Aula 10 – PROVAI SE OS ESPÍRITOS SÃO DE DEUS

 

3º Trimestre/2020

EDIÇÃO ESPECIAL

Texto Base: Neemias 6:10-14; 1Tessalonicenses 5:20,21; 1Coríntios 14:29


 “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1).

Neemias 6:

10.E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. 

11.Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei.

12.E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram.

13.Para isso o subornaram, para me atemorizar, e para que eu assim fizesse e pecasse, para que tivessem alguma causa a fim de me infamarem e assim me vituperarem. 

14.Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me.

1Tessalonicenses 5:

20.Não desprezeis as profecias.

21.Examinai tudo. Retende o bem.

1 Coríntios 14:

29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

INTRODUÇÃO

Nas Aulas anteriores tratamos dos diversos ataques, dos de dentro e dos de fora, para paralisar ou arrefecer a obra de Deus, desde quando o povo voltou do exílio. Mas, a pior perseguição é a camuflada, quando o inimigo se veste de uma capa de piedade, quando ele se parece com um santo. O inimigo nunca é tão perigoso como quando vem disfarçado, com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras. Alguém disse “que quando o diabo parece piedoso é melhor você se acautelar”.

Precisamos muito do auxílio do Espírito Santo para reconhecer a verdadeira voz de Deus em todas as esferas de nossa vida, seja no mundo material ou espiritual. Não podemos ser levados pelas operações de erros, pois no mundo espiritual, isso pode ser um prejuízo fatal com implicações graves na vida material. A exortação do apóstolo João ainda ecoa em nossos dias: “provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1). Que o Senhor Jesus, com o auxílio do Espírito Santo, nos ajude a estar atentos e despertados.

I. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS!

“E, entrando eu em casa de Semaías, filho de Delaías, o filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. Porém eu disse: Um homem, como eu, fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei. E conheci que eis que não era Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram(Ne.6:10-12).

1. Profeta a serviço do inimigo

O pior inimigo é aquele que se esconde atrás da religião, é aquele que se diz nosso irmão, que é profeta (falso profeta, claro), e vem disfarçado com palavras lisonjeiras e com propostas sedutoras, como as do falso profeta Semaias, o qual trabalhava em conjunto com a profetiza Noadias (Ne.6:14). O inimigo de Neemias, agora, está trajado com vestes sacerdotais; ele não está mais do lado de fora, mas dentro dos muros da Cidade de Jerusalém. Os muros foram levantados, mas o inimigo ficou do lado de dentro dos muros; ele não tem mais a cara de um demônio, mas de um santo; ele não parece mais um ímpio blasfemo, mas um sacerdote piedoso. Quando o diabo fica piedoso e esconde seus dentes de leão, é melhor você se precaver. Cuidado com os lobos vestidos com pele de ovelha.

Satanás usou Semaias para:

a) A sedução teológica. O inimigo não desiste, sua arma agora é a sedução teológica, a mais perigosa e sutil das tentações; porque advém de pessoas que estão infiltradas em nosso meio, que se dizem “profetas”, que demonstram conhecer a Bíblia. O diabo conhece a Bíblia, mas ele a torce e a usa para seduzir, para tentar; foi assim com Eva no Éden; foi assim que ele conseguiu interromper a jornada espiritual de muitas pessoas. Ele queria interromper a Obra de Jesus, só que se deu mal, muito mal. 

O primeiro livro dos Reis de Israel registra um episódio em que um profeta foi capaz de rejeitar riquezas e glórias por fidelidade a Deus, mas não conseguiu escapar da sedução teológica. Ele morreu porque acreditou na teologia do profeta velho, que lhe falava em nome de Deus, que parecia que era verdadeiramente um enviado de Deus (1Rs.13:1-32).

Já que o inimigo não conseguiu levar Neemias à mesa do diálogo, quer agora trancá-lo dentro do Templo. Só que o conhecimento bíblico de Neemias o salva. Ele percebeu que Semaías era um falso profeta, porque a sua mensagem não era coerente com as Escrituras Sagradas (Dt.13:1-5). Na verdade, Semaías queria que Neemias cometesse o pecado da profanação. Ele queria corromper Neemias, sugerindo a ele um pecado espiritual: esconder-se no Templo, mesmo não sendo um sacerdote (cf.Nm.18:7). O rei Uzias ficou leproso por desrespeitar o recinto sagrado (2Cr.26:16). Se Neemias tivesse se trancado no Templo, possivelmente teria perdido sua vida, sua honra e sua causa. Se Neemias tivesse atendido a esse falso conselho, teria incorrido no desagrado de Deus e caído na desaprovação do povo; sua liderança estaria arruinada, e estariam todos vendidos ao inimigo.

Esse tipo de traição a Deus e ao seu reino, por falsos teólogos, que se dizem profetas, é uma das piores aflições que os fiéis servos de Deus, às vezes, tem que suportar (ver At.20:28-31; 2Co.11:26). Atualmente, muitos obreiros têm se desviado da sua fidelidade a Deus porque dão ouvidos àqueles que falam em nome de Deus, mas torcem as Escrituras; falam em nome de Deus, mas estão a serviço do inimigo usando a Bíblia para tentar e não para edificar. [1]

b) A falsa profecia para impressionar – “...virão matar-te” (Ne.6:10). O falso profeta faz ameaças assustadoras, e ainda coloca um tom de urgência, de gravidade, de pressa - “sim, de noite virão matar-te”. A principal arma do diabo é a mentira; ele amedronta as pessoas; ele intimida os fracos; ele faz ameaças assustadoras. Muitos, por não conhecerem a Deus, vivem amedrontados pelo diabo. Quem teme a Deus não tem medo do inimigo. Neemias temia a Deus, por isso nunca se acovardou diante das bravatas do inimigo (Ne.5:15).

c) A falsa profecia para obter lucro – “mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram”(Ne.6:12). Muitos profetas de Jerusalém falavam mentiras para se locupletarem; Semaias era um deles. Ele deixou de ser boca de Deus para ser arauto de Satanás. Em vez de pregar a Palavra, ele usa a Palavra para ganhar dinheiro e enganar. Ele prostituiu o seu ministério e vendeu sua consciência.

Há muitas pessoas, hoje, profetizando em nome de Deus, guiando os indoutos com sonhos, visões e revelações em desacordo com as Escrituras. São falsos profetas que nunca foram enviados por Deus, que torcem a Palavra de Deus e fazem errar os imprudentes. Não são poucos os ministros que têm mercadejado a Palavra de Deus numa volta vergonhosa às indulgências da Idade Média. Há pastores que, inescrupulosamente, têm feito da Igreja uma empresa familiar, do púlpito um balcão de comércio, do templo uma praça de barganha, do evangelho um produto e dos crentes consumidores. [1]

Aqueles que torcem a Palavra de Deus, negando sua inerrância e suficiência, e usando-a para fins lucrativos, são falsos profetas. Precisamos nos acautelar, pois Deus está contra eles(cf. Ez.13:17-23).

2. Os falsos profetas de hoje

Nestes tempos pós-modernos, muitas Igrejas Locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os falsos profetas e profetizas da época de Neemias(Ne.6:14); e o crente precisa estar informado sobre este fato. Jesus adverte que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens”(Mt.23:28); aparecem “vestidos como ovelhas”(Mt.7:15); podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão; poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores(ver Mt.7:21-23); 24;11,24; 2Co.11:13-15). Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt.13:3; 1Rs.18:40; Ne.6:12; Jr.14:14; Os.4:15), e aos fariseus do Novo Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt.23:28). Que o Senhor, por sua misericórdia, levante homens e mulheres aptos a defender a Igreja contra os falsos profetas desses últimos dias (Mt.24:11,24; 2Pd.2:1).

II. A BÍBLIA REVELA A EXISTÊNCIA DOS FALSOS PROFETAS

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis”(Mt 7:15,16).

1. No Antigo Testamento

Assim como Deus utilizou os seus servos, os profetas, para transmitir sua verdade e seus desígnios, e também cobrar do povo que andasse de forma correta e justa com seus irmãos, Satanás, também, utilizou-se, no Antigo Testamento, de falsos profetas que traziam mensagens contrárias às que Deus tinha enviado, como foi o caso de Zedequias, filho de Quenaana, e seu grupo de profetas, que conseguiram impressionar o rei Acabe (cf. 1Rs.22:5-28; 2Cr.18:4-27). Esses falsos profetas fizeram, em nome de Jeová, promessas incoerentes e ludibriadores, que não podiam ser cumpridas, sem levar em consideração a má condição moral e espiritual do povo. As consequências foram cruentas e devastadoras, refletidas até hoje sobre o povo judeu. Poderíamos mencionar vários outros exemplos de falsos profetas no Antigo Testamento, mas vou citar apenas três:

a) O falso profeta Hananias (Jr.28:1). Ele representa todo o grupo de profetas profissionais. Na época de Jeremias, a maioria dos profetas era irrealista e falso, que desencaminhavam o povo com profecias enganosas. Suas declarações eram muito positivas e soavam edificantes, até mesmo encorajadoras aos ouvidos das pessoas. Eles prometiam muito, inclusive a vitória. É o caso de Hananias, falso profeta, que apresentava uma “mensagem maravilhosa” e tinha a ousadia, e até mesmo a insolência, de proclamá-la abertamente, como se vê no capítulo 28:2-4 de Jeremias. Ele era do tipo que impressionava com suas mensagens - falava como profeta, tinha discurso de profeta e vestia-se como profeta. Aliás, era mais dramático que os profetas de Deus. Além disso, só falava o que o povo queria ouvir. Pregava a paz e determinava a prosperidade. Com um coração despreocupado fez, em nome de Jeová, promessas inconsistentes que não podiam ser cumpridas. Ele esperava resultados sem colocar os devidos alicerces para alcançá-los.

Com grande arrogância, Hananias desafiou Jeremias no Templo de Jerusalém diante do povo e dos sacerdotes; ele estabeleceu um limite de dois anos na sua profecia (cf. Jr.28:3), enquanto Jeremias falava que eram setenta anos de cativeiro, pois era a vontade de Deus. Hananias era um fanático, e fanáticos sempre estão com pressa.

b) Os falsos profetas de Acabe (1Rs.22:1-6). Depois de três anos de paz entre a Síria e Israel, Acabe teve a ideia de reaver dos sírios a cidade de Ramote-Gileade, que localizava-se no lado oriental do rio Jordão. Na ocasião, Josafá, rei de Judá, estava visitando Acabe e se mostrou disposto a cooperar na campanha militar. Primeiro, porém, sugeriu que consultasse o Senhor por meio de profetas. Quatrocentos profetas da corte de Acabe se pronunciaram a favor do plano e garantiram vitória. É bem possível que fossem os mesmos quatrocentos profetas que não compareceram ao confronto com Elias no Monte Carmelo (1Rs.18:19,22).

Josafá provavelmente ficou apreensivo, pois perguntou se não havia algum profeta do Senhor que pudesse consultar. Entra em cena o profeta do Senhor, chamado Micaías, o profeta destemido e odiado por Acabe em razão de suas mensagens contundentes. Os que foram buscá-lo disseram-lhe: “Vês aqui que as palavras dos profetas, a uma voz, predizem coisas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala bem”. Então disse Micaías: “O que o Senhor me disser isto falarei”. Como Micaías profetizou, assim aconteceu: Acabe morreu na batalha (1Rs.22:5-28,35-37).

“Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma (Dt.13:1-3).

c) O profeta velho e sua falsa mensagem (1Reis cap.13). Uma das características do profeta é a obediência a Deus. O porta-voz deve não somente falar a mensagem de Deus, mas cumprir integralmente as ordens que receber da parte do Senhor. Foi este o grande problema do homem de Deus que levou aquela vigorosa mensagem ao rei Jeroboão. Embora tenha transmitido integralmente a mensagem divina, acabou por desobedecer a Deus, iludido por um profeta velho, o que causou a sua própria morte (1Rs.13:11-32).

O homem de Deus profetizou com muita coragem advertindo o ímpio rei de Israel, que estava junto do altar queimando incenso. Ele disse: “Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (1Rs.13:2). E deu um sinal de que aquela palavra era do Senhor: “Eis que o altar se fenderá, e a cinza [...] se derramará” (1Rs.13:3).

Ouvindo o rei aquela palavra, estendeu a sua mão sobre o altar ordenando que prendessem o homem de Deus. Todavia, a mão que ele estendeu contra o profeta secou-se, e não a podia tornar a trazer a si. O altar se fendeu, e a cinza se derramou, como o profeta havia dito. A pedido do rei, o profeta orou a Deus e a mão lhe foi restituída sā.

Todavia, havia naquele lugar um velho profeta, cujo filho lhe contou o que fizera o profeta vindo de Judá. O velho profeta foi ao encontro do homem de Deus, e convidou-o para comer pão. Mas, havia uma ordem de Deus para que o profeta não comesse pão e nem bebesse água naquele lugar, e que voltasse pelo mesmo caminho (1Rs.13:9). Ante a recusa do homem de Deus, o velho profeta argumentou que um anjo lhe havia falado, ordenando que convidasse o profeta de Judá a voltar, para comer pão em sua casa (1Rs.13:11-15). O homem de Deus não discerniu a mentira e aceitou o convite do velho profeta. E sucedeu que quando ele estava comendo pão, Deus tomou o velho profeta em profecia e disse: “Visto que foste rebelde à boca do SENHOR, [...] antes, voltaste, e comeste pão, [...] o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais” (1Rs.13:21,22). Caso a sentença pareça severa demais, devemos lembrar que Deus trata com mais rigor aqueles a quem Ele ama e aos seus porta-vozes.

Depois de ter comido pão, voltou, e no caminho um leão o matou, deixando-o prostrado na estrada (1Rs.13:23,24). Contrariando todas as leis da natureza, o jumento pertencente ao profeta e o leão vigiaram juntos seu cadáver na estrada. Quando o profeta velho soube da notícia, percebeu de imediato que se tratava do juízo do Senhor por causa da desobediência. Dirigiu-se à cena da tragédia, levou o corpo do homem de Deus de volta a Betel e o sepultou no seu próprio sepulcro. Em seguida, instruiu seus filhos sobre o que fazer quando ele morresse: deveriam sepultá-lo no sepulcro junto com o homem de Deus. Ele percebeu que o sistema idólatra do qual fazia parte estava condenado a ser destruído pelo Senhor (1Rs.13:26-32).

2. Como era possível distinguir o verdadeiro do falso profeta no Antigo Testamento?

O capítulo 8 de Deuteronômio foi um recurso revelado por Deus ao povo, por intermédio de Moisés, a fim de se estabelecer algumas diretrizes para identificar o falso profeta. Podemos aprender também com essas diretrizes que (adaptado da revista Lições Bíblicas: Maturidade Cristã - Jovem e Adultos. Rio de Janeiro, CPAD. 1993):

a) O verdadeiro profeta falava em nome do Senhor dos Exércitos. Aliás, era costume dos profetas em Israel iniciar suas mensagens desta forma: “Assim diz o Senhor dos Exércitos”. Embora nem sempre os verdadeiros profetas usassem esta fórmula, ela caracterizava o verdadeiro profeta. Daniel, por exemplo, não a usou; isto, porém, não lhe descaracteriza a profecia.

b) As palavras enunciadas pelos profetas deveriam estar em conformidade com a Palavra de Deus. Caso contrário, o mensageiro seria execrado da comunidade de Israel. Em Isaías 8:20, lemos que todos deveriam se ater à Lei e ao testemunho. E, se não falassem de acordo com estas palavras jamais veriam a alva.

c) As profecias teriam que ter, necessariamente, um cabal cumprimento. Caso contrário, seriam descaracterizadas como palavras de Deus. Note bem: o cumprimento profético não poderia ter um cumprimento casuístico nem circunstancial, como acontece hoje em muitas Igrejas Locais. O cumprimento deveria ser atestado por todo o povo de Deus.

d) Se o profeta tentasse levar os israelitas ao erro, seria considerado imediatamente um impostor. Jamais esse profeta haveria de achar lugar entre os eleitos. Alguns, de fato, mostravam-se seguidores de Jeová; no entanto, não passavam de filhos de Belial; não somente induziram os israelitas ao erro, como também os levavam à derrocada nacional.

Embora vivamos noutro Testamento, as mesmas regras continuam válidas para aferirmos a autenticidade dos mensageiros do Senhor. Afinal, como afirma o apóstolo Paulo, tudo quanto foi escrito, para nossa instrução foi escrito. Se nos dedicarmos mais ao estudo das Sagradas Escrituras, não seremos tão facilmente enganados. Infelizmente, muitas igrejas, hoje, são ludibriadas porque não têm mais as Sagradas Escrituras como a sua única regra de fé e conduta.

3. No Novo Testamento

No Novo Testamento não há profeta do estilo veterotestamentário. Diz o texto sagrado: “Porque todos os profetas profetizaram até João”(Mt.11:13). Lucas 16:16: “A Lei e os Profetas duraram até João”. Com estas palavras, o Senhor descreveu a dispensação da Lei, que começou com Moisés e terminou com João Batista. Mas agora uma nova dispensação estava sendo inaugurada, a dispensação da Graça.

Em Efésios 4:11, o apóstolo Paulo faz menção a “profetas”, mas estes “profetas” referem-se a mensageiros usados pelo Espírito Santo que cooperavam na edificação da Igreja (At.13:1), dedicando-se ao ensino e à interpretação da Palavra de Deus. Os missionários, os que plantam igrejas e os que ministram a palavra para edificação dos santos são profetas, porém, não são “profetas” no sentido primário.

Assim como no Antigo Testamento, a função instintiva do profeta do Novo Testamento é transmitir e interpretar a Palavra de Deus através do Espírito Santo, para admoestar, exortar, animar, consolar e edificar o povo de Deus (At.2:14-36; 3:12-26; 1Co.12:10; 14:3). É dever do “profeta” do Novo Testamento, assim como fora do Antigo Testamento, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e mornidão espiritual entre o povo de Deus. Por causa da sua mensagem de justiça, o “profeta” pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.

A obrigação profética da Igreja não é, em absoluto, a autorização para que, mediante uma “tradição”, acrescente o que estar revelado nas Escrituras a respeito de Cristo (João 5:39), mas tão somente a divulgação, o anúncio, a explicação daquilo que está contido na Bíblia Sagrada, que é a Verdade (João17:17),  e que se encontra em posição superior à própria Igreja, seja porque é fonte de sua santificação, seja porque a Palavra se encontra engrandecida acima do próprio nome do Senhor (Sl.138:2), nome que está acima de todo o nome (Fp.2:9), precisamente por ser Jesus o Verbo (João 1:1), aquele que é a própria Palavra de Deus (Ap.19:13). Por isso, quando não se conhecem as Escrituras, cometem-se erros (Mt.22:29).

É bom deixar claro que assim como existiam falsos profetas no meio do povo de Israel, como fizera questão de deixar advertido Moisés (Dt.13:1-5; 18:20-22), há inúmeros falsos mestres, pregadores se dizendo profetas, no meio do povo de Deus da Nova Aliança; há inúmeros falsos profetas com o mesmo estilo daqueles profetas de Acabe: dotados de espírito mentiroso, pregando mentiras (1Rs.22:22). A Bíblia adverte que nos últimos tempos aparecerão falsos profetas (Mt.24:11,24).

-Tenhamos cuidado, pois, os falsos “profetas” da atualidade têm amor ao dinheiro e trocam a glória celeste e a vida eterna pelas riquezas desta vida, pelo vil metal. A Igreja passa a ser meio de lucro e de enriquecimento, as almas passam a ser mercadorias; eles são os legítimos sucessores de Balaão, o "profeta mercenário" (1Tm.6:5,10; Jd.11; At.8:18-24; 20:33,34; João 10:12,13; Ap.2:14). Lamentavelmente, já chegamos a observar certos "obreiros" que se gabam de serem "bons obreiros" pelo fato de estar havendo maior contribuição financeira nas Igrejas que dirigem e de haver medição de "competência" exclusivamente sob este prisma. Estamos, realmente, vivendo os últimos dias da Igreja. Pense nisso!

-Tenhamos cuidado, pois, os falsos “profetas” abandonam o juízo correto e o senso espiritual, em troca da obtenção do erro de Balaão, tornando-se lisonjeadores, a fim de obterem vantagens financeiras. Os falsos mestres se utilizam da “religião” para obterem vantagens pecuniárias; aproveitam-se dos sentimentos religiosos de outros a fim de promoverem seu próprio enriquecimento. É triste a situação quando homens supostamente espirituais se tornam 'comerciantes', e não profetas...". Estejamos, pois, alertas para que não sejamos enganados por eles.

III. COMO DEVEMOS JULGAR AS PROFECIAS?

Obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados, não deis créditos a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1João 4:1).

Somos alertados para “provar os espíritos”, porque todas as profecias vêm de Deus, da carne ou do Diabo através de espírito malignos. Quando a verdade é negada, o engano é liberado. Falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente.

Em nossos dias, temos visto que os termos ”profecia“ e ”profetizar“ têm sido mal utilizados. Muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se estas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Paulo perguntou: “... Porventura são todos profetas? “ (1Co.12:29). Esta pergunta foi feita para mostrar que nem todas as pessoas são profetas, ou seja, nem toda pessoa possui o dom de profecia dado pelo Espírito Santo. A profecia deve ser julgada e que o profeta deve obedecer aos ditames das Escrituras Sagradas (1Co.14:29-33).

Desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória tem sido encarado como uma profecia, o que é um erro terrível, pois os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor - “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2Pd.1:21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas, e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira.

Como devemos julgar as profecias?

1. Examinando as Escrituras Sagradas

As Escrituras falam de profetas verdadeiros e de profetas falsos. Os primeiros constituem enorme bênção para o povo de Deus; os últimos representam ameaça permanente. O povo de Deus não pode renunciar a responsabilidade de prová-los, com os melhores elementos extraídos das Escrituras Sagradas. A Palavra de Deus é o Prumo (Am.7:7,8). Uma mensagem que estiver em desacordo com a Palavra de Deus, seja ela transmitida por quem for, até por um anjo do céu, está reprovada e deve ser rejeitada, pois é anátema (Gl.1:8).

Se um profeta é verdadeiro, sua mensagem é de Deus, cheia de verdade e de autenticidade; seu testemunho representa adequadamente a natureza, o caráter e a missão de Cristo; sua mensagem está em harmonia e em correspondência com todas as revelações de Deus. Repetidas vezes, a Palavra de Deus adverte contra falsos profetas. Precisamos dar ouvidos a essas advertências. Jesus disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt.7:15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mt.24:11,24).

-Paulo compara os falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás - “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2Tm.3:8).

-Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, assim também haverá entre nós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras – “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição”(2Pd.2:1).

-O apóstolo João declarou que já em seus dias muitos falsos profetas atuavam entusiasticamente no meio da igreja – “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1).

Quanto mais hoje, portanto, devemos estar alertas quanto aos falsos profetas à medida que a apostasia profetizada para os últimos dias atinge o seu clímax, preparando o mundo e uma falsa religião para a chegada do Anticristo.

Conhecer, amar e obedecer à Palavra de Deus é o único meio seguro de não sermos enganados. Como é trágico que a Bíblia Sagrada seja tão negligenciada hoje por aqueles que se chamam cristãos! Muitos que professam conhecer a Deus e servi-lo têm pouca ou nenhuma sede por Sua Palavra. Em vez disso, buscam sinais e maravilhas, experiências emocionais, novas revelações, o último "mover" do Espírito, ou os dons em lugar do Doador. Como resultado, são suscetíveis a todo "vento de doutrina" (Ef.4:14) e caem vítimas de falsos mestres que “... movidos por avareza, farão comércio de vós com palavras fictícias..." (2Pd.2:3), "supondo que a piedade é fonte de lucro" (1Tm.6:5). A mentira popular da "$emente de fé" – a ideia de que uma contribuição para um ministério abre a porta para milagres e prosperidade – engana e promove cobiça entre os milhões que ignoram a Palavra de Deus. Precisamos julgar as profecias e discernir os espíritos, a fim de não sermos enganados pelos falsos profetas.

2. Através do dom de discernimento de espíritos

O crente que estuda a Palavra de Deus sabe com facilidade discernir os falsos mestres, mas às vezes, as doutrinas proferidas por eles são tão sutis que o discernimento se torna impossível sem a ajuda do Espírito Santo. A Bíblia é clara ao dizer que sempre houve no meio do povo de Deus manifestações espirituais por meio de falsos profetas (Dt.13:1-3), falsos mestres, falsos apóstolos. Satanás é muito sagaz, ele usa todos os seus ardis para ludibriar o povo de Deus. Está escrito que ele e os seus agentes se transformam em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (2Co.11:13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o Dom de Discernimento é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade deste Dom (1Co.12:10). Sem dúvida, no mundo espiritual, o Discernimento de espíritos é um Dom imprescindível.

3. A diferença entre Adivinhação e Profecia bíblica

Quem recebe de Deus uma mensagem profética não deve ser confundido com um adivinho, nem pode agir como um. Profetas devem falar quando Deus mandar, e calarem-se quando Deus assim ordenar. Adivinhos geralmente são pessoas compradas, que falam mentiras em prol do dinheiro que poderão ganhar. Motivados pela ganância, tentam predizer o futuro através de interpretação de sonhos, leitura de cartas e outros meios que impressionam os incautos.

Ø  A adivinhação faz afirmações vagas e genéricas e não esclarece os fatos; a profecia bíblica é a história escrita antes que aconteça. Ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso, que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. O próprio Senhor afirma: "lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is.46:9,10).

Ø  A adivinhação interpreta algum tipo de sinal; a profecia bíblica não depende da nossa interpretação, mas se sustenta exclusivamente em sua própria realização.

Ø  Adivinhação e interpretação de sinais são baseados em mentiras; a profecia divina é a mais absoluta verdade. Balaão era um "agoureiro" (Nm.24:1) que Balaque, rei dos moabitas, queria usar para amaldiçoar Israel (Nm.23:24). E justamente esse adivinhador foi obrigado a reconhecer: "Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm.23:19).

Ø  A adivinhação cria confusão mental, turva a visão para a verdade bíblica e bloqueia a disposição das pessoas de crerem no Evangelho de Jesus Cristo; ela embota os sentidos das pessoas, prende-as a falsos ensinos e torna-as inseguras em suas decisões; a profecia divina, entretanto, liberta e dá segurança. Por isso, todos deveriam seguir o conselho de Deus: "Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei. Ouvi-me vós..." (Is.46:11b-12a).

Qualquer pessoa que crê em Jesus Cristo e confia sua vida a Ele tem um futuro seguro e não precisa ter medo de nada. Quem se entrega a Jesus passa a viver sob a bênção da profecia encontrada em João 14:3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”.

CONCLUSÃO

Muitas pessoas têm acreditado em tudo o que veem ou ouvem. Infelizmente, muitas ideias impressas e ensinadas não são verdadeiras. Os cristãos devem ter fé, porém, não devem ser incautos. Devemos verificar toda mensagem que ouvimos, ainda que a pessoa que a expressa afirme que é de Deus. Se a mensagem for verdadeiramente de Deus, será consistente com os ensinamentos de Cristo. Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que restaurou uma nação.

Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

[1] Hernandes Dias Lopes – Neemias -o líder que restaurou uma nação.

Aula 09 – COMO VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS

 

3º Trimestre/2020

EDIÇÃO ESPECIAL

Texto Base: Neemias 4:8-20; 1João 4:4; 5:5


 “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm.8:37). 

Neemias 4

8.E ligaram-se entre si todos, para virem atacar Jerusalém e para os desviarem do seu intento.

9.Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles.

10.Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro.

11.Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão disso, nem verão, até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos cessar a obra.

12.E sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nos disseram que, de todos os lugares, tornavam a nós.

13.Pelo que pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus o povo, pelas suas famílias, com as suas espadas, com as suas lanças e com os seus arcos.

14.E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.

15.E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que já o sabíamos e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra.

16.E sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus moços trabalhava na obra, e a outra metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.

17.Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas.

18.E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e edificavam; e o que tocava a trombeta estava junto comigo.

19.E disse eu aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros.

20.No lugar onde ouvirdes o som da buzina, ali vos ajuntareis conosco; o nosso Deus pelejará por nós.

1 João

4:4.Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.

5:5.Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da oposição dos inimigos à obra realizada. Logo que a reconstrução dos muros de Jerusalém começou, a oposição se levantou. O capítulo 4 de Neemias é um resumo do que aconteceu durante os 52 dias de reconstrução. Sempre que o povo de Deus se levanta para fazer a Sua obra, isso incomoda o inimigo. Variados foram os métodos do inimigo para tentar paralisar a obra, mas Neemias resistiu a cada investida, porque ele confiava na vitória de Deus. Ainda hoje, sempre que a Igreja de Deus se levanta para fazer a obra de Deus, o inferno se agita, o mundo se levanta e há uma conspiração contra ela de todas as forças aliadas. A vida cristã é uma guerra contínua, é uma batalha sem trégua. É impossível realizar a Obra de Deus sem oposição.

I. QUAL A PROCEDÊNCIA DESSES ATAQUES?

A procedência era maligna. Satanás usou os seus fantoches dos quatro pontos cardeais do território de Israel para atacar o povo de Deus. Do Norte: Sambalate (governador de Samaria); do Leste, Tobias (da nobreza dos amonitas) e Gesém (o árabe – possível rei de Quedar, segundo descobertas arqueológicas); do Sul, os arábios, os amonitas e os asdoditas (Ne.4:7) se uniram a estes para se oporem ao povo de Deus. Houve uma orquestração maligna contra o povo de Deus. Como não bastasse, os judeus que moravam fora de Jerusalém trouxeram notícias de um ataque iminente. Neemias rapidamente colocou o povo por detrás do muro e entregou armas aos trabalhadores, encorajando-os com as palavras: “lembrai-vos do Senhor[...] e pelejai” (ler Ne.4:7-14).

1. A ira dos adversários

E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito...”(Ne.4:1).

A restauração de Jerusalém provocou a ira dos adversários. Isso ocorreu desde o início. Quando Neemias teve permissão e recursos para voltar a Jerusalém, a oposição ficou profundamente perturbada (Ne.2:9,10); quando o povo declarou sua intenção de reconstruir os muros, a oposição zombou dele e o desprezou (Ne.2:18,19); quando o povo de fato começou a recons­truir os muros, a oposição “ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (Ne.4:1); quando o povo continuou a reconstruir os muros, a oposição ficou muito irada e conspirou atacá-lo e criar confusão (Ne.4:6-8); e, por fim, quando o povo concluiu a re­construção dos muros, a oposição fingiu aceitar, mas queria prejudicá-lo (Ne.6:1-9).

Sambalate, o líder opositor, mobilizou seu exército e procurou incitar o povo contra os judeus (Ne.4:2; ler Ne.4:7). Esses inimigos não queriam a restauração do povo de Deus. Enquanto Jerusalém estava debaixo de opróbrio, eles estavam calmos, mas bastou a disposição para a reforma, e eles se agitaram e se levantaram com grandes insultos.

Da mesma forma, hoje, os nossos inimigos não ficam sossegados quando alguém luta pela Igreja e se levanta para reconstruir a Casa de Deus. Onde o povo de Deus busca restauração, avivamento, ocorre a fúria do inimigo.

2. A falsa acusação

“O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?”(Ne 2:19).

Sambalate e Tobias rotularam a reconstrução dos muros de Jerusalém como uma rebelião contra o rei Artaxerxes e não uma reforma, provavelmente ameaçando denunciar os construtores como traidores. Mas Neemias tinha uma resposta para eles que revelava não apenas a sua própria determinação de realizar o trabalho até à sua conclusão, porém mais significativamente a sua fé em Deus, que tinha o poder de ajudá-lo a executar o trabalho para o qual o próprio Senhor o havia chamado.

3. A resposta à insinuação caluniosa

A calúnia foi uma arma de ataque usada pelos inimigos. Neemias confiou em Deus, e recusou dar ouvidos às falsas acusações dos inimigos. Neemias, sempre prudente e sábio, respondeu-lhes:

“O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos...”(Ne.2:20).

A confiança em Deus é o maior incentivo à obra. Isso sugere poderosa proteção: "O Deus dos céus..." (Ne.2:20). Isso sugere também providencial vitória: "[...] é quem nos fará prosperar[nos dará êxito –ARA]" (Ne.2:20). Quem confia em Deus não teme os adversários, não se rende diante de suas ameaças e falsas acusações.

Sem a ajuda de Deus, o nosso trabalho é vão - "Se o Senhor não edificar a cidade, em vão trabalham os que a edificam" (Sl.127:1). A Obra de Deus é feita não por força nem por violência, mas pelo Espírito de Deus (Zc.4:6). Jesus disse: "Sem mim, nada podeis fazer" (João 15:5). Paulo pergunta: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm.8:31). João foi contundente: "Maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo”(1João 4:4).

A vitória vem de Deus, mas nós precisamos empunhar as ferramentas de trabalho e as armas de combate. É preciso se dispor e reedificar. A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. Neemias foi contundente diante da oposição: “... nos levantaremos e edificaremos...”.

Quando a reconstrução dos muros de Jerusalém terminou em cinquenta e dois dias, até mesmo os inimigos dos judeus tiveram de reconhecer que essa obra fora concluída com a ajuda de Deus (cf.Ne.6:15,16). Deus sempre cumpre a sua parte quando os fiéis cumprem a sua, com fé perseverante.

Aprendemos aqui que o verdadeiro líder não se deixa desencorajar por ataques pessoais injustos; o verdadeiro líder se preocupa com a causa em que está envolvido. O líder de Deus não se cansa enquanto não vê a obra das suas mãos concluída.

II. O INIMIGO PROCURA ATINGIR A NOSSA FÉ

Os inimigos usaram a ridicularização para tentar dissuadir o povo de realizar a obra de Deus. Usaram os meios mais diabólicos para causar desespero e desânimo no povo de Deus.

1. O Inimigo ataca com a arma do escárnio (Ne.4:1,3)

“Tendo Sambalate ouvido que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (Ne.4:1).

“Estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derribará o seu muro de pedra” (Ne.4:3).

Esta é uma arma poderosa que os inimigos sempre usaram para destruir a obra de Deus e para desanimar o Seu povo, e os inimigos a usaram para enfraquecer o ânimo do povo de Deus. Quando os servos de Deus sofrem escárnio, são tentados a ficarem desanimados.

A obra de Deus sempre foi alvo de zombaria e escárnios. Constantemente, os féis de Deus enfrentam este tipo de agressão, pelo fato de, a cada dia, procurarem viver uma vida de retidão entre os que não conhecem a Deus. Mas, isto está escrito nas Escrituras que aconteceriam ao povo de Deus. Podemos lembrar aqui de alguns exemplos de escárnios e zombarias registradas nas Escrituras Sagradas:

a) Escarneceram do próprio Senhor Jesus. Jesus estava iniciando sua dolorosa caminhada rumo à cruz, e Satanás, usando pessoas, utilizou a zombaria para atacar o Senhor de maneira vil:

“E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado”(Mt.27:28-31).

O Senhor era de fato Rei, porém seu reino não era terreno (João 18:36). Aproveitando a situação, o inimigo tentou humilhá-lo, através do escárnio e da violência! Contudo, o diabo não conseguiu afastá-lo de seu objetivo que foi a morte na cruz pelos nossos pecados. O "justo morreu pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1Pd.3:18).

b) Escarneceram da mensagem de Paulo. Certa feita, o apóstolo Paulo pregava no areópago, um centro de convenções na cidade de Atenas. Nesse lugar, havia altares para os mais diversos deuses. Ali, ele aproveitou o momento e, partir de um altar erigido ao "Deus desconhecido", mostrou-lhes o caminho da salvação. Porém, quando falou sobre a questão da ressurreição dos mortos, o clima de curiosidade foi transformado num clima de zombaria! O desprezo tomou conta dos presentes, que não queriam mais ouvi-lo:

“E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez”(At.17:32).

Como povo do Deus vivo, não podemos perder de vista o fato de que sempre houve e sempre haverá escarnecedores da obra de Deus. Tanto Pedro, como Judas nos alertam que esta artimanha diabólica tenderá a crescer nos últimos dias.

  • 2Pedro 3:3: “sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências”.
  • Judas 18: “os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências”.

Esses escarnecedores terão um estilo próprio e, escorados em suas tendências carnais pecaminosas, investirão contra os servos de Deus e sua obra. Isto faz parte da cruz que devemos aceitar quando seguimos a Jesus (Mt.10:38,39; 16:24,25). Os que são carnais procuram escapar do escândalo da cruz (Gl.5:11).

2. O Inimigo ataca com a arma do desprezo

“Que fazem estes fracos judeus?” (Ne.4.2).

Os inimigos tentaram diminuir a autoestima do povo de Deus, chamando-o de fraco. A força de um povo é constatada pelas suas atitudes que, na verdade, são reflexos da ação do seu líder, ou seja, a ação do líder determina a reação de um povo. Um líder fraco enfraquece a forte gente; um líder forte fortalece a fraca gente, e esta é uma realidade bíblica. Se Neemias tivesse demonstrado fraqueza naquele momento de escárnio e zombaria, o povo tinha recuado e a liderança de Neemias estaria arruinada.

Entre os pastores da Palestina contava-se uma história interessante e auto didática:

Certo pastor de ovelhas, no seu pastoreio diário, cumpria uma rotina de caminhada e, nesta caminhada, no início da tarde, chegava com suas ovelhas ao pasto que considerava ele ser o melhor, um extenso gramado a beira de um raso e calmo rio.

Certo dia, ao analisar minuciosamente o comportamento do rebanho, percebeu que, mesmo parecendo, ele não estava fazendo o melhor por suas ovelhas. Erguendo então os olhos, vislumbrou além do rio um pasto muito melhor e decidiu fazer as ovelhas atravessarem o rio a fim de alcançarem melhor pasto. Enfileirou-as e as instigava a atravessarem. Entretanto, a fila não andava, pois não havia ovelha que ousasse entrar nas correntes mansas e rasas do rio.

Então o pastor pensou e decidiu: “Vou colocar a mais robusta e saudável no início da fila. Assim, ao fazê-la atravessar, todas as outras a seguirão. Não adiantou, o rebanho não andou. Insistindo nisto várias vezes, sem êxito, se irritou e disse consigo mesmo: eu vou atravessar, e quem quiser o melhor me seguirá!”. As ovelhas o observaram atentamente.

O pastor empunhou o cajado com firmeza, olhou fixamente a outra margem e entrou nas rasas e mansas águas do rio e para sua surpresa, nenhuma das ovelhas deixou de atravessar. Até aquelas que ele julgava serem as mais fracas seguiram-no; e todas atravessaram e alcançaram o melhor pasto. Moral da história: se o líder quer que o povo faça, basta-lhe apenas dar o exemplo, agindo corretamente, pois a ação do líder determina a reação do povo.

Quando lemos o livro de Josué e sua trajetória de virtuosa liderança nos capítulos 3 e 4, na travessia do rio Jordão, nós compreendemos que as ações de Josué foram determinantes. Ele levantou de madrugada, foi com os sacerdotes o primeiro a pisar nas águas transbordantes do Jordão. Parou no meio do rio e, enquanto o povo a pés enxutos atravessava, Josué ordenou que dali de perto das plantas dos pés dos sacerdotes se tirassem doze pedras para com elas erigir um monumento para memorial (ver Js.4:3).

Em toda a história de Josué você não o encontra se lamentando, se lastimando, desanimado, cabisbaixo ou coisa parecida. Desde Êxodo 17, nós o vemos lutando, e no final de sua carreira, o encontramos dizendo: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor!” (cf. Js.24:15).

3. O inimigo tenta atacar a comunhão do povo e o culto a Deus

“...Permitir-se-lhes-á isso? Sacrificarão?” (Ne.4:2).

Esta é uma tática corriqueira de Satanás. Quando ele vê que o povo de Deus está em comunhão, em consagração a Deus, fará de tudo para desfazer isso; por isso, o povo de Deus precisa estar sob alerta e discernente com relação aos ardis de Satanás.

4. O inimigo tenta desunir o povo de Deus

Percebendo Sambalate, o líder dos opositores, que o povo de Deus estava unido, indagou:

”acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?” (Ne.4:2).

A desunião e a divisão entre o povo de Deus são armas muito utilizadas por Satanás, talvez as mais usadas contra a Igreja do Senhor. Atualmente, o adversário de nossas almas tem conseguido causar grande prejuízo à obra de Deus porque tem criado, no meio do povo de Deus, o espírito de divisão, o ânimo da competição, gerando brigas, disputas e lutas entre quem deveria ser irmão. Este espírito faccioso tem origem diabólica (Tg.3:15,16), gerando tão somente perversão e animosidade. Fujamos, pois, de tal comportamento; busquemos estar debaixo da mão potente de Deus, em comunhão com Ele e com o Príncipe da Paz; enquanto depender de nós, devemos ter paz com todos os homens (Rm.2:13), o que significa termos, sempre, paz com os irmãos (1Ts.5:13).

5. O inimigo zomba do povo de Deus, ridicularizando o valor e a consistência do seu trabalho

“... Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra”(4:3).

O mundo continuamente despreza os padrões morais do cristão e zomba da sua dedicação a Cristo. O desprezo e a zombaria atacam nossas emoções e podem provocar reações das mais diversas - como ira, ódio, agressão, etc. Porém, não podemos nos deixar levar por estes sentimentos, pois o desequilíbrio da Igreja é o que Satanás mais quer. Nossa confiança e nossa resposta devem ser as mesmas de Neemias: “o Deus dos céus nos ajudará e por fim vindicará os justos” (Ne.2:20).

Apesar de todos esses ardis dos inimigos do povo de Deus, Neemias não vacilou; em vez de trocar insultos, se revestiu da maior arma: a oração (Ne.4:4,5). A oração é a coisa mais prática que podemos fazer nos momentos que os inimigos escarnecem de nós, zombam de nós, criticam-nos. Todavia, ela não é um substituto da ação.

Neemias faz uma oração imprecatória por duas razões: Primeiro, porque os inimigos estavam provocando a própria ira de Deus. Segundo, porque os inimigos estavam desprezando o próprio povo de Deus. A oração nos capacita a dar vazão ao que sentimos e nos capacita a olhar o problema da perspectiva de Deus. Quando oramos, nossa ira e nossos ressentimentos se dissipam. Revestido desta arma, Neemias recobrou o ânimo para trabalhar (Ne.4:6) - “Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar”.

Esse procedimento de Neemias nos traz duas belas lições:

·         Primeiro, quando formos escarnecidos por causa de nossa fé ou criticados por fazermos o que sabemos ser correto, recusemo-nos a responder da mesma maneira ou a tornarmo-nos desencorajados; digamos a Deus como nos sentimos e lembremo-nos de que a promessa dEle está conosco; isto nos dará encorajamento e força para continuarmos.

·         Segundo, não fomos chamados para contar os inimigos nem temê-los; fomos chamados para fazer a obra de Deus apesar da oposição. Concentremo-nos, pois, em Deus e na sua obra, e não teremos tempo para sermos distraídos pelas críticas do inimigo.

6. O Inimigo usa como arma as ameaças

“Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, os arábios, os amonitas e os asdoditas que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobremodo irados. Ajuntaram-se todos de comum acordo para virem atacar Jerusalém e suscitar confusão ali (Ne.4:7,8).

Os inimigos dos judeus ameaçaram guerrear contra eles, a fim de espalharem medo e pânico entre o povo de Deus. Porém, Neemias disse: “Oramos ao nosso Deus e pusemos guarda contra eles!” (Ne.4:9). Os judeus não atacaram os samaritanos, mas defenderam a sua área de trabalho (Ne.4:13-20).

Ao perceberem que as sutilezas utilizadas não surtiram quaisquer efeitos sobre Neemias e seus comandados, os inimigos ficaram tremendamente irados - "...iraram-se sobremodo..." (Ne.4:7). Então, formaram uma grande coligação e ensaiaram uma guerra contra o povo de Deus – "...coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali" (Ne.4:8).

A confusão é tão perigosa quanto a violência do inimigo. A confusão visava a distrair o povo e tirar os seus olhos do foco. Eles queriam não apenas causar confusão, mas matar os judeus (Ne.4:11), obtendo, assim, o seu verdadeiro objetivo: paralisar a obra (Ne.4:11).

Esta é uma tática diabólica que assusta, mete medo! Muitos desistem dos planos de restauração, quando a resistência atinge este nível ameaçador. Porém, olhando para o texto bíblico, podemos perceber como Neemias orientou seu povo a não se intimidar com as ameaças, mas preparou-se para um possível ataque. Ele usou duas armas infalíveis contra Satanás: a oração e a vigilância – “Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles” (Ne.4:9).

7. Os inimigos se orquestraram para paralisar a Obra de Deus (Ne.4:10-12)

10.Então, disse Judá: Já desfaleceram as forças dos carregadores, e os escombros são muitos; de maneira que não podemos edificar o muro.

11.Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão disto, nem verão, até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos cessar a obra.

12. Quando os judeus que habitavam na vizinhança deles, dez vezes, nos disseram: De todos os lugares onde moram, subirão contra nós,

Os nossos inimigos estão sempre procurando uma brecha para nos atingir e assim paralisar a obra de Deus. Eles usaram três expedientes para impedir o avanço da obra de Deus:

a) Em primeiro lugar, os inimigos tentaram paralisar a obra provocando desânimo interno (Ne.4:10). Os problemas internos são mais perigosos do que os problemas externos. Os carregadores estavam sem forças, os escombros eram muitos e a conclusão óbvia era: "não podemos edificar o muro". Eles sentiram que não tinham capacidade para concluir a obra. Muitas vezes, o nosso maior problema somos nós mesmos. O maior obstáculo da obra são os obreiros, dizia Dwight Moody. Um povo desanimado sempre olha para as circunstâncias em vez de olhar para o Senhor; escuta mais a voz do inimigo do que a voz de Deus.

b) Os inimigos tentaram paralisar a obra espalhando boatos... (Ne.4:12). Aqueles que moravam fora de Jerusalém, próximos desses inimigos, traziam comentários assustadores e os espalhavam no meio do povo. Eles diziam:

"De todos os lugares onde moram, subirão contra nós. Estamos completamente cercados, não temos a mínima chance".

O boato visa destruir o espírito de coragem e cooperação. Boatos são setas do inimigo. Onde prospera a boataria, os obreiros de Deus ficam alarmados e a obra de Deus é paralisada. Os boatos sempre superdimensionam os problemas. Parecia uma invasão avassaladora, irresistível. O povo estava guardando os muros, mas não estava guardando seus ouvidos do que os inimigos diziam. Neemias enfrentou esse problema do desânimo de três formas diferentes:

·    Advertiu o povo: "Não os temais".

·    Animou o povo: "Lembrai-vos do Senhor".

·    Motivou o povo: "Pelejai pelas vossas famílias”.

“E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (Ne.4:14).

c) Os inimigos tentaram paralisar a obra destruindo o povo de Deus (Ne.4:11). A Bíblia diz que a nossa luta não é contra carne e sangue. O nosso inimigo é ladrão e assassino. Ele veio roubar, matar e destruir. Ele tem arruinado muitas vidas, destruído muitos lares, debilitado muitas igrejas, paralisado em muitos lugares a obra de Deus. O povo de Deus precisa ter sabedoria e discernimento nestes momentos de perseguição do inimigo, e tomar posse das armas adequadas de ataque e defesa contra as potestades do mal. É o que Paulo recomenda em Efésios 6:11-18).

III. QUAIS SÃO AS ARMAS DE COMBATE ÀS AMEAÇAS E SUTILEZA DO INIMIGO?

Neemias nos ensina cinco princípios (Adaptado do Livro Neemias, de Hernandes Dais Lopes):

1. Cada um deve defender sua própria família (Ne.4:13,14b)

13.então, pus o povo, por famílias, nos lugares baixos e abertos, por detrás do muro, com as suas espadas, e as suas lanças, e os seus arcos;

14.inspecionei, dispus-me e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa mulher e vossa casa.

Um líder precisa saber como repreender, encorajar e motivar os outros. Não podemos ter uma Igreja forte se não protegermos nossa própria família das investidas do inimigo. Neemias era sábio o suficiente para saber que cada um devia defender prioritariamente sua própria família. Neemias exorta: "[...] pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa mulher e vossa casa".

2. Precisamos empunhar as armas de defesa e combate (Ne.4:13)

Não podemos enfrentar os inimigos sem usarmos nossas armas de defesa e combate. Cada obreiro é um soldado. Estamos em guerra. Nessa batalha espiritual enfrentamos inimigos invisíveis e tenebrosos. Nessa batalha não há trégua nem pausa. Nossos adversários não descansam, não tiram férias nem dormem. Eles vivem nos espreitando e buscando uma oportunidade para nos atacar. Precisamos vigiar e empunhar as armas.

As principais armas que Neemias utilizou para enfrentar a pressão e o ataque dos inimigos foram: a Oração e a vigilância:

 “Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles”(Ne.4:9).

O apóstolo Paulo, também, exorta a Igreja a tomar posse destas armas: “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef.6:18).

a) A oração – “Porém nós oramos ao nosso Deus...”. Neemias era um homem prático, um administrador por excelência. Ele tinha a capacidade de fazer as perguntas certas, de contatar as pessoas certas, de mobilizar essas pessoas, levantar seu ânimo e desafiá-las para uma grande obra. Mas, Neemias sabia que o sucesso da obra de Deus dependia também e, sobretudo, de oração. Esse grande líder sabia que fé (oração) e obra (puseram guarda) andam juntas. A oração não é um substituto da ação. Não podemos enfrentar os inimigos sem o socorro de Deus, sem a ajuda do céu.

b) Vigilânca – “...pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles”. Neemias era um sujeito prático. Ele não era uma dessas pessoas de quem algumas vezes dizemos que são tão religiosas que não têm qualquer utilidade terrena. Ele mantinha os seus pés no chão. Ele sabia como organizar e atuar. Mas ele decidiu que, enquanto orava e trabalhava, deveria haver uma sentinela que vigiasse dia e noite, e que cada seção do muro deveria ser guardada pela vigília de um homem atento ao inesperado ataque do inimigo. Portanto, não basta orar, é preciso vigiar. É preciso manter os olhos abertos. É preciso existir estreita conexão entre o céu e a terra, confiança e boa organização, fé e obras. É preciso estar atento aos ardis, laços e ciladas do inimigo. Muitos caem porque deixam de vigiar.

3. Precisamos ter uma liderança firme e exemplar (Ne.4:14)

Neemias não abandonou o povo na hora da pressão. Ele inspecionou a obra. Ele tomou a frente. Ele desafiou os líderes. Ele deu exemplo.

A liderança ocupa uma posição de absoluta importância na hora do combate. Uma liderança fraca, medrosa, vacilante e sem vida não transmite segurança para o povo na hora da crise. Só líderes fortes e incorruptos podem conduzir o povo a grandes vitórias.

4. Precisamos colocar os olhos em Deus e não no inimigo (Ne.4:14)

O ponto básico do desafio de Neemias é: "Lembrai-vos do Senhor". Observe o que Deus já fez. Olhe para a sua fidelidade no passado. Veja os livramentos que Ele já deu ao Seu povo. Não será diferente agora.

Temos de ter muito cuidado com a festa da vitória. Nunca somos tão vulneráveis quanto depois de uma grande vitória. A tendência depois de uma consagradora vitória é ensarilhar as armas. Elias, depois de retumbante vitória no Monte Carmelo sobre os profetas de Baal, tirou os olhos de Deus e fugiu amedrontado diante das ameaças insolentes de Jezabel. O segredo da vitória contínua é mantermos continuamente nossos olhos em Deus em vez de colocá-los nas circunstâncias ou nas pessoas.

5. Precisamos redirecionar o foco do nosso temor (Ne.4:14)

“...lembrai-vos do Senhor, grande e temível”.

Em vez de temer o inimigo, devemos nos voltar para o nosso Senhor, grande e temível. Quem teme a Deus, não teme aos homens. Quando colocamos os nossos olhos em Deus, Ele frustra os desígnios do nosso inimigo. Muitos líderes naufragam porque em vez de temer a Deus, temem os homens; em vez de agradar a Deus, tentam agradar os homens; em vez de servir a Deus, tentam bajular os homens.

CONCLUSÃO

Em cada época existem aqueles que odeiam o povo de Deus e tentam impedir a realização dos seus propósitos. Mas, Deus é mais forte do que todos os seus adversários. Se confiarmos nele, teremos bom êxito no trabalho. Neemias sabia que o Senhor o havia enviado para Jerusalém, e que pelejava por eles. Esta certeza, acompanhada do compromisso com a oração foram importantes para que o servo do Senhor alcançasse êxito na sua missão.

“Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia”(1João 3:13).

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que restaurou uma nação.

Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.