3º Trimestre/2017
Texto Base: 1Coríntios
12:12-20,25-27
"Porque onde estiverem
dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt.18:20)
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo da Declaração de
Fé das Assembleias de Deus, estudaremos nesta Aula a respeito da Igreja de
Cristo, a “universal assembleia e igreja dos primogênitos" (Hb.12:23), o
“…mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos
homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos Seus santos apóstolos e
profetas, a saber, que os gentios são coerdeiros e de um mesmo corpo, e
participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef.3:4-6). Veremos o que
significa a Igreja de Cristo, qual a diferença entre a sua natureza visível e a
sua natureza invisível e qual o papel do membro dentro do Corpo de Cristo. A
Igreja é cada um de nós, seus membros em particular (1Co.12:27b), de sorte que
cada um dos salvos tem, também, obrigações a cumprir perante o seu Deus
enquanto Jesus não volta ou não somos chamados para a eternidade.
A descida do Espírito Santo no dia de
Pentecostes marcou o início da jornada da Igreja, e vemos o seu final glorioso
no epílogo da história humana, em Apocalipse. Embora seja um organismo vivo, o Corpo
de Cristo (1Co.12:27a), a universal assembleia e Igreja dos primogênitos, que
estão inscritos nos céus (cf. Hb.12:23a), a Igreja se apresenta sobre a face da
Terra como uma reunião de igrejas locais, grupos sociais que têm tarefas a
cumprir enquanto Jesus não volta para arrebatar os salvos e os levar para estar
para sempre com Ele (João 14:3; 1Ts.4:16,17).
“CREMOS, professamos e ensinamos que a Igreja
é a assembleia universal dos santos de todos os lugares e de todas as épocas,
cujos nomes estão escritos nos céus: a universal assembleia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos
espíritos dos justos aperfeiçoados” (Declaração de Fé).
I. A COMUNIDADE DOS FIÉIS
1. Etimologia. A palavra “igreja”, no grego, ekklesia,
significa “reunião dos chamados para fora”. A Igreja é o novo povo de Deus, o
povo formado por judeus e gentios que, pelo sangue de Cristo, passam a ter
comunhão com Deus, perdoados que estão dos seus pecados, um povo espiritual, um
povo destinado a se reunir aos santos do passado para povoar a Nova Jerusalém,
a Jerusalém celeste, onde se dará novamente a comunhão eterna e perfeita que
havia entre Deus e o ser humano antes que o pecado entrasse no mundo (Ap.21:3).
A Igreja é a herdeira da cruz.
2. A assembleia dos cidadãos.
A palavra “ekklesia” foi utilizada na versão grega do Antigo Testamento (a
chamada Septuaginta) para traduzir a palavra hebraica “qahal”, que as nossas
versões em língua portuguesa costumam registrar como “congregação”, nome pelo
qual era conhecida a reunião do povo de Israel, principalmente no tempo da
peregrinação no deserto, quando Moisés costumava chamar todo o povo para
algumas reuniões solenes à frente do tabernáculo que, por isso mesmo, era
denominada de “tenda da congregação” (Nm.10:1-3). Mas o termo aparece no Novo
Testamento com um significado glorioso: "Assim que já não sois
estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de
Deus" (Ef.2:19) e "universal assembleia e igreja dos primogênitos"
(Hb.12:23).
A palavra “igreja” fala de uma “reunião”, ou
seja, um grupo de pessoas. Portanto, Igreja não é um indivíduo, não é uma
pessoa solitária, mas, sim, um grupo de pessoas, um conjunto de pessoas. Desta
forma, a salvação proporcionada por Jesus Cristo cria um novo grupo de pessoas,
um novo povo. Não se pode, pois, biblicamente falando, ser salvo e permanecer
isolado, solitário na vida sobre a face da Terra. Este novo povo, a Igreja,
vem, portanto, realizar, concretizar aquilo que Israel, a “propriedade peculiar
de Deus dentre todos os povos” (Ex.19:5,6), era apenas uma figura, um símbolo,
uma sombra (Hb.10:1).
A “Igreja Universal”, portanto, é a reunião de
todos os salvos que creram em Cristo em todos os tempos, a partir da obra
redentora na cruz do Calvário; é a “universal assembleia e igreja dos
primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a); é o “Corpo de Cristo”
(1Co.12:27,28; Ef.4:12); é a “ geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido” (1Pd.2:9). O conjunto dos salvos que creram em Jesus
Cristo ao longo da história se reunirá, pela primeira vez, quando do
arrebatamento da Igreja, os quais serão apresentados ao Pai pelo Filho com as
seguintes palavras: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu”(Hb.2:13).
3. Sua eleição.
Deus elegeu a Igreja desde a eternidade, antes da fundação do mundo, segundo a sua
presciência. O Senhor estabeleceu um plano de salvação para toda a humanidade -
“em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes
dos tempos dos séculos”(Tt.1:2). Assim como Deus não elegeu uma nação já
existente, mas preferiu criar uma nova a partir do patriarca Abraão, o Senhor
Jesus Cristo, da mesma forma, criou um novo povo formado por judeus e gentios:
“o qual de ambos os povos fez um” (Ef.2:14); “Pois todos nós fomos batizados em
um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer
livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1Co.12:13). A nossa eleição vem
de Deus: “sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus” (1Ts.1:4). Na
Igreja de Cristo, judeus e gentios são coerdeiros da salvação em um único corpo
(Declaração de Fé das Assembleias de
Deus).
4. Sua concepção e revelação. Concebida ainda antes da fundação do mundo
(Ef.1:10), a Igreja foi revelada por Jesus na famosa declaração de Cesaréia
(cf. Mt.16:18). No entanto, somente teria existência própria a partir do
instante em que Jesus subiu aos céus, assentando-se à direita de Deus, visto
que a Igreja é “o Corpo de Cristo”. Enquanto Jesus não ascendesse aos céus, não
poderia haver uma verdadeira “Igreja”, visto que Jesus ainda estava com os
discípulos. A partir do instante, porém, em que ascendeu aos céus, passamos a
ter a Igreja, Igreja que iniciaria a sua missão evangelizadora a partir da
descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, que foi o ato inicial da
dispensação da graça e da apresentação da Igreja ao mundo. Assim, podemos dizer
que a Igreja começa efetivamente no dia de Pentecostes, visto que a Igreja nada
mais é que “geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz” (1Pd.2:9), e isto só se deu a partir do dia de Pentecostes.
A Igreja, portanto, é um projeto
exclusivamente divino, concebido, executado e sustentado por Deus. É por isso
que podemos ter a certeza, e a história tem demonstrado isto, que nada pode
destruir a Igreja. Durante estes quase dois mil anos em que a igreja tem
participado da história da humanidade, muitos homens poderosos se levantaram
contra a Igreja, tentaram destruí-la e não foram poucas as vezes em que se
proclamou que a Igreja estava vencida. No entanto, todos estes homens passaram,
mas a Igreja se manteve de pé, vencedora, demonstrando que não se trata de obra
humana, mas de algo que é divino e contra o qual todos os poderes das trevas
não têm podido prevalecer.
II. ELEMENTOS QUE
IDENTIFICAM UMA IGREJA
1. As ordenanças. Ao instituir a Igreja, Jesus não só
constituiu o governo da Igreja, como as suas funções, como também determinou
que a Igreja realizasse dois ritos, duas cerimônias: o Batismo nas águas -
"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo" (Mt.28:19) e; a Ceia do Senhor - "fazei
isso em memória de mim" (Lc.22:19). Por isso, estas duas atividades da
Igreja são denominadas de “ordenanças”, porque são ordens dados pelo Senhor
para a Igreja.
a) O batismo.
O batismo nas águas é uma ordem a ser cumprida por quem se arrependeu dos seus
pecados (At.2:38) e recebeu de bom grado a Palavra de Deus (At.2:41). Deste
modo, não podem ser batizadas crianças recém-nascidas, vez que não têm o
discernimento do que é, ou não, pecado e, portanto, não podem se arrepender dos
seus pecados, como também não podem ser batizadas pessoas que não tenham
demonstrado que, efetivamente, creram no Evangelho e nasceram de novo. Só é
lícito o batismo daquele que realmente creu de todo o seu coração (At.8:37).
É bom enfatizar que a salvação vem pela fé em
Cristo e não pelo batismo nas águas. Então, alguém que crê em Jesus e não é
batizado nas águas está salvo? Depende. Por que não se batizou nas águas?
Porque não teve condição de fazê-lo, como o ladrão na cruz? Então, este estará
salvo, assim como esteve o ladrão na cruz, pois creu e não foi batizado nas
águas por motivo alheio à sua vontade. Agora, se alguém creu em Jesus e podendo
ser batizado não se batiza porque não quer, este, na verdade, não será salvo,
não porque não foi batizado, pois o batismo não salva pessoa alguma, mas, sim,
porque ao recusar ser batizado mostra que, na verdade, não creu em Jesus, pois
quem crê em Jesus obedece-lhe.
b) Santa Ceia.
É a segunda ordenança observada pela Igreja (Mc.14:12-26). Seus elementos: o
pão e o vinho. Estes simbolizam, respectivamente, o corpo e o sangue de Cristo
oferecidos em resgate da humanidade (1Co.11:24,25). A ceia do Senhor foi
instituída por Jesus na noite em que foi traído e iniciou a sua paixão e morte
(1Co.11:23). Só podem participar da ceia do Senhor aqueles que estão em
comunhão com Deus(1Co.11:24-27), ou seja, os integrantes da sua Igreja, aqueles
que creram em Jesus e já foram batizados nas águas, publicamente assumindo
terem se tornado discípulos do Senhor. Este ensino é muito importante, pois,
lamentavelmente, nos dias em que passamos, muitos são os que estão a
“banalizar” a Ceia do Senhor, tornando-a um ritual aberto a todos quantos
queiram dele participar, mesmo os não-crentes. Não participemos destas
reuniões, pois são reuniões em que não há o discernimento do Corpo do Senhor,
ou seja, em que não há o entendimento do que representa a Igreja e a Ceia do
Senhor.
A Ceia do Senhor não é um ato que proporcione
o perdão dos pecados, nem que venha a nos pôr em comunhão com Jesus. O que nos
mantém em comunhão com o Senhor é a santificação contínua e incessante, é a
obediência à Palavra do Senhor. A Ceia existe para confessarmos publicamente
que estamos em comunhão com Deus e uns com os outros. A Ceia é uma declaração
presente e atual de comunhão, não a obtenção de uma santidade ou uma participação
na natureza divina, como entendem, equivocadamente, os romanistas. Participamos
da Ceia porque somos santos e estamos em comunhão com Deus, não para nos
tornarmos santos ou passarmos a ter comunhão com Deus.
2. A adoração. A
adoração do povo da Nova Aliança, a Igreja de Cristo, deve ser em “espírito e
em verdade”, como declarou Jesus em João 4:23,24, isto é, em todo o tempo,
independentemente de local ou ocasião. Quando adoramos ao Senhor, em espírito e
em verdade, trazemos o Senhor até aquele local de uma forma especial. O Senhor
Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde
estivessem dois ou três reunidos em seu nome (Mt.18:20). Assim sendo,
quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz
presente de uma forma toda especial, ou seja, como companheiro, como
intercessor, como Salvador. A verdadeira adoração é a chave para sentirmos a
presença do Senhor e para que haja salvação de vidas, operação de sinais e
maravilhas, demonstração do poder de Deus. Quando não há adoração, nada disso
se verifica e este é um sinal patente da ausência de Deus numa determinada
igreja local.
A adoração deve ser feita em direção a Deus.
Ele é o centro da adoração. Jesus foi claríssimo ao afirmar que somente devemos
adorar a Deus (Mt.4:10). A adoração corrompida e a idolatria estão entre as
causas principais da manifestação do julgamento divino (cf.2Rs.17:7-20;
2Cr.26:16-20; Is.1:11-17; Am.4:4-11; Rm.1:21-32, etc). Há sempre o perigo de
trazermos um “fogo estranho” diante do altar e trono do Senhor (Lv.10:1-2), e
contra o mesmo devemos estar sempre em guarda. Não apenas a adoração a falsos
deuses é proibida nas Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro Deus com
uma atitude errada (veja Ml.1:7-10; Is.1:11-15; Os.6:4-6; Amós 5:21;
Mt.5:23-26, etc.). Em Levítico 10 temos o registro não apenas da morte de
Nadabe e Abiu, mas também somos instruídos sobre o fato de que o “fogo
estranho” que eles trouxeram perante o Senhor consistia naquilo que era
contrário aos mandamentos divinos quanto à adoração. Paulo repreendeu os
cristãos de Corinto porque eles não se ajuntavam “para melhor, e sim para
pior”(1Co.11:17).
Enfim, adorar a Deus é reconhecer e confessar
a sua glória, o seu poder, a sua majestade, a sua magnificência, não importando
o que Ele faça ou deixe de fazer. A adoração é pelo que Deus é.
3. O Louvor. "Louvai
ao Senhor com harpa, cantai a ele com saltério de dez cordas. Cantai-lhe um
cântico novo; tocai bem e com júbilo" (Sl.33:2,3). O louvor é uma tarefa
da Igreja, que vem desde os dias do Antigo Testamento e que era praticado pela
igreja primitiva. Em colossenses 3:16 Paulo recomenda aos irmãos que louvem a
Deus por meio de "salmos, hinos e cânticos espirituais”.
O louvor, diz-nos a Bíblia, é um sacrifício (Sl.50:14,23;
Hb.13:15) e, como tal, Deus somente aceitará se tiver como origem um coração
puro, uma vida de obediência e santidade (Is.1:10-20).
A glória do Senhor surgiu de forma esplêndida
na Dedicação do Templo de Salomão porque os sacerdotes, antes de louvarem a
Deus, se santificaram (1Cr.5:11-14). Portanto, antes de louvar a Deus,
precisamos estar em comunhão com Ele, senão apenas estaremos fazendo sons e
ruídos que não terão qualquer valor para Deus, antes, pelo contrário, causarão
a sua abominação, pois Deus prefere a obediência ao sacrifício. Pensemos nisto
e, antes que façamos a nossa oferta, acertemo-nos com o Senhor, assim como nos
acertemos com o nosso irmão, pois assim manda Jesus fazer antes que
apresentemos a Ele a nossa oferta, o sacrifício dos nossos lábios (Mt.5:23-25).
Como temos oferecido o nosso sacrifício de
louvor? Tem sido de acordo com os mandamentos do Senhor, de acordo com a sua
Palavra, ou temos oferecido a Deus música de qualquer tipo, música de origem
mundana, música que foi criada e forjada para rituais satanistas ou cultos
idolátricos, para sensibilizar a carne, a sensualidade ou, ainda, música que
tem sido criada e divulgada com finalidade meramente comercial, sem qualquer
objetivo senão o de proporcionar a seus produtores o enriquecimento fácil e
ilimitado? Cuidado com aqueles que, por não temer a Deus, estão a apresentar
estas supostas “músicas evangélicas” (a “gospel music” e suas variações, cada
vez mais numerosas. Já existe até a “metal gospel”, uma variante do “heavy metal
rock”, criado e desenvolvido por satanistas declarados, para “evangélicos”),
dizendo, a exemplo do que acontecia com o povo indiferente dos dias do profeta
Malaquias: “…não faz mal…não faz mal!” (Ml.1:8). Enquanto o povo diz “não faz
mal”, Deus está a dizer: “Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor, nem
aceitarei da vossa mão a oblação” (Ml.1:10). Vigiemos, pois irmãos, tomemos
cuidado, porque muitos têm afugentado a presença e o agrado do Senhor por causa
do tipo de louvor que lhe estão apresentando.
4. A família de Deus. Um
dos muitos modos de referir-se à igreja é como família de Deus (Ef.2:19), e
templo espiritual de Deus (1Co 3:16; Ef.2:22). É por isso que chamamos de
irmãos aqueles que se convertem ao Senhor Jesus. Existem outras metáforas ou
alusões interessantes e bíblicas, mas a imagem da igreja que sobressai no Novo
Testamento é da família.
1Tm.3:15,16 identifica a igreja como
sendo a “casa de Deus”. Nessa “casa”, Deus é nosso Pai (Ef.3:14,15)
e somos irmãos em Cristo. Tratamos uns aos outros como membros da mesma
família - “Não repreendas ao homem idoso, antes exorta-o como a pai; aos
moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs,
com toda a pureza” (1Tm.5:1,2).
Será que eu e você tratamos a nossa
igreja local como nossa família? Sentimos saudades quando precisamos
nos ausentar das suas reuniões por um período? Amamos nossos irmãos
de fato? Acolhemos pessoas novas como receberíamos visitas em casa?
Fazemos sacrifícios em nome do amor pelos irmãos necessitados da família da fé
(Gl.6:10), assim como faríamos para nossos próprios familiares?
Devemos, como família de Deus, refletir sobre
o espaço que se tem para um relacionamento saudável entre os irmãos.
Verifiquemos junto aos irmãos qual a dificuldade que se tem para transformar a
igreja em um espaço cada vez maior para o relacionamento entre as pessoas,
inclusive os que ainda não assumiram compromisso com a igreja. Lembremo-nos que
a marca permanente do cristão é o amor fraternal (João 13:35), busquemos
praticá-lo em toda a sua extensão. O Espírito Santo nos chama para a Igreja não
apenas para sermos números num rol de membros que se sentam nos bancos para ver
o que acontece, mas, para sermos membros vivos e ativos do Corpo de Cristo,
para sermos como irmãos que vivem como filhos e filhas do mesmo Pai e que têm
dons e habilidades que devem ser colocados em prática para o engrandecimento do
nome de Deus e expansão do Seu Reino.
III. O CORPO DE CRISTO
A Igreja é comparada a uma família, a um
exército, a um templo, a uma noiva. Porém, a figura predileta de Paulo par
descrever a Igreja é o Corpo. Por que Paulo tem predileções por essa figura?
Porque ela é uma das mais completas para descrever a Igreja. Uma pessoa só
começa a fazer parte desse Corpo quando é convertida e batizada pelo Espírito
nesse corpo (1Co.12:13). Nenhuma igreja local ou denominação pode arrogar-se a
pretensão de ser a única igreja verdadeira. A Igreja de Cristo é
supradenominacional.
1. A unidade do Corpo
– “o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um
só corpo" (1Co.12:12). O corpo é
uno. Sua principal característica é a unidade. Todos os que creem em Cristo são
um, fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa
unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós
confessamos o mesmo Senhor (1Co.12:1-3), dependemos do mesmo Deus (1Co.12:4-6),
ministramos no mesmo Corpo (1Co.12:7-11), e experimentamos o mesmo batismo
(1Co.12:13).
2. Os membros do Corpo (1Co.12:14-20). Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, os
membros do Corpo são belos quando distribuídos com proporcionalidade. Um nariz
que se desenvolve além do normal deforma o rosto. O olho é um órgão lindo e
nobre; ele é o farol do corpo humano. Contudo, já imaginou se você encontrasse
um olho de 75 quilos na rua? Você sairia correndo, pois esse olho gigante mais
se assemelharia a um monstro. Paulo pergunta: “Se todo o corpo fosse olho, onde
estaria o ouvido?” (1Co.12:17). A beleza do corpo está na sua diversidade e na
sua proporcionalidade.
O corpo precisa das diversas funções dos
membros para sobreviver (1Co.12:15-19). Um membro serve ao outro e todos
trabalham em harmonia para o benefício e edificação do corpo. Imagine que você
esteja com fome caminhando pela estrada e vê uma mangueira cheia de mangas
maduras, mangas vermelhas, mangas cheirosas. O seu olho vê a manga, no entanto,
não basta o olho ver; você tem de usar a mão para pegar; você tem de usar a boca
e os dentes para morder e mastigar; você tem de usar a língua para movimentar;
você tem de usar o esôfago para engolir; você tem de usar o estômago para
triturar; você tem de usar o fígado para jogar a biles ali; você precisa de
toda uma máquina funcionando para que aquela manga possa nutrir você e atender
à sua necessidade. Assim, também, é a Igreja, ela é um Corpo e nós precisamos
ajudar uns aos outros.
O corpo embora uno tem uma grande diversidade
de membros – “Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos”
(1Co.12:14). O que torna o corpo bonito e funcional é o fato de ele ter seus
membros harmoniosamente distribuídos e todos trabalhando juntos para o bem
comum. Se eu cortasse o meu braço e o colocasse numa cadeira ao lado, ele seria
meu braço ainda. Só que que não valeria nada para o corpo. Esse braço só tem
valor se tiver ligado ao corpo. Fora do corpo ele não tem valor. É inútil. Se
eu cortasse minha mão e a colocasse numa cadeira, no outro lado da sala, ela
ainda seria minha mão, mas não teria mais utilidade porque estaria separada dos
outros membros do corpo. Da mesma maneira, o apóstolo Paulo está dizendo, que
somos uma unidade. O membro tem valor na medida em que está inserido no corpo e
na proporção em que ele trabalha para o bem comum do corpo.
3. A mutualidade do corpo (1Co.12:21-31). Quando Paulo fala da mutualidade do corpo,
exorta a Igreja sobre cinco questões importantes. Veja isto à luz do argumento
do Rev. Hernandes Dias Lopes, disposto em seu livro “1Corintios - como resolver conflitos na Igreja”.
a) O perigo do complexo de inferioridade. Paulo escreve: “Se o pé disser: Porque não
sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo? E, se a orelha disser:
Porque não sou olho, não sou do corpo; não será por isso do corpo?”
(1Co.12:15,16). Quando alguém reclama de não ter este ou aquele dom espiritual,
está questionando a sabedoria de Deus. Isso é culpar a Deus de falta de
sabedoria. Isso é questionar a unidade do Corpo. Nenhum membro da Igreja deve
se comparar, nem se contrastar com outro membro da Igreja. Você é único. Você é
singular no Corpo. Deus colocou você no Corpo como lhe aprouve. Exerça a função
que Deus lhe deu no Corpo. Ficar ressentido por não ter este ou aquele dom
espiritual é imaturidade. Devemos exercer nosso papel no Corpo com alegria,
zelo e fidelidade. Somos únicos e singulares para Deus.
b) O perigo do complexo de superioridade. O apóstolo Paulo afirma: “Não podem os olhos dizer à mão: Não
precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo
contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e
os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra;
também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra. Mas os
nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o
corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha” (1Co.12:21-24). A
Igreja de Cristo não tem espaço para disputa de prestígio. A Igreja não é uma
feira de ostentações. O apóstolo Paulo pergunta: “Pois quem é que te faz
sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que
te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1Co.4:7). Não há espaço na
Igreja para a vanglória. Nenhum membro da Igreja pode envaidecer-se pelos dons
que recebeu.
c) A necessidade da mútua cooperação. Paulo ainda prossegue no seu argumento:
“para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com
igual cuidado, em favor uns dos outros” (1Co.12:25). A Igreja é como uma
família unida: quando você mexe com um, mexe com todos; quando você abençoa a
um, abençoa a todos. Na Igreja cada um está buscando meios e forma de cooperar,
de ajudar, de abençoar, de edificar a todos. O propósito do dom é para que não
haja divisão no Corpo. Você não está competindo nem disputando com ninguém na
Igreja, mas cooperando. Precisamos cooperar e trabalhar a favor uns dos outros.
Os dons são dados não para competição nem para demonstração de uma pretensa
espiritualidade. O dom tem como objetivo a mútua cooperação. A maior prioridade
de sua vida é cuidar de seu irmão. É assim que acontece com o corpo. Por
exemplo: você, às vezes gosta do paladar de uma comida. Porém, por uma
deficiência de saúde o médico diz: esse alimento não é bom para você. Então
você abdica. Por que você abdica? Em benefício do corpo. Vamos imaginar que
você esteja doente, com a garganta inflamada. Você precisa tomar antibiótico. O
braço que não tem nada a ver com essa inflamação se oferece para tomar a
agulhada. Isso significa que um membro está sofrendo pelo outro em benefício de
todo o corpo.
d) A necessidade da empatia na alegria e na
tristeza. Diz o apóstolo
Paulo: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um
deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co.12:26). Paulo diz que
precisamos aprender a ter empatia, a sofrer com os que sofrem e alegrar-se com
os que se alegram. Não estamos num campeonato dentro da Igreja disputando quem
é o mais talentoso, o mais dotado, o mais espiritual. Somos uma família. Somos
um Corpo. Devemos celebrar as vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns
dos outros.
e) A necessidade de compreendermos que não
somos completos em nós mesmos e que precisamos uns dos outros. Paula escreve: “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse
corpo. A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo
lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres;
depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”
(1Co.12:27,28). Todos os membros da Igreja têm dons, mas ninguém tem todos
os dons espirituais. Paulo pergunta: “Porventura, são todos apóstolos? Ou,
todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? Tem todos dons
de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos?”
(1Co.12:29,30). Paulo faz uma saraivada de perguntas retóricas e para todos
elas precisamos responder um “não” sonoro e categórico. Paulo está dizendo que
nós precisamos uns dos outros. Não existe nenhum crente, na Igreja, completo em
si mesmo. Não somos autossuficientes; dependemos uns dos outros. É assim que a
Igreja de Cristo funciona.
4. A morada do Espírito Santo. Ao apóstolo Paulo foi revelado que os membros da
Igreja são o Templo, a morada do Espírito Santo (1Co.3:16; Ef.2:22). O Tabernáculo
e o Templo de Jerusalém representavam a presença de Deus (Êx.40:34; 2Cr.7:2,16).
O salmista diz: "SENHOR, eu tenho amado a habitação da tua casa e o lugar
onde permanece a tua glória" (Sl.26:8). Não existe mais o Templo de
Jerusalém, mas Deus habita em cada cristão autêntico (João 14:23; 1Co.6:19).
Sendo os membros do Corpo de Cristo o Templo
do Espírito Santo, entende-se que é algo sagrado, algo que se encontra dedicado
para o serviço de Deus. Diz o apóstolo Paulo: “Não sabeis que sois santuário de
Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”(1Co.3:16). Sendo assim, devemos
manter o nosso corpo em perfeita santidade, porque Deus é santo. Não só não
podemos usar nosso corpo como instrumento do pecado, porque isto é
comportamento de quem não alcançou a salvação (Rm.6:12,13), como também devemos
ter o corpo pronto para ser oferecido em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o nosso culto racional (Rm.12:1).
Assim, quando Paulo nos afirma que o nosso
corpo é morada, é Templo do Espírito Santo, está nos dizendo que o corpo deve
ser uma parte do homem que deve ser destinada a agradar ao Senhor. O corpo é um
local onde devemos adorar a Deus, um lugar onde devemos demonstrar a pureza de
nosso interior, um lugar que deve demonstrar o perdão dos nossos pecados, um
lugar onde tudo o que façamos tenha por objetivo agradar a Deus. Muito ao
contrário dos que defendem a falsa doutrina de que "Deus só quer o
coração", o que a Bíblia nos ensina, através desta figura, é que o corpo é
o lugar em que devemos adorar a Deus, ou seja, servi-lo. É através do corpo que
estaremos comprovando se, realmente, fomos santificados, fomos perdoados, fomos
purificados e se, realmente, estamos agradando a Deus.
Quando temos consciência de que o corpo que
agora temos será substituído por um corpo espiritual, por um corpo glorioso,
passamos a viver diferentemente, na perspectiva da vinda de Jesus e da
eternidade, perspectivas estas indispensáveis para que tenhamos uma vida santa
e consagrada a Deus. Pense nisso!
CONCLUSÃO
A Igreja não é uma invenção dos discípulos,
mas o maior projeto de Deus. O Antigo Testamento revela que, em Cristo, todas
as nações haveriam de se congregar em Deus (Gn.12:1-3; Ag.2:7). Seu fundamento:
Jesus Cristo. Na “declaração de Cesaréia”, Jesus nos mostra que Ele é o
fundamento da Igreja, ao dizer que “sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”
(Mt.16:18). Quem é esta pedra? É o próprio Cristo. Pedro, bem ao contrário dos
romanistas, ensinou, anos depois da declaração de Cesareia, que o fundamento da
Igreja é Jesus: “E chegando-vos para Ele — pedra viva, reprovada, na verdade,
pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós, também, como pedras
vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo…” (1Pd.2:4,5).
Pedro, portanto, confirma que a pedra, o fundamento da Igreja, é Jesus. O
apóstolo Paulo também caminha no mesmo sentido, ao mostrar que o fundamento da
Igreja é Jesus: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está
posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co.3:11). Portanto, não há dúvida alguma quanto
ao verdadeiro fundamento da Igreja: Jesus Cristo. E a missão principal da
igreja é adorar a Deus e propagar o evangelho a todas as nações da terra (Mt.28:19,20).
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A Igreja de Cristo. PortalEBD_2006.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Igreja, o corpo espiritual de cristo.
PortalEBD_2006.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A Igreja: Serva da Bíblia. PortalEBD_2008.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e
exaustiva.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios – Como
resolver conflitos na Igreja. Hagnos.
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