domingo, 7 de abril de 2019

Aula 02 – OS ARTESÃOS DO TABERNÁCULO - Subsídio


2º Trimestre/2019

Texto Base: Êxodo 31:1-11

 “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer" (1Co.12:11).

Êxodo 31:1-11
1-Depois, falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2-Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá,
3-e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício,
4-para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre,
5-e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor.
6-E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado,
7-a saber, a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e todos os móveis da tenda;
8-e a mesa com os seus utensílios, e o castiçal puro com todos os seus utensílios, e o altar do incenso;
9-e o altar do holocausto com todos os seus utensílios e a pia com a sua base;
10 - e as vestes do ministério, e as vestes santas de Arão, o sacerdote, e as vestes de seus filhos, para administrarem o sacerdócio;
11-e o azeite da unção e o incenso aromático para o santuário; farão conforme tudo que te tenho mandado.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo sobre o Tabernáculo trataremos nesta Aula a respeito da vocação para trabalhos especiais na obra de Deus. Deus chama pessoas específicas para realizar obras especiais, foi assim em toda história da humanidade. Na construção do Tabernáculo Deus precisava de pessoas para tratar de assuntos complexos, e para isso o Espírito de Deus precisa entrar em ação enchendo essas pessoas de sabedoria e habilidade. Deus precisava de artesãos habilidosos para construir o Tabernáculo; então, os escolheu e os encheu de sabedoria. O Tabernáculo era um projeto divino e Deus precisava de pessoas habilidosas para construí-lo; por isso, Ele separou essas pessoas e as usou de maneira graciosa. Não é diferente hoje, pois Ele continua a capacitar os escolhidos para a sua obra e espera que a façamos. Peçamos a Ele sabedoria e inteligência espiritual para realizar com perfeição a Sua obra neste mundo.
I. HOMENS ESPECIAIS PARA SERVIÇOS ESPECIAIS (Êx.31:1,2,6)
1. Bezalel e Aoliabe, chamados por Deus (Êx.31:2,6). Para construir o Tabernáculo conforme Deus tinha projetado era necessária bastante habilidade e sabedoria dos encarregados da obra. Deus escolheu e capacitou Bezalel e Aoliabe como artífices para construírem o Tabernáculo e todos os pertences deste. O primeiro era da Tribo de Judá; o segundo, da Tribo de Dã (Êx.31:2,6). Ambos foram capacitados pelo Espírito de Deus a fim de trabalharem em toda sorte de obra em ouro, prata, bronze e madeira.
 “Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor. E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado” (Êx.31:2-6).
Além disso, esses dois homens também supervisionaram os outros trabalhadores envolvidos na construção (Êx.31:6b). Deus capacita as pessoas para cumprirem suas ordens. O próprio Senhor escolheu os trabalhadores, capacitou-os com habilidades e inteligência e os encarregou de executar uma obra para sua glória (Ex.31:6). A obra é de Deus, e o Senhor a realiza por meio de homens seletos e depois os recompensa por sua participação.
2. A prerrogativa de Deus (Êx.31:1-3) - “Depois, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício”.
O texto é bem claro: “tenho chamado por nome a Bezalel”. Por que Deus chamou Bezalel? Talvez pelas suas habilidades nas artes. Deus conhece a natureza de cada pessoa e distribui talentos conforme a capacidade de cada um. Na Parábola dos talentos, estes foram distribuídos conforme a capacidade da década um: para um servo deu cinco talentos; a outro, dois e; ao terceiro, um (cf.Mt.25:14-30).
Para construir o Tabernáculo, Deus chamou pessoas inclinadas às artes e às ciências, capacitando-as para potencializar essas habilidades. Deus chamou Bezalel e o encheu do Seu Espírito, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício. Tratava-se de pessoa estratégica para fazer obras estratégicas na Tenda do Testemunho e em todos os seus móveis.
Deus chama a quem Ele quer para executar sua obra.
  • Ele preparou Moisés em seus primeiros 40 anos de vida no Egito a fim de ser um poderoso líder no deserto.
  • Preparou Elias em Querite(1Rs.17:3,5) e em Sarepta(1Rs.17:9,10), para depois fazer chover em uma terra assolada pela seca e fazer descer fogo do céu diante dos profetas de Baal.
  • Preparou Davi, junto das ovelhas, para ser rei de Israel.
Da mesma forma, na Nova Aliança, para cada crente salvo Deus tem uma chamada, e para cada chamada, uma forma de preparação, de capacitação.
  • Pedro foi convocado para exercer seu ministério entre os judeus (Gl.2:8).
  • Paulo foi convocado para exercer seu ministério entre os gentios (Rm.11:13).
Tratava-se de homens especiais para fazer obras estratégicas.
Cremos que Deus age em nossas vidas de acordo com seus propósitos. O Espírito Santo nos prepara para a chamada de Deus, de forma que estejamos sempre dependendo dEle ao longo do cumprimento de nossa vocação.
Cada um tem um trabalho na Seara do Mestre, e o Espírito Santo habitando em nós fará com que executemos este trabalho na forma por Ele pretendida, a fim de que almas sejam salvas e os crentes aperfeiçoados.
Se você tem um chamado de Deus em sua vida, prepare-se; faça a sua parte e deixe que o Senhor faça a dEle.
3. A pluralidade do Serviço cristão (Rm.12:4-11; 1Co.12:8-10,28). O Serviço é uma parte indissociável da vida do cristão salvo. Cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o ensino da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor; ajudando o próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Há, portanto, uma pluralidade do serviço cristão. Deus tem dado a cada servo, conforme a sua capacidade, talentos para serem usados no Reino de Deus. Diz o apóstolo Paulo em Rm.12:4-11:
4. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
5. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
6. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
8. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9. e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10. e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
Portanto, todo povo chamado e constituído por Deus é um povo que tem no trabalho, no serviço, um ponto característico. A Igreja, o povo de Deus da Nova Aliança, não é exceção; muito pelo contrário, Jesus sempre deixou bem claro que os seus discípulos deveriam ser pessoas que estivessem prontas e dispostas a servir, a executar tarefas para a glória do nome do Senhor. Ao sintetizar o que significa ser seu discípulo, Jesus foi bem claro ao mostrar que ser discípulo de Jesus é ser servo, é ter de executar um serviço, uma tarefa determinada pelo Senhor.
O Senhor, depois de haver libertado um homem possesso de espíritos malignos disse-lhe: “Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti” (Mc.5:19). Esse homem obedeceu ao chamado de Jesus e divulgou a boa-nova de salvação em sua terra e em sua parentela - “E ele foi e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se Maravilhavam” (Mc.5:20).
Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, que tem de prestar um serviço, serviço que deve ser segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor. Disse Jesus: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim”(Mt.24:46). Disse Moisés ao povo de Israel: “Agora, pois, que é que o Senhor, teu Deus requer de ti, senão que temas ao Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames e sirvas ao Senhor, teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma”(Dt.10:12). Estas palavras foram ditas ao povo de Israel, mas se aplicam, literalmente, a todos nós que pertencemos à Igreja do Senhor.
Requisitos para o Serviço cristão. Consideremos alguns requisitos para servirmos ao Senhor Jesus Cristo.
Ø  Disposição e desprendimento. Simão e André, logo quando o Senhor os chamou deixaram imediatamente as redes e O seguiram (Mt.4:20). Pouco depois, Tiago e João também deixaram o barco, o pai e os empregados, e "seguiram após Jesus". Houve boa vontade e decisão. Nem todos os discípulos de hoje são chamados a deixar os seus afazeres materiais para servirem o Senhor, mas todos devem servi-lo com a mesma disposição e desembaraço como o fizeram os primeiros discípulos. Infelizmente, muitos dos discípulos de hoje estão completamente presos aos seus interesses materiais, mas nem estes, nem laços de família deveriam ser obstáculos ao obreiro cristão – “Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”(2Tm.2:4).
Ø  Diligência no trabalho. O Senhor chamou homens laboriosos, que estavam em plena atividade. Nenhum preguiçoso pode ser um obreiro cristão. Homens como Moisés, Bezalel, Aoliabe, Gideão, Davi, os apóstolos, e muitos outros, foram tirados do seu trabalho secular para desempenhar a grande função espiritual que Deus lhes deu. Assim, o obreiro que queira trabalhar exclusivamente no Evangelho, deve antes provar que é capaz de ganhar o seu próprio sustento mediante trabalho honesto e laborioso; só então poderá ser sustentado pelo povo de Deus.
Ø  Comunhão com o Senhor. Disse o Senhor: "Vinde após Mim"; e em Marcos 3:14, lemos que o Senhor os chamou "para que estivessem com Ele e para que os enviasse a pregar". Era preciso conhecê-lo, aprender dEle, do seu amor e compaixão, de sua espiritualidade e submissão ao Pai, de sua santidade e pureza, e de sua paixão pelas almas. Mais tarde, quando aqueles homens humildes compareceram perante o Sinédrio e testificaram com tanta ousadia, os magistrados reconheceram cheios de admiração que eles haviam estado com Jesus (At.4:13).
Ø  Habilidades para o Serviço (Ef.4:11-16). O Senhor disse: "Eu vos farei pescadores de homens"(Mt.4:19). De fato, é o Senhor quem nos prepara e nos habilita para o seu serviço. A Bíblia diz que Ele nos concede dons "com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do serviço, para edificação do corpo de Cristo". Os discípulos foram preparados aos pés dEle, o mais paciente e amoroso dos mestres. É aos pés dEle, também, que nós devemos nos preparar em oração e estudo das Escrituras Sagradas, particularmente, nas reuniões de estudo, com auxílio de literatura e todos os recursos ao nosso alcance.
Não rejeitemos a oportunidade de nos preparar intelectualmente quando for possível. Moisés foi instruído "em toda a ciência dos egípcios"(At.7:22), e isto, embora não fosse o único elemento de sua preparação, pelo menos foi um dos elementos. Daniel era "instruído em toda sabedoria, douto em ciência e versado no conhecimento" (Dn.1:4), e foi assim que pôde testificar do grande Deus ao rei e aos grandes da Babilônia. Paulo era versado tanto na Palavra quanto em letras humanas, tanto que foi considerado "homem de muitas letras" pelo governador Festo (At.26:24).
 II. CHEIOS DO ESPÍRITO, SABEDORIA, ENTENDIMENTO E CIÊNCIA (Êx.31:3-5)
“e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor”.
1. Cheios do Espírito para realizar a obra de Deus (Êx.31:3) - “e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício”.
Bezalel e Aoliabe foram escolhidos e cheios do Espírito Santo, e especialmente dotados por Deus de habilidade e sabedoria para a construção do Tabernáculo e seus móveis, conforme Deus tinha projetado.
O significado do nome Bezalel é: “debaixo da sobra de Deus”. O significado de Aoliabe é: “o Pai é a minha tenda”. Pelos significados dos nomes, podemos deduzir que Deus desejava que estes homens vivessem em estreita comunhão com Ele, e que estivessem plenamente sob Seu controle. Isto nos ensina que para realizarmos a Obra de Deus, precisamos estar capacitados pelo Espírito Santo e submetidos ao seu domínio. Nessa perspectiva colocamos todas as nossas habilidades aprendidas nas escolas, nas faculdades e na jornada da vida a serviço do Rei Jesus.
-“O enchi do Espírito de Deus”. O que é ser cheio do Espírito de Deus?
Em primeiro lugar, lembremos de que o Espírito Santo é uma Pessoa, a terceira Pessoa da Trindade (2Co.13:13), entretanto, a julgar pelo que alguns evangelistas, pastores e obreiros têm praticado em seu ministério, temos a impressão de que, para eles, o Espirito Santo é qualquer coisa, menos uma Pessoa.
Ø  Muitos agem como se o Espírito Santo fosse uma espécie de gás celestial, que desce do céu e enche as pessoas ou um determinado ambiente; ou ainda um líquido divino, que é derramado sobre as almas, como se elas fossem uma espécie de recipiente vazio.
Ø  Outros têm tratado o Espírito Santo como se fosse um vento e chegam ao ponto de se apresentarem como sendo capazes de “soprar” o Espírito Santo, ou de lançá-lo sobre os outros. Essas pessoas que fazem isso apelam para a ocasião quando Jesus soprou sobre os discípulos, após a sua ressurreição e disse: “recebam o Espírito Santo” (João 20:22). Mas somente Jesus pode conceder o Espírito pelo seu próprio sopro, assim como Deus concedeu vida ao homem, soprando-lhe nas narinas (Gn.2:7). Nenhum apóstolo de Cristo soprou sobre os discípulos para lhes conceder o Espirito, nem ensinaram às igrejas esse tipo de procedimento.
Ø  Outros têm tratado o Espirito Santo como se fosse uma espécie de energia celestial, como uma corrente elétrica. Um determinado pregador no Brasil se referiu à reação à obra do Espirito Santo como sendo uma “eletrificação”. Dizia ele que o resultado da plenitude do Espirito faz com que você sinta choques elétricos e seja capaz de causar choques elétricos nos outros.
O que essas coisas têm em comum é que em todas elas a “personalidade” do Espírito Santo é perdida de vista. Inconscientemente (pois creio que essas pessoas, em sua teoria, creem que o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade) tratam o Espirito Santo como algo impessoal, uma espécie de força ou uma coisa sobre a qual nós temos algum controle.
Considerando que o Espirito Santo é a terceira Pessoa da Trindade, entende-se que ser cheio do Espirito santo é ser plenamente controlado por Ele, de forma tão completa que todas as áreas da nossa existência fiquem sob seu domínio, e que o fruto do Espirito – amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio, enfim, santidade – encha nossa existência, como um vazo é enchido até em cima. Esse conceito de que ser “cheio do Espírito Santo” significa ser controlado pelo Espirito Santo está bastante claro na passagem bíblica de Efésios 5:18, quando Paulo assim exorta:
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”.
Aqui, Paulo faz uma comparação contrastando alguém que está embriagado com alguém que está cheio do Espírito Santo.
A embriaguez consiste no domínio ou controle de alguém pelos efeitos do álcool. Quando alguém está embriagado, o álcool já subiu à sua mente através da corrente sanguina e já dominou de tal maneira o seu cérebro que tudo que a pessoa fizer – as suas palavras, as suas reações, as suas emoções, os seus sentimentos, as suas decisões – será realizado sob o efeito do álcool. A pessoa embriagada já não percebe mais o que fazer; ela perdeu todo o controle de sua vida, pois está dominada por esse agente externo, que é o álcool. Eu creio que esse paralelo entre essa situação e o ser cheio do Espírito Santo está evidente em Efésios 5:18. Uma pessoa que é controlada pelo Espírito Santo terá suas palavras, suas ações, suas reações, e seus sentimentos de tal maneira influenciados pelo Espirito Santo, que eles refletirão o caráter santo do Espirito.
Obviamente, existe uma profunda diferença entre estar embriagado e estar controlado pelo Espirito Santo. No estado de embriaguez, a pessoa perdeu todo o domínio próprio, ao passo que, quanto mais estivermos submetidos ao controle do Espírito Santo, mais teremos domínio próprio.
Diante do que foi explanado, podemos chegar à seguinte conclusão: Se ser cheio do Espirito Santo é submeter-se ao seu controle de tal maneira que todo o viver seja influenciado por Ele, evidentemente, o resultado imediato de uma vida controlada pelo Espírito Santo será a santidade. Já que o Espírito é santo, o efeito mais visível do seu controle na vida de alguém será o de santidade.
2. Habilidades especiais para obras especiais (Êx.31:4,5) – “para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor”.
Para realizar trabalhos especiais na Obra de Deus é preciso ter habilidades especiais por intermédio do Espírito Santo. Bezalel e Aoliabe foram escolhidos e cheios do Espírito Santo, e dotados por Deus de habilidades especiais e sabedoria para obras especiais no Tabernáculo. Não podemos esquecer que a grande maioria dos israelitas tinha experiência laboral apenas nas olarias do Egito; a sua principal tarefa era fazer tijolos, durante seu cativeiro no Egito (Ex.1:11.14; 5:7,8). Portanto, não estavam qualificados para trabalhos artesanais como os requeridos para a construção do Tabernáculo. Portanto, Bezalel e Aoliabe não foram escolhidos por suas habilidades, mas foram escolhidos e então as habilidades foram dadas a eles. Primeiramente Deus os chamou e, então, os capacitou. Muito embora o texto não especifique quando esta vocação foi feita (Êx.31:2 – “chamei pelo nome”) é possível que tenha ocorrido ainda no Egito, onde, nem sequer imaginavam como seriam úteis um dia.
Aprendemos, aqui, o seguinte: aqueles a quem Deus chama para um determinado trabalho, Ele mesmo capacita. À medida que os cristãos vivem de acordo com seus dons espirituais e suas habilidades, eles não mais trabalham pelas próprias forças, mas o Espírito Santo de Deus trabalha neles e através deles. É verdade que os dons de Deus não dependem de habilidades naturais, no entanto, o Senhor chama pessoas que tenham habilidades especiais para potencializá-las e, assim, executarem serviços complexos na igreja local.
III. USANDO OS TALENTOS PARA A GLÓRIA DE DEUS
1. Os talentos (habilidades) de Bezalel e Aoliabe. O Senhor Deus escolheu estes dois homens e os encheu do seu Espírito (Êx.31:3). Foi pela unção do Espírito Santo que eles receberam habilidade para desempenhar todo o serviço especializado a ser executado no Tabernáculo. Enquanto estes homens trabalhavam, com uma habilidade dada por Deus, o projeto e o esboço tomavam forma. Eles teriam de fazer o Tabernáculo da maneira como fora mostrado a Moisés no Monte Sinai. Como escultores, artesãos, carpinteiros e marceneiros, estes dois homens eram especialistas, e tudo quanto fizeram no Tabernáculo, independentemente da estrutura, da estética e da beleza de seus trabalhos, eram feitos para a glória de Deus. Os dons que receberam não foi para beneficio próprio, mas para glória de Deus. Os dons que eles receberam não foram presentes, mas instrumentos de trabalho para glória de Deus, para fazer aquilo que Ele determinou. Está escrito: "A manifestação do Espírito Santo é concedida a cada um visando um fim específico"(1Co.12:7).
Assim como estes dois homens, submetidos ao controle do Espirito Santo, teriam de fazer as obras do Tabernáculo da maneira como fora determinado por Deus, de igual modo, o Senhor está fazendo um trabalho na Igreja nos dias de hoje “no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef.2:21,22).
2. Os talentos revelados na Igreja (Mt.25:14,15). O pastor Elienai Cabral coloca como ilustração a parábola dos talentos, exarada em Mateus 25:14-30. Conquanto esta passagem trate acerca da volta de Jesus, ela é uma bela ilustração para mostrar o que Deus espera que nós façamos com a nossa vocação. Na parábola, Jesus conta a história de um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. Para um servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um.
O que Deus exigiu de Bezalel e Aoliabe também está contemplado na Parábola dos Talentos. Certamente, estes dois homens tinham a consciência que as suas habilidades foram dadas pelo Senhor como instrumento de trabalho na obra do Senhor. Essas habilidades não foram dadas como presentes, mas como dons de Deus para ser usados na Sua Obra e para Sua glória. Os Dons não são dados como se dá uma joia para ser usada como adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa. Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de querer; Deus dá para ser usado como instrumento de trabalho.
Na Parábola está bem claro que não houve doação, não foi um presente. Os bens continuaram sendo do dono da casa, ou seja, do homem que partiu “para fora da terra”, o qual “muito tempo depois, veio o Senhor daqueles servos, e ajustou contas com eles”. Perceba que “muito tempo depois”, quando ele retornou, ele continuava sendo o Senhor e continuava sendo o dono dos bens “entregues” aos seus servos. Também os servos tinham consciência de que não eram donos daqueles bens. Servo não pode considerar nada como sendo seu. Tudo que estiver em seu poder é propriedade de seu senhor.
Pelo exposto na Parábola, os servos entenderam que os talentos recebidos eram bens do seu senhor. Os fieis servos procuraram trabalhar da melhor maneira possível; é assim que fazem os servos fiéis ainda hoje. Quanto ao servo negligente, ou o “mau servo”, também tinha consciência de que aquele talento não era seu, e que, no futuro, teria que prestar contas ao seu senhor; por isto, “cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”. Portanto, nenhum deles entendeu que tinha recebido um prêmio pelos serviços prestados, ou um presente pessoal. Sabiam ter recebido os talentos para trabalharem com eles; sabiam ter em mãos um instrumento de trabalho que lhes fora entregue por seu senhor.
O senhor da Parábola distribui os talentos de acordo com a capacidade de cada servo:
Ø  O que recebeu cinco talentos (Mt.25:16,19-21). Este foi o que recebeu mais talentos, dentre os três. Nota-se que era o mais capacitado, tanto que logo após a saída do seu senhor, foi imediatamente aplicar o talento que recebera, sabendo que o tempo é curto e não sabia quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi 100% recompensador, pois produziu mais 05(cinco) talentos (Mt.25:16,20). Isto significa que o verdadeiro cristão esmera-se em aplicar os seus talentos, procurando produzir o máximo que puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu galardão é certo(1Co.15:10).
Ø  O que recebeu dois talentos (Mt.25:17,22,23). Este servo recebeu com bom grado os dois talentos, e não demonstrou nenhuma inveja ou ciúmes do que recebera cinco, pois sabia de sua capacidade de produção. O Senhor sabe perfeitamente quantos talentos ou dons podemos administrar. Ele conhece a estrutura de cada indivíduo (Sl.103:14), pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa geração(Sl.139:13-16). Sendo assim, tem condição plena para dar os talentos segundo a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único que nos conhece perfeitamente (Sl.103:14). Este servo não quis saber porque recebeu apenas dois talentos, pelo contrário, trabalhou com máxima dedicação e o incremento foi igual ao do primeiro servo, ou seja, 100%.
Ø  O que recebeu apenas um talento (Mt.25:18,24,25). O servo negligente recebeu um talento apenas, mas não é por isso que foi considerado mau; ele gozava da plena confiança do seu senhor, tanto quanto os outros dois, a ponto de também lhe ser confiado um talento. A confiança do senhor era igual para todos os servos. O servo que recebeu um talento só tinha recebido um talento em virtude de sua capacidade, de sua aptidão. Portanto, em nada era diferente dos demais. Isto é importante deixar bem claro: o senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo na distribuição. Entretanto, ao contrário dos outros dois servos, este, ao receber o talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando, o que, em primeiro lugar, representa desobediência ao mandado do senhor, pois, a ordem de negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na parábola dos talentos, deve ser inferida, na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o servo de infiel. A infidelidade é consequência da desobediência. O senhor havia se ausentado, mas continuava sendo o senhor, e o servo, mesmo tendo recebido o talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência. A manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente, depende da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se credenciar para o reino dos céus.
Portanto, os Dons de Deus não se tornam propriedade daquele que os recebe; são dados para serem usados na Obra de Deus. A negligência, ou dolo pela não utilização, ou pelo uso indevido por parte de quem os recebe resultará em consequências negativas quando o Dono exigir a prestação de contas, tal como aconteceu na referida Parábola, a saber: “Lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá planto e ranger de dentes”(Mt.25:30).
Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais Dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco, você não pode enterrá-los.
Paulo falando a respeito dos Dons Espirituais, conhecendo a importância deles e a responsabilidade de quem os recebe, disse: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”(1Co.12:1). Ser ignorante é não ter conhecimento a respeito de algum assunto (ex.: agricultura, medicina, construção, computadores). O apóstolo Paulo diz que não quer que sejamos ignorantes a respeito dos dons espirituais; é algo que precisamos conhecer. Portanto, se você receber um Dom e não usá-lo, ou se usá-lo diferente do que é exigido pela Bíblia, você não será considerado inocente. Pense nisto!
CONCLUSÃO
Que possamos, no momento da prestação de contas, sermos achados fiéis e diligentes, e não servos negligentes. Diz o Senhor: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt.24:46). Que naquele Dia, no Tribunal de julgamento de nossas obras, possamos ouvir a seguinte mensagem do nosso Senhor: “Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar. Entra e participa da alegria do teu senhor!” (Mt.25:21).
----------
Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai Cabral. O Tabernáculo –Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.

Nenhum comentário:

Postar um comentário