domingo, 21 de julho de 2024

O ENCONTRO DE RUTE COM BOAZ

 


SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 04

Texto Base: Rute 2:1-4; 11,12,14

 “O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar” (Rt.2:12).

Rute 2:1-4; 11, 12, 14

1.E tinha Noemi um parente de seu marido, homem valente e poderoso, da geração de Elimeleque; e era o seu nome Boaz.

2.E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela lhe disse: Vai, minha filha.

3.Foi, pois, e chegou, e apanhava espigas no campo após os segadores; e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que era da geração de Elimeleque.

4.E eis que Boaz veio de Belém e disse aos segadores: O Senhor seja convosco. E disseram-lhe eles: O Senhor te abençoe.

11.E respondeu Boaz e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido, e deixaste a teu pai, e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que, dantes, não conheceste.

12.O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.

14.E, sendo já hora de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e comeu e se fartou, e ainda lhe sobejou.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, exploraremos o significativo encontro de Rute com Boaz, um momento crucial na narrativa do Livro de Rute. Boaz, introduzido no capítulo dois, é descrito como um homem próspero e respeitado em Belém. Seu encontro com Rute, uma viúva moabita, revela a providência divina em ação, mostrando como Deus estava resolvendo problemas familiares e, simultaneamente, configurando o plano de salvação que seria plenamente revelado em Jesus Cristo, nosso Salvador.

O encontro ocorre no contexto dos campos de cevada, onde Rute estava colhendo espigas para sustentar a si mesma e sua sogra, Noemi. Boaz, dono das terras, admira Rute e demonstra um profundo respeito e generosidade para com ela. Este ato de bondade e proteção vai além das expectativas culturais e legais da época, destacando o caráter justo e compassivo de Boaz.

A presença de Boaz e seu interesse em Rute não são meras coincidências, mas parte de um plano divino. Deus, em Sua sabedoria e providência, estava trabalhando para transformar uma situação de perda e desespero em uma história de redenção e esperança. Este encontro não apenas resolve uma necessidade imediata, mas também prepara o terreno para o cumprimento dos propósitos divinos mais amplos, incluindo a linhagem do Messias.

A união de Rute e Boaz, que começa com este encontro, resulta na linha genealógica que leva a Davi e, eventualmente, a Jesus Cristo. Assim, vemos como Deus estava configurando a salvação da humanidade através de eventos aparentemente ordinários e encontros significativos.

Ao estudar o encontro de Rute com Boaz, somos lembrados da fidelidade de Deus e do papel crucial da obediência e da compaixão em Seu plano redentor. Este encontro não é apenas um momento de bênção para Rute e Noemi, mas um passo importante na preparação do caminho para o advento do nosso Salvador, Jesus Cristo.

I. BOAZ, O REMIDOR

1. Um homem próspero

Descrito no capítulo 2 como um “homem valente e poderoso, da geração de Elimeleque” (Rt.2:1), Boaz é mais que um simples agricultor; ele é um exemplo de integridade, generosidade e prosperidade.

Os termos "valente" e "poderoso" utilizados para descrever Boaz não se referem apenas à força física, mas também ao seu caráter e posição na comunidade de Belém. Ele é um homem de influência e respeito, conhecido por sua integridade e capacidade de liderança. Sua reputação é tal que seus trabalhadores e colegas o respeitam profundamente, e ele exerce uma autoridade benevolente e justa sobre seus domínios.

Boaz era um grande produtor rural, possuindo vastas plantações de cevada e trigo. Sua prosperidade econômica é evidente na quantidade de terra que possuía e no número de trabalhadores que empregava (Rt.2:5,6,23). Este sucesso material não apenas destaca sua competência na gestão dos recursos, mas também o posiciona como uma figura central na economia local. Sua riqueza, no entanto, é acompanhada por um profundo senso de responsabilidade e generosidade, características que se manifestam em seu tratamento dos trabalhadores e dos necessitados.

A prosperidade de Boaz é acompanhada por uma profunda responsabilidade moral e espiritual, servindo como um modelo para todos os que aspiram viver uma vida de fé e serviço aos outros. Ele é uma prova de que, mesmo em tempos de dificuldade e apostasia, a fidelidade e a bondade podem prevalecer e fazer uma diferença significativa na vida das pessoas.

2. “Goel” e “Levir”

a) "Goel" (resgatador). A palavra "goel" é um termo hebraico que significa "resgatador" ou "redentor". No contexto da Lei Mosaica, um “goel” tinha várias responsabilidades relacionadas à proteção e resgate dos membros de sua família. Estas responsabilidades incluíam:

ü  Redenção da propriedade. Quando um israelita empobrecido vendia suas terras, o parente mais próximo (o goel) tinha a obrigação de comprá-las de volta para manter a herança dentro da família. Este ato de resgate impedia que a terra, considerada uma dádiva divina e um meio de subsistência, fosse permanentemente perdida para estranhos (Lv.25:25-28).

ü  Libertação de escravos. Se um israelita fosse vendido como escravo a um estrangeiro, o “goel’ tinha a responsabilidade de comprá-lo de volta para garantir sua liberdade. Este resgate visava preservar a dignidade e a identidade do povo de Deus (Lv.25:47-49).

ü  Vingança de sangue. O “goel” também poderia ser o "vingador de sangue" (goel ha-dam), responsável por vingar a morte de um parente assassinado, garantindo que a justiça fosse feita (Nm.35:19).

Boaz se qualifica como “goel’ para Noemi e Rute, pois ele é um parente próximo de Elimeleque, o falecido marido de Noemi. Noemi, ao retornar a Belém, apela ao direito de resgate da terra que pertencia a Elimeleque. Boaz, ao descobrir a situação, mostra-se disposto a cumprir este papel, porém, de acordo com a lei, verifica primeiramente se há um parente mais próximo que poderia exercer esse direito (Rt.3:12; 4:1-6).

b) "Levir" (marido de substituição). O termo "levir" vem do latim "levir", que significa "cunhado". A lei do levirato, detalhada em Deuteronômio 25:5-10, estipula que o irmão de um homem falecido deveria se casar com a viúva do irmão para produzir um herdeiro que continuasse o nome e a linhagem do falecido. Esse herdeiro herdaria a propriedade do falecido, assegurando que a linhagem e a herança permanecessem dentro da família.

ü  Casamento Levirato. A principal função do casamento levirato era suscitar descendência ao falecido. O filho primogênito deste casamento seria considerado o herdeiro do falecido, preservando seu nome e evitando que sua linhagem se extinguisse (Dt.25:5,6).

ü  Rejeição do Levirato. Se o irmão do falecido recusasse casar-se com a viúva, a lei permitia um rito público de reprovação e humilhação, mostrando que ele falhou em sua responsabilidade familiar (Dt.25:7-10).

c) Boaz e os papéis de “Goel” e “Levir”. No caso de Boaz, ele desempenhou uma função que combina elementos tanto do “goel” quanto do “levir”. Embora não fosse explicitamente o irmão de Malom (o falecido marido de Rute), Boaz, como parente próximo, assumiu a responsabilidade de resgatar a propriedade e casar-se com Rute para preservar a linhagem de Elimeleque e Malom. Este ato vai além do simples resgate econômico, englobando também o dever de proporcionar uma descendência ao falecido.

ü  Reconhecimento legal. Boaz reconhece a presença de um parente mais próximo que ele, que teria o primeiro direito de resgate. Após este parente renunciar ao direito, Boaz assume a responsabilidade, demonstrando seu compromisso com as tradições e leis de Israel (Rt.4:1-10).

ü  Relação com Rute. Boaz se casa com Rute, não apenas para resgatar a terra de Elimeleque, mas também para suscitar descendência para a linhagem de Malom. Este ato de bondade e responsabilidade consolida seu papel como um verdadeiro redentor, prefigurando o papel redentor de Cristo.

Boaz exemplifica a união das funções de “goel” e “levir”, mostrando que o compromisso com a lei de Deus e o cuidado pela família são essenciais. Seu ato de resgate reflete a fidelidade de Deus em preservar a linhagem de Davi, da qual viria o Messias, Jesus Cristo, o Redentor definitivo.

3. Temor e respeito

O capítulo 2 de Rute oferece uma visão detalhada do caráter de Boaz, especialmente em sua interação com seus empregados. A saudação de Boaz, "o Senhor seja convosco" (Rt.2:4), indica claramente que ele era um homem que temia a Deus. Temor a Deus implica reverência e reconhecimento da soberania divina sobre todas as esferas da vida, incluindo as relações de trabalho. Boaz demonstra que sua liderança e prosperidade estão fundamentadas em princípios divinos, criando um ambiente onde a presença de Deus é reconhecida e buscada.

Respeito aos empregados. Boaz não se limitou a uma relação formal e autoritária com seus empregados. Em vez disso, ele os saudou com uma bênção, o que é prontamente retribuído com outra bênção: "O Senhor te abençoe" (Rt.2:4). Este intercâmbio respeitoso indica uma relação de reciprocidade e respeito. Boaz tratava seus empregados com dignidade, reconhecendo sua importância e contribuição para o sucesso das operações agrícolas.

A interação de Boaz com seus empregados oferece lições valiosas para os dias de hoje. Em um mundo onde as relações de trabalho podem ser frequentemente marcadas por exploração e desrespeito, o exemplo de Boaz destaca a importância de incorporar princípios de temor a Deus e respeito mútuo nas relações profissionais.

Patrões e empregados que adotam essa abordagem não só promovem um ambiente de trabalho saudável, mas também refletem os valores do Reino de Deus em suas interações diárias. Este modelo de comportamento pode servir como uma poderosa testemunha da fé cristã no contexto secular, mostrando que o temor a Deus e o respeito pelos outros são fundamentais em todas as áreas da vida.

II. O CARINHO DE BOAZ PARA COM RUTE

1. A pureza não exclui a ternura

No capítulo 2 do livro de Rute, Boaz demonstra um cuidado especial e ternura ao notar Rute entre os que respigavam em seu campo. Ao ser informado sobre quem ela era, ele a tratou com um carinho e respeito excepcionais. Chamando-a de "filha," ele a convidou a continuar colhendo espigas em seu campo e garantiu sua segurança ao assegurar que os homens não a molestassem (Rt.2:9). Este cuidado reflete um comportamento protetor e compassivo, especialmente notável num tempo e cultura onde a vulnerabilidade das mulheres podia ser explorada facilmente.

Boaz tomou medidas para proteger Rute do assédio, o que mostra seu caráter íntegro e seu compromisso com a justiça. Em uma era onde o assédio moral e sexual são questões graves e persistentes no ambiente de trabalho, o exemplo de Boaz é relevante. Ele cria um espaço seguro e respeitoso para Rute, garantindo que ela não fosse molestada ou desrespeitada por seus trabalhadores.

A conduta de Boaz contrasta fortemente com as atitudes rudes e descorteses que muitas vezes são associadas a um viver santo. Boaz mostra que é possível ser justo e santo sem ser áspero. Ele é um exemplo de como a santidade pode ser acompanhada por gentileza e ternura.

Referências bíblicas como 2Reis 4:8,9 e as interações de Jesus com pessoas de todas as esferas da vida (Mc.2:15-17; Jo.4:3-27) reforçam esta visão. O profeta Eliseu, por exemplo, foi respeitosamente tratado pela sunamita, o que demonstra uma reciprocidade de respeito e hospitalidade. Jesus, o mais puro dos homens, convivia com todos, independentemente de suas falhas e pecados, mostrando amor e compaixão em todas as suas interações.

2. Deus estava agindo

A atitude de Boaz em relação a Rute é notável e cheia de significado, evidenciando como Deus estava agindo por trás dos acontecimentos. Para Rute, uma estrangeira e viúva pobre, a realidade de sua posição social e econômica era dura e repleta de incertezas. O tratamento que ela receberia poderia variar drasticamente, desde hostilidade até indiferença. No entanto, Boaz a surpreende com sua gentileza e proteção.

Rute, ciente de sua condição, se comportava com extrema educação e discrição ao respigar nos campos (Rt.2:7). A ação inesperada de Boaz, ao se aproximar dela e oferecer-lhe proteção e respeito, a pegou de surpresa. Em resposta, ela se inclinou ao chão em um gesto de humildade e gratidão, reconhecendo que não merecia tão generoso tratamento (Rt.2:10). Sua resposta revela tanto sua humildade quanto sua gratidão pela bondade que lhe foi mostrada.

A motivação por trás da generosidade de Boaz não era simplesmente baseada na simpatia momentânea. Ele estava ciente da reputação de Rute e da bela história de dedicação e lealdade que ela tinha para com sua sogra, Noemi (Rt.2:11). Esse bom testemunho de Rute havia precedido sua chegada aos campos de Boaz, e ele reconheceu e honrou essa virtude.

A história de Rute e Boaz ilustra um princípio importante: um bom testemunho pode abrir muitas portas. A conduta exemplar de Rute, sua lealdade e trabalho árduo não passaram despercebidos. A notícia de sua bondade e dedicação chegou a Boaz, que foi movido a agir com bondade e proteção. Este exemplo serve como um lembrete de que nossas ações e nosso caráter podem influenciar as percepções e as atitudes dos outros em relação a nós.

3. Sensível e espiritual

Boaz era um homem que equilibrava admiravelmente a firmeza moral com a sensibilidade; ele manifestava ternura e espiritualidade em suas ações. Sua interação com Rute ilustra sua capacidade de unir essas qualidades de maneira harmoniosa.

Boaz demonstrou firmeza moral em suas decisões e ações, mantendo-se íntegro e justo. Ao mesmo tempo, ele foi sensível às necessidades e circunstâncias de Rute, uma estrangeira e viúva, oferecendo-lhe proteção e respeito. Essa combinação de qualidades fez de Boaz um modelo de liderança e caráter.

A ternura de Boaz se manifestou em sua maneira carinhosa e respeitosa de tratar Rute. Chamando-a de "filha" e assegurando-lhe proteção contra qualquer forma de assédio (Rt.2:9), ele mostrou uma preocupação genuína pelo bem-estar dela. Sua espiritualidade era profunda, como evidenciado em suas palavras a Rute, que constituem um versículo chave do livro: "O Senhor retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio" (Rt.2:12).

Boaz tinha uma compreensão espiritual que transcendia as limitações territoriais e étnicas. Ele reconhecia que o Deus dos hebreus, Yahweh, não estava confinado às fronteiras de Israel, mas era o Senhor de toda a criação. Ele viu em Rute, uma piedosa moabita, uma busca sincera por refúgio sob as “asas” de Yahweh. Essa percepção espiritual permitiu que Boaz se tornasse um canal de bênçãos para Rute.

As palavras de Boaz tiveram um impacto profundo no coração de Rute. Elas não apenas lhe ofereceram conforto e encorajamento, mas também reafirmaram sua fé e esperança em um futuro sob a proteção divina. Rute respondeu com gratidão, expressando como as palavras de Boaz a haviam confortado e encorajado (Rt.2:13) - “Então Rute disse: Meu caro senhor, você está me favorecendo muito, pois me consolou e falou ao coração desta sua serva, e eu nem mesmo sou como uma das suas servas”.

III. A COLHEITA DE RUTE E A SUA SOBREVIVÊNCIA

1. A lei da semeadura

Rute, uma moabita, fez uma escolha decisiva ao decidir servir ao Deus de Israel em vez de continuar adorando “Quemós”, o falso deus dos moabitas. A adoração a “Quemós” era marcada por práticas abomináveis, incluindo o sacrifício de crianças (Nm.21:29; 1Rs.11:7; 2Rs.3:26,27). Ao renunciar tais práticas e abraçar a fé em Yahweh, Rute iniciou uma jornada de fé que a levaria a experimentar a provisão divina de maneira inesperada e extraordinária.

A decisão de Rute de seguir o Deus de Israel foi um ato de fé e confiança. Abandonar a segurança de sua terra natal e os deuses de seus antepassados para seguir um Deus desconhecido, mas reverenciado por sua sogra Noemi, foi um testemunho de sua lealdade e coragem. Essa decisão crucial colocou Rute sob a proteção e provisão de Yahweh, que é conhecido como Jeová-Jireh, o Deus que provê.

À medida que Rute trabalhava nos campos de Boaz, ela começou a experimentar a mão invisível de Jeová-Jireh agindo em seu favor. Através das ações generosas de Boaz, que era justo e bondoso, Rute encontrou um meio de sustento e proteção. Boaz, seguindo as leis de Deus para os pobres e estrangeiros, permitiu que Rute respigasse em seus campos, assegurando que ela tivesse o suficiente para comer e sustentar a si e a Noemi.

A experiência de Rute ilustra a aplicação da lei da semeadura e colheita, que é um princípio espiritual universal encontrado nas Escrituras. 2Coríntios 9:6 diz: "Aquele que semeia pouco, pouco também colherá; e o que semeia em abundância, em abundância colherá”. Gálatas 6:7 diz: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará".

Rute, ao semear fidelidade, amor e devoção a Deus e à sua sogra, colheu abundantes bênçãos. Sua disposição para trabalhar arduamente nos campos foi recompensada com a generosidade de Boaz, que reconheceu sua virtude e a abençoou com proteção e provisão.

2. Os “acasos” de Deus

O Livro de Rute ilustra maravilhosamente como Deus trabalha de maneira soberana e providencial, muitas vezes por meio de eventos que, à primeira vista, podem parecer meros acasos. O exemplo mais claro disso é a decisão aparentemente aleatória de Rute de ir apanhar espigas no campo de Boaz (Rt.2:3).

Para Rute, escolher aquele campo específico parecia um simples acaso, uma escolha sem qualquer significado maior. No entanto, do ponto de vista divino, isso foi um ato orquestrado por Deus. A narrativa nos mostra que a escolha de Rute de trabalhar justamente no campo de Boaz não foi coincidência, mas uma manifestação clara da providência de Deus. Deus estava guiando os passos de Rute, mesmo que ela não percebesse.

Este episódio sublinha a verdade de que Deus está no controle de todas as coisas e age em favor daqueles que o amam. Romanos 8:28 nos assegura: "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados segundo o seu propósito". Na vida de Rute, vemos esta promessa se desenrolando de maneira concreta e prática. Deus estava trabalhando por trás dos bastidores, dirigindo cada detalhe para que Rute encontrasse Boaz, um parente remidor que desempenharia um papel crucial em sua vida e na história de Israel.

Quando Rute retornou para casa e contou a Noemi sobre o campo onde havia trabalhado, a resposta de Noemi foi de exultação e esperança renovada (Rt.2:20). Noemi reconheceu a mão de Deus na escolha de Rute e viu uma nova esperança surgindo para elas. Este momento marcou uma mudança significativa na história de Rute e Noemi, revelando que mesmo em meio às dificuldades, Deus estava providenciando uma solução.

A reação de Noemi ao saber que Rute havia encontrado favor nos olhos de Boaz não foi apenas de alegria, mas de uma profunda esperança renovada. A pobre viúva, que anteriormente havia expressado sua amargura e desespero, agora viu um raio de esperança. O encontro de Rute com Boaz era um sinal claro de que Deus não havia abandonado elas e que Sua providência estava ativa em suas vidas.

3. O resultado da colheita

A história de Rute nos mostra que as bênçãos de Deus podem ser colhidas tanto de imediato quanto ao longo do tempo. Algumas ações trazem frutos instantâneos, enquanto outras requerem paciência e perseverança para que seus resultados se manifestem. Rute experimentou essa realidade ao colher cereais abundantemente nos campos de Boaz.

A generosidade e a graça com que Boaz tratou Rute permitiram que ela colhesse cereais em abundância diariamente (Rt.2:17,21). Essa colheita não apenas garantiu a sobrevivência dela e de sua sogra, Noemi, mas também proporcionou segurança e estabilidade em tempos difíceis. A bondade de Boaz e a providência divina se uniram para abençoar Rute e Noemi.

Rute trabalhou arduamente durante toda a estação de colheita. Entre março e abril, ela colheu cevada; de abril a junho, foi a vez do trigo. Esse trabalho constante e dedicado foi essencial para a sua sobrevivência e a de sua sogra (Rt.2:23). A perseverança de Rute no campo de Boaz é um exemplo de diligência e fé em meio às dificuldades.

Apesar do trabalho árduo e das colheitas imediatas, Rute estava destinada a uma colheita ainda maior e mais significativa em tempo oportuno (Ec.3:1). A história dela é uma poderosa ilustração de como Deus trabalha em favor daqueles que esperam nEle. A paciência e a confiança de Rute em Deus não apenas garantiram sua sobrevivência imediata, mas também prepararam o caminho para bênçãos futuras e duradouras.

O testemunho de Rute e sua colheita diária demonstram a fidelidade de Deus em prover para aqueles que confiam nEle. Isaías 64:4 nos lembra que Deus trabalha por aqueles que esperam nEle. A colheita de Rute é um exemplo tangível dessa promessa, mostrando que, mesmo em meio às tarefas diárias e às dificuldades, Deus está ativamente trabalhando para o bem de seus servos.

CONCLUSÃO

O Encontro de Rute com Boaz nos ensina sobre a importância da integridade, da bondade e da obediência às leis divinas. Ele ilustra como Deus usa as interações cotidianas e os relacionamentos humanos para realizar Seus propósitos maiores. A história de Rute e Boaz nos encoraja a confiar na providência divina e a reconhecer que, mesmo em tempos de dificuldade, Deus está presente e ativo em nossas vidas.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.

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