1º
Trimestre/2017
Texto Base:
Mateus 7:13-20
"Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento" (Mt.3.8)
Nesta Aula, estudaremos o
propósito do Fruto do Espírito, que é provar a verdadeira espiritualidade da
pessoa convertida. O Fruto do Espírito representa o que o homem é, fala do seu
tempo andando com Deus. A sua formação requer uma vida de entrega nas mãos do
Senhor, vida no Altar, vida de renúncia, de consagração, vida de dedicação à
Obra de Deus, vida cheia do conhecimento de Sua Palavra.
Quando o ser humano
recebe Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida, e mantém uma comunhão
intensa com Ele, o Espírito Santo gera nessa pessoa virtudes que refletem o
caráter de Deus, que o apóstolo Paulo chama de Fruto do Espírito. O
Fruto é gerado na medida em que o Espírito Santo vai transmitindo, ou gravando,
no caráter do homem virtudes existentes
em Deus, das quais Paulo relacionou nove em Gálatas 5:22, a saber: "amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio". Na verdade
essas virtudes constituem o propósito e o alvo de Deus para os crentes quando
nos permitimos ao controle irrestrito do Espírito Santo. É o próprio Espírito
Santo quem produz em nós essas virtudes. Elas são a maravilhosa
descrição do Caráter de Cristo que devemos adquirir dia a dia pelo estudo da
Palavra de Deus e comunhão devocional com o Senhor. Somente quando tais
virtudes tornam-se perceptíveis em nossas vidas podemos entender o que é ser um
cristão cheio do Espírito Santo.
Se dermos lugar ao Espírito
Santo e santificarmos nossas vidas, as pessoas verão que Deus está em nossas
vidas, pois pelos frutos somos conhecidos. Aliás, um dos propósitos do Fruto do
Espirito é nos identificar. Assim como uma árvore é conhecida pelos seus
frutos, o crente verdadeiro é reconhecido por suas ações. O Fruto também revela
a nossa comunhão e o quanto temos aprendido do Senhor.
I. A VIDA CONTROLADA PELO ESPÍRITO
SANTO
1.
É uma vida frutífera. Quando o crente não se submete em tudo ao
controle do Espírito Santo, ele não consegue resistir e neutralizar os desejos
da natureza pecaminosa. Mas quando o Espírito tem esse controle, o crente
torna-se igual um solo fértil para o Espírito produzir o seu bendito Fruto descrito
em Gálatas 5:22. Somente pelo poder do Espírito o crente consegue sempre vencer
os desejos, a cobiça e as inclinações da carne e viver uma vida frutífera.
Um aspecto importante que
observamos na botânica é que o fruto é o fim, o término de todo um processo
fisiológico, é o resultado de todo um ciclo vital. Desde o momento que a
semente germina e passa a formar um novo ser (morrendo, como nos fala Jesus),
há somente um objetivo, uma finalidade: a formação do fruto. Portanto, como se
vê, o Fruto é o fim, o propósito, o objetivo de todo o processo.
Espiritualmente falando, também vemos que o fim último da vida cristã é a
produção do Fruto do Espírito Santo. Todo o processo de concessão da vida
espiritual tem como finalidade a formação deste Fruto. Jesus foi claro ao
afirmar que nos escolheu para que vamos, demos fruto e o nosso fruto permaneça
(João 15:16).
Somos de Cristo para que
demos frutos para Deus (Rm.7:4). Quem não dá Fruto do Espírito Santo não pode
ser mantido no meio do povo de Deus e, por isso, é extirpado dele (João 15:2).
Jesus deixou isto bem claro tanto na parábola da vinha (Lc.13:6-9), quanto no
episódio da figueira infrutífera, que secou mediante a maldição do Senhor (Mt.21:18-22;
Mc.11:12-14). Aliás, é esta a única oportunidade do ministério de Jesus Cristo
em que O vemos lançando uma maldição, a demonstrar o quanto desagrada ao Senhor
a existência de vidas infrutíferas no meio do seu povo.
Certa feita, Jesus estava com fome e se
dirigiu até uma figueira para colher dela frutos. Mateus nos informa que a
figueira estava situada à beira do caminho (Mt.21:19). Uma posição estratégica
para os que gostam de ser vistos, admirados e elogiados pelos que passam pelas
estradas da vida. Aquela figueira
era uma árvore frondosa - uma figueira
com muitas folhas. Folhas agradam os olhos, mas não servem de alimento.
Jesus estava com fome. Jesus era israelita, nasceu e cresceu em Israel, logo
Ele sabia que não acharia fruto naquela figueira (cf. Mc.11:13). Mesmo assim “foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando-se a ela não achou
senão folhas”. Não achou frutos porque não era tempo de figo. Porém, não
gostou de não ter achado e amaldiçoou a figueira - “E Jesus, falando, disse à figueira; nunca mais coma alguém fruto de ti”
(Mc.11:14). “E eles passando
pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes. E Pedro,
lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoastes, se
secou”(Mc.11:20,21).
Pode parecer estranho o fato de Jesus ter
amaldiçoado a figueira por não achar nela fruto - ele sabia “que não era tempo
de figos”. O que nos parece é que o Senhor Jesus quis usar aquela figueira para ministrar Lições ao Seu
povo.
Lição
1: O Senhor procura frutos, e não folhas (Mt.21:19). O
Senhor não se impressiona com nossa “bela folhagem”, com nossa aparência
pessoal. Não basta ter aparência; não basta estar à beira do caminho para ser
visto, admirado, elogiado. Sem frutos a figueira secará.
Lição
2:
Na vida espiritual todo tempo é tempo de
dar frutos. Não existe uma Estação própria, um tempo apropriado. O Senhor
Jesus se julga no direito de procurar frutos em nós, em todo o tempo.
- Crente
tem que dar frutos na Primavera. A Primavera, na vida
espiritual, é aquele período quando tudo são flores, quando a temperatura é
amena, quando o céu é azul, quando os dias são claros e belos. É quando o
crente está em “Elim”, onde existe sombra e água fresca - “... e havia ali doze
fontes de água e setenta palmeiras...”( Êx.15:27). Se você, meu irmão, está em
“Elim”, e se é primavera na sua vida espiritual, aproveite este tempo para dar
muitos frutos para o Senhor.
- Crente
tem que dar frutos no Verão. O Verão, na vida espiritual, é aquele
período de intenso calor, quando a “areia do deserto” queima nossos pés e o sol
abrasa nossas cabeças, quando a água fica racionada, e, às vezes, a própria
energia. É aquele período em que de repente o tempo muda e desabam
violentos temporais, provocando inundações, vendavais, estragos, prejuízos.
Foi nesta estação em que,
de um momento para outro, José foi lançado na prisão, os três hebreus jogados
na fornalha de fogo, João exilado em Pátmos. Era verão espiritual em suas
vidas, mas, José deu frutos na prisão, os três hebreus deram frutos na
fornalha, João deu frutos em Pátmos. Nós, também, podemos dar frutos em nosso
verão espiritual.
- Crente
tem que dar fruto no Outono. O Outono, na vida espiritual, é
aquele período em que a beleza da vida fica ofuscada, as folhas caem, as
árvores parecem secas, sem vida. O ânimo fica abatido. Mesmo nesse período de
abatimento, frustrações, desânimo, o crente precisa produzir frutos para o
Senhor.
- Crente
tem que dar fruto no Inverno. O Inverno, na vida
espiritual, é aquele período de frieza, quando os dias tornam-se ofuscados,
cinzentos. Ser crente no inverno espiritual não é fácil, mas é possível desde
que estreitemos nossa comunhão com Deus e deixemos que o calor do Espírito
Santo aqueça nossa alma. Mesmo no Inverno o crente precisa produzir frutos para
o Senhor.
Aquele mesmo Senhor que
procurou figo naquela figueira, sabendo que não era tempo de figo, também
procura fruto em nossa vida porque, para Deus, todo tempo é tempo de produzir
frutos. Pense nisso!
2. É
uma vida que externa santidade. Nós não fomos salvos para
somente frequentarmos a congregação, mas para revelar Cristo ao mundo por
intermédio de um viver santo, justo, em meio a uma sociedade comprometida pelo
pecado (Fp.2:15).
Ser Santo é uma exigência
de Deus – “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Fala a toda a Congregação dos
filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus,
sou santo”(Lv.19:1,2). Não é uma exigência do Antigo Testamento e nem é somente
para Israel. A mesma exigência foi reafirmada no Novo Testamento e em relação à
Igreja: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em
toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu
sou santo”(1Pd.1:15-16).
O crente verdadeiro,
sincero, genuíno é alguém que se preocupa, a todo instante, em agradar a Deus
e, por isso, distancia-se do pecado, do mal e se aproxima de Deus. Tudo faz em
suas tarefas diárias para agradar a Deus.
3.
É uma vida produtiva. O Senhor Jesus Cristo afirmou: “Nisto é
glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”
(João 15:8). Dar fruto... dar “muito fruto” é uma condição imposta por Jesus
para aquele que quiser ser seu discípulo. Deus não pede o que não temos para
dar e que Deus não exige o que não podemos fazer. Assim, se o Senhor Jesus
exigiu como condição o dar muito fruto para poder ser seu discípulo é porque
ele sabia que o homem podia cumprir esta condição. É claro que o homem natural
não pode ser seu discípulo, porque não pode, por si só, cumprir suas condições.
Para ser discípulo de Jesus, o homem natural precisa, primeiro, aceitá-lo como
seu Senhor e Salvador, precisa nascer de novo, precisa torna-se um homem
espiritual.
Todavia, mesmo o homem
nascido de novo, não poderia, por si só, fazer a vontade de Deus e cumprir a
Sua Palavra. Sabendo disto, Deus Pai, por intermédio de Jesus, enviou para
estar com o homem, o Espírito Santo, sobre o qual o Senhor Jesus declarou:
“Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a
verdade...” (João 16:13). Paulo complementou, dizendo: “E da mesma maneira
também o Espírito Santo ajuda as nossas fraquezas...” (Rm.8:26).
Cristo é a Videira e Deus Pai é o Lavrador
que cuida dos Ramos para torná-los frutíferos. Os Ramos são todos aqueles que
se decidiram seguidores de Cristo. Os Ramos frutíferos são os verdadeiros
crentes que, por meio da união de sua vida com a de Cristo, propiciam a Deus
uma colheita abundante. Mas aqueles que se tornam improdutivos, que se negam a
seguir a Cristo depois de estabelecerem um compromisso superficial com Ele,
serão separados da Videira. Os seguidores improdutivos são como mortos; serão
cortados e lançados fora. Estamos frutificando? Somos verdadeiramente salvos?
Podemos afirmar, com absoluta convicção,
que, se não nos deixarmos guiar e se não formos ajudados pelo Espírito Santo,
não daremos fruto, nem muito e nem pouco! Quem não dá fruto não pode dizer que
é discípulo de Jesus. Quem não frutifica, diz o Senhor, é cortado e lançado
fora. Não é possível ser crente, ser salvo sem que se tenha uma vida produtiva,
sem produzir o Fruto do Espírito.
II. OS PROPÓSITOS DA FRUTIFICAÇÃO
ESPIRITUAL
1.
Expressar o caráter de Cristo. A partir do Novo
Nascimento, o homem passa a ter um novo ambiente, que é o ambiente da comunhão
com o Senhor, pois o próprio Senhor vem habitar no crente (Rm.8:9; João 14:23)
e isto fará com que seja modificado o seu caráter. Adquirimos um novo caráter,
o caráter cristão, que é o que Paulo denomina de “o Fruto do Espírito”, que é
idêntico a todos os crentes, resultado da atuação do mesmo Espírito que habita
em cada um deles.
O segredo de apresentarmos
um caráter cristão e de controlarmos o nosso temperamento para que este caráter
se forme e, portanto, que produzamos o Fruto do Espírito, é o de nascermos de
novo. O Novo Nascimento é uma necessidade, como o Senhor Jesus deixou claro a Nicodemos,
um cidadão de bem, culto, educado e religioso; porém, um homem natural, movido
pela sua velha natureza carnal.
A natureza humana, por
melhor que possa parecer, não contém os fertilizantes necessários à formação do
Fruto do Espírito. Por esta razão o Senhor Jesus foi taxativo, ao declarar que “...na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o
Reino de Deus... O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito” (João 3:3,6). A expressão “o que é nascido da carne é
carne” significa que o que é nascido da carne, ou seja, o homem natural, não
importando sua posição social, política, econômica, no seu corpo serão
produzidos as obras da carne. Daí a necessidade de uma transformação, de um
Novo Nascimento, ou de uma Regeneração. Neste processo, a velha natureza, ou “o
velho homem” tem que morrer para que surja um “novo homem”, formado por uma
nova natureza – “... o que é nascido do Espírito é espírito”. Isto ocorre no
exato momento em que o homem aceita o Senhor Jesus Cristo como seu único e
suficiente Salvador, ou seja, no momento de sua Conversão. Nesse instante
ocorre uma transformação semelhante àquela que ocorreu em Caná, da Galiléia,
quando o Senhor Jesus transformou água em vinho (João 2:1-11).
Ninguém viu e ninguém
poderia explicar o que aconteceu ali. A água estava dentro das talhas, e as
talhas eram de pedra. Também não houve demora, foi um ato repentino. A água,
que num momento atrás era um liquido incolor, insípido e inodoro, sofreu uma transformação,
tornando-se um líquido com cor, com gosto e com cheiro. Nada podia fazer
lembrar que aquele vinho, momentos antes, tivesse sido água.
O Novo Nascimento
significa, portanto, uma mudança completa, total, absoluta – “...se alguém está
em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo” (2Co.5:17).
No exato momento da
Conversão o “velho homem” é transformado num “novo homem”. O homem carnal, ou
natural, é transformado num homem espiritual, e de forma simultânea, recebe a
Regeneração, ou seja, é gerado de novo; a Justificação, pela qual é declarado
como se nunca tivesse pecado; é galardoado com a Adoção, tornando-se filho de
Deus, recebendo, ainda, a Santificação. Este processo denomina-se Salvação.
2.
Abençoar outras pessoas. Na medida em que praticamos boas
obras, na medida em que passamos a demonstrar o caráter cristão, estaremos,
também, trazendo o bem às pessoas que nos cercam. O crente é sal da terra e luz
do mundo e, portanto, iluminará os ambientes que frequenta, como também
conservará a pureza ou curará os males do lugar onde está. A Bíblia diz que o
crente é a nascente de um rio de água viva (João 7:38) e, como nos ensina a
geografia, o rio é um elemento primordial para que se constitua um núcleo
humano de habitação, para que se construa uma sociedade, uma comunidade. O
crente, portanto, é um elemento que traz a vida para as pessoas, que permite
com que as pessoas possam ser despertadas para a realidade da necessidade da
comunhão com Deus e com o próximo, mas isto tudo somente pode ocorrer se houver
a produção do Fruto do Espírito, sem o que este rio não nascerá, sem o que este
rio não será água corrente, mas apenas uma cisterna rota, de água parada, mal
cheirosa e produtora de doenças (Jr.2:13).
3.
Glorificar a Deus (João 15:8). Por fim, como diz o
próprio Jesus, vemos que a presença de crentes frutíferos leva os ímpios a
glorificarem a Deus (Mt.5:16). A Igreja, aqui, em perfeita consonância com o
Espírito Santo, faz com que os homens glorifiquem ao Pai que está nos céus. O
trabalho do Espírito Santo é o de glorificar a Jesus (João 16:14), assim como o
trabalho de Cristo na Terra foi o de glorificar o Pai (João 17:4). Nós, como
corpo de Cristo, temos de prosseguir neste trabalho de glorificação do Pai e
isto só será possível através das nossas boas obras.
III. O FRUTO DO ESPÍRITO EVIDENCIA O
CARÁTER DE CRISTO EM NÓS
1.
O que é Caráter. O Caráter é o traço distintivo de uma
pessoa, é a sua marca. Por mais que seja melhorada pelos processos educacionais
e éticos, ele será a marca distintiva da natureza do homem. Nicodemos, do ponto
de vista humano, era um homem de bom caráter, um homem de bem. Contudo, do
ponto de vista de Jesus, como homem natural, ele não estava habilitado a
produzir bons frutos. Ele continuava sendo um “espinheiro”. Para produzir
“uvas”, precisava de uma mudança em sua natureza. Esta mudança só é possível
através do Novo Nascimento. Depois disto, então, o homem poderá produzir
“frutos bons”.
O crente que evidencia o
caráter de Cristo tem um comportamento, uma conduta diferente dos demais
homens, porque tem uma natureza diferente, é de uma espécie diferente. Enquanto
o crente é filho de Deus, o ímpio é filho do diabo (João 8:44); enquanto o
crente é luz, o ímpio é treva; enquanto o crente tem vida, o ímpio está morto.
Portanto, não pode haver comunhão entre o crente e o descrente. Assim, não
podemos admitir o discurso de que o crente deve assumir a forma do descrente,
até para “ter maior facilidade na evangelização”. Não temos, em absoluto, que
tomar a forma do mundo (cf. Rm.12:2), mas buscar transformá-lo.
Devemos analisar as pessoas
pelos frutos que produzem, ou seja, devemos verificar quais são as suas
atitudes, qual é o seu caráter, não simplesmente o que está aparecendo em torno
delas. Não nos preocupemos com os sinais, prodígios e maravilhas que alguém
venha a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos
preocupemos com a vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do
caráter cristão na sua vida. É pelos frutos que reconheceremos quem é crente e
quem não o é.
O caráter cristão
permite-nos vislumbrar quem tem, ou não, comunhão com o Senhor e isto é que é
importante, pois a comunhão com Deus representa a libertação do pecado e a consequente
aceitação por Deus.
Aos religiosos que
procuravam João Batista para serem batizados, ele advertia-os, dizendo-lhes:
“Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento... E também, agora, está posto o machado à raiz das
árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada não
fogo” (Mt.3:8,10). Por estas palavras de João Batista entendemos que não basta
ao homem mudar de Religião, mas, que é necessário uma mudança de vida. Aquele
homem “mau caráter” precisa ser transformado num homem de “bom caráter”. Não se
trata, pois, de melhorar a qualidade do fruto, mas mudar a sua natureza. Um
limão por melhor que seja, será sempre limão, e para ser bom precisa ser azedo.
É preciso, portanto, mudar a natureza do fruto, e, não apenas melhorar a sua
qualidade – “... toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz
frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus-frutos, nem a árvore má dar frutos
bons” (Mt.7:17,18). Segundo Jesus, é pela qualidade dos frutos produzidos que
se conhece a árvore – “Por seus frutos os conhecereis...” (Mt.7:16).
Pelos frutos é possível
saber se o homem mudou de vida, se é, agora, um novo homem, ou se apenas mudou
de Religião, e continua sendo o velho homem, envolto com as obras da carne.
“Porque cada árvore se conhece pelo seu fruto...”, segundo afirmou Jesus.
2.
O Fruto do Espírito evidencia o caráter de Cristo em nós. O
Fruto do Espírito é a expressão da natureza e do caráter de Cristo através do
crente, ou seja, é a reprodução da vida de Cristo no crente.
O pecado afetou
consideravelmente a imagem de Deus em nós levando-nos a produzir as obras da
carne. Entretanto através do novo nascimento, Cristo é novamente formado em nós
e assim somos transformados constantemente de glória em glória, crescendo na
graça e no conhecimento de Jesus Cristo (2Co.3:17,18).
Observe que em Gálatas 5:22
o vocábulo Fruto está no singular, apesar de apresentar nove virtudes. Isto
quer dizer que o Espírito Santo produz uma só qualidade de fruto, a saber: AMOR.
“AMOR” é
a suprema virtude do Fruto do Espírito. É divino, não se trata de vários tipos,
mas vem de Deus, o qual foi derramado em nossos corações (Rm.5:5). Apresenta-se
em três dimensões: (a) Dimensão Vertical
(Relação com Deus): Amor, Alegria, Paz; (b)
Dimensão Horizontal (Relação com o próximo): Paciência, Benignidade, Bondade; (c) Dimensão Interior (Relação com si
mesmo): Fidelidade, Mansidão, Temperança.
- Amor (gr. ágape). É o amor divino para com a humanidade
perdida (João 3:16). É um amor imutável, sacrificial, espontâneo e que nos
leva a amar até os próprios inimigos (Mt.5:46,48).
- Alegria (gozo). É o amor em estado de contentamento. É
uma alegria constante na vida do crente, decorrente de seu bem-estar com Deus.
Este amor se manifesta inclusive nas tribulações (2Co.7:4; At.13:52).
- Paz. É o amor em estado de quietude. É uma
tranquilidade íntima e perfeita, independente das circunstâncias. Manifesta-se
em três sentidos: Paz com Deus (Rm.5:1; Cl.3:15); Paz com o próximo (Rm.12:18;
Hb.12:14) e; a Paz interior, a Paz que guarda nossos corações e os nossos
sentimentos em Cristo Jesus (Fp.4:7). Os ímpios não têm paz! (Is.48:22).
- Longanimidade (paciência). É o amor que suporta a falta de cortesia
e amabilidade por parte dos outros (Ef.4:2; 2Co.6:4). É a paciência de forma
contínua.
- Benignidade. É o amor compassivo e misericordioso. É
o amor agradando. É a virtude que nos dá condições de sermos gentis para com os
outros, expressando ternura, compaixão e brandura.
- Bondade. É o amor ajudando. É o amor em ação. É
o amor generoso e caridoso. Se antes fazíamos o mal agora Cristo nos capacita
para sermos bons para com todos.
- Fé. É o amor em sua fidelidade a Deus
(1Pd.1:6,7). Não é apenas crer e confiar. É também ser fiel e honesto, pois
Deus é fiel (1Co.1:9). Aqui, o crente se mantém fiel ao Senhor em quaisquer
circunstâncias. Descobrimos se temos esta qualidade quando somos desafiados à
infidelidade.
- Mansidão. É o amor pacificando. Virtude que nos
torna pacíficos, com serenidade e brandura diante de situações irritantes,
perturbadoras e desagradáveis. Devemos aprender a mansidão com Jesus (Mt.11:29).
Ele se conservou manso diante de seu traidor (1Pd.2:21-23), e curou a orelha do
servo do sumo sacerdote que fazia parte dos que tinham ido prendê-lo (Lc.22:51).
- Temperança (domínio próprio). É o amor equilibrando. Deus respeita o
nosso livre arbítrio e por isso não nos domina, mas nos guia na verdade. Além
da orientação do Espírito Santo contamos com o domínio próprio que atua como um
freio contra as paixões da carne as quais vão contra os propósitos de Deus para
nossa vida.
Por si só, o homem não tem
condições de produzir o Fruto do Espírito. Sua inclinação natural será sempre
de produzir os frutos da carne. Como, pois, esse Fruto pode ser produzido? Pelos
esforços humanos? De modo algum. É produzido quando os cristãos vivem em
comunhão com o Senhor. O Espírito Santo opera um milagre maravilhoso enquanto
fixamos os olhos no Salvador em amorosa adoração e quando lhe obedecemos na
vida diária. Ele nos transforma para sermos semelhantes a Cristo (2Co.3:18). Como
um ramo recebe da videira vida e nutrição, assim também o crente em Cristo
recebe toda a sua força da verdadeira vide, e assim ele é capaz de viver uma
vida frutífera para Deus.
CONCLUSÃO
Assim como uma árvore é
conhecida pelos seus frutos, assim o verdadeiro crente é conhecido por suas
ações. Portanto, o propósito do fruto do Espírito é nos identificar, é revelar
a nossa verdadeira comunhão com o Senhor. Quando somos cheios do Espírito Santo
e permitirmos que Ele trabalhe em nosso caráter, passamos a produzir o Fruto do
Espírito, conforme Gálatas 5:22. Busquemos um relacionamento pessoal com
Cristo, sejamos cheios do Espírito Santo e produzamos muitos frutos para a
glória de Deus.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.
Ev.
Caramuru Afonso Francisco. O Fruto do Espírito Santo e o caráter cristão.
PortalEBD_2005.
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