domingo, 14 de janeiro de 2018

Aula 03 – A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A MOISÉS


1º Trimestre/2018


Texto Base: Hb.3:1-19

"Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou" (Hb.3:3).

 INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da superioridade de Jesus em relação a Moisés quanto à tarefa, à autoridade e o discurso, que o autor da Epístola aos Hebreus faz questão de relatar aos destinatários da Epístola. A superioridade de Jesus em relação a qualquer ser humano ou dos anjos é tão óbvia que, certamente, seria dispensável falar sobre esse assunto. De imediato, podemos dizer que Jesus foi o criador de todos as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis (Gn.1:26; João 1:3; Cl.1:16). Portanto, o contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é visto como um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado como servo, Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus numa missão celestial, eterna. Na Antiga Aliança, Moisés é considerado um grande profeta pelos israelitas, mas, na Nova Aliança, Jesus é superior a Moisés, pois encarnou-se tomando a forma humana, ou seja, tornou-se o Emanuel - “Deus entre nós” -, concedendo a gloriosa e eterna salvação para todos os que nEle creem.

I. UMA TAREFA SUPERIOR

1. Uma vocação superior. “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial...” (Hb.3:1). O ator dirige estas palavras aos destinatários da Epístola, a quem chama afetuosamente de irmãos santos; o autor afirma que eles não foram apenas um povo nômade pelo deserto escaldante à procura da Terra Prometida, mas herdeiros de uma vocação superior, a celestial.

A vocação celestial está em contraste com a vocação terrena de Israel. Os santos do Antigo Testamento foram chamados para bênçãos materiais na terra prometida (embora eles também tivessem a esperança celestial). Na era da Igreja, os cristãos são chamados para as bênçãos espirituais no céu agora e para uma herança celestial no futuro. Os destinatários da Epístola não deveriam ter dúvida alguma de que Jesus, como Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo superior a Moisés, a quem coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena.

2. Uma missão superior. “[...] considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1). Observe que o autor usa a palavra apóstolo em relação a Jesus. A palavra apóstolo se refere a alguém que é comissionado como um representante autorizado. Segundo o antigo concerto, Moisés era o apóstolo, isto é, o enviado por Deus, com a sua autoridade, para uma missão especial: conduzir o povo de Deus à Terra Prometida; todavia, a missão de Jesus é muito superior: conduzir o povo de Deus da Nova Aliança (Igreja) à Canaã celestial. A missão mosaica era daqui, ou seja, a Canaã terrena, porém, a missão de Jesus possuía uma vocação celestial. Portanto, uma missão muito superior.

Deus enviou Jesus à Terra como um Mensageiro. Ele veio, entregando a mensagem de Deus para as pessoas. Confessando-o como Apóstolo, queremos dizer que ele representa Deus para nós. Ele é o Apóstolo da nossa confissão, alguém com autoridade na missão de nos conduzir ao destino eterno.

3. Uma mediação superior. “[...] considerai a Jesus Cristo... sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1). Depois de afirmar que Jesus era "o Apóstolo", o autor também diz que Ele é o "Sumo Sacerdote da nossa confissão". Após cumprir a sua missão como Apóstolo de Deus, Jesus voltou ao Céu como o nosso Sumo Sacerdote. Ele veio entregando a mensagem de Deus para as pessoas, e retornou levando as pessoas de volta a Deus. Jesus agora serve como o mediador entre as pessoas e Deus (1Tm.2:5). Portanto, a mediação de Jesus é em tudo superior ao sistema mosaico e levítico. Cristo é o mediador da nossa confissão. Ao confessá-lo como Sumo Sacerdote, dizemos que ele nos representa diante de Deus.

É somente através de Jesus Cristo que podemos aproximar-nos de Deus (Hb.7:25), confiando na sua morte expiatória para nos remir dos nossos pecados, e orando com fé, pedindo forças e misericórdia divinas para nos ajudar em todas as nossas necessidades. Não dedemos permitir que criatura alguma usurpe o lugar de Cristo em nossa vida, dirigindo-se-lhe orações. Por que? “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm.2:5).

 II. UMA AUTORIDADE SUPERIOR

“Hebreus destaca o Senhor Jesus como o construtor da Nova Aliança; o Filho amado de Deus; o ministro excelente da Igreja de Deus”.

1. Construtor, não apenas administrador. “Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa” (Hb.3:2). Há um aspecto no qual Cristo era reconhecidamente similar a Moisés. Ele foi fiel a Deus, assim como também o era Moisés em toda a casa de Deus. A casa, aqui, não significa apenas o tabernáculo, mas também toda a esfera onde Moisés representou os interesses de Deus; essa casa é Israel, o povo de Deus no Antigo Testamento. Mas aí acaba a semelhança. Em todos os outros aspectos, há uma superioridade indiscutível:

- Primeiro, o Senhor Jesus era o Construtor da casa de Deus. O Senhor Jesus é digno de tanto maior glória do que Moisés, assim como o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. O Senhor Jesus era o construtor da casa de Deus, Moisés era apenas parte da casa.

- Segundo, Jesus é superior porque é Deus – “Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou” (Hb.3:3). Toda casa deve ter um construtor. Aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus. De João 1:3, Colossenses 1:16 e Hebreus 1:2,10, sabemos que o Senhor Jesus foi agente ativo na criação. A conclusão é inevitável: Jesus Cristo é Deus.

- Terceiro, Jesus Cristo é superior como Filho. Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo (Nm.12:7), apontando aos homens o Messias que viria. Ele era testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas, isto é, as boas-novas da salvação em Cristo. Foi por isso que Jesus disse uma vez: “Porque, se, de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito” (João 5:46). Em seu discurso aos discípulos no caminho de Emaús, Jesus “começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc.24:27).

2. O perigo de ver, mas não crer. "[...] E viram, por quarenta anos, as minhas obras" (Hb.3:9). Os destinatários da Epístola aos Hebreus conheciam bem a história de Israel. A geração que deixou o Egito tinha testemunhado milagres espantosos, contudo tinha perdido a fé em Deus. Eles estavam prestes a entrar na Terra prometida, mas ficaram com medo do relatório dos espias, que falava de cidades muradas e homens gigantes. Naquele ponto, eles rebelaram-se, endurecendo os seus corações, recusando-se a confiar que Deus os ajudaria a tomar a terra que Ele lhes havia prometido (Nm.13:26-14:38). A incredulidade deles os impediu de receber as recompensas e bênçãos que Deus tinha para eles. Embora Deus os tivesse resgatado miraculosamente do Egito e tivesse demonstrado o poder e o cuidado que Ele dedica ao seu povo, esse povo desobedeceu a Deus. Não somente naquele momento, mas durante todos os quarenta anos de peregrinação no deserto, o povo constantemente testava a paciência de Deus. Ele continuava a operar milagres em favor deles; eles continuavam a endurecer os seus corações contra Ele.

Os destinatários originais da Epístola aos Hebreus estavam prestes a abandonar a Cristo e retornar ao judaísmo. O texto de Hb.3:9 os lembrava das consequências de endurecer os seus corações contra Deus, usando o exemplo de seus ancestrais. Esperava-se que estes cristãos aprendessem com os erros de seus antepassados. Os crentes são advertidos: “Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação” (Hb.3:15). Corações endurecidos pode ser o resultado da desobediência, da rebelião, da falta de confiança, da negligencia em relação à adoração, da recusa a se sujeitar, e da ingratidão pelo que Deus tem feito por nós.

3. O perigo de começar, mas não terminar.Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (Hb.3:10,11).

Neste texto o autor mostra o perigo de começar bem, mas não chegar; de andar, mas se desviar. O povo de Israel havia começado bem, mas terminado mal. Milhares não entraram no repouso do Senhor. É bom saber que Deus não ignora o pecado; o Senhor age contra Israel e o pune. Deus indignou-se porque Israel sempre errava em seu coração. O povo continuamente se desviava de Deus em suas atitudes, pensamentos e crenças. Se os corações do povo tivessem honrado a Deus, eles teriam confiado em Deus e entrado na Terra Prometida. Mas a sua rebelião levou ao castigo. Os israelitas perderam a chance de entrar na Terra Prometida quando Deus disse: “Não entrarão no meu repouso”.

Para o povo de Israel, o repouso era a Terra Prometida. Para nós cristãos, o repouso significa a nossa futura vida eterna com Cristo (Hb.4:8-11). Infelizmente, muitos cristãos começaram bem, mas correm o risco de caírem e perderem a fé. Precisamos aprender com o poro de Israel, no passado. Deus exige de nós fé e fidelidade. O Espírito Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco indefinitivamente se endurecermos os nossos corações por rebeldia. Existe um ponto do qual não há retorno (Hb.3:10). Deus adverte claramente em Provérbios 29:1 “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura”. Pense nisso!

III. UM DISCURSO SUPERIOR

1. O perigo de ouvir, mas não atender. “Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (Hb.3:7-11).

Aqui, o autor insere uma severa advertência contra o endurecer do coração. Esse fenômeno aconteceu com Israel no deserto e poderá acontecer de novo. Seguindo a redação da Septuaginta (tradução grega da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo 95:7-11. Assim, o Espírito Santo ainda fala por meio deste salmo, como fez quando o inspirou pela primeira vez: “hoje, se ouvires a sua voz”. Mas, há o grande perigo de ouvir e não atender, como aconteceu com o povo de Deus no Antigo Testamento, e era isto que o autor de Hebreus estava querendo alertar os destinatários da Epístola.

Toda vez que Deus fala, devemos estar prontos para ouvi-lo. Duvidar de sua Palavra é chamá-lo de mentiroso e, consequentemente, enfrentar sua ira.

Com Israel, no deserto, houve um deprimente registro de reclamações, cobiça, idolatria, descrença e rebelião. Em Refidim, por exemplo, o povo se queixou da falta de água e duvidou da presença de Deus em seu meio (Ex.17:1-17). No deserto de Parã, quando os espias descrentes retornaram com um relato pernicioso de desanimo e dúvidas (Nm.13:25-29), o povo decidiu que deveria voltar para o Egito, o país de sua escravidão (Nm.14:4). Deus ficou tão indignado que decretou que o povo deveria vagar quarenta anos pelo deserto (Nm.14:33,34). Dentre todos os soldados que saíram do Egito, de vinte anos para cima, apenas dois entrariam na terra de Canaã: Josué e Calebe (Nm.14:28-30). É significativo que assim como Israel passou quarenta anos no deserto, o Espirito Santo lidou com a nação de Israel por cerca de quarenta anos após a morte de Cristo. A nação endureceu seu coração contra a mensagem de Cristo. Consequentemente, em 70 d.C., Jerusalém foi destruída, e o povo espalhado entre as nações gentias.

- “Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”(Hb.3:10). O grande desagrado de Deus com Israel no deserto trouxe este anúncio severo. Deus acusou Israel de eterna propensão a se afastar dele e de ignorância voluntária de seus caminhos. Em sua ira, ele jurou que não entrariam em seu descanso, ou seja, na terra de Canaã.

Hoje, milhares de cristãos passam por uma perigosa onda de indisciplina. Por isso, eles correm o grande perigo de ouvir, mas não atender ao apelo; o perigo de ver, mas não crer na revelação; o perigo de começar, mas não terminar a jornada.

A voz de Deus, nos dias de hoje, ainda é bastante audível, e essencial, dirigida ao povo da nova Aliança: “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração”. É um apelo que Deus faz ao seu povo, porque muitas vezes demonstra ser tardio para ouvir. A advertência é clara: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:12,13).

3. Um coração mau e infiel. Outra advertência é dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que neles não houvesse um coração mau e infiel, que viesse afastá-los do Deus vivo:

Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo” (Hb.3:12).

O verbo afastar, no texto, é “apostenai” (gr.), palavra que dá origem ao termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho divino:

Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:13).

Muitos, por falta de orientação e advertência/exortação, endurecem o coração para Deus, desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão espiritual” e outras invencionices [LBM. 3º trimestre_2001].

4. Como nos tornamos participantes de Cristo – “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim” (Hb.3:14). O texto nos mostra como nos tornamos participantes de Cristo: “se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é corroborada pelo que Jesus asseverou: “..., mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.10:22). A pessoa só alcança a salvação plena quando aceita a Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção do nosso corpo” (Rm.8:23b). Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã, mais difícil ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras na eternidade estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira, como diz o apóstolo Paulo em 2Tm.4:7 [LBM. 3º trimestre_2001].

CONCLUSÃO

“A superioridade de Jesus em relação a Moisés é incontestável. Moisés era homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma missão tão grande. Jesus, nosso Salvador, mesmo na condição humana, em face de sua missão salvífica, “em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos, precisamos honrar a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão” [LBM. 3º trimestre_2001].

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

 

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