3º
Trimestre/2017
Texto Base:
Romanos 12:5-21
"Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm.3:23).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao
estudo da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, estudaremos nesta Aula a
doutrina do pecado: origem, natureza, consequências e solução para o pecado. Cremos
que o homem foi criado bom por Deus, mas foi separado de Deus através do pecado
original; ou como diz a Declaração de Fé na linguagem de hoje: “CREMOS, professamos e ensinamos que o pecado
é a transgressão da Lei de Deus (1João 3:4), ou seja, a quebra do
relacionamento do ser humano com Deus”. O pecado é uma realidade que muitos homens não
querem aceitar. Vivemos em uma sociedade relativista, onde muitos não acreditam
mais que haja certo e errado. O erro, o pecado, segundo os relativistas, vai
depender do ponto de vista de cada um. Aliás, a história da raça humana que se
apresenta nas Escrituras Sagradas é primordialmente a história do homem num
estado de pecado e rebelião contra Deus e do plano redentor de Deus para levar
o homem de volta a Ele.
Nenhum homem pode dizer
que não tenha pecado. Quem assim afirma está no autoengano e é mentiroso. Diz o
apóstolo João: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós
mesmos, e a verdade não está em nós” (1João 1:8). Diz o apóstolo Paulo: “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm.3:23). Portanto, o
pecado é uma realidade, tem consequências extremamente danosas e o homem não
tem como enfrentá-las. Estaria, pois, irremediavelmente perdido se Deus não o
amasse e não providenciasse um escape. Disse Jesus: “Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
I. DEFININDO OS
TERMOS
1. Pecado. A palavra “pecado”
surge, pela primeira vez, nas Escrituras - na Versão Almeida Revista e
Corrigida -, em Gn.4:7, onde o Senhor adverte Caim de que ele deveria dominar
sobre o pecado, sob pena de ser dominado por ele. Tem-se, pois, a dura
realidade advinda da queda do primeiro casal, que fez com que os homens
passassem a viver o estigma do pecado, a ter uma constante luta contra ele.
Quando vemos a narrativa
bíblica da Criação, vemos que Deus não havia criado o pecado. Nos capítulos 1 e
2 de Gênesis, vemos que Deus criou todas as coisas, nos céus e na terra, mas
que tudo quanto havia criado era bom, muito bom (Gn.1:31). Como, então,
explicar que tenha vindo a existir o pecado e o mal? É esta, sem dúvida, uma
das principais questões que devem ser enfrentadas pelo estudioso das
Escrituras. Se Deus fez tudo bom, como é que existe o mal? O pecado é algo mal,
é algo que nos separa de Deus (Is.59:2). Como, então, entender o seu aparecimento,
se tudo o que Dez fez foi bom?
O profeta Isaías, em
texto que intriga a muitos, diz: ”Eu
formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor,
que faço todas estas coisas”(Is.45:7). Então, Deus criou o mal? Mas como
Deus, que é bom, pode ter vindo a criar o mal? Deus fez os anjos e o ser humano
com o livre-arbítrio, com a liberdade de escolher entre servi-lo, ou não.
Assim, estes seres, ao serem criados, tinham a possibilidade de desobedecer a
Deus e, portanto, o pecado já existia como uma possibilidade. Enquanto
possibilidade, o mal, portanto, tem sua base no livre-arbítrio, que é obra
divina, mas, na realidade o pecado não é algo que possa ser atribuído a Deus, e
sim a vontade do pecador. Diríamos que pecado é o desvio, o fracasso de nossa
parte dos propósitos de Deus em relação a nós. Contudo, o pecado é muito mais
sério. É uma violação, uma transgressão aos padrões divinos. É uma ofensa a
Deus. Ele colocou em nós o livre-arbítrio, a consciência, para que tomemos
decisões conforme sua vontade. Diríamos, portanto, que pecado:
Ø É não cumprir com os deveres cristãos (Tg.4:17). Pecado não é somente o
praticar o mal; deixar de fazer o bem também é pecado. Aqui está incluída a
indiferença.
Ø É “impiedade”(Rm.1:18). O pecado dos homens é visto por Deus como “impiedade”. O pecado é um
estado em que o homem se distancia de Deus e, por causa deste distanciamento,
deixa de ter santidade, deixa de ter os sentimentos próprios de Deus, passando
a ser cruel, maldoso, impuro e infiel. Sem se relacionar com Deus, o homem se
embrutece, querendo mostrar-se independente e superior a Deus, curva-se a
outras criaturas e até mesmo a objetos produzidos por ele mesmo. Em vez de se
mostrar um ser moral, dotado de equilíbrio e racionalidade, o homem passa a ter
um comportamento mais bestial que o dos próprios animais, gerando um estado
caótico que Paulo bem descreveu no capítulo da carta aos romanos. Por causa
disto, o mundo está cheio de impiedade, a começar pelo lugar do juízo e pelo
lugar da justiça (Ec.3:16), daí porque ter o profeta dito que a justiça humana
é como trapo de imundícia (Is.64:6).
Ø É “desobediência”, ou seja, “falta de obediência”, “recusa de
obedecer”(Rm.5:19). Tanto o querubim ungido quanto o primeiro casal não quiseram obedecer às
regras, às normas estabelecidas por Deus a eles. O querubim fora estabelecido
para ficar no monte santo de Deus, mas quis subir acima do Altíssimo. O
primeiro casal foi proibido de tomar do fruto da árvore da ciência do bem e do
mal, mas, igualmente, não obedeceu. A obediência é o que Deus requer do ser
humano, é a sua única exigência (Dt.10:12,13). Obedecer é melhor do que
sacrificar e o atender é melhor do que a gordura de carneiros (1Sm.15:22). A
desobediência à Palavra de Deus foi sempre a razão do fracasso de muitos
(Dt.8:20; Dn.9:11; At.7:39). Aos desobedientes é negado o repouso divino
(Hb.3:18), bem como reservado um triste fim (1Pd.4:17).
Ø
É “incredulidade”, a
“qualidade de quem não crê, de quem não tem fé”. O pecado é a falta de
crença em Deus e em sua Palavra. O pecador, em vez de crer em Deus e em sua Palavra , prefere
crer em fábulas, mentiras e ilusões, quase sempre bem arquitetadas pelo
adversário, que é o pai da mentira (João 8:44). A incredulidade foi o motivo
pelo qual a geração do êxodo, ou seja, os israelitas de vinte anos para cima
que saíram do Egito, não entraram na Terra Prometida (Hb.3:19) e será a razão
pela qual muitos não entrarão no reino de Deus, na Canaã celestial, pois sem fé
é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Quem age com incredulidade e nesta
incredulidade permanece, ficará fora da comunhão com o Senhor (Rm.11:20,23). Os
incrédulos estão sob o domínio do pecado, são enganados diuturnamente pelo
inimigo (2Co.4:4). O destino dos incrédulos é a morte eterna (Hb.11:31;
Ap.21:8).
3. O que é pecado? Terrível condenação está reservada ao
pecador perdido, e, portanto, é necessário que saibamos o que é pecado, para
que possamos livrar-nos de seu poder. João diz: “Todo aquele que pratica o
pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1João
3:4). Temos aqui a verdadeira definição do pecado: ele “é a transgressão da
lei”. Que lei? A Lei moral de Deus incutido na consciência de cada ser humano. Veja,
a seguir, algumas definições clássicas do pecado.
a) Definição etimológica. A definição etimológica
de pecado, tanto em hebraico como no grego, é errar o alvo. É errar o alvo
verdadeiro (Rm.3:23). O alvo certo é Deus e Sua glória, mas, quando pecamos,
erramos o alvo certo e ficamos separados de Deus. Só o perdão pelo sangue de
Jesus pode estabelecer a comunhão com Deus.
Quase sempre, pecado, em
hebraico, é tradução de “hattat”, que, em grego, é “hamartía”, ou seja,
“tortuosidade”, “desvio”. Portanto, o pecado é um “desvio”, é uma
“tortuosidade”, uma “distorção”, uma “saída de rota”, ou seja, é uma atitude
que sai dos objetivos, das regras, dos fins propostos por Deus aos seres
criados por ele com o livre-arbítrio. Deus havia estabelecido o querubim ungido
para glorificá-lo, “chefiar” esta glorificação, seja no Éden, seja no monte
santo de Deus. Mas o querubim ungido quis situar-se acima do trono do
Altíssimo, quis ser glorificado e não glorificar, o que representava um desvio,
uma distorção do fim instituído pelo Senhor e, por isso, pecou. De igual
maneira, o primeiro casal, feito para lavrar e guardar o jardim do Éden, bem
como para dominar sobre a criação terrena, adorando a Deus e lhe obedecendo,
também resolveu “saber” o bem e o mal, para ser igual a Deus (Gn.3:5) e, por
causa disto, também se desviaram da rota traçada pelo Senhor, pecando.
O pecado, portanto, é um
desvio de finalidade, de objetivo, de rumo, quando se deixa o que foi
estabelecido por Deus e, mediante um mau uso da liberdade de escolha, opta-se
por algo diverso do alvo predeterminado por Deus. Daí porque o salvo deve
sempre repetir as palavras do apóstolo Paulo: “…uma coisa faço e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante
de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus ” (Fp.3:13b,14).
Deus, também, ordena ao homem: “Este é o caminho; andai nele, sem vos
desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is.30:21)
b) Definição teológica. O pecado pode ser
definido, teologicamente, como a transgressão deliberada e voluntária das leis
estabelecidas por Deus. “Transgressão” é o ato de “transgredir” e
“transgredir”, por sua vez, é “passar de uma parte a outra”, “violar”,
“infringir”. O pecado apresenta-se como uma ação que vai além da vontade de
Deus, uma atitude desprendida da vontade divina. O pecado é um ato em que o ser
moral não leva em conta a vontade do seu Senhor e passa para o outro lado, ou
seja, age de acordo com a sua vontade, fora dos objetivos, das prescrições e
dos desejos de Deus. Transgredir é sair de debaixo da proteção de Deus, de
debaixo da mão de Deus para se manter independente, sem proteção, à mercê do
mal e do adversário, como fez Balaão (2Pd.2:16). É a quebra de um dever e de
uma ordem (Rm.2:23). Eis o motivo por que a Bíblia diz que, ao pecar, Eva caiu
em transgressão (1Tm.2:14), o mesmo se dando com relação a Adão (Rm.5:14). A
Bíblia diz que a transgressão receberá de Deus a justa retribuição (Hb.2:2).
Com efeito, sendo a transgressão um afastamento da vontade de Deus, uma quebra
de uma ordem divina, o ser moral que a comete assume a responsabilidade pelos
seus atos e deverá, pois, prestar contas ao Criador e Senhor de todas as coisas
– “os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os
mortos” (1Pd.4:5).
c) Definição bíblica. Em 1João 3:4 e 5:17
temos uma definição, embora pequena, essencial e completa: “O pecado é iniquidade”.
Isto significa “demasia”, “excesso”, “desigualdade”, “injustiça”. O pecado é um
ato que gera injustiça, ou seja, em que toma indevidamente algo que não é seu,
em que acrescenta demasiadamente para um e faz faltar para outrem. Assim, se,
ao pecar, afastamo-nos de Deus, o resultado disto é a “injustiça”, a “iniquidade”,
a “desigualdade”. Vive-se num mundo injusto e desigual em todos os sentidos
(econômico-financeiro, social, político, etc.), por causa do pecado, que é o
gerador de todos os distúrbios que padecemos. Um Dia, o iníquo prestará conta
de toda a iniquidade carregada consigo e ouvirão a dura sentença: “nunca vos
conheci” (Mt.7:21-23), precisamente porque têm o mal no seu coração (Sl.28:3).
II. ORIGEM DO
PECADO
De onde veio o pecado?
Como ele penetrou no universo? Primeiro, precisamos afirmar claramente que Deus
não deve ser culpado pelo pecado. Foi o homem quem pecou, os anjos quem
pecaram, e nos dois casos o fizeram por escolha intencional e voluntária.
Culpar a Deus pelo pecado seria blasfemar contra o caráter de Deus. “Suas obras
são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e
não há nele injustiça; é justo e reto” (Dt.32:4). Abraão pergunta com força nas
palavras: “Não fará justiça o Juízo de toda a terra?” (Gn.18:25). E Eliú diz
com justiça: “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-Poderoso o
cometer injustiça” (Jó 34:10). De fato, para Deus é impossível sequer desejar a
injustiça: “Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”
(Tg.1:13).
1. O pecado no Céu. Antes de acontecer na
Terra, o pecado se originou no mundo angélico pelo mau uso do livre-arbítrio. Foi
lá que tudo começou. Jesus disse que o Diabo peca desde o princípio (João 8:44).
O Querubim ungido foi criado perfeito em sabedoria e formosura, tinha o selo da
perfeição (Ez.28:12-15), mas se rebelou contra Deus (Is.14:12-14). Foi o
orgulho e a soberba que fizeram esse querubim se transformar em Satanás (1Tm.3:6).
Ele foi expulso do Céu com os anjos que o acompanharam em sua rebelião (2Pd.2:4;
Jd.6; Ap.12:7-9).
2. O pecado no Éden. Com respeito à raça
humana, o primeiro pecado foi o de Adão e Eva no Jardim do Éden (cf.
Gn.3:1-19). Adão tinha a permissão de Deus para comer de todas as árvores do
jardim, exceto da árvore da ciência do bem e do mal - "De toda árvore do
jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn.2:16b,17).
A advertência foi clara. Quando o casal comeu do fruto proibido, eles
perceberam que estavam nus e procuraram se esconder da presença de Deus (cf. Gn.3:7,8).
Era a ruptura imediata da comunhão com Deus, a morte espiritual. Esse desastre
é conhecido como a "Queda da humanidade". A árvore da ciência do bem
e do mal tinha a finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência à sua
Palavra. Deus criou o ser humano como ente moral capaz de optar livremente por
amar e obedecer ao seu Criador, ou desobedecer-lhe e rebelar-se contra a sua
vontade.
Segundo Wayne Grudem, o
ato de Eva e Adão de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal
é, em muitos aspectos, típico do pecado em geral. Primeiro, seu pecado
atingiu a base do conhecimento, pois deu uma resposta diferente à pergunta: “o
que é verdadeiro?”. Deus dissera que Adão e Eva morreriam se comessem da árvore
(Gn.2:17), mas a serpente afirmou: “É certo que não morrerá” (Gn.3:4). Eva
decidiu duvidar da veracidade da Palavra de Deus e então fez uma experiência
para ver se Deus falava a verdade. Segundo, seu pecado atingiu a base
dos parâmetros morais, pois deu uma resposta diferente à pergunta: “o que é
certo?”. Deus dissera que era moralmente certo que Adão e Eva não comessem o
fruto daquela única árvore (Gn.2:17). Mas a serpente sugeriu que seria certo
comer do fruto e que ao comê-lo Adão e Eva se tornariam “como Deus” (Gn.3:5).
Eva confiou na sua própria avaliação do que era certo e do que seria melhor
para ela, negando às palavras de Deus a prerrogativa de definir o certo e o
errado. Ela viu “que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e
árvore desejável para dar entendimento” e, portanto, “tomou-lhe do fruto e
comeu” (Gn.3:6). Terceiro, seu pecado deu uma resposta diferente à
pergunta: “quem sou eu?”. A resposta correta era que Adão e Eva eram criaturas
de Deus, dependente dele e sempre subordinadas a Ele, seu Criador e Senhor. Mas
Eva, e depois Adão, sucumbiram à tentação de ser “como Deus” (Gn.3:5), tentando
assim colocar-se no lugar de Deus.
O apóstolo Paulo remonta
a esse acontecimento e afirma que “por um só homem entrou o pecado no mundo”
(Rm.5:12), e insiste que “o julgamento derivou de uma só ofensa, para a
condenação” (Rm.5:16) e em que “a serpente enganou a Eva com a sua astúcia”
(2Co.11:3; cf. 1Tm.2:14).
Satanás, hoje, continua
tentando os seres humanos a crer que podem ser semelhantes a Deus, inclusive
decidindo por conta própria o que é bom e o que é mau. Os seres humanos, na sua
tentativa de serem “como Deus”, abandonam o Deus Onipotente e daí surge os
falsos deuses. O ser humano procura obter conhecimento moral e discernimento
ético partindo de sua própria mente e desejos, e não da Palavra de Deus. Porém,
só Deus tem o direito de determinar aquilo que é bom ou mau.
Importa observar que todo
pecado é em última análise irracional. Na verdade, não faz sentido que Satanás se
tenha rebelado contra Deus na esperança de poder exaltar-se acima de Deus; nem
que Adão e Eva tenham pensado que poderia advir algum benefício da
desobediência às palavras do seu Criador. Foram decisões insensatas. A
persistência de Satanás na rebelião contra Deus, mesmo hoje, é ainda decisão
insensata, como a decisão de qualquer ser humano de continuar num estado de
rebelião contra Deus. Não é o homem sábio, mas o “insensato”, que “diz [...] no
seu coração: não há Deus” (Sl.14:1). Embora as pessoas às vezes se convençam de
que têm bons motivos para pecar, quando examinadas à fria luz da verdade no último
dia, se verá em cada caso que o pecado em última análise simplesmente não faz
sentido.
Como bem diz o Rev.
Hernandes Dias Lopes, “o pecado é um engano; promete prazer e paga com o
desgosto; faz propaganda de liberdade, mas escraviza; levanta a bandeira da
vida, mas seu salário é a morte; tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a
enxofre. Só os loucos zombam do pecado. O pecado é maligníssimo. Ele é pior do
que a pobreza, do que a solidão, do que a doença. Enfim, o pecado é pior do que
a própria morte. Esses males todos não podem destruir sua alma nem afastar você
de Deus, mas o pecado arruína seu corpo, sua alma e afasta você eternamente de
Deus”. Ninguém pode se livrar dele, mas o Senhor Jesus veio ao mundo para
salvar os pecadores da condenação eterna.
3. A universalidade do pecado – “por um só homem entrou o
pecado no mundo” (Rm.5:12). O pecado tornou-se tão generalizado na humanidade
que assim registrou o profeta: “Pereceu da terra o homem piedoso; e entre os
homens não há um que seja reto; todos armam ciladas para sangue; caça cada um a
seu irmão com uma rede. As suas mãos estão sobre o mal para o fazerem
diligentemente; o príncipe e o juiz exigem a peita, e o grande manifesta o
desejo mau da sua alma; e assim todos eles tecem o mal” (Mq.7:2,3).
Ninguém é excluído do
pecado. A Bíblia é clara ao ensinar que herdamos a natureza pecaminosa de Adão
– “E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem
do celestial”(1Co.15:49). Isso passou a ser conhecido como "pecado
original". A Bíblia não mostra como essa transmissão do pecado de Adão
passou a todos os humanos, mas afirma que se trata de um fato incontestável (Rm.5:12,19).
Assim, as Escrituras mostram como todos nós, homens e mulheres, estamos diante
de Deus: "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm.3:23).
Por conseguinte, não há nação, por mais adiantada ou por mais atrasada, que não
possua uma clara noção de pecado. Inúmeras pessoas não podem se salvar porque
não querem reconhecer que são pecadoras e muito menos perdidas. Se o homem não
reconhece que é pecador, Jesus não poderá salvá-lo, pois ele veio salvar
pecadores. Paulo Indaga: ”Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira
nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão
debaixo do pecado”(Rm.3:9). O homem não é pecador porque peca; ele peca porque
é pecador. Portanto, a Queda no Éden corrompeu toda a humanidade em todo o seu
ser: corpo, alma e espírito, intelecto, emoção e vontade (Is.1:5,6; 2Co.7:1).
III. A SOLUÇÃO
PARA O PECADO
O homem pecou de modo
deliberado contra Deus, mas o Criador não o deixou entregue à sua própria
sorte. O Senhor providenciou a sua redenção. As Escrituras Sagradas afirmam que
desde a fundação do mundo a morte redentora de Jesus, pela salvação da
humanidade, já havia sido determinada (Ap.13:8). A salvação é o ato de salvar e
salvar é livrar, escapar, retirar de uma situação de risco de morte, tal qual
acontece numa situação em que os bombeiros têm que agir, ou seja, retirar as
pessoas de perigo de morte, de situações em que estão arriscadas a perder a sua
vida.
Como o salário do pecado
é a morte (Rm.6:23), assim que o homem desobedeceu a Deus, morreu
espiritualmente, ou seja, ficou sem comunhão com o Senhor, exatamente como Deus
lhe havia falado (Gn.2:16,17). Estava, pois, arriscado a ficar eternamente
separado de Deus, mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, não o permitiu:
em primeiro lugar, prometendo restaurar a comunhão perdida; em segundo lugar,
impedindo que esta situação de morte adentrasse, de imediato, para o âmbito da
eternidade (como ocorrera com os anjos rebeldes), impedindo o acesso do homem à
árvore da vida e o expulsando do jardim do Éden.
Dentro desta situação de
risco de vida, deste perigo de ficar eternamente separado do seu Criador, Deus
inicia a execução do plano da “salvação”, isto é, do “livramento”, do “escape”,
a fim de levar-nos do poder das trevas para o reino do Filho do seu amor
(Cl.1:13; At.26:18).
Há uma tendência atual de
afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça, salvará a todos os
perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo rejeitaram) o
sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada
atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente
falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles
que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal
fato:
“Quem crer e for batizado
será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc.16:16); “Responderam eles: Crê
no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(At.16:31); “Pedro então lhes
respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus
Cristo, para remissão de vossos pecados”(At.2:38); “Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham
os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(At.3:19).
Uma outra abordagem
teológica, muito citada nos arraiais teológicos, em relação à salvação, é a de
que Deus teria elegido apenas alguns poucos para a salvação. Muitos homens de
Deus têm se deixado levar por este ensino, que consideramos, à luz da Bíblia
Sagrada, como errado. Baseados em versículos bíblicos isolados, alguns
seguidores da predestinação transformam a decisão humana, diante do chamado
divino à salvação, em mera ilusão. A revelação bíblica, no seu contexto geral,
conclama o ser humano, constantemente, a responder ao chamado divino, deixando
claro que o Senhor deseja que todos se arrependam. Veja alguns trechos bíblicos
sobre isso:
“Mas, a todos quantos o
receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de
Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade
do varão, mas de Deus”(João 1:12,13). “O Senhor não retarda a sua promessa,
ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não
querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”(2Pd.3:9).
Entretanto, a salvação,
ao contrário do que muitos pensam, não é um ato único, um instante isolado, mas
envolve todo um processo, ou seja, uma sequência de atos, com origem em Deus. Tanto
a salvação é um processo que o próprio Jesus nos ensina que é preciso
“perseverar até o fim” para que seja salvo (Mt.24:13), isto é, é preciso uma
continuidade, uma constância até o instante final da nossa permanência nesta
dimensão terrena, onde fomos postos pelo Senhor, por sua misericórdia, para
termos a chance e oportunidade de sermos salvos.
Quem crer no Filho de
Deus tem a vida eterna. Observe o texto de João 20:31: "Estes, porém,
foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu nome". João apresenta Jesus como o
Cristo, o Messias, o Filho de Deus – é a sua identidade; também, mostra que a
vida eterna é uma oferta dada a todos aqueles que creem em seu nome. É válido
salientar que a vida eterna não é apenas um “tempo sem fim”, mas é a própria
vida de Deus vivida a partir de agora. O cristão não precisa morrer para
começar a ter vida eterna; ele já a tem em Cristo hoje.
CONCLUSÃO
A recompensa para o
pecado é a morte, que significa separação de Deus por toda a eternidade. A
única esperança é o Senhor Jesus, o único que pode nos restaurar a Deus. Está
escrito: "E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum
outro nome [Jesus Cristo] há, dado entre os homens, em que devamos ser
salvos" (Atos 4:12). Como conseguir esta
Esperança? Aceitando Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Está escrito: "Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo; pois é com
o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação" (Rm.10:9,10).
Você pode ter esta Esperança
agora. A Bíblia diz: "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Rm.10:13); "No tempo aceitável te escutei e no dia
da salvação te socorri; eis aqui agora o dia da salvação" (2Co.6:2).
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A promessa da
salvação. PortalEBD_2007.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O pecado, a
transgressão da Lei Divina. PortalEBD_2006.
Wayne Grudem. Teologia
Sistemática Atual e exaustiva.
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