1º
Trimestre/2018
Texto Base:
Hb.3:1-19
"Porque
ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do
que a casa tem aquele que a edificou" (Hb.3:3).
Nesta Aula trataremos da
superioridade de Jesus em relação a Moisés quanto à tarefa, à autoridade e o
discurso, que o autor da Epístola aos Hebreus faz questão de relatar aos
destinatários da Epístola. A superioridade de Jesus em relação a qualquer ser
humano ou dos anjos é tão óbvia que, certamente, seria dispensável falar sobre
esse assunto. De imediato, podemos dizer que Jesus foi o criador de todos as
coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis (Gn.1:26; João 1:3;
Cl.1:16). Portanto, o contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é
visto como um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado
como servo, Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus
numa missão celestial, eterna. Na Antiga Aliança, Moisés é considerado um
grande profeta pelos israelitas, mas, na Nova Aliança, Jesus é superior a
Moisés, pois encarnou-se tomando a forma humana, ou seja, tornou-se o Emanuel -
“Deus entre nós” -, concedendo a gloriosa e eterna salvação para todos os que
nEle creem.
I. UMA TAREFA SUPERIOR
1. Uma vocação
superior. “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial...”
(Hb.3:1). O ator dirige estas palavras aos destinatários da Epístola, a quem
chama afetuosamente de irmãos santos; o autor afirma que eles não foram apenas
um povo nômade pelo deserto escaldante à procura da Terra Prometida, mas
herdeiros de uma vocação superior, a celestial.
A vocação celestial está
em contraste com a vocação terrena de Israel. Os santos do Antigo Testamento
foram chamados para bênçãos materiais na terra prometida (embora eles também tivessem
a esperança celestial). Na era da Igreja, os cristãos são chamados para as
bênçãos espirituais no céu agora e para uma herança celestial no futuro. Os
destinatários da Epístola não deveriam ter dúvida alguma de que Jesus, como
Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo superior a Moisés, a quem
coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena.
2. Uma missão superior. “[...] considerai a
Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1). Observe
que o autor usa a palavra apóstolo em relação a Jesus. A palavra apóstolo se
refere a alguém que é comissionado como um representante autorizado. Segundo o
antigo concerto, Moisés era o apóstolo, isto é, o enviado por Deus, com a sua
autoridade, para uma missão especial: conduzir o povo de Deus à Terra Prometida;
todavia, a missão de Jesus é muito superior: conduzir o povo de Deus da Nova
Aliança (Igreja) à Canaã celestial. A missão mosaica era daqui, ou seja, a
Canaã terrena, porém, a missão de Jesus possuía uma vocação celestial. Portanto,
uma missão muito superior.
Deus enviou Jesus à Terra
como um Mensageiro. Ele veio, entregando a mensagem de Deus para as pessoas.
Confessando-o como Apóstolo, queremos dizer que ele representa Deus para nós.
Ele é o Apóstolo da nossa confissão, alguém com autoridade na missão de nos
conduzir ao destino eterno.
3. Uma mediação superior. “[...] considerai a
Jesus Cristo... sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1). Depois de afirmar
que Jesus era "o Apóstolo", o autor também diz que Ele é o "Sumo
Sacerdote da nossa confissão". Após cumprir a sua missão como Apóstolo de
Deus, Jesus voltou ao Céu como o nosso Sumo Sacerdote. Ele veio entregando a
mensagem de Deus para as pessoas, e retornou levando as pessoas de volta a
Deus. Jesus agora serve como o mediador entre as pessoas e Deus (1Tm.2:5). Portanto,
a mediação de Jesus é em tudo superior ao sistema mosaico e levítico. Cristo é
o mediador da nossa confissão. Ao confessá-lo como Sumo Sacerdote, dizemos que
ele nos representa diante de Deus.
É somente através de
Jesus Cristo que podemos aproximar-nos de Deus (Hb.7:25), confiando na sua
morte expiatória para nos remir dos nossos pecados, e orando com fé, pedindo
forças e misericórdia divinas para nos ajudar em todas as nossas necessidades.
Não dedemos permitir que criatura alguma usurpe o lugar de Cristo em nossa
vida, dirigindo-se-lhe orações. Por que? “Porque há um só Deus e um só mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm.2:5).
II. UMA AUTORIDADE SUPERIOR
“Hebreus destaca o Senhor
Jesus como o construtor da Nova Aliança; o Filho amado de Deus; o ministro
excelente da Igreja de Deus”.
1. Construtor, não apenas administrador. “Sendo fiel ao que o
constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa” (Hb.3:2). Há um
aspecto no qual Cristo era reconhecidamente similar a Moisés. Ele foi fiel a
Deus, assim como também o era Moisés em toda a casa de Deus. A casa, aqui, não
significa apenas o tabernáculo, mas também toda a esfera onde Moisés
representou os interesses de Deus; essa casa é Israel, o povo de Deus no Antigo
Testamento. Mas aí acaba a semelhança. Em todos os outros aspectos, há uma
superioridade indiscutível:
- Primeiro, o Senhor Jesus era o Construtor da casa de Deus. O Senhor Jesus é
digno de tanto maior glória do que Moisés, assim como o construtor de uma casa
tem mais honra do que a própria casa. O Senhor Jesus era o construtor da casa
de Deus, Moisés era apenas parte da casa.
- Segundo, Jesus é superior porque é Deus – “Porque ele é tido por digno de
tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele
que a edificou” (Hb.3:3). Toda casa deve ter um construtor. Aquele que
estabeleceu todas as coisas é Deus. De João 1:3, Colossenses 1:16 e Hebreus
1:2,10, sabemos que o Senhor Jesus foi agente ativo na criação. A conclusão é
inevitável: Jesus Cristo é Deus.
- Terceiro, Jesus Cristo é superior como Filho. Moisés era fiel, em toda a
casa de Deus, como servo (Nm.12:7), apontando aos homens o Messias que viria.
Ele era testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas, isto é, as
boas-novas da salvação em Cristo. Foi por isso que Jesus disse uma vez:
“Porque, se, de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele
escreveu a meu respeito” (João 5:46). Em seu discurso aos discípulos no caminho
de Emaús, Jesus “começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc.24:27).
2. O perigo de ver, mas não crer. "[...] E viram, por quarenta anos, as minhas
obras" (Hb.3:9). Os destinatários da Epístola aos Hebreus conheciam
bem a história de Israel. A geração que deixou o Egito tinha testemunhado
milagres espantosos, contudo tinha perdido a fé em Deus. Eles estavam prestes a
entrar na Terra prometida, mas ficaram com medo do relatório dos espias, que
falava de cidades muradas e homens gigantes. Naquele ponto, eles rebelaram-se,
endurecendo os seus corações, recusando-se a confiar que Deus os ajudaria a tomar
a terra que Ele lhes havia prometido (Nm.13:26-14:38). A incredulidade deles os
impediu de receber as recompensas e bênçãos que Deus tinha para eles. Embora
Deus os tivesse resgatado miraculosamente do Egito e tivesse demonstrado o
poder e o cuidado que Ele dedica ao seu povo, esse povo desobedeceu a Deus. Não
somente naquele momento, mas durante todos os quarenta anos de peregrinação no
deserto, o povo constantemente testava a paciência de Deus. Ele continuava a
operar milagres em favor deles; eles continuavam a endurecer os seus corações
contra Ele.
Os destinatários
originais da Epístola aos Hebreus estavam prestes a abandonar a Cristo e
retornar ao judaísmo. O texto de Hb.3:9 os lembrava das consequências de
endurecer os seus corações contra Deus, usando o exemplo de seus ancestrais.
Esperava-se que estes cristãos aprendessem com os erros de seus antepassados. Os
crentes são advertidos: “Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso
coração, como na provocação” (Hb.3:15). Corações endurecidos pode ser o
resultado da desobediência, da rebelião, da falta de confiança, da negligencia
em relação à adoração, da recusa a se sujeitar, e da ingratidão pelo que Deus
tem feito por nós.
3. O perigo de começar, mas não terminar. “Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram
em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que
não entrarão no meu repouso” (Hb.3:10,11).
Neste texto o autor
mostra o perigo de começar bem, mas não chegar; de andar, mas se desviar. O
povo de Israel havia começado bem, mas terminado mal. Milhares não entraram no repouso
do Senhor. É bom saber que Deus não ignora o pecado; o Senhor age contra Israel
e o pune. Deus indignou-se porque Israel sempre errava em seu coração. O povo
continuamente se desviava de Deus em suas atitudes, pensamentos e crenças. Se
os corações do povo tivessem honrado a Deus, eles teriam confiado em Deus e
entrado na Terra Prometida. Mas a sua rebelião levou ao castigo. Os israelitas
perderam a chance de entrar na Terra Prometida quando Deus disse: “Não entrarão
no meu repouso”.
Para o povo de Israel, o
repouso era a Terra Prometida. Para nós cristãos, o repouso significa a nossa
futura vida eterna com Cristo (Hb.4:8-11). Infelizmente, muitos cristãos
começaram bem, mas correm o risco de caírem e perderem a fé. Precisamos
aprender com o poro de Israel, no passado. Deus exige de nós fé e fidelidade. O
Espírito Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco
indefinitivamente se endurecermos os nossos corações por rebeldia. Existe um
ponto do qual não há retorno (Hb.3:10). Deus adverte claramente em Provérbios
29:1 “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado
de repente sem que haja cura”. Pense nisso!
III. UM
DISCURSO SUPERIOR
1. O perigo de
ouvir, mas não atender. “Portanto, como diz o Espírito
Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como
na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me
provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. Por isso, me indignei
contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram
os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”
(Hb.3:7-11).
Aqui, o autor insere uma
severa advertência contra o endurecer do coração. Esse fenômeno aconteceu com
Israel no deserto e poderá acontecer de novo. Seguindo a redação da Septuaginta
(tradução grega da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo 95:7-11. Assim, o
Espírito Santo ainda fala por meio deste salmo, como fez quando o inspirou pela
primeira vez: “hoje, se ouvires a sua voz”. Mas, há o grande perigo de ouvir e
não atender, como aconteceu com o povo de Deus no Antigo Testamento, e era isto
que o autor de Hebreus estava querendo alertar os destinatários da Epístola.
Toda vez que Deus fala,
devemos estar prontos para ouvi-lo. Duvidar de sua Palavra é chamá-lo de
mentiroso e, consequentemente, enfrentar sua ira.
Com Israel, no deserto,
houve um deprimente registro de reclamações, cobiça, idolatria, descrença e
rebelião. Em Refidim, por exemplo, o povo se queixou da falta de água e duvidou
da presença de Deus em seu meio (Ex.17:1-17). No deserto de Parã, quando os
espias descrentes retornaram com um relato pernicioso de desanimo e dúvidas
(Nm.13:25-29), o povo decidiu que deveria voltar para o Egito, o país de sua
escravidão (Nm.14:4). Deus ficou tão indignado que decretou que o povo deveria
vagar quarenta anos pelo deserto (Nm.14:33,34). Dentre todos os soldados que
saíram do Egito, de vinte anos para cima, apenas dois entrariam na terra de
Canaã: Josué e Calebe (Nm.14:28-30). É significativo que assim como Israel
passou quarenta anos no deserto, o Espirito Santo lidou com a nação de Israel
por cerca de quarenta anos após a morte de Cristo. A nação endureceu seu
coração contra a mensagem de Cristo. Consequentemente, em 70 d.C., Jerusalém
foi destruída, e o povo espalhado entre as nações gentias.
-
“Por isso, me indignei contra esta
geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos.
Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”(Hb.3:10). O
grande desagrado de Deus com Israel no deserto trouxe este anúncio severo. Deus
acusou Israel de eterna propensão a se afastar dele e de ignorância voluntária
de seus caminhos. Em sua ira, ele jurou que não entrariam em seu descanso, ou
seja, na terra de Canaã.
Hoje, milhares de
cristãos passam por uma perigosa onda de indisciplina. Por isso, eles correm o
grande perigo de ouvir, mas não atender ao apelo; o perigo de ver, mas não crer
na revelação; o perigo de começar, mas não terminar a jornada.
A voz de Deus, nos dias
de hoje, ainda é bastante audível, e essencial, dirigida ao povo da nova
Aliança: “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração”. É um
apelo que Deus faz ao seu povo, porque muitas vezes demonstra ser tardio para
ouvir. A advertência é clara: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós
um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns
aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de
vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:12,13).
3. Um coração mau e infiel. Outra advertência é
dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que
neles não houvesse um coração mau e infiel, que viesse afastá-los do Deus vivo:
“Vede, irmãos, que nunca haja em
qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo”
(Hb.3:12).
O verbo afastar, no
texto, é “apostenai” (gr.), palavra que dá origem ao termo apostasia. No
versículo seguinte vem um conselho divino:
“Antes exortai-vos uns aos outros
todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se
endureça pelo engano do pecado” (Hb.3:13).
Muitos, por falta de
orientação e advertência/exortação, endurecem o coração para Deus, desviam-se e
até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em práticas
extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão espiritual”
e outras invencionices [LBM. 3º trimestre_2001].
4. Como nos tornamos participantes de Cristo – “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o
princípio da nossa confiança até ao fim” (Hb.3:14). O texto nos mostra
como nos tornamos participantes de Cristo: “se retivermos firmemente o princípio
da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é corroborada pelo que Jesus
asseverou: “..., mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.10:22). A
pessoa só alcança a salvação plena quando aceita a Cristo como Salvador e
permanece em santidade, até a “redenção do nosso corpo” (Rm.8:23b). Se por um
lado é difícil iniciar a carreira cristã, mais difícil ainda é continuar e
terminá-la. Porém, todas as promessas futuras na eternidade estão reservadas
para os vencedores, os que completam a carreira, como diz o apóstolo Paulo em 2Tm.4:7
[LBM. 3º trimestre_2001].
CONCLUSÃO
“A superioridade de Jesus em relação a Moisés é incontestável. Moisés era
homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma missão tão grande. Jesus,
nosso Salvador, mesmo na condição humana, em face de sua missão salvífica, “em
tudo foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos, precisamos honrar a Jesus
Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão” [LBM. 3º trimestre_2001].
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
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