domingo, 12 de julho de 2015

Aula 03 - ORAÇÃO E RECOMENDAÇÃO ÀS MULHERES


3º Trimestre/2015

 
Texto Base: 1Timóteo 2:1-5,9-11

 
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens”(1Tm 2:1).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de a ordem na igreja local. Faremos isso à luz das recomendações de Paulo direcionadas a Timóteo para que ele colocasse ordem na igreja de Éfeso. No segundo capítulo de 1Timóteo, Paulo orienta Timóteo acerca do culto público e faz recomendações sobre a oração e a postura correta de homens e mulheres nas práticas da igreja. Recomendações estas sobremaneira aplicáveis ao povo de Deus dos dias atuais. A Palavra de Deus é supracultural e atemporal, ela permanece para sempre.

I. ORAÇÃO POR TODOS OS HOMENS

O apóstolo Paulo, o grande líder da igreja primitiva, era um homem que cultivava a prática da oração (1Ts 3:10; Cl 1:9). Quaisquer que fossem as circunstâncias de sua vida, nada o arrebataria do sublime propósito de manter a comunhão com Deus através da oração (vide At 14:23; 16:16,25; 22:17).

O líder da igreja local que não tem a marca da submissão a Deus, mediante o exercício devocional da oração, que não estimula o povo a este mister, certamente, verá uma igreja fracassada e o rebanho com espiritualidade anêmica e altamente vulnerável aos ardis de Satanás.

Hoje, em muitas igrejas, gasta-se mais tempo com avisos do que com oração. As orações tornam-se repetitivas, enfadonhas e mecânicas. Falta primazia, fervor e entusiasmo na oração.

A Igreja foi inaugurada numa casa, quase que com certeza, na casa de Maria, mãe de Marcos, o autor do Evangelho que tem o seu nome. Foi nessa casa que a Igreja continuou se reunindo, especialmente em cultos de oração, conforme se lê em Atos 12:12. A intenção de Deus é que seu povo do Novo Testamento se reúna para a oração definitiva e perseverante. Note as palavras de Jesus: “A minha casa será chamada casa de oração”(Mt 21:13).

O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, descreve quatro aspectos da oração: súplicas, orações, intercessões e ações de graças - “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1Tm 2:1).

1. “Deprecações” - súplica. Este aspecto da oração está relacionado à apresentação de um pedido específico ou de uma necessidade a Deus. A oração começa com o reconhecimento de nossa total dependência de Deus. A oração é a insuficiência humana aproximando-se da suficiência divina. Quando reconhecemos nosso desamparo e corremos para Deus, cônscios de nossa completa necessidade, despejamos diante dele nossas deprecações (súplicas).

2. “Orações”. Tem significado amplo e abrange todo tipo de abordagem reverente a Deus. Seja apegarmo-nos a Deus pela confissão, intercessão, súplica, adoração ou pela ação de graças, podemos em cada caso falar do engajamento em oração. William Hendriksen diz que “oração” em 1Tm 2:1 se refere a petições em prol de necessidades que estão sempre presentes (em contraste com súplicas em situações especificas) como, por exemplo: necessidade de mais sabedoria, mais profunda consagração, progresso na administração da justiça, etc. Ainda quando interpretada desse modo, o sentido ainda é muito amplo.

3. “Intercessões”. As intercessões estão relacionadas com a súplica em favor de alguém ou de alguma coisa. Pela oração entramos na sala do trono e conversamos face a face com o Soberano Senhor, o Deus Onipotente, Aquele que está assentado na sala de comando do Universo e tem as rédeas da história em suas mãos. Nenhum pedido é grande demais para Ele. Para Deus não há impossível.

A oração intercessória é puramente uma demonstração de amor, porque é desinteressada; ela se concentra nos outros. É através da oração intercessória que demonstramos amor e altruísmo; provamos que o bem-estar do semelhante está acima do nosso. Moisés, por exemplo, chegou a abdicar de sua bem-aventurança eterna ao interceder pelos filhos de Israel: "Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito" (Êx 32:32). Esta sua intercessão foi tão forte, que levou Deus a poupar os rebelados israelitas. O patriarca Jó livrou-se de seu cativeiro quando intercedia por seus amigos (Jó 42:7-12).

Nos dias pelos quais passamos, em que muitos se têm deixado contaminar pelo amor de si mesmo (2Tm.3:1,2), poucos são os que se dedicam à tarefa intercessória nas igrejas locais. Há, na verdade, uma verdadeira banalização a respeito dos “pedidos de oração” que, em muitos lugares, nem sequer são lidos e que, uma vez apresentados à igreja, são imediatamente “jogados fora”, em cestos de lixo providencialmente colocados nos púlpitos. Não há acompanhamento dos pedidos de oração, não há envolvimento da igreja local no clamor ao Senhor.

4. “Ações de graça”. Este aspecto da oração refere-se à nossa gratidão a Deus pelo que Ele tem feito. A palavra grega eucharistia deixa claro que orar não é apenas aproximar-se de Deus para adorá-lo por quem Ele é, e para rogar a Ele suas bênçãos, mas também e sobretudo para agradecer por aquilo que Ele tem feito. Paulo exorta a Igreja de Tessalônica: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”(1Ts 5:18).

II. A SALVAÇÃO DE TODOS

1. “Que todos se salvem” (1Tm 2:4). Deus é misericordioso, longânimo e deseja que todos se salvem (2Pe 3:9). A Graça de Deus não tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto, ela envolve toda a humanidade, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm 6:23). E, ainda, porque ele é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1Pedro 5:10. Ele “... quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade”(1Tm 2:4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer foi que “... a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”(Tito 2:11).

A salvação de todas as pessoas é o grande desejo de Deus, pois Ele “amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Fora de Cristo, não há salvação (1Tm 2:5,6). Quem nele crê é salvo; quem não crê é condenado (João 3:18,19). Todavia, a salvação tem que ser recebida pela fé. A fé é o meio, é o mover do homem, é como uma mão que se estende para tomar posse da bênção. Se essa mão não se estender a bênção não é entregue, automaticamente.

Costuma-se ilustrar esta verdade Bíblica com a seguinte história sobre o anel do Rei. O anel do Rei, como se sabe, representa a sua própria autoridade, sendo que, ao lado da coroa, é uma das mais valiosas joias de um Rei.

Conta que certo Rei numa reunião com seus Ministros, tirando seu anel do dedo, dirigiu-se a um de seus Ministros oferecendo-lhe, como presente, o anel. O Ministro entre incrédulo e perplexo, recusou o presente do Rei, julgando ser uma simples brincadeira. O Rei não podia estar falando sério, ao oferecer-lhe seu anel, como presente. Com todo respeito, e delicadamente, recusou a oferta. Diante da recusa, o Rei estendeu sua mão oferecendo seu anel a outro de seus Ministros. Também este recusou, tal como fizera o primeiro. Consta que o Rei ofereceu seu anel a todos os Ministros presentes. Porém, ninguém acreditou que o Rei estivesse falando sério. Todos recusaram e não tiveram a coragem de estender a mão para apanhar o anel. Aquilo não podia ser verdade, foi o que todos pensaram! O Rei não podia estar falando sério! Nisto entrou na sala de reunião um serviçal, semelhante aos nossos contínuos, hoje. Um homem simples, capaz de acreditar no impossível. O Rei então o chamou e repetiu o que havia feito com seus Ministros. Estendeu-lhe a mão, oferecendo-lhe seu anel como presente. O servente, na sua simplicidade, acreditou na oferta do Rei, estendeu sua mão, apanhou o anel, colocou-o no seu dedo, agradeceu o Rei e pediu permissão para se retirar, porém, muito feliz pelo presente recebido do Rei. Os Ministros, agora, perplexos, descobriram que o Rei, em todo o tempo, estava falando sério quando ofereceu a cada um o seu Anel. Todos, pela incredulidade, pela falta de fé para estender a mão e tomar posse daquela preciosa joia, haviam perdido a bênção. Agora era tarde demais! O anel do Rei já estava no dedo daquele servente que creu, estendeu a mão... e pegou.

O Rei Jesus providenciou a Graça e, por ela, quer que “todos os homens se salvem”(1Tm 2:4). Mas, a Salvação não é automática, tem que ser recebida pela fé – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé...”(Ef 2:8-9). O exercitar a fé, para tomar posse da bênção da salvação, é uma decisão do homem.

2. É possível perder a salvação, se ela nos foi concedida pela graça de Deus? A Bíblia diz que sim. É claro que a expiação de Cristo é suficiente para salvar o pecador, mas isso não exclui a sua responsabilidade. No Juízo Final, cada ímpio será condenado “segundo as suas obras” (Ap 20:12). O sangue de Jesus não será suficiente para salvá-los da condenação? Por que eles serão condenados? Por rejeitarem o Senhor Jesus e a sua obra vicária. Como? Mediante a permanência em obras carnais (1Co 6:9,10; Gl 5:16-21), mesmo depois de terem conhecido o Senhor Jesus (Hb 6:4-8; 2Pe 2:20-22).

Alguém poderá indagar: “se um crente pode perder a salvação, então esta depende, em última instância, do próprio pecador?”. É óbvio que isto não é defendível à luz das Escrituras! A segurança da salvação depende inteiramente da confiança na suficiência da graça de Deus (João 15:1ss; 10:27,28). Todavia, não devemos esquecer de que o crente salvo pela graça deve andar em boas obras (Ef 2:8-10; 2Pe 1:5-9; Cl 3:1ss). E estas obras nos acompanharão, não apenas para efeito de galardão (Ap 14:13; 3:5,11). Os salvos que cometem obras carnais e nelas permanecem “não herdarão o reino de Deus” (1Co 6:9-11; Gl 5:21).

É difícil imaginar Jesus dizendo que as suas verdadeiras ovelhas se perderão. No entanto, se estas apostatarem da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (1Tm 4:1), bem como negarem aquEle que as resgatou (2Pe 2:1) e caírem (Hb 6:6), com certeza perderão a preciosa salvação, tendo os seus nomes apagados do livro da vida (Ap 3:5, ARA).

Paulo disse a Timóteo: “... guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé” (1Tm 6:20,21). Aqui mostra que Paulo temia que o obreiro Timóteo, salvo em Cristo, pudesse se desviar da fé, à semelhança de “alguns”.

Deus é, sem dúvida, poderoso para nos guardar de tropeçar, a fim de apresentar-nos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória (Jd v.24). Mas Ele guarda os vigilantes e perseverantes (Mt 24:13,42-44; Lc 21:36; 1Co 15:1,2). Na própria Epístola de Judas, a Palavra de Deus assevera: “conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (v.21).

O Senhor não teve prazer em tirar de Esaú o seu direito à primogenitura, mas este foi profano e perdeu-a (Hb 12:16). Por isso, no próprio livro de Hebreus há recomendações para os salvos: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus” (Hb 12:25); “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo... para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3:12,13).

Portanto, o crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (João 15:1-6). Não há segurança fora de Jesus e do seu aprisco. Não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (cf. Rm 8:13; Hb 3:6; 5:9). Jesus guarda o crente do pecado; e não no pecado - “Deus é salvador de todos, mas principalmente dos fiéis [lit. “dos que creem”]” (1Tm 4:10).

Que Deus nos conceda cada dia uma visão espiritual mais ampla e profunda, a fim de compreendermos a sublimidade da gloriosa salvação que Jesus Cristo consumou; da qual, pela graça de Deus, já somos participantes.

III. A MANEIRA DE SE VESTIR DAS MULHERES

Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto [decente], com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras” (1Tm 2:9). “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso” (ARA).

1. As mulheres na Casa de Deus. As palavras “do mesmo modo” de 1Tm 2:9 mostram que Paulo está dando continuidade as suas observações em relação à conduta no culto público. Ele orienta Timóteo quanto à maneira correta de as mulheres se comportarem na Igreja.

Assim como identificamos facilmente um estrangeiro no nosso meio pelo seu falar, pelos seus costumes, pelos seus trajes, pelas suas atitudes, também devemos ser capazes de distinguir e sermos distinguidos como cristãos no meio dos demais povos. Jamais nos esqueçamos de que Eliseu, sem que ninguém o falasse para a sunamita, foi identificado por aquela mulher como sendo um santo homem de Deus, única e exclusivamente pelo seu porte(1Rs.4:8,9), assim como os discípulos de Antioquia, pelo seu modo de vida, após o aprendizado da Palavra de Deus, passaram a ser chamados de cristãos(At 11:26). Este dado, aliás, é revelador: não somos nós que devemos nos denominar cristãos ou nos arrogar este título, mas, sim, o mundo é que deve nos reconhecer como sinceros e verdadeiros homens e mulheres de Deus.

Queira ou não, o homem e a mulher cristã têm de ser diferente em todos os aspectos da vida, diante de Deus e dos seres humanos, inclusive na sua maneira de se vestir e de se portar. Muitas vezes ficamos tristes ao ver que alguns, dizendo-se crentes, têm preocupação em se vestir decentemente em certas ocasiões, mas não têm esta preocupação quando vão à Casa do Senhor ou quando estão no cotidiano, no dia-a-dia. Quantos que têm preferido trajar-se segundo os costumes mundanos, sem atentar para as consequências de uma atitude como esta. Faz-se preciso que sejamos equilibrados, simples, sem extremismos, pois as Escrituras exigem de nós um traje honesto, ou seja, um traje discreto e que cumpra a sua finalidade, que é a de cobrir a nudez. Não devemos nos vestir de modo a despertar a lascívia dos outros, nem tampouco revelar uma vaidade desmedida e uma falta de espiritualidade (lembrando que a espiritualidade não se constrói no vestido, mas se exterioriza pelo vestir).

2. Traje decente, com pudor. A palavra pudor subentende vergonha em exibir o corpo. Envolve a recusa de vestir-se de tal maneira que atraia atenção para o seu corpo e ultrapasse os limites da devida moderação. Um vestido transparente não é decente, pois embora esteja cobrindo o corpo, atrai a cobiça dos homens, incentivando o pecado.

Embora as mulheres cristãs possam vestir-se de maneira elegante e cuidar da sua aparência, elas não devem, ao mesmo tempo, permitir que a sua aparência seja o seu principal atrativo, e não devem enfatizar a sua aparência meramente como um “atrativo sexual” ou para chamar a atenção.

É vergonhosa a situação de qualquer igreja que desconsidere o padrão bíblico para o modo modesto do vestir-se, e que adota passivamente os costumes do mundo. Nestes dias de liberação sexual, a igreja deve comportar-se e vestir-se de modo diferente da sociedade corrupta e liberal. Que haja modéstia, pureza e moderação piedosa (cf. Rm 12:1,2).

3. Traje com modéstia. Modéstia significa “simplicidade, singeleza, despretensão”. Além de se vestir de maneira honesta e com pudor (recato) a mulher cristã precisa se vestir com modéstia. E não somente as mulheres, mas também os homens.

A modéstia é um sinal exterior de um cristão, é uma demonstração de uma vida de comunhão com Deus. No entanto, também verificamos que a modéstia, como um sinal de uma verdadeira transformação diante do Senhor, é resultado da santificação. Ora, a santificação é um processo que começa no interior do homem e alcança o seu exterior. Temos esta convicção ao analisarmos as Escrituras em 1Ts.5:23, quando Paulo nos afirma que Deus nos santifica em tudo, no espírito, alma e corpo, ou seja, a santificação se inicia no espírito e termina no corpo.
Se assim é, não têm razão aqueles liberais que entendem que a santificação deve alcançar apenas o homem interior, a velha história de que "Deus só quer o coração" e que, em cima deste argumento, demonstram total desequilíbrio no seu porte diante dos semelhantes e em suas vestimentas, admitindo toda espécie de vaidade e de ostentação, pois "Deus só estaria interessado no coração". Este pensamento não tem qualquer respaldo bíblico.

A Bíblia traz-nos ensinamentos preciosos no sentido de que devemos ser simples e que, com relação às vestimentas, devemos ser equilibrados, adotando um traje honesto, com pudor e modéstia (1Tm 2:9), conselho que é dirigido mais diretamente às mulheres, por ser da natureza feminina a sensibilidade e a intuição, mas que não deixa de ser válido também para os homens. Ademais, o corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 6:19) e não é possível que o Espírito Santo habite num templo completamente impuro e que sirva à concupiscência e não ao cumprimento da Palavra de Deus. Nós só seremos amigos do Senhor se fizermos o que Ele manda e o que Ele manda é o que consta em Sua Palavra.

Paulo oferece três exemplos de adornos externos: cabelo, joias e roupas. O apóstolo estabelece um contraste entre o exterior exibicionista e a modéstia. Enquanto penteados entremeados com ouro e pérolas e roupas caras existem para ser exibidos, a modéstia e o pudor no vestuário chamam mais a atenção para o homem interior do coração.

- O que Paulo queria dizer com “não com tranças, ou com ouro, ou pérolas”? Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, naquela época, as mulheres, usavam penteados extravagantes para chamar a atenção. As mais ricas introduziam em suas tranças joias caras e até pedras preciosas, em evidente ostentação. Com isso, atraíam os olhares dos admiradores. As mulheres romanas gostavam de seguir a última moda e competiam entre si para ver quem tinha as roupas e os penteados mais sofisticados.

- O que Paulo queria dizer com “vestidos preciosos”[dispendioso –ARA]? Segundo Hernandes Dias Lopes, as mulheres costumavam investir enormes somas de dinheiro em um vestido para ostentarem sua riqueza, seu luxo e seu glamour na passarela da moda. Faziam disso a razão da própria vida. Paulo se posiciona contra essa inversão de valores e orienta as mulheres cristãs a serem modestas e decentes quanto ao vestuário. Para John Stott, o que Paulo está enfatizando é que as mulheres cristãs devem adornar-se com vestes, penteados e artigos de joalharia que, em sua cultura, não sejam caros nem extravagantes; que sejam modestos, e não ufanosos; decentes, e não sensuais.

É preciso existir um equilíbrio entre o cultivo da beleza interior e a manifestação graciosa do exterior. A mulher virtuosa de Provérbios 31 tinha bom gosto para se vestir e cuidava bem do corpo, mas entendia que a beleza interior precisa sobrepujar a beleza física, pois esta passará enquanto aquela permanece para sempre: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor essa será louvada” (Pv 31:30). O perigo não é o uso, mas o abuso; a ênfase não está na proibição, mas num senso adequado de valores.

Os líderes, naturalmente, devem servir de exemplo ao rebanho (1Pe 5:3) e, portanto, devem ser, igualmente, modestos, equilibrados e que devem ter uma postura que possa ser imitado pelos demais irmãos. É triste vermos, hoje em dia, que há obreiros que se especializam em dar regras e regulamentos sobre postura e modéstia em suas igrejas locais, mas que têm, no dia-a-dia, uma ostentação, fazendo questão de exibir carros caríssimos, roupas de grife e outras coisas mais, que não podem estar presentes na vida de um homem modesto, que tem de ter um sinal de equilíbrio em sua vida. Não estamos com isto dizendo que o cristão deva andar mal arrumado, tenha falta de asseio ou seja relaxado, pois isto também é algo que não está presente nas Escrituras, mas devemos ser pessoas que tenham, sobretudo, equilíbrio e simplicidade. Nunca nos apartemos, pois, da simplicidade que há em Cristo Jesus.

IV. A CONDUTA DAS MULHERES NA IGREJA (1Tm 2:11-15)

“11-A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12-Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13-Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14-E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15-Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação”.

Depois do vestuário e dos adornos externos, Paulo toca no papel que as mulheres devem desempenhar nas reuniões da igreja. Na igreja não são a discórdia e as brigas, mas a paz e a subordinação, que devem determinar o clima no qual os cristãos celebram a ceia do Senhor, adoram a Deus, louvam e oram.

1. O silêncio no culto. “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição”. O termo silêncio é uma tradução infeliz, pois dá a impressão de que as mulheres cristãs não devem jamais abrir a boca dentro da igreja. Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, algumas mulheres estavam abusando da liberdade que haviam encontrado em Cristo e tumultuavam os cultos com suas interrupções. É a esse problema que Paulo se refere em sua admoestação. Assim como se esperava das mulheres silêncio na sinagoga judaica, há evidências de que um novo espírito de emancipação se espalhava nas novas congregações cristãs. Em 1Coríntios 14:33-36, ele proíbe totalmente as mulheres de se dirigirem à congregação. A insistência de Paulo em repetir essa questão talvez seja devido a uma suspeita de que os mestres do erro em Éfeso estavam explorando a disposição das mulheres com tendências religiosas para reivindicarem o que ele considerava ser um destaque impróprio para elas. Os falsos mestres prometiam às mulheres uma liberdade superior, que as libertaria do matrimônio, da intimidade sexual com o marido e da função de gerar filhos (1Tm 4:3).

2. A liderança do homem.Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 1:12-14).

Note que quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes, todos os que estavam no Cenáculo, inclusive as mulheres, passaram a falar das grandezas de Deus (At 1:14; 2:1-3). Note que na igreja primitiva havia profetisas (At 21:8,9). Note que as mulheres podiam orar no culto público e também profetizar (1Co 11:5). Paulo diz a Tito que as mulheres mais velhas devem ensinar as mais jovens (Tt 2:3,4). Timóteo foi ensinado em sua casa por sua mãe, Eunice, e sua avó, Lóide (2Tm 1:5; 3:15). É importante ressaltar, também, que o próprio Paulo, ao escrever aos gálatas, ensina que perante Cristo, para salvação, homens e mulheres são iguais (Gl 3:28). Portanto, não há nenhuma proibição bíblica de uma mulher piedosa instruir um homem (At 18:24-28). A questão em tela é que a mulher não deve, no culto público, ocupar a posição de liderança do homem e exercer autoridade sobre os homens.

Paulo usa três argumentos para fundamentar sua exortação (adaptado do livro: 1Timóteo – O pastor, sua vida e sua obra - Hernandes Dias Lopes).

- Em primeiro lugar, a criação - Porque primeiro foi formado Adão, depois, Eva” (1Tm 2:13). Paulo não está tratando aqui de superioridade do homem, pois tanto o homem como a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 2:7) e ambos são redimidos pela fé em Cristo (Gl 3:28). A questão aqui é de autoridade, ou seja, de funcionalidade no corpo: o homem foi criado primeiro; portanto, o homem é o cabeça da mulher.

- Em segundo lugar, a queda – “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 2:14). Satanás enganou a mulher e a levou a pecar (Gn 3:1-24; 1Co 11:3); porém, o homem pecou deliberada e conscientemente. Segundo Hernandes Dias Lopes, Paulo aqui não está dizendo que a mulher seja mental, moral ou espiritualmente inferior ao homem, nem está sugerindo que as mulheres são mais ingênuas que os homens e, portanto, mais susceptíveis à queda. Não. A explicação mais concorde entre os estudiosos é que o ponto essencial com respeito à participação de Eva na queda não foi o fato de ela ter sido enganada, mas de ter tomado uma iniciativa indevida, usurpando assim a autoridade de Adão e invertendo os papéis atribuídos a cada um deles (Gn 3:6,17).

Segundo Elinaldo Renovato, Paulo se utiliza do exemplo de Adão e Eva “para mostrar o que estava acontecendo na igreja de Éfeso. Assim como Eva foi seduzida e enganada pela serpente, as mulheres daquela igreja estavam se deixando seduzir pelos ensinos dos falsos mestres”.

- Em terceiro lugar, a missão no lar – “Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação” (1Tm 2:15).

Segundo o Comentário do Novo Testamento – Aplicação pessoal -, uma das funções mais importantes de uma esposa e mãe é cuidar da sua família. As mulheres de Éfeso estavam abandonando o objetivo que Deus lhes tinha dado por causa dos falsos ensinadores. Assim, Paulo estava lhes dizendo que cuidarem de suas famílias ou voltarem a se casar, se fossem viúvas jovens (cf. 1Tm 5:14,15), seria uma maneira de permanecerem trabalhando e vivendo uma vida de serviço fiel. Dando à luz a filhos, educando-os, e cumprindo o seu desígnio, as mulheres seriam salvas dos males da sociedade de Éfeso e manteriam um testemunho puro da soberania de Cristo. Paulo colocava diante das mulheres de Éfeso o objetivo de viver com modéstia na fé, no amor e na santificação. As mulheres piedosas têm uma congregação dentro do lar que precisa de seu ensino e sua influência.

CONCLUSÃO

São inúmeras as interpretações sobre o papel das mulheres na igreja. Parece haver evidências e opiniões divididas em quantidade suficiente para concluir que a resposta completa não pode ser obtida a partir da primeira Epístola a Timóteo. As Escrituras Sagrada devem ser interpretadas no seu contexto. Paulo deu outros ensinamentos a respeito dos relacionamentos masculino/feminino; todos devem ser considerados pela igreja no momento de tomar uma decisão sobre o assunto.

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.

As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.


 

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