3º Trimestre/2020
EDIÇÃO ESPECIAL
Texto Base: Neemias 8:1-12
“E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a
congregação [...] E leu nela [...] desde a alva até ao meio-dia, perante homens,
e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da
Lei”(Ne.8:2,3).
Neemias 8:
1.E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades,
todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e
disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o
SENHOR tinha ordenado a Israel.
2.E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação, assim de
homens como de mulheres e de todos os entendidos para ouvirem, no primeiro dia
do sétimo mês.
3.E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde
a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos
de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei.
4.E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira, que fizeram
para aquele fim; e estavam em pé junto a ele, à sua mão direita, Matitias, e
Sema, e Anaías, e Urias, e Hilquias, e Maaséias; e à sua mão esquerda, Pedaías,
e Misael, e Malquias, e Hasum, e Hasbadana, e Zacarias, e Mesulão.
5.E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava
acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6.E Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém!
Amém!?, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em
terra.
7.E Jesua, e Bani, e Serebias, e Jamim, e Acube, e Sabetai, e Hodias, e
Maaséias, e Quelita, e Azarias, e Jozabade, e Hanã, e Pelaías, e os levitas
ensinavam ao povo na Lei; e o povo estava no seu posto.
8.E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido,
faziam que, lendo, se entendesse.
9.E Neemias (que era o tirsata), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os
levitas que ensinavam ao povo disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao
SENHOR, vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo
chorava, ouvindo as palavras da Lei.
10.Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e
enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado
ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a
vossa força.
11.E os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque
este dia é santo; por isso, não vos entristeçais.
12.Então, todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a
fazer grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do grande valor do ensino das Escrituras Sagradas ao
povo de Deus. E o ensino das Escrituras precisa ser realizado por pessoas que
se dedicam a este ministério. Esdras estava ciente de que para iniciar a
reconstrução religiosa do povo era necessário começar pelo ensino da Palavra de
Deus, pois sem ela não há identidade espiritual nem moral. Por isso, Esdras foi
a Jerusalém e ensinou o povo as Escrituras Sagradas; o avivamento do povo de Deus
foi tremendo, e teve início mediante um autêntico retorno à Palavra de Deus e
um esforço decisivo para a compreensão da sua mensagem (Ne.8:8).
Há uma profunda conexão entre o ensino fiel das Escrituras e o avivamento
espiritual. Sempre que a Palavra de Deus é exposta com poder há uma profunda
manifestação do Espírito Santo, gerando despertamento espiritual na vida do
povo de Deus. Neemias 8 é um grande modelo da pregação que produz o verdadeiro
crescimento espiritual. Martin Lloyd-Jones disse que a pregação é a tarefa mais
importante do mundo, a maior necessidade da Igreja e a maior necessidade do
mundo. Podemos afirmar, portanto, que a Palavra de Deus é o elemento central
para gerar avivamento, crescimento e desenvolvimento do caráter do povo de Deus.
I. O POVO SE AJUNTOU NA PRAÇA PARA OUVIR A PALAVRA DE DEUS
“E chegado o sétimo mês, e estando os filhos
de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça,
diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o
livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel”(Ne.8:1).
À época de Neemias e Esdras o maior avivamento espiritual ocorrido em
Jerusalém foi a restauração da autoridade da Palavra de Deus sobre o povo. A
leitura da Bíblia por Esdras trouxe um grande impacto na vida do povo.
1. O líder deve ser apto para ensinar
Entre os crentes sempre há a necessidade de ensino e esta oportunidade
não deve de forma alguma ser negligenciada pelo líder; ele deve procurar
aproveitá-la ao máximo possível. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo afirma
que o verdadeiro líder deve estar apto para ensinar (1Tm.3:2). Ele deve ensinar
a outros e treinar líderes (Tt.1:9). A maior necessidade da Igreja é de homens
que conheçam, vivam e ensinem a Palavra de Deus com aptidão. O ensino da
Palavra de Deus é a tarefa mais importante que existe no mundo. As pessoas não
buscam alguém para lhes contar bonitas experiências, mas procuram um fiel e
apto expositor das Escrituras.
2. O povo se reuniu para ouvir a Palavra de Deus
Uma das principais evidências de um avivamento bíblico entre o povo de
Deus é a grande fome de ouvir e ler a Palavra de Deus. Esdras subiu numa
plataforma especialmente construída para a ocasião e, ao lado de treze levitas,
leu por várias horas o que havia no Livro da Lei de Moisés. O povo demonstrou
profundo respeito pela Palavra de Deus (ler Ne.8:5,6), à medida que os levitas,
mencionados no versículo 7 do capitulo 8, forneciam explicações sobre o que
estava sendo dito (Ne.8:8).
O ajuntamento do povo para ouvir a Palavra de Deus naquela ocasião tem
quatro características distintas que devem servir de modelo para a Igreja
contemporânea (Adaptado do Livro “Neemias”,
de Hernandes Dias Lopes):
a) O ajuntamento foi espontâneo (Ne.8:1) – “E
chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o
povo se ajuntou como um só homem, na praça...”. Deus moveu o coração do
povo para reunir-se para buscar a Palavra de Deus. Eles não se reuniram ao
redor de qualquer outro interesse. Hoje o povo busca resultados e não a
verdade; coisas materiais e não a Deus; benefícios pessoais e não a Palavra de
Deus; querem as bênçãos de Deus, mas não o Deus das bênçãos. Têm fome de
prosperidade e sucesso, mas não têm fome da Palavra.
b) O ajuntamento foi coletivo (Ne.8:2,3). Todo o povo, homens e mulheres, reuniram-se
para buscar a Palavra de Deus. Ninguém ficou de fora. Pobres e ricos,
agricultores e nobres, homens e mulheres, jovens e crianças. Eles tinham um
alvo em comum: buscar a Palavra de Deus. Precisamos ter vontade de nos reunir
não apenas para ouvir cantores famosos ou pregadores conhecidos, mas para ouvir
a Palavra de Deus. O centro do culto é a pregação da Palavra de Deus.
c) O ajuntamento foi harmonioso (Ne.8:1) - "Todo
o povo se ajuntou como um só homem". Não havia apenas ajuntamento, mas comunhão. Não apenas estavam perto
uns dos outros, mas eram unidos de alma. A união deles não era em torno de
encontros sociais, mas em torno da Palavra de Deus.
d) O ajuntamento foi proposital (Ne.8:1) - "[...]
e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o
Senhor tinha prescrito a Israel". O propósito do povo era ouvir a
Palavra de Deus. Eles tinham sede da Palavra. Eles tinham pressa de ouvir a
Palavra. Não era qualquer novidade que os atraía, mas a Palavra de Deus.
Esse método de Esdras e dos levitas tem sido abençoado por Deus ao longo
dos séculos e continua a ser um instrumento eficaz para levar o povo de Deus da
Nova Aliança à maturidade e ao despertamento espiritual. Pregações textuais e
temáticas podem, com frequência, ser inspiradoras e úteis, porém seus
benefícios espirituais não se comparam aos resultados alcançados por
ministérios semelhantes ao de Esdras. Abençoados são os cristãos que têm o
privilégio de ouvir pregações expositivas sobre as Escrituras Sagradas.
3. O povo estava atento à leitura da Palavra de Deus
“E leu nela, diante da praça, que está diante
da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e
entendidos; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei”(Ne.8:3).
De pé sobre um púlpito de madeira, durante sete dias, seis horas por dia,
Esdras leu o livro da lei (Ne.8:3,18). O povo permaneceu desde a alva até ao
meio-dia, sem sair do lugar (Ne.8:7), com os ouvidos atentos. Eles queriam Pão
do Céu, a Verdade de Deus. Só o Pão nutritivo da Palavra de Deus pode saciar a
fome daqueles que anseiam por Deus.
4. Homens preparados foram designados para o ensino (Ne.8:7)
“E
Jesua, e Bani, e Serebias, e Jamim, e Acube, e Sabetai, e Hodias, e Maaséias, e
Quelita, e Azarias, e Jozabade, e Hanã, e Pelaías, e os levitas ensinavam ao
povo na Lei; e o povo estava no seu posto”.
Vemos aqui neste versículo que Neemias e Esdras designaram instrutores
para ensinar a Palavra de Deus em todas as cidades de Judá. Até os levitas que
serviam no Templo foram envolvidos nesse mister (Ne.11:1). Esses líderes tinham
plena consciência de que a base do avivamento espiritual é o ensino da Palavra
de Deus e a sua obediência.
No Novo Testamento, para cumprir a tarefa do ensino da Palavra, é
preciso, em primeiro lugar, que a Igreja se veja dotada de homens e mulheres
preparados para ensinar. Um dos grandes problemas que temos visto nas Igrejas
Locais da atualidade é o despreparo das pessoas para ensinarem a Palavra de
Deus. Quando falamos em preparo, não estamos nos referindo à escolaridade ou ao
conhecimento secular de alguém, mas, sobretudo, ao seu conhecimento bíblico, à
sua capacidade de manejar bem a Palavra da Verdade (1Tm.2:15). Atualmente temos
vistos que, à medida que a escolaridade nas igrejas evangélicas sobe, o
conhecimento bíblico decresce. É válido ressaltar que décadas passadas, grande
parte dos obreiros das Assembleias de Deus era composta de pessoas iletradas, semialfabetizados,
mas tinham profundo conhecimento bíblico; atualmente, estamos repletos de
obreiros dotados de diplomas universitários, mas que, biblicamente, são
completamente analfabetos. O que é isto? É falta de estudo da Palavra de Deus!
II. A SUPREMACIA DA PALAVRA DE DEUS
A Bíblia é a Palavra de Deus. Esta é a definição canônica mais curta da
Bíblia. Tudo o que Deus tem preparado para o homem, bem como o que Ele requer
do homem, e tudo o que o homem precisa saber espiritualmente da parte dEle
quanto à sua redenção e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Tudo o que
o homem tem a fazer é tomar a Palavra de Deus e apropriar-se dela pela fé.
Podemos afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus entre outros motivos, porque:
- A própria Bíblia faz menção da sua inspiração.
- O Espírito Santo testifica em nosso íntimo que
ela é a Palavra de Deus.
- Nenhum outro livro apresenta tantos testemunhos
a respeito da transformação de uma pessoa; muitas conversões foram feitas
por meio da leitura da Bíblia, demonstrando o poder da Palavra.
- A unidade da Bíblia: seus sessenta e seis
livros apresentam a pessoa de Jesus Cristo; o Antigo Testamento falava da
vinda do Messias e as suas profecias se cumpriram no Novo Testamento; o
próprio Jesus destacou ser Ele o tema do Antigo Testamento (Mt.5:17; Lc.24:27:44;
João 5:39; Hb.10:7).
Três verdades precisam ser destacadas aqui (Adaptado do Livro Neemias, de Hernandes Dias Lopes):
1. O pregador precisa estar comprometido com as Escrituras (Ne.8:2,4,5)
Esdras era um homem comprometido com as Escrituras Sagradas (Esdras 7:10)
- “Porque Esdras tinha preparado o seu
coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel
os seus estatutos e os seus direitos”. As pessoas não buscam alguém para
lhes contar bonitas experiências, mas procuram um fiel expositor das
Escrituras. A maior necessidade da Igreja é de homens que conheçam, vivam e
preguem a Palavra de Deus com fidelidade. A pregação é a maior necessidade da Igreja
e do mundo. A pregação é a tarefa mais importante que existe no mundo.
Precisamos nos tornar o povo "do Livro", "da Palavra". Não
há avivamento espiritual sem a restauração da autoridade da Palavra de Deus.
2. O povo precisa estar sedento das Escrituras (Ne.8:1,3)
A Bíblia era o anseio do povo. Eles se reuniram como um só homem (Ne.8.1),
com os ouvidos atentos (Ne.8:3), reverentes (Ne.8:6), chorando (Ne.8:9) e
alegrando (Ne.8:12) e prontos a obedecer (Ne.8:17). O povo queria não farelo,
mas trigo; eles queriam Pão do céu, a verdade de Deus. Eles buscaram pão onde
havia pão. Muitos vão à Casa do Pão e não encontram pão; são como Noemi e sua
família, que saíram de Belém e foram para Moabe, porque não encontraram pão na Casa
do Pão. Quando as pessoas deixam a Casa do Pão, encontram a morte.
Há muita propaganda enganosa nas Igrejas hoje. Prometem pão, mas só há
fornos frios, prateleiras vazias e algum farelo de pão. Apenas receita de pão
não pode matar a fome do povo. Só o pão nutritivo da Verdade pode saciar a fome
daqueles que anseiam por Deus.
3. Vejamos as atitudes do povo de Israel em relação às Escrituras
Sagradas (Ne.8:1-8)
Quatro atitudes nos
chamam a atenção:
a) Eles estavam com os ouvidos atentos (Ne.8:3). O povo permaneceu desde a alva até ao
meio-dia, sem sair do lugar (Ne.8:7), com os ouvidos atentos. Não havia
dispersão, distração nem enfado. Eles estavam atentos não apenas ao pregador, mas,
sobretudo, ao Livro da Lei. Não havia esnobismo nem tietagem, mas fome da
Palavra de Deus.
b) A mente deles estava despertada para o
conhecimento (Ne.8:2,3,8). A explicação era lógica, para que todos entendessem. O aviamento não foi
um apelo às emoções, mas um apelo ao entendimento.
c) Eles estavam reverentes (Ne.8:5) - "Esdras
abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele; abrindo-o ele,
todo o povo se pôs em pé". Essa era uma atitude de reverência e
respeito à Palavra de Deus. Esse púlpito elevado não era para revelar o garbo
do pregador, mas a supremacia da Palavra de Deus.
d) Eles estavam em posição de adoração (Ne.8:6). Esdras ora, o povo responde com um sonoro
amém, levanta as mãos e se prostra para adorar. Onde há oração e exposição da
Palavra, o povo exalta a Deus e O adora.
III. A PRIMAZIA DA PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
A Pregação da Palavra de Deus tem a primazia porque ela, a Palavra:
·
É a Verdade (João 17:17).
A Bíblia não apenas fala a verdade como também é a própria Verdade.
·
É viva e eficaz
(Hb.4:12). A Bíblia é viva por que ela age atuando em nossas vidas; sendo
também eficaz, em tudo que faz dá certo.
·
É inspirada por Deus
(2Pd.1:20,21). Embora tenha sido escrita por mãos de homens, a Bíblia foi
inspirada por Deus a eles. Prova disto é que foi escrita em lugares, épocas,
línguas e pessoas diferentes e mesmo assim ela trata dos mesmos assuntos sendo
coerente em tudo o que diz, pois o Autor é o mesmo Deus.
·
É útil (2Tm.3:16,17). A
utilidade da Bíblia é para diversos assuntos da vida, dando sabedoria e
conhecimento ao ser humano em todas as áreas de sua existência.
O apóstolo Paulo, o maior bandeirante do Cristianismo, fechando as
cortinas da vida, na antessala de seu martírio, ordenou a Timóteo: “Prega a palavra…” (2Tm.4:2). Uma vez
que temos a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito de Deus, inerrante,
infalível e suficiente, não podemos guardá-la apenas para nós. A palavra que
nos foi confiada precisa ser transmitida.
Portanto, não basta reconhecer a supremacia das Escrituras Sagradas, é
preciso estar comprometido com a primazia da pregação. Sonegar a Palavra é
privar as pessoas de conhecer a graça de Deus. Reter a mensagem da salvação é
uma atitude cruel com os perdidos, uma vez que a fé vem pelo ouvir a Palavra.
Deus chama os seus escolhidos por meio da Palavra. A Palavra de Deus é
poderosa, tem vida em si mesma; é a divina Semente, que semeada em boa terra
produz a trinta, a sessenta e a cento por um; nunca volta para Deus vazia; sempre
cumpre o propósito para o qual foi designada.
Em Neemias capitulo oito encontramos os três pontos principais da
pregação expositiva. Que pontos são esses? (Adaptado
do Livro Neemias, de Hernandes Dias Lopes):
1. Ler o texto das Escrituras (Ne.8:2,3,5)
Por ocasião do sermão, a leitura do texto é sobremodo importante, pois é
a fonte da mensagem e a autoridade do mensageiro. O texto é o fundamento do
sermão. O sermão é o texto explicado. O sermão só é legítimo quando se propõe a
explicar o texto lido. Muitos pregadores são descuidados na leitura do texto; atropelam-no
e leem-no atabalhoadamente, dando a impressão que o desconhecem ou o desprezam.
2. Explicar o texto das Escrituras (Ne.8:7,8)
Pregar é explicar o texto sagrado. A mensagem é baseada na exegese, ou
seja, tirar do texto, o que está no texto. Não podemos impor ao texto nossas ideias,
isso é eisegese. Calvino dizia que pregação é a explicação do texto. O púlpito
é o trono de onde Deus governa a sua Igreja. O texto governa o pregador. Lutero
dizia que existe a Palavra de Deus escrita, a Palavra de Deus encarnada e a
Palavra de Deus pregada. Muitos hoje dizem: "Eu já tenho o sermão, só
falta o texto". Isso não é pregação. Deus não tem nenhum compromisso com a
palavra do pregador, e sim com a Sua Palavra. É a Palavra de Deus que tem a
promessa de não voltar vazia e não a palavra do pregador.
3. Aplicar o texto das Escrituras (Ne.8:9-12).
A aplicação do texto é o alvo do sermão. O sermão precisa alcançar o
coração dos ouvintes como uma flecha. A mensagem não é só verdadeira, mas
também relevante. Para usar uma figura de John Stott, o sermão é uma ponte
entre dois mundos - ele liga o texto antigo ao ouvinte contemporâneo. O
pregador traz o texto antigo à audiência moderna. O sermão leva a voz de Deus
aos ouvintes contemporâneos. O pregador precisa ler o texto e sentir o povo; ele
deve pregar não diante da congregação, mas à congregação.
A aplicação num sermão não é simplesmente um apêndice da discussão ou
subordinada a ela, mas é a coisa principal a ser feita. Onde começa a
aplicação, começa o sermão.
Entretanto, há um grande perigo de heresia na aplicação de um texto; se
não o interpretarmos corretamente, vamos aplicá-lo distorcidamente, vamos
prometer o que Deus não está prometendo e corrigir quando Deus não está
corrigindo. À época de Neemias e Esdras a exposição e a aplicação correta da
Palavra de Deus produziram na vida do povo vários resultados preciosos que subsistiram
por muito tempo.
IV. RESULTADOS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS
A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus para a humanidade, e esta
revelação contém ensinos preciosos e indispensáveis para que o homem viva. O
povo de Deus se dispôs a seguir ao Senhor depois que Esdras e Neemias, em
cumprimento à própria Lei, ajuntou o povo para ler a Palavra de Deus para o
povo. O avivamento foi decorrência direta dessa reunião, em que não só o povo
ouviu a leitura da Lei como também teve lições a respeito de seu significado
(Ne.8:7,8).
O ensino da Palavra de Deus por Esdras e Neemias atingiu as seguintes
áreas vitais da vida do povo (Adaptado do
Livro Neemias, de Hernandes Dias Lopes):
1. Atingiu o intelecto do povo (Ne.8:8)
“E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando
e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”.
A pregação foi dirigida à mente. O culto foi racional. Esdras subiu numa
plataforma especialmente construída para a ocasião e, ao lado de treze levitas,
leu por várias horas o que havia no Livro da Lei de Moisés. O povo demonstrou
profundo respeito pela Palavra de Deus, à medida que os levitas, mencionados em
Ne.8:7, forneciam explicações sobre o que estava sendo dito (Ne.8:8). Uma vez
que o aramaico substituiu o hebraico após o cativeiro, era necessário explicar
ao povo muitas palavras hebraicas presente nas Escrituras.
2. Atingiu a emoção do povo (Ne.8:9-12)
Esse fato pode ser provado por duas reações do povo ao ouvir a exposição
da Palavra:
a) A primeira reação foi
choro pelo pecado
(Ne.8:9). A Palavra de Deus produz quebrantamento, arrependimento e choro pelo
pecado. O verdadeiro conhecimento nos leva às lágrimas. Quanto mais perto de
Deus você está, mais tem consciência de que é pecador e mais chora pelo pecado.
O emocionalismo é inútil, mas a emoção produzida pelo entendimento é parte
essencial do povo de Deus. É impossível compreender a verdade sem ser tocado
por ela.
b) A segunda reação foi a
alegria da restauração (Ne.8:10). As festas deviam ser celebradas com alegria
(Dt.16:11,14). A alegria, como fruto do
Espírito, tem três aspectos importantes:
· Uma origem divina. "A alegria do
Senhor". Essa não é uma alegria circunstancial, momentânea, sentimental, é
a alegria de Deus, indizível e cheia de glória.
· Um conteúdo bendito. Deus não é apenas a
origem, mas o conteúdo dessa alegria. O povo regozija-se não apenas por causa
de Deus, mas em Deus - Sua graça, Seu amor, Seus dons. É na presença de Deus
que há plenitude de alegria.
· Um efeito glorioso - "A alegria
do Senhor é a nossa força"(Ne.8:10). Quem conhece essa alegria não
olha para trás como a mulher de Ló. Quem bebe da fonte das delícias de Deus não
vive cavando cisternas rotas. Quem bebe das delícias de Deus não sente saudades
do Egito. Essa alegria é a nossa força. Foi essa alegria que Paulo e Silas
sentiram na prisão. Essa é a alegria que os mártires sentiram na hora da morte
- era “a alegria do Senhor”. Aleluia!
3. Atingiu o anseio do povo (Ne.8:11,12)
11.E os levitas fizeram calar todo o povo,
dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso, não vos entristeçais.
12.Então, todo o povo se foi a comer, e a
beber, e a enviar porções, e a fazer grandes festas, porque entenderam as
palavras que lhes fizeram saber.
Isso pode ser conferido por duas decisões tomadas pelo povo depois de
ouvir a Palavra:
- Primeira, obediência a Deus (Ne.8:12). O povo
obedeceu à voz de Deus e deixou o choro e começou a regozijar-se.
- Segunda, solidariedade ao próximo (Ne.8:12). O
povo começou não apenas a alegrar-se em Deus, mas a manifestar seu amor ao
próximo, enviando porções àqueles que nada tinham. Não podemos separar a
dimensão vertical da horizontal no culto.
4. Foi gerado no coração do povo temor a Deus (Ne.9:1-3)
1.E, no dia vinte e quatro deste mês, se
ajuntaram os filhos de Israel com jejum e com pano de saco e traziam terra
sobre si.
2.E a geração de Israel se apartou de todos os
estranhos, e puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades
de seus pais.
3.E, levantando-se no seu posto, leram no
livro da Lei do SENHOR, seu Deus, uma quarta parte do dia; e, na outra quarta
parte, fizeram confissão; e adoraram o SENHOR, seu Deus.
Como resultado do ensino da Palavra de Deus, o povo confessou os seus
pecados, apartou-se de deuses estranhos, adorou ao Senhor seu Deus, e com Ele
fez firme concerto (Ne.9:1-3). Foi, na verdade, uma demonstração de grande
avivamento espiritual. A Palavra de Deus é poder de Deus (Rm.1:16). Pelo temor
a Deus o crente se aparta do mal (Pv.3:7), se desvia do mal (Pv.16:6), e
aborrece o mau caminho (Pv.8:13).
CONCLUSÃO
Vimos neste estudo que a leitura, a explicação e a aplicação da Palavra
trouxeram choro pelo pecado e alegria de Deus na vida do povo. Vimos também que
a liderança se reuniu para aprofundar-se no estudo da Palavra e o resultado foi
a restauração da vida religiosa de Jerusalém. Essas reuniões de estudo
aconteceram durante 24 dias (Ne.8:1-3,8,13,18; 9:1). Havia fome da Palavra; o
estudo e a obediência dela trouxeram um poderoso reavivamento espiritual.
Qualquer movimento espiritual que dispense o estudo das Escrituras
Sagradas, que dispense a meditação na Palavra do Senhor, não pode produzir vida
espiritual alguma. Para que tenhamos um verdadeiro avivamento, para que nos
santifiquemos e nos tornemos fortes espiritualmente, é mister que sejamos
iluminados, e a única luz que existe é a Palavra de Deus (Sl.119:105).
Portanto, se quisermos Igrejas avivadas, comecemos pela Palavra de Deus; sem
ela, não pode haver despertamento espiritual.
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Hernandes Dias Lopes. Neemias – O líder que
restaurou uma nação.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Comentário Bíblico NVI –
EDITORA VIDA.
A paz do Senhor,tenho acompanhado seus comentários das lições biblicas de adultos que muito tem me ajudado em minhas aulas na ED ,uma bênção.
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