3º
Trimestre/2017
Texto Base:
João 1:1-14
"Disse-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por
mim" (João 14:6).
Dando continuidade ao
estudo da “Razão de nossa fé – assim cremos, assim vivemos”, trataremos nesta
Aula a respeito da verdadeira identidade do Senhor e Salvador Jesus Cristo, o
Filho Unigênito de Deus. Seu nascimento foi e é um marco na história da
humanidade, pois dividiu a história em antes e depois de Cristo. Ele veio a
este mundo, sendo gerado pelo Espírito Santo, para salvar a humanidade perdida.
Ele abriu mão de toda a sua glória para vir ao mundo salvar todos os perdidos e
revelar-se aos piedosos. O anjo Gabriel foi enviado à pequena cidade de Nazaré,
na Galileia, para anunciar à jovem Maria que ela seria mãe do Salvador do
mundo, e que Ele seria gerado pelo Espírito Santo (Lc.1:30,31;34,35). Ao ser
concebido, Jesus se fez Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Cremos que Jesus é
o Filho Unigênito de Deus, plenamente Deus e plenamente homem.
I. O FILHO
UNIGÊNITO DE DEUS
1. O Filho de
Deus. Sem ter deixado jamais de
ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo, publicamente, como Filho de
Deus. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de Deus em poder, segundo o
Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos - Jesus Cristo,
nosso Senhor” (Rm.1:4). De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas não
houvesse ressuscitado, ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de
Deus; seria como Buda, Maomé, Krishna, etc.
Ao se apresentar como o Filho, Jesus mostra que é amado do Pai (Mt.3:17;17:5;
João 5:20; 10:17;15:9) e que o Pai ama o homem, tanto que enviou o Filho (João 3:16)
e, por meio dEle, ama a todos quantos O recebem (João 8:42; 14:21,23; 16:27).
Por ser Filho de Deus, Jesus nos mostra seu grande amor, ao dar a sua vida por
nós (João 10:17; 13:1; Rm.5:8).
O Filho de Deus é eterno, é desde a eternidade. Ele já era chamado Filho
mesmo antes da sua encarnação, como vemos em 1João 4:9: “Deus enviou seu Filho
Unigênito ao mundo, para que por ele vivamos”. Diz também o escritor aos
Hebreus: “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (Hb.1:1,2). Portanto,
o ensino de que o Verbo tornou-se Filho a partir da sua encarnação não tem
apoio entre os teólogos realmente bíblicos, piedosos e conservadores. Segundo o
apóstolo João, o Filho foi gerado desde a eternidade – “E, agora, glorifica-me
tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o
mundo existisse; Pai [...] tu me hás amado antes da criação do mundo” (João
17:5,24). O Filho transcende a criação, conforme afirma Paulo em Cl.1:17 – “E
ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”.
2. O significado do título “Filho de Deus”. A expressão “Filho de
Deus” nem de longe indica que Jesus tenha sido criado por Deus, como
defendem alguns ensinos inautênticos. Muito pelo contrário, a expressão se
apresenta nas Escrituras como mais uma declaração de que Jesus é Deus, portador
da mesma natureza do Pai.
As Escrituras mostram que
Jesus é o Filho de Deus e que ser “Filho de Deus” é dizer que Jesus é Deus e,
mais do que isto, que é uma das Pessoas divinas, pois vemos claramente que há
uma distinção entre Pai e Filho. Embora ambos sejam um (João 10:30), as
Escrituras esclarecem que se tratam de Pessoas distintas, visto que nos diz que
o Pai ama o Filho (João 3:35), envia o Filho (João 5:23,37), tem uma vontade
(João 5:30), não deixava o Filho sozinho (João 8:29), agrada-se do que faz o
Filho (João 8:29), glorifica o Filho (João 8:54; 12:28), entre outras
passagens. Há uma perfeita sintonia entre Pai e Filho, porque ambos são Deus,
têm a mesma natureza (João 5:17-21,26; 8:18; 12:50; 14:9,10; 16:15), são o
único e verdadeiro Deus.
Como Filho, Jesus é o
Enviado, a Pessoa que se humanizou para que Deus se revelasse à humanidade, o
Emanuel, o Deus conosco (Mt.1:23). O Filho, que estava no seio do Pai, teve a
missão de fazer o Pai conhecido dos homens (João 1:18; 8:19,26,27,38; 10:32;
12:49; 14:7-10; 16:15). Isto nos mostra que Deus é um ser relacional, ou seja,
um ser que quer se relacionar com o homem. Enquanto Verbo, Logos, Deus quer se
comunicar com o homem. Quando aprendemos que Jesus é o Filho, entendemos que
Deus é um ser que se relaciona, um ser único que, porém, é uma pluralidade de
Pessoas que se relacionam, sendo esse relacionamento efetivado pelo Filho ao homem,
a indicar que há um Pai e que tal relacionamento é um relacionamento de amor.
3. Todas as
criaturas reconheceram que Jesus é o Filho de Deus. Diz-nos a lei de Moisés
que o testemunho de dois ou três é verdadeiro (Dt.17:6; 19:15; Mt.18:16; 2Co.13:1;
1Tm.5:19; Hb.10:28). Pois bem, há muito mais que duas ou três testemunhas a
mostrar, na Bíblia Sagrada, que Jesus é o Filho de Deus. Senão vejamos:
a) No anúncio
da concepção de Jesus - ”Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado
santo, Filho de Deus”(Lc.1:35). Aqui Jesus é apresentado pelo anjo Gabriel como
Filho de Deus.
b) O Testemunho
do próprio Jesus - “Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia
estar na casa de meu Pai?”(Lc.2:49). Ainda adolescente, Jesus se apresentou aos
seus “pais social-biológicos” como o Filho de Deus. Ao longo do seu ministério
terreno, Jesus sempre se declarou Filho de Deus, tendo sido este, aliás, o motivo
de toda a oposição que enfrentou (e até hoje enfrenta) por parte dos judeus
(Mt.27:43; João 5:18; Lc.22:70; João 9:35-37; 10:36; 11:4; 19:7).
c) O próprio
Pai.
Para que o testemunho de Jesus não ficasse sem a devida confirmação (João 8:16,18),
o Pai declarou, também, mais de uma vez, que Jesus é o Filho de Deus:
Ø No momento do Batismo - “Batizado que foi
Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito
Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele; e eis que uma voz dos
céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”(Mt.3:17).
Ø No momento da transfiguração - “Estando ele ainda a
falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi”(Mt.17:5).
Ø Em algum momento em que explicava por que veio
morrer
- “Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho
glorificado, e outra vez o glorificarei”(João 12:28).
d) Pessoas que
conviveram com o Senhor Jesus. Muitos, ao longo de seu ministério, O declaram ser Ele o Filho de Deus:
“Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és
Filho de Deus”(Mt.14:33); ”Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo”(Mt.16:16); ”Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus,
tu és rei de Israel”(João 1:49); “Respondeu-lhe Marta: Sim, Senhor, eu creio
que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”(João 11:27).
e) O Espírito
Santo.
Vemos, em primeiro lugar, que João Batista, cheio que era do Espírito,
testificou que Jesus é o Filho de Deus (João 1:32-34). Posteriormente,
observamos que os apóstolos, possuidores e revestidos do Espírito Santo (João 14:17;
20:22; At.2:4), ousadamente pregavam que Jesus é o Filho de Deus (At.9:20; 2Co.1:19;
1Jo.4:15), o que não é surpreendente, visto que o trabalho do Espírito de Deus
é, precisamente, lembrar aquilo que o Senhor Jesus disse e ensinou (João 14:26;
15:26).
f) O próprio Diabo. Ainda que querendo
lançar Jesus na dúvida, o diabo admitiu que Jesus é o Filho de Deus –
“Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas
pedras se tornem em pães”(Mt.4:3,6; Lc.4:3,9)
g) Os anjos do
diabo:
“E eis que gritaram, dizendo: Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui
atormentar-nos antes do tempo?”(Mt.8:29); “E os espíritos imundos, quando o
viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de
Deus”(Mc.3:11); “Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o
Filho de Deus. Ele, porém, os repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam
que ele era o Cristo”(Lc.4:41).
h) A própria
natureza. Quando Jesus foi crucificado a própria natureza declarou a todos os
presentes que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o que fez com que o centurião
romano O reconhecesse assim, ante tamanha alteração da natureza – “ora, o
centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que
aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de
Deus”(Mt.27:45,51,54). Pode-se ver, também, essa declaração do centurião em
Mc.15:38,39 e Lc.23:44-47.
Ante tantas testemunhas e
tantos testemunhos, como podemos rejeitar esta verdade bíblica? Eis o motivo
pelo qual todos quantos a rejeitarem, ante a extrema dureza de seus corações,
acabarão por sofrerem a morte eterna, já que não receberam o Filho e, por não
terem o Filho, não têm a vida (1João 5:12). Quem crê no Filho de Deus, em si
mesmo, tem o testemunho e quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não
creu no testemunho que Deus de seu Filho deu (1João 5:10). Portanto, não haverá
como alegar ignorância naquele Dia, que para quem não tem a vida, será fatídico
e trágico (Ap.20:14,15). Que creiamos que Jesus é o Filho de Deus e tenhamos,
assim, a vida eterna (1João 5:20).
4. Significado de "Unigênito" (João
1:14b)
– “E o Verbo se fez carne e habitou entre
nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade”.
O termo “Unigênito”
aparece cinco vezes nos escritos joaninos, a saber: “Unigênito do Pai” (João 1:14)
ou “Filho Unigênito”(João 1:18; 3:16; 1João 4:9) ou, ainda, “Unigênito Filho de
Deus” (João 3:18). São todas expressões cunhadas pelo apóstolo João para se
referir ao Senhor Jesus.
“Unigênito” quer dizer “único” e, neste sentido, vemos que Jesus é Único, o Filho
Único: Aquele que é Filho por natureza, porque é Deus, que é tão eterno quanto
o Pai, que é igual ao Pai, que é Um por natureza com o Pai; Aquele que é antes
de todas as coisas (Cl.1:17); Aquele que estava com Deus e é Deus (João 1:1). Não
é por outro motivo que o próprio Jesus, já ressurreto, se distingue dos demais
“filhos de Deus”, ao falar em “Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus” (João
20:17).
Quando se vê que Jesus é
o “Filho Unigênito”, cai por terra toda e qualquer argumentação de que seja Ele
uma “primeira criatura”, “o mais excelente ou o maior de todos os homens”. Ele
é único e, deste modo, não há ninguém igual a Ele. Não pode, pois, ser
confundido com os anjos, pois eles são muitos, milhares de milhares, milhões de
milhões (Sl.68:17; Hb.12:22; Ap.5:11), nem tampouco ser confundido com os seres
humanos, embora se tenha feito carne (Lc.12:1; Jd.14). Assim, não se pode dizer
que Jesus seja algum dos anjos (como Miguel, Gabriel ou qualquer outro), nem
que seja tão somente um ser humano como qualquer outro.
Mas, é interessante observar que o fato de ser
“Unigênito” não significa que se é exclusivo. O texto de Hb.11:17 esclarece
isso, onde é dito que Isaque era “unigênito”, quando sabemos, pela Bíblia, que
ele tinha vários irmãos por parte de Pai, como Ismael de Agar (Gn.16:15) e
vários com a segunda mulher de Abrão chamada Cetura (Gn.25:2,5). Apesar de
tantos irmãos, Isaque não deixou de ser chamado de “único filho” (Gn.22:2), uma vez que só ele era o “herdeiro da
promessa” (Gn.17:15-21; Rm.9:8; Gl.4:22). Assim, também, embora haja outros
filhos de Deus, Jesus é chamado de “Unigênito”, de “Único”, pois só Ele é o
“herdeiro da promessa”, a promessa feita no Éden para a humanidade, a “semente
da mulher” (Gn.3:15) ou, como preferiu traduzir a Versão Almeida Revista e
Atualizada e a Nova Versão Internacional, o “descendente da mulher” bem como a
“posteridade de Abraão” (Gl.3:16). Neste passo, vemos quão maravilhoso é o amor
de Deus para conosco (1João 3:1). Enquanto Isaque era o “unigênito” e, deste
modo, Ismael e os filhos de Cetura não herdaram a promessa, Jesus, embora se
mantenha Unigênito, fez-nos herdeiros da promessa (Rm.9:8; Gl.4:28,31). Por
isso, somos herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:16,17).
Jesus é Unigênito porque é o Filho de Deus (Mt.8:29; 27:35;
Lc.1:35; 22:70; João 1:34; 2Co.1:19; Gl.2:20; Hb.4:14; 1João 4:15; Ap.2:18),
enquanto que os que nEle creem foram feitos filhos de Deus (João 1:12;
Gl.3:26), foram chamados para ser filhos de Deus (Mt.5:9; 1João 3:1), filhos de
Deus que ainda não assumiram, em toda a sua plenitude, tal condição
(Rm.8:19,21; 1João 3:2). Assim, só Jesus é Filho de Deus desde sempre; é o
Único, o Unigênito.
II. A DEIDADE
DO FILHO DE DEUS
No Evangelho segundo escreveu
Lucas, Jesus aparece como o “Filho de Deus” (Lc.1:35) e “Filho do Homem”
(Lc.5:24). Estas são expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A
primeira expressão mostra Jesus como verdadeiro Deus, enquanto a segunda
expressão mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o Homem
Perfeito. Ao usar o título “Filho do Homem” para si mesmo, Jesus evita ser
confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Ele era consciente de
Sua natureza divina (cf. Lc.2:48,49).
1. O Verbo de Deus (João 1:1) – “No princípio, era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. João inicia seu
evangelho com esta solene verdade. Diz mais: “E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade” (João 1:14). João deixa claro que o Filho de Deus, que se
encontrava no seio do Pai, foi concebido pelo Espírito Santo para habitar entre
nós (Sl.2:7; Is.7:14; João 1:18;3:16).
Por que João denomina-o “Verbo
de Deus”? Sendo Cristo o executivo do Pai, todas as coisas vieram à existência
por intermédio dEle; sem Ele, nada do que é existiria. A expressão “no
princípio” transporta-nos a Gêneses 1:1. Na criação, Jesus já atuava: “Todas as
coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).
O evangelista João aponta
o “Verbo”, como alguém que já existia desde a eternidade; não foi criado, mas
gerado. Jesus “é imagem do Deus invisível o primogênito de toda a criação” (Cl.1:15).
Notai que ele diz Ele
é; não era,
ou
será, nem muito menos que Ele tornou-se a imagem
de Deus; é o presente eterno - "Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e
eternamente" (Hb.13:8). Jesus assumiu sua humanidade para revelar-nos Deus
e sermos conduzidos ao Pai.
- “O Verbo
estava com Deus”. Isto declara que Ele, o Verbo, desde o início era Deus, indicando a
deidade de Jesus. Essa deidade é descrita “porque foi do agrado do Pai que toda
a plenitude nele habitasse” (Cl.1:19). Era do desejo do Pai que Jesus tivesse
toda a plenitude da divindade; Ele não é um deus menor. Jesus é a expressão da
vontade divina; é o agente na Criação: “Todas as coisas foram feitas por ele, e
sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3); “Porque nele foram criadas
todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado
por ele e para ele” (Cl.1:16). Todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis
e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Isto quer dizer que nada do que
se fez, se fez sem Jesus Cristo. Ele tem o controle sobre tudo e até mesmo
Satanás que antes era Lúcifer, o querubim ungido para adoração de Deus, também
foi criado por Deus, através de sua Palavra viva que é Jesus.
- “E o Verbo
era Deus". Isto aponta para o Filho de Deus. Segundo o pr. Esequias Soares, não se
trata de acréscimo de mais um Deus aqui, posto que ao apóstolo foi revelado,
pelo Espírito Santo, que o Verbo divino está incluído na essência una e
indivisível da Deidade, embora seja Ele distinto do Pai (João 8:17,18; 2João
3). Da mesma forma, o apóstolo Paulo transmitiu essa verdade, ao dizer que
"para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e
um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele"
(1Co.8:6). Trata-se do monoteísmo cristão.
2. Reações à divindade de Jesus – “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
(Cl.2:9). A
Igreja do primeiro século não hesitou em declarar, com ousadia e abertamente, a
deidade absoluta de Jesus (cf. João 20:28; Rm.9:5; Cl.2:9; Tt.2:13; 1João 5:20),
porém, os judeus, de forma explicita, a rejeitava, conforme vemos em João 5:18;
8:58,59; 10:30-33.
Não há como negar a divindade
de Jesus. Ela está exposta em toda a Bíblia, que afirma textualmente e com
todas as letras que Jesus é o verdadeiro Deus, o mesmo Deus Javé de Israel.
Senão vejamos:
O Filho é chamado
"Deus Forte" (Is.9:6); Javé, "Justiça Nossa" ou "O
SENHOR. Justiça Nossa” (Jr.23:6); "e o Verbo era Deus" (João 1:1);
"Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!" (João 20:28);
"e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos. Deus bendito
eternamente Amém" (Rm.9:5); "Que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser Igual a Deus" (Fp.2:6); "enriquecidos da plenitude da
inteligência, para conhecimento do mistério de Deus Cristo” (Cl.2:2);
"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade"
(Cl.2:9); "Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da
glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt.2:13); "Mas, do Filho
diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é
o cetro de teu reino" (Hb.1:8); “Simão Pedro, servo e apostolo de Jesus
Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso
Deus e Salvador Jesus Cristo" (2Pd.1:1); "E sabemos que já o Filho de
Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no
que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro
Deus e a vida eterna" (1João 5:20); "Eis que vem com as nuvens, e todo
o olho o verá, até os mesmos que traspassaram; e todas as tribos da terra se
lamentarão sobre ele. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim,
diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso (Ap.1:7,8).
Assim como os apóstolos,
cremos na deidade do Filho de Deus, Jesus Cristo, o Senhor.
3. O relacionamento entre o Pai e o Filho. Jesus destaca, de forma profunda,
sua relação com o Pai, deixando claro, aos olhos dos incrédulos judeus, sua
inegável divindade. Ele é o Filho de Deus, e isso pode ser provado pela sua
natureza, em João 10:30, que diz: ”Eu e o
Pai somos um”. Ao afirmar isso, Jesus não quis dizer que Ele e o Pai são a
mesma Pessoa, mas que são da mesma essência. Jesus é o Verbo eterno, pessoal e
divino que se fez carne. Jesus é luz de luz, Deus de Deus, coigual, coeterno e
consubstancial com o Pai. William Hendriksen está correto ao afirmar: “Essas
duas Pessoas nunca se tornaram uma Pessoa. Daí Jesus não dizer: “Nós somos uma
Pessoa”, porém diz: “Nós somos uma substância”. Embora duas Pessoas, as duas
são uma substancia ou essência”.
Observe a expressão de
2Timóteo 4:1: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que
há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino”. A construção
bipartida - “Deus”; “Senhor Jesus Cristo” - identifica a mesma deidade no Pai e
no Filho. O Pai e o Filho aparecem no mesmo nível de divindade. Mostra que o
Pai e o Filho são o mesmo Deus, possuindo a mesma substância, mas são
diferentes na forma e na função, não em poder e majestade.
Os primeiros cristãos compreendiam
facilmente a divindade de Jesus em declarações como as de Paulo no início de suas
Epístolas, tais como esta: “Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo" (Rm.1:7); também como esta de Pedro: “Simão Pedro, servo e
apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa
pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2Pd.1:1).
Não há como ver o Pai sem
que veja ao Filho, pois Ele é a expressa imagem da pessoa do Pai (Hb.1:3), é a
extensão do ser divino que, por ser o Verbo, põe-nos em contato com Deus.
Ninguém pode ter acesso a Deus a não ser por Cristo, pois Ele é o Verbo, o
canal de comunicação entre Deus e os homens, o acesso do ser humano à Trindade.
O mundo foi feito pelo Verbo e pelo Verbo se mantém, de maneira que não há como
conceber que se tenha acesso, em sendo criatura, ao Criador a não ser por este
meio pelo qual a criação se fez, pela Palavra, pelo Verbo Divino.
III. A
HUMANIDADE DO FILHO DE DEUS
1. "E o
Verbo se fez carne" (João 1:14a). O prólogo do Evangelho de João começa com a
divindade de Jesus e conclui com a sua humanidade. O Senhor Jesus Cristo é o
verdadeiro Deus e o verdadeiro homem. Quando o Verbo se fez carne, as duas
naturezas - divina e humana - se uniram inconfundivelmente, imutável,
indivisível e inseparavelmente. Vemos, portanto, a presença de Deus entre os
seres humanos. O Verbo eterno, pessoal, divino, autoexistente e criador
esvaziou-se de sua glória, desceu até nós e vestiu pele humana. A carne de
Jesus Cristo tornou-se a nova localização da presença de Deus na terra. Jesus
substituiu o antigo tabernáculo. Fez-se um de nós, em tudo semelhante a nós,
exceto no pecado (cf. Hb.4:15). Isto é o grande mistério da encarnação
(1Tm.3:16). O Verbo, portanto, se fez carne, mas permaneceu sendo o Verbo de
Deus (João 1:1,18). A segunda Pessoa da Trindade assume a natureza humana sem
deixar de lado a natureza divina. Nele as duas naturezas, divina e humana,
estão presentes.
2. Características humanas. Há indicações claras na
Bíblia que Jesus era uma Pessoa plenamente humana, sujeito a todas as
limitações comuns à raça humana, mas sem pecado. Ele nasceu como todo ser
humano nasce. Embora sua concepção tenha sido diferente, uma vez que não houve
a participação de um pai biológico, todos os outros estágios de crescimento
foram idênticos ao de qualquer ser humano normal, tanto física como intelectual
e emocional. Também no sentido psicológico era genuinamente humano, pois
pensava, raciocinava, se emocionava, como todo ser humano normal. Há abundantes
e incontestáveis provas de sua humanidade, ou seja, de que Ele nasceu, cresceu
e viveu entre nós. Cito algumas:
Ø Seu nascimento (Lc.2:6,7).
Jesus nasceu de uma mulher humana, passando por todas as fases que uma criança
normal passa. Seu nascimento é contado com detalhes nos dois primeiros
capítulos de Mateus e de Lucas.
Ø Seu crescimento (Lc.2:52).
Cresceu como toda criança normal cresce, sendo alimentada por comida e água.
Seu corpo não era sobre-humano e não tinha características especiais,
diferentes de qualquer ser humano normal.
Ø Suas limitações físicas. Foram
idênticas as de um ser humano:
- Sentia fome (Mt.4:2; Mc.11:12).
- Sentia sede (João 19:28).
- Ficava cansado (João 4:6).
- Sofria dor (João 18:22; 19:2,3).
Ø Era uma Pessoa real, não
um espírito (1João 1:1; Mt.9:20-22; 26:12; João 20:25,27). Jesus de fato foi
visto e tocado pelas pessoas à sua volta. Não era um espírito com a forma
humana, nem um fantasma, mas um Homem real, a ponto de Tomé só acreditar em sua
ressurreição após tocá-lo. O testemunho do Espírito de Deus afirma que Jesus
tomou plenamente a forma humana (1João 4:2,3a).
Ø Sua morte (Lc.23:46; João
19:33,34). Sua morte não foi aparente, mas verdadeira – “Mas, vindo a Jesus e
vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas” (João 19:33). Seu corpo sucumbiu
aos sofrimentos infligidos e de fato expirou à semelhança de todos os homens.
Esta é talvez a suprema identificação de Jesus com a humanidade, pois sendo
Deus não deveria morrer, mas ao assumir plenamente a humanidade torna-se
sujeito a possibilidade da morte. Eis uma verdade tremenda e profunda!
Portanto, Jesus Cristo não somente era pleno Deus, como pleno ser humano.
Ele exibia um conjunto pleno tanto de qualidades divinas quanto de qualidades
humanas, numa mesma Pessoa, de tal modo que essas qualidades não interferiram
uma na outra.
3. Necessidade da encarnação do Verbo. A encarnação de Cristo é
o maior evento da história humana, o dia em que o divino se uniu ao humano com
o propósito de salvar o ser humano. Com o ato da encarnação Deus mostrou que os
sistemas humanos estavam e estão falidos, filosofia ou religião não podem fazer
nada pelo ser humano. Deus mostrou que todo tipo de obra ou ritual religioso
que o homem cumpra é inoperante para salvá-lo, e só Ele poderia mudar a
situação. Observe alguns porquês da encarnação de Cristo e entenda esta
necessidade.
a) Porque o ser humano nasce morto em pecado. Todos nascem em
pecado, e assim em débito com Deus (Rm.3:23; 5:12; Ef.2:1-3), merecendo com
isso o castigo pelo pecado, a morte eterna, que é o pagamento desta dívida
(Rm.6:23a).
b) Porque não se pode ser salvo cumprindo rituais religiosos. Os esforços
pessoais do ser humano de nada valem. Paulo passou boa parte de sua vida
ensinando que a salvação não poderia ser alcançada cumprindo-se regras
religiosas como a Lei de Moisés, por exemplo (Gl.cap.3 e 4). Por ter uma
natureza pecaminosa (carnal) o ser humano não atinge as exigências de Deus
(Rm.7:12-24;8:7,8).
c) Porque não se pode ser salvo praticando boas obras. Obras de pessoas
pecadoras, mortas espiritualmente, são mortas também (Is.64:6). Só a graça de Deus
proporciona a salvação (Ef.2:8-10), e esta graça veio com a encarnação de
Cristo (João 1:17,18).
d) Porque há necessidade de justiça. A encarnação foi o meio de Deus proporcionar ao ser humano a justiça que
ele não tinha. Paulo em Rm.3:21-26 explica que no tempo da graça (de Cristo) se
manifestou a justiça de Deus. Esta justiça os profetas do Antigo Testamento já
anunciavam, e agora ela havia chegado não para os que cumpriam a Lei, ou
praticavam boas obras, mas para os que tinham fé em Jesus Cristo.
Ele se encarnou para ser a propiciação pelos pecados. Pagou a pena de
morte que o homem devia à Lei por não tê-la cumprido, mas ressuscitou porque
era sem pecado. A justiça que Ele ganhou sendo justo não serve para Ele, porque
Ele já é santo, mas é depositada (imputada) para todo aquele que tem fé nEle,
que aceita o Seu sacrifício como substituto na cruz.
e) Porque Deus é amor. A encarnação de Cristo para morrer como inocente no lugar de criaturas
pecadoras demonstra o grande amor de Deus. Este foi o motivo maior pelo qual
Ele enviou Cristo ao mundo (João 3:16; Rm.8:39; 1Joao 4:19). Foi apenas por
amor que Deus veio a terra, em Cristo se fez Emanuel (Deus conosco) (Mt.1:23).
Na cruz foi concretizado esse amor.
Diante de tudo isso podemos afirmar e acreditar quão importante foi a
encarnação do Verbo de Deus. A salvação só foi realizada porque Cristo veio em
carne (Ef.2:15: Cl.1:22; 1Pd.3:18;4:1). O caminho à presença de Deus foi aberto
pela Sua carne (Hb.10:22). Foi por se encarnar que Ele pôde ser o Mediador
entre Deus e os homens (1Tm.2:5).
No início da Igreja, à
época da João, muitos falsos mestres enganavam os cristãos verdadeiros que
Jesus não veio em carne. Naqueles dias surgiram na grande cidade de Éfeso e em
toda a região da Ásia, onde estavam instaladas as sete igrejas, muitos
enganadores que, através de falas doutrinas, intentavam induzir os crentes ao
erro fatal. Surgiram “anticristos” (1João 2:18), mentirosos (1João 2:22) e
falsos profetas (1João 4:1). João escreveu acerca dos falsos mestres para
advertir os cristãos novos na fé - “Estas coisas vos escrevo a respeito
daqueles que vos querem enganar”(1João 2:26).
A situação da igreja inspirava cuidados. Notamos isso pelo que se lê nas
cartas às sete igrejas da Ásia (Ap.cap.2 e 3). As heresias grassavam em muitas
comunidades. O gnosticismo, sistema que mistura ideias filosóficas, crenças
judaicas e cristãs, era uma das principais fontes de heresias da época. Assim,
muitos cristãos se tornaram gnósticos. Criam em Jesus, mas negavam a realidade
de sua encarnação e morte. Os hereges (os gnósticos) enganadores ensinavam que
Jesus era apenas um homem, filho natural de José e Maria. Em outras palavras,
eles não criam em Cristo como o Deus encarnado. Afirmavam que o mal residia na
matéria; portanto, negavam que Deus pudesse se encarnar. Todavia, em relação a
Cristo, João escreveu: "nós ouvimos, vimos, contemplamos, nossas mãos
tocaram..." (1João 1:1-3). Ou seja, o apóstolo estava afirmando firmemente
que o corpo de Cristo era matéria, pois poderia ser tocado, como de fato o foi.
Não se tratava de um espírito, uma aparição, como os gnósticos afirmavam (1João
4:2; 5.6).
João foi contundente contra esses hereges, quando diz: “Amados, não
creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito
de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e
todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus;
mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis
que está já no mundo”(1João 4:1-3).
Portanto, não conhecer a encarnação de Cristo é negar as profecias do
Antigo Testamento e a mensagem do seu cumprimento em o Novo Testamento (ver Is.7:14;9:6;
João 1:1,14). “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua
glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João
1:14).
CONCLUSÃO
Quando tomamos consciência de que Jesus é o Verbo Divino, vemos que não
há outro meio para nos reconciliarmos com Deus; que não há outro caminho; que
só em Cristo está a verdade; só nEle temos vida; que não há como ir ao Pai a
não ser por Ele (Jo.14:6). Temos tido esta consciência?
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Jesus, o Verbo de
Deus.PortalEBD_2008.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Jesus, o Filho de
Deus. PORTALEBD_2008.
Paz e graça meu querido irmão em Cristo, excelente comentário, sempre utilizo suas postagens como subsidio. Que o Senhor continue dando sabedoria ao irmão e o abençoando sempre.
ResponderExcluirDeus abençoe você e seu ministério, caro irmão Unknown (desconhecido). Você é desconhecido aqui, mas Jesus conhece profundamente você. Isto é o que importa!
ExcluirA Paz do Senhor!
ResponderExcluirToda semana vejo blog para complementar meu estudo.
Continue com seu trabalho, pois creio que muitos, assim como eu, são leitores assíduos do seu blog e o utiliza como subsídio.
Que Deus continue te abençoando!
É um prazer servi-la, prezada irmã Maria! Deus abençoe a tua vida e o ministério que exerce na EBD.
Excluir