No 2º Trimestre letivo de 2020, estudaremos, através das Lições
Bíblicas da CPAD, sobre o seguinte tema: “A IGREJA ELEITA – Redimida pelo
Sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa”. Teremos como base para
este tema a Epístola aos Efésios, escrita pelo apóstolo Paulo, em Roma, por
ocasião de sua primeira prisão. O comentarista das Lições é o pastor Douglas
Baptista, e estão distribuídas sob os seguintes assuntos:
Lição 1 – Carta
aos Efésios – Saudação ao Destinatários.
Lição 2 – A
Sublimidade das Bênçãos Espirituais em Cristo.
Lição 3 – Eleição
e Predestinação.
Lição 4 – A
Iluminação Espiritual do Crente.
Lição 5 – Libertos
do Pecado para uma Nova Vida em Cristo.
Lição 6 – A
Condição do Gentios sem Deus.
Lição 7 – Cristo
é a nossa Reconciliação com Deus.
Lição 8 –
Edificados sobre o Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas.
Lição 9 – O
Mistério da Unidade Revelado.
Lição 10 – A
Intercessão pelos Efésios.
Lição 11 –
Atributos da Unidade da Fé: Humildade, Mansidão e Longanimidade.
Lição 12 – A
Conduta do Crente em Relação à Família.
Lição 13 – A Batalha Espiritual e
as Armas do Crente.
EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
A Epístola aos Efésios
é uma das mais ricas Epístolas do Novo Testamento. Ela é uma síntese de todo o
cristianismo. Ela é pura eclesiologia. É a demonstração do que Deus fez por
intermédio de Cristo e o que devemos fazer em consequência disso. Em cada
versículo são encontrados tesouros belíssimos e extremamente preciosos. As
principais doutrinas básicas da Igreja de Cristo estão contidas nesta Epístola.
Efésios é uma combinação da doutrina cristã (capítulos 1 a 3) com o dever
cristão (capítulos 4 a 6).
O rev. Hernandes
Dias Lopes afirma que, na Epístola aos Efésios, Paulo abre as cortinas do
tempo, penetra nos refolhos da eternidade e traz aos homens as verdades mais
consoladoras da graça de Deus. Os grandes temas da fé cristã adornam a coroa
dessa Epístola. Os capítulos mais destacados da soteriologia e da eclesiologia podem
ser encontrados nessa obra-prima do apóstolo. Já na introdução, Paulo descreve as
verdades mais gloriosas acerca da obra da Trindade em favor da Igreja, a noiva
de Cristo.
Paulo aborda
nessa Epístola alguns temas que não trata com tanta profundidade nas demais Epístolas/Cartas,
como a questão da reconciliação dos judeus com os gentios, o mistério do evangelho,
a plenitude do Espírito, a família e a batalha espiritual.
Esta é uma Epístola
não apenas teológica, mas, sobretudo, prática. Ela tange de forma profunda e clara
os princípios que devem nortear a família e a igreja neste mundo inundado de
escuridão.
Alguns eruditos
consideram Efésios uma carta circular, e não apenas uma epístola dirigida
particularmente à igreja de Éfeso, uma vez que Paulo não trata ali de problemas
locais como o faz nas outras epístolas.
Efésios também é
considerada uma Epístola gêmea de Colossenses; elas foram escritas do mesmo
local, no mesmo período e levadas às igrejas pelo mesmo portador; ambas tratam
basicamente das mesmas coisas. A ênfase fundamental de Colossenses é apresentar
Cristo como Cabeça da Igreja, e a ênfase essencial de Efésios é apresentar a Igreja
como Corpo de Cristo; sua mensagem tem uma abrangência muita ampla - ela
abrange os judeus e os gentios, o céu e a terra, o passado e o presente e os
tempos futuros.
O grande
bandeirante do Evangelho, o apóstolo Paulo, escreveu esta Epístola de sua
primeira prisão em Roma. Paulo já tinha passado por provas e tribulações
terríveis antes de chegar à capital do império: Ele tinha sido perseguido em
Damasco, rejeitado em Jerusalém e esquecido em Tarso. Ele já tinha sido apedrejado
em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Beréia,
chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto. Já tinha sido fustigado
três vezes com varas pelos romanos e recebido 195 açoites dos judeus (2Co.11:24,25).
Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém e acusado em Cesareia.
Enfrentou um naufrágio avassalador ao dirigir-se a Roma e foi picado por uma
cobra em Malta.
O velho apóstolo
chegou a Roma preso e algemado. Durante dois anos, ficou numa casa alugada sob
custódia do imperador. Vigiado pela guarda pretoriana - a guarda de elite do palácio
imperial, composta de 16 mil soldados de escol -, encorajou os crentes de Roma
e escreveu cartas para as igrejas das províncias da Macedônia e da Ásia Menor. Apesar
de estar preso em Roma, ele não se considerava prisioneiro de César, mas
prisioneiro de Cristo Jesus (Ef.3:1), prisioneiro no Senhor (Ef.4:1) e
embaixador em cadeias (Ef.6:20).
As circunstâncias,
nem mesmo as mais adversas, não levaram esse gigante de Deus a sucumbir. Ao
contrário, ele foi um canal de consolo para as igrejas. Ele foi um arauto de
boas notícias, um embaixador do Céu, um homem que ardeu de zelo por Cristo e
doou-se com a mesma intensidade até sua voz ser silenciada pelo martírio. (1)
Nesta obra prima,
que teremos como base às Lições deste trimestre letivo, Paulo é contundente e
claro em suas palavras: a Igreja, o povo de Deus da Nova Aliança, é a Eleita de
Deus em Cristo Jesus.
A IGREJA ELEITA - REDIMIDA
PELO SANGUE DE CRISTO E SELADA COM O ESPÍRITO SANTO DA PROMESSA
As Escrituras
neotestamentárias são claras: a Igreja, povo de Deus da Nova Aliança, é eleita
de Deus (1Ts.1:4), e essa eleição foi disposta no coração de Deus antes da
fundação do mundo (Ef.1:4), quando ainda não existia qualquer ser, ou
movimento, ou tempo, e quando coisa alguma nem ser algum, exceto o próprio
Deus, existia.
Como bem disse
John Stott, “Deus colocou a nós e a Cristo juntos na Sua mente. Resolveu
tornar-nos Seus próprios filhos através da obra redentora de Cristo”. Antes que
houvesse o mundo, Deus elegeu a Sua Igreja em Cristo. Isto é um ato
misericordioso e soberano de Deus de eleger um povo pecador para ser salvo em
Cristo Jesus.
“Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus”
(1Tes.1:4).
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,
como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef.1:3,4).
Portanto, essa
eleição divina não foi um plano de última hora porque o primeiro plano
fracassou. Não. O pecado de Adão não pegou Deus de surpresa. Deus não ficou ansioso,
com temor do homem estragar tudo no Éden. Em sua soberania, Ele elegeu a Sua
Igreja antes dos tempos eternos (2Tm.1:9), antes da fundação do mundo (Ef.1:4).
Deus planejou a
nossa salvação antes mesmo de lançar os fundamentos da Terra; antes que
houvesse céus e Terra, Deus já havia decidido eleger um povo para si mesmo, a
fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (2Ts.2:13).
A Igreja era o
grande mistério de Deus guardado no Seu coração amoroso, que foi revelado pelo
Espírito Santo (Ef.3:2,3) no Novo Testamento; e o mistério era que Deus, por
meio de Cristo, faria com que todos os povos do mundo inteiro fossem unidos num
só corpo, formando a Igreja do Senhor. Assim, judeus e gentios podem agora
serem chamados de irmãos em Cristo (Ef.3:6), porquanto “não há judeu nem grego,
escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”
(Gl.3:28).
A eleição da Igreja foi feita em Cristo, pelo
seu sangue (Ef.1:7)
“Em quem
temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas
da sua graça”.
O propósito de
Deus, já antes da fundação do mundo, era ter um povo para si mediante a morte
redentora de Cristo na cruz; sendo assim, a eleição é fundamentada na morte
sacrificial de Cristo, no Calvário, para nos salvar dos nossos pecados.
“Olhai,
pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio
sangue” (Atos 20:28).
A Igreja Eleita - Selada com
o Espírito Santo da Promessa
O selo era um sinal que indicava, a um só tempo, tanto a propriedade de
alguém como a autoridade deste mesmo alguém. O Espírito
Santo é o Selo que nos indica que somos propriedade de Cristo Jesus (Ef.1:13).
“em quem
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo
da promessa”.
Conta-se que “um missionário inglês morreu na Índia no começo deste
século. Assim que ele estava morto, seus vizinhos arrombaram sua casa e
começaram a levar tudo que era dele. O cônsul inglês foi comunicado, e como não
havia fechadura na porta da casa do missionário, ele colou sobre ela uma grande
falha de papel, que carimbou com o selo, o lacre da Inglaterra. Os saqueadores
não se arriscaram a quebrar o lacre, porque a nação mais poderosa do mundo o
garantia”.
O Selo do Espírito Santo é um de uma série de acontecimentos simultâneos
ao nosso arrependimento e recebimento do Senhor como Salvador, sem nós o
percebermos: Em primeiro lugar, é claro, Deus nos regenerou e justificou; Em
segundo lugar, o Espírito nos batizou no corpo de Cristo; Em terceiro lugar, o
Espírito imediatamente se instalou nos nossos corações e nos selou para o Dia
da redenção (Ef.4:30) – “E não entristeçais o Espírito
Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef.4:30).
Existe um costume
de denominar de “selados” apenas os “batizados com o Espírito Santo”, mas não
podemos confundir o Selo do Espírito Santo, que é a nossa qualificação como
filhos de Deus, com o “batismo com o Espírito Santo”, que é o revestimento de
poder. Não é biblicamente correto denominar de “selados” somente os batizados
com o Espírito Santo.
O Selo do
Espírito Santo é nosso passaporte para o Céu, nossa verdadeira e definitiva “pátria”.
O Selo do Espírito Santo “imprime” em nós, “traços” de Cristo, restaurando nossa imagem e semelhança com Deus,
deteriorada pelo pecado original. Assim
como reconhecemos os orientais pelo olho puxado, os africanos pela pele escura,
os filhos de Deus, têm como “sinal” o Selo do Espírito Santo.
Enfim, o Selo
como símbolo do Espírito Santo mostra-nos que todos os salvos são selados pelo
Espírito Santo no momento da conversão, no instante em que passamos a pertencer
ao corpo de Cristo (Rm.8:9; 1Co.12:13).
“Vós,
porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita
em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”
(Rm.8:9).
A Eleição em Cristo é coletiva, isto é, a Eleição é de um povo e não de
um só indivíduo (Ef.1:4,5,7,9; 1Pd.2:9).
“Mas vós
sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido...”
(1Pd.1:9).
Todos aqueles que
fazem parte da Igreja são chamados: “corpo de Cristo” (1Co.12:27; Ef.1:23; 4:12;
Cl.1:24), “minha Igreja” (Mt.16:18), “povo adquirido” (1Pd.2:9), “senhora
eleita” (3João 1), “noiva” de Cristo (Ap.21:9).
Todos os que
estão mergulhados no “Corpo” de Cristo (1Co.12:13) são eleitos; mas,
individualmente, a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e
viva em Jesus Cristo, e da perseverança na união com Ele em santidade.
O propósito de
Deus na eleição da Igreja é que ela seja santa e irrepreensível (Ef.1:4) – “...nos elegeu nele antes da fundação do
mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele...”.
Nenhuma pessoa
deve considerar-se eleita de Deus se não vive em santidade. A santificação não
é a causa, mas a prova da nossa eleição. A eleição é a raiz da salvação, não
seu fruto; e o cumprimento desse propósito ao crente como individuo dentro da
Igreja é condicional.
Cristo nos
apresentará “santos e irrepreensíveis diante dele (Ef.1:4), somente se
continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso claramente: Cristo irá “vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e
inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos
moverdes da esperança do evangelho” (Cl.1:22,23).
Enganam-se
aqueles que pensam que a eleição da Igreja promove e estimula uma vida relaxada.
Somos eleitos para a santidade, e não para o pecado. Somos salvos do pecado, e
não no pecado. Jesus se manifestou para desfazer as obras do diabo (1João 3:8).
Uma pessoa que se
diz segura de sua salvação e não vive em santidade está provando que não é
eleita. Aqueles que não são santos não podem ter comunhão com Deus nem jamais
verão a Deus. No céu, só entrarão os santos. Uma pessoa que não ama a santidade
não suportará o Céu.
Somos a “Noiva” do
Cordeiro que está se adornando para Ele. Não somos, portanto, eleitos para
viver na lama, mas para viver como luzeiros do mundo e apresentar-nos a Jesus
como a “Noiva” pura, santa e sem defeito (Ef.5:27).
“...Cristo
amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar,
purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo
igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível” (Ef.5:25-27.
Portanto, a
eleição tem como alvo nos levar a uma vida limpa, pura, santa; ninguém é eleito
sem estar unido a Cristo pela fé, imbuído num processo de santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor (Hb.2:14). Pedro exorta a todos os eleitos (1Pd.1:2)
da seguinte forma:
“mas, como
é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira
de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”
(1Pd.1:15,16).
Portanto, a
eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo somente à medida que
este se identifica e se une ao Corpo de Cristo, a Igreja, em santidade. É uma
eleição como a de Israel no Antigo Testamento.
A Eleição de Israel no Antigo Testamento
Deus elegeu
Israel, mas para sua formação, primeiramente, Ele teve que escolher alguém. Deus
usou de sua soberana vontade para escolher Abrão entre todos os habitantes da
Terra do seu tempo.
“Ora, o
Senhor disse a Abrão: sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei”. Far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção”(Gn.12:1,2).
Deus escolheu
Abrão sem que, em tal escolha, houvesse qualquer participação humana; no entanto,
a escolha feita dependia, para a sua concretização, do atendimento por parte do
escolhido ao chamado divino.
Deus escolheu
Abrão, mas, certamente, Deus não iria tirá-lo à força de sua terra. Abrão
precisava aceitar e concordar com a escolha de Deus. Podia rejeitá-la, caso
quisesse. Portanto, uma eleição é um processo bilateral; ela se completa quando
a vontade do eleitor se encontra com a vontade do eleito.
Somente a partir
do instante em que Abrão respondeu com fé, com confiança nas promessas divinas
que o levaram a abandonar a sua casa e a sua parentela, atendendo ao chamado do
Senhor, deu-se início o plano divino para formação de uma nação que seria
denominada Israel.
Deus ordenou a Abrão
(cujo nome significa “pai da elevação”, “pai da exaltação”) que saísse do meio
da sua terra e da sua parentela para uma terra que ainda lhe seria mostrada
(Gn.12:1). Nestas palavras divinas, evidencia-se que o propósito de Deus era
promover uma separação entre os gentios e Abrão, do qual se formaria um povo,
uma grande nação, sendo que nele seriam benditas todas as famílias da terra
(Gn.12:3). Todas as famílias da terra seriam benditas porque nessa nação seria
cumprida a promessa redentiva feita após a Queda do ser humano (Gn.3:15).
Abrão aceitou o
chamado de Deus - “Assim, partiu Abraão, como o Senhor lhe tinha
dito...”(Gn.12:4). Perceba que está escrito que “partiu Abrão”, e não que
“tirou Deus Abrão”. Ele partiu, em obediência, porém, fazendo uso do seu livre-arbítrio.
É válido
ressaltar que a eleição provém de Deus e é soberana, mas a perda da bênção
oferecida indistintamente a todos é consequência do mau exercício do
livre-arbítrio pelo homem. Foi, aliás, exatamente o que ocorreu com o povo de Israel.
Israel, o povo eleito
de Deus, firmou um pacto no Monte Sinai, prometendo viver conforme os preceitos
do Senhor (Êx.19:8), mas logo cedo fracassou neste seu propósito, tendo, a
partir da primeira geração adulta do êxodo, deixado de observar o referido pacto,
endurecendo o seu coração continuadamente, ao longo da história, mostrando-se ser
um povo obstinado (Ex.32:9; Dt.9:6; Ez.3:7); e por causa dessa obstinação,
Israel sofreu progressivas sanções da parte do Senhor, pois Deus corrige a quem
ama e castiga a quem quer bem (Hb.12:6), numa escalada já prevista na lei de
Moisés (Dt.28:15-68), escalada esta que foi rigorosamente cumprida por Deus, o
qual chegou a tirar o povo da própria Terra Prometida para Babilônia (2Cr.36:15-21),
sem falar na integral destruição das dez tribos do Norte (Efraim, Manassés,
Ruben, Gade, Issacar, Zebulom, Naftali, Aser, Simeão e Dã – cf. 2Rs.17).
16.E
deixaram todos os mandamentos do SENHOR, seu Deus, e fizeram imagens de
fundição, dois bezerros; e fizeram um ídolo do bosque, e se prostraram perante
todo o exército do céu, e serviram a Baal.
17.Também
fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a
adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mal aos
olhos do SENHOR, para o provocarem à ira.
18.Pelo
que o SENHOR muito se indignou contra Israel e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão a tribo de Judá.
No entanto,
apesar de todos os pecados do povo de Israel, sempre houve um remanescente fiel,
ou seja, pessoas que, ainda que anônimas e despidas de poder político, social
ou econômico, servem a Deus com sinceridade, obedecendo à Sua Palavra. Isto nos
mostra que, embora Deus tenha elegido a nação de Israel, com a qual firmara um
pacto (Ex.19:8), não devemos nos esquecer que a resposta que se deu ao chamado
divino foi de cada indivíduo. Veja o exemplo de Josué e Calebe, no deserto, em
relação ao povo de sua geração que saiu do Egito e que caminhava em direção à
Terra Prometida.
Toda a geração
adulta do êxodo pereceu no deserto, menos Josué e Calebe, os quais ingressaram
na Terra Prometida. E por quê? Por um simples motivo: porque creram em Deus e
nas Suas promessas, ao contrário do restante do povo, que se manteve incrédulo
(Nm.14:24; Dt.1:36,38; Hb.3:19). Este remanescente fiel, que sempre existiu em
cada geração, é o que constitui o verdadeiro povo eleito de Deus.
Com relação à Igreja, a Eleita, também,
isto não é menos verdadeiro. Somos o “Israel de Deus” (Gl.6:16) no que tange,
temporariamente, às promessas espirituais e, portanto, nesta expressão do
apóstolo, está presente a ideia de que só pertence à Igreja - a “universal
assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23)
-, aquele que, por fé, tiver crido em Cristo Jesus e “andar conforme esta
regra” (cf.Gl.6:16). Portanto, não são dados biológicos que poderão determinar
quem é, ou não, eleito, mas única e exclusivamente a observância dos ditames de
Deus e a fé nas Suas promessas.
Para que não haja
qualquer sentimento de dúvida com relação ao texto de Gl.6:16, informo que a
Igreja não sucedeu, para sempre, o Israel nacional como a instituição para a
administração da bênção divina no mundo. Não há apoio nas Escrituras Sagradas à
falaciosa teoria da substituição, que ensina que os Judeus foram rejeitados por
Deus, e não são mais o seu povo escolhido. Aqueles que assumem esse ponto de
vista, rejeitam qualquer futuro étnico para o povo Judeu em relação as alianças
bíblicas. Está escrito que “os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis”
(Rm.11:29). Deus tem um plano inabalável para Israel num futuro, que não está
longe.
Em Romanos 11, Paulo
afirma que, apesar da incredulidade da nação de Israel ter levado eles, como
ramos naturais, a serem cortados, é garantido que no futuro, quando vier de
Sião o libertador, por amor aos patriarcas, por ser os dons e a vocação de Deus
irrevogáveis, todo o Israel será salvo (Rm.11:25-29). Claro, os salvos serão os
remanescentes fiéis (Rm.9:23) – “...Ainda que o número dos filhos de Israel
seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo”.
Em outras
palavras, o fato de a geração da primeira vinda de Jesus ter sido infiel ao Senhor,
sua descrença não tem o poder de anular o que Deus prometeu incondicionalmente
aos patriarcas. Portanto, o vínculo pactual entre Deus e Israel permanece.
Logo, tanto para os gentios como para Israel, o único caminho para a Salvação é
a fé em Jesus Cristo (Gl.3:11-29).
Todos aqueles,
judeus e gentios, que estão em Cristo Jesus, são considerados povo eleito de
Deus. No capítulo 10 de Romanos, Paulo explica, minuciosamente, que a salvação
não depende das obras, mas da fé em Cristo (Gl.3.8,9). Deus, em sua vontade
soberana, franqueou a salvação a todos os homens: "todo aquele que invocar
o nome do Senhor será salvo" (Jl.2:32 cf. At.2:21; 10:34-36).
Portanto, Deus
não rejeitou o seu povo da Antiga Aliança (Rm.11:1), e Paulo cita como prova
disso os judeus cristãos. O exemplo de Elias, que ele apresenta, mostra que os
sete mil que não dobraram os joelhos diante de Baal, eram os verdadeiros
israelitas (Rm.11:24). Da mesma forma, a minoria de judeus, que creu em Jesus,
são os israelitas de fato (Rm.11:5).
Os judeus
perderam a oportunidade de consolidar sua eleição, enquanto povo, no exato
instante em que rejeitaram o Messias (João 1:11,12). Esta rejeição teve o mesmo
significado que a rebelião gentílica em Babel, encerrando, assim, temporariamente,
o tempo de Israel no plano de Deus como povo eleito exclusivo dentre todos os outros
povos. No entanto, essa rejeição operada gerou uma bênção para nós, gentios,
pois, através dela, pudemos ter livre acesso a Deus por meio de Cristo Jesus - “…pela sua queda, veio a salvação aos
gentios, para os incitar à emulação. E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e
a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm.11:11b,12).
A triste
experiência de Israel deve servir de exemplo para a Igreja. Os israelitas eram
os filhos eleitos de Deus e, não obstante, foram cortados da verdadeira Oliveira
por causa da incredulidade (Rm.11:17-20).
Hoje, a
"menina dos olhos" de Deus é a Igreja, a Sua eleita. Agora, a nossa
posição espiritual está acima da dos judeus. Os ramos foram quebrados, por
culpa dos próprios judeus: "Não que a palavra de Deus haja faltado" (Rm.9:6).
A promessa de Deus não foi quebrada, mas os judeus é que recusaram a promessa.
Somos como zambujeiros enxertados no lugar deles, e, assim, participamos da
raiz e da seiva da oliveira (Rm.11:15-19).
O cristão é
reconhecido, no Novo Testamento, como judeu, no sentido espiritual
(Rm.4:11-16); isto é, pela fé em Jesus, ele tornou-se filho de Abraão (Gl.3:7)
- "Nem todos que são de Israel são israelitas" (Rm.9:6). Cada
cristão, portanto, deve valorizar a sua posição diante de Deus. O que Deus fez
conosco é de uma grandeza infinita. Quem vacilar pode ser cortado por Deus
assim como aconteceu com Israel (Rm.11:21-24).
Entretanto, o
encerramento de Israel no plano de Deus para a salvação da humanidade não é
definitivo, pois restam promessas a Israel que ainda não se cumpriram e sabemos
que o Senhor vela pela sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).
A Igreja é a
eleita de Deus, é o povo de Deus da Nova Aliança, que abriga todos aqueles que
receberam Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Assim com a Arca de Noé foi
eleita para abrigar pessoas justas diante de Deus e livrá-las do juízo divino
contra a civilização antediluviana, Deus elegeu a Sua Igreja, constituída de
povos de todas as nações, gentios e judeus, salvas pelo sangue de Jesus Cristo,
com o fim de abrigar todos aqueles que foram salvas em Cristo Jesus. Todos que
adentraram a Arca de Noé estavam predestinados a serem salvas do dilúvio.
Assim, também, todos os que fazem parte da Igreja de Cristo estão predestinados
à salvação eterna. Porém, todos aqueles que estão fora dela e que dela saírem,
escolhendo a apostasia, terão o mesmo destino dos demais ímpios (Sl.9:17).
“Podemos comparar a Igreja eleita a
um grande navio viajando para o Céu. Cristo é o Capitão e Piloto desse Navio.
Todos os que desejam estar nesse Navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva
em Cristo. Enquanto permanecerem no Navio, acompanhando seu Capitão, estarão
entre os eleitos. Caso alguém abandone esse Navio e ao seu Capitão, deixará de
ser um dos eleitos. E todos os que estão dentro desse Navio estão predestinados
a serem salvos. Deus convida a todos a entrar a bordo do Navio eleito mediante
Jesus Cristo. Quem aceitar o convite e entrar será salvo, quem rejeitar será
condenado – ‘Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado’ (Mc.16:16)” (2).
Ev. Luciano de Paula Lourenço
EBD/IEADTC
--------------------
(1) Hernandes Dias Lopes.
Efésios. Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.
(2) (Adaptado do estudo sobre Eleição e Predestinação – Bíblia de
Estudo Pentecostal, pg.1809. Versão:1995).
gloria a DEUS!
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