3º Trimestre/2016
Texto Base: Atos 2:1-12
“E aconteceu que, acabando Jesus de dar
instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas
cidades deles" (Mt 11:1).
INTRODUÇÃO
A vida urbana é uma realidade que desafia e
exige da igreja uma pronta e veemente atitude para alcançá-la. Tem havido um
enorme êxodo rural de pessoas em busca de melhores oportunidades, e isto tem
inchado as grandes cidades de favelas e de marginalização, causando um
desarranjo social incontrolável. A desorganização da vida urbana tem causado
muitos problemas sociais, e a igreja deve estar preparada para responder a
esses dilemas. Estratégias adequadas devem ser desenvolvidas para alcançar as
pessoas. Os problemas típicos da vida urbana, tais quais a diversidade
cultural, a marginalização social, o materialismo, a invasão das seitas e as
tendências sociais, desafiam a igreja no sentido de demonstrar o poder da
Palavra de Deus que transforma e dá esperança a todos (Rm 1:16). É bom estarmos
conscientes de que o primeiro campo missionário deve ser o local onde a igreja
está localizada. Antes de atravessar o mundo, a igreja precisa atravessar a
rua, ou deve fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Mas não deve esquecer que na
cidade há um farto campo para missões: crianças, jovens, estudantes, adultos e
idosos.
I. ESTRATÉGIAS URBANAS DE EVANGELIZAÇÃO
A cidade é um campo de batalha entre Deus e
Satanás. Existem missões que trabalham com grupos específicos: drogados,
prostitutas, homossexuais, universitários ou profissionais liberais, por
exemplo. Mas toda a cidade deve comover a equipe de missões. Este comover, quer
dizer que o cristão deve sentir compaixão pelas almas perdidas.
É importante conhecer a cidade e seus
problemas, tanto geograficamente, como socialmente e espiritualmente. Algumas
cidades têm conotação religiosa, outras têm conotação esportiva e outras têm
conotação financeira. Quem nela habita conhece-a melhor. Cabe a igreja
aproveitar as oportunidades de grandes eventos, grandes aglomerações e realizar
a tarefa de evangelização urbana. A estratégia contemplará a cidade de forma racional
e planejada, visando à proclamação da Palavra de Deus em todas as
estratificações da região metropolitana.
Os missiólogos afirmam que não pode haver
nenhum esquema uniforme de evangelização. O que está dando certo em uma
determinada igreja não quer dizer que dará certo noutra. Assim, pode-se dizer
que o trabalho de evangelização urbana executado pela igreja nunca será ou
estará completo. Nesse sentido, haverá sempre necessidade de descobrir as
realidades desconhecidas e repensar os métodos, técnicas e estratégias
utilizadas nesse processo.
1. A estratégia de Jonas. O
Senhor havia determinado a destruição de Nínive. Seus habitantes, no entanto,
decidiram arrepender-se e humilhar-se diante de Deus. Toda Nínive apregoou um
jejum, que incluiu até os animais, clamando a Deus por misericórdia e pela
revogação da sentença destruidora que fora motivada por eles mesmos. Qual foi a
estratégia de Jonas? O tempo que ele dispunha para percorrer toda Nínive com o
juízo de Deus era exíguo. Então, ele usou as vias principais da capital
assíria para apregoar a mensagem divina - “E começou Jonas a entrar pela cidade
caminho de um dia, e pregava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será
subvertida" (Jn 3:4). A resposta à pregação de Jonas foi imediata e
retumbante. A cidade inteira se converteu, embora Jonas não a tenha percorrido
toda, e mesmo que a Palavra não tenha chegado a todos os ouvintes. Mesmo
ouvindo a mensagem indiretamente, todos, sem exceção, inclusive o rei (Jn 3:6)
se humilharam em extremo debaixo da mão de Deus.
A ordem do Senhor é para que se pregue a
toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder,
é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do
mundo. Não cabe à Igreja julgar as pessoas e dizer a quem deve, ou não, ser
pregada a Palavra. Nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a
pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os
homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar
para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e
maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais”;
mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina.
Quais
são os sinais da conversão dos ninivitas? Segundo o Rev.
Hernandes Dias Lopes:
a) O arrependimento sincero (Jn
3:5). Os ninivitas externaram sua tristeza interior pelo pecado através do
jejum e da humilhação com pano de saco. No mundo antigo, esse era um meio comum
de expressar tristeza, humildade e penitência - as marcas do verdadeiro
arrependimento. O arrependimento dos ninivitas foi unânime: desde o maior até o
menor. Começou de cima para baixo. Desde o rei até as crianças. Desde os homens
até os animais. Toda prepotência e arrogância acabaram. Nenhuma justificativa e
desculpa foi dada. Eles todos se prostraram em total humilhação diante de Deus.
O próprio rei trocou seus mantos reais por pano de saco e se sentou no chão em
meio ao pó e à cinza. A verdadeira conversão é evidenciada pelo arrependimento.
Não há conversão genuína sem arrependimento.
b) A
confiança profunda em Deus (Jn 3:5). Se o arrependimento é o lado
negativo da conversão, a fé em Deus é o seu lado positivo. O arrependimento nos
afasta do pecado e a fé nos faz correr para Deus. Pelo arrependimento o homem
foge da ira; através da fé corre para a graça. A fé sempre conduz às obras. O povo
ninivita creu em Deus e imediatamente se humilhou! Os marinheiros pagãos foram
exemplo para Jonas em oração, agora os ninivitas pagãos são exemplo para ele no
quebrantamento e volta para Deus. A conversão produz verdadeira mudança. O
homem vem a Cristo como está, mas não permanece como está. Encontro com Cristo
implica necessariamente imediata transformação. É impossível converter-se a
Cristo e ainda permanecer no pecado.
c) O
abandono das práticas pecaminosas (Jn 3:8). A conversão toca
o ponto nevrálgico da vida. Quando o rico Zaqueu, que vivera extorquindo o
povo, cobrando impostos abusivos, se converteu, ele resolveu dar a metade dos
seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais a quem havia defraudado.
Quando o truculento carcereiro de Filipos se converteu, passou a lavar os
vergões de Paulo e Silas. A conversão dos ninivitas foi demonstrada pelo
abandono imediato de seus maus caminhos e pela renúncia imediata e definitiva
da violência. Essas práticas abomináveis que provocavam a ira de Deus foram
abandonadas. Onde o pecado não é abandonado, não há evidência de conversão. Onde
não há evidência de santificação, não há prova de conversão.
d) Uma
posição de humildade diante de Deus (Jn 3:9). A ordem do rei ao
seu povo foi que todos deveriam se humilhar. Nenhuma exigência foi feita. Deus
não tem obrigação de ser misericordioso. Ele tem o compromisso de ser justo. Se
Deus aplicasse Sua justiça, os ninivitas estariam subvertidos. O pecador merece
o castigo, o juízo, e a condenação. O pecador não tem nada a exigir, mas a
suplicar. Uma pessoa convertida é revestida de humildade e não de arrogância.
2.
A estratégia do Pentecostes. Deus
escolheu o momento apropriado para mostrar aos israelitas, reunidos para uma
festa de grande aglomeração, a festa do Pentecostes, para revelar o seu grande mistério:
o evangelho e a sua igreja. Nesse evento judaico tão importante, achavam-se em
Jerusalém israelitas de todas as partes do mundo (At 2:1-12). E, quando da
descida do Espírito Santo, eles ouviram as maravilhas de Deus em sua própria
língua. Ao retornarem aos seus lugares de origem, levaram a semente do
Evangelho que, mais tarde, germinaria igrejas (ex.: igreja em Roma, igreja em
Antioquia da Síria).
3.
A estratégia de Jesus. Jesus Cristo, o evangelista por
excelência, não restringiu o seu ministério às multidões, Ele foi à procura das
pessoas marginalizadas pela sociedade. Ele ia ao encontro dos publicanos e das
meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. Jesus valorizava
a todos indistintamente, até mesmo aqueles considerados a pior escória da
sociedade, como era o endemoninhado gadareno (cf. Mc 5:1-20).
3.1. Na cidade de Gadara. Jesus,
depois de um dia fatigante, atravessou o mar da galileia, enfrentou uma
tempestade impiedosa para salvar um homem rejeitado e descartado pela sociedade
de então, até mesmo pelos de sua família. Jesus preferiu investir na salvação
de um homem, pois sabia que os habitantes daquela região, majoritariamente
pagãos, não formariam um grande número para ouvi-lo ensinar, nem se disporiam a
segui-lo na esperança de ver milagres. A estratégia de Jesus para ganhar Gadara
foi salvar "um homem com espírito imundo, o qual tinha a sua morada nos
sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender" (Mc 5:2,3). Ao
experimentar a salvação e ao ver-se liberto daqueles demônios, o homem,
revigorado e exultante, quis acompanhar Jesus, segui-lo por onde fosse. Mas
disse-lhe: “Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas
o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti" (Mc 5:19). Tornou-se o
primeiro evangelista entre os gentios. Qual o valor de uma vida? Para Jesus tem
um imenso valor. E nós, como avaliamos as pessoas?
3.2.
Na cidade de Samaria. O cenário urbano registrado pelo
evangelista João é um protótipo ou um modelo de evangelização urbana que
funciona. Jesus havia deixado a Judeia, ao Sul, e seguido para a Galileia, ao
Norte, quando sentiu que era necessário passar por Samaria, cidade que ficava
entre as duas regiões (João 4:4). Ao meio-dia, junto ao poço de Jacó, na cidade
de Sicar (“cidade dos bêbados”), travou um longo diálogo com uma mulher
samaritana que viera buscar água. E como resultado de sua estada nesse lugar,
muitas pessoas foram ter com ele, para ouvir a palavra de Deus (João 4:30). Nós
precisamos aprender com Jesus. Ele foi um evangelista por excelência.
Veja
algumas estratégias interessantes de Jesus para salvar a mulher samaritana:
a) Jesus
cria uma ponte de contato com a mulher. Veja João 4:7-9:
“Veio
uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade
comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me
pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se
comunicam com os samaritanos)?
Jesus podia Ele mesmo tirar
água do poço. Jesus podia fazer um milagre ali e fazer brotar uma fonte naquela
região. Mas Jesus resolve criar uma ponte de contato com essa mulher, pede a
ela um favor. A verdade é que Jesus está querendo apenas construir um caminho
de contato para conquistar o coração dessa mulher. O que significa isso? Significa
que nós precisamos evangelizar de onde as pessoas estão. Jesus não tem um
método engessado de evangelismo; Ele não tem o único método, em que ele usa
aquele método para todas as pessoas, em todos os lugares e em todas as
circunstâncias. Jesus faz uma leitura do texto e do contexto. Ele faz uma
leitura da Palavra e da cultura. Ele faz uma leitura do ambiente e da pessoa. E
ele começa de onde a pessoa está.
Na evangelização, nós
devemos fazer uma leitura do que as pessoas são e qual o contexto da vida
delas, para que então entremos por esta brecha para levar-lhes a Palavra de
Deus.
b)
Jesus não apenas cria uma ponte de contato, mas também desperta a curiosidade
da mulher. Veja João 4:10-12:
“Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu
conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe
pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com
que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que
Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus
filhos, e o seu gado?”.
Jesus está dizendo: olha,
mulher, eu vou falar com você sobre algo que é grandioso, que é sublime, que é
maravilhoso! Jesus está aqui como jogando sal na boca dessa mulher para lhe
provocar sede. Veja no verso 11 o que esta mulher respondeu para Jesus: “Senhor
tua não a tens com que a tirar e o poço é fundo”. Note vocês que Jesus está
dando uma dica para a samaritana: olha, mulher, a sua vida é como este poço, esta
cacimba de águas paradas, que junta lodo; a tua vida está assim, sem sentido,
sem sabor, sem novidade, sem uma experiência concreta e real com o eterno. Pois
eu quero te apresentar não um poço, uma cacimba, mas uma fonte, uma fonte que
não jorra para esta vida, mas para vida eterna. Eu quero apresentar uma vida
gloriosa, sublime, maravilhosa. Eu quero apresentar a melhor notícia que você
pode ouvir. Jesus gera nessa mulher uma ideia de curiosidade de conhecer a
Jesus, de conhecer o dom de Deus.
c)
Jesus desperta na mulher a sua necessidade. Leia João 4:13-15:
“Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer
que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu
lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de
água a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui
tirá-la”.
A mulher ouviu falar da
água viva, e disse: puxa vida que noticia boa! Agora não vou mais pegar o meu
cântaro e vir todo dia para este poço com trinta metros de profundida e puxar
água lá de baixo! Mas Jesus está querendo dizer para aquela mulher que as
coisas deste mundo não satisfazem a alma: dinheiro, sucesso, prazeres,
conquistas, medalhas, diplomas. Nada disso pode preencher o vazio de seu
coração. As pessoas estão buscando muitas coisas, muitas experiências, muitas
novidades, muitas crenças, muitas doutrinas, muitas religiões, muitos prazeres,
muitos sucessos, muitas riquezas. E tudo isso não satisfaz.
A água do poço de Jacó não
era uma água permanente. A água do poço de Jacó fica fora da alma e não é capaz
de satisfazer as necessidades. A água do poço de Jacó é de quantidade limitada,
ela diminui, desaparece. Mas a agua que Jesus oferece vem de uma fonte que
jorra para a vida eterna. Que fonte é essa? O Senhor Jesus Cristo disse: “quem
crê em vim como diz a Escritura, no seu interior fluirão rios de água viva”
(João 7:38). O que significa isso? Primeiro, isso tem a ver com abundância. Segundo,
isso tem a ver com dinâmica. Terceiro, isso tem a ver com vida pura.
d)
Jesus desperta na mulher a necessidade de arrependimento.
Veja João 4:16-18:
“Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu e disse: Não
tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste
cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade”.
Note que Jesus, no início,
não começou a conversa com a mulher da seguinte maneira: “vai lá e chama o teu
marido”. Porque às vezes a gente começa dando pancadas nas pessoas sem
despertar nelas por coisas maravilhosas. Há irmão que, quando vai testemunhar
de Jesus e vê a pessoa adepta de um ídolo, vai logo dizendo: “isso aí é do
diabo!”. Aí, meu amigo, já era o interesse daquela pessoa por ouvir o
evangelho! Nós temos que ter sensibilidade, tato, habilidade! Veja que Jesus só
disse, “vai lá e chama o teu marido”, na hora oportuna da conversa, quando Ele está
falando para ela da água da vida.
A pessoa que está sendo
evangelizada só vai entender da água da vida, quando ela entender que é pecadora
e que precisa de salvação e precisa de um Salvador. Ninguém pode receber o
evangelho da graça a não ser que entenda que está perdido, que pecado é
abominável para Deus, que o pecado é maligníssimo, que não há alternativa para
a pessoa fora do evangelho sem o Salvador! Se a pessoa não tiver percepção de
que está arruinada, que está perdida, dificilmente ela vai receber o evangelho
da graça; não importa se esse ser humano é doutor, se é analfabeto, se é rico,
se é pobre, se é religioso, se não é religioso, se frequenta igreja, se não
frequenta igreja.
O grande drama, hoje, é que
há muitos pregadores pregando fé sem arrependimento! Não se prega mais
arrependimento hoje! Essa mensagem é politicamente incorreta, dizem. O pregador
acha que vai ofender a plateia falando de pecado, da necessidade de
arrependimento. Mas, sem arrependimento não existirá fé. E a fé é o meio para
se alcançar a justificação – “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com
Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1) – e sem justificação ninguém
chegará ao Céu.
Talvez essa mulher
estivesse fugindo de si mesma! Quem sabe tentando preencher o vazio do seu
coração com várias aventuras amorosas. Cinco casamentos fracassados e agora
estava vivendo com um amante, com uma vida totalmente sedenta, vazia. Então ela
queria saber onde está essa água da vida. E Jesus toca neste nervo exposto da
situação: a necessidade do arrependimento!
e)
Jesus desperta no coração dessa mulher a fé verdadeira.
Veja João 4:25-30:
“A mulher disse-lhe: Eu sei que o
Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus
disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. E nisso vieram os seus discípulos e
maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe
disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? Deixou, pois, a mulher o seu
cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde e vede um homem que me
disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo? Saíram, pois,
da cidade e foram ter com ele”.
Se a primeira fala de Jesus
com a mulher fosse: “mulher eu sou o Messias e você é uma pecadora!”. Talvez
aquela mulher tivesse saído escandalizada e ido para casa irada, e os
resultados não tivessem sido promissores. Mas, Jesus era sábio em suas
estratégias. O evangelho não muda, a mensagem não muda, o conteúdo não muda.
Mas a abordagem precisa ser sábia, sensível, estratégica!
O que aconteceu com essa
mulher? Veja os versículos 28 a 30: “Deixou,
pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde e
vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?
Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele”. Aqui mostra que essa mulher
tem pressa. Já que ela viu Jesus, teve um encontro com Jesus, ela tem pressa de
testemunhar de Jesus. Ela correu para anunciar Jesus. Ela testemunhou para toda
a cidade que tinha encontrado o Messias. Talvez nós precisemos deixar o nosso “cântaro”.
Talvez nós precisemos ter pressa para ir falar para outras pessoas que nós
encontramos Jesus!
Amados irmãos, quem tem um
encontro com Cristo tem pressa para testemunhar dEle. Quem teve um encontro com
Cristo e retém isso para si, talvez não tenha ainda um encontro com Cristo. Alguém
já disse e é verdade: a igreja é uma agência missionária com um campo
missionário. Ou a igreja evangeliza ou ela precisa ser evangelizada.
E os samaritanos vieram aos
montões. Então Jesus disse aos seus discípulos: “levantai os vossos olhos e
vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (João 4:35). Os samaritanos
chegaram e receberam a Jesus. Convidaram Jesus para ficar com eles. E Jesus
ficou ali dois dias.
Após os samaritanos
receberem a Jesus deram o seguinte testemunho: “E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à
mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos
ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo”
(João 4:41,42). Oh como foi maravilhoso Jesus pegar a uma mulher proscrita da
sociedade, não somente levar a ela a salvação, mas fazer dela uma missionária.
Amados irmãos, nós devemos
ir à nossa cidade, ao nosso bairro, ao nosso condomínio, à nossa igreja, à
nossa parentela, e vamos anunciar que Jesus é o Salvador. E depois as pessoas
vão dizer: “agora não é porque você nos anunciou, nós mesmos vimos, nós mesmos
ouvimos, nós mesmos temos a convicção de que de fato Jesus é o Salvador do
mundo!”.
4.
Qual a nossa estratégia? Toda igreja que prima pela
evangelização utiliza-se de estratégias apropriadas para levar as pessoas a
Cristo. Nas cidades urbanas do Brasil é costumeiro se pregar o evangelho,
distribuindo folhetos, em aglomerados esportivos, festivos e culturais. Muitos
testemunhos de pessoas convertidas têm vindo à tona, mostrando com isso que a
Palavra de Deus não volta vazia; antes, prosperará naquilo para que foi enviada
(Is 55:11).
Em todos os lugares existem
pessoas tristes, chorando, sofrendo, desanimadas, almas perdidas sem a mensagem
do Evangelho. E a igreja tem a mensagem que salva. O alerta de Jesus ainda
ecoa: “Erguei os vossos olhos e contemplai esses campos, que estão brancos para
a ceifa” (Jo 4:35). A advertência de Deus dada ao profeta Ezequiel ainda ecoa: “Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente
morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse
ímpio na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei da tua mão. Mas,
quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se
converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua
iniquidade, mas tu livraste a tua alma” (Ez 33.8-9).
II. OS DESAFIOS DA EVANGELIZAÇÃO URBANA
As cidades, com sua
complexidade social, cultural, econômica, emocional e espiritual, constituem-se
campo propício para atuação da igreja ou do inferno; dos cristãos ou dos
feiticeiros; dos homens de bem ou dos assassinos. Veja os principais desafios da
evangelização urbana, nos tempos hodiernos:
1. Populações
concentradas verticalmente em edifícios fechados. A
verticalização das metrópoles impede-nos que evangelizemos de porta em porta,
como acontecia há 50 ou 60 anos. Os condomínios, hoje, são quase impenetráveis
aos que desejam evangelizar pessoalmente. Por isso, crie um círculo de
relacionamentos. Não podemos entrar em um condomínio, mas um novo convertido
que ali reside há de estabelecer um núcleo de evangelização, por meio do qual
alcançaremos outras famílias. O evangelho de Cristo não muda, todavia, os
métodos de evangelização devem ser periodicamente avaliados, para que o nosso
trabalho não se torne improdutivo.
2. Excesso de
entretenimento. Antigamente, só havia um pequeno campo de
futebol em cidades de médio porte. Hoje, há estádios grandes, que atraem muita
gente; a televisão e a internet tiraram as pessoas das ruas e as confinou
dentro de suas casas. O evangelismo pessoal é muito dificultado nessas
condições. Então, utilizemos os mesmos meios que confinaram essas pessoas
dentro de suas casas. Oh! O uso da televisão é muito caro para atingir as
pessoas confinadas em suas casas! Há muitos segmentos heréticos usando a
Televisão, pregando suas heresias deletérias, e eles são muito inferiores a nós
quantitativamente falando. Por que nós, que somos em maior número, não usamos
esse meio de comunicação? Simplesmente por falta de amor pelas almas perdidas,
por falta de visão missionária, porque a maioria dos líderes só pensa em
construir suntuosos templos para competir com a outra denominação, porque a
maioria dos líderes só pensa em se locupletar com a “lã das ovelhas”. Certamente,
no tribunal de Cristo isso será levado em conta! Urge mudarmos esta situação!.
3. Proliferação de
denominações. A concentração de igrejas diferentes, além
das seitas diversas, causa confusão junto à população. Cada uma evangelizando
com mensagens diferentes e contraditórias. Parece que há um "supermercado
da fé". Há quem ofereça religião como mercadoria mais barata, em
"promoção", com descontos (sem exigências, sem compromissos) e há os
que "cobram" caro demais, com exigências radicais.
4. O fundamento
materialista. O elevado grau de materialismo e consumismo
do homem urbano faz com que o mesmo sinta-se autossuficiente, sem a necessidade
de Deus. A doutrina fundamental do materialismo é: o mundo existe por si mesmo.
O materialismo prega que a única realidade no universo é o mundo físico e
material e que nada existe além dele. Esta vertente filosófica prega o ateísmo,
nega a realidade espiritual, a existência dos anjos, os milagres, a criação do
Universo e do homem por Deus.
5. O relativismo
moral predominante. Sob um discurso de tolerância e de
liberdade, o mundo hodierno, defende a ideia do "relativismo moral”, ou
seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os homens,
independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro
deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta
estabelecida "a priori" por quem quer que seja. Deste modo,
entende-se que não possa ser imposto qualquer comportamento a qualquer homem,
sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não
entendem. Todavia, ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão
universal de conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada
ser humano: o padrão bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao
homem por sua Palavra.
6. Incredulidade e
perseguição. Num
tempo em que o evangelho é desgastado por falsos pregoeiros, anunciemos a
Cristo com sabedoria, poder e eficácia (2Tm 4:17). Nossa mensagem não pode ser
confundida com a dos mercenários e falsos profetas (Rm 6:17). Preguemos a mensagem
da cruz na virtude do Espírito Santo (1Co 1:18). Se formos perseguidos, não
desistamos. Jesus também o foi em sua própria cidade, mas levou a sua missão
até o fim (Lc 4:28-30).
Como
enfrentar estas e outras dificuldades que tendem dificultar a
evangelização no orbe urbano? Utilizando-se de estratégias habilidosas, sob o
auspício do Espírito Santo. A cidade em que vivemos é campo de batalha entre
Deus e o diabo; ela pertencerá aos céus ou ao inferno, depende de quem agir com
mais eficiência e eficácia, com as forças dos céus ou do inimigo. Nas grandes
metrópoles, os sistemas sociais, econômicos, políticos, educacionais e outros
estão sob a influência dos demônios, das potestades das trevas. É preciso muito
poder, muita oração, muito jejum e muita ação para que as estruturas das
cidades sejam resgatadas do poder do inimigo. O desafio é grande, mas o que
está conosco é maior do que o inimigo.
III. COMO FAZER EVANGELISMO URBANO
Para realizar evangelização
urbana é imprescindível tomar as seguintes decisões:
1. Orar e jejuar
pela Cidade. Qualquer plano de evangelização, por melhor
que seja, com recursos, métodos, estratégias, fracassará, se não tiver o poder
de Deus. Este poder só vem pela busca, pela oração constante. Os demônios
infestam as cidades e só são expulsos pelo poder da oração (Jr 29.7; Lc 19.41).
A oração é a base.
2. Treinar a equipe
ou as equipes. Esse treinamento refere-se ao estudo da
Palavra de Deus e das estratégias estabelecidas. As seitas preparam bem seus
adeptos. As igrejas precisam gastar tempo e recursos no preparo dos que
evangelizam para que eles não tenham de que se envergonhar, que manejem bem a
palavra da verdade (2Tm 2:15).
3. Conhecer o contexto urbano. O contexto diz respeito à cultura - aos valores,
ideias e sentimentos - de um determinado povo. Também diz respeito às classes
sociais e à religião. O contexto revela quais são as características que são
próprias de uma determinada cidade. Isto ensina que evangelização e contexto
precisam andar de mãos dadas. Então, para se usar um determinado tipo de
técnica ou método na evangelização é preciso conhecer o contexto, o ambiente em
que se vai trabalhar. Jesus, quando evangelizou a mulher samaritana, conhecia o
contexto da cidade de Sicar. Ele conhecia o modo de vida desse povo. Foi em
razão disso que, em sua conversa com a Samaritana, ele usou o método indutivo,
ou seja, ele começou o diálogo partindo do particular para o geral - do
problema pessoal para a solução. Os argumentos usados por Jesus foram tão
convincentes que a mulher abriu-lhe o coração: “não tenho marido. Disse-lhe
Jesus: disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco e o que tens agora
não é o teu marido” (João 4:18,19).
4. Planejar a
evangelização. O sucesso da evangelização depende do
Espírito Santo. Só Ele convence o pecador (João 16:8). Entretanto, no que
depende de nós, precisamos fazer o que está ao nosso alcance, devemos fazer a
nossa parte.
Daniel Berg e Gunnar
Vingren não vieram ao Brasil porque olharam, aleatoriamente, para o mapa e
escolheram uma cidade da região norte do Brasil, não! Eles, certamente, oraram
muito e, orientados pelo Espírito Santo, escolheram a cidade de Belém, no
Pará, como ponto de partida para a sua missão no Brasil. Constataram que a
capital paraense era geograficamente estratégica para se alcançar o país em
todas as direções. Não se faz evangelização, principalmente em cidades, sem uma
estratégia previamente estabelecida e direcionada pelo Espírito Santo.
O apóstolo Paulo, antes de
chegar à Macedónia, já podia contar com uma equipe altamente qualificada para
implantar o evangelho na Europa. Primeiro, tomou consigo a Silas e depois, o
jovem Timóteo (At 15:40;16:1,2). Acompanhava-os, também, Lucas, o médico amado
(At 16:11). Com esse pequeno, mas operoso grupo, o apóstolo levou o evangelho a
Filipos, a Tessalônica e a Beréia, até que a Palavra de Deus, por intermédio de
outros obreiros, chegasse à capital do Império Romano (At 16.12; 17.1,10).
Algumas sugestões
importantes devem ser consideradas, no âmbito do planejamento:
Ø Defina
áreas a serem evangelizadas: bairro, quarteirão, ruas, avenidas, praças...
Ø Estabeleça
postos-chave. É necessário que sejam encontrados postos principais para a
evangelização urbana. Pode ser a casa de um crente, ou a de alguém que está se
abrindo ao Evangelho da graça, como aconteceu com Lídia (At 16:15). Na
evangelização, as bases são muito importantes.
Ø Defina
as equipes de evangelização e distribua as áreas com as equipes (ex.: rua tal
com equipe tal; ou quarteirão tal com tal equipe; bairro tal com equipe tal, etc.).
Ø Estabeleça
metas ou alvos (nº de decisões, pessoas batizadas, etc.).
Ø Prepare
os meios necessários: literatura, equipamentos, recursos financeiros, etc.
Ø Acompanhe
de perto a equipe ou as equipes de evangelização. Isso deve ser feito pelo
pastor da Igreja ou pelo departamento de evangelismo.
Ø Jamais
se deve descuidar dos novos convertidos. Fortaleça-os na fé, na graça e no
conhecimento da Palavra de Deus. Quem se põe a evangelizar as áreas urbanas
deve estar sempre atento. Por isso mesmo, tenha uma equipe amorosa, competente
e disponível. Deve-se engendrar esforço para estimular o recém-convertido a
frequentar com fidelidade a Escola Bíblia Dominical. A EBD é um meio propício
para o fortalecimento da fé e maturidade espiritual do novo cristão.
Ø Mobilize
o maior número possível de crentes para a execução do que for planejado:
jovens, adolescentes, adultos, com a liderança à frente.
Ø Avalie
os resultados obtidos. Deve-se avaliar os resultados obtidos e extrair os conhecimentos
necessários para melhor aplicá-los no futuro.
Não podemos deixar de frisar que todo planejamento
deverá ser dirigido e confirmado pelo Espírito Santo. Caso contrário, estaremos
fazendo evangelismo apenas no sentido técnico, e não com a unção do Espírito
Santo, causando desperdício de esforços e recursos. Por outro lado, não podemos
nos esquecer da necessidade da estratégia, para não corrermos o risco de
estarmos utilizando mal os meios que o Senhor nos deu para uma evangelização
eficaz.
CONCLUSÃO
Indubitavelmente,
a evangelização urbana é o grande desafio do século 21. As cidades tornam-se
cada vez maiores e mais complexas, exigindo da Igreja de Cristo ações e
estratégias mais ousadas e eficientes, visando bons resultados. Precisamos orar
e pedir a Deus estratégias e os meios propícios para atingirmos as pessoas que
ainda não conhecem o evangelho da graça. Neste tempo pós-moderno é de bom
alvitre o uso dos meios de comunicação social (Ex: WatsApp, Facebook, twitter,
blog, site, instagram, etc). Não podemos prescindir dos programas de rádio e de
TV. A cada momento, milhares morrem sem aceitar Jesus Cristo como Senhor e
Salvador. Isto é uma terrível notícia.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.
Revista
Ensinador Cristão – nº 67. CPAD.
Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Evangelização – a Missão máxima da Igreja.
PortalEBD_2007.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja.
O
desafio da Evangelização. Pr. Claudionor, de Andrade. CPAD.
Orlando Boyer. Esforça-te para ganhar almas. Ed. Vida.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Jonas (um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus).
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