levítico 21). Ainda que uma pessoa preenchesse todos os requisitos, se
fosse cega, coxa ou de algum modo deformada, não podia atuar como sacerdote.
Então, vemos que os que eram sacerdotes no sistema levítico eram especiais,
santos e sem deficiências. Isso apontava para a perfeição do Sumo Sacerdote da
Nova Aliança, Jesus Cristo (Hb.6:20).
“a qual temos como âncora da alma
segura e firme e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso
precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque” (Hb.6:19,20).
2. Características especiais dos levitas.
Os levitas possuíam duas
características especiais:
a) eram os ajudantes dos sacerdotes. Por haverem sido resgatados da morte, na noite da páscoa, os
primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus, mas os levitas, por seu
zelo espiritual, foram escolhidos divinamente como substitutos dos filhos mais
velhos de cada família (Nm.3:5-13; 8:17-19). Os levitas assistiam os sacerdotes
em seus deveres e transportavam o tabernáculo e cuidavam dele.
“5.E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
6.Faze chegar a tribo de Levi e põe-na
diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam,
7.e tenham cuidado da sua guarda e da
guarda de toda a congregação, diante da tenda da congregação, para administrar
o ministério do tabernáculo,
8.e tenham cuidado de todos os
utensílios da tenda da congregação e da guarda dos filhos de Israel, para
administrar o ministério do tabernáculo.
9.Darás, pois, os levitas a Arão e a
seus filhos; dentre os filhos de Israel lhes são dados em dádiva.
10.Mas a Arão e a seus filhos ordenarás
que guardem o seu sacerdócio, e o estranho que se chegar morrerá.
12.E eu, eis que tenho tomado os
levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo o primogênito que abre a
madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus.
13.Porque todo primogênito meu é; desde
o dia em que feri a todo o primogênito na terra do Egito, santifiquei para mim
todo o primogênito em Israel, desde o homem até ao animal; meus serão; eu sou o
SENHOR” (Nm.3:5-13).
b) havia unidade neles. Os levitas tinham unidade e não uniformidade. Unidade vem de dentro, é
uma graça espiritual; enquanto uniformidade é o resultado de uma pressão de
fora. Esta unidade não é externa nem mecânica, porém interna e orgânica. Paulo
usa a figura do corpo para descrever a unidade da Igreja. A Igreja – A
Universal Assembleia dos Santos - é o Corpo de Cristo (Ef.4:4-6).
“há um só corpo e um só Espírito, como
também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por
todos, e em todos”.
Ø “Um só corpo”. Só existe uma
igreja verdadeira, o corpo de Cristo, formada de judeus e gentios. Uma pessoa
só começa a fazer parte desse corpo quando é convertida e batizada pelo
Espírito nesse corpo (1Co.12:13).
Ø “Um só Espírito”. É o mesmo Espírito que habita na vida de cada crente.
Ø “Uma só Esperança”. É a esperança da volta de Jesus para reinar com a sua Igreja.
Ø “Um só Senhor”. Este é o nosso Senhor Jesus Cristo que morreu por nós, vive por nós, e
um dia virá para nós. É difícil crer que dois crentes que dizem obedecer ao
mesmo Senhor sejam incapazes de andar juntos em unidade. Confessar o senhorio
de Cristo é um grande passo na direção da unidade entre o seu povo.
Ø “Uma só Fé’. Esta fé tanto é o conteúdo da verdade em que cremos (Jd.3; 2Tm.2:2),
como é a nossa confiança pessoal em Cristo como Senhor e Salvador.
Ø “Um só Batismo”. Este é o batismo pelo Espírito no corpo de Cristo (1Co.12:13). Não
confundir com o batismo no Espírito Santo (Atos 2:2-4).
Ø “Um só Deus e Pai”. Deus é o Pai de todos aqueles que receberam Jesus Cristo como único
Senhor e Salvador (João 1:12).
A unidade da igreja, portanto, não é construída pelo homem, mas pelo
Deus triúno. Ela existe por obra de Deus e não do homem. Portanto, ecumenismo
não possui amparo na Palavra de Deus.
3. A consagração sacerdotal tinha um só propósito.
Em uma cerimônia impressionante e muito bem preparada, Arão e seus
filhos foram consagrados ao sacerdócio. Eles tinham de estar devidamente limpos
e ataviados e deviam ter expiado seus pecados antes de assumir os deveres
sacerdotais.
O Deus vivo não é uma imagem impotente à qual os homens prestam culto
segundo suas ideias. Somente Ele é quem determina os requisitos segundo os quais
lhe é possível habitar com o seu povo.
Os sacerdotes foram consagrados para servir no Tabernáculo. Eles não
podiam executar outra atividade que fugisse a esse propósito (Nm.1:50; 3:12).
“mas, tu, põe os levitas sobre o
tabernáculo do Testemunho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre tudo o que
lhe pertence; eles levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o
administrarão e assentarão o seu arraial ao redor do tabernáculo” (Nm.1:50).
Hoje, todos os crentes são sacerdotes, pois o Novo Nascimento nos inclui
neste privilégio de compromisso espiritual (1Pd.2:9). O Novo Testamento dá base
para que o crente considere a Cristo o seu Sumo Sacerdote.
“Por isso, irmãos santos, participantes
da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e Sumo Sacerdote da
nossa confissão” (Hb.3:1).
Assim como os sacerdotes da Antiga Aliança, os ministros de Cristo da
Nova Aliança precisam ser consagrados ao Senhor, ser purificados de toda culpa,
ungidos com o Espirito Santo, afim de que o culto tenha a qualidade desejada
pelo Senhor, sendo, assim, aceitável diante dEle. Além disso, a vida do
ministro deve ser coerente com o culto ou serviço que prestam a Deus.
O ministro do Senhor Jesus, nos dias de hoje, também deve observar o
chamado divino para a sua vida, a santificação e a unção de Deus para exercer o
seu ministério, o princípio da submissão no seu dia a dia e a necessidade de
exercer o seu ministério conforme a vontade de Deus (leia 1Tm.3:1-7; 6:11,12;
Tt.1:7-9; 1Pd.5:1-4).
Ainda, o ministro deve se lembrar de que sua função no reino de Cristo
não é simplesmente um cargo ou uma forma de se alcançar status ou se
locupletar. Pense nisso!
II. VESTIMENTA
SACERDOTAL PARA O SERVIÇO
A vestimenta era um símbolo da autoridade sacerdotal. Além de despertar
a atenção do povo, marcava o caráter divino do serviço.
O capítulo 28 de Êxodo descreve a vestimenta sacerdotal para o serviço
no Tabernáculo.
“E farás vestes santas a Arão, teu irmão, para
glória e ornamento. Falarás também a todos os que são sábios de coração, a quem
eu tenha enchido do espírito de sabedoria, que façam vestes a Arão para
santificá-lo, para que me administre o ofício sacerdotal. Estas, pois, são as
vestes que farão: um peitoral, e um éfode, e um manto, e uma túnica bordada, e
uma mitra, e um cinto; farão, pois, vestes santas a Arão, teu irmão, e a seus
filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal” (Êx.28:2-4).
1. As vestes do Sacerdote
Os sacerdotes, quando estivessem ocupados com as funções sacerdotais
deviam usar “vestes santas” (Êx.28:3). Essas vestes eram feitas do melhor linho
fino, que era um símbolo de pureza.
Os materiais para fazer as vestes sacerdotais eram os mesmos das
cortinas e do véu do Tabernáculo (Êx.26:1,31,32;28:5,6). Eram obras primorosas
para que os sacerdotes estivessem vestidos com dignidade e formosura. Eles não
poderiam apresentar-se diante do Senhor de qualquer maneira.
Havia quatro vestes prescritas por Deus
aos sacerdotes:
a) Os calções de linho, que serviam para cobrir as partes íntimas e as coxas do sacerdote (Êx.28:42).
b) O manto ou túnica de linho fino e
branco (Êx.28:39,40). Isto lhe recordava seu dever de
viver uma vida pura e santa. Também, apontava para a pureza, perfeição e
justiça de Cristo.
c) O cinturão de linho, com bordado e usado para prender as roupas (Êx.28:39,40).
d) As tiras para a cabeça, isto é, para o turbante ou mitra (Êx.28:37,40).
2. As vestes do Sumo Sacerdote
Além das quatro peças básicas anteriormente citadas, havia outras que
eram usadas apenas pelo sumo sacerdote.
As vestimentas manifestavam a dignidade da mediação sacerdotal e
lembrava ao intercessor que ele deveria se comportar com o devido decoro, bem
como levava o povo a se comportar em santa reverência diante de Deus. Não
deveria ser assim hoje nas igrejas locais?
a) Lâmina de ouro na testa
(Êx.28:36-38). Esta peça era usada na frente da mitra
sacerdotal, isto é, do turbante (Êx.28:37) com as seguintes palavras gravas
sobre ela: “Santidade ao Senhor” (Êx.28:36).
Isto proclamava que a santidade é a essência da natureza de Deus e indispensável
a todo o verdadeiro culto prestado a Ele. O sumo sacerdote era a personificação
de Israel e sempre era seu dever trazer à memória do povo a santidade de Deus.
Ao povo da Nova Aliança é exigido santidade, quando nos apresentamos ao
Senhor para prestar-lhe culto. Como nós somos templos do Espirito Santo
(1Co.6:19), logo a santidade deve ser buscada constantemente. Está escrito:
“Sede santos em toda a vossa maneira de viver”(1Pd.1:15).
Assim como as vestes sujas do sumo sacerdote Josué, na visão do profeta
Zacarias, representavam a sua iniquidade (Zc.3:3,4), as vestes santas do sumo
sacerdote representavam a pureza e a perfeição de Cristo como o nosso Sumo
Sacerdote definitivo e por excelência (Hb.7:26).
Matthew Henry disse que “o nosso adorno agora, sob o evangelho, tanto o
dos ministros quanto o de todos os cristãos, não deve ser de ouro ou pérolas,
nem custoso, mas deve ser composto das vestes da salvação e do manto da
justiça” (Is.61:10; Sl.132:9,16).
“Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a
minha alma se alegra no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, me
cobriu com o manto de justiça, como um noivo que se adorna com atavios e como
noiva que se enfeita com as suas joias” (Is.61:10).
b) O Manto azul (Êx.28:31-35). Esta peça era usada sobre a túnica branca. Ela se estendia do pescoço
até abaixo dos joelhos. As orlas do Manto eram adornadas com campainhas de ouro
e romãs azuis que se alternavam. Como a romã tem muitas sementes, é considerada
símbolo de uma vida frutífera. As campainhas de ouro anunciavam os movimentos
do sumo sacerdote à congregação no interior da Tenda no Dia da Expiação. Desse
modo, sabiam que ele não havia morrido ao entrar no Lugar Santíssimo, mas que
sua mediação havia sido aceita.
Alguns estudiosos da Bíblia têm visto igualmente aí uma verdade
espiritual para o cristão. Segundo eles, as campainhas podem representear o
testemunho verbal, e as romãs, o fruto do Espírito. Ambos andam juntos e devem
ser de igual importância para o cristão.
c) O Éfode (Êx.28:6-14). Ele consistia em um colete com as partes da frente e de trás unidas por
tiras sobre cada ombro e por um cinturão à altura da cintura. Era feito de
linho nas cores dourado, azul, púrpura e escarlate. Nas tiras sobre os ombros,
havia duas pedras sardônicas, uma de cada lado, trazendo o nome das doze tribos
de Israel – seis nomes em cada pedra (Êx.28:9,10). O texto bíblico diz que a
ordem dos nomes era “segundo as suas gerações” (Êx.28:10), o que significa
dizer que a disposição dos nomes nas pedras obedecia à ordem de nascimento dos
doze filhos de Israel que davam nome às tribos.
O fato de o sumo sacerdote levar o nome das doze tribos nos ombros tinha
um significado claro: ele, como intercessor entre o povo e Deus, levava em seus
ombros todo o povo de Israel. O propósito divino era que, cada vez que o sumo
sacerdote vestisse o Éfode, se lembrasse disso (Êx.28:12).
d) O Peitoral do juízo (Êx.28:15-30). Esta peça era colocada sobre o Éfode, na frente. Era uma bolsa quadrada
de aproximadamente vinte centímetros. Era a parte mais magnífica e mística das
vestes sacerdotais. Tinha na frente doze pedras de diferentes tipos e cores;
cada pedra preciosa tinha o nome de uma das tribos de Israel (Ex.28:21). O
significado aqui é claro:
Ø No Éfode, o sumo sacerdote levava os nomes das tribos de Israel sobre os ombros,
a parte do corpo que representa a força.
Ø No peitoral, sobre seu coração, o órgão representativo da reflexão e do amor.
O Sumo-sacerdote não somente representava Israel diante de Deus, mas
também intercedia em favor da nação. A verdadeira intercessão brota do coração
e se realiza com todo o vigor. Ele é, sobretudo, uma imagem de nosso grande
Intercessor no Céu, em cujas mãos estão gravados nossos nomes (Is.49:16) – “Eis que, na palma das minhas mãos, te tenho
gravado; os teus muros estão continuamente perante mim”.
e) Urim e Tumim. O sumo sacerdote usava dentro do peitoral o Urim e o Tumim, que
significavam “luzes e perfeições”. Eram empregados para consultar ao Senhor.
Segundo se crê, era duas pedrinhas, uma indicando resposta negativa e a
outra, resposta positiva. Não se sabe como eram usadas, mas é provável que, em
situações difíceis, fossem retiradas de algum lugar ou lançadas ao acaso, ao
fazer-se uma consulta propondo uma alternativa: “farei isto ou aquilo?”. Ao
retirar a pedra, interpretava-se a resposta, segundo a vontade de Deus
(Êx.29:10; Nm.16:40; 27:21; Ed.2:63; 1Sm.14:36-42; 2Sm.5:19).
III. O SACERDÓCIO
DE CRISTO (Hb.7:23-28)
Na Antiga Aliança, a função sacerdotal restringia-se à tribo de Levi, da
casa de Arão. Na Nova Aliança, porém, o nosso Sumo Sacerdote, Jesus Cristo,
ergue-se de uma ordem superior à ordem de Arão. Ele é da ordem de Melquisedeque
(Hb.6:20). Aquele era temporário; este, permanente (Hb.7:24). Aquele, pecador
(Hb.7:27); este, imaculado (Hb.7:26). Aquele, imperfeito; este, perfeito.
1. Um novo e perfeito sacerdócio
O sacerdócio de Cristo é superior ao sacerdócio levítico porque Jesus
jamais pecou e, por isso, pôde oferecer um sacrifício perfeito, único e que não
apenas cobriu, mas tirou o pecado do mundo (João 1:29).
“Porque não temos um sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo
foi tentado, mas sem pecado” (Hb.4:15).
O sacerdócio levítico estava sujeito ao pecado (Lv.10:1,2; 9:7,8;
Hb.8:3; 9:6,7), oferecia sacrifícios contínuos (Ex.29:38,41,42; 30:10;
Nm.28:1-3) e o efeito da expiação era temporário (Hb.10:1-4; 9:9,10).
Já o sacerdócio de Cristo é muito superior, pois nele está a plenitude
sacerdotal (Hb.4:14,15; 7:26,27; At.5:30,31). Ele fez uma única oblação
(Hb.7:27; 9:24,25,28; 10:14; 1Pd.3:18) e Seu sacrifício foi eficaz
(1Pd.1:18,19; Hb.5:9; 9:14,15,24).
“Porque, com uma só oblação,
aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hb.10:14).
“assim também Cristo, oferecendo-se uma
vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos
que o esperam para a salvação” (Hb.9:28).
Os sacerdotes da ordem levítica não eram apenas imperfeitos, mas também
tinham seu ministério interrompido pela morte. Nenhum sacerdote em Israel viveu
para sempre. Uma geração de sacerdotes dava lugar à próxima geração. Enquanto
novos sacerdotes entravam, os mais antigos estavam se aposentando ou morrendo.
Permanecia o sacerdócio, mas não havia um sacerdote específico de quem se
pudesse depender o tempo todo.
O ministério de Cristo, porém, é perfeito e dura para sempre, pois Ele
morreu pelos nossos pecados, venceu a morte, ressuscitou para a nossa
justificação, voltou ao Céu e está à destra do Pai intercedendo por nós. Ele
vive para sempre. Isto quer dizer que, quando nos aproximamos de Deus por meio
dele, Ele está sempre presente, sempre à disposição e jamais se ausenta.
Aleluia!
Jesus não é apenas o Sacerdote perfeito, mas ofereceu o sacrifício
perfeito. Ele é a própria oferta. Ele é o próprio sacrifício. Ele entregou a si
mesmo, como oferta pelos nossos pecados. Sua oferta foi perfeita, completa e
eficaz. Resta afirmar, portanto, que, sendo Jesus Cristo o nosso Sumo
Sacerdote, nunca haverá um tempo em que, ao nos aproximarmos de Deus, seremos
rejeitados.
“Porque nos convinha tal sumo
sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais
sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e,
depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do
juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre”
(Hb.7:26-28).
2. Jesus trouxe salvação perfeita (Hb.7:25)
“Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles”.
O sacerdócio levítico não podia aperfeiçoar o pecador, mas Jesus pode
salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus. A morte de Jesus foi
vicária, substitutiva. Ele morreu em nosso lugar, como nosso substituto, para
nos salvar.
Nossa salvação foi planejada por Deus Pai, executada pelo Deus Filho e
aplicada pelo Deus Espírito Santo.
A salvação não é uma conquista das obras, mas uma oferta da graça
(Ef.2:8). Não somos salvos por aquilo que fazemos para Deus, mas pelo que
Cristo fez por nós. Ele e só Ele pode salvar completamente.
“Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef.2:8).
O apóstolo Paulo, em todas as suas Epístolas, enfatiza repetidas vezes
que a salvação não é por obras, mas por fé no Senhor Jesus Cristo. Ou melhor, a
salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à
fé no Senhor Jesus. Diz a Palavra de Deus: ”Pela Graça sois salvos, mediante a
fé...”(Ef.2:8). Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos
entender essas duas palavras: Fé e Graça.
A Fé em Jesus Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem
para a salvação. A Fé não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas
também uma ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a
Cristo como Senhor e Salvador (cf. Mt.4:19; 16:24; Lc.9:23-25; João 10:4, 27;
12:26; Ap.14:4).
A Fé, em si mesma, não salva - quem salva é Jesus. A Fé, em si mesma,
não cura - quem cura é Jesus.
A Fé é o meio, é o mover do homem, é como uma mão que se estende para
tomar posse da bênção. Se essa mão não se estender a bênção não é entregue,
automaticamente.
3. Jesus, o mediador de uma melhor Aliança
(Hb.7:25b)
“vivendo sempre para interceder por
eles”.
Jesus, como nosso Sumo Sacerdote, vive permanentemente intercedendo por
nós. Sua morte vicária foi consumada na cruz, mas seu ministério sacerdotal continua
no Céu. Ele é o Advogado, o Justo (1João 2:1).
Nenhuma condenação prospera contra aquele que está em Cristo, pois ele
morreu, ressuscitou e está à destra de Deus, de onde intercede por nós
(Rm.8:1,34,35).
“Portanto, agora, nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o
espírito” (Rm.8:1).
“Quem os condenará? Pois é Cristo quem
morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de
Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A
tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o
perigo, ou a espada?” (Rm.8:34,35).
Jesus, como Sumo Sacerdote Perfeito, e de uma ordem superior e perfeita,
é capaz de condoer-se e socorrer os que a Ele recorrem. Não há ninguém melhor
que Ele para compreender nossas fraquezas e debilidades. Ele é o nosso mediador
perfeito.
“porquanto há um só Deus e um só
mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm.2:5,6).
Com base nesse fato, o autor aos Hebreus encoraja os cristãos da
seguinte forma:
"Cheguemos, pois, com confiança ao
trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de
sermos ajudados em tempo oportuno" (Hb.4:16).
“De sorte que, se a perfeição fosse
pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade
havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de
Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?” (Hb.7:11).
CONCLUSÃO
A ordem levítica encerrou sua atividade. Era sombra da realidade que
veio em Cristo. Um sacrifício perfeito e cabal foi realizado. O Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo, foi imolado. Agora, uma nova ordem perpétua
foi inaugurada. Cristo é Sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.
Ele morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras. Foi sepultado e
ressuscitou segundo as Escrituras (1Co.15:3). Sua morte não foi um acidente nem
sua ressurreição foi uma surpresa. Ele está no Céu intercedendo por nós, por
isso pode salvar-nos totalmente (Hb.7:25).
O sacerdócio de Jesus é para sempre porque nunca poderá ficar melhor do
que já é. Sendo perfeito, nunca chega a ponto de ceder lugar a um melhor. Por
ser da ordem de Melquisedeque, não tem sucessão como tinha a ordem de Arão.
Glórias sejam dadas a Ele!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
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Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
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Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai
Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin
Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão
de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Hebreus – A superioridade de Cristo.
Obrigada pelo precioso estudo.Ele foi esclarecedor e de fácil compreensão.
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