1º Trimestre/2019
Texto Base: Ef.6:13-20
"Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir
no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes" (Ef.6:13).
Efésios 6:13-20
13-Portanto, tomai toda a
armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo,
ficar firmes.
14-Estai, pois, firmes,
tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça,
15-e calçados os pés na
preparação do evangelho da paz;
16-tomando sobretudo o
escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17-Tomai também o
capacete da salvação e a espada do Espirito, que é a palavra de Deus,
18-orando em todo tempo
com toda oração e súplica no Espirito e vigiando nisso com toda perseverança e
súplica por todos os santos
19-e por mim; para que me
seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório
o mistério do evangelho,
20-pelo qual sou
embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém
falar.
INTRODUÇÃO
Esta Aula é um
desdobramento da anterior. Na anterior aprendemos que nossa luta não é contra
carne e sangue, não é física, mas espiritual. Embora Paulo estivesse preso em
Roma, por instigação dos judeus, por determinação das autoridades romanas, na
antessala do martírio, escreve dizendo que nossa batalha não era contra os seus
algozes que o prenderam e que os mantinha preso, mas era contra forças
demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus, demônios,
sob a liderança de Satanás, que pertinaz procura impedir que o Plano de Deus se
concretize. Embora não possamos vê-los, estamos cercados constantemente por
seres espirituais malignos. Mesmo sendo verdade que eles não podem habitar num
crente verdadeiro, podem oprimi-lo e molestá-lo.
Nesta Aula nós vamos
conhecer a armadura que Deus tem colocado à nossa disposição para lutarmos
contra o nosso arqui-inimigo e seus asseclas. Se na Aula anterior vimos que há
uma guerra espiritual, pois nossa “luta não é contra carne e sangue", em
Efésios 6:13-20, o apóstolo usa a metáfora da armadura romana para mostrar a
realidade dessa guerra. O apóstolo usou os instrumentos bélicos como metáfora
de uma realidade que todos nós conhecemos. Na armadura de Deus o crente tem
tudo o que é necessário para suportar os ataques de Satanás e suas hostes. Portanto,
há uma batalha espiritual e, para enfrentá-la, precisamos estar bem preparados
com as armas espirituais. Devemos estar prontos, e armados, a fim de lutarmos e
vencermos essa guerra.
I. A NECESSIDADE DE SE REVESTIR DA ARMADURA DE DEUS
Quando nos tornamos
cristãos e participantes do Reino dos céus, pela fé em Cristo, iniciamos uma
verdadeira batalha espiritual. Paulo diz para revestirmo-nos da armadura de
Deus, pois há uma batalha, não contra sangue e carne, mas sim contra o império
do diabo (Ef.6:11-13). Não há espaço para descansar, pois a luta é renhida e
contínua. Daí se compreende porque Jesus insistiu tantas vezes para seus
discípulos: “Vigiai e orai”. A vitória de um dia, não garante a vitória para o
dia seguinte.
1. O que significa a armadura de Deus? Há duas linhas de interpretação para o texto em epígrafe. Vejamos:
a) Primeira interpretação: a armadura de Deus são qualidades éticas. Alguns intérpretes entendem que são
qualidades éticas que o crente tem que abraçar todo dia e que impede que o
Diabo o vença. Por exemplo, em Ef.6:14 Paulo diz: “Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade...”. Ou seja, se o crente sempre
falar a verdade o diabo não vai ter do que lhe acusar; o diabo não vai mexer
com você, porque ele é o pai da mentira, e você é sempre uma pessoa que diz a
verdade, e você não vai dar brecha para o diabo. Ou como está escrito no final
do versículo: “vestido da couraça da justiça”. Aqui, “justiça” é tratar a todos
com equidade, dar a cada um o que é de direito seu, ser justo com as pessoas;
então, se você for uma pessoa justa, então você estar protegido contra Satanás.
b) Segunda interpretação: a armadura de Deus é o próprio Cristo e o que
Ele conquistou na cruz. Os
seguidores dessa linha de interpretação afirmam que as qualidades que estão
descritas aqui não são virtudes nossa, mas é o que Cristo conquistou na cruz para
nós, a ponto de que alguns dizerem que as armaduras descritas aqui é o próprio
Cristo. Então, quando Paulo diz que devemos tomar a armadura de Deus ele está
dizendo: “se revista de Cristo”, porque somente assim você vai poder resistir a
Satanás.
Em Ef.6:10, encontramos a chave que justifica que esta segunda opção é a melhor
interpretação: “No demais, irmãos meus,
fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”. Aqui, Paulo está
dizendo que devemos nos fortalecer no Senhor; e no verso 11 ele diz: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus,
para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”. Ora, o
que há aqui é um paralelo: revestir-se de toda a armadura de Deus é você se fortalecer
no Senhor e na força do seu poder. Logo, a armadura de Deus é Cristo e de tudo
aquilo que Ele conquistou para nós, a saber, o poder que vem dEle.
Por isso, quando o texto
diz que nós devemos nos vestir da “Verdade”, não pense no sentido de oposição à
mentira, mas a Verdade de Deus, a Verdade maior de todas, Jesus Cristo. Disse
Jesus: “Eu sou o caminho, e a Verdade...” (João 14:6). Só esta Verdade vai nos
dar poder para enfrentar Satanás e suas hostes.
Portanto, a “armadura de
Deus” pode ser definida como um conjunto de armas que forma uma vestimenta de
guerra, cujo objetivo é servir de blindagem para um soldado no campo de
batalha. Estar revestido de toda armadura de Deus é estar revestido do próprio
Cristo (Rm.13:14). O que devemos fazer é tomar posse dessa armadura que
é Cristo, o Senhor.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para
que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef.6:13).
2. O que é tomar posse da armadura de Deus? Se considerar a primeira linha de interpretação
da armadura como a mais usual - ou seja, que os elementos elencados por Paulo
em Ef.6:114-17 são qualidades éticas do cristão -, então temos que desenvolver
isso todos os dias, continuamente. Porém, se nós considerarmos que essa
armadura já foi conquistada por Cristo na cruz do calvário, e que Ele já nos
deu, então temos que considerar o seguinte fato: nós já temos essa armadura. Se
essa armadura é Cristo e o que Ele já conquistou na cruz, então isso já é
nosso, desde a nossa conversão. O que nós temos que fazer é tomar posse, é nos
apropriarmos disso. É isso o que significa “tomar a armadura de Deus”. Quando
Paulo diz que devemos nos cingir com a Verdade (Ef.6:14), e nós já cremos na
Verdade que é Cristo, devemos fazer isso todo dia em oração. Você vai ver que
no final do capítulo seis, no verso 18, Paulo fecha esse ensinamento dizendo
que nós temos que tomar essa armadura em oração (veja tópico II a seguir).
3. Por que devemos nos revestir da armadura de Deus? Cada vez mais os exércitos do mundo se armam
para enfrentar os seus adversários. As nações mais ricas, e até as mais pobres,
estão em busca de armas potentes e poderosas para se protegerem dos inimigos,
tanto se defendendo como atacando com eficiência o oponente. Da mesma forma, o
cristão deve se revestir das armas espirituais mais poderosas e potentes que
existem, para vencerem todos os seus inimigos e adversários. Então, devemos nos
revestir da armadura de Deus:
a) Porque o inimigo não dorme, mas sempre está planejando os seus ataques. Porém, “maior é o que está em nós do que o
que está no mundo” (1João 4:4). Quando o rei Ezequias foi ameaçado pelo rei
Senaqueribe, esta foi a resposta de Ezequias: “Esforçai-vos e tende bom ânimo; não temais, nem vos espanteis por
causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com ele,
porque há um maior conosco do que com ele” (2Cr.32:7). Para mostrar a mesma
convicção do rei Ezequias é preciso nos revestir de toda a armadura de Deus
para enfrentarmos as hostes espirituais da maldade. Por isso, o apóstolo Paulo
disse “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das
trevas e vistamo-nos das armas da luz” (Rm.13:12).
b) Porque Jesus é o mais Valente. Em Lc.11:21,22, Jesus disse: “Quando
o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem. Mas,
sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura
em que confiava e reparte os seus despojos”. Jesus Cristo é o mais valente,
que desarmou a Satanás e nos libertou do império das trevas (Cl.1:13,14).
c) Porque a armadura de Deus é mais poderosa. Em 2Co.10:4, Paulo afirma que “as armas da
nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das
fortalezas”.
d) Porque o Senhor Jesus Cristo nos dar poder. Em Lucas 10:19, o Senhor Jesus Cristo disse:
“Eis que vos dou poder para pisar
serpentes, e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum”.
Só quem já venceu o diabo é quem tem poder suficiente para nos fazer também
vencedores de Satanás (At.1:8;10:38). Portanto, temos de nos revestir da
armadura do que é mais valente e mais forte, Jesus Cristo – “E, despojando os principados e potestades,
os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl.2:15).
e) Porque a batalha contra o pecado é renhida. Quando nos tornamos cristãos, ganhamos um
amigo - o Senhor Jesus Cristo. Mas também ganhamos um inimigo – Satanás. Este
tenta desviar-nos do trilho da maturidade espiritual e cristã, e busca destruir
aquilo que nos auxilia. A Bíblia se refere a luta contra o pecado como uma
batalha, e isto pode nos causar grandes sofrimentos; porém, não entramos
indefesos na batalha. Deus nos equipa com a Sua "armadura completa"
(Ef.6:13). Jesus pode nos libertar do poder de Satanás e do pecado. Deus não
promete livrar-nos da batalha, mas sim livrar-nos pela batalha. Há vezes em que
nos agoniamos por causa de pecados inconfessos em nossas vidas. Nossa consciência
fica muito pesada, até buscarmos a cura com o grande Médico - "Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados,
e para nos purificar de toda a injustiça" (João 1:9).
f) Por causa dos desejos carnais. Em Romanos 13:14, Paulo nos aconselha, dizendo: “revesti-vos do Senhor
Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências”.
g) Para estarmos firmes contra as astutas ciladas do diabo. Em Efésios 6:11, Paulo nos orienta e nos
aconselha, dizendo: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais
estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”.
h) Para resistirmos no dia mau. Em Ef.6:13, Paulo nos reforça mais ainda, dizendo: “Portanto, tomai toda
a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo,
ficar firmes”.
4. Não subestime o
inimigo. Quantas vitórias antecipadas não se transformaram em derrota
porque o inimigo foi subestimado. Josué subestimou os habitantes da cidade de
Ai e foi derrotado. Não podemos nos esquecer que lutamos com um poder que age
sutilmente, sem que percebamos, e que atua para derrotar e envergonhar o servo
de Deus. O apóstolo Paulo adverte: “E não
é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz”
(2Co.11:14). Paulo diz em 1Ts.2:18: “Por
isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas
duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho”. É bem verdade que ele já
está derrotado – “E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a
Satanás” (Rm.16:20) -, mas ele continua agindo. O Apóstolo Paulo escrevendo aos
Coríntios adverte: “...para que não sejamos vencidos por Satanás, porque não
ignoramos os seus ardis” (2Co.2:10,11).
II. EQUIPAMENTOS DA ARMADURA DE DEUS
O apóstolo Paulo listou
seis equipamentos imprescindíveis para entrarmos na peleja contra o inimigo de
nossas almas. Que equipamentos são esses?
1. A Verdade, como cinto (Ef.6:14) – “Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade...”. A “Verdade”, aqui, é
como fosse um cinto; esta era a peça mais importante da armadura do
soldado romano; ele cobria toda a parte do abdome; era o suporte do restante da
armadura; tudo era suportado pelo cinto.
Não é de estranhar que
Paulo começa dizendo que a “Verdade” é o “cinto” da amadura de Deus. É desta
realidade que nós partimos: da Verdade do Evangelho que Deus revelou. E como
isso nos protege contra Satanás? A arma maior de satanás é o erro religioso.
Uma vez que você conhece a “Verdade”, que você se apoderou da Verdade do
evangelho em Cristo Jesus, então você está em condição de se defender das
mentiras, das heresias, do erro religioso que é apresentado por Satanás, às
vezes de forma muita atrativa, através de homens preparados para ludibriar os
incautos, e até mesmo pessoas cristãs com grande experiência no caminho. Mas, aquele
que conhece a “Verdade”, satanás não tem o poder de derrubá-lo. Esta “Verdade”
é a porta de entrada para a maturidade cristã - “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32). Então,
a “Verdade” é como um cinto. É o primeiro equipamento da armadura de Deus.
Como me aproprio dessa “Verdade”? Como e quando vou obedecer a essa ordem - “cingi-vos
da verdade”? Todo dia enchendo a nossa cabeça com essa Verdade: meditando na “Verdade”,
que é Cristo; meditando nas grandes promessas do Evangelho; crendo nessas
coisas; deleitando-se nas verdades espirituais. Desta maneira, estaremos
cingindo os nossos lombos com a Verdade. Fazendo assim, essa “Verdade” se torna
o “cinto” que protege o nosso “abdômen”, de onde estão ligados os outros equipamentos
da armadura de Deus.
2. Couraça da Justiça (Ef.6:14) – “...e vestida a couraça da
justiça”. A couraça era uma armadura defensiva em forma de um manto
de ferro feito de couro, tiras de metal ou escamas de bronze (1Sm.17:5). Sua
função era proteger o pescoço, o peito, os ombros, o abdome e as costas.
Dependendo da época e da civilização, a couraça chegava até à coxa. No soldado
romano, a couraça cobria o peito dele, era firmado no cinto, no qual ele estava
cingido, e era proteção para órgãos vitais. Geralmente, era proteção contra os
golpes que poderiam ser fatais.
Neste texto, o apóstolo
Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar a defesa espiritual
como "couraça da justiça".
“Justiça”, aqui, não é um atributo ético, mas é a justiça de Deus pela fé em
Cristo Jesus; é a justiça com a qual Deus justifica pecadores como nós; é a
justificação, que funciona como uma couraça.
Paulo compara a justiça
de Deus em Cristo Jesus, ou a justificação, a uma couraça. E essa comparação é
muita perfeita, porque uma vez que você foi justificado em Cristo, diariamente
você tem que se lembrar disso. Eis uma declaração do próprio Paulo, em Romanos
8:31-33:
“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é
por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou,
antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as
coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os
justifica”.
É maravilhoso você se
lembrar disso, quando um monte de acusações chega à sua cabeça: você não presta;
você cometeu o mesmo erro de novo; você não tem jeito; você é um desgraçado sem
nenhuma valia; você é um desastre; você é um crente sem nenhum mérito; Deus jamais
vai aceitar você. E vários outros adjetivos desqualificativos chegam à sua
mente para que você desista de sua fé, se desvie do caminho do Senhor e
abandone de vez a Cristo. Você sabe qual a resposta para todas essas acusações?
A Justificação pela fé. Quando tudo isso vier à sua mente como um torpedo, você
dirá: é verdade, eu não presto mesmo; sou um pecador, não mereço a salvação;
sou fraco e não consigo ficar sozinho sem pecar. Todavia, Deus me aceita não
com base nos meus méritos, mas pela justiça de Cristo. Portanto, quem me
condenará? Porque a minha justiça não é minha, mas é do Filho de Deus, que na
cruz do calvário se entregou por mim, que cumpriu a Lei de Deus de maneira perfeita,
que ofereceu um sacrifício perfeito pelos meus pecados. É assim, portanto, que
nós tomamos a “Justiça” como uma couraça: para se defender dos ataques do
Diabo, do vil acusador da nossa própria consciência.
Muita gente sofre com
culpa, ou seja, de culpa ruim, de culpa errada. A culpa apropriada é boa,
porque vai levar você ao arrependimento. Se você pecou é bom que você se sinta
culpado. Se você não se sentir culpado quando comete algum pecado de forma
deliberada e consciente, alguma coisa está errada. Ser crente é isso: é não
conseguir pecar sem sentir culpado; é você pecar e imediatamente a sua mente,
seu coração, acusar que você está em pecado e precisa do perdão de Deus
imediatamente. Se você não sentir nenhuma culpa, achar que o erro cometido
contra Deus não vai lhe causar nenhum impedimento para ter comunhão com Deus, provavelmente,
você precisa se converter, e faça isso com muita brevidade, pois é um forte
indicativo de que a sua mente está sendo cauterizada e não sente mais a
presença do pecado sobre a sua vida; é um forte indicativo de que você está na
antessala da apostasia.
Não podemos nos esquecer
de que devemos nos lembrar, diariamente,
da obra redentora de Cristo Jesus na cruz do calvário por nós, e que pelo seu
sangue nos justificou. Se Satanás nos acusar de que somos fracos e suscetíveis
a erros, lembremos de que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado. Devemos
agradecer a Deus, diariamente, pelo grande benefício que Jesus nos outorgou: a
justificação. É assim que devemos tomar essa armadura de Deus, que é a “Couraça
da Justiça”.
3. Paz do Evangelho, como sapato - “e calçados os pés na preparação
do evangelho da paz” (Ef.6:15). O calçado do soldado romano
era uma semibota entrelaçada de um solado de couro duro, que tinha como objetivo
evitar os objetos pontiagudos que os inimigos jogavam no campo de batalha.
Acontecia que, às vezes, o soldado corria descalço e os inimigos jogavam
objetos pontiagudos e aquilo feria os pés do soldado prejudicando a sua
eficácia na batalha. Para que ele pudesse correr no campo de batalha com
segurança e com firmeza ao encontro do inimigo ou se defender, ele precisava
estar calçado e protegido.
Essa “Paz” pode
ser entendida da seguinte maneira:
-A Paz que o Evangelho produz funciona como uma preparação para o combate,
como os sapatos que o soldado romano colocava antes de entrar no campo de
batalha. Então, essa “Paz” que o Evangelho traz é comparada com esse sapato que
o soldado colocava no inicio do conflito.
-Essa “Paz” é aquela produzida pelo Evangelho. Este Evangelho que é a boa
noticia de que Deus nos amou e que deu o Seu Filho para morrer pelos nossos
pecados, e que pela fé em Cristo eu sou perdoado, e que agora tenho Paz com
Deus.
-Deus não é mais meu inimigo. Imagine você indo para uma guerra contra o
Diabo, e além do Diabo ter Deus como inimigo! Não há nenhuma possibilidade de
ganhar essa guerra. Então se você vai para a batalha contra Satanás, você
precisa estar em Paz com Deus, você precisa ter Deus ao seu lado. É o Evangelho
que reconcilia você com Deus, e aí você tem condição de enfrentar o Diabo e os
seus ardis.
-Que situação terrível,
do homem sem Deus! Ele não somente tem o Diabo como inimigo, mas o próprio
Deus. Como, então, ele escapará da condenação eterna e da destruição, sem
Cristo? Essa pessoa precisa ter Paz com Deus através do Evangelho que vai
funcionar como as sandálias com as quais ele vai poder correr no campo de batalha
e enfrentar o inimigo. Sem isso, a pessoa estará perdida, não somente porque
não terá forças contra o Diabo, mas também porque não tem Paz com Deus.
4. A Fé em Cristo, como escudo - “tomando sobretudo o escudo
da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno”
(Ef.6:16). O “escudo” que Paulo se
refere aqui é um escudo quadrado, muito popular nos filmes de hollywood, quando
em momentos de conflito os soldados se juntam e forma uma grande proteção
contra flechas, lanças, etc.
A palavra “escudo”, aqui, vem da palavra “porta”,
no grego; ou seja, aquele obstáculo quadrado que não deixava passar nada. Esse
escudo do soldado era formado de uma dupla folha de madeira para impedir que a
flecha incendiária não atingisse o alvo, o soldado. Também, esse escudo era
formado de pele de animais para enfrentar os dardos incendiários, que eram
armas terríveis naquela época. Esse tipo de escudo era grande, e que servia
para apagar as setas incendiárias. Como o escudo de pele era molhado, então a
flecha incendiária batia no escudo e apagava.
Como se aplica isso na nossa vida espiritual? O que funciona como escudo que apaga as
setas do maligno? Paulo diz que é a fé (Ef.6:16). Mas, fé em que? Muitos
falam de fé como se ela tivesse uma força inerente. Fé é o ato de você crer, é a
capacidade de você confiar em alguma coisa. Mas, o que vai fazer a diferença
não é o fato de você crer, mas naquilo em que você crer. Por exemplo, se você
crer numa mentira, você vai para o inferno mesmo tendo fé. Porque o que salva
não é o fato de que você tem fé, mas aquilo em que você crê. Quem salva é
Cristo, e se você tem fé em Cristo, você será salvo. Se você tem fé nos ídolos,
nos deuses pagãos, ou é ateu, você vai para o inferno, porque nenhuma dessas
coisas salva. Só quem salva é Jesus Cristo.
Então, quando Paulo fala
da “Fé” como escudo, ele está falando da Fé em Cristo Jesus, no Evangelho, na
Verdade. Como e quando nos revestimos disso? Diariamente nós temos que
exercitarmos a nossa fé. Em Romanos 10:17, Paulo diz que “a fé vem pelo ouvir, e
o ouvir pelo Palavra de Deus”.
Como e quando nos revestirmos deste equipamento da
armadura de Deus? Todo dia: em oração,
meditando na Palavra de Deus, enchendo a nossa mente da Palavra de Deus,
observando as grandes promessas da Palavra de Deus, observando o sobrenatural
de Deus. Quando fazemos assim, a fé brota e se fortalece como uma rocha.
Muitas pessoas dizem:
“não tenho fé; a minha fé é muita pequena”. Pergunto, então: você lê a Bíblia
todo dia? Você ora todo dia? Você tem um momento a sós com Deus todo dia? Ou
não tem tempo porque as coisas seculares não deixam? Se você é assim, então fica
difícil ter fé como escudo. Sendo assim, você está altamente vulnerável às
ciladas do Diabo. Lembre-se, a fé é como um músculo, você tem que exercitá-la,
senão ela vai ficar atrofiada.
É válido dizer que o que
desperta a fé não são os objetos tangíveis, como algumas igrejas de libertação
dizem por aí! Mas é a Palavra de Deus que desperta a nossa fé, por isso devemos
constantemente gastar tempo em oração, em ler e meditar na Palavra de Deus, e à
medida que fazemos isso a nossa fé cresce, a confiança em Cristo se robustece;
fé esta que vai nos dar coragem, ousadia, confiança e proteção dos dardos inflamados
do inimigo.
5. Capacete da Salvação - “Tomai também o capacete da
salvação...” (Ef.6:17). O capacete do soldado romano era feito de couro
e peças de metal para proteger a cabeça, parte superimportante do corpo do
soldado; se ele fosse ferido na cabeça, já ficava impossibilitado de atuar no
conflito.
O capacete
representa a salvação que nos é dada em Cristo Jesus. Como me aproprio disto
diariamente? Dizendo, com base na palavra de Deus: eu sou salvo em Cristo
Jesus; Jesus me salvou; meus pecados foram perdoados e agora sou justificado;
pela graça de Deus agora sou salvo!
A salvação já nos foi
dado em Cristo, mas você tem certeza dela? Crentes incertos, inseguros, são
como soldados vacilantes que não sabem o que vão fazer; eles não têm coragem
para prosseguir. Mas, um crente que está seguro de sua salvação em Cristo é como
um soldado que está pronto para batalhar contra o inimigo; ele é ousado, não
teme a nada, pois tem certeza da salvação. Infelizmente, falta esta certeza em
muitos que cristãos dizem ser.
Quais os fatores que podem levar o crente a perder
a certeza da salvação?
- A
consciência ferida por algum
pecado.
- Doutrinas
erradas, que estimulam o
crente a acreditar que não é salvo, e que só serão salvos apenas um
punhado de pessoas, chegando até mesmo a dizer que somente 144 mil serão
salvos. Se você acreditar nisso, que graça tem em permanecer fiel e tomar
a armadura de Deus? Se você recebeu Jesus como seu único e suficiente
Senhor e Salvador, e permanece fiel nos caminhos do Senhor, que está em
comunhão com Ele, então, não há duvida: você é salvo, apesar dos nossos
defeitos - “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós;
é dom de Deus” (Ef.2:8).
- Satanás. Este pode abalar o crente quanto à certeza da
salvação. Ele ataca o crente nisso. Ás vezes vem a opressão, vem
provações, vem trevas, vem confusão na cabeça, e a incredulidade cresce no
coração do crente e ele fica sem saber direito o rumo certo; ele fica
duvidando e questionando até mesmo da Bíblia, da existência de Deus e das
coisas em que ele acredita. A recomendação de Paulo é contundente: “Não
dês lugar ao Diabo” (Ef.4:27).
Portanto, crente que não
tem certeza da salvação eterna se torna instável como soldado vacilante no meio
de uma batalha; isto pode trazer dificuldades para os outros que precisam
avançar e que precisam do apoio dele, que precisam do suporte dele, da ajuda
dele. Mas, infelizmente, ele está lutando com ele mesmo, e, portanto, não tem
esta condição de se engajar.
A certeza da salvação,
portanto, funciona como um capacete que protege a nossa cabeça, a nossa mente. É
na mente que a batalha é travada; é na mente que satanás vai atacar, exatamente
para tirar você de sua segurança e tranquilidade. Essa foi a estratégia pela
qual Satanás derrotou Eva. Infelizmente, muitos crentes dão pouco valor à
mente, à razão, ao conhecimento. O crente que estuda as Escrituras Sagradas e está
firmado na Palavra de Deus não cede às propostas sedutoras do diabo facilmente,
pois ele tem o Capacete da Salvação. Quando Deus controla a mente do crente,
Satanás não pode levá-lo a fracassar.
6. A Palavra de Deus, como a
Espada do Espírito - “Tomai também... a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”
(Ef.6:18). Havia dois tipos de espada que eram usados pelo soldado romano: uma
espada comprida, que não é a que Paulo menciona aqui; e uma espada curta, que
era levada na cintura, que os soldados usavam para defesa em uma luta corpo a
corpo. Esta espada é a que Paulo menciona aqui.
Espiritualmente falando,
essa Espada representa a Palavra de Deus. E Paulo está dizendo que quem usa esta
Palavra é o Espírito. Talvez a melhor ilustração seja a tentação de Jesus no
deserto. Jesus foi levado para o deserto para ser tentado. Primeira tentação: “se tu és o Filho de Deus, mande que estas
pedras se tornem em pães” (Mt.4:3). “Ele,
porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de
toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt.4:4). Assim foi com a segunda e
a terceira tentação. Todas elas Jesus respondeu dizendo: “está escrito”. É isto que significa,
na guerra espiritual, a “Espada do Espírito”, que é a Palavra de Deus; é você
responder as dúvidas, questionamentos, repelir a mentira, as acusações, a culpa
com: “está escrito”.
Como, então, o crente vai
responder “estar escrito” se ele não conhecer a Bíblia Sagrada, que é a Espada do
Espírito? Quando você for interpelado a respeito da salvação, do pecado, das
situações adversas da vida, do mundo espiritual, você tem condição de dizer “está
escrito”? Se não estudar e meditar na Palavra de Deus você estará
vulnerável diante das vicissitudes e intempéries, diante das astutas ciladas de
Satanás. Sem o conhecimento da Palavra de Deus, sem maturidade espiritual, você
será uma presa muito fácil num embate contra o poderoso inimigo de nossas
almas.
Você sabe por que tanto
crente se desvia na fé, cai diante do inimigo? Porque não sabe dizer onde “está
escrito” e o que “está escrito”. Muitas tentações, acusações falsas,
mentiras, constantemente nos vem à nossa mente para nos perturbar e nos
enfraquecer, e sem a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, não temos
argumentos para nos defender. O salmista bem armado com a Espada do Espirito afirmou
desta maneira: “escondi a tua palavra no
meu coração para eu não pecar contra ti” (Sl.119:11).
Observe que a Espada do Espírito é arma de ataque. Vencemos os ataques do diabo e triunfamos
sobre ele por meio da Palavra. É pela Palavra que os cativos são libertos. A
Palavra é poderosa, viva e eficaz. Moisés quis libertar os israelitas do Egito
com a espada do homem carnal e fracassou, mas quando usou a Espada do Espírito
o povo foi liberto. Pedro quis defender a Cristo com a espada humana e
fracassou, mas quando brandiu a Espada do Espírito, multidões se renderam a
Cristo. Precisamos conhecer bem a Palavra de Deus. A Bíblia nos afasta do
pecado ou o pecado nos afasta da Bíblia. Infelizmente, há multidões de crentes
mais comprometidos com as mídias sociais do que com a Palavra de Deus. Isso é
lamentável!
III. A ENERGIA COM A QUAL DEVEMOS LUTAR NESSA BATALHA
“orando em todo tempo com toda oração e
súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos
os santos” (Ef.6:18).
Este texto está ligado ao
verso 13. A ligação seria assim:
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, com
toda oração e súplica, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito
tudo, ficar firmes”.
Em outras palavras, o
apóstolo Paulo está dizendo a maneira como nós devemos tomar toda a armadura de
Deus. Como devemos tomar essa armadura? Diariamente. Como devemos tomar “a
Verdade, como cinto”, a Couraça da Justiça, o Evangelho da Paz, o Escudo da Fé,
o Capacete da Salvação e a Espada do Espírito? Com toda oração e suplica. A
oração é a energia que capacita o soldado crente a usar a armadura e
brandir a Espada do Espírito.
Não podemos lutar nessa
guerra com nossas próprias forças, no nosso próprio poder. Moisés orou,
e Josué brandiu a espada contra Amaleque. Oração e ação caminham juntas
(Ex.17:8-16). A oração é o poder para a vitória.
Em Efésios 6:18-20, Paulo fala sobre seis elementos
importantes a respeito da oração (Adaptado
livro Efésios – a Igreja, a noiva gloriosa. Rev. Hernandes Dias Lopes).
1. O tempo da oração (Ef.6:18) - "Orando em todo tempo".
Isso quer dizer que devemos estar em constante comunhão com Deus. Não é correto
dizer: "Senhor, vimos agora à tua presença", porque o crente jamais
tem licença para sair da presença do Senhor. O crente deve orar sempre, porque
ele está sempre exposto ao ataque do inimigo.
2. A natureza da oração (Ef.6:18) - "Com toda oração e
súplica". Isto é mais do que um tipo de oração. Devemos usar
súplica, intercessão e ação de graças. O crente que ora apenas pedindo coisas
está perdendo o real sentido da oração, que é se manter em intimidade com Deus,
deleitando-se nele.
3. A esfera da oração (Ef.6:18) - "no Espírito".
Isto quer dizer que essa oração precisa ser motivada e assistida pelo Espírito
(Rm.8:26,27). Não é oração feita no monte ou em línguas, mas no Espírito. O
Espírito assiste-nos em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém. O Espírito
é como o fogo que faz o incenso da oração subir como aroma suave diante de
Deus. Diz o apóstolo Paulo: “E da mesma
maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que
havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis” (Rm.8:26).
4. A vigilância da oração (Ef.6:18) - "e vigiando nisso." Devemos orar de “olhos”
abertos. Devemos orar e vigiar. Devemos fazer como Neemias: "Nós, porém, oramos ao nosso Deus; e
colocamos guardas para proteger-nos de dia e de noite" (Ne.4:9). Orar
e vigiar é o segredo da vitória sobre o mundo (Mc.13:33), a carne (Mc.14:38) e
o diabo (Ef.6:18). Porque Pedro dormiu no Getsêmani, e não orou nem vigiou, ele
foi derrotado (Mc.14:29-31,67-72).
5. A perseverança da oração (Ef.6:18) - "com toda perseverança".
A igreja primitiva orou com perseverança (At.1:14; 2:42; 6:4), e também devemos
orar da mesma forma (Rm.12:12). Robert Law disse: "A oração não é para
fazer a vontade do homem no céu, mas para fazer a vontade de Deus na
terra".
6. O alcance da oração (Ef.6:18-20). "E súplica por todos os
santos, e também por mim, para que a palavra me seja dada quando eu abrir a
boca, para que possa, com ousadia, tornar conhecido o mistério do evangelho, pelo
qual sou embaixador na prisão, para que nele eu tenha coragem para falar como
devo".
Somos um exército, precisamos
orar uns pelos outros e orar por todos os santos. Quando um soldado cai,
tornamo-nos mais vulneráveis. Precisamos uns dos outros. Precisamos orar uns
pelos outros. Nenhum soldado, ao entrar em combate, ora só por si mesmo, mas
também por seus companheiros. Eles constituem um exército, e o sucesso de um é
o sucesso de todos. Paulo pede oração por si mesmo, não para se livrar da
prisão, mas para tornar-se mais eficaz na proclamação do evangelho.
CONCLUSÃO
Na vida cristã, lutamos
contra os principados e potestades (que são poderosas forças malignas compostas
por anjos caídos liderados por Satanás, que é um adversário que procura nos
derrotar). Para resistirmos os seus ataques, devemos sempre depender de Deus e
utilizar cada equipamento da armadura que o Senhor nos dispõe. Sempre que enfrentamos
os principados e os poderes das trevas, precisamos ter ao nosso lado o poder do
Espírito Santo. E para receber esse poder, precisamos estar em comunhão com
Ele, precisamos estar em oração e na meditação da Palavra de Deus.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 77. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Como ser um
vencedor na batalha espiritual.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Resistindo aos
apelos do mundanismo. PortalEBD_2008.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Efésios – Igreja, a noiva
gloriosa de Cristo.
Muito bom. Ótimo
ResponderExcluirAmėm so benção a palavra de DEUS adorei essa aula DEUS abençoe
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