3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Neemias 1:1-4; 2:1-9
“Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou
destruição, nos teus termos; mas aos teus muros chamarás salvação, e às tuas
portas, louvor” (Is.60:18).
Neemias 1:
1.As
palavras de Neemias, filho de Hacalias. E sucedeu no mês de quisleu, no ano
vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza,
2.que
veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos
judeus que escaparam e que restaram do cativeiro e acerca de Jerusalém.
3.E
disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na
província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e
as suas portas, queimadas a fogo.
4.E
sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por
alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.
Neemias 2:
1.Sucedeu,
pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho
diante dele, e eu tomei o vinho e o dei ao rei; porém nunca, antes, estivera
triste diante dele.
2.E
o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é
isso senão tristeza de coração. Então, temi muito em grande maneira
3.e
disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto,
estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido
consumidas as suas portas a fogo?
4.E
o rei me disse: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus
5.E
disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença,
peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu
a edifique.
6.Então,
o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua
viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um
certo tempo.
7.Disse
mais ao rei: Se ao rei parece bem, deem-se-me cartas para os governadores dalém
do rio, para que me deem passagem até que chegue a Judá;
8.como
também uma carta para Asafe, guarda do jardim do rei, para que me dê madeira
para cobrir as portas do paço da casa, e para o muro da cidade, e para a casa
em que eu houver de entrar. E o rei, mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre
mim. Deus sobre mim.
9.Então
vim aos governadores dalém do rio, e dei-lhes as cartas do rei. E o rei tinha
enviado comigo chefes do exército e cavaleiros.
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula estudaremos a respeito da reconstrução dos muros de Jerusalém. Veremos que
Neemias foi escolhido pelo Senhor como líder para esta grandiosa obra.
Contemporâneo de Esdras, Neemias tinha sua ocupação como copeiro do rei
Artaxerxes. Ele aprendeu por si próprio a lei da empatia, a lei da
oportunidade, do comprometimento, das prioridades, da prontidão e a lei da vitória.
Outrora, Zorobabel havia guiado o povo a reconstruir o Templo; Esdras liderou o
restabelecimento do culto e dos cerimoniais; agora, havia a necessidade de um
líder que conduzisse o povo na restauração dos muros de Jerusalém. Setenta anos
antes, Zorobabel havia planejado a reconstrução do Templo de Deus. Treze anos
haviam se passado desde o retorno de Esdras a Jerusalém, que havia ajudado o
povo em suas necessidades espirituais. Agora, Neemias era o líder necessário.
Ele soube que os muros de Jerusalém estavam em ruínas, uma desgraça para os
judeus. As nações vizinhas os ridicularizavam. Essas notícias horríveis
incomodaram muito a Neemias, e ele percebeu que algo deveria ser feito.
Definitivamente, ele decidiu tomar conta de um projeto de reconstrução das
muralhas de Jerusalém, que, por anos, ficaram deitadas ao chão. Neemias
posicionou operários em locais estratégicos, e todos trabalharam com sucesso
até que concluíssem sua tarefa. Posto em prática o seu projeto, aquelas
muralhas estariam novamente reerguidas em 52 dias, a despeito de diversos
obstáculos. Os judeus viram nas muralhas reerguidas um símbolo de que Deus não
os havia abandonado e que estava pronto para restaurar também a vida deles.
Neemias é o tipo de líder que decide e resolve; ele foi capaz de enfrentar as
maiores pressões internas e externas sem se intimidar, e também de chorar
diante do sofrimento dos seus irmãos. Sua vida é um exemplo, sua liderança é um
estandarte, seu trabalho é um monumento.
I. DEUS RESPONDE ÀS ORAÇÕES DE NEEMIAS
Neemias
começou seu ministério orando. Sua oração é uma das mais significativas
registradas na Bíblia. Vemos nela os elementos da adoração, petição, confissão
e intercessão. Como consolador, Neemias viveu perto das pessoas; como
intercessor, perto de Deus. Ele foi um líder sintonizado com o céu e com a
terra. Ele olhava a vida da perspectiva do tempo e da eternidade. Ele tinha a
cabeça cheia de luz e o coração pleno de devoção. Neemias foi um grande líder
diante dos homens e um humilde adorador diante de Deus.
1. Deus envia emissário a Neemias
Deus
escolheu o líder certo para realizar a Sua obra. A vida de Neemias nunca mais
foi a mesma depois que seu irmão chegou à presença dele, em Susã, e lhe contou
tudo o que estava ocorrendo em Jerusalém (Ne.1:2,3):
“veio
Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então, lhes perguntei pelos
judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de
Jerusalém.
Disseram-me:
Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província,
estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e
as suas portas, queimadas.
Quando
Neemias soube da necessidade do seu povo, sentiu-se chamado para atender àquela
necessidade:
“Tendo
eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e
estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne.1:4).
Veja
que a iniciativa de saber os problemas do povo e da cidade foi de Neemias; ele
perguntou pelo povo que não foi deportado para o cativeiro. Quando tomamos
conhecimento de um problema, nos tronamos responsáveis diante de Deus pela
solução desse problema. Se você não está interessado em ajudar, não faça
perguntas. Perguntar a alguém como vai, sem ter tempo, disposição e esforço
para ajudar é uma consumada hipocrisia. Os líderes encontram seus propósitos
nas necessidades que os cercam. O fardo precede a visão e a visão leva à ação,
afirma Hernandes Dias Lopes.
2. Neemias, angustiado, jejua e ora
“... assentei-me e
chorei”(Ne 1:4).
Ao
tomar conhecimento da situação lastimável do seu povo (que estava em grande
miséria e desprezo), em Jerusalém, e das condições do muro (fendido) e das
portas da cidade (queimadas a fogo), Neemias derrama a sua alma em fervente
oração (ler Ne.1:4-11). Essa oração foi regada com abundantes lágrimas, não
somente com lágrimas, mas, também, com jejum, lamento, adoração e confissão. Em
tempo de crise, não há modelo melhor a seguir pelo um líder responsável do que
este.
a) Neemias aproximou-se
de Deus com um profundo senso de reverência. Neemias começa a sua
intercessão adorando a Deus - "Ah!
Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível..." (Ne.1:5). Neemias
entendeu que Deus é o governador do mundo. Ele focaliza sua atenção na grandeza
de Deus, antes de pensar na enormidade do seu problema. Um intercessor
aproxima-se de Deus sabendo que Ele é soberano, onipotente, diante de quem
precisamos nos curvar cheios de temor e reverência.
b) Neemias intercedeu por seu povo -
"Estejam, pois, atentos os teus
ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que
hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus
servos..." (Ne.1:6). Um intercessor é alguém que se coloca na brecha a
favor de alguém. Ele sente a dor dos outros em sua própria pele. Um egoísta
jamais será um intercessor. Só aqueles que têm compaixão podem sentir na pele a
dor dos outros e levá-la ao trono da graça. Neemias chorou, lamentou, orou e
jejuou durante quatro meses pela causa do seu povo. Muitas vezes, começamos a
interceder por uma causa e logo a abandonamos. Neemias, porém, orou 120 dias
com choro, com jejum, dia e noite. Ele insistiu com Deus. Sua oração foi
persistente e fervorosa.
c) Neemias fez confissão de pecados(Ne.1:6b).
Neemias orou: "[...] e faço confissão pelos pecados dos filhos de
Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos
pecado". Neemias não ficou culpando o povo, mas identificou-se com
ele. Um intercessor não é um acusador, jamais aponta o dedo para os outros,
antes, levanta as mãos para o céu em fervente oração.
Neemias foi específico em sua confissão:
"Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado
os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu
servo" (Ne.1:7). Um intercessor faz confissões específicas.
Muitas confissões são genéricas e inespecíficas, por isso sem convicção de
pecado e sem quebrantamento. Para que a oração tenha efeito, precisa ser
acompanhada de confissão. Quem confessa seus pecados e os deixa alcança
misericórdia (Pv.28:13).
Neemias
sempre foi um homem muito ocupado, mas não tão ocupado a ponto de não ter tempo
para Deus. Você encontrará dez de suas orações no livro de Neemias (1:4s; 2:4;
4:4; 5:19; 6:9,14; 13:14,22,29,31). Sua confiança estava no Todo-poderoso que
ouve e atende as nossas orações.
Um
dos truques do diabo é manter-nos tão ocupados que não encontramos tempo para
orar. Se Neemias não fosse um homem de oração, o futuro de Jerusalém teria sido
outro. A força da oração é maior do que qualquer combinação de esforços na
terra. A oração move o céu, aciona o braço onipotente de Deus, desencadeia
grandes intervenções de Deus. Quando o homem trabalha, o homem trabalha, mas
quando o homem ora, Deus trabalha.
3. Deus responde às orações de Neemias
Neemias
iniciou seu período de oração no mês de quisleu (dezembro), e
Deus respondeu no mês de nisā (março) (Ne.2:1). Portanto,
Neemias se humilha diante de Deus durante quatro meses. Ele acreditava no poder
da oração. Durante quatro meses, ele orou e Deus moveu o coração do rei. Ele
orou e Deus abriu as portas. Os homens práticos são aqueles que oram e agem.
Oração sem ação é fanatismo. Ação sem oração é presunção.
Neemias orou, jejuou, lamentou e
chorou por 120 dias. Ele colocou essa causa diante de Deus, mas também colocou
a mesma causa diante do rei. Neemias ora e toma medidas práticas: vai ao rei,
informa-o sobre a condição do seu povo, faz pedido, pede cartas, verifica o
problema, mobiliza o povo e triunfa sobre dificuldades e oposição.
Neemias
compreendeu que o maior rei da terra estava debaixo da autoridade e do poder do
Rei dos reis. Neemias compreendeu que o mais poderoso monarca da terra era
apenas um homem. Ele sabia que só Deus podia dobrar o coração do rei para
atender ao seu pedido. Neemias compreendeu que a melhor maneira de influenciar
os poderosos da terra era ter a ajuda do Deus Todo-Poderoso. Ele foi ao rei
confiado no Rei dos reis. Ele conjugou oração e ação. Pela oração de Neemias um
obstáculo aparentemente intransponível foi reduzido a proporções domináveis. O coração do rei se abriu, os muros foram
levantados e a cidade reconstruída. A oração abre os olhos para coisas antes
não vistas. Nossas orações diárias diminuem nossas preocupações diárias.
Neemias
tributou a Deus o sucesso de sua causa (Ne.2:8b). Ele poderia ter se vangloriado
ao ser atendido prontamente pelo rei, até mesmo além do seu pedido (Ne.2:9).
Mas ele afirmou que o seu sucesso ocorreu porque a boa mão do seu Deus estava
com ele. A boa mão de Deus tem estado conosco sempre para nos dar proteção,
direção e provisão. É de Deus que vem a nossa vitória. Devemos tributá-la a Ele
e dar glória ao Seu nome.
II. NEEMIAS CHEGA A JERUSALÉM (Ne 2:7-11).
7.Disse
mais ao rei: Se ao rei parece bem, deem-se-me cartas para os governadores dalém
do rio, para que me deem passagem até que chegue a Judá;
8.como
também uma carta para Asafe, guarda do jardim do rei, para que me dê madeira
para cobrir as portas do paço da casa, e para o muro da cidade, e para a casa
em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre
mim.
9.Então,
vim aos governadores dalém do rio e dei-lhes as cartas do rei; e o rei tinha
enviado comigo chefes do exército e cavaleiros.
10.O
que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, lhes desagradou
com grande desagrado que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.
11.E
cheguei a Jerusalém e estive ali três dias.
1. Neemias faz levantamento da real situação dos
muros
Neemias
chegou discretamente a Jerusalém e passou vários dias observando e avaliando
cuidadosamente o estado dos muros. Ele manteve em segredo a sua missão e
inspecionou os muros sob a luz do luar para evitar comentários sobre a sua
chegada e para evitar que os inimigos conhecessem os seus planos. Um anúncio
prematuro poderia ter causado rivalidade entre os judeus sobre o melhor modo de
começar o trabalho. Neste caso, Neemias não precisou de tediosas reuniões de
planejamento; ele precisava de um plano que produzisse resultados imediatos.
Sem dúvida, ele estava esperando em Deus, ao invés de precipitar-se, confiando
na sua própria capacidade. A discrição é uma das marcas de um líder
bem-sucedido. O silêncio, muitas vezes, é mais eloquente do que as palavras.
Existem momentos que devemos esperar para relatar os nossos planos porque nem
todos os liderados estão preparados para ouvi-los. Está escrito: “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato
espraia a sua loucura”(Pv.13:16). Portanto, um líder prudente e sábio analisa
os problemas discretamente antes de encorajar seus liderados publicamente. Quando
o líder sabe o que precisa ser feito, e aonde quer chegar e como chegar, seus
liderados são encorajados a realizar a obra.
2. Neemias declara sua intenção de reedificar os
muros
Foi
convocada uma assembleia dos líderes dos judeus e o assunto lhes foi exposto
claramente (Ne.2:17).
“Bem
vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas
portas têm sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e
não estejamos mais em opróbrio”(Ne.2:17).
Então
ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o
Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhe a
autoridade como governador (Ne.5:14), mas também ao tornar disponíveis a ele os
materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu
resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus
responderam imediatamente: “Levantemo-nos
e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem”(Ne.2:18).
III. NEEMIAS INICIA O LEVANTAMENTO DOS MUROS
Neste
tópico teremos como texto base o capítulo 3 de Neemias, que fala da estratégia
usada na construção do muro de Jerusalém.
Neemias, após a resposta das suas exaustivas orações, mobilizou o povo
para o trabalho e tornou-se o pai do chamado mutirão. John Maxwell diz que o
trabalho em equipe faz o sonho se realizar. A vitória vem de Deus, mas
nós precisamos empenhar as ferramentas de trabalho e as armas de combate. É
preciso se dispor e reedificar. Nessa empreitada, foram usadas pessoas de
diferentes perfis, de profissões diferentes, de graus culturais diferentes para
construir o muro. Todos deviam estar juntos trabalhando. Todos precisavam um
dos outros, e eles sabiam disso.
Algumas
características podemos apontar nesta obra realizada pelo povo de Deus, sob a
liderança de Neemias, e que serve de lições para nossa vida:
1. Neemias identifica os problemas e age para
solucioná-los
Depois
de identificar os problemas, Neemias fez menção de seus planos, e ousou
implementar uma solução radical, sabendo ele que Deus estava nesse negócio
(Ne.2:18). Neemias mexeu com o brio do povo. Ele moveu o povo ao sentimento de
patriotismo. Ele abriu seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias
mostrou que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio.
Mas
Neemias também chamou o povo para trabalhar. Jamais a reforma teria sido feita
se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta
culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer. John Maxwell diz que
os líderes não apenas sabem aonde estão indo; eles também levam pessoas com
eles.
Neemias
mostrou o exemplo pessoal. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e
construamos” (Ne.2:17). O líder precisa estar na frente. Neemias não tinha
interesses pessoais. Ele deixou seu posto de alto gabarito, como copeiro do rei
da Pérsia, sacrificou-se. Só gente abnegada pode liderar um povo a se levantar
e agir. De igual modo, Neemias também mostrou a força da unidade. A união nos
protege contra o desencorajamento. A união nos ajuda a enfrentar uma oposição
hostil e combinada.
-“...Então, disseram: Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram as suas
mãos para o bem” (Ne.2:18). A resposta do povo foi pronta, prática e
unânime. John Maxwell destaca sete princípios usados por Neemias para lidar com
o povo: simplificação, participação, delegação, motivação, preparação,
cooperação e comemoração. E acrescenta: "Nenhuma grande tarefa é realizada
sem que haja pessoas para concretizá-la e um líder para conduzi-la".
2. Ele colocou as pessoas certas no lugar certo
(Ne.3:2-15)
Esse
princípio é percebido pelas expressões "junto a ele" e "ao seu
lado" (Ne.3:2,4,5,7-10,12). O líder tem a visão do farol alto. Ele vê
sobre os ombros dos gigantes. Ele tem uma visão global e compreende como ajudar
os outros a encontrar sua utilidade nesse contexto. O segredo do sucesso é
nomear as pessoas certas para os lugares certos. Neemias sabia onde cada pessoa
devia estar, onde devia trabalhar e o que devia fazer. Ele designou os homens
de Tecoa, Gibeom, Jericó e Mispa para as partes do muro em que não havia
residentes por perto. Alguns tinham a responsabilidade de reconstruir os muros
desde o alicerce, enquanto outros tiveram apenas de fazer reparos. Cada um
sabia o que se esperava de sua tarefa. Em todo trabalho, houve coordenação. O
trabalho em equipe é um dos segredos do sucesso.
3. Neemias trabalhou em harmonia com os demais
As
expressões "junto a ele", "ao seu lado", "junto
dele", "depois dele" mostram que todos trabalhavam em harmonia.
Não havia disputas, ciúmes, brigas ou melindres. Cada um deve estar contente
com a sua tarefa. Todos devem trabalhar para o mesmo propósito: a reconstrução
da cidade. Não existe ninguém buscando glória pessoal. Os membros da equipe
completam-se uns aos outros - jamais competem uns com os outros. Tudo na vida
gira em torno de relacionamentos. Alguém disse que a chave para a liderança é
executar as tarefas enquanto se constroem relacionamentos.
4. Neemias viu o potencial de cada pessoa e a
encorajou a acreditar em si mesma
Neemias
motivou as pessoas e abraçou o projeto que assumiu diante de Deus e do povo.
Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações foram motivados e
mobilizados a trabalharem juntos no muro. Isso incluía sacerdotes, levitas,
chefes e pessoas comuns, porteiros e guardas, fazendeiros, ourives,
farmacêuticos, mercadores, empregados do templo e mulheres. O líder é aquele
que vê o potencial de cada pessoa e a encoraja a acreditar em si mesma. O líder
que delega poder leva as pessoas a níveis mais alto, disse John Maxwell.
5. Neemias deu o exemplo
Neemias
participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse "vá e construa”, mas
"vinde e construamos!" (Ne.2:17); não só liderava, também fazia parte
da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou
de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem
meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos
as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água”(Ne.4:23). Disse o pr.
Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o
que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudo líder esbraveja: ‘aqui,
quem manda sou eu!’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”.
IV. O LEVANTAMENTO DOS MUROS PROVOCOU GRANDE
OPOSIÇÃO
Neemias,
além de trabalhar arduamente na construção dos muros e portas, ele teve que
enfrentar inimigos externos e internos. Homens que se infiltraram no meio dos
trabalhadores, cujo único objetivo era atrapalhar e impedir a reforma da
cidade. Porém, Neemias não se deixou intimidar pelos adversários; ele confiou
inteiramente em Deus e a obra foi realizada. Deus providenciou tudo que era
necessário para a sua realização, desde a autorização do rei para o envio de
Neemias, até os recursos para custear a construção. O povo precisou apenas de
52 dias para reconstruir o muro da cidade que estava arruinado há 120 anos. O
segredo desse sucesso foi a visão e ação do líder Neemias.
Todas
as vezes que desejamos empreender algo em favor do povo de Deus, os adversários
se levantam, mas quando confiamos no Todo-Poderoso inteiramente, recebemos
forças e coragem para lutar. O exemplo de Neemias é de um tempo muito
longínquo, de milênios atrás, mas seu exemplo é de grande valor para a Igreja
do Senhor Jesus Cristo. Estamos percebendo uma escassez de nomes de peso na
liderança na obra do Senhor. Ela nos conclama a espelhar-nos na vida, exemplo e
testemunho de líderes como Neemias.
Neemias
enfrentou oposição externa e interno, ou seja, oposição de pessoas de fora do
povo judeu e de dentro. Mas o líder que confia em Deus e sabe para onde está
indo, pode enfrentar os obstáculos de frente e obter pleno êxito.
1. Oposição externa (Ne.4:7,8)
“E
sucedeu que, ouvindo Sambalate, e Tobias, e os arábios, e os amonitas, e os
asdoditas que tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as
roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo. E ligaram-se entre si todos,
para virem atacar Jerusalém e para os desviarem do seu intento”.
É
impossível realizar a Obra de Deus sem oposição. Satanás não dá trégua! Durante
toda a Obra de Deus ele vai fazer oposição; destruir faz parte da essência do
seu caráter (ler João 10:10). Isto nos remete à realidade de que a vida cristã
é uma guerra contínua; é uma batalha sem trégua.
Quanto
à oposição externa, Neemias identificou o maior que se colocou diante dele para
realizar a Obra de Deus: Sambalate (governador de Samaria), Tobias (da nobreza
dos amonitas) e Gesém (o árabe). Estes inimigos do povo de Deus, tentaram de
todas as maneiras tirar Neemias do projeto que estava comprometido. Todos
estavam engajados na oposição à obra de Deus. Também, os arábios (sul), os
amonitas e os asdoditas (Ne.4:7) se uniram a estes para se oporem ao povo de
Deus. Houve uma orquestração maligna contra o povo de Deus - "...iraram-se
sobremodo..."(Ne.4:7); "...coligaram-se todos, para virem guerrear
contra Jerusalém e fazer confusão ali" (Ne.4:8).
2. Oposição interna (Ne.3:5)
“E,
ao seu lado, repararam os tecoítas; porém os seus nobres não meteram o seu
pescoço ao serviço de seu senhor”.
Na
obra de Deus, o líder não deve esperar por unanimidade. A elite de Tecoa,
cidade natal do profeta Amós, não quis sustentar o trabalho em Jerusalém e
recusou-se a participar da reconstrução do muro (Ne.3:5). Todavia, Neemias não
permitiu que a rejeição dessas pessoas tirasse seu entusiasmo e otimismo. Ele
trabalhou com quem estava disposto a trabalhar. Bem disse o rev. Hernandes Dias
Lopes: não podemos permitir que a omissão ou a ausência de alguns nos tirem a
alegria da presença de outros, nem podemos permitir que o desestímulo de alguns
desvie os nossos olhos do alvo a que nos propomos realizar. Devemos nos alegrar
mais com aqueles que estão conosco do que nos entristecermos com aqueles que
estão de braços cruzados.
3. Armas utilizadas por Neemias para enfrentar os
opositores da Obra de Deus (Ne.4:9)
Neemias
enfrentou a pressão e o ataque dos inimigos com armas. A primeira arma que
Neemias usou foi a oração (Ne.4:9).
Neemias sabia que o sucesso da obra de Deus depende também e sobretudo de
oração. Não podemos enfrentar os inimigos sem o socorro de Deus, sem a ajuda do
céu. A segunda arma que Neemias usou contra os inimigos foi a vigilância constante (Ne 4:9). Não
basta orar, é preciso vigiar. Precisamos manter os olhos abertos. É preciso
existir estreita conexão entre o céu e a terra, confiança e boa organização, fé
e obras.
4. Desânimo do povo, o pior obstáculo (Ne.4:10)
“Então,
disse Judá: Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito, e nós
não poderemos edificar o muro”.
Certamente,
o maior obstáculo que surgiu no caminho de Neemias foi o desânimo do povo. Os
problemas internos são mais perigosos do que os problemas externos. Os
carregadores estavam sem forças, os escombros eram muitos e a conclusão óbvia
foi: "Não podemos edificar o
muro". Eles sentiram que não tinham capacidade para concluir a obra.
Muitas vezes, o nosso maior problema somos nós mesmos. O maior obstáculo da
obra são os obreiros, dizia Dwight Moody. Um povo desanimado sempre olha para
as circunstâncias em vez de olhar para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo
do que a voz de Deus.
5. O muro foi concluído (Ne.6:15)
A
despeito dos obstáculos a obra de Deus avançou e foi concluída. O muro foi
construído com a participação efetiva de todos - grandes e pequenos, homens e
mulheres, ricos e pobres. Quando o povo de Deus se dispõe a trabalhar, o
impossível de Deus acontece. A conclusão da obra trouxe alegria para o povo de
Deus e abatimento para o inimigo (Ne.6:16).
“Acabou-se,
pois, o muro aos vinte e cinco de elul, em cinquenta e dois dias. E
sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios que
havia em roda de nós e abateram-se muito em seus próprios olhos; porque
reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra”.
O
líder inspirador que ama a Deus e é comprometido com os seus propósitos sabe
que todas as coisas cooperam para o seu bem (Rm.8:28).
Neemias
levantou os muros de Jerusalém no ano de 444 a.C. Eles eram o símbolo de
proteção, união e vida. Eles representavam a unidade de Jerusalém: era uma só
cidade e um só povo.
V. O MURO FOI SOLENEMENTE INAUGURADO (Ne.12:27-45)
27.Na
dedicação dos muros de Jerusalém, procuraram aos levitas de todos os seus
lugares, para fazê-los vir a fim de que fizessem a dedicação com alegria,
louvores, canto, címbalos, alaúdes e harpas.
28.Ajuntaram-se
os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém como das
aldeias dos netofatitas,
29.como
também de Bete-Gilgal e dos campos de Geba e de Azmavete; porque os cantores
tinham edificado para si aldeias nos arredores de Jerusalém.
30.Purificaram-se
os sacerdotes e os levitas, que também purificaram o povo e as portas e o muro.
31.Então,
fiz subir os príncipes de Judá sobre o muro e formei dois grandes coros em
procissão, sendo um à mão direita sobre a muralha para o lado da Porta do
Monturo.
40.Então,
ambos os coros pararam na Casa de Deus, como também eu e a metade dos
magistrados comigo.
1. Santa convocação
Uma
grande festa espiritual aconteceu na inauguração dos muros de Jerusalém. Aquela
inauguração foi celebrada com muita música. Com bem diz o Pr. Hernandes Dias
Lopes, a música é a arte do Céu, a rainha das artes, a linguagem da alma. A
música é universal, transcendental, atemporal e eterna. Davi afirmou que os
céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das Suas mãos.
Os céus celebram uma música que atinge os ouvidos e os olhos.
A
música é uma das forças mais poderosas do mundo; é um instrumento de
comunicação do homem com Deus e de Deus com o homem. O homem fala a Deus
através dos cânticos e Deus fala ao homem por intermédio da música. Por ela,
louvamos a Deus e também proclamamos a mensagem de Deus aos homens.
No
dia da inauguração dos muros de Jerusalém, os levitas (especialmente os
cantores) foram convocados para ir a Jerusalém auxiliar na cerimônia de
inauguração dos muros, ocasião em que os sacerdotes se purificaram e os levitas
também purificaram o povo e as portas e o muro (Ne.12:27-30).
Em
seguida, Neemias pediu aos príncipes de Judá que subissem no muro e os dividiu
em dois grandes coros em procissão. Cada grupo partiu em direções opostas. Os
cantores seguiam à frente, e o povo acompanhava atrás dos líderes. Após
rodearem o muro, encontraram-se novamente no Templo (cf.Ne.12:31-42). Ao
chegarem ao Templo, ofereceram grandes sacrifícios em meio a ruidosa
manifestações de júbilo. Naquele mesmo dia, designaram homens para
supervisionar a coleta das ofertas, das primícias e dos dízimos, a fim de
sustentar os sacerdotes e os levitas, conforme prescrevia a lei. O povo
contribuiu com alegria, porque estava contente em retornar o serviço divino. Os
sacerdotes e os levitas passaram a cumprir suas funções da adoração e
purificação, assim como os cantores e porteiros realizaram suas tarefas
designadas, as quais, pelo menos no que diz respeito aos cantores, não eram
realizadas desde os dias de Davi e de Asafe (cf. Ne.12:43-46).
2. Lições para nossa vida
a) Devemos celebrar louvores a Deus pelas nossas vitórias (Ne.12:27).
Jerusalém viveu mais de cem anos debaixo de escombros. Agora a cidade foi
restaurada, os muros foram reconstruídos e o povo celebrou com grande e intenso
júbilo essa conquista. Precisamos celebrar com grande júbilo as nossas
conquistas. A vida cristã deve parecer mais com uma festa de casamento do que
com um enterro. A música marca as grandes celebrações e vitórias do povo de
Deus. Miriam cantou depois da travessia do mar Vermelho. Davi cantou ao trazer
a Arca da Aliança para Jerusalém. Tiago diz: “Está alguém alegre? Cante
louvores” (Tg.5:13).
b) Devemos celebrar louvores a Deus com união entre os irmãos
(Ne.12:27-29,43). Todos os sacerdotes, levitas e cantores,
deveriam vir, de todos os lugares, para a grande celebração. A liderança unida
trouxe alegria entre todo o povo (Ne.12:43). A união do povo de Deus já é uma
grande causa de alegria e um símbolo de vitória. Naquela festa os líderes e
todo o povo celebraram ao Senhor. Onde há união entre o povo de Deus, ali o
Senhor ordena a Sua bênção e a vida para sempre. Não há adoração vertical sem
comunhão horizontal. Não podemos cultuar a Deus de forma sincera se não amarmos
os irmãos de forma verdadeira. Onde falta comunhão, inexiste adoração, afirma o
Pr. Hernandes Dias Lopes.
c) Devemos celebrar louvores a Deus com grande alegria (Ne.12:27,43).
A alegria é uma das marcas distintivas do povo de Deus. A alegria do Senhor é a
nossa força (Ne.8:10). As celebrações do povo de Deus precisam ser festivas e
cheias de grande júbilo. O evangelho que abraçamos é boa-nova de grande
alegria. O Reino de Deus que está em nós é alegria. O fruto do Espírito Santo é
alegria. A ordem de Deus para a Igreja é: “alegrai-vos” (Fp.4:4). Os anjos
cantaram alegremente quando Deus lançou os fundamentos da Terra (Jó 38:7). Os
anjos cobriram o Céu para celebrar majestosamente o nascimento de Jesus
(Lc.2:14). A descida do Espírito Santo no Pentecostes foi com um som como de
vento impetuoso (At.2:1-4). A segunda vinda de Cristo será acompanhada pelo
soar da trombeta de Deus (1Ts.4:16). Enfim, a música será o próprio clima do
Céu (Ap.5:5-13).
d) Devemos celebrar louvores a Deus com vida pura (Ne.12:30).
Os sacerdotes e os levitas se purificaram e purificaram o povo. Devemos chegar
diante de Deus com vidas limpas e levantar mãos santas. Jamais poderá haver
louvor e adoração se não houver dedicação de vidas ao Senhor. Somos uma nação
de levitas e sacerdotes chamados para a adoração (1Pd.2:9).
CONCLUSÃO
Neemias
foi um homem espetacular nas mãos de Deus. Foi espetacular porque Ele foi
humilde e se submeteu inteiramente a Deus, que o preparou e o posicionou para
realizar uma das tarefas ‘impossíveis’ da Bíblia, humanamente falando. Sob sua
liderança, os muros ao redor de Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde,
a despeito da resistência e da oposição dos inimigos. Até mesmo os inimigos de
Israel admitiram, de má vontade e com temor, que Deus estava com esses
construtores. Não apenas isto, mas Deus trabalhou através de Neemias para
realizar um despertamento espiritual entre o povo judeu.
Talvez
você não tenha as habilidades específicas de Neemias ou até mesmo pense que
está em uma posição onde nada pode fazer para Deus; mas existem duas formas
através das quais você pode ser útil ao Senhor. Primeiro, seja uma pessoa que
fala com Deus.; permita que Ele entre em sua vida e compartilhe-a com Ele -
suas preocupações, seus sentimentos e seus sonhos. Segundo, seja uma pessoa que
ande com Deus.; coloque em prática aquilo que você aprendeu nas Escrituras
Sagradas. Deus pode ter uma missão ‘impossível’ para realizar através de sua
vida. Creia nisso!
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Luciano de Paula
Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que
restaurou uma nação.
C. E. Demaray. Comentário Bíblico Beacon.
CPAD.
Hernandes Dias Lopes. Obadias e Ageu – Uma
mensagem urgente de Deus à Igreja contemporânea.
Isaltino Gomes Coelho Filho. Ageu: Nosso
Contemporâneo.
Princípios para uma boa liderança - Pr. Cleverson de Abreu Faria.
MAXWELL, John C. Maxwell.
21 Minutos de poder na vida de um líder.
Benção esse comentário. Deus o abençoe grandemente.
ResponderExcluirA paz do SENHOR meu irmão
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