Por: Thomas Ice e Timothy Demy
Uma pesquisa recente da revista U.S. News & World Report descobriu
que 61 por cento dos americanos acreditam que Jesus Cristo vai voltar à terra,
e 44 por cento acreditam no Arrebatamento da Igreja. [1] O que é o
Arrebatamento? Com tamanha certeza popular, por que há tanta confusão
interpretativa a respeito desses acontecimentos? A doutrina do Arrebatamento
pré-tribulacional é um ensino bíblico importante não apenas por oferecer
percepções interessantes sobre o futuro, mas também porque oferece aos crentes
motivação para a vida contemporânea.
O Arrebatamento pré-tribulacional ensina que, antes do período de sete
anos conhecido como Tribulação, todos os membros do corpo de Cristo (tanto os
vivos quanto os mortos) serão arrebatados nos ares para o encontro com Jesus
Cristo e depois serão levados ao céu.
O ensino do Arrebatamento é mais claramente apresentado em 1
Tessalonicenses 4.13-18. Nessa passagem Paulo informa seus leitores de que os
crentes que estiverem vivos por ocasião do Arrebatamento serão reunidos aos que
morreram em Cristo antes deles. No versículo 17 a palavra
"arrebatados" traduz a palavra grega harpazo, que
significa "dominar por meio de força" ou "capturar". Essa
palavra é usada 14 vezes no Novo Testamento Grego de várias maneiras
diferentes.
Ocasionalmente o Novo Testamento usa harpazo com o
sentido de "roubar", "arrastar" ou "carregar para
longe" (Mateus 12.29; João 10.12). Também pode ser usada com o sentido de
"levar embora com uso de força" (João 6.15; 10.28-29; Atos 23.10;
Judas 23). No entanto, para nossos propósitos, um terceiro uso é mais
significativo. Diz respeito ao Espírito Santo levando alguém de um lugar para
outro. Encontramos esse uso em quatro ocorrências (Atos 8.39; 2 Coríntios 12.2,
4; 1 Tessalonicenses 4.17; Apocalipse 12.5). [2]
Esse último uso é ilustrado em Atos 8.39, quando Filipe, ao completar o
batismo do oficial etíope, é "arrebatado" e divinamente transportado
do deserto até a cidade costeira de Azoto. De modo semelhante, a Igreja será,
num momento, levada da terra ao céu. Não se deve estranhar, portanto, que um
autor contemporâneo tenha chamado esse evento peculiar de "O Grande
Sequestro"[...]
Por que a doutrina da iminência é significativa
para o Arrebatamento?
O ensino neo-testamentário de que Cristo poderia voltar a qualquer
momento e arrebatar a Sua Igreja sem sinais ou advertências prévias (i.e.,
iminência) é um argumento tão poderoso em favor do pré-tribulacionismo que se
tornou uma das doutrinas mais ferozmente atacadas pelos oponentes da posição
pré-tribulacionista. Eles percebem que, se o Novo Testamento de fato ensinar a
iminência, um arrebatamento pré-tribulacional estará praticamente assegurado.
Definição de Iminência
Qual é a definição bíblica de iminência? O Dr. Renald
Showers define e descreve iminência da seguinte maneira:
- Um acontecimento iminente é aquele que está
sempre "pairando acima de alguém, constantemente prestes a vir sobre
ou a alcançar alguém; próximo quanto à sua ocorrência" (The Oxford
English Dictionary, 1901, V. 66). Assim, a iminência traz consigo o
sentido de que algo pode acontecer a qualquer momento. Outras coisas podem acontecer
antes do evento iminente, mas nada precisa acontecer
antes que ele aconteça. Se alguma coisa precisa acontecer antes de
determinado evento ocorrer, tal evento não é iminente. Em outras palavras,
a necessidade de que algo ocorra antes destrói o conceito de iminência.
- Uma vez que é impossível saber exatamente
quando ocorrerá um evento iminente, não se pode contar com a passagem de
determinado período de tempo antes que tal evento iminente ocorra. À luz
disso, é preciso estar sempre preparado para que ele aconteça a qualquer
momento.
- Não se pode legitimamente estabelecer direta
ou implicitamente uma data para sua ocorrência. Assim que alguém marca uma
data para um evento iminente, destrói o conceito de iminência, porque ao
fazer isso afirma que um determinado intervalo de tempo deve transcorrer
antes que tal evento ocorra. Uma data específica para um evento é
contrária ao conceito de que tal evento possa ocorrer a qualquer momento.
- É impossível dizer legitimamente que um evento
iminente vai acontecer em breve. A expressão "em breve" implica
que tal evento precisa ocorrer "dentro de um tempo
pequeno (depois de um ponto específico designado ou implícito)". Em
termos de contraste, um evento iminente pode ocorrer
dentro de um pequeno intervalo de tempo, mas não precisa fazê-lo
para ser iminente. Espero que você perceba, agora, que
"iminente" não é igual a "em breve". [3]
O fato de que Jesus Cristo pode voltar a qualquer momento, mesmo que não
necessariamente em breve, e sem a necessidade de qualquer sinal anterior à Sua
vinda, requer o tipo de iminência ensinado pela posição pré-tribulacionista e é
um forte apoio ao pré-tribulacionismo.
Que passagens do Novo Testamento ensinam essa verdade? Os versículos que
afirmam a volta de Cristo a qualquer momento, sem aviso prévio, e aqueles que
instruem os crentes a esperar e aguardar a vinda do Senhor ensinam a doutrina
da iminência.
Observem-se as seguintes passagens do Novo Testamento:
- 1 Coríntios 1.7 – "...aguardando
vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo".
- 1 Coríntios 16.22 – "Maranata!".
- Filipenses 3.20 – "Pois
a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo".
- Filipenses 4.5 – "Perto
está o Senhor".
- 1 Tessalonicenses 1.10 – "e
para aguardardes dos céus o Seu Filho...".
- 1 Tessalonicenses 4.15-18 – "Ora,
ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que
ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do
arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos,
seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do
Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos,
pois, uns aos outros com estas palavras".
- 1 Tessalonicenses 5.6 – "Assim,
pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos
sóbrios".
- 1 Timóteo 6.14 – "que
guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso
Senhor Jesus Cristo".
- Tito 2.13 – "aguardando
a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus".
- Hebreus 9.28 – "assim
também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam
para a salvação".
- Tiago 5.7-9 – "Sede,
pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor... pois a vinda do Senhor
está próxima... Eis que o Juiz está às portas".
- 1 Pedro 1.13 – "Por
isso,... sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo
trazida na revelação de Jesus Cristo".
- Judas 21 – "guardai-vos
no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo,
para a vida eterna".
- Apocalipse 3.11; 22.7, 12,
20 – "Eis que venho sem demora!".
- Apocalipse 22.17,
20 – "O Espírito e a Noiva dizem: Vem. Aquele que
ouve diga: Vem.
Aquele que dá testemunho destas cousas diz:
Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor Jesus!"
Ao considerarmos as passagens mencionadas acima, observamos que Cristo
pode voltar a qualquer momento, que o Arrebatamento é de fato iminente. Somente
o pré-tribulacionismo pode dar um sentido pleno, literal, a tal acontecimento
iminente. Outras posições sobre o Arrebatamento precisam redefinir iminência de
maneira mais elástica do que indica o Novo Testamento. O Dr. John Walvoord
declara: "A exortação a que aguardemos a ‘manifestação da glória’ de
Cristo para os Seus (Tito 2.13) perde seu significado se a Tribulação tiver que
ocorrer antes. Fosse esse o caso, os crentes deveriam observar os sinais"[4].
Se a posição pré-tribulacionista sobre a iminência não for aceita, então haverá
sentido em procurar identificar os eventos relacionados à Tribulação (i.e., o
Anticristo, as duas testemunhas, etc.) e não em esperar o próprio Cristo. O
Novo Testamento, todavia, como demonstrado acima, uniformemente instrui a
Igreja a olhar para a volta de Cristo, ao passo que os santos da Tribulação são
exortados a observar os sinais.
A exortação neo-testamentária a que nos consolemos mutuamente pela volta
de Cristo (João 14.1; 1 Tessalonicenses 4.18) não mais teria sentido se os
crentes tivessem, primeiro, que passar por qualquer porção da Tribulação. Em
vez disso, o consolo teria que esperar a passagem pelos eventos da Tribulação.
Não! A Igreja recebeu uma "bendita esperança", em parte porque a
volta do Senhor é, de fato, iminente.
A Igreja primitiva tinha uma saudação especial que os crentes só usavam
entre si, conforme registrado em 1 Coríntios 16.22: a palavra
"Maranata!". Esta palavra é constituída de três termos aramaicos: Mar
("Senhor"), ana ("nosso"), e tha ("vem"), significando,
assim, "Vem, nosso Senhor!". Como outras passagens do Novo
Testamento, "Maranata" só faz sentido se uma vinda iminente, ou seja,
a qualquer momento, for pressuposta. Isso também serve de apoio à posição
pré-tribulacionista.
Não foi à toa que os antigos cristãos cunharam essa saudação peculiar
que reflete uma ansiosa expectativa pelo cumprimento dessa bendita esperança
como uma presença real em suas vidas cotidianas. A vida da Igreja em nossos
dias só teria a melhorar se "Maranata" voltasse a ser uma saudação
sincera nos lábios de crentes que vivem com esta expectativa. Maranata! (Thomas
Ice e Timothy Demy - http://www.chamada.com.br)
Notas
1.
Jeffrey L. Sheler, “The Christmas
Covenant”. U.S. News & World Report, 19 de dezembro de 1994, pp. 62, 64.
2.
Dicionário Internacional de Teologia
do Novo Testamento, “harpazo”, editado por Colin Brown. Vida Nova, São Paulo,
1982. Volume 1, p. 239-243.
3.
Ibid., pp. 127-128.
4.
Walvoord, The Rapture Question, p.
273.
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