1º Trimestre/2021
Texto Base: Atos 2:1-13
“Porque, na verdade,
João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias” (Atos 1:5).
Atos 2:
1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes,
estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2.e, de repente, veio do céu um som, como
de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam
assentados.
3.E foram vistas por eles línguas
repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4.E todos foram cheios do Espírito Santo
e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem.
5.E em Jerusalém estavam habitando
judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma
multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7.E todos pasmavam e se maravilhavam,
dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão
falando?
8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na
nossa própria língua em que somos nascidos?
9.Partos e medos, elamitas e os que
habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,
10.e Frígia, e Panfília, Egito e partes
da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),
11.e cretenses, e árabes, todos os temos
ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12.E todos se maravilhavam e estavam
suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13.E outros, zombando, diziam: Estão cheios de
mosto.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do “Batismo no
Espírito Santo”, uma experiência vívida no orbe pentecostal tradicional. Não é
uma experiencia restrita apenas aos dias iniciantes da Igreja ou, quando muito,
aos tempos apostólicos, não. E quem é que o diz? Os teólogos pentecostais? Os
líderes das denominações chamadas pentecostais? Claro que não! Quem o diz é a
própria Palavra de Deus. No dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta
operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do
derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa
estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20),
reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a
judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39). Portanto,
pelo que podemos concluir pelas Escrituras, o derramamento do Espírito Santo,
qual ocorreu no Pentecostes, foi uma manifestação que tem sua duração prevista
até o grande e glorioso dia do Senhor.
I. O QUE
SIGNIFICA “BATISMO NO ESPÍRITO”?
O Batismo no Espírito Santo é o revestimento
e derramamento de poder do Alto - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo,
que há de vir sobre vós...” (Atos 1:8) -, com a evidência física inicial de
línguas estranhas (Atos 2:2,3), conforme o Espírito Santo concede, pela
instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais
profunda adoração e eficiente serviço para Deus. O crente batizado no Espírito
Santo goza do privilégio de uma comunhão mais profunda com Deus, de uma vida de
oração mais poderosa, de mais capacidade para entender a Palavra de Deus. Ele
pode suportar as provações, as tentações com mais facilidade.
1. O
Fenômeno do Pentecostes (Atos 2:2-4)
O poderoso derramamento do Espírito
Santo, no dia de Pentecostes, inaugurou o movimento pentecostal (At.2:1-47). Cristo
subiu e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e enviou
o Espírito a fim de habitar para sempre com a Igreja. A partir do Pentecostes,
esta é uma experiência normal da Igreja.
Mas, a descida do Espírito Santo no dia
de Pentecostes não foi um acontecimento casual, e sim uma agenda estabelecida
por Deus desde a eternidade. O mesmo Espírito Santo que desceu sobre Jesus no
Jordão, guiou-o no deserto e revestiu-o com poder para salvar, libertar e curar
(Lc.3:21,22; 4:1,14,18), agora veio sobre os discípulos de Jesus (At.1:5,8;
2:33). O Livro de Atos narra outros derramamentos do Espírito Santo e,
certamente, essa experiência sobrenatural ocorreu inúmeras vezes no decurso do
período da graça, chegando até nós.
A maior parte dos chamados evangélicos
tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas
durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a
partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas
figuras de Martinho Lutero e João Calvino, não aceitam que o batismo no
Espírito Santo seja uma realidade para os nossos dias. Argumentam que o
derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de
Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos, algo como a própria
inspiração do Espírito Santo que resultou na elaboração do Novo Testamento. Entretanto,
este entendimento não pode ser aceito, porque não tem respaldo bíblico, pois a
Bíblia diz que no dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do
Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do
Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada
para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20),
reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a
judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39).
2. Pontos
importantes do fenômeno do Pentecostes (1)
a) O significado do Pentecostes (Atos 2:1a)
– “Ao cumprir-se o dia do Pentecostes...”. A palavra pentecoste significa o
quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o
sábado da semana da Páscoa (Lv.23:15,16). É também chamado de Festa das Semanas
(Dt.16:10), Festa da Colheita (Êx.23:16) e Festa das Primícias (Nm.28:26). Cristo
ressuscitou como as primícias dos que dormem e durante quarenta dias deu provas
incontestáveis de sua ressurreição com várias aparições a seus discípulos. Dez
dias após sua ascensão, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes.
b) A espera do Pentecostes (Atos 2:1b) – “...estavam
todos reunidos no mesmo lugar”. Os 120 discípulos
estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de
repetente, o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Estribados na promessa do
Pai anunciada por Jesus, havia no coração deles a expectativa do revestimento
de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo propósito, buscando o mesmo
revestimento do Espírito.
c) O derramamento do Espírito no
Pentecostes (Atos 2:2-4). O historiador Lucas
registra a descida do Espírito com as seguintes palavras:
2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento
veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de
fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
O derramamento do Espírito Santo foi um
fenômeno celestial. Não foi algo produzido, ensaiado, fabricado. Aconteceu algo
verdadeiramente do Céu. Foi um fenômeno incontestável e irresistível. Foi
soberano, ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus
resultados. Foi definitivo, Ele veio para ficar para sempre com a Igreja. William
Macdonald afirma que a vinda do Espírito Santo envolveu um Som para ouvir,
um Cenário para ver e um Milagre para experimentar.
- O derramamento do Espírito veio como um som (Atos
2:2). Não foi barulho, algazarra, falta
de ordem, histeria, mas um “som” do Céu. A palavra grega “echos”,
usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21:25 para descrever o estrondo do
mar. O derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento audível,
verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse
impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra de Deus.
- O derramamento do Espírito veio como um vento (Atos
2:2). O vento é símbolo do Espírito Santo
(Ez.37:9,14; João 3:8). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua
soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o
Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra
onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele
soprasse. Como o vento, o Espírito é soberano. Ele sopra no templo, na
rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra, na hora do
batismo nas águas. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. As pessoas
podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso.
Como o vento, o Espírito também é misterioso; ninguém sabe donde vem nem
para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda
das pessoas nem se deixa domesticar.
- O derramamento do Espírito veio em línguas de fogo (Atos
2:3). O fogo também é símbolo do
Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e
não se consumia (Êx.3:2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor,
desceu fogo do Céu (2Cr.7:1). No Carmelo, Elias orou, e o fogo desceu
(1Rs.18:38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus
ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. E o Espírito Santo
desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e
alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje, em muitas reuniões,
a Igreja parece mais uma geladeira a conservar intacto seu religiosismo do
que uma fogueira a inflamar corações. Muitos crentes parecem mais uma
barra de gelo do que uma labareda de fogo. Certa feita alguém perguntou a
Dwight Moody: “como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”. O
grande avivalista respondeu: “acenda uma fogueira no púlpito”. Quando
gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder. John Wesley
disse: “ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”. O
Espírito Santo, como o fogo, derrete o coração, separa e queima a escória,
e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o fogo que
está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais. Este é
o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc.12:49).
- O derramamento do Espírito Santo traz uma experiência
pessoal de enchimento do Espírito Santo (Atos 2:4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes
Jesus havia deixado isso claro (João 13:10; 15:3; 17:12). De acordo com a
teologia de Paulo, se eles já eram salvos, já tinham o Espírito Santo,
pois o apóstolo escreveu: “[...] se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse
tal não é dele (Rm.8:9). Jesus disse: “Quem não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no Reino” (João 3:5). Além de já terem o Espírito
Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre eles o Espírito Santo,
e disse: “[...] recebei o Espírito Santo” (João 20:22). Mas a despeito de
serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito, eles
ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo,
outra coisa é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito,
outra é ser cheio dEle. Uma coisa é ter Espírito presente, outra é tê-lo
como presidente. Você, que tem o Espírito Santo, já teve uma experiência
pessoal de enchimento dEle?
3. Duas
bênçãos distintas
O Batismo no Espírito Santo é uma experiência
distinta da Salvação. A salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo no
Espírito. Este, reflete a busca por uma aproximação mais pessoal do crente com
Deus; Ele capacita o crente a ser eficaz no testemunho do Evangelho ao mundo.
Quando a Palavra de Deus é proclamada sob o poder do Espírito, sua veracidade é
confirmada muito mais do que naquelas pessoas que são dotadas apenas de
refinamento formal e intelectual, embora isto possa ter um importante papel,
desde que esteja sob o domínio do Espírito Santo.
Portanto, todos aqueles que foram salvos
em Cristo - sejam eles pentecostais, ou não, foram eles batizados no Espírito
Santo, ou não -, têm o Espírito Santo, e foram batizados no Corpo de Cristo (1Co.12:13)
– “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. Quem
não tem o Espírito não é cristão (Rm.8:9) – “Vós, porém, não estais na carne,
mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não
tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.
Outro texto que comprova que o Batismo no
Espírito Santo e a Salvação são duas bençãos distintas é o de Atos 8:14-17. Em
Samaria, muitos foram convertidos pela pregação poderosa do Diácono e Evangelista
Filipe. Foram salvos, mas não eram batizados no Espírito Santo. Somente após a
chegada de Pedro e João eles obtiveram a experiência do Batismo no Espírito
Santo.
“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que
Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais,
tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque
sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do
Senhor Jesus). Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”.
4.
Conceito teológico
No Antigo Testamento, a festa judaica de
Pentecostes - que era comemorada cinquenta dias depois da Festa das Primícias,
uma prefiguração da ressurreição de Cristo -, era uma figura, um símbolo, um
tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se
iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre
esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que
é fundamental para a nossa vida cristã.
Não é coincidência que o derramamento do
Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar é
importante salientar que estamos diante do "ano aceitável do Senhor"
(Lc.4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se
iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo
caminho para o Pai (Hb.10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor,
nada mais é que a Páscoa (1Co.5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao
sábado da Páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote
(Lv.3:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que outra não é
senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da
semana - Cristo Jesus (1Co.15:20,23; Cl.1:18). Em seguida, cinquenta dias
depois, vinha o Pentecostes, a festa que indicava o início da colheita no ano,
ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da
Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo,
com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial,
algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se
dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que
representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.
Assim, a descida do Espírito Santo
somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas,
que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo
no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do
movimento, e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos
desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn.1:2).
II. O
PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO
Visto que a promessa do batismo no
Espírito Santo é diferente da promessa da salvação, visto que é dirigida à
Igreja, portanto aos que já são salvos, é imperioso que também verifiquemos
qual o propósito de tal promessa, porque toda promessa de Deus tem um propósito,
pois tudo quanto sucede debaixo do céu tem um propósito, um objetivo (Ec.3:1).
A necessidade do batismo no Espírito
Santo apresenta-se como uma verdade sempre presente já no ministério de João
Batista, que dizia que o Messias providenciaria o batismo no Espírito Santo
(Mt.3:11; Mc.1:8; Lc.3:16; Jo.1:33), o que foi repetido pelo Senhor Jesus em Seu
ministério terreno, tendo tal necessidade se tornado patente e comprovada no
dia de Pentecostes, quando, diante das primeiras conversões, ficou demonstrado
que, sem tal experiência, a obra evangelizadora que se exigia da igreja jamais
poderia ser alcançada a contento.
A Promessa é para todas as pessoas que se
convertem ao Senhor Jesus em todos os lugares e em todas as épocas; todavia,
nem todos os crentes em Jesus são batizados no Espírito Santo. Jesus, ao
anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não
fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo no
Espírito Santo - "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até do que do alto
sejais revestidos de poder" (Lc.24:49). Estas foram palavras proferidas
pelo Senhor no Monte das Oliveiras, por ocasião do seu último discurso antes de
ascender os céus que, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, foram ouvidas por
mais de quinhentos crentes (cf. 1Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51). Assim, a
promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome
naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.
Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que
ouviram a promessa, apenas quase cento e vinte perseveraram até o dia de
Pentecostes (At.1:15) e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram
revestidos de poder. Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos
perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não
eram do colégio apostólico, se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também
estavam entre os que foram batizados no Espírito Santo, cf. At.1:14), se eram
crentes antigos (como os primeiros discípulos, como Pedro, João e André) ou se
eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se
converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cf.1Co.15:7). Jesus quer
batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem.
Veja, a seguir, alguns propósitos do
Batismo no Espírito Santo:
1. Fazer
com que o crente possa ser uma testemunha de Jesus Cristo
O
primeiro propósito de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é,
precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha. É o que verificamos
no texto de At.1:8:
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo,
que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”.
Alguém
só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a
pessoa ou a sua vida e obra. Como poderia um crente falar a respeito do amor e
do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o
crente batizado no Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus
através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo,
como também foi envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.
2. Proporcionar
ao crente a alegria do Espírito Santo
A
Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos
passaram a falar das grandezas de Deus (At.2:11). Estavam todos alegres,
glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor. A alegria no Espírito Santo é
uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo
(Lc.10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cf.
Lc.10:17). Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl.51:12), mas
se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da
experiência do Batismo no Espírito faz com que ela jorre para os outros, se expresse
com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.
3. Capacitar
o crente para a glorificação do nome do Senhor
Com
o batismo no Espírito Santo, o crente passa a ser portador de porção do poder
divino, que o torna capaz de operar maravilhas, sinais e prodígios (Rm.15:19)
para a glorificação do nome do Senhor. Cheios do Espírito Santo, Pedro e João
puderam conceder a cura ao coxo da porta Formosa, dando-lhe aquilo que tinham
obtido mediante o revestimento de poder. Aliás, a concessão deste poder está tão
relacionada ao batismo no Espírito Santo que o próprio Jesus o denominou de
"revestimento de poder". É importante, aqui, observar a expressão bíblica
"revestimento", ou seja, o crente já é vestido de poder, pois recebeu
o Espírito Santo, foi por ele gerado, é uma nova criatura, contra a qual nada
pode fazer o mal (1João 5:18), mas, quando batizado no Espírito Santo, passa a
ter um poder todo especial, que lhe permite efetuar obras maiores até que as
que foram feitas por Jesus em Seu ministério terreno (cf. João 14:12).
4. Criar
um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo
O
batismo no Espírito Santo é um "mergulho", uma "imersão" no
Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar
integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade
tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento
espiritual (como ocorre quando se fala em línguas estranhas, cf.1Co.14:2). Em consequência
desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo
e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o
que não é batizado no Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por
Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito
Santo queria que ele pregasse o Evangelho.
5. O Batismo
no Espírito Santo é uma necessidade real e atual
Desde
os dias de João, o batismo no Espírito Santo foi considerado uma necessidade para
que a Igreja pudesse cumprir o seu papel, para que o crente pudesse
desempenhar, com eficiência e eficácia, aquilo que o Senhor determinou que
fizesse. Infelizmente, hoje, não são poucos os crentes que menosprezam e até descreem
do batismo no Espírito Santo, confundindo-o com a experiência da conversão (ou
novo nascimento) ou, então, dizendo ser uma experiência que ficou circunscrita
aos tempos apostólicos. Se é verdade que a falta do batismo no Espírito Santo
não compromete a salvação do crente, também não é menos verdadeiro que tudo o
mais na vida espiritual apresenta-se comprometido e prejudicado pela ausência
desta bênção.
Ora,
se assim era nos dias apostólicos, quando a igreja dava os seus primeiros
passos, quando se iniciava o período da graça, que diremos nos nossos dias,
dias que a Bíblia chama de "tempos trabalhosos" (2Tm.3:1), dias de
multiplicação da iniquidade que esfriará o amor de muitos (Mt.24:12), dias de
apostasia (2Ts.2:3; 1Tm.4:1), dias comparáveis aos de Noé e de Ló em termos de
maldade (Lc.17:26,28)?
Será
que, diante de tamanho risco para a nossa salvação, quando já começa a operar
com cada vez maior desenvoltura o espírito do anticristo (1João 4:3; 2Ts.2:7),
podemos abrir mão desta promessa que o Senhor nos deixou, exatamente para nos dar
maior intimidade com Ele, para nos dar poder, para nos dar ousadia? Obviamente
que a resposta é não.
O
batismo no Espírito Santo continua sendo o instrumento indispensável e
necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o
reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem
ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma - Mt.16:26).
Jesus
é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos
discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito,
cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados no
Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os
Seus desígnios, modificar a Sua vontade.
Sendo
assim, se o(a) querido(a) irmão(ã) ainda não é batizado(a) no Espírito Santo, o
que está a esperar? Comece, agora mesmo, a buscar esta promessa, que é para
tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39b).
III. O
RECEBIMENTO E A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
O Derramamento do Espírito Santo produziu
o fenômeno das línguas. O Pentecostes foi o oposto de Babel. Em Babel as línguas
eram ininteligíveis; no Pentecostes, não houve necessidade de interpretação. Em
Babel houve dispersão; no Pentecostes, ajuntamento. Babel foi resultado de
rebeldia contra Deus; Pentecostes, foi fruto da oração perseverante a Deus. Em
Babel os homens enalteciam seu próprio nome; no Pentecostes, falavam sobre as
grandezas de Deus. John Stott escreveu: “Em Babel, a terra orgulhosamente
tentou subir ao Céu, enquanto em Jerusalém, o Céu humildemente desceu à Terra”.
1. As “outras
línguas” (Atos 2:4)
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.
Lucas destaca a natureza internacional da
multidão poliglota reunida ao redor dos 120 discípulos que foram cheiros do
Espírito Santo (Atos 2:5-11):
5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos,
de todas as nações que estão debaixo do céu.
6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava
confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros:
Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?
8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em
que somos nascidos?
9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e
Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,
10.9.e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a
Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),
11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas
próprias línguas falar das grandezas de Deus.
Neste glorioso fenômeno do Pentecostes
Deus rompeu a barreira da língua, e os judeus de diversas partes do mundo
puderam ouvir os discípulos falando em sua própria língua materna. Essas “outras
línguas” eram dialetos conhecidos e falados pelos judeus que habitavam diversas
regiões do Império Romano e estavam em Jerusalém por ocasião da festa.
O apóstolo Pedro aborda a questão da “glossolalia”
de Atos 2 e diz que não foi consequência de uma intoxicação ou embriaguez (Atos
2:13). Os discípulos não perderam suas funções físicas e mentais; foi um fenômeno
tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural
para falar em línguas reconhecíveis. Assim, a expressão “outras línguas” poderia
ser traduzida por “línguas diferentes da sua língua materna”. Os discípulos falaram
línguas que ainda não haviam aprendido. Essas “outras línguas”, portanto, são conhecidas
como “glossolalia”, e elas evidenciam externa, física e inicialmente o batismo
no Espírito Santo.
Qual a
diferença entre as línguas de Atos 2 e as línguas mencionadas em 1Corintios 12 e
14?
· As línguas em Atos 2 eram entendias pelos grupos linguísticos
de judeus que habitavam Jerusalém; enquanto em 1Corintios as línguas eram ininteligíveis
e existia a necessidade de um intérprete para traduzi-las. Consequentemente,
elas eram diferentes também quanto ao caráter.
· As línguas em Atos 2 foram dadas a um grupo específico, num
lugar específico, num tempo específico, para evidenciar a recepção do Espírito;
ao passo que em 1Corintios as línguas são um dom espiritual que continua sendo outorgado
aos crentes para edificação própria e para edificação da Igreja.
· As línguas em Atos 2 eram dialetos (Atos 2:6,8), ou seja, línguas
faladas e entendidas pelos vários povos que estavam em Jerusalém; ao passo que
em 1Corintios quem fala em línguas profere mistérios e ninguém pode entender
(1Co.14:2).
· As línguas em Atos 2 não precisam de intérprete, pois cada um
os ouvia falar em sua própria língua; enquanto em 1Corintios até quem fala não entende
o que fala, a não ser que tenha também o dom de interpretação (1Co.14:13,14).
· As línguas em Atos 2 têm o propósito de proclamar as
grandezas de Deus para fora, edificando as outras pessoas; já em 1Corintios, as
línguas não devem ser usadas em público, a não ser que haja intérprete. É um
dom de auto edificação (1Co.12:2,3,19).
2. Função
das línguas
As línguas sinalizam a presença do
Espírito Santo na vida do crente. As “línguas estranhas” são o único sinal
bíblico do batismo no Espírito Santo; é uma exuberante oportunidade em que o
Espírito Santo usa um servo de Deus para magnificar o nome do Senhor e levar o
mundo a conhecer as grandezas de Deus, por intermédio da sobrenaturalidade. As
pessoas no instante que são batizadas no Espírito Santo começam a falar com
Deus, a exaltá-lo, a louvá-lo, a glorificá-lo de uma forma evidente e que pode
ser notada e contemplada por todas as pessoas. Foram as línguas estranhas que
sinalizaram o batismo de Cornélio e sua família (cf. Atros 10:47).
Assim, a “língua estranha” enquanto sinal
do batismo no Espírito Santo é algo que está presente na vida de cada crente
batizado no Espírito Santo. Portanto, a “língua estranha” como sinal do batismo
é algo universal. Se alguém foi batizado no Espírito Santo, ele falou em língua
estranha pelo menos no instante em que recebeu esta bênção. Deste modo, só
existe um meio biblicamente aceitável para dizer se alguém foi batizado no
Espírito Santo: ter sido visto falar em “língua estranha”.
Já a língua como dom espiritual tem uma
outra abrangência. Como dom espiritual, diz a Bíblia, é repartida particularmente
pelo Espírito Santo a quem Ele quer, ou seja, não é uma bênção que seja
distribuída a todos os crentes batizados no Espírito Santo, mas tão somente a
quem o Espírito Santo quer. O próprio apóstolo Paulo afirmou, em 1Coríntios
12:2, que havia aqueles que falavam em “língua estranha”, prova de que não eram
todos os que falavam.
Portanto, o dom de línguas não é para
todos, mas para alguns, ainda que seja, historicamente, o mais disseminado dos
dons espirituais, o que se compreende tanto pelo fato de que se trata de um instrumento
de edificação individual, quanto pela circunstância de ser o dom mais buscado
pelos crentes, a ponto de Paulo ter tido necessidade de pedir aos crentes de Corinto
que buscassem mais os dons de profecia e o de interpretação das línguas.
Todos os batizados no Espírito Santo
falam em língua estranha quando recebem o revestimento de poder, mas nem todos
têm o dom de línguas; então há um grupo de crentes que, apesar de serem
batizados no Espírito Santo, não possuem o dom de línguas e, por conseguinte,
apesar de terem falado em “língua estranha” no instante do batismo, não mais
falarão dali por diante. A existência deste grupo deve ser aqui realçada pois,
inadvertida e erroneamente, há muitos que acham que, se alguém foi batizado no
Espírito Santo e deixou de falar em línguas, precisa ser renovado, não está bem
espiritualmente, pecou ou fez algo que não era da vontade de Deus. Nem sempre
podemos assim considerar, pois nem sempre quem é batizado no Espírito Santo,
recebe o dom de línguas.
3.
Atualidade das línguas
O movimento pentecostal é aquele que
demonstra, de modo cabal, a observância da Bíblia como única regra de fé e de
prática. O evangelho completo, sem restrições, inteiramente assumido como
verdade atual só é possível para quem crê na atualidade da operação do Espírito
Santo, o que só é possível dentro da aceitação das doutrinas bíblicas
pentecostais. Somente a admissão do “derramamento do Espírito Santo” como uma
realidade atual poderá dizer que cremos na Bíblia e que a praticamos.
As “línguas espirituais” são o sinal
estabelecido por Deus para indicar à Sua Igreja que alguém foi batizado no
Espírito Santo, conforme nos informam as Escrituras, e elas são atemporais,
pois o Batismo no Espírito Santo está em pleno vigor. Basta apenas buscar essa promessa
que é para toda a Igreja em todas as épocas. Porém, não se deve confundir as “línguas
estranhas”, como evidência do batismo no Espírito Santo, com o dom de
variedades de línguas. Este dom, um dos nove dons elencados pelo apóstolo Paulo,
em sua primeira Carta aos Coríntios, é algo diverso e que não é necessariamente
presente na vida de todo crente batizado no Espírito Santo.
Portanto, a Promessa de ser batizado no Espírito
Santo é para toda a Igreja, e isso engloba todos os crentes em Cristo em todos
os lugares e em todas as épocas até à volta de nosso Senhor (Jl.2:28-32;
At.2:16-21), de modo que as línguas são inseparáveis do batismo no Espírito
Santo.
CONCLUSÃO
O batismo no Espírito Santo é mais do que
uma promessa, é o cumprimento do projeto de Deus de revestir seus filhos com um
poder para testemunhar das suas grandezas, da salvação e da vida porvir. E esse
revestimento de poder não foi somente para os crentes do primeiro século, ele
existirá enquanto a Igreja permanecer neste mundo. Devemos ser zelosos e sinceros
na busca do batismo no Espírito Santo (Ef.5:18), e realmente falar em línguas somente,
e somente só, quando o Espírito Santo o impulsionar para que isso aconteça,
para glória de Deus.
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo
Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Caramuru Afonso Francisco. A Promessa do
batismo no Espírito Santo. PortalEBD_2007.
(1) Rev. Hernandes Dias
Lopes. Atos – A ação do Espírito Santo na vida da Igreja.
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