2º
Trimestre/2014
Texto
Básico: Tito 1:5-7; 1Pedro 5:1-4
“Por
esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que
ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros [...]” (Tt 1:5)
INTRODUÇÃO
Na acepção do Novo Testamento, os presbíteros são
cristãos maduros, de excelente caráter e que detêm liderança espiritual em uma
igreja local. Os vocábulos: presbítero,
ancião e bispo, são usados no compêndio neotestamentário com o mesmo
significado (ler 1Pedro 5:1-9). Ao longo da história da igreja, a
atividade do presbítero, ou bispo, caracterizou-se pelo ministério de
apascentador do rebanho do Senhor e governo da igreja local, e pela dedicação
ao ensino da Palavra de Deus. É o obreiro que colabora com o pastor titular da
igreja, ajudando-o no cuidado e zelo do rebanho do Senhor Jesus Cristo.
I. A ESCOLHA DOS PRESBÍTEROS
1. Significado da função. O nome “presbítero”, que se refere à
maturidade espiritual do homem, deriva da palavra grega presbyteros. O vocábulo grego episkopos,
traduzido por “bispo”, “supervisor” ou “ancião”, é também usado em referência
aos presbíteros, e descreve sua função como “pastores” do rebanho do Senhor
Jesus. Os nomes “presbítero” e “bispo” são geralmente interpretados como
referindo-se às mesmas pessoas pelas seguintes razões: em Atos 20:17, Paulo
mandou chamar os presbíteros de Éfeso; no versículo 28, ele se dirigiu a eles
como episkopoi(anciãos). Pedro, de
igual modo, em 1Pedro 5:1,2, usa ambos os termos sem os distinguir. As
qualificações para os bispos (episkopoi),
em 1Timóteo 3, e para os presbíteros (presbyteroi), em Tito 1, são
essencialmente as mesmas.
Na igreja contemporânea, há uma diversidade de interpretações acerca da
função do presbítero:
- Na Igreja Presbiteriana, o presbítero é um clérigo ordenado
(governante) ou um leigo (educador), com o conjunto desses presbíteros formando
o corpo governante.
- As Igrejas Batistas denominam como presbitério, o Ministério Pastoral.
- Na Igreja Congregacional, os presbíteros formam o segundo nível
administrativo.
- A Igreja Assembleia de Deus, na Convenção Geral de 1937 os convencionais
estabeleceram a hierarquia eclesiástica, que até hoje prevalece, assim:
diácono, presbítero, evangelista e pastor. Portanto, na Assembléia de Deus o
presbítero compõe o terceiro nível de liderança eclesiástica.
2. A liderança local. “Por esta causa
te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam
e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros...”(Tt 1:5). Paulo
deixou Tito em Creta para colocar em ordem as coisas restantes nas igrejas e
constituir nessas igrejas presbíteros. O texto da carta indica que havia graves
faltas na vida individual e conjunta das igrejas de Creta, como: - falta de
liderança espiritual (Tt 1:5); - falsos mestres (1:10,11); - conduta imoral
entre os membros da família de Deus, tanto jovens quanto velhos (2:1-10). A
ilha de Creta era uma região altamente marcada pela devassidão moral e pela
disseminação de muitas heresias. As igrejas, ainda incipientes, corriam sérios
riscos de ser atacadas por esses perigos morais e espirituais. Somente sob uma
liderança bíblica e moralmente sadia a igreja poderia resistir a esse cerco
ameaçador. A maneira mais adequada de combater o erro é espalhar a verdade; a
forma mais eficaz de combater os falsos mestres é multiplicar os verdadeiros mestres.
Assim como a igreja de Jerusalém tinha uma pluralidade de presbíteros (At
11:30), Paulo também constituiu presbíteros nas igrejas (At 14:23). Essa mesma
prática deveria ser repetida em todas as igrejas da ilha de Creta (Tt 1:5).
Desta feita, torna-se claro o aspecto pastoral da função de presbíteros nas
comunidades cristãs antigas.
3. As qualificações. A missão do presbítero é de tanta importância que o
Novo Testamento dedica vários textos a respeito das qualificações que se devem
exigir dos obreiros que são escolhidos para essa função ministerial. Na escolha
do presbítero, segundo a Palavra de Deus, devem ser observadas algumas
qualidades ou qualificações, com base no texto de Tito 1:6-9, que equipara o
presbítero ao ''bispo” :
6. aquele que for irrepreensível, marido de uma
mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem
são desobedientes.
7. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8. mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado,
justo, santo, temperante,
9. retendo firme a fiel palavra, que é conforme a
doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes”.
As características do presbítero exaradas neste texto
têm mais a ver com a sua vida do que com o seu desempenho. A vida do líder é a
vida da sua liderança. A vida precede o ministério e é sua base. Portanto, ele
precisa ser:
Irrepreensível. O retrato que Paulo traça do presbítero (Tt 1:6) ou bispo (1:7) é
emoldurado pela irrepreensibilidade. John Stott corretamente diz que isso não
quer dizer que os candidatos teriam de ser totalmente isentos de falhas e defeitos, pois nesse caso todos
seriam desqualificados. A palavra empregada é anenkletos - “sem culpa, não passível de acusação” - e não anômos - “sem mácula”. O
presbítero não pode deixar brechas no seu escudo moral. Seu ofício é público e
sua reputação pública precisa ser inquestionável.
Pelo texto, o presbítero precisa ser irrepreensível em
três áreas distintas:
A) IRREPREENSÍVEL COMO LÍDER DE SUA FAMÍLIA- Tt 1:6
Nesta área, ele precisa ser irrepreensível em dois
pontos vitais:
1) Como marido de uma mulher. Marido de uma só mulher quer dizer marido fiel à sua
esposa, ou seja, um homem livre de qualquer suspeita quanto à sua relação
matrimonial, íntegro em sua conduta conjugal. Ele não pode ser um homem
adúltero, mantendo relacionamentos extraconjugais; nem polígamo, casando-se com
várias mulheres.
Observação:
Paulo não exclui do presbiterato o
homem solteiro, ou viúvo que se casou novamente. Antes, ele está instruindo a
igreja que os polígamos e os que se divorciam e se casam novamente, por razões
não amparados nas Escrituras, estão desqualificados para esse ofício (Mt 19:9;
1Co 7:15).
2)
Irrepreensível como pai. O presbítero
precisa ser o sacerdote do seu lar, o líder espiritual da sua família. Deve
criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor. Embora um pai não possa
determinar a salvação de seus filhos, pode preparar o caminho do Senhor por
intermédio da instrução da Palavra, da amorosa disciplina. Se o presbítero não
sabe governar a própria casa, como poderá governar a igreja de Deus? Pergunta o
apóstolo Paulo (1Tm 3:4,5). Obviamente isso se aplica aos filhos que vivem com
a família sob a autoridade do pai.
B)
IRREPREENSÍVEL COMO DESPENSEIRO DE DEUS - Tt 1:7,8
Neste
aspecto, Paulo aborda o assunto sob duas perspectivas; Primeiro, ele trata do aspecto negativo, isto é, o que
um presbítero não deve ser; Segundo,
do aspecto positivo, isto é, o que o presbítero deve ser e ter. Vejamos, em
resumo, estes aspectos.
B1) ASPECTOS NEGATIVOS - defeitos que o presbítero não
deve ter. O presbítero não deve
ser:
1) Soberbo.
Soberba é aquela pessoa que exalta a si mesma, que só se preocupa consigo mesma
e olha para os outros com discriminação e desprezo. É aquela pessoa que
obstinadamente mantém a própria opinião, ou assevera os próprios direitos e não
considera os direitos, sentimentos e interesses de outras pessoas.
2) Iracundo. A Bíblia não classifica toda ira como pecado (Ef 4:26); o que ela
condena é o homem genioso, esquentado, de estopim curto, que, além de irar-se
com facilidade, também fica remoendo por longo tempo a sua ira. Um homem que
nutre mágoas e ressentimentos em seu coração definitivamente não está preparado
pra exercer o presbiterato.
3) Dado ao vinho. O apóstolo Paulo é claro quando escreve aos efésios: “Não vos
embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”
(Ef 5:18). O abuso do vinho é condenado nas Escrituras (Pv 20:1; 23:29-35; Ef
5:18). Mesmo que a total abstinência não seja exigida nas Escrituras (cf João
2:1-11; 1Tm 5:23), há uma situação em que Paulo recomenda a abstinência, ou
seja, quando o beber vinho só torna motivo de escândalo para o irmão fraco (Rm
14:21). Talvez seja por essa razão que muitos crentes contemporâneos optaram
pela abstinência.
4) Violento. Trata da violência tanto verbal quanto física. Aquele que abandona o
amor e recorre à violência em palavras e ações não está preparado para exercer
o presbiterato. Aquele que governa os outros precisa governar primeiro suas
emoções, ações e reações.
5) Cobiçoso de torpe ganância. Os cretenses eram conhecidos como indivíduos
inveteradamente gananciosos (Tt 1:10-13). Alguém disse que eles se apegavam ao
dinheiro como as abelhas ao mel. Os presbíteros precisam ser homens despojados
dessa torpe ganância (Tt 1:7). Veja a recomendação do apóstolo Pedro: “Aos presbíteros que estão entre vós,
admoesto eu, que também sou presbítero... apascentai o rebanho de Deus que
está entre vós, tendo cuidado dele... não por torpe ganância...”
(1Pe 5:1,2).
B2) ASPECTO POSITIVO – o que o presbítero deve ser e
ter. O presbítero deve ser conhecido pelo que ele
é e faz. Ele deve ornar o seu caráter como despenseiro de Deus com as seguintes
virtudes:
1) Deve ser hospitaleiro. A hospitalidade na igreja primitiva era uma
necessidade vital para o avanço missionário da igreja. As hospedarias eram excessivamente caras,
sofrivelmente sujas e notoriamente imorais. Sem hospitalidade os missionários
itinerantes teriam sua atividade estancada. E mais, nos primeiros dois séculos
da era cristã não havia templos, por isso, as igrejas reuniam-se em casas (Rm
16:5; 1Co 16:19; Fm 2).
Hoje, está prática
está em desuso. As circunstâncias exigem que os pregadores itinerantes
hospedem-se em pousadas ou hotéis, e não mais em residências. Não por falta da
liberalidade de irmãos, mas porque as circunstâncias favorecem a essa práxis.
Todavia, quando a hospitalidade for estritamente necessária, a recomendação é
clara: “Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade”
(Hb 13:1,2).
2) Deve ser amigo do bem. O presbítero precisa ser um homem amante das boas ações.
Precisa ver o que existe de melhor nas pessoas. Ele não tem prazer mórbido de
falar mal dos outros, mas tem grande deleite em dizer o bem das pessoas. Ele
não apenas chora com os que choram, mas também se alegra com os que se alegam.
3) Deve ser moderado. O presbítero deve ter o domínio completo sobre suas
paixões e desejos, o que impede de ir além do que a lei e a razão lhe permitem
e aprovam. Explicando melhor, o presbítero precisa ter equilíbrio, domínio
próprio, autocontrole. Só se consegue ser assim com a unção do Espírito sobre
sua vida (ler Ec 9:8).
4) Deve ser justo. O presbítero é um homem que não usa dois pesos e duas
medidas. Ele não faz acepção de pessoas nem tolera preconceitos. Ele é justo no
falar e no agir.
5) Deve ser piedoso, santo. Deus não usa grandes talentos, mas homens piedosos.
Nós estamos à procura de melhores métodos, e Deus está à procura de
melhores homens. Deus não unge métodos, unge homens piedosos.
6) Deve ter domínio próprio. Ninguém está apto para liderar os outros se não tem
domínio de si mesmo. Aquele que domina a si mesmo é mais forte do que aquele
que domina uma cidade.
C) IRREPREENSÍVEL COMO MESTRE DA PALAVRA - Tt 1:9.
Nesta etapa é tratada a relação do presbítero com a
igreja local. Refere-se ao ministério de ensino da Palavra de Deus. O
presbítero precisa ser um obreiro aprovado e manejar bem a Palavra da verdade.
Paulo menciona três coisas importantes:
1) O presbítero precisa demonstrar fidelidade
doutrinária. “retendo firme a
fiel palavra, que é conforme a doutrina..." . O presbítero não pode
ser um neófito (1Tm 3:6); deve ser um mestre na Palavra. Ele precisa ser um
estudioso das Escrituras. Ele precisa afadigar-se na Palavra (1Tm 5:17). Paulo
diz que os presbíteros têm dois ministérios com respeito à Palavra de Deus: (a)
edificar a igreja pela sã doutrina; (b) rejeitar os falsos mestres que espalham
doutrinas perniciosas
2) O presbítero precisa demonstrar capacidade para o
ensino. Paulo prossegue: “para que seja poderoso...para
admoestar com a sã doutrina...". A capacidade para exortar não vem da
força, das técnicas da psicologia nem mesmo do ofício que o presbítero ocupa,
mas do conhecimento da verdade para aplicar corretamente as Escrituras. A
exortação não é fruto de capricho ou opinião pessoal do presbítero, mas do reto
ensino das Escrituras. Sua exortação está fundamentada no reto ensino da
verdade.
3) O presbítero precisa demonstrar habilidade na
apologética. Paulo diz que o
presbítero precisa ser “[...]
poderoso [...] para convencer os contradizentes”. Somente um indivíduo que
tem destreza na verdade pode confrontar os falsos mestres, combater os falsos
ensinos e convencer aqueles que contradizem a Palavra de Deus.
Portanto, "a árvore é vetusta, mas é preciso ver onde se firmaram suas
raízes, que seiva a alimenta, que sombra oferece e que benefícios comunicam
seus frutos".
II. A IMPORTÂNCIA
DO PRESBITÉRIO
1. Significado do termo. O termo “presbítero” é a tradução literal do vocábulo
grego presbyteros (sénior, no latim), que é o comparativo de
superioridade de présbys, velho ou ancião. Portanto, preliminarmente, o
presbítero é um homem menos moço, com mais idade do que o comum dos de um
grupo ou congregação; idade, no sentido de vida mental, vida moral,
vida espiritual e experiência.
No Antigo Testamento, o primeiro elemento chamado, entre o povo judeu
escravo, para representá-lo perante uma autoridade foi o ancião, ou seja, o
presbítero, ao qual Deus determinou a Moisés que convocasse para gestões de
libertação perante faraó do Egito. No deserto, 70 anciãos foram
chamados para ajudar Moisés a governar o povo (Nm 11:16,17).
O apóstolo Paulo aconselhou o jovem obreiro Timóteo a não desprezar o Dom que havia
nele, reconhecido pelo conselho de obreiros, formado por anciãos (presbíteros)
da igreja cristã – “Não desprezes do dom que há em ti, o qual te foi dado
por profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1Tm 4:14). Este
texto exalta a grande importância que tem o presbitério na liderança espiritual
da igreja.
2. A atuação do presbitério. Segundo o compêndio doutrinário da igreja - o Novo Testamento
-, a atuação do presbitério dá-se em duas áreas principais: ministério da
Palavra e governo da igreja. Misturam-se nestas duas áreas todas as tarefas
suficientes para satisfazerem os requisitos necessários de ordem espiritual e
de ordem material, que ocorrem na vida da comunidade cristã que está sob a
responsabilidade do presbítero.
“No Concilio de Jerusalém, em relação às sérias
questões étnicas e eclesiásticas que podiam comprometer a expansão da igreja,
os apóstolos e os anciãos (presbíteros) foram chamados para debater e legislar
sobre o assunto (At 15:2,69-11). Em seguida, os presbíteros foram enviados à
Antioquia para orientar os irmãos sobre a resolução dos problemas que
perturbavam os novos convertidos: ‘E, quando iam passando pelas cidades, lhes
entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos
pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém’ (At 16:4)” (LBM).
3. A valorização do presbitério. O
presbitério é uma força a serviço do
Reino, para auxiliar o ministério no pastoreio do rebanho de Cristo. O
ofício do presbítero é dignificado pelas Escrituras Sagrdas. O próprio
compêndio doutrinário da Igreja – Novo Testamento - mostra a sua importância ao
desenvolvimento das igrejas locais e ao bom ordenamento do Corpo de Cristo (cf.
Atos 14:23; 20:17; 1Tm 4:14; 1Pe 5:1,2; Hb 13:17).
No princípio da igreja, o presbítero fazia parte de um grupo de obreiros,
responsáveis pelo cuidado e ordenação das novas igrejas que surgiam em
decorrência da evangelização intensa; ele era o pastor local. O apóstolo Paulo,
que era um líder responsável e zeloso com o rebanho do Senhor, teve o
superlativo cuidado de organizar a administração das igrejas por ele abertas em
suas viagens missionarias, pondo à frente delas presbíteros de caráter ilibado.
Para as igrejas de Creta, orientou a Tito que de cidade em cidade estabelecesse
presbíteros (Tt 1:8), mostrando assim o elevado valor que esses obreiros exibem
no desempenho de suas funções: governo da igreja e ministério de ensino. É o
próprio Paulo quem diz: “Os presbíteros
que governam bem sejam estimados por dignos de duplicata honra, principalmente
os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5:17).
Portanto, o panorama dos textos pertinentes mostra que
os presbíteros era o principal grupo de liderança das igrejas
neotestamentárias. Os líderes das Assembleias de Deus precisam valorizar mais
as Escrituras do que os seus estatutos efêmeros; só assim podem perceber a
valorização do presbitério.
III. OS DEVERES DO PRESBITÉRIO
1. Apascentar a Igreja. O apóstolo Pedro após colocar-se como copresbítero,
ou seja, na mesma posição dos presbíteros das igrejas dispersas, dá a eles uma
ordem expressa: “apascentai o rebanho de Deus que está entre vós...”(1Pe
5:2a). Com respeito ao apascentamento do rebanho, Pedro dá três orientações
práticas:
a) “...não por força, mas
voluntariamente...”. (1Pe 5:2a). O Presbítero é um pastor de ovelhas, e a
igreja é o rebanho de Deus. O presbítero não é o dono do rebanho. Deus nunca
passou aos presbíteros(pastores) o direito de posse das ovelhas. Cabe ao
presbítero alimentar, proteger e conduzir as ovelhas de Deus. Pedro diz que a
liderança da igreja não é algo imposto pela coerção, mas algo voluntário.
b) “... nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto...” (5:2b). Na igreja do primeiro século havia
exploradores itinerantes que saíam percorrendo as igrejas, buscando os bens dos
cristãos, em vez de cuidar do povo; daí esta exortação de Pedro. A liderança da
igreja não é um posto de privilégio, mas de serviço. O presbitério deve visar a
glória de Deus e o bem das ovelhas de Cristo, em vez de fazer a obra visando
lucro. A igreja não é uma empresa cuja finalidade é o enriquecimento de seus
líderes. A recompensa financeira jamais deve ser a motivação para alguém
exercer o pastorado. Um espírito mercenário é incompatível com o exercício
desse nobre ofício.
c) “...nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de
exemplo ao rebanho”(1Pe 5:3).
Os presbíteros recebem autoridade
diretamente do Supremo Pastor (1Pe 5:4) por meio do Espírito Santo (At 20:28).
Porém, não devem fazer mau uso dessa autoridade. O presbítero deve ser um
exemplo para a igreja, e não um ditador na igreja. Deve andar na frente do
rebanho como paradigma, e não atrás do rebanho para fustigá-lo e ameaçá-lo. Jesus ensinou que liderança é
serviço (ler Mc 10:45; João 13:4,5). Na igreja de Deus, ser grande é ser servo
de todos.
2. Liderar a igreja local. Um dos principais deveres dos presbíteros é liderar
as igrejas do Novo Testamento. Em 1Timóteo 5:17 lemos: “Devem ser considerados
merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem”. Antes, na
mesma epístola, Paulo diz que o bispo (ou presbítero) “deve governar bem a sua
própria casa [...] pois, como cuidará da igreja de Deus?” (1Tm 3:4,5). Pedro também
indica uma função de liderança para presbíteros quando os exorta em 1Pedro
5:2-5. O fato de que eles devem atuar como pastores do rebanho de Deus e de que
não devem dominar pela força (isto é, liderar de modo ríspido ou opressor)
sugere que os presbíteros têm função de liderança e de governo nas igrejas para
as quais Pedro está escrevendo.
Além das responsabilidades de liderança, parece que os
presbíteros também tinham responsabilidade de ensino nas igrejas do Novo
Testamento. Em 1Tm 3:2, um bispo (presbítero) “deve ser apto para ensinar”. Ademais, em 1Tm 5:17 (ARA), Paulo diz:
“Devem ser considerados merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que
se afadigam na palavra e no ensino”.
Conclui-se que no Novo Testamento, os presbíteros
tinham a responsabilidade de dirigir e ensinar nas igrejas. Como bem diz o pr.
Elinaldo Renovato, “ensinar e governar com equidade e seriedade é o maior
compromisso de todo homem de Deus chamado para tão nobre tarefa”.
3. Ungir os enfermos. Tiago instrui quanto à
atuação dos presbíteros da igreja nesse importante ministério - "Está
alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele,
ungindo-o com azeite em nome do Senhor" (Tg 5:14). Tais obreiros foram
separados por Jesus e pela igreja para atender a essas demandas.
CONCLUSÃO
No Novo Testamento, a referência a presbíteros sempre
é feita no plural - "presbíteros", "bispos" ou
"anciãos" -, dando a entender que, em geral, o presbítero não
agia isoladamente, mas como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava
da igreja local. Não é mencionada uma só igreja onde houvesse apenas um
presbítero, por isso sempre são citados no plural (At 11:30; 15:2,4,6; 20.17;
Tg 5:34 : 1Pe 5:1). Isto denota o subido valor que este grupo tinha no início
da igreja.
O crescimento das igrejas, como fruto da evangelização
e do discipulado, exige a delegação de atividades a pessoas que tenham
condições de liderar o rebanho do Senhor Jesus (Tt 1:5,7). Os supervisores ou o
pastor titular não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das
inúmeras responsabilidades que a igreja local requer.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador
Cristão – nº 58 – CPAD.
William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo
Testamento. Mundo Cristão.
Pr. Elinaldo Renovato - Dons
Espirituais & Ministeriais(servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário). CPAD.
Efésios (Igreja,
noiva gloriosa) – Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
Wayne Grudem - Teologia Sistemática. Vida Nova.
Carlos Alberto R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD
Deus abençoe seu ministério
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