1º Trimestre/2017
Texto Base: Romanos 12:8-14
"A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis
uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13.8).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos a
respeito do Amor como Fruto do Espírito. Sem esta virtude é impossível absorver
as demais virtudes do Fruto do Espírito exarados em Gálatas 5:22; todas as
outras virtudes dependem do Amor. É a suprema virtude do Fruto do Espírito, e a
maior verdade revelada por Deus aos homens é: Deus é amor (1João 4:8b). Apesar
de ser algo conhecido de todos, lamentavelmente não é uma realidade que se
possa atingir com o intelecto ou com a mente. Somente aqueles que se convertem
e recebem o Espírito Santo em suas vidas é que podem, efetivamente, ter o amor
divino e, assim, desenvolver as nove qualidades apontadas nas Escrituras como
sendo o Fruto do Espírito. Jesus deixou-nos muito claro ao dizer que seus
discípulos seriam reconhecidos pelo amor (João15: 12; 1João 2:10,11; 3:10,11).
Aliás, a maior marca de uma igreja não é sua teologia, seu templo, tradições,
mas sim o seu amor para com o Senhor Jesus e para com o próximo.
I. DEUS CRIOU
O HOMEM DOTADO DE CAPACIDADE PARA AMAR
1. Deus é
amor (1João 4:8). O amor faz parte da própria natureza de Deus. Ainda que Deus não
quisesse amar, mesmo assim ele continuaria amando, porque Deus é amor. Ao criar
o homem, ele inspirou-se em si mesmo – “E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança... E criou Deus o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou...” (Gn.1:26,27). Criado à imagem de Deus, e sendo que
Deus é amor, subentende-se que o amor tornou-se parte da própria natureza do
homem. O homem foi criado com capacidade para amar. Assim, se Adão não tivesse
pecado, ele nunca teria conhecido o ódio, a inimizade, o desejo de vingança, a
cobiça, a inveja, e coisas semelhantes. As obras da carne não seriam produzidas
em seu corpo. Adão tinha sido criado para amar.
2. O Pecado afetou a imagem de Deus existente no
homem. O homem, ao pecar, perdeu a capacidade plena de poder amar. Na medida em
que se foi aprofundando no lamaçal do pecado, o homem foi, proporcionalmente,
perdendo a capacidade de amar – de amar a Deus, de amar a si mesmo, de amar ao
próximo. Todavia, o amor nunca foi eliminado, de forma total e absoluta, da
vida do homem, porque o amor faz parte de sua própria natureza, visto ter sido
ele criado à imagem de Deus, e “Deus é amor”.
Por mais primitivo que
seja o homem, por mais estúpido, por mais mau caráter, em todo homem existe uma
centelha de amor, por mais que alguns procurem escondê-la. Todo homem ama
alguém, ou alguma coisa. Daí o adágio que diz que “os brutos também amam”.
O homem natural jamais
poderá viver a vida cristã como ela deve ser vivida. Não pode haver
Cristianismo sem amor, sem muito amor. A marca registrada do discípulo de Jesus
é o amor, conforme afirmou o próprio Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois
meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35). O amor é, também,
o distintivo do filho de Deus – “Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem
[...] e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo...” (Lc.6:35).
Ser “evangélico”, especialmente
aqui no Brasil, não é difícil. Porém, em qualquer parte do mundo, ser discípulo
de Cristo, ser cristão, ser filho de Deus, é simplesmente impossível sem o Novo
Nascimento. O homem natural, dependendo do grau de envolvimento com o pecado,
ele perde a capacidade até de amar a si mesmo, de zelar pela sua autoestima.
Nesta condição, de forma alguma ele poderá viver tal como o Senhor Jesus
ensinou: “...Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento...Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt.22:37,39).
Na expressão “o teu próximo”, estão incluídos, também, os inimigos, por isto o
Senhor Jesus foi taxativo ao declarar: “...amai a vossos inimigos...”.
Ser “evangélico” pode ser
fácil, mas, ser um crente salvo, é difícil, é impossível para o homem natural.
Talvez seja esta uma das causas que muitas Denominações, ditas como
Evangélicas, preferem não ensinar, no seu todo, a Palavra de Deus. Preferem
esconder a Cruz e manter o povo em ritmo de festa, envolvendo-o mais e mais com
a busca das coisas da terra.
Ensinar sobre o negar-se
a si mesmo, amar os inimigos, fazer bem aos que nos aborrecem, bendizer os que
nos maldizem, orar pelos que nos caluniam, oferecer a outra face, entregar a
capa e também a túnica, caminhar a segunda milha – este ensino somente os que
nasceram de novo, somente os verdadeiros cristãos, somente os cidadãos do Céu,
somente os discípulos de Jesus, somente os filhos de Deus, podem aceitar. E, só
podem aceitar, porque, conforme afirmou Paulo, “porque o amor de Cristo nos
constrange...”(2Co.5:14).
3. O Espírito Santo restaura, no homem, a imagem de
Deus, devolvendo-lhe a capacidade plena de Amar. “Mas o fruto do Espírito é: amor...” (Gl.5:22). Biblicamente, a vida
cristã tem que começar com o Novo Nascimento, quando, segundo afirmou Paulo,
“assim que, se alguém está em Cristo, Nova Criatura é: as coisas velhas já
passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co.5:17). Neste novo homem o Espírito
Santo pode habitar – “...Porque vós sois o templo do Deus vivente...” (2Co.6:16).
Assim, na medida em que o homem vai dando lugar ao Espírito Santo, ele vai
moldando, nesse novo homem, a imagem de Deus. Na proporção em que a imagem de
Deus vai sendo restaurada, mais e mais a natureza de Deus vai sendo devolvida ao
homem, e “Deus é amor”. É assim, e tão somente assim, que o homem poderá chegar
à capacidade plena de amar. De amar a Deus, de amar a si mesmo, de amar os que
o amam, e de amar, também, os seus inimigos.
Deus não pede o que o
homem não tem para dar. Deus não exige o que o homem não pode fazer. Deus sabe
que os seus filhos têm amor para dar. Deus sabe que seus filhos podem amar, até
mesmo os seus inimigos. Você é filho de Deus?
II. A
SINGULARIDADE DO AMOR ÁGAPE
O Amor mencionado nas
Escrituras como sendo a essência divina é o chamado amor "ágape",
assim denominado pela palavra grega utilizada no Novo Testamento para esta
espécie de amor. Usado cerca de 250 vezes no Novo Testamento, “ágape” é a
palavra utilizada todas as vezes em que se menciona um amor que tem como origem
o próprio Deus, a começar do chamado "texto áureo da Bíblia" (cf.
João 3:16). É um amor que não leva em consideração o valor do ente amado, que
não se importa em satisfação própria, mas que tem prazer tão somente no
benefício do ente amado. Envolve a inteligência, as emoções e a vontade (faculdades
da alma).
O amor proveniente de
Deus é o amor que leva em consideração o outro, não a si próprio. Deus não ama
o homem porque tenha ele algum valor diante de Deus, pois o homem e toda a sua
justiça, como descreveu o profeta, não passa de trapo de imundícia (Is.64:6).
Diante do Senhor, o homem é como um vapor é como a erva do campo (Tg.5:14; 1Pd.1:24).
Apesar disto tudo, Deus nos ama e nos quer bem a todo instante e, neste amor,
humanizou-se e se fez maldito para nos proporcionar o restabelecimento da
comunhão perdida por causa do pecado e, assim, tornar possível que voltemos a
viver eternamente na sua companhia. Isto é o amor ágape, tão bem descrito em
1Coríntios 13, cujas características são:
1. O amor é sofredor (1Co.13:4). Quem tem o verdadeiro amor proveniente de Deus
não se importa com o sofrimento, com o padecer. Quem ama, sofre se este
sofrimento representa o bem do ente amado. O amor divino é altruísta, ou seja,
vê o benefício do outro e vive em função do outro, não de si mesmo.
2. O amor é benigno (1Co.13:4). Quem tem o verdadeiro
amor proveniente de Deus não tem má-fé, não tem más intenções (ou, como se diz,
"segundas intenções"). Quem ama sempre é movido pela boa-fé, pela
pureza de propósitos, de intenções e de pensamentos.
3. O amor não é invejoso (1Co.13:4). Quem tem o verdadeiro
amor não cobiça o que é do próximo, não se incomoda com o sucesso, o êxito e o
bem-estar do seu semelhante. A inveja, diz-nos a Escritura, é a podridão dos
ossos (Pv.14:30b) e, em razão dela, ocorreu o primeiro homicídio. Queiramos o
progresso e o sucesso do próximo, alegremo-nos com a alegria do outro, não
cobicemos as suas bênçãos, nem a sua posição. Jesus, sendo o próprio Deus, fez
questão de prometer e destinar aos seus servos maior êxito e maior sucesso
ministerial do que o dEle próprio (João 14:12). Se não aguentamos o bem do
próximo, o sucesso do nosso vizinho, do nosso irmão, do nosso companheiro de
trabalho, cuidado, este é um sinal evidente de que nós não amamos e que,
portanto, não é um verdadeiro filho de Deus.
4. O amor não trata com leviandade (1Co.13:4). O amor não busca a
vanglória, não tem o objetivo de alcançar a vaidade, o poder pelo poder, a
satisfação pela satisfação. Muito pelo contrário, o verdadeiro amor sempre tem
uma finalidade: o de obter a glorificação de Deus. Jesus tudo fez neste mundo
para que o nome do Senhor fosse glorificado (João 17:4) e deve ser este o
comportamento de todo verdadeiro cristão (Mt.5:16).
5. O amor não se ensoberbece (1Co.13:4). O amor não gera
orgulho. O amor proveniente de Deus não cria uma autossuficiência no homem, não
o faz sentir melhor do que os outros, não faz nascer um senso de superioridade
em quem ama. O orgulho só aparece quando se acha iniquidade no ser orgulhoso,
exatamente do mesmo modo que ocorreu com o diabo (Is.14:12-14 c/c Ez.28:15).
6. O amor não se porta com indecência (1Co.13:4). Quem ama não é
indecente, segue os bons costumes, demonstra pudor, compostura e respeito. Quem
ama é puro, tem autoridade moral, sendo transparente e de excelente reputação.
Será, sim, criticado, mas as críticas que lhes forem feitas apenas servirão
para evidenciar o seu bom testemunho e o bom porte apresentado diante de Deus e
dos homens (1Pd.2:12).
7. O amor não busca os seus interesses (1Co.13:5). O amor proveniente de
Deus é altruísta, leva em conta o outro, não está interessado em si mesmo, nem
em seu próprio benefício, mas antes quer o benefício do outro.
8. O amor não se irrita (1Co.13:5). O amor apresenta uma
mansuetude, uma tranquilidade, irradia uma paz que é diferente das promessas de
paz oferecidas pelo mundo. A paz daquele que ama é, precisamente, a paz de
Cristo (João 16:33), a paz verdadeira. O amor não é irritante, não provoca
contendas, divisões, nem se envolve em competições e em tarefas de destruição
do próximo. O amor tudo suporta (1Co.13:7).
9. O amor não suspeita mal (1Co.13:5). Quem ama não faz
suposições maldosas contra o próximo, não é preconceituoso, não julga
precipitadamente pela aparência, não se acha superior aos demais. Jesus
determinou que não devemos julgar com base na aparência, mas de acordo com a
reta justiça (João 7:24). Jesus nunca suspeitou mal os outros, a ponto de,
mesmo sabendo que estava sendo traído, ter chamado Judas de amigo (Mt.26:50).
10. O amor não folga com a injustiça (1Co.13:6). O amor não compactua
com a injustiça, nem a admite ou tolera. Quem ama, não pratica a injustiça,
pois o filho de Deus é um praticante da justiça (1João 3:10). Jesus, a quem
devemos imitar, é justo (At.3:14). Somente quem pratica a justiça poderá
habitar no tabernáculo do Senhor (Sl.15:1,2).
11. O amor folga com a verdade (1Co.13:6). O amor sempre opta pela
verdade, jamais se manifesta através ou por intermédio da mentira ou do engano.
Por isso, Deus, que é amor, também é verdade (Jr.10:10). Jesus, como Deus que
é, também é a verdade (João 14:6). A Palavra de Deus é a verdade (João 17:17)
e, por isso, quem ama tem prazer em obedecer aos mandamentos do Senhor.
Como podemos perceber, o
amor ágape, ou seja, o amor divino, não é uma teoria, não é um estado mental,
mas é um conjunto de ações concretas, de atitudes efetivas que devem ser praticadas
pelos servos de Deus, não apenas faladas, pensadas ou meditadas.
III. AMAR A
DEUS, A SI MESMO E AO PRÓXIMO
O homem salvo possui amor que se manifesta em três dimensões: em direção
a Deus – Dimensão Vertical; em direção aos outros homens – Direção Horizontal; em
direção a si mesmo – Direção Interior. Cada uma destas três dimensões do amor é
dependente das outras. Não podemos amar o próximo, se não amamos a Deus; se
menosprezarmos o próximo, não amamos a Deus; se odiarmos a nós mesmos, não
podemos mostrar a preocupação adequada pelas necessidades do nosso semelhante,
porque não temos a preocupação adequada por nossas próprias necessidades.
1. O amor a Deus – a Dimensão vertical. O amor é uma
característica indispensável para quem diz ser filho de Deus, é como se fosse o
próprio DNA espiritual do cristão sincero e verdadeiro; este amor não é apenas
a essência da comunhão entre Deus e o homem, o próprio núcleo da vida
espiritual, mas é, como afirma Paulo, o primeiro “gomo” do fruto do Espírito
(Gl.5:22); ou seja, necessariamente este amor tem de se traduzir em atitudes,
em ações, tem de se manifestar fora do indivíduo. Não foi por outra razão que
Deus, ao entregar a Moisés a lei, estabeleceu que o resumo de todos os
mandamentos fosse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu poder” (Dt.6:5). Só assim poderia haver a guarda de
todos os mandamentos e, por conseguinte, temor a Deus (cf. Dt.6:1,2). Este
mandamento foi endossado por Cristo, quando indagado a respeito do que era mais
importante na lei (Mt.22:37). Portanto, amar a Deus significa submeter-se à
vontade do Senhor, fazer aquilo que Ele nos manda na sua Palavra; significa
renunciar à vontade própria, ao ego, à sua individualidade para fazer aquilo
que o Senhor determinou que fizéssemos. Não é possível amar a Deus sem observar
a sua Palavra.
A primeira prova que
temos de que alguém realmente se tornou um filho de Deus é o fato de que ele
passou a amar a Deus, e amar a Deus é simples de ser verificado: “Vós sereis
meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando” (João 15:14); “Aquele que tem os
Meus mandamentos e os guarda, este é o que Me ama” (João 14:21a).
2. O amor a si mesmo – a Dimensão interior. O “amor a si mesmo”
reflete o amor de Deus em nós. Ao proferir o segundo grande mandamento, Cristo
faz uma observação extremamente importante: “amarás o próximo como a ti mesmo”. O amor divino, implantado no
coração do homem pelo Espírito Santo, após o arrependimento dos pecados, não
gera apenas uma fonte que jorra em direção a Deus, estabelecendo a comunhão
entre o salvo e o Senhor, nem somente em relação ao próximo, que é qualquer
outro ser humano, mas também estabelece um canal que gera amor no próprio
salvo.
O cristão é uma pessoa
que se ama, ou seja, alguém que se gosta, alguém que tem autoestima, alguém que
não se despreza, que não se acha inferior, que não é uma pessoa mal resolvida consigo
própria. Mas alguém poderá dizer: Jesus se amava? Ele não se entregou por nós?
Ele não deixou a sua glória? Como podemos dizer que Jesus se amava? Ora, esta
questão tem uma resposta afirmativa, pois Jesus jamais iria ensinar algo que
não tivesse feito (At.1:1). Nesta terra, Jesus foi a pessoa que mais se amou.
Como podemos afirmar isto? Pelo simples fato de que foi a única pessoa que não pecou
(Hb.4:15). A maior prova que damos de que amamos a nós mesmos é o fato de não
pecarmos, de não sermos atraídos pela nossa concupiscência e, deste modo,
garantirmos vida eterna para nós.
Entretanto, não podemos
confundir amar a si mesmo com “ser amante de si mesmo”, que é uma
característica do ímpio e não do salvo (cf.2Tm.3:2). Ser amante de si mesmo é
colocar-se no lugar de Deus, passar a querer tirar vantagem de tudo para si, é
se relacionar com os outros buscando tão somente o bem próprio, a satisfação
própria, é idolatrar a si mesmo. Quem, por exemplo, pratica boas obras para
“crescer”, “evoluir” espiritualmente, está sendo amante de si mesmo, pois não
visa o bem do outro, mas o próprio bem. Usa o outro como meio para atingir o
fim, que é o benefício próprio. É a atitude popularmente conhecida como “venha
a nós, vosso reino nada”.
Portanto, amar-se é
procurar o melhor para si. Amar-se é buscar o que há de mais excelente para si.
Amar-se é criar condições para que haja o mais pleno desenvolvimento de seu
ser, de sua essência, e isto só é possível no ser humano quando eliminamos o
fator que faz com que a natureza humana decaia e seja distorcida: o pecado.
Damos prova de que nos amamos quando nos santificamos, quando buscamos a
santidade, quando nos separamos do pecado - “sabemos que todo aquele que é
nascido de Deus não peca, mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo” (1João
5:18a). Amar-se é, portanto, separar-se do pecado, conservar-se irrepreensível,
espírito, alma e corpo até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts.5:23).
3. O amor ao próximo – Dimensão horizontal. O amor divino que se
encontra no salvo não se limita apenas ao relacionamento entre Deus e o homem,
mas também se manifesta em direção às demais pessoas que estão à volta do
salvo. Por isso, Jesus, ao responder à indagação daquele doutor da lei, fez a
devida complementação, para mostrar que um bom relacionamento entre Deus e o
salvo redunda num bom relacionamento entre o salvo e os demais seres humanos.
Quem ama a Deus, ama o próximo (1João 4:21).
O amor a Deus é
pressuposto para que se tenha amor ao próximo. Não é possível amar o próximo
sem que antes se ame a Deus. Daí porque não podermos confundir o amor ao
próximo com o mero exercício de filantropia, com dó ou qualquer outro
sentimento que tenha em vista a ajuda circunstancial a outrem, como, aliás,
defendem aqueles que acham que as boas obras de alguém ocasionam a este alguém
algum progresso espiritual.
Amar o próximo não é dizer a alguém que o ama, mas um amor
que se mostra por atitudes concretas, por ações efetivas, por obras. Amor ao
próximo não é amor de palavra nem de língua, mas amor por obras e em verdade (1João
3:18).
Amar o próximo é sentir compaixão por ele, ou seja, sentir a
sua dor, como se fosse nossa e, assim, suprir as necessidades imediatas do
nosso semelhante, lembrando que ele é tão imagem e semelhança de Deus quanto
nós. O próximo é qualquer ser humano, como bem nos explicitou Jesus na parábola
do bom samaritano, e este amor supera todo e qualquer preconceito, toda e
qualquer barreira, toda e qualquer tradição.
Amar o próximo não é apenas ajudar alguém do ponto-de-vista
material, mas, sobretudo, levar este alguém a uma vida de comunhão com Deus, a
um equilíbrio em todos os aspectos da sua vida. Medidas emergenciais serão
necessárias, como nos mostra a parábola do bom samaritano, mas é extremamente
necessário que levemos o próximo a entender que deve, sobretudo, amar a Deus,
para que também ame o próximo, como nós o amamos.
O amor ao próximo é determinado pelo Senhor, é seu mandamento
(João 15:12), e tem como exemplo o próprio amor que Cristo apresentou a nós, ou
seja, o da completa renúncia para que desfrutássemos da vida eterna. Jesus nos
amou primeiro, fez o que não podíamos fazer, mas nem por isso fez o que
poderíamos e deveríamos fazer. Este é o limite do amor ao próximo: fazer aquilo
que ele não pode fazer, mas ensinar-lhe a fazer o que pode e deve fazer.
Quando amamos o próximo
da forma determinada na Palavra de Deus, melhoramos sensivelmente o ambiente em
que vivemos.
IV. DOIS
INIMIGOS QUE NÃO PODEM SER AMADOS
“.... Amai a vossos inimigos...” (Lc.6:27).
A estabilidade de todo reino
sempre se fundamentou na necessidade de enfraquecer, ou mesmo destruir os
inimigos do reino e do rei. Nunca houve reino sem prisões cheias de inimigos,
sem pena de morte para quem se levantasse contra o rei. Todavia, o Senhor Jesus
fundou o Seu Reino em bases nunca vistas antes. Em lugar de mandar prender,
espancar, matar seus inimigos e opositores de Seu Reino, ele ordenou aos seus
súditos, como um dever, dizendo-lhes: “amai a vossos inimigos...”. Jesus é,
pois, um Rei diferente de todos os demais reis e seu Reino em nada se assemelha
a qualquer outro reino. Ele também exige que seus súditos não sejam como os
súditos dos outros reinos. O amor é o fundamento do Seu Reino.
Entretanto, existem dois
inimigos que o homem de Deus não pode amar, nem mesmo manter qualquer tipo de
relacionamento com eles - trata-se de Satanás e do Mundo.
1. Satanás, o maior inimigo do Cristão. A inimizade entre
Satanás e o homem foi colocado pelo próprio Deus – “E porei inimizade entre ti
e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente...” (Gn.3:15). Não podemos
nos esquecer desta sentença bíblica: Satanás é inimigo do homem e o homem de
Deus deve ser inimigo de Satanás. Esta inimizade foi posta por Deus e nunca
será revogada. Não há na Bíblia qualquer passagem que possa levar o homem a
anular, ou minimizar, essa inimizade. Somos inimigos e queremos continuar sendo
inimigos.
Satanás é inimigo de Deus
e Deus é inimigo de Satanás. Satanás é inimigo dos filhos de Deus e os filhos
de Deus são inimigos de Satanás. Biblicamente, não há possibilidade de qualquer
acordo, ou qualquer convivência pacifica. Ele é chamado de nosso adversário, ou
seja, aquele que se opõe a nós, aquele que luta contra nós, conforme afirmou
Pedro: “sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em
derredor bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd.5:8).
Os que não conhecem a
Palavra de Deus, também não sabem quem é Satanás. Há quem procure conviver ou
relacionar-se com ele, até pensando poder receber dele alguma ajuda, ou favor.
Ignoram que sua natureza é má e que, por isto, ele não pode amar, e, por
conseguinte, não pode fazer o bem, conforme o Senhor Jesus afirmou,
referindo-se a ele: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir...”
(João 10:10). Lamentavelmente, quer seja por ignorância da Bíblia Sagrada, quer
seja por desobediência voluntária a Deus, ou por pura rebeldia, o Satanismo é
uma das Seitas que mais está crescendo, hoje, em número de adoradores de
Satanás, especialmente nos Estados Unidos, aquele que já foi o maior país
evangélico do mundo e de onde vieram os nossos missionários.
Há, ainda, outras Seitas
que se dizem cristãs, que pregam sobre a necessidade de orar pela conversão de
Satanás e de seus anjos. Estes grupos não tratam Satanás como inimigo, e, se o
adoram, ou se oram e pedem oração por ele, é porque o amam. Talvez até procurem
justificarem-se usando a Palavra de Deus, pois, o Senhor Jesus, na verdade,
disse: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu
inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos
maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem” (Mt.5:44). Esquecem, ou não sabem que a mesma Palavra de Deus,
instrui os filhos de Deus, no sentido de: resistir ao diabo - “Ao qual
resisti firmes na fé...” (1Pd.5:9), “...resisti ao diabo, e ele fugirá de
vós...” (Tg.4:7); não lhe dar lugar - “Não deis lugar ao diabo”
(Ef.4:27); estar firmes contra suas ciladas - “Revesti-vos de toda
armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do
diabo” (Ef.6:11).
Assim, a ordem bíblica,
dada pelo próprio Jesus, quando disse “amai, pois, a vossos inimigos...”,
certamente que não inclui Satanás. Ele é inimigo de Deus e é nosso inimigo e,
como tal, tem que ser tratado. Com ele o homem de Deus não pode ter qualquer
tipo de relacionamento. Foi por manter um relacionamento amistoso com ele que
Eva foi enganada e pecou. Satanás é um inimigo que não pode ser amado pelos
filhos de Deus. Pense nisso!
2. O Mundo – outro grande inimigo que não pode ser
amado pelos filhos de Deus. Certamente, o mundo com o qual o filho de
Deus não pode e não deve se relacionar, é o mundo moral, o reino das trevas, do
qual a Palavra de Deus diz, que “... todo o mundo está no maligno” (1João
5:19).
Este mundo é o agente de
Satanás, o seu reino aqui na Terra. Desta forma, se o mundo constitui o reino
das trevas, onde impera o pecado em toda sua amplitude, e, se nós somos filhos
de Deus, pertencemos ao Reino da Luz. Então Paulo pergunta: “... porque, que
sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as
trevas? (2Co.6:14). O mundo é, pois, inimigo de Deus, e, inimigo de Deus é
nosso inimigo – “Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas,
porque não sois do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece” (João 15:19).
Deus sempre quis que
houvesse uma separação entre o seu povo e o mundo. Simbolicamente, ele deixou
isto bem claro, quando, no deserto, ao mandar Moisés construir o Tabernáculo,
determinou que ele fosse fechado, em toda sua extensão, por uma espécie de
muro, formado por “cortinas de linho fino torcido”, bem fixado em colunas e
bases de cobre, distante uma da outra, cerca de, apenas, dois metros e meio. A
altura era de cinco côvados, cerca de mais de dois metros (Êx.27:9-19). O
desejo de Deus era que o Tabernáculo fosse um lugar fechado, separado, ou um
lugar santo. Num sentido individual, o Tabernáculo, hoje, sou eu e você; no
sentido coletivo, o Tabernáculo representa a Igreja. Fica claro, portanto,
que Deus quer, eu, você e sua igreja, separados do mundo.
Algumas Denominações e
alguns crentes que se dizem “evangélicos”, certamente por não conhecerem a
Palavra de Deus, parece que interpretam a ordem de Jesus sobre a necessidade de
“Amai a vossos inimigos”, como que incluindo o mundo entre os que devem ser
amados. Não sabem, ou, sabendo, procuram ignorar que relações de amizade, ou de
amor com o mundo, constitui infidelidade, ou traição a Deus, por cuja causa são
chamados de adúlteros, na expressão usada por Tiago: “Adúlteros e adúlteras,
não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer
que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg.4:4).
O mundo é um inimigo que
não pode ser amado pelos filhos de Deus. Trata-se de um amor proibido, pela
Bíblia - “não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o
amor do Pai não está nele” (1João 2:15).
“Amai, pois, a vossos
inimigos...”, foi o que o Senhor Jesus ordenou. Porém, Satanás e o mundo, embora
sendo nossos inimigos, não estão entre aqueles que Jesus nos mandou amar.
Considere isto!
CONCLUSÃO
Sem que haja o verdadeiro
amor na vida do crente, nenhuma das outras características poderá se manifestar
na vida do homem. O amor e o seu contínuo desenvolvimento é o que deve ser
buscado pelo cristão a cada dia, até o dia do arrebatamento da Igreja. Um amor
que não é meramente teórico, que não é somente um belo discurso ou um estado
mental, mas, sim, um amor prático, que faz boas obras e que faz os homens
glorificarem a Deus que está nos céus (Mt.5:16). Como nova criatura, você
precisa amar e evidenciar esse amor mediante suas atitudes e palavras.
Conta-se que durante as
atrocidades cometidas contra os armênios, um soldado turco perseguia uma moça e
seu irmão. Encurralado num beco sem saída, o moço foi espancado e morto pelo
soldado, diante dos olhos da irmã. Esta conseguiu saltar o muro e fugiu. Tempos
depois, ela, sendo enfermeira, trabalhava num hospital militar. Certo dia foi
levado para a enfermaria onde ela servia aquele soldado que maltratara seu
irmão. Ele estava à beira da morte e dependia de seus cuidados. Bastava
descuidar um pouco, e ele morreria. A enfermeira reconheceu o soldado. Era o
mesmo que matara seu irmão. Sua “velha natureza” gritava: vingue-se! Sua nova
natureza, porém, dizia: Ame-o! Aquele que disse “Amai, pois, a vossos
inimigos...”, venceu. Ela cuidou do soldado com um carinho especial, e ele
sobreviveu. O soldado também tinha reconhecido a moça. Certo dia, já fora de
perigo, ele perguntou-lhe porque ela não o tinha deixado morrer. Ela então lhe
respondeu: Porque sigo Aquele que disse: “amai os vossos inimigos”. O soldado
passou alguns minutos calado. Depois disse: “não sabia que existia tal
religião. Se esta é a sua religião, conta-me mais, porque quero adotá-la”.
Que venhamos rogar ao Pai
um coração amoroso, capaz de amar até mesmo aqueles que se declaram nossos
inimigos - “Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, sem nada
esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo;
porque ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc.6:35).
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Luciano de
Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista Ensinador Cristão – nº 69. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã.
Antônio Gilberto. O Fruto do Espírito. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Amor: o Fruto excenlente.PortalEBD_2005.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
e uma bensa
ResponderExcluire bom a prende muito da palavra de deus deus ele só que o melhor pra nois
ResponderExcluire uma bensa
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