2º Trimestre/2015
Texto Base: Lucas 8:22-25,35-39
“E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E
eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até
aos ventos e à água manda, e lhe obedecem? ” (Lc 8:25)
Durante
seu ministério, Jesus mostrou o seu poder sobre a doença, a morte, a natureza e
os demônios. Embora Deus tivesse se utilizado de outros profetas para realizar
sinais e prodígios que envolveram a agitação das leis naturais, como a passagem
do mar vermelho por intermédio de Moisés (Ex 14:15-26), ou a passagem pelo rio
Jordão por Elias (2Rs 2:8), ou, ainda, o flutuar do ferro de um machado por
Eliseu (2Rs 6:5-7), Jesus a todos superou, a ponto de Seus discípulos, em um
destes milagres, ter exclamado: “…quem é
este que até o vento e o mar lhe obedecem? ” (Mc 4:41). Enquanto Moisés
passou o mar em seco (Ex 14:22), Jesus andou sobre as águas (João 6:19);
enquanto Eliseu fez com que vinte pães satisfizessem cem homens (2Rs 4:42-44),
Jesus, partindo poucos pães, por duas oportunidades, saciou a milhares de
homens, fora mulheres e crianças (Mt 14:14-21, Mc 6:34-44, Lc 9:11-17, João 6:3-14;
Mt 15:32-38: Mc 8:1-9). Vemos, pois, que Jesus demonstrou, com muito maior intensidade,
o poder de Deus em sua vida, a comprovar que era distinto de todos os demais
profetas, pois além de homem, era também Deus.
I. JESUS E AS FORÇAS SOBRENATURAIS
1. Poder sobre a natureza. O
Novo Testamento narra vários episódios que pregam o poder de Jesus sobre a
natureza. Um desses episódios encontra-se em Lucas 8:22-25. Mas, quero
enfatizar aqui outro episódio que ocorreu, em que Jesus demonstrou o seu poder
sobre a natureza. Está registrado em Mt 14:22-33.
Certa feita Jesus compeliu os discípulos que
atravessam para o outro lado do Mar da Galileia (Mt 14:22). Os discípulos prontamente
obedeceram a Jesus. Agora, o mínimo que eles esperavam era uma viagem segura e
uma chegada certa. Todavia, mesmo obedecendo a Jesus, eles são colhidos por uma
terrível e ameaçadora tempestade. Aqueles discípulos já haviam enfrentado outra
tempestade no mar (Lc 8:22-25), mas Jesus estava com eles. Eles clamaram ao
Mestre, que prontamente os socorreu. Mas agora eles estão sozinhos. O mar fica
empolado. O vento rijo sopra com fúria. O barco é chicoteado pelas ondas. O
pavor começa a inundar o coração deles. Eles remam com toda a virilidade e
destreza, mas o barco não segue o rumo desejado. Eles fazem o máximo esforço,
mas o barco ainda rodopia no meio do mar, no epicentro do perigo. Eles gritam
por socorro, mas só ouvem o barulho da tempestade. Oram, mas só encontram como
resposta o silêncio. Você já viveu a
experiência de passar por uma tempestade, orar e só ouvir o silêncio de Deus?
Você já passou por vales escuros e teve a sensação de que, quanto mais orava,
mais as coisas se agravavam? Você já teve a sensação de clamar a Deus com todas
as forças da sua alma sem obter resposta alguma? Creio que muitos passaram e
estão passando por essa tensão em sua vida. Contudo, o silêncio de Deus não
significa distância nem indiferença. Ele não deixa de velar por nós e de nos
cercar com o seu cuidado quando está em silêncio. Creia, muitas vezes o silêncio
de Deus é pedagógico. Sempre que ele fica em silêncio é porque nos quer ensinar
verdades sublimes.
Jesus
não estava indiferente ao clamor dos discípulos no mar da Galileia. Ele estava
no monte orando por eles. Hoje, Jesus está à destra do Pai intercedendo por
nós. Mesmo quando não ouvimos a sua voz, ele está intercedendo em nosso favor
junto ao Pai.
E na quarta vigília da noite Jesus
aparece caminhando sobre as ondas. A noite era escura. O mar
estava bravio. O vento fuzilava com fúria, encrespando as ondas. O naufrágio
parecia inevitável. Eles estavam diante de uma catástrofe iminente. De repente,
um vulto estranho se movimenta sobre a tormenta, caminha com firmeza e segurança
sobre a superfície das águas. Jamais alguém vira algo semelhante. Os discípulos
se apavoram e gritam: "É um
fantasma!". Os discípulos esperavam Jesus, mas não daquele jeito.
Esperavam vê-lo noutro barco, chegando por um caminho convencional. Jesus
mostra a sua autoridade e poder sobre aquilo que aflige os seus filhos. As
ondas representavam o perigo real que conspirava contra os discípulos. O mar se
tornara o grande gigante que os ameaçava. A turbulência das águas era um
monstro indomável. Quando Jesus aparece, subjuga aos seus pés aquilo que
amedronta os discípulos.
Jesus
é maior do que os nossos problemas. Aquilo que é maior do que as nossas forças
e nos mete medo, está literal e completamente debaixo dos pés de Jesus. Ele tem
toda a autoridade e todo o poder no céu e na Terra. Quem está com Cristo está
do lado mais forte, do lado do vencedor. Se Deus é por nós, quem será contra nós?
2.
Poder sobre os demônios. Além do seu domínio sobre
a natureza, Jesus tem poder sobre toda a sua criatura, inclusive sobre os
demônios. Estes tremiam de pavor quando Jesus chegava. Veja o caso do
endemoninhado gadareno (Lc 8:22-33). Logo que Jesus desembarcou em Gadara, o
homem possesso correu cheio de medo, e prostrou-se aos seus pés para adorá-lo
(Lc 8:28). Os demônios sabiam quem era Jesus; sabiam que Jesus é o Filho do Deus
Altíssimo, que tem todo poder para atormentar os demônios e mandá-los para o
abismo. Os demônios creem na divindade de Cristo, na sua total autoridade. Eles
creem nas penalidades eternas – “....
Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? ” (Mt 8:29).
Jesus libertou o homem gadareno da
escravidão dos demônios (Lc 8:6-15). Jesus se manifestou para destruir as obras
do diabo (1João 3:8). Até os demônios estão debaixo da sua autoridade. Mediante
a autoridade da palavra de Jesus, a legião de demônios bateu em retirada e o
homem escravizado ficou livre (Lc 8:33). Cristo é o atormentador dos demônios e
o libertador dos homens. Aonde Ele chega, os demônios tremem e os cativos são
libertos. Satanás tentou matar Jesus na tempestade quando estava indo em
direção a Gadara, e agora tenta impedi-lo de entrar na região de Gadara. Mas em
vez de intimidar-se com a legião de demônios, Jesus é quem espalha terror no
exército demoníaco, porque Ele tem poder sobre os demônios.
II. JESUS E A REALIDADE DOS DEMÔNIOS
1. Uma realidade bíblica. A
realidade dos demônios é ensinada no Novo Testamento. Só no Evangelho de Lucas
encontramos dezenas de textos mostrando esta verdade (Lc 4:41; 6:18; 8:26-39;
9:42). Mas, os liberais, os céticos e incrédulos negam a existência e ação dos
demônios. Para eles, o diabo é uma figura lendária e mitológica. Negar a
existência e ação do diabo é cair nas malhas do mais ardiloso satanismo. Apesar
da pura realidade bíblica sobre os demônios não se deve fazer apologia dos seus
hábitos. Há segmentos chamados evangélicos que falam mais no Diabo do que
anunciam Jesus; pregam mais sobre exorcismo do que arrependimento; vivem
caçando demônios, neurotizados pelo chamado movimento de batalha espiritual.
Isso não deve acontecer numa igreja que se diz cristã.
2.
Uma realidade experimental. Na Palestina do primeiro
século, bem como nestes últimos dias de dominação gentílica, a presença de
pessoas oprimidas ou possuídas por demônios era e é uma realidade cotidiana. Lucas
diz que Jesus libertou muitas pessoas de espíritos demoníacos (Lc 8:26-39;
9:37-43). Descrevo aqui, com mais detalhes, sobre o poder maligno que estava na
vida de um jovem, narrado por Lucas (Lc 9:37-43). A casta de demônios fazia
esse jovem ranger os dentes, convulsionava-o e lançava-o no fogo e na água,
para matá-lo. Os sintomas desse jovem apontam para uma epilepsia, mas não era
um caso comum de epilepsia, pois além de estar sofrendo dessa desordem
convulsiva, era também um surdo-mudo. O espírito imundo que estava nele o havia
privado de falar e ouvir.
A possessão demoníaca é uma realidade
dramática que tem afligido muitas pessoas ainda hoje. Os ataques àquele jovem
eram tão frequentes e fortes que o menino não crescia, mas ia definhando.
O Diabo não poupa nem mesmo as crianças.
Aquele jovem vivia dominado por uma casta de demônios desde a sua infância (Mc
9:21). Há uma orquestração do inferno para atingir as crianças. Se Satanás
investe desde cedo na vida das crianças, não deveríamos nós, com muito mais
fervor investir na salvação delas? Se as crianças podem ser cheias de demônios,
não poderiam ser também cheias do Espírito de Deus?
É válido ainda salientar que o poder
demoníaco que estava sobre esse jovem agia com requinte de crueldade – “... o despedaça até espumar; e só o larga
depois de o ter quebrantado” (Lc 9:39). Esse jovem era filho único (Lc
9:38). Ao atacar esse rapaz, o diabo estava destruindo os sonhos de uma
família. Onde os demônios agem, há sinais de desespero. Onde eles atacam, a
morte mostra sua carranca. Onde eles não são confrontados, a invasão do mal
desconhece limites. Isso não é mito, é uma triste realidade.
III. JESUS E A OBRA DOS DEMÔNIOS
1. Jesus e a oposição dos demônios. O
caso da libertação do endemoninhado de Gadara é um dos muitos relatos que
mostra como os demônios se manifestam em oposição a obra de Jesus: “Quem tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Peço que não me atormentes” (Lc 8:28). As Escrituras Sagradas
ensinam quais as obras principais de Satanás e seus demônios: “Matar, roubar e destruir”(João 10:10).
Veja a seguir, uma visão clara sobre o que Satanás
pode fazer com as pessoas. Tomemos como base a situação degradante do
endemoninhado gadareno (Adaptado do livro
“MARCOS – O Evangelho dos Milagres. Hernandes Dias Lopes”).
a) Ele domina as pessoas, através da
possessão (Mc 5:2,9). O
gadareno estava possuído por espíritos imundos. Havia uma legião de demônios dentro
dele - “E, saindo ele do barco, lhe saiu
logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo, o qual tinha
a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender”.
(1)
uma pessoa possessa tem dentro de si uma
entidade maligna (5:2,9). Esse homem não estava no
controle de si mesmo. Suas palavras e suas atitudes eram determinadas pelos
espíritos imundos que estavam dentro dele. Ele era um cavalo dos demônios, um
joguete nas mãos de espíritos assassinos.
(2)
uma pessoa possessa manifesta uma força
sobre-humana (Mc 5:3,4) - “o
qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém
prender. Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as
cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém
o podia amansar”. As pessoas não podiam detê-lo nem as cadeias subjugá-lo. A
força destruidora com que despedaçava as correntes não procedia dele, mas dos
espíritos malignos que nele moravam.
(3)
uma pessoa possessa tem frequentes
acessos de raiva (Mt 8:28) - “...tão ferozes eram, que ninguém podia passar
por aquele caminho”. O evangelista
Mateus, narrando esse episódio, diz que os endemoninhados estavam
a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho.
(4)
uma pessoa possessa perde o amor próprio
(Mc 5:3,5) - “o qual tinha a sua morada nos sepulcros.
E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes e pelos sepulcros e ferindo-se
com pedras”. Esse homem andava nu e feria-se com pedras. Em vez de proteger-se,
feria-se a si mesmo. Ele era o
seu próprio inimigo. O ser maligno que estava dentro dele empurrou-o
para as cavernas da morte. A legião de demônios que estava nele tirou dele o
pudor e queria destruí-lo e matá-lo. O diabo veio para roubar, matar e
destruir. Ele é ladrão e assassino. Há muitas pessoas que hoje ceifam a própria
vida, quando esses espíritos imundos entram nelas. Foi assim com Judas, Satanás
entrou nele e o levou ao suicídio.
b)
Satanás arrasta as pessoas para a impureza (5:2,3a). Gadara
era uma terra gentílica, onde as pessoas lidavam com animais imundos. O
espírito que estava naquele homem era um espírito imundo. Por isso, levou esse
homem para um lugar impuro - o cemitério -, para viver no meio dos sepulcros.
Os espíritos malignos levam as pessoas a se
envolverem com tudo o que é imundo. Quem pratica o pecado é escravo do pecado. Há
pessoas que hoje entram nos cemitérios e desenterram defuntos para fazerem
despacho aos demônios. Isso é prática demoníaca.
A promiscuidade está atingindo patamares
insuportáveis. A pornografia tornou-se uma indústria poderosa. A promiscuidade
dos valores da geração contemporânea faz de Sodoma e Gomorra cidades muito
puritanas.
c) Satanás torna as pessoas violentas
(Mc 5:3,4) - “...e nem ainda com cadeias o podia alguém prender. Porque, tendo sido
muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em
pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém o podia amansar”.
O endemoninhado constituiu-se um problema
para a família e para a sociedade. O amor familiar e a repressão da lei não
puderam domesticar aquela fera indomável. Ele era como um animal selvagem.
Resistia a qualquer tentativa de controle externo. Os seus familiares não o
suportaram mais e o expulsaram.
Há seres humanos que se transformam em
monstros malfeitores, em feras indomáveis. Nem o amor da família nem o rigor da
lei têm abrandado a avalanche de crimes violentos em nossos dias: são
terroristas que enchem o corpo de bomba e explodem espalhando morte. São os
vândalos que incendeiam ônibus nas ruas. São pistoleiros de aluguel que
derramam sangue por dinheiro. São traficantes que matam e morrem para alimentar
o seu vício abominável.
d) Satanás atormenta as pessoas (Mc 5:5) -
“e andava sempre, de dia e de noite, clamando
pelos montes e pelos sepulcros e ferindo-se com pedras”.
O gadareno estava perturbado mentalmente. Ele
andava sempre, de noite e de dia gritando por entre os sepulcros. Não havia
descanso para sua mente nem para seu corpo. Além da perturbação mental,
ele golpeava-se com pedras. Vivia nu e ensanguentado, correndo pelos montes
escarpados. Seu corpo emagrecido refletia o estado deprimente a que um ser
humano pode chegar quando está sob o domínio de Satanás.
Há muitas pessoas hoje atormentadas,
inquietas e desassossegadas, vivendo nas regiões sombrias da morte, sem
família, sem liberdade, sem dignidade, sem amor próprio, ferindo-se a si mesmas
e espalhando terror aos outros.
2.
Jesus e a libertação de endemoninhados. Jesus veio para
destruir as obras do Diabo (1João 3:8). Ele veio para que as pessoas tenham
vida, e a tenham em abundância (João 10:10). Veja o exemplo do gadareno.
a)
Jesus libertou esse homem da escravidão dos demônios (Mc 5:6-15). Diante
de Jesus, todo joelho precisa se dobrar; até os demônios estão debaixo da
autoridade de Jesus. Mediante a autoridade da palavra de Jesus a legião de
demônios bateu em retirado e o homem escravizado ficou livre. Aonde Jesus
chega, os demônios tremem e os cativos são libertos.
b)
Jesus devolveu a esse homem a dignidade da vida (Mc 5:15) - “e foram ter com Jesus, e viram o
endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e
temeram”.
Jesus restituiu a esse homem sua sanidade
mental. Aonde Jesus chega, ele restaura a mente, o corpo, a alma. Esse homem
não é mais violento. Ele não oferece mais nenhum perigo à família nem à
sociedade. Não há outro poder que transforma além do poder de Jesus. Só Ele
cura; só Ele restaura; só Ele salva. Ele continua transformando monstros em
homens santos; escravos de Satanás em homens livres; abortos vivos da sociedade
em vasos de honra. Glórias sejam dadas ao Seu santo nome!
CONCLUSÃO
Os demônios e sua força destrutiva é uma
realidade. Todavia, o cristão que é cheio do Espírito Santo, que está em
contínua comunhão com Deus, está guardado e não há porque temer as forças do
mal (Rm 8:38,39; Lc 10:18,19; Ef 6:10-18). Temos plena confiança que Deus está
no controle de tudo, e que Satanás não agirá sem a devida permissão de Deus.
Creia nisso!
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Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 62. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Comentário
Lucas – à Luz do Novo Testamento Grego. A.T. ROBERTSON. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
John
Vernon McGee. Através da Bíblia – Lucas. RTM.
Leon
L. Morris. Lucas (Introdução e Comentário). VIDA NOVA.
Hernandes
Dias Lopes. MARCOS – O Evangelho dos Milagres.
HORTON,
Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
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