4° Trimestre/2022
Texto Base: Ezequiel 9:3; 10:4,18,19; 11:22-25
”E a glória do SENHOR
se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da
cidade” (Ez.11:23).
Ezequiel 9:
3.E a glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual
estava, até à entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o
tinteiro de escrivão à sua conta.
Ezequiel 10:
4.Então, se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim para a
entrada da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o átrio se encheu do
resplendor da glória do SENHOR.
18.Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os
querubins.
19.E os querubins alçaram as suas asas e se elevaram da terra aos meus
olhos, quando saíram; e as rodas os acompanhavam e pararam à entrada da porta
oriental da Casa do SENHOR; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre
eles.
Ezequiel 11:
22.Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas as
acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.
23.E a glória do SENHOR se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o
monte que está ao oriente da cidade.24 – Depois, o Espírito me levantou e me
levou em visão à Caldéia, para os do cativeiro; e se foi de mim a visão que eu
tinha visto.
25.E falei aos do cativeiro todas as coisas que o SENHOR me tinha
mostrado.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do tema: “Quando se vai a glória de Deus”. No
livro de Ezequiel, a “glória de Deus” aparece como presença de Deus. A presença
de Deus é majestosa, é indescritível e sem limites, é revigorante, é repousar
em pastos verdejantes, é pureza e benignidade, é amor verdadeiro, é graça
disponível a todos nós. Na presença de Deus há sempre uma esperança. Sabemos
que, se estamos na presença e Deus, podemos trilhar com fé. Quando se perde a
presença de Deus tudo desmorona, pois, ela é o sustentáculo do crente. E o povo
que se diz crente pode perder a presença de Deus? Nesta Aula veremos que sim.
No Antigo Testamento, a presença de Deus se fazia no Templo; quando Deus mandou
Moisés construir o Tabernáculo, explicou a razão dessa ordem: ”E me farão um
santuário, e habitarei no meio deles” (Êx.25:8). Mas, quando o povo deixou de
adorar a Deus e voltou-se obstinadamente aos ídolos, a glória de Deus se foi.
Na Aula anterior, estudamos a respeito das abominações do Templo, que
teve a idolatria como principal ato de rebelião contra o Deus de Israel; a
consequência da persistência do povo nesse pecado foi a saída da glória de Deus
do Templo; essa glória representava a presença divina entre o povo. E hoje é
possível Deus abandonar o seu povo por causa dos pecados deliberados? Veremos
que sim. Todos estão percebendo que Deus não opera mais entre o seu povo como
no início da Igreja; isso é um forte indício que a Igreja não vai bem
espiritualmente, e não precisa ser um especialista em divindade para perceber
isso.
Precisamos ter cuidado para que a presença de Deus não se afaste de
nossas vidas, pois ela é muito preciosa. Não podemos viver sem a presença de
Deus; hoje, ela está representada pela doce habitação do Espírito Santo na sua
Igreja; essa presença envolve poder, santificação e desenvolvimento do fruto do
Espírito em nós. Valorizemos, pois, a gloriosa presença do Espírito Santo em nossas
vidas.
I. SOBRE A GLÓRIA DE DEUS
No Monte Sinai, quando o Tabernáculo ficou pronto, a glória do Senhor
cobriu e encheu todo o ambiente santo (Êx.40:34,35) - ”Então, a nuvem cobriu a
tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o Tabernáculo, de maneira que
Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre
ela, e a glória do Senhor enchia o Tabernáculo” (Ex.40:34,35). Anos mais tarde,
à época do rei Salomão, quando se faziam preparativos para a dedicação do
Templo, essa "Nuvem de glória" chama-nos a atenção. Quando os
sacerdotes trouxeram a Arca da Aliança do Senhor para seu lugar no santuário
interno do Templo, o Santo das Santos, e ao saíram do santuário, a Nuvem da
glória do Senhor encheu o Templo - "E não podiam ter-se em pé os
sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor
enchera a Casa do Senhor" (1Rs.8:11). Que momento singular!
1. O significado de
”glória”
“Glória” - do hebraico “kabode”, do grego “doxa”, do latim “glória” -
significa manifestação do esplendor e da magnificência da presença divina.
Segundo nota na Bíblia de Estudo Pentecostal, a expressão “glória de Deus” tem
emprego variado na Bíblia - às vezes, descreve o esplendor e majestade de Deus
(cf.1Cr.29:11; Hc.3:3-5), uma glória tão grandiosa que nenhum ser humano pode
vê-la e continuar vivo (ver Êx.33:18-23); quando muito, pode-se ver apenas um
aparecimento da semelhança da glória do Senhor; neste sentido, a glória de Deus
designa sua singularidade, sua santidade (cf. Is.6:1-3) e sua transcendência
(cf. Rm.11:36; Hb.13:21). Nas visões de Ezequiel, ”glória” indica o resplendor
pela presença do Senhor. Essa é a descrição feita pelo próprio profeta
(Ez.1:26-28; 8:2,4). “Olhei, e eis uma figura como de fogo; desde os seus lombos
e daí para baixo, era fogo e, dos seus lombos para cima, como o resplendor de
metal brilhante. Eis que a glória do Deus de Israel estava ali, como a glória
que eu vira no vale” (Ez.8:2,4).
2. A glória de Deus
A glória de Deus fez-se presente nos momentos mais importantes da
história da salvação. Sua função básica era referendar os pactos que o Senhor
ia estabelecendo com o seu povo. Foi o que se deu, por exemplo, quando Israel
recebeu as tábuas da Lei (Êx.19:2), quando da inauguração do Tabernáculo (40:34,35),
quando a Arca da Aliança foi transferida do Tabernáculo para o Templo de
Salomão em Jerusalém (2Cr.5:13,14), quando da inauguração do Santo Templo
(2Cr.7:1) e quando do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo (Lc.2:14).
No Tabernáculo, durante a jornada do povo de Israel, a Nuvem de glória
cobria toda a Tenda da Congregação, e isto revelava que o Altíssimo se
encontrava de modo especial no Santuário; era o sinal visível e glorioso da
presença do Todo-poderoso. Foi muito bom para o povo de Israel saber que em seu
meio estava a presença do Senhor. Tal presença os acompanharia por sua jornada
até chegarem à Terra Prometida. Onde quer que estivessem os filhos de Israel,
certos estavam de que o Senhor era com eles. Para seguir adiante, tudo o que
tinham a fazer era olhar para o alto e ver a Nuvem que pairava sobre a Arca.
Desta maneira o Senhor sempre lhes provia um lugar de descanso (cf.
Nm.10:33-36). Também hoje, em nossa jornada pelo deserto da vida, podemos ter
descanso em Jesus, porque o Seu Espírito vai adiante de nós; Ele está sempre
presente com o povo de Deus da Nova Aliança até chegarmos à Terra Prometida
(João 14:1-3; Fp.3:20).
II. SOBRE A RETIRADA DA GLÓRIA DE DEUS
A retirada da glória de Deus do Templo teve um efeito catastrófico ao
povo de Judá, pois ficou desamparado e vulnerável aos ataques impiedosos dos
seus ferozes inimigos que estava prestes a surgir. A retirada teve a seguinte
sequência: (a) a glória se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança; (b)
passou para a entrada do Templo; (c) pairou sobre os querubins e, aos poucos,
afastou-se completamente do Templo; (d) Por fim, a glória de Deus se pôs sobre
o Monte das Oliveiras.
1. O querubim e a
nuvem (Ez.9:3; 10:4)
“E a glória do Deus
de Israel se levantou do querubim
sobre o qual estava, até à entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho,
que tinha o tinteiro de escrivão à sua conta” (Ez.9:3).
“Então, se levantou a
glória do SENHOR de sobre o querubim para a entrada da casa; e encheu-se a casa
de uma nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do SENHOR” (Ez.10:4).
-O Querubim. Alguns estudiosos
afirmam que o querubim referido por Ezequiel trata-se das criaturas da visão
inaugural do capítulo 1, e não os querubins de ouro que estava sobre o
propiciatório. Outros afirmam que o profeta está se referindo aos dois
querubins de ouro do propiciatório da Arca da Aliança (2Cr.5:8). Qualquer que
seja a interpretação, a verdade é que, nestes textos, o profeta está tendo uma
visão da retirada da presença de Deus do Templo, a qual esteve presente durante
a peregrinação do deserto (Êx.13:21); no Tabernáculo (Êx.33:7-10), e que permaneceu
lá desde a sua inauguração (Êx.40:34,35); e, finalmente, no Templo (1Rs.8:10,11).
-A Nuvem da glória. Esta era um
indicativo da presença de Deus. Ela esteve presente durante a jornada do povo
de Israel pelo deserto, e quando o
Tabernáculo ficou pronto, ela cobriu e encheu a Tenda. Quando a Nuvem se
elevava acima do Tabernáculo, então os filhos de Israel reiniciavam sua jornada
(cf. Êx.40:34-38). Aquele povo escravo que fora desprezado, agora desfrutava da
divina presença. Mas, a permanência da Nuvem do Senhor não era incondicional.
Igualmente conosco, se desejamos a presença de
Deus em nossa vida, temos de cumprir as condições expressas na Palavra de Deus.
Assim como a Nuvem de glória nunca se separou do povo de Israel enquanto ele
caminhava rumo à Terra Prometida, o Espírito Santo, desde o dia em que Ele foi
derramado sobre a Igreja no dia de Pentecostes, nunca nos desamparou.
A Nuvem era o selo que indicava o povo de
Israel como propriedade peculiar de Deus. O selo é a marca de identificação e
de segurança, é a marca de legitimidade, propriedade, inviolabilidade e
garantia. Asim, também, o Espírito Santo é o selo que nos indica que somos
propriedade de Cristo Jesus (2Co.1:22); somos propriedade exclusiva de Deus, e
ninguém pode nos arrancar de seus braços, se permanecermos firmes nEle. Quando
Deus nos sela, Ele deixa gravada a própria imagem do seu Filho em nós
(Rm.8:20). Esse selo de Deus garante a autenticidade do nosso relacionamento
com Ele (Ef.1:13; 4:30). Assim como a Nuvem era o passaporte do povo de Deus da
Antiga Aliança, o selo do Espírito Santo é nosso passaporte para o Céu, nossa
verdadeira e definitiva “Pátria” (Fp.3:20). Vivamos, pois, e desfrutemos da
glória de Jesus Cristo, que nos é revelado pela presença constante do Espírito
Santo.
2. A retirada da
presença de Deus (Ez.10:18)
Em seu primeiro estágio, a Nuvem da glória de Deus (símbolo da presença
de Deus) se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança e deixou o Santo dos
Santos, no Templo, entristecida pela idolatria do povo (Ez.9:3) - “E a glória
do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, até à entrada da
casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à
sua conta”.
Depois, a nuvem da glória de Deus deslocou-se para a entrada do Templo,
onde seu resplendor encheu o átrio - “Então, se levantou a glória do SENHOR de
sobre o querubim para a entrada da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o átrio
se encheu do resplendor da glória do SENHOR” (Ez.10:4). Era o início da
retirada total da glória de Deus do Templo e do povo de Judá.
No terceiro estágio da retirada da glória de Deus do Templo, a Nuvem se
desloca para a entrada da porta oriental do Templo e paira sobre os querubins.
Na visão, Ezequiel ver que a glória não se movimenta pelo recinto, mas a deixa.
Ela paira sobre os querubins e as rodas, e os acompanha até a entrada do portão
leste do Templo (Ez.10:19), para a sua retirada definitiva. Em Ezequiel 10:3, a
nuvem ainda enche o Átrio Interior, mas se eleva dos querubins e vai para a
entrada do Templo. A casa estava ainda cheia da glória do Senhor. Mas, em
Ezequiel 10:18 lemos o seguinte: "Então, saiu a glória do Senhor da
entrada da casa e parou sobre os querubins". Assim, a Nuvem de glória
juntou-se aos querubins que saíam do Templo. Com isso, se aproximava a
destruição do Templo. Na visão, Ezequiel acompanha a glória de Deus flutuando
sobre os querubins e vê a carruagem divina se mover para a porta principal do
Templo para a sua partida definitiva.
3. Por fim a glória
de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras (Ez.11:23)
Em Ezequiel 11:22, a atenção do profeta volta-se de novo para os
querubins e a Nuvem de glória. No versículo 23 ele narra como a glória do
Senhor subiu do meio de Jerusalém e se pôs sobre o Monte das oliveiras, a leste
da cidade. Dali, ascendeu ao céu para retornar no fim dos tempos, não mais no
Templo de Jerusalém, mas no Templo do Milênio (Ez.44:2-4). A glória de Deus se foi
e o povo ficou desamparado e vulnerável aos ataques impiedosos dos seus ferozes
inimigos Caldeus. O Templo seria destruído e o povo de Israel seria expulso de
sua Terra Prometida.
Antes da destruição total, porém, os judeus fiéis que se opunham à idolatria
receberam uma marca na testa para não serem mortos (Ez.9:4). Essa imagem é
semelhante a imagem que João viu em Apocalipse 78:3,4 e 22:4. Há momentos, como
os que são retratados aqui, em que o povo de Deus é libertado do sofrimento,
além de desfrutar da redenção. Há outros momentos em que seu povo experimenta
apenas a redenção, e a dor do sofrimento é experimentado tanto por eles como
pelos injustos. É Deus quem decide se serão eximidos do sofrimento ou se
sofrerão para o bem de outros. O justo deve ser grato pela redenção, quer seja
poupado de situações que provam a sua alma ou não. O cristão que está
completamente rendido à vontade de Deus e que tem uma visão ampla das coisas
espirituais não se preocupa em passar pelos chamados desertos nesta vida; ele
sofre com Cristo, se for o caso, para ser glorificado num dia de esplendor
futuro.
A tragédia do exílio não pode ser interpretada como apenas a deportação
de um povo para outra terra, ou a destruição de uma cidade e seu santuário
central. Na verdade, Deus havia se retirado do meio de seu povo, uma ausência
simbolizada por uma das visões de Ezequiel, na qual a Shekinah movia-se do Templo (Ezequiel – cap.1).
Observação: “Shekinah” é um
termo que, segundo o sentido aramaico, descreve a manifestação visível da
glória de Deus. Conquanto o termo não se encontre no texto original do Antigo
Testamento é uma palavra adotada pela tradição judaica. O termo “Santíssima
Trindade”, também, não aparece no Novo Testamento, mas ela retrata com
perfeição o que os textos apostólicos ensinam sobre essa doutrina. Portanto,
proferir o termo Shekinah para referir-se à glória de Deus, é plenamente
válido.
Note que, no Templo, o trono de Deus era o Santo dos Santos (Ez.8:4),
que se afastou até a entrada (Ez.9:3), acima da entrada (Ez.10:4), para junto
da porta oriental (Ez.10:19) e, por fim, para o Monte das oliveiras, a leste de
Jerusalém (Ez.11:23). Em seu amor, o Deus de Israel demorou deixar Jerusalém e o
Templo, para voltar só em Ezequiel 43:2 (que ainda está para se cumprir).
De certa forma, portanto, o fim do cativeiro dos judeus em 539/538 a.C.
não pode ser sinônimo do fim do exílio, porque o Senhor Jeová não retornou na
ocasião para habitar no Templo. Pelo contrário, os profetas predisseram que seu
retorno aconteceria apenas na era escatológica, quando o próprio Messias seria
a glória de Deus (Ag.2:7-9). Deus não terminou ainda de lidar com Israel, cujo
Dia mais grandioso está por vir.
III. SOBRE O SEGUNDO TEMPLO
Ao completar os 70 anos de cativeiro babilônico, o novo imperador, Ciro,
rei da Pérsia, baixou o decreto que pôs fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C.;
e, pouco tempo depois, partiu da Babilônia a primeira leva de judeus de volta
para Judá. No seu decreto de libertação, o rei incluiu a reconstrução do Templo
em Jerusalém (2Cr.36:20- 23; Ed.1:1,2). O Templo desempenhava várias funções em
Israel, como lugar de perdão, do encontro com Deus, da presença divina, e era o
centro espiritual da nação.
1. O segundo Templo
O segundo Templo foi inaugurado no sexto ano de Dario (Ed.6:15), que
corresponde ao ano 516 a.C. Ele é conhecido como o Templo de Zorobabel, que foi
um príncipe de Judá, descendente de Davi. Zorobabel desempenhou um papel muito
importante durante o período de retorno dos judeus do exílio. Quando retornou
com o grupo principal dos exilados em 537 a.C., Zorobabel foi o líder
responsável pela edificação dos alicerces do Templo (Esdras 3:8-10).
Os judeus retornaram a Jerusalém muito esperançosos acerca da
reconstrução do Templo. Essa reconstrução foi iniciada em vários estágios. Eles
começaram restaurando o altar do holocausto, a fim de que pudessem oferecer
sacrifícios a Deus. Voltar a observar os sacrifícios regulares em Jerusalém era
algo realmente significativo, pois isso não acontecia desde que a cidade havia
sido destruída. Mas, Esdras informa em seu livro que o trabalho de
edificação e restauração sofreu oposição e foi impedido de continuar. O
trabalho ficou parado até o ano de 520 a.C., quando foi retomado novamente sob
a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué.
No período em que Zorobabel recomeçou a construção do segundo
templo, Deus levantou profetas que transmitiram sua mensagem de exortação e
encorajamento ao povo e aos seus líderes. Ageu e Zacarias foram esses
profetas. Foi no segundo ano de Dario que o Senhor levantou Ageu
e Zacarias para profetizar em Jerusalém e incitar Zorobabel a
recomeçar a construção do segundo Templo (Esdras 5:1). Os profetas eram os
porta-vozes de Deus ao povo. Através deles o Senhor repreendia, exortava,
encorajava e confortava os judeus.
Após ouvir a vontade do Senhor por meio dos profetas, Zorobabel e
o sumo sacerdote Josué recomeçaram a construção do segundo Templo. Mas,
novamente, os povos vizinhos se levantaram contra a obra de Deus. Eles
procuraram investigar com que autorização os judeus estavam construindo o
segundo Templo, e chegaram a enviar uma carta ao rei Dario cobrando um parecer
sobre essa questão; isso porque os judeus alegavam contar com a autorização que
Ciro havia dado. Dario, ao saber dessas coisas, ordenou que os documentos reais
fossem consultados com a finalidade de descobrir se o decreto de Ciro que
autorizava a construção do segundo Templo era mesmo verdadeiro. Ao descobrir
que tudo estava correto, Dario permitiu aquela obra, garantiu os recursos para
sua execução, e ainda ordenou que os adversários dos judeus não interrompessem
de forma alguma a construção (Esdras 6:1-12).
O segundo Templo foi terminado no sexto ano de Dario, isto é, em
aproximadamente 516 a.C. (Esdras 6:15). O Templo de Zorobabel durou por quase
500 anos – mais tempo que o Templo de Salomão. Durante esse tempo essa Obra
resistiu a muitos conflitos e atos perversos e profanos de governantes
estrangeiros, e chegou até a ser transformado num tipo de fortaleza.
2. O Templo de
Herodes
Mais tarde, em aproximadamente 15 a.C., o rei Herodes começou
uma obra de reconstrução do Templo de Zorobabel, com o discurso de que aquele
Templo não estava à altura da sua antiga glória. A obra continuava em andamento
nos dias do ministério terreno de Jesus, 46 anos depois (João 2:20). O Templo
de Herodes era o cartão postal de Jerusalém (Mc.13:1; Lc.21:5). A sua conclusão
deu-se em 66 d.C.
3. A presença do
Filho de Deus
A grande importância do Templo de Zorobabel foi o seu
significado cristológico. Diferentemente do Templo de Salomão, o de
Zorobabel não abrigou a Arca da Aliança, que acabou sumindo durante o
tempo do exílio. Quando o segundo Templo foi terminado, embora tenha sido feita
uma grande dedicação, não é dito que a glória de Deus encheu o Templo como
havia ocorrido na dedicação do primeiro Templo (Esdras 6:16-18). Contudo, ainda
assim Deus havia prometido que a glória da segunda Casa seria maior que a
da primeira (Ageu 2:9). Sem dúvida essa foi uma promessa messiânica que
encontrou seu cumprimento pleno e final na pessoa de Cristo. O Deus encarnado
entrou pelas portas daquele Templo reformado sob Herodes; e na ocasião de sua
morte no Calvário, foi o véu daquele Templo que se rasgou de alto a baixo
indicando que a partir de então, pelos méritos de Cristo, os redimidos teriam acesso
ao Santuário celestial.
IV. SOBRE O SENHOR JESUS E O TEMPLO
“Assim como a glória do Senhor deixou o Templo antes de sua destruição
pelos caldeus, da mesma forma aconteceu com o segundo Templo. A diferença é que
a segunda Casa foi substituída definitivamente pelo Senhor Jesus” (LBM.CPAD).
1. Explicação
teológica
No Tabernáculo e no Templo de Salomão a glória do Senhor era permanente,
até o dia que o Senhor resolveu tirar definitivamente a sua glória do Templo
por causa das abominações praticadas pelo povo e pelos líderes do Templo. Com a
primeira vinda de Cristo, a glória do segundo Templo seria maior do que a do
primeiro (Ag.2:9). Por que a glória do segundo Templo seria maior do que a
glória do primeiro? Por duas razões:
a) Por causa da presença de Deus nesse Templo (Ag.2:9). O segundo Templo
construído por Zorobabel foi mais tarde embelezado por Herodes, o Grande.
Durante 46 anos, esse Templo recebeu todo o requinte de uma construção
grandiosa e magnificente (João 2:19). Porém, a glória desse Templo não estava
em suas pedras douradas e na sua imponência, mas no fato de que foi nele que o
Senhor Jesus, o Deus que se fez carne e habitou entre nós, entrou. Jesus trouxe
graça e glória (João 1:14,16). Quando Jesus Cristo entrou no Templo, a Casa do Senhor
enche-se de glória como nunca antes. Ali estava alguém “maior do que Salomão”
(Mt.12:42) e maior do que o Templo (Mt.12:6). Como bem diz o pr. Hernandes Dias
Lopes, a glória do primeiro Templo era material; a glória do segundo Templo era
espiritual. O primeiro Templo era magnificente em ouro e prato; o segundo era
grandioso porque nele entraria o dono de todo o ouro e de toda a prata.
Atualmente, a glória de Deus não se faz presente por causa de algum
objeto colocado em algum espaço no templo como, por exemplo, a Arca da Aliança,
mas por causa dos fiéis seguidores de Cristo, quando se reúnem para adorá-lo em
Espírito em verdade (João 4:23; Mt.18:20).
b) Por causa da oferta de Deus feita nesse Templo (Ag.2:9) – “...e, neste
lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos”. Russell Norman Champlin diz
que as bênçãos da era messiânica são sumariadas em uma palavra: Paz! - “Nesse
lugar, darei a paz”. Pelo sangue da cruz de Cristo somos reconciliados com Deus
(Cl.1:20). Porque fomos justificados pela obra de Cristo, mediante a fé, agora
temos paz com Deus (Rm.5:1) e paz de Deus (Fp.4:70. Essa paz não é apenas
ausência de conflitos nem meramente um sentimento de bem-estar. Essa paz é
relacional e experimental. Trata-se de uma paz perene, que nos coloca em uma
relação certa com Deus, com o próximo e conosco, agora e por toda a eternidade.
2. O fim do Templo
O templo de Jerusalém, o chamado templo de Herodes, era um dos mais
belos monumentos arquitetônicos do mundo. O grande e belo templo era o centro
da vida nacional de Israel, o símbolo da relação da nação com Deus. O templo
tinha uma significância tão profunda para o povo de Israel que até mesmo os
discípulos acreditavam piamente na sua indestrutibilidade. Walter Liefeld diz
que era algo impensável o templo ser totalmente destruído, pois estava cercado
por uma grande e sólida estrutura; era o símbolo tanto da religião judaica como
do esplendor de Herodes. Mas, finalmente, o fim do Templo estava determinado;
antes mesmo da sua morte Jesus vaticinou a sua destruição. Ele disse aos seus
discípulos em tom claro e profético: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja
derribada” (Mt.24:2; Mc.13:2); ”dias virão em que se não deixará pedra sobre
pedra que não seja derribada” (Lc.21:6). A predição de Jesus de que não ficaria
pedra sobre pedra cumpriu-se no ano de 70 d.C., literalmente. O Templo foi
arrasado pelos romanos quarenta anos depois no terrível cerco de Jerusalém. Devemos
aprender com essa solene profecia de Jesus que a verdadeira glória da Igreja
não consiste em seus prédios de adoração pública, mas na fé e piedade de seus
membros. Hendriksen argumenta: “Quando a purificação do templo não produziu um
arrependimento genuíno, sua destruição deveria vir em seguida”.
3. A presença de
Deus hoje
O Templo de Jerusalém não existe mais; Deus agora habita em cada um de
nós (João 14:23; 1Co.6:19) - “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a
minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”
(João 14:23). Aquele que ama a Jesus e que guarda os seus mandamentos é aquele
que é amado pelo Pai; é a estes que Jesus se manifesta. Paulo afirma que o
Espírito Santo habita no nosso corpo (1Co.6:19). Jesus Cristo, a segunda Pessoa
da Trindade, comprou e redimiu o nosso corpo, e o Espírito Santo, a terceira
Pessoa da Trindade, habita nesse corpo e faz dele um santuário para a sua
habitação. O nosso corpo é o “templo” vivo do Espírito Santo. Quando Paulo usa
a figura do templo emprega a palavra “naós”,
o Santo dos Santos, o lugar santíssimo onde a glória de Deus se manifesta. Em
síntese, o nosso corpo tem um começo e um fim glorioso. Paulo nos ensina que
Deus Pai criou o nosso corpo e vai ressuscitá-lo (1Co.15:51-54) – “Eis que
vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos,
num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A
trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando
este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se
revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita:
Tragada foi a morte pela vitória”. Amém!
CONCLUSÃO
No Antigo Testamento, a glória de Deus estava no Templo, mas essa glória
saiu do Santo lugar por causa dos vis pecados do povo de Israel. No Novo
Testamento, o Espírito Santo habita em nosso corpo. Leon Morris diz que aonde
quer que vamos, somos portadores do Espirito Santo, templos em que apraz a Deus
habitar. Isso deve nos conscientizar de que toda forma de conduta, que não seja
apropriada para o “templo” de Deus, deve ser eliminada. Se pecarmos e
permanecermos no pecado, certamente, perderemos a presença de Deus, o Espírito
Santo, em nossa vida, e sem ele estaremos vulneráveis ao devorador e destruidor;
sendo mais claro, perderemos para sempre a salvação em Cristo Jesus. “Se
afirmarmos que temos comunhão com Ele, mas caminharmos nas trevas, somos
mentirosos e não praticamos a verdade. Se, no entanto, andarmos na luz,
como Ele está na luz, temos plena comunhão uns com os outros, e o sangue de
Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1João 1:6,7).
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
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Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Ezequias Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para os
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Severino Pedro da Silva. Daniel – As visões para estes últimos dias. CPAD.
J.Kenneth Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai Cabral. O Tabernáculo – Símbolos da Obra redentora de Cristo.
CPAD.
Alvin Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
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