2º Trimestre/2019
Texto Base: Êxodo 31:1-11
“Mas um só e
o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um
como quer" (1Co.12:11).
Êxodo 31:1-11
2-Eis que eu tenho
chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá,
3-e o enchi do Espírito
de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício,
4-para inventar
invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre,
5-e em lavramento de
pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor.
6-E eis que eu tenho
posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado
sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo
o que te tenho ordenado,
7-a saber, a tenda da
congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que estará sobre ela, e
todos os móveis da tenda;
8-e a mesa com os seus
utensílios, e o castiçal puro com todos os seus utensílios, e o altar do
incenso;
9-e o altar do holocausto
com todos os seus utensílios e a pia com a sua base;
10 - e as vestes do
ministério, e as vestes santas de Arão, o sacerdote, e as vestes de seus
filhos, para administrarem o sacerdócio;
11-e o azeite da unção e
o incenso aromático para o santuário; farão conforme tudo que te tenho mandado.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo sobre o Tabernáculo trataremos nesta Aula a
respeito da vocação para trabalhos especiais na obra de Deus. Deus chama
pessoas específicas para realizar obras especiais, foi assim em toda história
da humanidade. Na construção do Tabernáculo Deus precisava de pessoas para
tratar de assuntos complexos, e para isso o Espírito de Deus precisa entrar em
ação enchendo essas pessoas de sabedoria e habilidade. Deus precisava de
artesãos habilidosos para construir o Tabernáculo; então, os escolheu e os
encheu de sabedoria. O Tabernáculo era um projeto divino e Deus precisava de
pessoas habilidosas para construí-lo; por isso, Ele separou essas pessoas e as
usou de maneira graciosa. Não é diferente hoje, pois Ele continua a capacitar
os escolhidos para a sua obra e espera que a façamos. Peçamos a Ele sabedoria e
inteligência espiritual para realizar com perfeição a Sua obra neste mundo.
I. HOMENS ESPECIAIS PARA SERVIÇOS ESPECIAIS (Êx.31:1,2,6)
1. Bezalel e
Aoliabe, chamados por Deus (Êx.31:2,6). Para construir o Tabernáculo conforme Deus tinha projetado era
necessária bastante habilidade e sabedoria dos encarregados da obra. Deus
escolheu e capacitou Bezalel e Aoliabe como artífices para construírem o
Tabernáculo e todos os pertences deste. O primeiro era da Tribo de Judá; o
segundo, da Tribo de Dã (Êx.31:2,6). Ambos foram capacitados pelo Espírito de
Deus a fim de trabalharem em toda sorte de obra em ouro, prata, bronze e
madeira.
“Eis
que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo
de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de
ciência em todo artifício, para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em
prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de
madeira, para trabalhar em todo lavor. E eis que eu tenho posto com ele a
Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração
de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho
ordenado” (Êx.31:2-6).
Além disso, esses dois homens também supervisionaram os outros
trabalhadores envolvidos na construção (Êx.31:6b). Deus capacita as pessoas para
cumprirem suas ordens. O próprio Senhor escolheu os trabalhadores, capacitou-os
com habilidades e inteligência e os encarregou de executar uma obra para sua glória
(Ex.31:6). A obra é de Deus, e o Senhor a realiza por meio de homens seletos e
depois os recompensa por sua participação.
2. A prerrogativa de Deus (Êx.31:1-3) - “Depois,
falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a
Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do
Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo
artifício”.
O texto é bem
claro: “tenho chamado por nome a Bezalel”. Por que Deus chamou Bezalel? Talvez pelas
suas habilidades nas artes. Deus conhece a natureza de cada pessoa e distribui
talentos conforme a capacidade de cada um. Na Parábola dos talentos, estes
foram distribuídos conforme a capacidade da década um: para um servo deu cinco
talentos; a outro, dois e; ao terceiro, um (cf.Mt.25:14-30).
Para construir o Tabernáculo, Deus chamou pessoas inclinadas às artes e
às ciências, capacitando-as para potencializar essas habilidades. Deus chamou
Bezalel e o encheu do Seu Espírito, de sabedoria, e de entendimento, e de
ciência em todo artifício. Tratava-se de pessoa estratégica para fazer obras
estratégicas na Tenda do Testemunho e em todos os seus móveis.
Deus chama a quem Ele quer para executar sua obra.
- Ele preparou Moisés em seus primeiros 40 anos
de vida no Egito a fim de ser um poderoso líder no deserto.
- Preparou Elias em Querite(1Rs.17:3,5) e em
Sarepta(1Rs.17:9,10), para depois fazer chover em uma terra assolada pela
seca e fazer descer fogo do céu diante dos profetas de Baal.
- Preparou Davi, junto das ovelhas, para ser rei
de Israel.
Da mesma forma, na Nova Aliança, para cada crente salvo Deus tem uma
chamada, e para cada chamada, uma forma de preparação, de capacitação.
- Pedro foi convocado para exercer seu ministério
entre os judeus (Gl.2:8).
- Paulo foi convocado para exercer seu ministério
entre os gentios (Rm.11:13).
Tratava-se de homens
especiais para fazer obras estratégicas.
Cremos que Deus age em nossas vidas de acordo com seus propósitos. O
Espírito Santo nos prepara para a chamada de Deus, de forma que estejamos
sempre dependendo dEle ao longo do cumprimento de nossa vocação.
Cada um tem um trabalho na Seara do Mestre, e o Espírito Santo habitando
em nós fará com que executemos este trabalho na forma por Ele pretendida, a fim
de que almas sejam salvas e os crentes aperfeiçoados.
Se você tem um chamado de Deus em sua vida, prepare-se; faça a sua parte
e deixe que o Senhor faça a dEle.
3. A pluralidade do Serviço cristão (Rm.12:4-11;
1Co.12:8-10,28). O Serviço é uma parte
indissociável da vida do cristão salvo. Cada um na função que foi estabelecida
pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na
igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o ensino da Palavra de Deus;
adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a
vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao
Senhor; ajudando o próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela
preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja
local a que pertencemos. Há, portanto, uma pluralidade do serviço cristão. Deus
tem dado a cada servo, conforme a sua capacidade, talentos para serem usados no
Reino de Deus. Diz o apóstolo Paulo em Rm.12:4-11:
4. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito
é o mesmo.
5. E há diversidade de ministérios, mas o
Senhor é o mesmo.
6. E há diversidade de operações, mas é o
mesmo Deus que opera tudo em todos.
7. Mas a manifestação do Espírito é dada a
cada um para o que for útil.
8. Porque a um, pelo Espírito, é dada a
palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9. e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a
outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10. e a outro, a operação de maravilhas; e a
outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a
variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas
essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
Portanto, todo povo chamado e constituído por Deus é um povo que tem no
trabalho, no serviço, um ponto característico. A Igreja, o povo de Deus da Nova
Aliança, não é exceção; muito pelo contrário, Jesus sempre deixou bem claro que
os seus discípulos deveriam ser pessoas que estivessem prontas e dispostas a
servir, a executar tarefas para a glória do nome do Senhor. Ao sintetizar o que
significa ser seu discípulo, Jesus foi bem claro ao mostrar que ser discípulo
de Jesus é ser servo, é ter de executar um serviço, uma tarefa determinada pelo
Senhor.
O Senhor, depois de haver libertado um homem possesso de espíritos
malignos disse-lhe: “Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes quão grandes
coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti” (Mc.5:19). Esse homem obedeceu
ao chamado de Jesus e divulgou a boa-nova de salvação em sua terra e em sua
parentela - “E ele foi e começou a
anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se
Maravilhavam” (Mc.5:20).
Na parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo
é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, que tem de prestar um
serviço, serviço que deve ser segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo
Senhor. Disse Jesus: “Bem-aventurado
aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim”(Mt.24:46).
Disse Moisés ao povo de Israel: “Agora, pois, que é que o
Senhor, teu Deus requer de ti, senão que temas ao Senhor teu Deus, que andes em
todos os seus caminhos, e o ames e sirvas ao Senhor, teu Deus de todo o teu
coração e de toda a tua alma”(Dt.10:12). Estas palavras foram ditas ao povo de Israel, mas se aplicam,
literalmente, a todos nós que pertencemos à Igreja do Senhor.
Requisitos para o Serviço cristão. Consideremos alguns requisitos para servirmos ao Senhor Jesus
Cristo.
Ø Disposição e desprendimento. Simão e André, logo quando o Senhor os chamou deixaram imediatamente as
redes e O seguiram (Mt.4:20). Pouco depois, Tiago e João também deixaram o
barco, o pai e os empregados, e "seguiram após Jesus". Houve boa
vontade e decisão. Nem todos os discípulos de hoje são chamados a deixar os
seus afazeres materiais para servirem o Senhor, mas todos devem servi-lo com a
mesma disposição e desembaraço como o fizeram os primeiros discípulos.
Infelizmente, muitos dos discípulos de hoje estão completamente presos aos seus
interesses materiais, mas nem estes, nem laços de família deveriam ser
obstáculos ao obreiro cristão – “Nenhum soldado em serviço se embaraça com
negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”(2Tm.2:4).
Ø Diligência no trabalho. O Senhor chamou homens laboriosos, que estavam em plena atividade.
Nenhum preguiçoso pode ser um obreiro cristão. Homens como Moisés, Bezalel,
Aoliabe, Gideão, Davi, os apóstolos, e muitos outros, foram tirados do seu
trabalho secular para desempenhar a grande função espiritual que Deus lhes deu.
Assim, o obreiro que queira trabalhar exclusivamente no Evangelho, deve antes
provar que é capaz de ganhar o seu próprio sustento mediante trabalho honesto e
laborioso; só então poderá ser sustentado pelo povo de Deus.
Ø Comunhão com o Senhor. Disse o Senhor: "Vinde após Mim"; e em Marcos 3:14, lemos que
o Senhor os chamou "para que estivessem com Ele e para que os enviasse a
pregar". Era preciso conhecê-lo, aprender dEle, do seu amor e compaixão,
de sua espiritualidade e submissão ao Pai, de sua santidade e pureza, e de sua
paixão pelas almas. Mais tarde, quando aqueles homens humildes compareceram
perante o Sinédrio e testificaram com tanta ousadia, os magistrados
reconheceram cheios de admiração que eles haviam estado com Jesus (At.4:13).
Ø Habilidades para o Serviço (Ef.4:11-16). O Senhor disse: "Eu vos farei pescadores de homens"(Mt.4:19).
De fato, é o Senhor quem nos prepara e nos habilita para o seu serviço. A
Bíblia diz que Ele nos concede dons "com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do serviço, para edificação do corpo de Cristo".
Os discípulos foram preparados aos pés dEle, o mais paciente e amoroso dos
mestres. É aos pés dEle, também, que nós devemos nos preparar em oração e
estudo das Escrituras Sagradas, particularmente, nas reuniões de estudo, com
auxílio de literatura e todos os recursos ao nosso alcance.
Não rejeitemos a
oportunidade de nos preparar intelectualmente quando for possível. Moisés foi
instruído "em toda a ciência dos egípcios"(At.7:22), e isto, embora
não fosse o único elemento de sua preparação, pelo menos foi um dos elementos. Daniel
era "instruído em toda sabedoria, douto em ciência e versado no
conhecimento" (Dn.1:4), e foi assim que pôde testificar do grande Deus ao
rei e aos grandes da Babilônia. Paulo era versado tanto na Palavra
quanto em letras humanas, tanto que foi considerado "homem de muitas
letras" pelo governador Festo (At.26:24).
II. CHEIOS DO ESPÍRITO, SABEDORIA,
ENTENDIMENTO E CIÊNCIA (Êx.31:3-5)
“e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria,
e de entendimento, e de ciência em todo artifício, para inventar invenções, e
trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para
engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor”.
1. Cheios do Espírito para realizar a obra de Deus (Êx.31:3) - “e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de
ciência em todo artifício”.
Bezalel e Aoliabe foram escolhidos e cheios do Espírito Santo, e
especialmente dotados por Deus de habilidade e sabedoria para a construção do
Tabernáculo e seus móveis, conforme Deus tinha projetado.
O significado do nome Bezalel é: “debaixo
da sobra de Deus”. O significado de Aoliabe é: “o Pai é a minha tenda”. Pelos significados dos nomes, podemos
deduzir que Deus desejava que estes homens vivessem em estreita comunhão com
Ele, e que estivessem plenamente sob Seu controle. Isto nos ensina que para
realizarmos a Obra de Deus, precisamos estar capacitados pelo Espírito Santo e
submetidos ao seu domínio. Nessa perspectiva colocamos todas as nossas
habilidades aprendidas nas escolas, nas faculdades e na jornada da vida a
serviço do Rei Jesus.
-“O enchi do Espírito de Deus”.
O que é ser cheio do
Espírito de Deus?
Em primeiro lugar, lembremos de que o Espírito
Santo é uma Pessoa, a terceira Pessoa da Trindade (2Co.13:13), entretanto, a
julgar pelo que alguns evangelistas, pastores e obreiros têm praticado em seu
ministério, temos a impressão de que, para eles, o Espirito Santo é qualquer
coisa, menos uma Pessoa.
Ø Muitos agem como se o Espírito
Santo fosse uma espécie de gás celestial, que desce do céu e enche as
pessoas ou um determinado ambiente; ou ainda um líquido divino, que é derramado
sobre as almas, como se elas fossem uma espécie de recipiente vazio.
Ø Outros têm tratado o
Espírito Santo como se fosse um vento e chegam ao ponto de se apresentarem
como sendo capazes de “soprar” o Espírito Santo, ou de lançá-lo sobre os
outros. Essas pessoas que fazem isso apelam para a ocasião quando Jesus soprou
sobre os discípulos, após a sua ressurreição e disse: “recebam o Espírito
Santo” (João 20:22). Mas somente Jesus pode conceder o Espírito pelo seu
próprio sopro, assim como Deus concedeu vida ao homem, soprando-lhe nas narinas
(Gn.2:7). Nenhum apóstolo de Cristo soprou sobre os discípulos para lhes
conceder o Espirito, nem ensinaram às igrejas esse tipo de procedimento.
Ø Outros têm tratado o Espirito Santo como se fosse uma espécie de energia
celestial, como uma corrente
elétrica. Um determinado pregador no Brasil se referiu à reação à obra do
Espirito Santo como sendo uma “eletrificação”. Dizia ele que o resultado da plenitude
do Espirito faz com que você sinta choques elétricos e seja capaz de causar
choques elétricos nos outros.
O que essas coisas têm em comum é que em todas elas a “personalidade” do
Espírito Santo é perdida de vista. Inconscientemente (pois creio que essas
pessoas, em sua teoria, creem que o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade)
tratam o Espirito Santo como algo impessoal, uma espécie de força ou uma coisa
sobre a qual nós temos algum controle.
Considerando que o Espirito Santo é a terceira Pessoa da Trindade,
entende-se que ser cheio do Espirito santo é ser plenamente controlado por
Ele, de forma tão completa que todas as áreas da nossa existência fiquem
sob seu domínio, e que o fruto do Espirito – amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio, enfim, santidade – encha nossa
existência, como um vazo é enchido até em cima. Esse conceito de que ser “cheio
do Espírito Santo” significa ser controlado pelo Espirito Santo está bastante
claro na passagem bíblica de Efésios 5:18, quando Paulo assim exorta:
“E não vos embriagueis com vinho, em que há
contenda, mas enchei-vos do Espírito”.
Aqui, Paulo faz uma comparação contrastando alguém que está embriagado
com alguém que está cheio do Espírito Santo.
A embriaguez consiste no domínio ou controle de alguém pelos efeitos do
álcool. Quando alguém está embriagado, o álcool já subiu à sua mente através da
corrente sanguina e já dominou de tal maneira o seu cérebro que tudo que a pessoa
fizer – as suas palavras, as suas reações, as suas emoções, os seus
sentimentos, as suas decisões – será realizado sob o efeito do álcool. A pessoa
embriagada já não percebe mais o que fazer; ela perdeu todo o controle de sua
vida, pois está dominada por esse agente externo, que é o álcool. Eu creio que
esse paralelo entre essa situação e o ser cheio do Espírito Santo está evidente
em Efésios 5:18. Uma pessoa que é controlada pelo Espírito Santo terá suas
palavras, suas ações, suas reações, e seus sentimentos de tal maneira influenciados
pelo Espirito Santo, que eles refletirão o caráter santo do Espirito.
Obviamente, existe uma profunda diferença entre estar embriagado e estar
controlado pelo Espirito Santo. No estado de embriaguez, a pessoa perdeu todo o
domínio próprio, ao passo que, quanto mais estivermos submetidos ao controle do
Espírito Santo, mais teremos domínio próprio.
Diante do que foi explanado, podemos chegar à seguinte conclusão: Se ser
cheio do Espirito Santo é submeter-se ao seu controle de tal maneira que todo o
viver seja influenciado por Ele, evidentemente, o resultado imediato de uma
vida controlada pelo Espírito Santo será a santidade. Já que o Espírito é
santo, o efeito mais visível do seu controle na vida de alguém será o de
santidade.
2. Habilidades especiais para obras especiais (Êx.31:4,5) – “para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre,
e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para
trabalhar em todo lavor”.
Para realizar trabalhos especiais na Obra de Deus é preciso ter
habilidades especiais por intermédio do Espírito Santo. Bezalel e Aoliabe foram
escolhidos e cheios do Espírito Santo, e dotados por Deus de habilidades
especiais e sabedoria para obras especiais no Tabernáculo. Não podemos esquecer
que a grande maioria dos israelitas tinha experiência laboral apenas nas
olarias do Egito; a sua principal tarefa era fazer tijolos, durante seu
cativeiro no Egito (Ex.1:11.14; 5:7,8). Portanto, não estavam qualificados para
trabalhos artesanais como os requeridos para a construção do Tabernáculo.
Portanto, Bezalel e Aoliabe não foram escolhidos por suas habilidades, mas
foram escolhidos e então as habilidades foram dadas a eles. Primeiramente Deus
os chamou e, então, os capacitou. Muito embora o texto não especifique quando
esta vocação foi feita (Êx.31:2 – “chamei
pelo nome”) é possível que tenha ocorrido ainda no Egito, onde, nem sequer
imaginavam como seriam úteis um dia.
Aprendemos, aqui, o seguinte: aqueles a quem Deus chama para um determinado
trabalho, Ele mesmo capacita. À medida que os cristãos vivem de acordo com seus
dons espirituais e suas habilidades, eles não mais trabalham pelas próprias forças,
mas o Espírito Santo de Deus trabalha neles e através deles. É verdade que os
dons de Deus não dependem de habilidades naturais, no entanto, o Senhor chama
pessoas que tenham habilidades especiais para potencializá-las e, assim,
executarem serviços complexos na igreja local.
III. USANDO OS TALENTOS PARA A GLÓRIA DE DEUS
1. Os talentos (habilidades) de Bezalel e Aoliabe. O Senhor Deus escolheu estes dois homens e os
encheu do seu Espírito (Êx.31:3). Foi pela unção do Espírito Santo que eles
receberam habilidade para desempenhar todo o serviço especializado a ser
executado no Tabernáculo. Enquanto estes homens trabalhavam, com uma habilidade
dada por Deus, o projeto e o esboço tomavam forma. Eles teriam de fazer o
Tabernáculo da maneira como fora mostrado a Moisés no Monte Sinai. Como
escultores, artesãos, carpinteiros e marceneiros, estes dois homens eram
especialistas, e tudo quanto fizeram no Tabernáculo, independentemente da
estrutura, da estética e da beleza de seus trabalhos, eram feitos para a glória
de Deus. Os dons que receberam não foi para beneficio próprio, mas para glória
de Deus. Os dons que eles receberam não foram presentes, mas instrumentos de
trabalho para glória de Deus, para fazer aquilo que Ele determinou. Está
escrito: "A manifestação do
Espírito Santo é concedida a cada um visando um fim específico"(1Co.12:7).
Assim como estes dois
homens, submetidos ao controle do Espirito Santo, teriam de fazer as obras do
Tabernáculo da maneira como fora determinado por Deus, de igual modo, o Senhor
está fazendo um trabalho na Igreja nos dias de hoje “no qual todo o edifício,
bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente
sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef.2:21,22).
2. Os talentos revelados na Igreja (Mt.25:14,15). O pastor Elienai Cabral coloca como ilustração a parábola
dos talentos, exarada em Mateus 25:14-30. Conquanto esta passagem trate acerca
da volta de Jesus, ela é uma bela ilustração para mostrar o que Deus espera que
nós façamos com a nossa vocação. Na parábola, Jesus conta a história de um
homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes
os seus bens. Para um servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro,
um.
O que Deus exigiu de
Bezalel e Aoliabe também está contemplado na Parábola dos Talentos. Certamente,
estes dois homens tinham a consciência que as suas habilidades foram dadas pelo
Senhor como instrumento de trabalho na obra do Senhor. Essas habilidades não foram
dadas como presentes, mas como dons de Deus para ser usados na Sua Obra e para
Sua glória. Os Dons não são dados como se dá uma joia para ser usada como
adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser
exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa.
Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de
querer; Deus dá para ser usado como instrumento de trabalho.
Na Parábola está bem claro que não houve doação,
não foi um presente. Os bens continuaram
sendo do dono da casa, ou seja, do homem que partiu “para fora da terra”, o
qual “muito tempo depois, veio o Senhor daqueles servos, e ajustou contas com
eles”. Perceba que “muito tempo depois”, quando ele retornou, ele continuava
sendo o Senhor e continuava sendo o dono dos bens “entregues” aos seus servos.
Também os servos tinham consciência de que não eram donos daqueles bens. Servo
não pode considerar nada como sendo seu. Tudo que estiver em seu poder é
propriedade de seu senhor.
Pelo exposto na Parábola,
os servos entenderam que os talentos recebidos eram bens do seu senhor. Os
fieis servos procuraram trabalhar da melhor maneira possível; é assim que fazem
os servos fiéis ainda hoje. Quanto ao servo negligente, ou o “mau servo”,
também tinha consciência de que aquele talento não era seu, e que, no futuro,
teria que prestar contas ao seu senhor; por isto, “cavou na terra e escondeu o
dinheiro do seu senhor”. Portanto, nenhum deles entendeu que tinha recebido um
prêmio pelos serviços prestados, ou um presente pessoal. Sabiam ter recebido os
talentos para trabalharem com eles; sabiam ter em mãos um instrumento de
trabalho que lhes fora entregue por seu senhor.
O senhor da Parábola distribui os talentos de acordo com a capacidade de
cada servo:
Ø O que recebeu cinco talentos (Mt.25:16,19-21). Este foi o que recebeu mais talentos, dentre os três. Nota-se
que era o mais capacitado, tanto que logo após a saída do seu senhor, foi
imediatamente aplicar o talento que recebera, sabendo que o tempo é curto e não
sabia quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi 100% recompensador, pois
produziu mais 05(cinco) talentos (Mt.25:16,20). Isto significa que o verdadeiro
cristão esmera-se em aplicar os seus talentos, procurando produzir o máximo que
puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu galardão é certo(1Co.15:10).
Ø O que recebeu dois talentos (Mt.25:17,22,23). Este servo recebeu com bom grado os dois talentos, e
não demonstrou nenhuma inveja ou ciúmes do que recebera cinco, pois sabia de
sua capacidade de produção. O Senhor sabe perfeitamente quantos talentos ou
dons podemos administrar. Ele conhece a estrutura de cada indivíduo (Sl.103:14),
pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa
geração(Sl.139:13-16). Sendo assim, tem condição plena para dar os talentos
segundo a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único
que nos conhece perfeitamente (Sl.103:14). Este servo não quis saber porque
recebeu apenas dois talentos, pelo contrário, trabalhou com máxima dedicação e
o incremento foi igual ao do primeiro servo, ou seja, 100%.
Ø O que recebeu apenas um talento (Mt.25:18,24,25). O servo negligente recebeu um talento
apenas, mas não é por isso que foi considerado mau; ele gozava da plena
confiança do seu senhor, tanto quanto os outros dois, a ponto de também lhe ser
confiado um talento. A confiança do senhor era igual para todos os servos. O
servo que recebeu um talento só tinha recebido um talento em virtude de sua
capacidade, de sua aptidão. Portanto, em nada era diferente dos demais. Isto é
importante deixar bem claro: o senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo
na distribuição. Entretanto, ao contrário dos outros dois servos, este, ao
receber o talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando, o que, em
primeiro lugar, representa desobediência ao mandado do senhor, pois, a ordem de
negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na parábola dos talentos,
deve ser inferida, na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o
servo de infiel. A infidelidade é consequência da desobediência. O senhor havia
se ausentado, mas continuava sendo o senhor, e o servo, mesmo tendo recebido o
talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência. A
manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente, depende
da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se credenciar
para o reino dos céus.
Portanto, os Dons de Deus
não se tornam propriedade daquele que os recebe; são dados para serem usados na
Obra de Deus. A negligência, ou dolo pela não utilização, ou pelo uso indevido
por parte de quem os recebe resultará em consequências negativas quando o Dono exigir
a prestação de contas, tal como aconteceu na referida Parábola, a saber: “Lançai o servo inútil nas trevas exteriores;
ali haverá planto e ranger de dentes”(Mt.25:30).
Assim, meu irmão, se você
recebeu um, ou mais Dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua
espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco,
você não pode enterrá-los.
Paulo falando a respeito
dos Dons Espirituais, conhecendo a importância deles e a responsabilidade de
quem os recebe, disse: “Acerca dos dons
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”(1Co.12:1). Ser
ignorante é não ter conhecimento a respeito de algum assunto (ex.: agricultura,
medicina, construção, computadores). O apóstolo Paulo diz que não quer que
sejamos ignorantes a respeito dos dons espirituais; é algo que precisamos
conhecer. Portanto, se você receber um Dom e não usá-lo, ou se usá-lo diferente
do que é exigido pela Bíblia, você não será considerado inocente. Pense nisto!
CONCLUSÃO
Que possamos, no momento
da prestação de contas, sermos achados fiéis e diligentes, e não servos
negligentes. Diz o Senhor: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando
vier, achar servindo assim” (Mt.24:46). Que naquele Dia, no Tribunal de julgamento
de nossas obras, possamos ouvir a seguinte mensagem do nosso Senhor: “Muito
bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para
administrar. Entra e participa da alegria do teu senhor!” (Mt.25:21).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 78. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
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Eugene
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Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Elienai
Cabral. O Tabernáculo –Símbolos da Obra redentora de Cristo. CPAD.
Alvin
Sprecher. Estudo Devocional do Tabernáculo no Deserto. CPAD.
Abraão
de Almeida. O Tabernáculo e a Igreja. CPAD.
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