sexta-feira, 27 de março de 2020

LIÇÕES BÍBLICAS – 2º TRIMESTRE DE 2020


No 2º Trimestre letivo de 2020, estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o seguinte tema: “A IGREJA ELEITA – Redimida pelo Sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa.  Teremos como base para este tema a Epístola aos Efésios, escrita pelo apóstolo Paulo, em Roma, por ocasião de sua primeira prisão. O comentarista das Lições é o pastor Douglas Baptista, e estão distribuídas sob os seguintes assuntos:

Lição 1 – Carta aos Efésios – Saudação ao Destinatários.
Lição 2 – A Sublimidade das Bênçãos Espirituais em Cristo.
Lição 3 – Eleição e Predestinação.
Lição 4 – A Iluminação Espiritual do Crente.
Lição 5 – Libertos do Pecado para uma Nova Vida em Cristo.
Lição 6 – A Condição do Gentios sem Deus.
Lição 7 – Cristo é a nossa Reconciliação com Deus.
Lição 8 – Edificados sobre o Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas.
Lição 9 – O Mistério da Unidade Revelado.
Lição 10 – A Intercessão pelos Efésios.
Lição 11 – Atributos da Unidade da Fé: Humildade, Mansidão e Longanimidade.
Lição 12 – A Conduta do Crente em Relação à Família.
Lição 13 – A Batalha Espiritual e as Armas do Crente.

EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS

A Epístola aos Efésios é uma das mais ricas Epístolas do Novo Testamento. Ela é uma síntese de todo o cristianismo. Ela é pura eclesiologia. É a demonstração do que Deus fez por intermédio de Cristo e o que devemos fazer em consequência disso. Em cada versículo são encontrados tesouros belíssimos e extremamente preciosos. As principais doutrinas básicas da Igreja de Cristo estão contidas nesta Epístola. Efésios é uma combinação da doutrina cristã (capítulos 1 a 3) com o dever cristão (capítulos 4 a 6).
O rev. Hernandes Dias Lopes afirma que, na Epístola aos Efésios, Paulo abre as cortinas do tempo, penetra nos refolhos da eternidade e traz aos homens as verdades mais consoladoras da graça de Deus. Os grandes temas da fé cristã adornam a coroa dessa Epístola. Os capítulos mais destacados da soteriologia e da eclesiologia podem ser encontrados nessa obra-prima do apóstolo. Já na introdução, Paulo descreve as verdades mais gloriosas acerca da obra da Trindade em favor da Igreja, a noiva de Cristo.
Paulo aborda nessa Epístola alguns temas que não trata com tanta profundidade nas demais Epístolas/Cartas, como a questão da reconciliação dos judeus com os gentios, o mistério do evangelho, a plenitude do Espírito, a família e a batalha espiritual.
Esta é uma Epístola não apenas teológica, mas, sobretudo, prática. Ela tange de forma profunda e clara os princípios que devem nortear a família e a igreja neste mundo inundado de escuridão.
Alguns eruditos consideram Efésios uma carta circular, e não apenas uma epístola dirigida particularmente à igreja de Éfeso, uma vez que Paulo não trata ali de problemas locais como o faz nas outras epístolas.
Efésios também é considerada uma Epístola gêmea de Colossenses; elas foram escritas do mesmo local, no mesmo período e levadas às igrejas pelo mesmo portador; ambas tratam basicamente das mesmas coisas. A ênfase fundamental de Colossenses é apresentar Cristo como Cabeça da Igreja, e a ênfase essencial de Efésios é apresentar a Igreja como Corpo de Cristo; sua mensagem tem uma abrangência muita ampla - ela abrange os judeus e os gentios, o céu e a terra, o passado e o presente e os tempos futuros.
O grande bandeirante do Evangelho, o apóstolo Paulo, escreveu esta Epístola de sua primeira prisão em Roma. Paulo já tinha passado por provas e tribulações terríveis antes de chegar à capital do império: Ele tinha sido perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém e esquecido em Tarso. Ele já tinha sido apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Beréia, chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto. Já tinha sido fustigado três vezes com varas pelos romanos e recebido 195 açoites dos judeus (2Co.11:24,25). Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém e acusado em Cesareia. Enfrentou um naufrágio avassalador ao dirigir-se a Roma e foi picado por uma cobra em Malta.
O velho apóstolo chegou a Roma preso e algemado. Durante dois anos, ficou numa casa alugada sob custódia do imperador. Vigiado pela guarda pretoriana - a guarda de elite do palácio imperial, composta de 16 mil soldados de escol -, encorajou os crentes de Roma e escreveu cartas para as igrejas das províncias da Macedônia e da Ásia Menor. Apesar de estar preso em Roma, ele não se considerava prisioneiro de César, mas prisioneiro de Cristo Jesus (Ef.3:1), prisioneiro no Senhor (Ef.4:1) e embaixador em cadeias (Ef.6:20).
As circunstâncias, nem mesmo as mais adversas, não levaram esse gigante de Deus a sucumbir. Ao contrário, ele foi um canal de consolo para as igrejas. Ele foi um arauto de boas notícias, um embaixador do Céu, um homem que ardeu de zelo por Cristo e doou-se com a mesma intensidade até sua voz ser silenciada pelo martírio. (1)
Nesta obra prima, que teremos como base às Lições deste trimestre letivo, Paulo é contundente e claro em suas palavras: a Igreja, o povo de Deus da Nova Aliança, é a Eleita de Deus em Cristo Jesus.

A IGREJA ELEITA - REDIMIDA PELO SANGUE DE CRISTO E SELADA COM O ESPÍRITO SANTO DA PROMESSA

As Escrituras neotestamentárias são claras: a Igreja, povo de Deus da Nova Aliança, é eleita de Deus (1Ts.1:4), e essa eleição foi disposta no coração de Deus antes da fundação do mundo (Ef.1:4), quando ainda não existia qualquer ser, ou movimento, ou tempo, e quando coisa alguma nem ser algum, exceto o próprio Deus, existia.
Como bem disse John Stott, “Deus colocou a nós e a Cristo juntos na Sua mente. Resolveu tornar-nos Seus próprios filhos através da obra redentora de Cristo”. Antes que houvesse o mundo, Deus elegeu a Sua Igreja em Cristo. Isto é um ato misericordioso e soberano de Deus de eleger um povo pecador para ser salvo em Cristo Jesus.
“Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus” (1Tes.1:4).
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef.1:3,4).
Portanto, essa eleição divina não foi um plano de última hora porque o primeiro plano fracassou. Não. O pecado de Adão não pegou Deus de surpresa. Deus não ficou ansioso, com temor do homem estragar tudo no Éden. Em sua soberania, Ele elegeu a Sua Igreja antes dos tempos eternos (2Tm.1:9), antes da fundação do mundo (Ef.1:4).
Deus planejou a nossa salvação antes mesmo de lançar os fundamentos da Terra; antes que houvesse céus e Terra, Deus já havia decidido eleger um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (2Ts.2:13).
A Igreja era o grande mistério de Deus guardado no Seu coração amoroso, que foi revelado pelo Espírito Santo (Ef.3:2,3) no Novo Testamento; e o mistério era que Deus, por meio de Cristo, faria com que todos os povos do mundo inteiro fossem unidos num só corpo, formando a Igreja do Senhor. Assim, judeus e gentios podem agora serem chamados de irmãos em Cristo (Ef.3:6), porquanto “não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl.3:28). 

A eleição da Igreja foi feita em Cristo, pelo seu sangue (Ef.1:7)

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”.
O propósito de Deus, já antes da fundação do mundo, era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz; sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário, para nos salvar dos nossos pecados.
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28).

A Igreja Eleita - Selada com o Espírito Santo da Promessa

O selo era um sinal que indicava, a um só tempo, tanto a propriedade de alguém como a autoridade deste mesmo alguém. O Espírito Santo é o Selo que nos indica que somos propriedade de Cristo Jesus (Ef.1:13).
“em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.
Conta-se que “um missionário inglês morreu na Índia no começo deste século. Assim que ele estava morto, seus vizinhos arrombaram sua casa e começaram a levar tudo que era dele. O cônsul inglês foi comunicado, e como não havia fechadura na porta da casa do missionário, ele colou sobre ela uma grande falha de papel, que carimbou com o selo, o lacre da Inglaterra. Os saqueadores não se arriscaram a quebrar o lacre, porque a nação mais poderosa do mundo o garantia”.
O Selo do Espírito Santo é um de uma série de acontecimentos simultâneos ao nosso arrependimento e recebimento do Senhor como Salvador, sem nós o percebermos: Em primeiro lugar, é claro, Deus nos regenerou e justificou; Em segundo lugar, o Espírito nos batizou no corpo de Cristo; Em terceiro lugar, o Espírito imediatamente se instalou nos nossos corações e nos selou para o Dia da redenção (Ef.4:30) – “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef.4:30).
Existe um costume de denominar de “selados” apenas os “batizados com o Espírito Santo”, mas não podemos confundir o Selo do Espírito Santo, que é a nossa qualificação como filhos de Deus, com o “batismo com o Espírito Santo”, que é o revestimento de poder. Não é biblicamente correto denominar de “selados” somente os batizados com o Espírito Santo.
O Selo do Espírito Santo é nosso passaporte para o Céu, nossa verdadeira e definitiva “pátria”. O Selo do Espírito Santo “imprime” em nós, “traços” de Cristo, restaurando nossa imagem e semelhança com Deus, deteriorada pelo pecado original.  Assim como reconhecemos os orientais pelo olho puxado, os africanos pela pele escura, os filhos de Deus, têm como “sinal” o Selo do Espírito Santo.
Enfim, o Selo como símbolo do Espírito Santo mostra-nos que todos os salvos são selados pelo Espírito Santo no momento da conversão, no instante em que passamos a pertencer ao corpo de Cristo (Rm.8:9; 1Co.12:13).
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm.8:9).

A Eleição em Cristo é coletiva, isto é, a Eleição é de um povo e não de um só indivíduo (Ef.1:4,5,7,9; 1Pd.2:9).

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido...” (1Pd.1:9).  
Todos aqueles que fazem parte da Igreja são chamados: “corpo de Cristo” (1Co.12:27; Ef.1:23; 4:12; Cl.1:24), “minha Igreja” (Mt.16:18), “povo adquirido” (1Pd.2:9), “senhora eleita” (3João 1), “noiva” de Cristo (Ap.21:9).
Todos os que estão mergulhados no “Corpo” de Cristo (1Co.12:13) são eleitos; mas, individualmente, a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e viva em Jesus Cristo, e da perseverança na união com Ele em santidade.
O propósito de Deus na eleição da Igreja é que ela seja santa e irrepreensível (Ef.1:4) – “...nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele...”.
Nenhuma pessoa deve considerar-se eleita de Deus se não vive em santidade. A santificação não é a causa, mas a prova da nossa eleição. A eleição é a raiz da salvação, não seu fruto; e o cumprimento desse propósito ao crente como individuo dentro da Igreja é condicional.
Cristo nos apresentará “santos e irrepreensíveis diante dele (Ef.1:4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso claramente: Cristo irá “vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos moverdes da esperança do evangelho” (Cl.1:22,23).
Enganam-se aqueles que pensam que a eleição da Igreja promove e estimula uma vida relaxada. Somos eleitos para a santidade, e não para o pecado. Somos salvos do pecado, e não no pecado. Jesus se manifestou para desfazer as obras do diabo (1João 3:8).
Uma pessoa que se diz segura de sua salvação e não vive em santidade está provando que não é eleita. Aqueles que não são santos não podem ter comunhão com Deus nem jamais verão a Deus. No céu, só entrarão os santos. Uma pessoa que não ama a santidade não suportará o Céu.
Somos a “Noiva” do Cordeiro que está se adornando para Ele. Não somos, portanto, eleitos para viver na lama, mas para viver como luzeiros do mundo e apresentar-nos a Jesus como a “Noiva” pura, santa e sem defeito (Ef.5:27).
“...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:25-27.
Portanto, a eleição tem como alvo nos levar a uma vida limpa, pura, santa; ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé, imbuído num processo de santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb.2:14). Pedro exorta a todos os eleitos (1Pd.1:2) da seguinte forma:
“mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
Portanto, a eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo somente à medida que este se identifica e se une ao Corpo de Cristo, a Igreja, em santidade. É uma eleição como a de Israel no Antigo Testamento.

A Eleição de Israel no Antigo Testamento

Deus elegeu Israel, mas para sua formação, primeiramente, Ele teve que escolher alguém. Deus usou de sua soberana vontade para escolher Abrão entre todos os habitantes da Terra do seu tempo.
“Ora, o Senhor disse a Abrão: sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. Far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção”(Gn.12:1,2).
Deus escolheu Abrão sem que, em tal escolha, houvesse qualquer participação humana; no entanto, a escolha feita dependia, para a sua concretização, do atendimento por parte do escolhido ao chamado divino.
Deus escolheu Abrão, mas, certamente, Deus não iria tirá-lo à força de sua terra. Abrão precisava aceitar e concordar com a escolha de Deus. Podia rejeitá-la, caso quisesse. Portanto, uma eleição é um processo bilateral; ela se completa quando a vontade do eleitor se encontra com a vontade do eleito.
Somente a partir do instante em que Abrão respondeu com fé, com confiança nas promessas divinas que o levaram a abandonar a sua casa e a sua parentela, atendendo ao chamado do Senhor, deu-se início o plano divino para formação de uma nação que seria denominada Israel.
Deus ordenou a Abrão (cujo nome significa “pai da elevação”, “pai da exaltação”) que saísse do meio da sua terra e da sua parentela para uma terra que ainda lhe seria mostrada (Gn.12:1). Nestas palavras divinas, evidencia-se que o propósito de Deus era promover uma separação entre os gentios e Abrão, do qual se formaria um povo, uma grande nação, sendo que nele seriam benditas todas as famílias da terra (Gn.12:3). Todas as famílias da terra seriam benditas porque nessa nação seria cumprida a promessa redentiva feita após a Queda do ser humano (Gn.3:15).
Abrão aceitou o chamado de Deus - “Assim, partiu Abraão, como o Senhor lhe tinha dito...”(Gn.12:4). Perceba que está escrito que “partiu Abrão”, e não que “tirou Deus Abrão”. Ele partiu, em obediência, porém, fazendo uso do seu livre-arbítrio.
É válido ressaltar que a eleição provém de Deus e é soberana, mas a perda da bênção oferecida indistintamente a todos é consequência do mau exercício do livre-arbítrio pelo homem. Foi, aliás, exatamente o que ocorreu com o povo de Israel.
Israel, o povo eleito de Deus, firmou um pacto no Monte Sinai, prometendo viver conforme os preceitos do Senhor (Êx.19:8), mas logo cedo fracassou neste seu propósito, tendo, a partir da primeira geração adulta do êxodo, deixado de observar o referido pacto, endurecendo o seu coração continuadamente, ao longo da história, mostrando-se ser um povo obstinado (Ex.32:9; Dt.9:6; Ez.3:7); e por causa dessa obstinação, Israel sofreu progressivas sanções da parte do Senhor, pois Deus corrige a quem ama e castiga a quem quer bem (Hb.12:6), numa escalada já prevista na lei de Moisés (Dt.28:15-68), escalada esta que foi rigorosamente cumprida por Deus, o qual chegou a tirar o povo da própria Terra Prometida para Babilônia (2Cr.36:15-21), sem falar na integral destruição das dez tribos do Norte (Efraim, Manassés, Ruben, Gade, Issacar, Zebulom, Naftali, Aser, Simeão e Dã – cf. 2Rs.17).
16.E deixaram todos os mandamentos do SENHOR, seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros; e fizeram um ídolo do bosque, e se prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal.
17.Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mal aos olhos do SENHOR, para o provocarem à ira.
18.Pelo que o SENHOR muito se indignou contra Israel e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão a tribo de Judá.
No entanto, apesar de todos os pecados do povo de Israel, sempre houve um remanescente fiel, ou seja, pessoas que, ainda que anônimas e despidas de poder político, social ou econômico, servem a Deus com sinceridade, obedecendo à Sua Palavra. Isto nos mostra que, embora Deus tenha elegido a nação de Israel, com a qual firmara um pacto (Ex.19:8), não devemos nos esquecer que a resposta que se deu ao chamado divino foi de cada indivíduo. Veja o exemplo de Josué e Calebe, no deserto, em relação ao povo de sua geração que saiu do Egito e que caminhava em direção à Terra Prometida.
Toda a geração adulta do êxodo pereceu no deserto, menos Josué e Calebe, os quais ingressaram na Terra Prometida. E por quê? Por um simples motivo: porque creram em Deus e nas Suas promessas, ao contrário do restante do povo, que se manteve incrédulo (Nm.14:24; Dt.1:36,38; Hb.3:19). Este remanescente fiel, que sempre existiu em cada geração, é o que constitui o verdadeiro povo eleito de Deus.
Com relação à Igreja, a Eleita, também, isto não é menos verdadeiro. Somos o “Israel de Deus” (Gl.6:16) no que tange, temporariamente, às promessas espirituais e, portanto, nesta expressão do apóstolo, está presente a ideia de que só pertence à Igreja - a “universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23) -, aquele que, por fé, tiver crido em Cristo Jesus e “andar conforme esta regra” (cf.Gl.6:16). Portanto, não são dados biológicos que poderão determinar quem é, ou não, eleito, mas única e exclusivamente a observância dos ditames de Deus e a fé nas Suas promessas.
Para que não haja qualquer sentimento de dúvida com relação ao texto de Gl.6:16, informo que a Igreja não sucedeu, para sempre, o Israel nacional como a instituição para a administração da bênção divina no mundo. Não há apoio nas Escrituras Sagradas à falaciosa teoria da substituição, que ensina que os Judeus foram rejeitados por Deus, e não são mais o seu povo escolhido. Aqueles que assumem esse ponto de vista, rejeitam qualquer futuro étnico para o povo Judeu em relação as alianças bíblicas. Está escrito que “os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis” (Rm.11:29). Deus tem um plano inabalável para Israel num futuro, que não está longe.
Em Romanos 11, Paulo afirma que, apesar da incredulidade da nação de Israel ter levado eles, como ramos naturais, a serem cortados, é garantido que no futuro, quando vier de Sião o libertador, por amor aos patriarcas, por ser os dons e a vocação de Deus irrevogáveis, todo o Israel será salvo (Rm.11:25-29). Claro, os salvos serão os remanescentes fiéis (Rm.9:23) – “...Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo”.
Em outras palavras, o fato de a geração da primeira vinda de Jesus ter sido infiel ao Senhor, sua descrença não tem o poder de anular o que Deus prometeu incondicionalmente aos patriarcas. Portanto, o vínculo pactual entre Deus e Israel permanece. Logo, tanto para os gentios como para Israel, o único caminho para a Salvação é a fé em Jesus Cristo (Gl.3:11-29).
Todos aqueles, judeus e gentios, que estão em Cristo Jesus, são considerados povo eleito de Deus. No capítulo 10 de Romanos, Paulo explica, minuciosamente, que a salvação não depende das obras, mas da fé em Cristo (Gl.3.8,9). Deus, em sua vontade soberana, franqueou a salvação a todos os homens: "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Jl.2:32 cf. At.2:21; 10:34-36).
Portanto, Deus não rejeitou o seu povo da Antiga Aliança (Rm.11:1), e Paulo cita como prova disso os judeus cristãos. O exemplo de Elias, que ele apresenta, mostra que os sete mil que não dobraram os joelhos diante de Baal, eram os verdadeiros israelitas (Rm.11:24). Da mesma forma, a minoria de judeus, que creu em Jesus, são os israelitas de fato (Rm.11:5).
Os judeus perderam a oportunidade de consolidar sua eleição, enquanto povo, no exato instante em que rejeitaram o Messias (João 1:11,12). Esta rejeição teve o mesmo significado que a rebelião gentílica em Babel, encerrando, assim, temporariamente, o tempo de Israel no plano de Deus como povo eleito exclusivo dentre todos os outros povos. No entanto, essa rejeição operada gerou uma bênção para nós, gentios, pois, através dela, pudemos ter livre acesso a Deus por meio de Cristo Jesus - “…pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm.11:11b,12).
A triste experiência de Israel deve servir de exemplo para a Igreja. Os israelitas eram os filhos eleitos de Deus e, não obstante, foram cortados da verdadeira Oliveira por causa da incredulidade (Rm.11:17-20).
Hoje, a "menina dos olhos" de Deus é a Igreja, a Sua eleita. Agora, a nossa posição espiritual está acima da dos judeus. Os ramos foram quebrados, por culpa dos próprios judeus: "Não que a palavra de Deus haja faltado" (Rm.9:6). A promessa de Deus não foi quebrada, mas os judeus é que recusaram a promessa. Somos como zambujeiros enxertados no lugar deles, e, assim, participamos da raiz e da seiva da oliveira (Rm.11:15-19).
O cristão é reconhecido, no Novo Testamento, como judeu, no sentido espiritual (Rm.4:11-16); isto é, pela fé em Jesus, ele tornou-se filho de Abraão (Gl.3:7) - "Nem todos que são de Israel são israelitas" (Rm.9:6). Cada cristão, portanto, deve valorizar a sua posição diante de Deus. O que Deus fez conosco é de uma grandeza infinita. Quem vacilar pode ser cortado por Deus assim como aconteceu com Israel (Rm.11:21-24).
Entretanto, o encerramento de Israel no plano de Deus para a salvação da humanidade não é definitivo, pois restam promessas a Israel que ainda não se cumpriram e sabemos que o Senhor vela pela sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12).
A Igreja é a eleita de Deus, é o povo de Deus da Nova Aliança, que abriga todos aqueles que receberam Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Assim com a Arca de Noé foi eleita para abrigar pessoas justas diante de Deus e livrá-las do juízo divino contra a civilização antediluviana, Deus elegeu a Sua Igreja, constituída de povos de todas as nações, gentios e judeus, salvas pelo sangue de Jesus Cristo, com o fim de abrigar todos aqueles que foram salvas em Cristo Jesus. Todos que adentraram a Arca de Noé estavam predestinados a serem salvas do dilúvio. Assim, também, todos os que fazem parte da Igreja de Cristo estão predestinados à salvação eterna. Porém, todos aqueles que estão fora dela e que dela saírem, escolhendo a apostasia, terão o mesmo destino dos demais ímpios (Sl.9:17).
“Podemos comparar a Igreja eleita a um grande navio viajando para o Céu. Cristo é o Capitão e Piloto desse Navio. Todos os que desejam estar nesse Navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva em Cristo. Enquanto permanecerem no Navio, acompanhando seu Capitão, estarão entre os eleitos. Caso alguém abandone esse Navio e ao seu Capitão, deixará de ser um dos eleitos. E todos os que estão dentro desse Navio estão predestinados a serem salvos. Deus convida a todos a entrar a bordo do Navio eleito mediante Jesus Cristo. Quem aceitar o convite e entrar será salvo, quem rejeitar será condenado – ‘Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado’ (Mc.16:16)” (2).
Ev. Luciano de Paula Lourenço
EBD/IEADTC
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(1) Hernandes Dias Lopes. Efésios. Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.
(2) (Adaptado do estudo sobre Eleição e Predestinação – Bíblia de Estudo Pentecostal, pg.1809. Versão:1995).


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