2º Trimestre/2014
Texto Básico:
1Tmóteo 3:8-13
“ Porque os
que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma posição e muita confiança
na fé que há em Cristo Jesus” (1Tm
3:13)
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos a cerca
do diaconato. O diácono é uma das funções eclesiásticas mais prestigiadas e
difundidas nas igrejas evangélicas, seja qual for a linha teológica ou a forma
de liturgia adotada.
No início da Igreja, Satanás
tentou impedir o seu avanço em pelo menos três táticas: primeiro, ele tentou
suprimir a igreja por meio da perseguição - pela força das autoridades judaicas
(Atos 4); segundo, tentou corrompê-la com a hipocrisia - através do casal
Ananias e Safira (Atos 5); e, terceiro, ele promoveu dissensões internas (Atos
6:1) - ele tentou distrair seus líderes da oração e da pregação através de
algumas viúvas murmuradoras, para expor a igreja a erros e ao mal. Se Satanás
tivesse obtido sucesso em qualquer uma dessas tentativas, a nova comunidade de
Jesus teria sido aniquilada em sua infância.
Todavia, os apóstolos estavam
alertas o suficiente para detectar “as ciladas do diabo”. Eles resolveram,
então, designar “homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria”, para que cuidassem do sustento da igreja e do cuidado com os
pobres, liberando os apóstolos para dedicação exclusiva a oração e ao ensino da
Palavra de Deus. E assim, “crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se
multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes
obedecia à fé” (Atos 6:7). Acredito que todos são concordes: os diáconos
são fundamentais para o bom funcionamento da obra de Deus.
I. A DIACONIA DE
JESUS CRISTO
1. Significado do termo. “Diaconia” significa "ministério, serviço". Em seu sentido mais amplo, a
diaconia não surgiu com a instituição de diáconos em At 6:1-7, mas permeia toda
a Bíblia.
No Antigo Testamento, os profetas chamavam a atenção
dos reis e do povo para os órfãos, viúvas e os pobres que estavam sendo
oprimidos e privados de seus direitos. O Salmo 41:1-3 fala que Deus tem cuidado
especial dos fracos e indefesos, e abençoa quem demonstra compaixão pelos
necessitados.
2. A Diaconia de Jesus Cristo. Em sua
Diaconia,
Jesus Cristo foi "apóstolo... da nossa confissão" (Hb 13:1); foi
profeta (Lc 24:19); foi evangelista (Lc 4:18-19); foi Pastor (João 10:11), mas,
principalmente, Diácono por Excelência. A Diaconia de Jesus Cristo cura os enfermos
(Lc 4:18-19), dá pão à multidão (João 6:1-15), se faz presente aos pequeninos
marginalizados (Mt 11:25), etc. Ou seja, a Diaconia de Jesus Cristo está
centralizada na disponibilidade em servir o próximo.
Em sua Diaconia, Ele foi humilde. Ele demonstrou seu caráter e sua personalidade, dando
exemplo de humildade, quando, na véspera de sua crucificação, tomou uma toalha
e uma bacia com água e lavou os pés dos discípulos (João 13:4,5).
Para cumprir sua missão sacrificial em favor dos homens, Ele despojou-se
temporariamente de sua glória plena (João 17:14). Paulo diz que Ele assumiu a
forma de servo, mais que isso, a forma de "escravo". Jesus, "...
sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas
aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2:6-8). A expressão "tomando
a forma de servo", "significa aparecer em uma condição humilde
e desprezível".
É bom enfatizar que o objetivo de Jesus Cristo nunca
foi a de estabelecer uma hierarquia de poder temporal para a sua igreja, mas a
de serviço, conforme demonstra sua resposta aos filhos de Zebedeu: “mas
entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande
será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será
servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10:43-45).
II. A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS
1. O conceito da função. A palavra “diácono” significa
“aquele que serve”. O diácono – dákonos – é o servo que coopera com
aqueles que se dedicam à oração e ao ministério da Palavra. Os primeiros
diáconos foram nomeados assistentes dos apóstolos. Há dois ministérios na
Igreja: a diaconia das mesas (At 6:2,3) – ação social – e a diaconia da Palavra
– a pregação do Evangelho. O ministério das mesas não substitui o ministério da
Palavra, nem o ministério da Palavra dispensa o ministério das mesas. Nenhum
dos dois ministérios é superior ao outro. Ambos são ministérios cristãos que
exigem pessoas espirituais, cheias do Espírito Santo, para exercê-los. A única
diferença está na forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados
diferentes.
2. Origem do diaconato. O diaconato surgiu de um conflito social interno.
Problema na distribuição de cestas básicas. No inicio da igreja era costume distribuir alimentos
diariamente às viúvas pobres da congregação que não tinham outro meio de se
sustentar. Alguns dos judeus de fala grega se queixavam porque as viúvas deles
não estavam sendo tratadas da mesma forma que as viúvas dos hebreus (os judeus
de Jerusalém e da Judéia). É muito provável que o esquecimento das viúvas
helenistas não fosse proposital. A queixa acabava recaindo sobre os apóstolos,
que estavam encarregados dessa distribuição (At 4:35,37). Uma medida imediata
precisava ser tomada para corrigir o problema. Os apóstolos não foram
negligentes nem remissos. Agiram com rapidez e sabedoria para estancar aquela
hemorragia que colocava em risco a paz interna da igreja e o seu testemunho
externo.
Os doze apóstolos perceberam
que, com o crescimento da igreja, era necessário tomar uma providencia para
tratar dessas questões operacionais. Não desejavam abandonar o ministério da
Palavra de Deus para cuidar das finanças. Assim, sugeriram que a comunidade dos
fiéis escolhesse “sete homens” firmes na fé para tratar dos assuntos “temporais”
da igreja (cf At 6:2,3). Apesar de esses homens não serem chamados de diáconos
na Bíblia, tudo indica que essa era a sua função. A palavra diácono vem do verbo “servir”, usado na
expressão “servir às mesas” (At 6:2), de modo que sua função era, literalmente,
“diaconar” às meses. O problema identificado (At 6:1) encontrou imediata
solução (At 6:2-6), e o resultado foi o crescimento vertiginoso da igreja (At
6:7).
É digno de nota o seguinte fato:
os apóstolos não ficaram na defensiva; acolheram as críticas dos helenistas e
tiveram coragem de fazer uma correção de rota. Em vez de se desgastarem ainda
mais no trabalho do serviço às mesas, ampliaram o quadro de obreiros. É
conhecido o que Dwight Moody costumava dizer: “É melhor colocar dez homens
para trabalhar do que tentar fazer o trabalho de dez homens”. Warrem Wiersbe diz que a igreja
apostólica não teve medo de fazer ajustes em sua estrutura, a fim de dar espaço
para a expansão do ministério (Wiersbe, Warren. Comentário bíblico do Novo
Testamento, p. 556,557). É triste quando as igrejas destroem ministérios por se
recusarem a modificar suas estruturas.
É bom ressaltar que a obra dos
doze e a obra dos sete são igualmente chamados de diakonia (At 6:1,4) - “ministério” ou “serviço”. A
primeira é o “ministério da Palavra” (At 6:4) ou o trabalho pastoral; a
segunda, o “ministério junto às mesas” (At 6:2) ou o trabalho social. Nenhum
ministério é superior ao outro. Pelo contrário, ambos são ministérios cristãos,
ou seja, meios de servir a Deus e ao seu povo.
3. A escolha dos diáconos (At
6:3-6). Os
diáconos foram escolhidos não pelos apóstolos, mas pela igreja. Dentre os
membros da igreja, com credenciais preestabelecidas, sete homens foram eleitos
para exercerem a diaconia das mesas. Depois de orar, os apóstolos impuseram as
mãos sobre os sete homens, num gesto de concordância com a escolha da igreja.
A julgar pelos nomes dos sete
homens escolhidos, quase todos eram judeus helenistas convertidos. Essa escolha
foi uma concessão amável feita justamente ao grupo que havia se queixado. Dali
em diante não teriam mais motivos para acusar a comunidade de preterir os
helenistas. Quando o amor de Deus enche o coração, não deixa espaço para a
mesquinhez e o egoísmo.
Sabemos mais detalhes apenas
sobre dois desses sete diáconos: Estêvão
tornou-se o primeiro mártir da Igreja; e Filipe
foi o evangelista que, posteriormente, levou a mensagem cristã a Samaria
e ganhou para Cristo o eunuco etíope e recebeu Paulo em Cesaréia.
III. O PERFIL E
FUNÇÃO DO DIÁCONO
1. Qualificações do diácono. As qualificações do diácono
são semelhantes às dos presbíteros (cf. 1Tm 3 e Tito 1). Contudo, sua função é
provavelmente um pouco diferente, uma vez que o diácono executa algumas das
tarefas mais práticas da administração e manutenção de uma igreja. Vejamos
algumas qualificações do diácono à luz de 1Tm 3:8-10.
a) Caráter Moral (1Tm 3:8 -
ARA). “Semelhantemente, quanto a diáconos, é
necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito
vinho, não cobiçosos de sórdida ganância”.
O rev.Hernandes Dias Lopes,
analisando o caráter moral dos diáconos, diz que eles devem ser: (1)
- Respeitáveis (3:8a). Os diáconos precisam ser dignos
de respeito, ter caráter impoluto, vida irrepreensível e conduta ilibada.
- De uma só palavra (3:8b). Os diáconos precisam ser
verdadeiros, íntegros em suas palavras e consistentes em sua vida. Não são
boateiros dados a mexericos. Não dizem uma coisa aqui e outra acolá. Não são
maledicentes nem jogam uma pessoa contra a outra. Suas palavras têm peso. Eles
são absolutamente confiáveis no que dizem.
- Não inclinados a muito vinho
(3:8c). Os
diáconos devem ser cheios do Espírito Santo (At 6:3), e não cheios de vinho (Ef
5:18). Quem é governado pelo álcool não pode administrar a casa de Deus.
- Não cobiçosos de sórdida
ganância (3:8d). Os diáconos lidam com as ofertas do povo de Deus e administram os
recursos financeiros da igreja na assistência aos necessitados. Não podem ser
como o Judas Iscariotes que roubava a bolsa (cf João 12:6). Não podem cobiçar o
que devem repartir. Não podem desejar para si o que devem entregar para os
outros.
b) Caráter espiritual (1Tm
3:9,10). “Guardando o mistério da fé em uma pura
consciência. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem
irrepreensíveis”.
- Íntegros na teologia da vida
(3:9) - “Guardando o mistério da fé em uma pura
consciência”. Aqui, o termo “mistério” significa “verdades outrora ocultas, mas agora
reveladas por Deus”. Os diáconos precisam compreender a doutrina cristã,
crer na doutrina cristã e viver a doutrina cristã. Sua vida, sua família e seu
ministério precisam ser pautados pela Palavra de Deus.
- Provados e experimentados
(Atos 6:10; 3:10). Atos
6:10 diz que os diáconos devem ser primeiramente provados. Isso significa que
eles devem ser observados por algum tempo e talvez ganhar pequenas
responsabilidades na igreja local. Depois de provarem ser confiáveis e fiéis,
então podem receber responsabilidades maiores. Depois, exerçam o diaconato; ou
simplesmente “sirvam” (1Tm 3:10 - ARC). Assim como no caso dos presbíteros, o
destaque não é o cargo eclesiástico, mas o serviço para o Senhor e seu povo. Em
qualquer lugar em que um homem for irrepreensível em sua vida pessoal e pública,
terá permissão para servir como diácono (1Tm 3:10 – ARA).
c) Caráter familiar (1Tm 3:12) -
“Os
diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias
casas”.
É satisfatório dizer que, como
os bispos ou presbíteros, os diáconos não devem ter nenhuma reprovação em sua
vida conjugal. Eles devem governar bem seus filhos e a própria casa. Não
conseguir isso é um defeito de caráter do cristão, segundo o Novo Testamento.
Isso não significa que os homens devem ser déspotas e mandões, mas que seus
filhos devem ser obedientes e testemunhem a verdade.
2. A função dos diáconos e Atos
6. À
luz de Atos 6 aprendemos que os diáconos
foram eleitos para “servir às mesas”, ou seja, a sua função era
fundamentalmente de caráter social. Eles não podiam permitir que houvesse
injustiças de caráter social na igreja. Sua tarefa especifica era recolher as
ofertas que o povo de Deus trazia como sinal de gratidão ao Senhor, distribuir
esses donativos no espirito adequado a todos os que estavam necessitados, para
prevenir a pobreza onde quer que fosse possível fazê-lo, e por meio de suas
orações e palavras baseadas nas Escrituras consolar e animar os angustiados.
Com o fim de levar a bom termo tão digna tarefa, eles, assim como os
presbíteros, deviam ser homens cheios de fé e do Espírito Santo (At 6:5) e de
caráter ilibado.
3. A função dos diáconos hoje. Hoje, o diaconato nada mais é
que um “passo inicial” do ministério, nada mais é que uma atividade ritual de
portaria, de recolhimento e contabilidade de contribuições e de serviço do pão
e do vinho na ceia do Senhor, atividades que podem, sim, ser exercidas pelos
diáconos, mas que não se constitui, em absoluto, no papel do diaconato. Urge
voltarmos ao modelo bíblico, com diáconos que administrem a ação social da Igreja,
que cuidem da parte material e espiritual desta assistência, que é um
“importante negócio”, que deve ser dirigido pelo Espírito Santo através de
homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria. A total
ausência do diaconato, quase sempre numeroso nas igrejas locais, neste assunto
é uma demonstração clara e inequívoca de quanto temos negligenciado a missão
social da Igreja.
CONCLUSÃO
“Porque os que servirem bem como
diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em
Cristo Jesus” (1Tm 3:13). O diaconato não é uma plataforma de privilégios, mas de
serviço aos outros. Aqueles que se esmeram no ministério de servir aos outros
em nome de Deus, recebem de Deus a recompensa. Estêvão e Filipe tendo servido
bem como diáconos, foram promovidos, conquistando uma boa posição aos olhos da
igreja local. Como se segue no livro de Atos, encontramos Filipe servindo como
evangelista, e Estêvão, como mestre. Uma pessoa que fielmente cumpre uma
tarefa, mesmo pequena, logo será respeitada e estimada pela confiança e
devoção.
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Elaboração: Luciano
de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 58 – CPAD.
William
Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.
Pr. Elinaldo
Renovato - Dons Espirituais & Ministeriais(servindo
a Deus e aos homens com poder extraordinário). CPAD.
Efésios (Igreja, noiva gloriosa) – Rev. Hernandes Dias
Lopes. Hagnos.
Wayne Grudem -
Teologia Sistemática. Vida Nova.
Carlos Alberto
R. de Araújo – A Igreja dos Apóstolos. CPAD
(1) 1Timóteo – Rev. Hernandes
Dias Lopes. Hagnos.
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