3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Neemias 4:8-20; 1João 4:4; 5:5
“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm.8:37).
Neemias 4
8.E ligaram-se entre si todos, para virem atacar Jerusalém e para os
desviarem do seu intento.
9.Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia
e de noite, por causa deles.
10.Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó
é muito, e nós não poderemos edificar o muro.
11.Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão disso, nem verão,
até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos cessar a obra.
12.E sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nos
disseram que, de todos os lugares, tornavam a nós.
13.Pelo que pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos
altos; e pus o povo, pelas suas famílias, com as suas espadas, com as suas
lanças e com os seus arcos.
14.E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao
resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e
pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.
15.E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que já o sabíamos e que Deus
tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra.
16.E sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus moços trabalhava na
obra, e a outra metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças;
e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.
17.Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, e os que
carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas.
18.E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e
edificavam; e o que tocava a trombeta estava junto comigo.
19.E disse eu aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Grande e
extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros.
20.No lugar onde ouvirdes o som da buzina, ali vos ajuntareis conosco; o
nosso Deus pelejará por nós.
1 João
4:4.Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que
está em vós do que o que está no mundo.
5:5.Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de
Deus?
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula trataremos da oposição dos inimigos à obra realizada. Logo que a
reconstrução dos muros de Jerusalém começou, a oposição se levantou. O capítulo
4 de Neemias é um resumo do que aconteceu durante os 52 dias de reconstrução.
Sempre que o povo de Deus se levanta para fazer a Sua obra, isso incomoda o
inimigo. Variados foram os métodos do inimigo para tentar paralisar a obra, mas
Neemias resistiu a cada investida, porque ele confiava na vitória de Deus.
Ainda hoje, sempre que a Igreja de Deus se levanta para fazer a obra de Deus, o
inferno se agita, o mundo se levanta e há uma conspiração contra ela de todas
as forças aliadas. A vida cristã é uma guerra contínua, é uma batalha sem
trégua. É impossível realizar a Obra de Deus sem oposição.
I. QUAL A PROCEDÊNCIA DESSES ATAQUES?
A
procedência era maligna. Satanás usou os seus fantoches dos quatro pontos
cardeais do território de Israel para atacar o povo de Deus. Do Norte: Sambalate (governador de Samaria); do Leste, Tobias (da nobreza dos amonitas) e Gesém (o árabe – possível rei de Quedar, segundo descobertas
arqueológicas); do Sul, os arábios, os amonitas e os asdoditas (Ne.4:7) se
uniram a estes para se oporem ao povo de Deus. Houve uma orquestração maligna
contra o povo de Deus. Como não bastasse, os judeus que moravam fora de
Jerusalém trouxeram notícias de um ataque iminente. Neemias rapidamente colocou
o povo por detrás do muro e entregou armas aos trabalhadores, encorajando-os
com as palavras: “lembrai-vos do
Senhor[...] e pelejai” (ler Ne.4:7-14).
1. A ira dos adversários
“E sucedeu que, ouvindo Sambalate que
edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito...”(Ne.4:1).
A
restauração de Jerusalém provocou a ira dos adversários. Isso ocorreu desde o
início. Quando Neemias teve permissão e recursos para voltar a Jerusalém, a
oposição ficou profundamente perturbada (Ne.2:9,10); quando o povo declarou sua
intenção de reconstruir os muros, a oposição zombou dele e o desprezou
(Ne.2:18,19); quando o povo de fato começou a reconstruir os muros, a oposição
“ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (Ne.4:1); quando o
povo continuou a reconstruir os muros, a oposição ficou muito irada e conspirou
atacá-lo e criar confusão (Ne.4:6-8); e, por fim, quando o povo concluiu a reconstrução
dos muros, a oposição fingiu aceitar, mas queria prejudicá-lo (Ne.6:1-9).
Sambalate,
o líder opositor, mobilizou seu exército e procurou incitar o povo contra os
judeus (Ne.4:2; ler Ne.4:7). Esses inimigos não queriam a restauração do povo
de Deus. Enquanto Jerusalém estava debaixo de opróbrio, eles estavam calmos,
mas bastou a disposição para a reforma, e eles se agitaram e se levantaram com
grandes insultos.
Da
mesma forma, hoje, os nossos inimigos não ficam sossegados quando alguém luta
pela Igreja e se levanta para reconstruir a Casa de Deus. Onde o povo de Deus
busca restauração, avivamento, ocorre a fúria do inimigo.
2. A falsa acusação
“O que ouvindo Sambalate, o horonita, e
Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos,
e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?”(Ne 2:19).
Sambalate
e Tobias rotularam a reconstrução dos muros de Jerusalém como uma rebelião
contra o rei Artaxerxes e não uma reforma, provavelmente ameaçando denunciar os
construtores como traidores. Mas Neemias tinha uma resposta para eles que
revelava não apenas a sua própria determinação de realizar o trabalho até à sua
conclusão, porém mais significativamente a sua fé em Deus, que tinha o poder de
ajudá-lo a executar o trabalho para o qual o próprio Senhor o havia chamado.
3. A resposta à insinuação caluniosa
A
calúnia foi uma arma de ataque usada pelos inimigos. Neemias confiou em Deus, e
recusou dar ouvidos às falsas acusações dos inimigos. Neemias, sempre prudente
e sábio, respondeu-lhes:
“O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e
nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos...”(Ne.2:20).
A
confiança em Deus é o maior incentivo à obra. Isso sugere poderosa proteção:
"O Deus dos céus..." (Ne.2:20). Isso sugere também providencial
vitória: "[...] é quem nos fará prosperar[nos dará êxito –ARA]" (Ne.2:20).
Quem confia em Deus não teme os adversários, não se rende diante de suas
ameaças e falsas acusações.
Sem
a ajuda de Deus, o nosso trabalho é vão - "Se o Senhor não edificar a
cidade, em vão trabalham os que a edificam" (Sl.127:1). A Obra de Deus é
feita não por força nem por violência, mas pelo Espírito de Deus (Zc.4:6).
Jesus disse: "Sem mim, nada podeis fazer" (João 15:5). Paulo
pergunta: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm.8:31). João
foi contundente: "Maior é aquele que está em nós do que aquele que está no
mundo”(1João 4:4).
A
vitória vem de Deus, mas nós precisamos empunhar as ferramentas de trabalho e
as armas de combate. É preciso se dispor e reedificar. A soberania de Deus não
anula a responsabilidade humana. Neemias foi contundente diante da oposição:
“... nos levantaremos e edificaremos...”.
Quando
a reconstrução dos muros de Jerusalém terminou em cinquenta e dois dias, até mesmo
os inimigos dos judeus tiveram de reconhecer que essa obra fora concluída com a
ajuda de Deus (cf.Ne.6:15,16). Deus sempre cumpre a sua parte quando os fiéis
cumprem a sua, com fé perseverante.
Aprendemos
aqui que o verdadeiro líder não se deixa desencorajar por ataques pessoais
injustos; o verdadeiro líder se preocupa com a causa em que está envolvido. O
líder de Deus não se cansa enquanto não vê a obra das suas mãos concluída.
II. O INIMIGO PROCURA ATINGIR A NOSSA FÉ
Os
inimigos usaram a ridicularização para tentar dissuadir o povo de realizar a
obra de Deus. Usaram os meios mais diabólicos para causar desespero e desânimo
no povo de Deus.
1. O Inimigo ataca com a arma do escárnio
(Ne.4:1,3)
“Tendo Sambalate ouvido que edificávamos o muro, ardeu em
ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (Ne.4:1).
“Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que
edifiquem, vindo uma raposa, derribará o seu muro de pedra” (Ne.4:3).
Esta
é uma arma poderosa que os inimigos sempre usaram para destruir a obra de Deus
e para desanimar o Seu povo, e os inimigos a usaram para enfraquecer o ânimo do
povo de Deus. Quando os servos de Deus sofrem escárnio, são tentados a ficarem
desanimados.
A
obra de Deus sempre foi alvo de zombaria e escárnios. Constantemente, os féis
de Deus enfrentam este tipo de agressão, pelo fato de, a cada dia, procurarem
viver uma vida de retidão entre os que não conhecem a Deus. Mas, isto está
escrito nas Escrituras que aconteceriam ao povo de Deus. Podemos lembrar aqui de
alguns exemplos de escárnios e zombarias registradas nas Escrituras Sagradas:
a) Escarneceram do
próprio Senhor Jesus. Jesus estava iniciando sua dolorosa caminhada rumo à cruz,
e Satanás, usando pessoas, utilizou a zombaria para atacar o Senhor de maneira
vil:
“E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate. E,
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma
cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus!
E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois
de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o
levaram para ser crucificado”(Mt.27:28-31).
O
Senhor era de fato Rei, porém seu reino não era terreno (João 18:36).
Aproveitando a situação, o inimigo tentou humilhá-lo, através do escárnio e da
violência! Contudo, o diabo não conseguiu afastá-lo de seu objetivo que foi a
morte na cruz pelos nossos pecados. O "justo morreu pelos injustos, para
levar-nos a Deus" (1Pd.3:18).
b) Escarneceram da mensagem
de Paulo. Certa
feita, o apóstolo Paulo pregava no areópago, um centro de convenções na cidade
de Atenas. Nesse lugar, havia altares para os mais diversos deuses. Ali, ele
aproveitou o momento e, partir de um altar erigido ao "Deus
desconhecido", mostrou-lhes o caminho da salvação. Porém, quando falou
sobre a questão da ressurreição dos mortos, o clima de curiosidade foi
transformado num clima de zombaria! O desprezo tomou conta dos presentes, que
não queriam mais ouvi-lo:
“E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns
escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez”(At.17:32).
Como
povo do Deus vivo, não podemos perder de vista o fato de que sempre houve e
sempre haverá escarnecedores da obra de Deus. Tanto Pedro, como Judas nos alertam
que esta artimanha diabólica tenderá a crescer nos últimos dias.
- 2Pedro
3:3:
“sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores, andando
segundo as suas próprias concupiscências”.
- Judas
18:
“os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que
andariam segundo as suas ímpias concupiscências”.
Esses
escarnecedores terão um estilo próprio e, escorados em suas tendências carnais
pecaminosas, investirão contra os servos de Deus e sua obra. Isto faz parte da
cruz que devemos aceitar quando seguimos a Jesus (Mt.10:38,39; 16:24,25). Os
que são carnais procuram escapar do escândalo da cruz (Gl.5:11).
2. O Inimigo ataca com a arma do desprezo
“Que fazem estes fracos judeus?” (Ne.4.2).
Os
inimigos tentaram diminuir a autoestima do povo de Deus, chamando-o de fraco. A
força de um povo é constatada pelas suas atitudes que, na verdade, são reflexos
da ação do seu líder, ou seja, a ação do líder determina a reação de um povo.
Um líder fraco enfraquece a forte gente; um líder forte fortalece a fraca
gente, e esta é uma realidade bíblica. Se Neemias tivesse demonstrado fraqueza
naquele momento de escárnio e zombaria, o povo tinha recuado e a liderança de
Neemias estaria arruinada.
Entre
os pastores da Palestina contava-se uma história interessante e auto didática:
Certo pastor de ovelhas, no seu pastoreio diário, cumpria
uma rotina de caminhada e, nesta caminhada, no início da tarde, chegava com
suas ovelhas ao pasto que considerava ele ser o melhor, um extenso gramado a
beira de um raso e calmo rio.
Certo dia, ao analisar minuciosamente o comportamento do
rebanho, percebeu que, mesmo parecendo, ele não estava fazendo o melhor por
suas ovelhas. Erguendo então os olhos, vislumbrou além do rio um pasto muito
melhor e decidiu fazer as ovelhas atravessarem o rio a fim de alcançarem melhor
pasto. Enfileirou-as e as instigava a atravessarem. Entretanto, a fila não
andava, pois não havia ovelha que ousasse entrar nas correntes mansas e rasas
do rio.
Então o pastor pensou e decidiu: “Vou colocar a mais
robusta e saudável no início da fila. Assim, ao fazê-la atravessar, todas as
outras a seguirão. Não adiantou, o rebanho não andou. Insistindo nisto várias
vezes, sem êxito, se irritou e disse consigo mesmo: eu vou atravessar, e quem
quiser o melhor me seguirá!”. As ovelhas o observaram atentamente.
O pastor empunhou o cajado com firmeza, olhou fixamente a
outra margem e entrou nas rasas e mansas águas do rio e para sua surpresa,
nenhuma das ovelhas deixou de atravessar. Até aquelas que ele julgava serem as
mais fracas seguiram-no; e todas atravessaram e alcançaram o melhor pasto. Moral
da história: se o líder quer que o povo faça, basta-lhe apenas dar o exemplo,
agindo corretamente, pois a ação do líder determina a reação do povo.
Quando
lemos o livro de Josué e sua trajetória de virtuosa liderança nos capítulos 3 e
4, na travessia do rio Jordão, nós compreendemos que as ações de Josué foram
determinantes. Ele levantou de madrugada, foi com os sacerdotes o primeiro a
pisar nas águas transbordantes do Jordão. Parou no meio do rio e, enquanto o
povo a pés enxutos atravessava, Josué ordenou que dali de perto das plantas dos
pés dos sacerdotes se tirassem doze pedras para com elas erigir um monumento
para memorial (ver Js.4:3).
Em
toda a história de Josué você não o encontra se lamentando, se lastimando,
desanimado, cabisbaixo ou coisa parecida. Desde Êxodo 17, nós o vemos lutando,
e no final de sua carreira, o encontramos dizendo: “Eu e minha casa serviremos
ao Senhor!” (cf. Js.24:15).
3. O inimigo tenta atacar a comunhão do povo e o culto a Deus
“...Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão?” (Ne.4:2).
Esta
é uma tática corriqueira de Satanás. Quando ele vê que o povo de Deus está em
comunhão, em consagração a Deus, fará de tudo para desfazer isso; por isso, o
povo de Deus precisa estar sob alerta e discernente com relação aos ardis de
Satanás.
4. O inimigo tenta desunir o povo de Deus
Percebendo
Sambalate, o líder dos opositores, que o povo de Deus estava unido, indagou:
”acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as
pedras que foram queimadas?” (Ne.4:2).
A
desunião e a divisão entre o povo de Deus são armas muito utilizadas por Satanás,
talvez as mais usadas contra a Igreja do Senhor. Atualmente, o adversário de
nossas almas tem conseguido causar grande prejuízo à obra de Deus porque tem
criado, no meio do povo de Deus, o espírito de divisão, o ânimo da competição,
gerando brigas, disputas e lutas entre quem deveria ser irmão. Este espírito
faccioso tem origem diabólica (Tg.3:15,16), gerando tão somente perversão e
animosidade. Fujamos, pois, de tal comportamento; busquemos estar debaixo da
mão potente de Deus, em comunhão com Ele e com o Príncipe da Paz; enquanto
depender de nós, devemos ter paz com todos os homens (Rm.2:13), o que significa
termos, sempre, paz com os irmãos (1Ts.5:13).
5. O inimigo zomba do povo de Deus, ridicularizando o valor e a
consistência do seu trabalho
“... Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará
facilmente o seu muro de pedra”(4:3).
O
mundo continuamente despreza os padrões morais do cristão e zomba da sua
dedicação a Cristo. O desprezo e a zombaria atacam nossas emoções e podem
provocar reações das mais diversas - como ira, ódio, agressão, etc. Porém, não
podemos nos deixar levar por estes sentimentos, pois o desequilíbrio da Igreja é
o que Satanás mais quer. Nossa confiança e nossa resposta devem ser as mesmas
de Neemias: “o Deus dos céus nos ajudará e por fim vindicará os justos” (Ne.2:20).
Apesar
de todos esses ardis dos inimigos do povo de Deus, Neemias não vacilou; em vez
de trocar insultos, se revestiu da maior arma: a oração (Ne.4:4,5). A oração é
a coisa mais prática que podemos fazer nos momentos que os inimigos escarnecem
de nós, zombam de nós, criticam-nos. Todavia, ela não é um substituto da ação.
Neemias
faz uma oração imprecatória por duas razões: Primeiro, porque os inimigos
estavam provocando a própria ira de Deus. Segundo, porque os inimigos estavam
desprezando o próprio povo de Deus. A oração nos capacita a dar vazão ao que
sentimos e nos capacita a olhar o problema da perspectiva de Deus. Quando
oramos, nossa ira e nossos ressentimentos se dissipam. Revestido desta arma,
Neemias recobrou o ânimo para trabalhar (Ne.4:6) - “Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade;
porque o coração do povo se inclinava a trabalhar”.
Esse
procedimento de Neemias nos traz duas belas lições:
·
Primeiro,
quando formos escarnecidos por causa de nossa fé ou criticados por fazermos o
que sabemos ser correto, recusemo-nos a responder da mesma maneira ou a
tornarmo-nos desencorajados; digamos a Deus como nos sentimos e lembremo-nos de
que a promessa dEle está conosco; isto nos dará encorajamento e força para
continuarmos.
·
Segundo,
não fomos chamados para contar os inimigos nem temê-los; fomos chamados para
fazer a obra de Deus apesar da oposição. Concentremo-nos, pois, em Deus e na
sua obra, e não teremos tempo para sermos distraídos pelas críticas do inimigo.
6. O Inimigo usa como arma as ameaças
“Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, os arábios, os amonitas
e os asdoditas que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se
começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobremodo irados. Ajuntaram-se todos
de comum acordo para virem atacar Jerusalém e suscitar confusão ali (Ne.4:7,8).
Os
inimigos dos judeus ameaçaram guerrear contra eles, a fim de espalharem medo e
pânico entre o povo de Deus. Porém, Neemias disse: “Oramos ao nosso Deus e
pusemos guarda contra eles!” (Ne.4:9). Os judeus não atacaram os samaritanos,
mas defenderam a sua área de trabalho (Ne.4:13-20).
Ao
perceberem que as sutilezas utilizadas não surtiram quaisquer efeitos sobre
Neemias e seus comandados, os inimigos ficaram tremendamente irados -
"...iraram-se sobremodo..." (Ne.4:7). Então, formaram uma grande
coligação e ensaiaram uma guerra contra o povo de Deus – "...coligaram-se
todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali"
(Ne.4:8).
A
confusão é tão perigosa quanto a violência do inimigo. A confusão visava a
distrair o povo e tirar os seus olhos do foco. Eles queriam não apenas causar
confusão, mas matar os judeus (Ne.4:11), obtendo, assim, o seu verdadeiro
objetivo: paralisar a obra (Ne.4:11).
Esta
é uma tática diabólica que assusta, mete medo! Muitos desistem dos planos de
restauração, quando a resistência atinge este nível ameaçador. Porém, olhando
para o texto bíblico, podemos perceber como Neemias orientou seu povo a não se
intimidar com as ameaças, mas preparou-se para um possível ataque. Ele usou
duas armas infalíveis contra Satanás: a oração e a vigilância – “Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos
uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles” (Ne.4:9).
7. Os inimigos se orquestraram para paralisar a Obra de Deus
(Ne.4:10-12)
10.Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos
carregadores, e os escombros são muitos; de maneira que não podemos edificar o
muro.
11.Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão
disto, nem verão, até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos
cessar a obra.
12. Quando os judeus que habitavam na vizinhança deles,
dez vezes, nos disseram: De todos os lugares onde moram, subirão contra nós,
Os
nossos inimigos estão sempre procurando uma brecha para nos atingir e assim
paralisar a obra de Deus. Eles usaram três expedientes para impedir o avanço da
obra de Deus:
a) Em primeiro lugar, os inimigos tentaram paralisar a obra provocando
desânimo interno (Ne.4:10). Os problemas internos são mais perigosos do
que os problemas externos. Os carregadores estavam sem forças, os escombros eram
muitos e a conclusão óbvia era: "não podemos edificar o muro". Eles
sentiram que não tinham capacidade para concluir a obra. Muitas vezes, o nosso
maior problema somos nós mesmos. O maior obstáculo da obra são os obreiros,
dizia Dwight Moody. Um povo desanimado sempre olha para as circunstâncias em
vez de olhar para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo do que a voz de Deus.
b) Os inimigos
tentaram paralisar a obra espalhando boatos... (Ne.4:12). Aqueles
que moravam fora de Jerusalém, próximos desses inimigos, traziam comentários assustadores
e os espalhavam no meio do povo. Eles diziam:
"De todos os lugares onde moram, subirão
contra nós. Estamos completamente cercados, não temos a mínima chance".
O boato visa destruir o espírito de coragem e cooperação. Boatos
são setas do inimigo. Onde prospera a boataria, os obreiros de Deus ficam
alarmados e a obra de Deus é paralisada. Os boatos sempre superdimensionam os
problemas. Parecia uma invasão avassaladora, irresistível. O povo estava
guardando os muros, mas não estava guardando seus ouvidos do que os inimigos
diziam. Neemias enfrentou esse problema do desânimo de três formas diferentes:
· Advertiu o
povo: "Não os temais".
· Animou o
povo: "Lembrai-vos do Senhor".
· Motivou o
povo: "Pelejai pelas vossas famílias”.
“E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e
aos magistrados, e ao resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor,
grande e terrível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas
mulheres e vossas casas” (Ne.4:14).
c) Os inimigos
tentaram paralisar a obra destruindo o povo de Deus (Ne.4:11). A Bíblia
diz que a nossa luta não é contra carne e sangue. O nosso inimigo é ladrão e
assassino. Ele veio roubar, matar e destruir. Ele tem arruinado muitas vidas,
destruído muitos lares, debilitado muitas igrejas, paralisado em muitos lugares
a obra de Deus. O povo de Deus precisa ter sabedoria e discernimento nestes momentos
de perseguição do inimigo, e tomar posse das armas adequadas de ataque e defesa
contra as potestades do mal. É o que Paulo recomenda em Efésios 6:11-18).
III. QUAIS SÃO AS ARMAS DE COMBATE ÀS AMEAÇAS E SUTILEZA DO INIMIGO?
Neemias
nos ensina cinco princípios (Adaptado do
Livro Neemias, de Hernandes Dais Lopes):
1. Cada um deve defender sua própria família (Ne.4:13,14b)
13.então, pus o povo, por famílias, nos
lugares baixos e abertos, por detrás do muro, com as suas espadas, e as suas
lanças, e os seus arcos;
14.inspecionei, dispus-me e disse aos nobres,
aos magistrados e ao resto do povo: não os temais; lembrai-vos do Senhor,
grande e temível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas,
vossa mulher e vossa casa.
Um líder
precisa saber como repreender, encorajar e motivar os outros. Não podemos ter
uma Igreja forte se não protegermos nossa própria família das investidas do
inimigo. Neemias era sábio o suficiente para saber que cada um devia defender
prioritariamente sua própria família. Neemias exorta: "[...] pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas,
vossa mulher e vossa casa".
2. Precisamos empunhar as armas de defesa e combate (Ne.4:13)
Não
podemos enfrentar os inimigos sem usarmos nossas armas de defesa e combate.
Cada obreiro é um soldado. Estamos em guerra. Nessa batalha espiritual
enfrentamos inimigos invisíveis e tenebrosos. Nessa batalha não há trégua nem
pausa. Nossos adversários não descansam, não tiram férias nem dormem. Eles
vivem nos espreitando e buscando uma oportunidade para nos atacar. Precisamos
vigiar e empunhar as armas.
As principais armas que Neemias utilizou para enfrentar a pressão
e o ataque dos inimigos foram: a Oração e a vigilância:
“Porém
nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite,
por causa deles”(Ne.4:9).
O apóstolo Paulo, também, exorta a Igreja a tomar posse destas
armas: “orando em todo tempo com toda
oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica
por todos os santos” (Ef.6:18).
a) A oração – “Porém nós oramos ao nosso Deus...”. Neemias era um homem
prático, um administrador por excelência. Ele tinha a capacidade de fazer as
perguntas certas, de contatar as pessoas certas, de mobilizar essas pessoas,
levantar seu ânimo e desafiá-las para uma grande obra. Mas, Neemias sabia que o
sucesso da obra de Deus dependia também e, sobretudo, de oração. Esse grande
líder sabia que fé (oração) e obra (puseram guarda) andam juntas. A oração
não é um substituto da ação. Não podemos enfrentar os inimigos sem o socorro de
Deus, sem a ajuda do céu.
b) Vigilânca – “...pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa
deles”. Neemias era um sujeito prático. Ele não era uma dessas pessoas de
quem algumas vezes dizemos que são tão religiosas que não têm qualquer
utilidade terrena. Ele mantinha os seus pés no chão. Ele sabia como organizar e
atuar. Mas ele decidiu que, enquanto orava e trabalhava, deveria haver uma
sentinela que vigiasse dia e noite, e que cada seção do muro deveria ser
guardada pela vigília de um homem atento ao inesperado ataque do inimigo.
Portanto, não basta orar, é preciso vigiar. É preciso manter os olhos abertos.
É preciso existir estreita conexão entre o céu e a terra, confiança e boa
organização, fé e obras. É preciso estar atento aos ardis, laços e ciladas do
inimigo. Muitos caem porque deixam de vigiar.
3. Precisamos ter uma liderança firme e exemplar (Ne.4:14)
Neemias não
abandonou o povo na hora da pressão. Ele inspecionou a obra. Ele tomou a
frente. Ele desafiou os líderes. Ele deu exemplo.
A liderança ocupa uma posição de absoluta importância na hora do
combate. Uma liderança fraca, medrosa, vacilante e sem vida não transmite
segurança para o povo na hora da crise. Só líderes fortes e incorruptos podem
conduzir o povo a grandes vitórias.
4. Precisamos colocar os olhos em Deus e não no inimigo (Ne.4:14)
O ponto básico do desafio de Neemias é: "Lembrai-vos do
Senhor". Observe o que Deus já fez. Olhe para a sua fidelidade no passado.
Veja os livramentos que Ele já deu ao Seu povo. Não será diferente agora.
Temos de ter muito cuidado com a festa da vitória. Nunca somos tão
vulneráveis quanto depois de uma grande vitória. A tendência depois de uma
consagradora vitória é ensarilhar as armas. Elias, depois de retumbante vitória
no Monte Carmelo sobre os profetas de Baal, tirou os olhos de Deus e fugiu
amedrontado diante das ameaças insolentes de Jezabel. O segredo da vitória contínua
é mantermos continuamente nossos olhos em Deus em vez de colocá-los nas
circunstâncias ou nas pessoas.
5. Precisamos redirecionar o foco do nosso temor (Ne.4:14)
“...lembrai-vos do Senhor, grande e temível”.
Em vez de temer o inimigo, devemos nos voltar para o nosso Senhor,
grande e temível. Quem teme a Deus, não teme aos homens. Quando colocamos os
nossos olhos em Deus, Ele frustra os desígnios do nosso inimigo. Muitos líderes
naufragam porque em vez de temer a Deus, temem os homens; em vez de agradar a
Deus, tentam agradar os homens; em vez de servir a Deus, tentam bajular os
homens.
CONCLUSÃO
Em cada época existem aqueles que odeiam o povo de Deus e tentam
impedir a realização dos seus propósitos. Mas, Deus é mais forte do que todos
os seus adversários. Se confiarmos nele, teremos bom êxito no trabalho. Neemias
sabia que o Senhor o havia enviado para Jerusalém, e que pelejava por eles.
Esta certeza, acompanhada do compromisso com a oração foram importantes para
que o servo do Senhor alcançasse êxito na sua missão.
“Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo
vos odeia”(1João 3:13).
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que
restaurou uma nação.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
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