3º Trimestre/2016
Texto Base: Atos 8:26-40
"Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre
as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2Tm
4.5).
INTRODUÇÃO
Jesus, após ter passado quarenta dias dando
prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus
(At 1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja:
“Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16:15). Nota-se
que Jesus ordenou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a
criatura, uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão. Portanto,
ganhar almas é tarefa de todo discípulo de Cristo. Nesse sentido, você e eu
somos evangelistas (At 2:41-47; 8;4; 11:19-21). Mas há pessoas a quem Jesus deu
o Dom especial de Evangelista. Os Apóstolos e Profetas lançaram o fundamento da
Igreja, e os Evangelistas edificaram sobre esse fundamento, ganhando os
perdidos para Cristo. No início da Igreja, o trabalho dos Evangelistas era uma
obra itinerante de pregação orientada pelos apóstolos, e parece ser justo
chamá-los de “a milícia missionária da igreja”. O Dom de Evangelista é
concedido pelo Espírito Santo a algumas pessoas (Ef 4:11), todavia, nenhum
crente está desobrigado de cumprir o “ide” de Jesus. O fato de o crente não ter
esse Dom não o desobriga de evangelizar. Você tem o Dom de Evangelista? Então “faze
a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”(2Tm 4:5).
I. EVANGELISTA, GANHADOR DE ALMAS
O evangelista é aquele que é usado para
pregar a Palavra no intuito de ganhar almas para o reino de Deus. Ele tem sua
vida e sua mente voltada para fora da igreja local. É aquele que vai a
hospitais, presídios, praças, favelas…Sua vida é totalmente voltada para o
campo missionário. O Evangelista é, portanto, alguém que é posto pelo Senhor
para se dedicar ao crescimento quantitativo do reino de Deus, mediante a
pregação do Evangelho, com o fim de buscar almas para o reino de Deus. É alguém
que é escolhido para se voltar para o mundo sem Deus e sem salvação, visando
trazer novas vidas para a comunhão com Cristo Jesus.
1.
O evangelista em o Novo Testamento. Na Igreja Primitiva, o
primeiro discípulo de Cristo a receber o título de evangelista foi o diácono
Filipe (At 21:8). Este grande servo de Deus fora contemplado pelo Espírito
Santo com o Dom de evangelista. Em seu trabalho evangelístico ele atuou em duas
modalidades: no evangelismo de massa e no evangelismo pessoal. Com relação à
primeira modalidade, ele atuou, por exemplo, em Samaria; quanto ao evangelismo
pessoal, ele atuou, por exemplo, no deserto, a um gentio (Atos 8:26-30). Deus
tira Filipe da multidão e o envia para evangelizar a uma única pessoa, no
deserto. Para Deus, uma vida vale todo o investimento. Isso nos ensina uma
verdade: O evangelista precisa está
disposto a pregar para uma multidão e também para uma única pessoa.
Filipe sai de um avivamento na cidade de
Samaria e vai para o deserto por orientação divina (Atos 8:26). Por lá, viajava
um eunuco da Etiópia, que precisava de esclarecimento espiritual. Este fato nos
mostra um grande feito do cristianismo: a quebra de barreiras erigidas pelo
judaísmo. Um estrangeiro poderia converter-se ao judaísmo, mas o etíope, que
era eunuco, não podia participar plenamente da adoração no templo (cf. Dt
23:1). Apesar de ter viajado a Jerusalém para adorar, ainda era considerado um
semiprosélito. Mas, Isaias predisse que um dia os estrangeiros e os eunucos não
seriam mais excluídos da comunhão do povo de Deus (cf. Is 56:3-7). Esse tempo
havia chegado. Filipe, inicialmente, leva para o seio da igreja os samaritanos,
que estavam entre os judeus e gentios; agora, leva o eunuco etíope para a
assembleia do Senhor. Isso nos ensina quatro verdades:
a) É preciso sair das quatro paredes do
templo e ir onde os pecadores estão para levá-los a Jesus. Filipe
obedeceu prontamente à ordem do anjo (Atos 8:26) – “Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado
do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se
levantou e foi”. Isto significa ação fora do templo, lá fora onde está o
movimento: nas estradas e alamedas da humanidade; lá fora nos lugares públicos,
seja qual for o meio. Trata-se de colocar o evangelho ao alcance das pessoas,
de modo que pobres e ricos possam ouvi-lo.
b) É preciso explicar as Escrituras e
levar as pessoas a Cristo - “Então,
o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta...
Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura,
anunciou-lhe a Jesus (Atos 8:34,35). O evangelista é também um mestre. A
palavra de Deus precisa ser lida, explicada e aplicada. Hoje vemos muitos
pregadores substituindo a exposição das Escrituras pela experiência. Vemos
muitos pregadores falando sobre seus feitos poderosos em vez de anunciar o
Cristo crucificado. Filipe explica as Escrituras; apresenta Jesus, não a
religião, o rito ou a cultura religiosa.
c) É preciso receber as pessoas que
creem em Cristo pelo batismo - “E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o
eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É
lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus
Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água,
tanto Filipe como o eunuco, e o batizou” (Atos 8:36-38).
O eunuco perguntou a Filipe: “que impede que seja eu batizado?".
Filipe podia ter respondido com uma longa preleção teológica sobre o que a lei
dizia sobre eunucos. Podia ter dito que a liderança "hebraica" da
igreja não autorizava o batismo de gentios, muito menos de eunucos. Mas sua
resposta foi simplesmente que nada o impedia de ser batizado se ele cresse em
Jesus Cristo. Hoje, novas gerações e novas circunstâncias perguntam repetidamente:
"que impede?". Qual será a nossa resposta? Segundo Rev. Hernandes
Dias Lopes, o batismo não é nem precipitado nem demorado. Não batiza o
inconverso nem adia o batismo do salvo. Uma única condição é exigida: crer de
todo o coração. A tradição diz que o referido eunuco voltou à sua terra e
evangelizou a Etiópia. Aquele que saíra do deserto cheio de alegria não podia
guardá-la para si mesmo.
d) é preciso estar sempre aberto à nova
direção do Espírito Santo (Atos 8:39,40). “Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o
vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo. Mas
Filipe veio a achar-se em Azoto; e, passando além, evangelizava todas as
cidades até chegar a Cesaréia”.
Filipe foi dirigido pelo Espirito Santo para
novos horizontes. Filipe podia pensar: agora serei o evangelista do deserto, da
estrada. Ele não engessou o método, mas se abriu para a nova agenda do
Espírito. O que Deus quer que eu faça agora? Às vezes, fazemos a mesma coisa na
igreja há décadas, quando o vento do Espirito nos conduz a outros campos,
outras áreas, outras frentes e novos horizontes.
Filipe usou a mesma mensagem tanto no
evangelismo em massa em Samaria como no evangelismo pessoal com o eunuco no
deserto (Atos 8:12,35). Em ambos os casos, vemos semelhante resposta: creram e
foram batizados (Atos 8:12,36-38) e houve a mesma alegria (Atos 8:8,39).
Mais tarde, quando da conclusão da terceira
viagem missionária de Paulo, encontramos novamente Filipe, dessa vez em
Cesaréia e ainda servindo a Deus como Evangelista. Lucas reconhece-lhe o
ministério, tratando-o como Evangelista (Atos 21:8). Era a primeira vez na
História da Igreja Cristã que um obreiro recebia semelhante distinção.
O método da igreja primitiva não era apenas
levar pessoas ao templo para evangelizá-las, mas ir lá fora e ganhar os
pecadores onde eles estivessem. O método missionário é ir além das nossas fronteiras.
Temos de ser luz nas nações e investir nosso tempo, nosso dinheiro e nossa vida
na obra de Deus.
2.
O evangelista na era da Igreja Cristã. A história
da Igreja cristã mostra que, em todos os reavivamentos, o Espírito Santo
destaca a evangelização como o principal evento da igreja. Cito, como exemplo,
alguns notáveis evangelistas da história do cristianismo.
a) Estêvão e Filipe.
Faziam parte do grupo dos sete diáconos (At 6:3-6). São considerados os dois
primeiros evangelistas na era da Igreja cristã. Logo após ser consagrado ao
diaconato, Estêvão começou a destacar-se como evangelista. Sua palavra fez-se
tão irresistível, que levou o clero judaico a condená-lo à morte
traiçoeiramente (At 8:1,2). Estêvão morreu, mas a evangelização reavivou-se com
as incursões de Filipe. Ao deixar Jerusalém, proclamou, entre os gentios de
Samaria, um evangelho autenticamente pentecostal. Sua palavra era acompanhada
de milagres, sinais e maravilhas; era simplesmente irresistível.
b) Dwight L. Moody (1837-1899). Tornou-se
o maior evangelista do final do século XIX. Perdeu o pai com apenas cinco anos
de idade, o que obrigou sua mãe a criar nove filhos em meio a grande pobreza. Não
é difícil entender por que Moody deixou a escola aos treze anos, em busca de
melhores oportunidades. De vendedor de sapatos a negociante bem-sucedido, seus
êxitos materiais eram inegáveis. Após a experiência de salvação, Moody começou
a usar sua influência para ajudar os pobres e desabrigados em áreas urbanas -
não se esquecendo de sua origem humilde. Usando histórias práticas,
compartilhava de seu amor por Cristo de uma forma simples, mas irresistível,
resultando em milhares de decisões pessoais por Cristo. Seu amor pelos perdidos
também o levou a iniciar um centro de treinamento para obreiros. Em 1886, ele
começou a Sociedade de Evangelização de Chicago, hoje conhecida como Instituto
Bíblico Moody. Depois de pregar pessoalmente a cem milhões de pessoas em
quarenta anos de carreira, Moody adoeceu e morreu durante sua última cruzada,
em dezembro de 1899. A contribuição incansável de Dwight L. Moody para o Reino
de Deus, e seu contínuo amor pelos perdidos fazem com que sua memória permaneça
para sempre.
c) John Wesley. Ele
tinha 37 anos quando começou a viajar e a pregar na Inglaterra. Juntamente com
seu irmão Charles Wesley dirigia-se às prisões para levar a mensagem de
salvação aos presos, bem como aos trabalhadores e a outras pessoas da cidade.
d) Billy Graham. Pregou
pessoalmente para mais pessoas do que qualquer pregador da história ao redor do
mundo. De acordo com a sua equipe, a partir de 1993, mais de 2,5 milhões de
pessoas tinham dado um passo à frente em suas cruzadas para aceitar Jesus
Cristo como seu Salvador pessoal.
e) David Wilkerson.
Ele iniciou o seu ministério no ano de 1958, em Nova Iorque. Ali, ele pregou
para pessoas drogadas, marginalizadas e representadas pelas gangues locais. A
obra “A Cruz e o Punhal”, mundialmente conhecida, narra esse período da vida
deste evangelista. Sua frase famosa: “Não culpe a Deus por não ouvir suas
orações, se você não está ouvindo o chamado dele para ser obediente”.
f) Daniel Berg e Gunnar Vingren. Orientados
pelo Espírito Santo, estes pioneiros escolheram a cidade de Belém, no Pará,
como ponto de partida para a sua missão no Brasil. Logo em sua chegada, em 19
de novembro de 1910, constataram que a capital paraense era geograficamente
estratégica para se alcançar o país em todas as direções. Eles trouxeram a
mensagem pentecostal para o Brasil. Os milagres vieram juntos.
Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram
a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que
aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria
profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de
Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da humanidade e a atualidade do
batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. Fundaram a Missão de Fé
Apostólica em 18 de junho de 1911, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida
como Assembleia de Deus. Em poucas décadas, a Assembleia de Deus, a partir de
Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até
alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte e Porto Alegre. Em virtude de seu fenomenal crescimento, os
pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De
repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o
Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.
Oremos para que o Senhor da Seara continue a
despertar a Igreja a um novo avanço evangelístico.
II. ATRIBUTOS DE UM EVANGELISTA
O Evangelista é o agente das Boas-Novas. Ele
é o semeador que saiu a semear. Paulo destaca o seu ministério como um dos mais
importantes da Igreja. O ministério evangelístico não se limita a uma opção
pessoal, firma-se numa intimação do próprio Cristo. Requer-se do Evangelista os
seguintes atributos: amor às almas, conhecimento da Palavra de Deus,
espiritualidade plena e que prega
a Palavra de Deus aos ouvidos e aos olhos.
1.
Amor às almas. Veja o exemplo do grande bandeirante do
cristianismo, o apóstolo Paulo. Ele tinha um amor tão grande pelas almas que,
por estas, chegava a sentir dores intensas, como se estivesse a dar filhos à
luz (Gl 4:19). Foi esse amor que constrangeu Filipe a deixar o lugar onde
muitos estavam sendo abençoados e ministrar apenas a um homem, no deserto (Atos
8:26). Durante um grande despertamento espiritual em Samaria, um anjo do Senhor
conduziu Filipe a um novo campo de trabalho: ao deserto para evangelizar a um
homem só.
Qual o valor de uma vida? Para Deus tem um
grande valor. Só quem tem um grande amor pelas almas pode dimensionar isto. Filipe
prontamente obedece sem questionar e viajou do sul de Samaria para Jerusalém,
de onde tomou um dos caminhos que levavam a Gaza. Filipe deixou um lugar
habitado e espiritualmente fértil e foi a uma região estéril. O evangelista
nada é, e nada fará sem o amor às almas perdidas. Pense nisto!
Expressões que demonstram grande amor pelas almas perdidas (extraidas do livro: “Esforça-te para ganhar almas. Orlando
Boyer. Ed. Vida). Estas expressões revelam como o coração de grandes
personagens na história da igreja os abrasava com o desejo de ganhar almas para
o reino de Deus. Cito algumas expressões:
· O apóstolo Paulo. “Tornei-me tudo para todos, para de todo e
qualquer modo salvar alguns” (1Co 9.22).
· Knox. Assim rogava a Deus: “Dá-me a Escócia ou eu morro!”.
· Whitefield. Implorava: “Se não queres dar-me almas, retira a
minha!”.
·
John Wesley. “Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam
senão a Deus, e eu abalarei o mundo”.
· Mateus Henry. Assim dizia: “Sinto maior gozo em ganhar uma
alma para Cristo, do que em ganhar montanhas de ouro e prata, para mim mesmo”.
· D. L. Moody. “Usa-me, então, meu Salvador, para qualquer alvo
e em qualquer maneira que precisares. Aqui está meu pobre coração, uma vasilha
vazia, enche-me com a Tua graça”.
· Henrique Martyn. Ajoelhado na praia da Índia, onde fora como
missionário, dizia: “Aqui quero ser inteiramente gasto por Deus”.
· João Hunt. Missionário entre os antropófagos, nas ilhas de
Fidji, no leito de morte, orava: “Senhor, salva Fidji, salva Fidji, salva este
povo. Ó Senhor, tem misericórdia de Fidji, salva Fidji!”.
· Praying Hyde. Missionário na Índia, suplicava: “Ó Deus, dá-me
almas ou morrerei!”.
· Davi Stoner. Quando aqueles que assistiam a morte de Davi
Stoner, pensavam que seu espírito já tivesse voado, ele se levantou na cama, e
clamou: “Ó Senhor, salva pecadores! Salva-os as centenas e salva-os aos
milhares!”, e findou a sua obra na terra. O desejo ardente da sua vida,
dominava-o até a morte.
· Davi Brainerd. “Eis-me aqui, Senhor. Envia-me a mim! Envia-me
até os confins da terra: envia-me aos bárbaros habitantes das selvas; envia-me
para longe de tudo que tem o nome de conforto, na terra; envia-me mesmo para a
morte, se for no Teu serviço e para o progresso do Teu reino”. Ele escreveu:
“Lutei pela colheita de almas, multidões de pobres almas. Lutei para ganhar
cada alma, e isto em muitos lugares. Sentia tanta agonia, desde o nascer do sol
até anoitecer, que ficava molhado de suor por todo o corpo. Mas, oh! Meu querido
Senhor suou sangue pelas pobres almas. Com grande ânsia eu desejava ter mais
compaixão”.
· Brainerd podia dizer de si: “Não me importava o lugar ou a
maneira que tivesse de morar, nem por qual sofrimento tivesse de passar,
contanto que pudesse ganhar almas para Cristo. Quando dormia, sonhava com essas
coisas, e ao acordar, a primeira coisa em que me ocupava essa era grande obra;
não tinha outro desejo a não ser a conversão dos perdidos”.
· João Welsh. Encontrava-se João Welsh, nas noites mais frias
prostrado no chão, chorando e lutando com o Senhor, por seu povo. Quando sua
esposa implorava que explicasse a razão de sua ânsia, respondia: “Tenho que dar
conta de três mil almas e não sei como estão”.
E nós?
Qual será nossa atitude? Deus tem pressa, e quer nos usar em sua obra, só
depende de nossa vontade. Pensemos nisso!
2.
Conhecimento da Palavra de Deus. A capacidade para pregar e
ensinar não vem da força, das técnicas da psicologia nem mesmo do ofício que o evangelista
ocupa, mas do conhecimento da Palavra de Deus para aplicá-la corretamente.
Somente um indivíduo que tem destreza nas Escrituras Sagradas pode confrontar
os falsos mestres, combater os falsos ensinos e convencer aqueles que
contradizem a Palavra de Deus.
O Evangelista, embora proclame uma mensagem
simples e direta, não há de conformar-se com uma teologia rasa. Antes,
aprofundar-se-á na Palavra da Verdade, para que venha a manuseá-la com destreza
e oportunidade. Ao jovem Timóteo, recomenda Paulo: "Procura apresentar-te
a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem
a palavra da verdade" (2Tm 2:15). Sua mensagem, portanto, será simples,
mas jamais simplória, porquanto Deus o chamou a falar a judeus e a gregos, a
sábios e a ignorantes, a servos e a livres.
Foi porque conhecia profundamente a Palavra
de Deus que Filipe soube como conduzir a Cristo o mordomo-mor de Candace que,
de volta à Etiópia, vinha lendo o profeta Isaías. Eis como ele foi eficiente: “Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que
me expliques a quem se refere o profeta... Então, Filipe explicou; e, começando
por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus (Atos 8:34,35).
3.
Espiritualidade plena. No ministério da igreja primitiva e na
sua administração, no tempo dos apóstolos, serviam os que eram revestidos com
poder do Espírito Santo (Atos 6:3-8; Lucas 24:49). Segundo Orlando Boyer, são
dois os que testificam juntos de Cristo e Sua salvação: o crente e o Espírito
Santo nele (Atos 5:32). O crente que testifica ao perdido, mas se esquece
dAquele que quer trabalhar nele, falhará em levá-lo ao Salvador. É o Espírito
Santo quem convence o ser humano do pecado (João 16:8).
Filipe era um homem cheio do Espírito Santo (At
6:2-4). E, por essa razão, teve um ministério colorido de milagres e atos extraordinários
(At 8.6,7).
Quem evangeliza não se contenta com uma vida
espiritual medíocre, mas busca o poder do alto para proclamar, a todos e em
todo tempo e lugar, que Jesus é a única solução. É bom ressaltar que a plenitude do Espírito não é uma experiência de uma vez
para sempre, que nunca podemos perder, mas sim, um privilégio que deve ser
continuamente renovado pela submissão à vontade de Deus. Temos a necessidade do
enchimento diariamente.
4. Prega a Palavra de Deus aos ouvidos
e aos olhos. Uma coisa é proferir a
Palavra de Deus, outra coisa é ser boca de Deus. Uma coisa é pregar aos
ouvidos, outra coisa é pregar também aos olhos. Algumas pessoas pregam a
Palavra e os corações permanecem insensíveis. Outras pessoas pregam a mesma verdade
e os corações se derretem. Por que essa diferença? É que algumas pessoas são
boca de Deus e outras não são (Jr 15:19). A viúva de Sarepta disse que a
Palavra de Deus na boca de Elias era verdade. Nem todas as pessoas que proferem
a Palavra de Deus são boca de Deus. Geazi colocou o bordão profético no rosto
do menino morto e o menino não se levantou. O problema não era o bordão, mas
quem carregava o bordão. O bordão na mão de Geazi não funcionava porque a vida
de Geazi não era reta diante de Deus como a vida de Eliseu. O poder não está no
homem, está em Deus, mas Deus usa vasos de honra e não vasos sujos. Hoje, os
homens escutam de alguns pregadores belas palavras, mas não veem neles vida.
Precisamos pregar aos ouvidos e também aos olhos. Precisamos falar e
demonstrar. Precisamos pregar e viver. Precisamos de evangelistas que sejam
semelhantes a Elias, Estêvão, Filipe, Paulo… Homens de Deus, em cuja boca a
palavra seja verdade.
III. O TRABALHO DE UM EVANGELISTA
O
trabalho básico de um evangelista consiste na proclamação do Evangelho, na defesa
do Evangelho e na integração do novo convertido.
1.
Proclamação do Evangelho. Como Dom, o Evangelista
refere-se àquele que é chamado para pregar o Evangelho. Foi concedido por Deus
para que o arauto de Deus, através da mensagem centralizada na cruz de Cristo,
ganhasse pessoas para o reino divino. Uma das maiores características de um
evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas; não importa o número, se uma
pessoa, se dezenas, centenas ou milhares; o que importa é pregar Jesus, o
crucificado. Ele é o indivíduo funcionalmente envolvido com a proclamação do
Evangelho. Diferentemente dos “apóstolos” que, em geral, viajando para uma
cidade, permaneciam evangelizando ali a fim de organizarem uma nova igreja
local (At 20:1-3,6,7,11,17;21:8,9), os “evangelistas” possivelmente auxiliavam
na proclamação do Evangelho aos incrédulos junto às igrejas já construídas,
qual Filipe, o evangelista que residia na cidade de Cesaréia (At 21:8). Ou
seja, os evangelistas proclamavam a Palavra na região onde estavam congregados.
Paulo, sabendo da importância deste dom, disse a Timóteo: “Mas tu sê sóbrio em
tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério”(2Tm 4:5).
2.
Defender o Evangelho. O verdadeiro evangelista deve estar
sempre preparado, objetivando defender a fé cristã ante as nações e os
poderosos. Escrevendo aos filipenses, Paulo abre-lhes o coração, e mostra-lhes
ter sido chamado não somente a proclamar o evangelho, como também a defendê-lo:
"Como tenho por justo sentir isto de
vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes
participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e
confirmação do evangelho" (Fp 1:7).
Os últimos capítulos de Atos mostram como
Paulo, além de anunciar Cristo, soube como defender o Evangelho diante das
autoridades judaicas e romanas. Destacamos o seu discurso no Areópago de Atenas
(At 17). No Areópago, os filósofos epicureus e estoicos consideraram o discurso
do apóstolo um raro despropósito. Àqueles varões intelectualmente orgulhosos,
só um louco ousaria afirmar que um homem teve de morrer, numa cruz, para que os
demais viessem a cruzar os portais da vida eterna. Enfim, àquele seleto grupo,
o evangelho era uma loucura. Mas foi ali, entre os gregos, e, mais tarde, entre
os romanos, que Paulo apresentou a mais sublime apologia da fé cristã.
3.
Integração do novo convertido. O principal trabalho do Evangelista
é trazer as pessoas ao encontro pessoal com Cristo e de criar as condições
mínimas para a estruturação da vida espiritual. Ele é o anunciador das
boas-novas da salvação. É aquele que está na linha de frente do “ide” de Jesus.
Ele tem habilidade especial para diagnosticar a condição do pecador, encorajá-lo
a decidir por Cristo e ajudá-lo a encontrar segurança na Palavra de Deus. Os
evangelistas devem sair e pregar ao mundo para depois conduzir os convertidos a
uma igreja local onde serão alimentados e encorajados espiritualmente. O lado
social do converso não pode ser ignorado.
Segundo o pr. Claudionor de Andrade, o
objetivo principal do discipulado é formar autênticos seguidores de Cristo. A
partir daí, teremos cristãos testemunhais e exemplares. Mas, se não dermos
importância à formação espiritual dos que recebem a Cristo, encheremos a igreja
de crentes vazios, deficientes e rasos na fé, os quais, muitas vezes, são
explorados por falsos pastores mercenários. A essa altura, uma pergunta ganha
pertinência: "Até quando deve durar o discipulado?". Se levarmos em
conta as reivindicações apostólicas, o discipulado, na vida de um crente,
inicia-se com a sua conversão, e há de perdurar até que seja ele recolhido pelo
Senhor. Quanto ao discipulado do novo convertido, em si, que persista até que
ele venha a parecer-se em tudo com Jesus Cristo. Somente um discipulado genuinamente
bíblico fará a diferença entre o cristão e o não cristão.
CONCLUSÃO
Já ganhaste uma alma para Cristo? Conheces
alguém atualmente na glória, com Cristo, levado por ti a Ele? Ou conheces
alguém que está no caminho para o céu, porque o informaste do Salvador? Se
fossem desvendados os teus olhos, neste momento, para contemplar a eternidade,
e se te fosse revelado que tens de passar para lá, neste ano não desejarias
depositar aos pés do Salvador algum presente como prova de teu amor? Pode haver
um presente tão precioso ou aceitável ao Mestre, como uma alma ganha para Ele,
durante um ano? Que todos nós façamos com excelência o trabalho de um Evangelista.
A responsabilidade é de todos. Então, proclamemos Cristo a tempo e fora de
tempo.
“A Bíblia não manda que os pecadores
procurem a igreja, mas ordena que a igreja saia em busca dos pecadores” (Billy
Graham).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.
Revista
Ensinador Cristão – nº 67. CPAD.
Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Missão Profética da Igreja. PortalEBD_2007.
Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Evangelização – a Missão máxima da Igreja.
PortalEBD_2007.
Caramuru
Afonso Francisco – Conservando o verdadeiro Pentecostes.
Caramuru
Afonso Francisco - A missão social da Igreja.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja.
O
desafio da Evangelização. Pr. Claudionor, de Andrade. CPAD.
Ev.
Caramuru Afonso Francisco. O ministério do evangelista. PortalEBD.2014.
Orlando Boyer. Esforça-te para ganhar almas. Ed. Vida.
Luciano boa noite,
ResponderExcluirSobre o evangelista, hj nas ADs tem o cargo de evangelista que é como o de pastor ou presbítero, pois, ele dirige igreja. Onde está o EVANGELISTA que a lição menciona?
Prezado irmão Marcelo,
ResponderExcluirO evangelista que a Lição faz menção é aquele que foi chamado para este fim, em seu estrito sensu. Não confundir o Evangelista como DOM (dado pelo Espírito Santo – exemplo: Estêvão, Filipe, que eram diáconos) – com a função de evangelista que as AD’s possuem em sua hierarquia eclesiástica. A lição não trata, essencialmente, deste, mas daquele. Ok?
Paz!
lUCIANO, BOA NOITE.
ExcluirLi a lição de 2013 que você recomendou sobre o assunto. Muito esclarecedor, será muito útil amanhã na EBD. Que o Senhor, possa continuar lhe dando sabedoria para nos auxiliar nesta missão do ensino.
Prezado irmão Marcelo,
ResponderExcluirPara uma melhor compreensão sobre funções e dons eclesiásticos veja a Postagem sobre este assunto no link: http://luloure.blogspot.com.br/2013/02/funcoes-e-dons-eclesiasticos.html
amo e leio todas as semanas teus comentários da EBD. DEUS te abençoe
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