2º Trimestre/2020
Texto Base: Efésios 2:20-22; Mateus
7:24-27
“Edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”
(Ef.2:20).
Efésios
2:
20.edificados sobre o fundamento dos apóstolos
e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
21.no qual todo o edifício, bem ajustado,
cresce para templo santo no Senhor,
22.no qual também vós juntamente sois
edificados para morada de Deus no Espírito.
Mateus
7:
24.Todo aquele, pois, que escuta estas minhas
palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua
casa sobre a rocha.
25.E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava
edificada sobre a rocha.
26.E aquele que ouve estas minhas palavras e
as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre
a areia.
27.E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do maior Edifício
espiritual edificado por Deus: a Igreja, a nova humanidade constituída de
gentios e judeus, os quais foram aproximados por meio de Cristo Jesus na cruz
do calvário (Ef.2:13,16,19). Este “Edifício” foi edificado “sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas”, tendo como Pedra Angular o Senhor Jesus Cristo.
Ele mesmo disse: “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” (Mt.16:18).
Portanto, a fé cristã é um Edifício em que Cristo é a Pedra Angular, isto é, a
Pedra principal, e os ensinos dos apóstolos e os testemunhos dos profetas
bíblicos são o fundamento arguido sobre esta Pedra Angular.
I.
UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL
“Essencialmente, a Igreja representa uma
comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos pode ser comparada a um
edifício e, especialmente, a um templo” (John Stott).
1. O
Santuário judeu
O santuário judaico constituiu o centro de
toda a vida pessoal, social, política e religiosa do povo de Deus da Antiga
Aliança, desde sua implantação no Sinai. Foi assim durante toda a peregrinação
no deserto em direção à Terra Prometida – em forma de Tabernáculo - bem como
durante a sua existência em forma de Templo.
O santuário judeu foi um tipo, uma sombra, da
Pessoa e da Obra de Jesus Cristo (Hb.8:1,2). Cada detalhe do santuário apontava
aspectos da Pessoa e Ministério do nosso Salvador - estudamos exaustivamente
sobre isso ao longo do 2º trimestre de 2019.
Jesus foi o Santuário no qual habitava a plenitude da divindade (Hb.1:3;
Cl.1:15-19). Outrossim, o santuário judaico pode ser considerado uma figura do
cristão.
Sob muitos aspectos, para os israelitas, o
Templo e a cidade de Jerusalém tinham o mesmo significado.
a) Simbolizava a presença e a proteção do
Senhor Deus entre o seu povo (cf. Êx.25:8; 29:43-46).
Quando o Templo foi dedicado, Deus o encheu da Sua glória (2Cr.7:1,2; cf.
Êx.40:34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (2Cr.6:20,33). Por isso,
quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo, voltado em direção
ao templo (2Cr.6:24, 26, 29, 32), e Deus o ouviria “desde o seu templo”
(Sl.18:6).
b) O Templo também representava a redenção
de Deus para com o seu povo. Dois atos importantes tinham
lugar ali: os sacrifícios diários pelo pecado, no altar de bronze (cf.
Nm.28:1-8; 2Cr.4:1) e o Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote entrava no
lugar santíssimo a fim de aspergir sangue no propiciatório sobre a arca para
expiar os pecados do povo (cf. Lv.16; 1Rs.6:19-28; 8:6-9; 1Cr.28:11). Essas
cerimônias do Templo relembravam aos israelitas o alto preço da sua redenção e
reconciliação com Deus. Apontava para Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus.
c) O Templo simbolizava a presença de Deus
somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse à Lei de
Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os líderes do povo
de Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se
seguros de que nenhum mal lhes sobreviria enquanto possuíssem o símbolo da
presença de Deus entre eles (Mq.3:9-12). Profetizou que Deus os castigaria com
a destruição de Jerusalém e do seu Templo.
Posteriormente,
Jeremias repreendeu os idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a
constante repetição das palavras: “Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo
do Senhor é este” (Jr.7:2-4, 8-12). Por causa de sua conduta ímpia, Deus
destruiria o símbolo da sua presença: o Templo (Jr.7:14,15). Deus até mesmo
disse a Jeremias que não adiantava ele orar por Judá, porque Ele não o
atenderia (Jr.7:16). A única esperança deles era endireitar os seus caminhos
(Jr.7:5-7).
Na
época de Jeremias, o povo cometia todo tipo de pecado (Jr.7:5-9); depois, no
sábado, vinha ao Templo, apresentava-se a Deus, e deste modo enganava-se, crendo
que estava seguro mediante o amor que Deus lhe tinha. Acreditavam que o Senhor
jamais permitiria que o Templo e a cidade de Jerusalém fossem destruídos.
Existe
na atualidade essa falsa teologia. Os crentes vivem em desobediência a Deus e à
sua Palavra, e julgam-se seguros, porque creem no “Sangue de Cristo” e na
doutrina “uma vez salvo, salvo para sempre”. Na linguagem de Jeremias, estão
confiando “em palavras falsas” (enganosas), que para nada são proveitosas
(Jr.7:8).
O
próprio Jesus, assim como os profetas do Antigo Testamento, censurou o uso
indevido do Templo. Seu primeiro grande ato público (João 2:13-17) e o seu
último (Mt.21:12,13) foram expulsar do Templo aqueles que estavam pervertendo o
seu verdadeiro propósito espiritual (ver Lc.19:45). Ele passou a predizer o dia
em que o Templo seria completamente destruído (Mt.24:1,2; Mc 13:1,2;
Lc.21:5,6).
Existem alguns paralelos entre a maneira como
os judeus viam o Templo em Jerusalém e como muitos hoje veem suas igrejas:
ü Os
judeus não cultuavam a presença de Deus em sua vida cotidiana como faziam no
Templo. Hoje é possível frequentar belas e bem equipadas igrejas, mas não levar
a presença de Deus conosco durante a semana.
ü O
edifício do Templo se tornou mais importante para os judeus do que a essência
da fé. Ir à igreja e pertencer a um grupo religioso pode tornar-se mais
importante do que ter uma vida transformada para Deus.
ü Os
judeus viam o Templo apenas como santuário. Muitos cristãos não se veem como
Templo do Espírito Santo e usam a filiação religiosa como um esconderijo,
pensando que esta os protegerá dos males e dos problemas.
Portanto, o compromisso de Deus não é com
símbolos, monumentos ou com ícones, mas com todos os que guardam a sua Palavra
e obedecem aos seus mandamentos.
2. O
Santuário cristão (Ef.2:22)
Paulo imaginou a nova humanidade em Cristo – a
Igreja - como a família de Deus (Ef.2:19); agora, ele a compara com o santuário
de Deus em Jerusalém, o Templo (Ef.2:22), que havia sido por quase mil anos o
ponto focal da identidade de Israel como o povo de Deus; mas, agora, havia um
novo povo que não era uma nova nação, mas uma nova humanidade, internacional e
por todo o mundo; um centro geograficamente localizado não seria apropriado
para esse povo; o que, então, poderia ser seu templo, seu centro de unidade?
O Santuário judaico sempre fez parte da
identidade de Israel como povo de Deus; no entanto, o novo povo tem um novo Santuário,
e esse é totalmente distinto daquele. O fundamento desse novo Santuário é o
ensino cristocêntrico dos apóstolos e profetas (Ef.2:20; Atos 2:42), os 2:42),
isto é, as verdades reveladas nas Escrituras Sagradas. A Pedra Angular,
essencial para manter firme esse Edifício, é o próprio Senhor Jesus (Ef.2:20,21
- cf. 1Co.3:11; 1Pd.2:4-8); Nele, todo edifício bem ajustado cresce, a unidade
e o crescimento da Igreja vem em conjunto. Além de Cristo, que é a Pedra
fundamental da Igreja, nós também fazemos parte dessa construção (Ef.2:22); como
pedras que vivem, estamos sendo edificados Casa espiritual (1Pd.2:4,5).
Enfim, Paulo fala que o propósito desse Templo
é ser habitação de Deus (Ef.2:22). O Templo feito por mãos humanas não pode
conter a Deus (1Rs.8:27; Atos 7:48,49), mas Ele habita em pessoas santas e com
elas faz aliança (1Co.6:19,20). O Senhor Jesus disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e
viremos para ele e faremos nele morada” (João 14:23). O apóstolo Paulo
escreveu aos crentes de Éfeso: “no qual também vós juntamente sois edificados
para morada de Deus no Espírito” (Ef.2:22); também escreveu aos cristãos de
Corinto: "Ou não sabeis que o vosso
corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte
de Deus, e que não sois de vós mesmos? Se alguém destruir o templo de Deus,
Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”
(1Co.6:16,17).
Obediência e adoração a Deus são as condições
para se ter a presença de Deus. Hoje, a Igreja, em cada um dos seus membros,
está vivendo este momento como Templo de Deus. Somos o Tabernáculo, a Tenda
móvel, o Templo que anda, a Igreja viva, o Templo do Espírito Santo. Esse
Edifício ainda não está completo, mas está crescendo para ser santuário
dedicado ao Senhor (Ef.2:21). No Céu, seremos definitivamente completados
(Ap.21:1-5).
3. A
Pedra angular
A
pedra angular ou pedra de esquina é uma valiosa peça de arquitetura; ela fixa a
construção e define o alinhamento das paredes; é o elemento essencial que dá
existência àquilo que se chama de fundamento da construção de um edifício; é a
base sólida que o edifício necessita para conseguir chegar à altura programada,
sem cair. Para um cristão, Jesus Cristo é essa base fundamental na qual se
assenta toda a construção da Igreja, formada por todos aqueles que acreditam na
Palavra de Deus.
4.
Cristo, a Pedra principal
No
Cristianismo, a Pedra Angular é simbolicamente representada por Jesus Cristo, o
Filho de Deus. Esta Pedra foi escolhida por Deus para edificar a Igreja,
conforme a planta divina elaborada antes da fundação do mundo (Ef.1:4).
Em diversas passagens da Bíblia Sagrada há
referências sobre Jesus como a Pedra Angular:
· 1Pedro 2:6-8:
"Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e aquele
que nela confia jamais será envergonhado. Portanto, para vocês, os que creem,
esta pedra é preciosa; mas para os que não creem, a pedra que os construtores
rejeitaram tornou-se a pedra angular, e, "pedra de tropeço e rocha que faz
cair. Os que não creem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para o que
também foram destinados” (1Pd.2:6-8-NVI).
· 1Corintios 3:11:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo”.
· Atos 4:11: “Ele
é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por
cabeça de esquina”.
· Atos 4:12: “E
em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
Portanto, Jesus é Pedra principal que alimenta
a Igreja e também é a Pedra em que o mundo deve crer para ser salvo. Não há
nenhuma figura ou tipo que possa apresentá-lo adequadamente no seu variado
ministério e na Sua altíssima glória.
Existem pelo menos três aplicações possíveis
sobre a figura da Pedra Angular:
a)
geralmente, pedra angular é a que está na fiada mais baixa e na esquina da
parte da frente de um edifício. É considerada de
importância fundamental porque todo o resto da estrutura se apoia nela. É nesse
sentido que ela é um tipo verdadeiro do Senhor. Também por ligar duas paredes
pode haver nessa figura a sugestão da união que, por causa de Cristo, existe
entre judeus e gentios na Igreja.
b) em
muitas estruturas, a pedra angular se refere à pedra principal de um arco. Essa
pedra é a mais alta do arco e serve de apoio para as restantes. Cristo, de
fato, ocupa posição elevada na Igreja; Ele é indispensável; se for removido,
todo o resto cai.
c) numa
pirâmide, a pedra angular é a pedra mais alta.
Sendo a pedra que ocupa o lugar mais elevado da estrutura, é a única com forma
e tamanho triangular. As linhas e ângulos dela determinam a forma que a
pirâmide terá. Da mesma maneira, Cristo é a Cabeça da Igreja; Ele é singular em
sua Pessoa e ministério; é Ele quem dá à Igreja as suas características
especiais; Ele é o seu fundamento.
II.
O FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS E PROFETAS
“Edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal
pedra da esquina” (Ef.2:20).
Nada é mais importante para qualquer edifício
do que um fundamento estável. Paulo diz que a Igreja é “[edificada] sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas”. Uma vez que os apóstolos e os
profetas tinham papéis de ensino, parece claro que o que constitui o fundamento
da Igreja não é a pessoa nem o cargo, mas a instrução deles.
“A frase ‘edificados sobre o fundamento’ é a
transição para essa analogia da Igreja como um edifício em processo de
construção. Em Efésios 2:20-22, Paulo novamente assegura aos gentios que
formarão parte integral da Igreja que Deus está construindo. [...] A igreja é
‘edificada’ sobre a revelação original e infalível de Cristo aos primeiros
apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar que líderes visionários e
santos, pessoas cheias da Palavra do ‘espírito de sabedoria e de revelação’
(Ef.1:7), continuam a ser necessárias para liderar a Igreja ‘até que todos
cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito,
à unidade da estatura completa de Cristo’”(ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. CPAD).
1. O
conceito de Apóstolos
O termo grego “apóstolos”
significa literalmente “enviado” ou “mensageiro”. Ocorre pela primeira vez na
literatura do Novo Testamento em Mateus 10:2. O Senhor Jesus Cristo é
reconhecido como o Supremo Apóstolo (Hb.3:1), tendo sido o modelo para os Doze,
assim como para Paulo, o qual veio a ser escolhido por Deus para ser seu
apóstolo entre os gentios (Atos 13:1-3; Gl.1:14,15; 2:7-8). A partir do
Pentecostes, os apóstolos assumiram a proclamação do Evangelho ao mundo,
tornando-se juntamente com os profetas do Novo Testamento o fundamento da
Igreja (Ef.2:20; veja Efésios 3:5; 4:11).
-Apóstolos “originais”. Em sentido restrito designa os Doze (Lc.6:13; Atos 1:26; 2:14) e
Paulo (Rm.1:1; 1Co.1:1,2). Esses Apóstolos “originais” eram testemunhas da
ressurreição de Cristo (Atos 1:22; 1Co.9:1), escolhidos pessoalmente pelo
Senhor (Mc.3:13-19; Gl.1:1), formando ao lado dos profetas do Novo Testamento o
fundamento sobre o qual a Igreja está construída (Ef.2:20; Ef.3:5; cf. Atos
2:42). Nesse sentido restrito, o dom de apóstolo não mais existe.
-Apóstolos “extensivos”. Outros discípulos, além dos doze e Paulo,
também foram chamados de apóstolos na Igreja do Novo Testamento, tais como:
Barnabé (Atos 14:14), Apolo (1Co.4:6,9), Silvano e Timóteo (1Ts.1:1; 2:6) e,
segundo alguns, Andrônico e Júnias (Rm.16:7), este último sendo um nome
feminino, o que sugere a possibilidade de as mulheres terem atuado como
apóstolas.
Como o termo “apóstolo” significa
“enviado”, “mensageiro”, esse dom permanece na Igreja contemporânea com uma
conotação estritamente missionária, distinguindo os cristãos separados por Deus
para a tarefa missionária (Rm.1:5; 1Co.9:2; Gl.2:8), capacitando-os a fundar e
consolidar igrejas (2Co.11:28) por meio das missões culturais ou
transculturais. Assim, o termo “apóstolo”, em sentido secundário ou extensivo,
é sinônimo do termo “missionário” (cf. Atos 9:13-17; 14:21-28; 1Co.9:19-23;
Gl.1:15-17;; 2:7-14; Ef.3:6-8).
É bom enfatizar que o dom de apóstolo
nada tem que ver com os “títulos” que se têm dado na atualidade e que, se
alguma base bíblica tem, só pode ser a referência de 2Co.11:13: “Porque tais
falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de
Cristo”.
2. A
doutrina dos apóstolos
A doutrina dos apóstolos era os ensinamentos
de Jesus. Tudo o que Jesus havia ensinado, eles replicavam. Eles foram os
mensageiros originais, testemunhas e representantes autorizados do Senhor
crucificado e ressurreto. Foram as pedras fundamentais da Igreja, e sua
mensagem encontra-se nos escritos do Novo Testamento como o testemunho original
e fundamental do evangelho de Cristo, válido para todas as épocas.
Os apóstolos fizeram questão de conscientizar
a cada irmão que eles deviam viver cada palavra que o Mestre Jesus havia
ensinado. A propósito, as palavras de Jesus sempre foram o centro de Seu
profícuo ministério. Tudo girava em torno de suas palavras. Aplicar Sua palavra
era tido como quem constrói uma casa sobre a Rocha (Mt.7:24). Aliás, em Suas últimas palavras aos discípulos,
ele dá uma ordem missiológica que também envolve diretamente suas palavras. Em Mateus 28:19-20, Jesus ordena: "Portanto, ide, ensinai todas as
nações... ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado".
Todos os crentes e igrejas locais dependem das
palavras, da mensagem e da fé dos primeiros apóstolos, conforme estão
registradas historicamente no Livro de Atos dos apóstolos e nas Epístolas. A
autoridade deles é conservada no Novo Testamento. As gerações posteriores da
Igreja têm o dever de obedecer à revelação apostólica e dar testemunho da sua
verdade. O evangelho concedido aos apóstolos do Novo Testamento, mediante o
Espirito Santo, é a fonte permanente de vida, verdade e orientação à Igreja.
Todos os crentes genuínos devem não somente
crer na mensagem dos apóstolos, mas também defendê-la e guardá-la contra todas
as distorções ou alterações. A doutrina dos apóstolos, conforme temos no Novo
Testamento, nunca poderá ser substituída ou anulada por revelação, testemunho
ou profecia posterior (Atos 20:27-31; 1Tm.6:20).
Em Apocalipse 21:14 os apóstolos são
associados aos doze fundamentos da Santa Jerusalém. Não são o fundamento, mas
são ligados a ele por terem ensinado a grande verdade sobre Cristo e sua
Igreja.
3. O
Testemunho dos profetas
“edificados sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas, de que
Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef.2:20).
No entendimento de John Stott, os profetas,
aqui informados por Paulo, são provavelmente os profetas do Novo Testamento
(veja Ef.3:5; 4:11), porque a palavra “apóstolos” é citado primeiro. Esses
“profetas” foram mestres inspirados a quem veio a Palavra de Deus, os quais a
transmitiram a outras pessoas fielmente. Nesse caso, a referência deve ser a um
pequeno grupo de mestres inspirados, associados aos apóstolos, que juntos davam
testemunho de Cristo e cujo ensino era fruto da revelação (Ef.3:5). Em termos
práticos, isso significa que a Igreja está edificada sobre as Escrituras do
Novo Testamento“. Veja o que Paulo afirma aos crentes de Éfeso:
“pelo que, quando
ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual,
noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem
sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a
saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da
promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef.3:4-6).
Esses “profetas” “falaram inspirados pelo
Espírito Santo” (2Pd.1:21), mas isto não significa que eles nem os apóstolos
foram o fundamento da Igreja. Cristo é o Fundamento da Igreja (1Co.3:11), porém,
foram eles que lançaram o fundamento através das doutrinas que ensinaram sobre
a Pessoa e obra do Senhor Jesus.
A Igreja é fundada sobre Cristo no sentido de
que Ele foi revelado através do testemunho e dos ensinamentos dos apóstolos e
profetas. Quando Pedro confessou-o como Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus
anunciou que a Sua Igreja seria edificada “sobre esta Pedra”, a saber, sobre a
verdade sólida de que Ele, Jesus, era o ungido de Deus e o Seu Filho único
(Mt.16:18).
4. O
fundamento da Igreja foi lançado uma só vez
O fundamento de qualquer edifício precisa ser
lançado uma única vez. Os apóstolos e profetas fizeram esta obra de uma vez por
todas. O fundamento que lançaram é preservado nas Escrituras do Novo
Testamento, pois eles mesmos não estão mais conosco. Num sentido secundário, em
todas as épocas tem havido homens cujo ministério foi de natureza apostólica ou
profética. Os missionários e os que plantam igrejas são apóstolos, porém num
sentido inferior. Os que ministram a Palavra para edificação dos santos são
profetas, porém, não são profetas e apóstolos no sentido primário.
III.
EDIFICADOS PARA MORADA DE DEUS
Nos últimos quatro versículos do capitulo 2 de
Efésios o apóstolo Paulo faz uma lista dos principais privilégios dos gentios
crentes. Não eram mais “estrangeiros e peregrinos” (Ef.2:19). Nunca mais seriam
tratados como estrangeiros, cães ou incircuncisos. Agora são considerados
concidadãos com todos os santos do período do Novo Testamento. Os crentes cujos
antepassados eram judeus não tinham agora nenhuma vantagem sobre eles. Todos os
cristãos são cidadãos celestes de primeira classe (Fp.3:20,21); também são
membros da “família de Deus”. Não somente foram “soberanamente naturalizados”
no reino divino como também foram adotados dentro da família divina (Ef.2:19).
Finalmente, foram feitos membros da Igreja ou,
como Paulo ilustra em Efésios 2:20, tornaram-se pedras no edifício do santo
templo. Paulo descreve o templo pormenorizadamente; ele fala do seu fundamento,
da pedra angular, do elemento que lhe dá coesão, da sua unidade, simetria,
crescimento e de outros detalhes importantes.
1.
Edifício bem ajustado (Ef.2:21)
“no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para templo santo no Senhor”
(Ef.2:21).
A Pedra Angular, que é o Senhor Jesus, é
essencial para manter firme o Edifício; Nele, todo Edifício bem ajustado
cresce. Além de Cristo, que é a Pedra fundamental da Igreja, nós também faremos
parte dessa construção (Ef.2:22).
A unidade e simetria do Edifício são indicados
na expressão “todo o edifício, bem
ajustado”. Trata-se de uma unidade feita com muitos membros individuais.
Cada membro tem um lugar específico no “edifício” dentro do qual ele é
perfeitamente ajustado. Os gentios, que antes eram pedras extraídas do vale da
morte, pela graça de Deus se acham perfeitamente adaptadas umas às outras.
A característica especial desse edifício é que
ele “cresce”. No entanto, essa característica não é como o crescimento de um
edifício que vai sobrepondo mais tijolos e cimento; é o crescimento de um
organismo vivo, tal como o corpo humano. Afinal, a Igreja não é um prédio
inanimado; também não é uma organização; trata-se de uma entidade viva em
Cristo, um Corpo formado por todos os crentes.
A Igreja nasceu no dia de Pentecostes e, desde
então, tem crescido e continua crescendo. Como pedras que vivem, estamos sendo
edificados casa espiritual (1Pd.2:4,5). Portanto, somos ainda um templo
inacabado; estamos ainda sendo edificados (Ef.2:22). Só depois, no novo Céu e
na nova Terra, ouviremos a voz: “o Tabernáculo de Deus está entre os homens”
(Ap.21:3).
2.
Templo santo no Senhor (Ef.2:21)
“no qual todo o
edifício, bem-ajustado, cresce para templo santo no Senhor” .
Esse Edifício feito de material vivo é
descrito como um “templo santo no Senhor”, ou como diz na Bíblia Almeida
Revista e Atualizada, "santuário dedicado ao Senhor". A palavra que
Paulo emprega para “templo" não se refere ao átrio exterior, mas ao
santuário interior (naos - na língua grega); não os arredores, mas o
templo em si. Paulo tinha em mente o edifício principal do complexo do templo
onde estava o Santo dos Santos. Foi ali que Deus outrora habitou e se
manifestou numa nuvem resplandecente de glória. Há aqui algumas lições:
a) Deus
habita em sua Igreja. Crentes judeus e gentios formam um santuário vivo onde
Deus vive e onde manifesta a Sua glória.
b) Esse
templo é santo. Ele é separado do mundo e dedicado a Deus para os seus santos
propósitos.
c) Como
santuário santo, a Igreja é um centro de onde ascende louvor e adoração a Deus
por meio do Senhor Jesus Cristo.
Paulo continua a falar sobre esse santuário,
ou templo santo, dizendo que ele é dedicado ao Senhor. O Senhor Jesus é o seu
manancial de santidade. Posicionalmente os seus membros são santos por meio da
união com Ele.
3.
Morada do Altíssimo (Ef.2:22)
“no qual também vós juntamente sois
edificados para morada de Deus no
Espírito”.
Note o ministério de cada Pessoa da Divindade
em relação à Igreja:
-“No qual” –
quer dizer em Cristo; é por meio da nossa união com Ele que somos feitos
santuário.
- “Morada de Deus” – esse Templo é a
morada de Deus Pai na Terra.
-“No Espírito” – é na
Pessoa do Espírito Santo que Deus habita a Sua Igreja (1Co.3:16).
A imensa dignidade da posição dos cristãos
consiste no fato de que formam uma “morada de Deus no Espírito”. Eis aqui o
propósito do templo: criar um lugar onde Deus possa morar em comunhão com o seu
povo. Esse lugar é a Igreja. Deve-se comparar isso com a posição dos gentios no
Antigo Testamento; naquela época, eles nem sequer podiam se aproximar da
habitação de Deus; agora, eles mesmos formam grande parte dela.
O Templo, nos dias do Antigo Testamento,
quando era considerado “o santuário anterior”, ou “santo dos santos”, era acima
de todo o lugar em que a glória de Deus descia e se manifestava pela sua
presença. Cristo, ao vir à Terra, tornou obsoleto o Tabernáculo, Templo feito
por mãos humanas. Ele mesmo tornou-se o Lugar de habitação divina entre os
homens (João 1:14). E esse Templo já não está mais entre os seres humanos, pois
Deus, agora, procura para sua habitação homens e mulheres regenerados pelo Seu
Espírito Santo.
CONCLUSÃO
Perceba quão grande Obra Deus, pelo Seu imenso
amor, realizou em todos aqueles que não tinham nenhuma esperança, os gentios. O
capítulo 2 de Efésios que começou descrevendo os gentios como mortos,
depravados, incircuncisos, diabólicos, desobedientes, fora das promessas e sem
esperança, termina com os mesmos gentios purificados de toda a culpa e
imundícia, constituindo uma “morada de Deus no Espírito”. Sinteticamente,
podemos apresentar os gentios em quatro pontos distintos: da morte para a vida;
da escravidão para a liberdade; do túmulo para o trono; da separação para a
reconciliação; e da morada de demônios para morada do Altíssimo. Bendito seja
Deus por tão grande amor, graça, bondade e misericórdia dispensado a todos nós.
-----------
Luciano de
Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Pr. Douglas Baptista. A Igreja Eleita.
Redimida pelo Sangue de Cristo e Selada com o Espírito Santo. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Efésios. Igreja, a
noiva gloriosa de Cristo.
SHEDD, Russel. Epístolas da Prisão: uma
análise. São Paulo: Edições Vida Nova,
2005, p. 15.
STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo:
ABU Editora, 2007.
STOTT, John. Lendo Efésios.
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