4° Trimestre/2022
Texto Base: Ezequiel 43:1-9
”E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo,
Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.”
(Is.6:3).
Ezequiel 43:
1.Então,
me levou à porta, à porta que olha para o caminho do oriente.
2.E
eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era
como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.
3.E
o aspecto da visão que vi era como o da visão que eu tinha visto quando vim
destruir a cidade; e eram as visões como a que vi junto ao rio Quebar; e caí
sobre o meu rosto.
4.E
a glória do SENHOR entrou no templo pelo caminho da porta cuja face está para o
lado do oriente.
5.E
levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do
SENHOR encheu o templo.
6.E
ouvi uma voz que me foi dirigida de dentro do templo; e um homem se pôs junto
de mim
7.e
me disse: Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos
meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa
de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis,
com as suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos,
8.pondo
o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira junto à minha ombreira, e
havendo uma parede entre mim e entre eles; e contaminaram o meu santo nome com
as suas abominações que faziam; por isso, eu os consumi na minha ira.
9.Agora,
lancem eles para longe de mim a sua prostituição e os cadáveres dos seus reis,
e habitarei no meio deles para sempre.
INTRODUÇÃO
Dando
continuidade ao estudo do livro de Ezequiel trataremos nesta Aula da visão do
Templo, que será reconstruído, e do Milênio. Veremos que, após a restauração
completa – nacional e espiritual - da nação de Israel, o novo Templo, o Templo
do Milênio, o quarto Templo, será estabelecido a partir de uma nova dispensação. Israel
terá, novamente, um templo, não um templo construído sem a aprovação divina,
como fora o segundo e será o terceiro templo, mas um em que estará a glória de Deus permanentemente.
O profeta Ezequiel revela que a glória do Senhor entrará no Templo (Ez.43:4) e
estará nele para sempre. O quarto Templo, o do Milênio, será dotado de
dimensões distintas e de um cerimonial também distinto dos dois primeiros
templos, pois estaremos em uma nova dispensação, em que reinará a Paz e a
Justiça, cujo Rei será o Rei da Glória.
I. SOBRE O
QUE VEM DEPOIS DA RESTAURAÇÃO
1. A porta oriental do Templo
(Ez.43:1)
“Então, me levou à porta, à porta que olha para o caminho
do oriente”.
Na
Aula 04 vimos que a retirada da glória de Deus do Templo se deu em quatro
estágios. No terceiro estágio a Nuvem da glória de Deus se deslocou para a
entrada da porta oriental do Templo e pairou sobre os querubins, para saída definitiva.
Nesta nova visão, a glória que saiu retornará por esta mesma porta (Ez.43:4). Isto
ocorrerá quando houver a plena restauração espiritual de Israel, e a construção
do novo Templo. O objetivo do oráculo divino é fazer o povo lembrar que quando
a glória de Deus se afastou da Casa de Deus foi em direção ao oriente
(Ez.10:19; 11:23) e que o seu retorno será pelo mesmo caminho (Ez.43:4). A
glória de Deus entrará por esta porta e nunca mais será retirada do meio do seu
povo e do Templo, pois a glória de Deus regressará na pessoa do Senhor Jesus,
quando Ele vier reinar sobre este mundo.
“Esta
porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o
Senhor, Deus de Israel, entrou por ela; por isso, permanecerá fechada” (Ez.44:2). Há sugestões de que essa porta se manterá fechada por dois motivos: (a)
Ela será a porta por onde o Senhor Jesus entrará no Templo. Como uma marca de
honra de um rei oriental, ninguém pode entrar pela porta que o rei entrou; (b) Foi
pela porta oriental que a glória de Deus partiu, pela última vez, no Antigo
Testamento (Ez.10:18,19). Selando a porta, Deus lembrará a todos os que estão
dentro de que a Sua glória nunca mais partirá de seu povo.
Observação:
A Porta Oriental é a mais famosa e também a mais
importante porta de Jerusalém. Ela dá para o vale de Quidrom, e está de frente
para o sol nascente. É mencionada por Neemias (Ne.3:29). Os cruzados
chamavam-na de porta dourada. A entrada por essa porta levava à Porta Formosa
do Templo de Herodes (veja Atos 3:2). A tradição diz que partes dessa porta
foram doadas pela rainha de Sabá.
2. Três observações importantes
(Ez.43:2)
“E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do
oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por
causa da sua glória”.
A
partida da glória de Deus de seu Templo foi algo completamente devastador para Ezequiel
(Ez.11:23), mas o profeta foi tomado de grande admiração e alegria ao ter a
visão do retorno dessa preciosidade. O profeta que viu a glória partindo do
Tempo vê o seu retorno, vindo “do caminho do oriente”.
Quando
Ezequiel recebeu a incumbência de anunciar a destruição do Templo e a queda da
cidade de Jerusalém, ele viu o afastamento da glória de Javé para o Oriente
como sinal de sua retirada do meio do povo; agora ele vê o retorno da glória de
Deus vindo “do caminho do oriente”. E nesse retorno o movimento de Deus ecoava
como o “som de muitas águas” - isto é uma expressão metafórica para indicar o
grande poder de Deus. Em Ezequiel 1:24, esse som aparece com o ruído das asas
dos seres viventes, e mais adiante em Apocalipse 1:15 para descrever a voz de
Jesus, também em Apocalipse 14:2; 19:6. Por causa da sua glória, “a terra
resplandeceu”; isto faz lembrar da visão do profeta Isaías (Is.6:3) – “E proclamavam
uns aos outros: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra
inteira está cheia da sua glória”.
A
glória do Senhor, que partiu, antes da queda de Jerusalém, retornará ao Templo
e o “enche” (Ez.43:5), reafirmando a presença do Eterno “no meio dos filhos de
Israel para sempre” (Ez.43:7).
Observe
que a glória que vem do Monte das Oliveiras está personificada - “e a sua voz”
– Ez.43:2; “plantas dos meus pés” – Ez.43:7; cf. Zc.14:14). Isto pode ser uma referência
à presença de Cristo em sua glória plena, na sua segundo vinda (Mt.17:1-8; João
17:5; cf. Ap.21:23). Quando Jesus retornar para reinar durante mil anos neste
mundo, a sua glória será impressionantemente vista por todos os moradores da
Terra. O Templo será o lugar
do seu trono; dali Ele reinará para sempre entre o seu povo (Ez.43:7) e para
toda a humanidade do período milenial.
3- As reminiscências (Ez.43:3)
“A visão que tive era como a que eu tinha tido quando ele
veio destruir a cidade e como as que eu tinha tido junto ao rio Quebar; e eu me
prostrei, rosto em terra” (Ez.43:3).
Ezequiel
afirma que esta visão da glória de Deus era tão esplendorosa que ele cai com o
rosto em terra, à semelhança do que ocorrera na primeira visão junto ao rio
Quebar (Ez.1:28; 43:3) - o rio Quebar é ligado ao Eufrates; ali ficava um
assentamento de judeus exilados na Babilônia.
Os
elementos vistos na visão são os mesmos nos três relatos: o trono, os querubins
e o santuário. As condições são diferentes, mas os elementos são os mesmos. No
capítulo 43, trata-se do retorno da glória ao santuário, depois do juízo divino
cumprido na Casa de Israel. Depois de 14 anos da destruição da Cidade Santa,
Ezequiel foi levado de volta, em visão, para Jerusalém (em 573 ou 572 a.C.) -
“No ano vigésimo quinto do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia
do mês” (Ez.40:1). Essa revelação é escatológica, não é para o contexto
histórico em que vivia o profeta.
O
retorno da glória de Deus, que estará novamente no Templo, certamente, ocorrerá
quando da restauração espiritual de Israel, o qual se converterá ao Senhor
Jesus, aceitando-o, sem reservas, como o Messias. Neste período, o Espírito
Santo será derramado copiosamente sobre todo o povo de Israel, como foi
profetizado pelo profeta Joel (Jl.1:28).
II. O
TEMPLO DO MILÊNIO
“Há
um contraste entre o que o profeta viu quando foi levado em visão ao Templo de
Jerusalém e o que ele vê nessa última visão. Ezequiel não foi o único profeta a
mencionar a referida Casa (Is.2:2-5; Jl.3:18), mas é o único a descrever o
complexo do Templo com abundância de detalhes” (LBM.CPAD).
1. Um Templo diferente
Restaurado
e constituído como nação sacerdotal, Israel terá, novamente, um Templo em que
estará a glória de Deus. Muitos se embaraçam com a existência deste novo templo
e pelo restabelecimento do culto com sacrifícios e demais cerimônias, achando
que isto não se coaduna com a redenção operada por Cristo, o Sumo Sacerdote
segundo a ordem de Melquisedeque, que cumpriu a lei e, com isto, instaurou um
novo concerto, um concerto eterno. Todavia, é preciso que nos lembremos disto:
na dimensão terrena, teremos, ainda, a necessidade de um culto, de uma
religião, pois ainda não estaremos na eternidade. Faz-se, também, preciso que
Deus cumpra a Sua promessa para com Israel de lhe tornar uma nação sacerdotal
e, portanto, deverá haver um sacerdócio nesta vida religiosa da dimensão
terrena. Por isso, a fim de cumprimento das promessas divinas, torna-se necessário
que haja um templo e culto, o que, em momento algum, representa qualquer
invalidade do sacrifício vicário de Cristo no Calvário.
Entretanto,
o Templo do Milênio será diferente. Nele não haverá a Arca da Aliança e seus
sacrifícios serão um memorial, pois será uma nova dispensação, isto é, uma nova
era em que Deus tratará com a humanidade. Outros elementos também não
aparecerão: o altar de ouro do incenso, o candelabro ou castiçal, a mesa dos
pães da proposição, que havia no primeiro e no segundo Templo (2Cr.4:19,20).
Como afirma o pr. Esequias Soares, “comparado com o que se conhece da Casa de
Deus em Jerusalém e do Tabernáculo, pode-se dizer que é um templo atípico, ou
seja, diferente; visto que o Tabernáculo e o Templo com toda a sua estrutura de
funcionamento, rituais, peças e sacerdotes apontavam para Cristo, e tudo isso
se cumpriu nEle (Hb.9:11,12), por essa razão, não haverá necessidade desses
rituais no Milênio”. Algumas festas, como a dos Tabernáculos (Zc.14:16-19) e a Páscoa
(Ez.45:21), serão reeditadas também.
2. Uma dispensação diferente
O
Milênio será uma nova dispensação, ou seja, uma nova forma de o homem se
relacionar com Deus. O homem se relacionará com Deus através do governo pessoal
de Cristo sobre a Terra, através da manifestação visível da justiça e do amor
de Deus em todas as coisas. Enquanto, atualmente, Deus Se mostra aos homens
através da Igreja, naquela época o reino de Deus se mostrará através de muitas
coisas: da Igreja glorificada, que participará do reino de Cristo juntamente
com os mártires da Grande Tribulação; do culto ao Senhor no Templo que será
erigido em Jerusalém, o quarto Templo; da natureza, que deixará de ser maldita
por causa do pecado do homem, mas passará a ser a expressão do amor e da soberania
divinos e de Israel, que será, enfim, a nação sacerdotal, a propriedade peculiar
de Deus dentre os povos.
-No
Milênio, a Terra será regida, não por monarquia, nem por democracia, nem
por autocracia, mas por uma teocracia. O próprio Deus regerá o mundo na
pessoa do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (Lc.1:32,33; Dn.7:13,14). Todas as formas de governo que já existiram
e as que existem falharam, umas mais, outras menos. mostrando assim que elas
não são perfeitas. Mas Cristo quando reinar será diferente, pois este será um
período de completa glória divina no Seu domínio, governo, justiça e reino
(Is.9:6; Is.11:4; Dt.18:18,19; Is.33:21,22; At.3:22). A profecia inicial
disto está em Gn.49:10 - “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador
dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. Outras
referências: Isaias 1:25,26; Daniel 7:27.
Todos
os reinos da Terra estarão sob o senhorio de Cristo. Cumprir-se-á em sua
plenitude Filipenses 2:10,11 - ”Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo
é o Senhor, para glória de Deus Pai”. Será realmente uma nova Era na Terra, e
verdadeiramente aqueles que amam a Jesus serão sacerdotes de Deus com Ele.
Os judeus serão a cabeça federativa do governo. Daniel obteve esta mesma
revelação, por parte do Espírito Santo de Deus (Dn.7:22, 27): "Até que
veio o ancião de dias, e fez justiça aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo
em que os santos possuíram o reino. E o reino, e o domínio, e a majestade dos
reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu
reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”.
-No
Milênio, todas as nações adorarão somente ao Senhor. Haverá um avivamento
mundial - “Assim, virão muitos povos e poderosas nações buscar, em
Jerusalém, o SENHOR dos Exércitos e suplicar a bênção do SENHOR. Assim diz o
SENHOR dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as
línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, dizendo: Iremos
convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco (Zc.8:22,23).
As
nações serão alcançadas pelo Senhor e estarão em comunhão com Ele, vindo
continuamente a adorar em Jerusalém, que será, então, a capital do mundo.
Jerusalém, hoje em dia, já é considerada a cidade que representa a confluência
da adoração do Deus único, mas somente nessa época será o verdadeiro altar do
Deus Altíssimo. Estará, portanto, restabelecida a comunhão entre Deus e as
nações, que havia sido estabelecida pelo pacto noaico, mas quebrada logo a
seguir com a rebelião de Babel. Esta é a prova indelével de que a “grande
Babilônia” (ou seja, o sistema mundial gentílico estabelecido em Babel) será, realmente,
destruída na batalha do Armagedom.
-No
Milênio, haverá Paz e Justiça na Terra. No governo humano, sob a orientação e
influência de Satanás a Terra nunca conheceu a paz e nunca foi governada com
justiça. No Milênio, haverá paz e justiça na Terra - “... a justiça e a paz se beijaram”(Sl.85:10).
-Paz. Haverá paz porque um
dos nomes de Jesus é “Príncipe da Paz” (Is.9:6). “... e ele anunciará a paz às
nações...” (Zc.9:10). “... e converterão as suas espadas em enxadas e as suas
lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem
aprenderão mais guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e
debaixo da sua figueira, e não haverá quem o espante...” (Mq.4:3,4).
Haverá
Paz, não apenas entre as nações, não apenas entre os homens, em particular, mas
também entre os próprios animais - “E morará o lobo com o cordeiro, o leopardo
com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho do leão, e a nédia ovelha
viverão juntas, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas,
e os seus filhos juntos se deitarão; e o leão comerá palha como o boi. E
brincará a criança de peito sobre a toca da áspede, e o já desmamado meterá a
mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da
minha santidade...”(Is.11:6-9).
-Justiça. “E a justiça será o
cinto dos seus lombos, e a verdade, o cinto dos seus rins”(Is.11:5). O pecado
gerou uma situação de injustiça, de desigualdade entre os seres humanos. Como
explica a Bíblia, todo pecado é iniquidade (1João 5:17) e, por causa do pecado,
foi gerada uma situação de domínio egoístico entre os homens. Portanto, para
que Jesus desfaça todas as obras do diabo é necessário que se instale, ainda
nesta Terra, um governo de justiça, de equidade, um governo onde não haja
dominação egoística e exploradora de homens sobre homens. Por isso é necessário
que haja o Milênio, para instaurar, nesta Terra onde vivemos, a justiça entre
os seres humanos.
3. Um ritual diferente
No
Templo do Milênio o ritual do culto será diferente do Antigo Testamento, pois
alguns objetos do culto levítico deixarão de existir:
·
A Arca da Aliança. Ela será desnecessária, pois a própria glória
de Deus pairará sobre todo o mundo, assim como a nuvem de glória fizera sobre a
Arca.
·
O Altar de ouro do incenso. No Antigo Testamento é descrito como o Altar "que está perante a
face do Senhor" (Lv.4:18), como se não existisse o Véu entre ele e a Arca.
Portanto, era considerado em conjunto com a Arca. Ficava em frente ao Véu que
separava o Lugar Santíssimo, a mostrar que a oração é o meio pelo qual se dá o
contato entre o homem e Deus. No Milênio, se a Arca da Aliança e o Véu não existirão
mais, logo o Altar de Incenso também não existirá, pois o Senhor Deus, na
Pessoa de Jesus Cristo, estará presente, e as orações serão dirigidas
diretamente a Ele.
·
O Véu. No dia da morte de Cristo ele foi rasgado em dois, de
cima a baixo (Mt.27:51), e não reaparecerá nesse Templo. Dessa forma, não
haverá barreira separando o homem da glória de Deus.
·
A Mesa dos Pães da Proposição. Ela não será necessária,
pois o Pão vivo estará presente.
·
O Candelabro. Eles também não serão necessários, pois a
própria Luz do mundo brilhará pessoalmente.
Tendo
em vista que esses elementos apontavam para Cristo e tudo isso se cumpriu nEle
(Hb.9:11,12), não haverá necessidade desses rituais no Templo do Milênio.
4. Como explicar os sacrifícios no
Milênio?
Ezequiel
fala sobre os sacrifícios no Templo de Milênio (Ez.43:18-27). Esses sacrifícios
de animais têm sido uma dificuldade para os intérpretes da Bíblia, tendo em
vista o sacrifício definitivo e perfeito de Cristo.
Uns
entendem que o Templo do Milênio e seus sacrifícios não podem ser literais,
porque o sacrifício expiatório de Jesus cumpriu e tornou sem efeito os
sacrifícios do Antigo Testamento (ver Hb.9:10-15; 10:1-4,8). É possível que
Ezequiel descreva, na linguagem do Antigo Testamento, as bênçãos do sacrifício
expiador de Cristo, que é válido para sempre.
Outros
entendem que os sacríficos são literais, oferecidos como memoriais do
sacrifício de Cristo na cruz.
Outros
entendem que os sacrifícios terão apenas um efeito simbólico, retrospectivo,
assim como a Ceia do Senhor, atualmente, é apenas um símbolo do sacrifício de
Cristo.
O
fato de Jesus ter nos perdoado e nos salvado no Calvário não nos dispensa da
necessidade de, na dispensação da graça, celebrarmos a Ceia do Senhor, bem como
nos submetermos ao batismo nas águas. O mesmo papel que estas ordenanças hoje
representa na nossa dispensação, todo o cerimonial constante do Templo do Milênio
representará, com sentido retrospectivo, isto é, como memorial da obra
redentora já consumada uma vez para sempre, por Cristo, o sacrifício perfeito.
III.
SANTIDADE E GLÓRIA
1. A glória de Deus volta ao
Templo (Ez.43:5)
“E levantou-me o
Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu o
templo”.
Depois
de Ezequiel ter visto o Templo com os detalhes de sua dimensão, faltava o mais
importante do lugar sagrado: a presença de Deus. A descrição do retorno da
glória faz paralelo com as passagens de Êxodo 40:34, na situação da tenda no
deserto, e de 2Cr.7:1,2, na dedicação do Templo de Salomão.
O
retorno da glória de Deus significará a volta da presença de Deus no meio do
seu povo. Ezequiel 30:21 registra que essa glória será manifestada entre as
nações, e o nome santo de Deus será revelado. Nessa nova realidade, a glória de
Deus extrapolará o Templo e resplandecerá em toda a terra (Ez.43:2). O profeta
Isaias descreve assim a adoração dos serafins: “Santo, santo, santo é o Senhor
dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is.6:6).
2. A identidade do Guia celestial
(Ez.43:6,7)
“E ouvi uma voz que me
foi dirigida de dentro do templo; e um homem se pôs junto de mim e me disse:
Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés,
onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel
não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com as suas
prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos”.
Na
sua visão, Ezequiel viu no interior do Templo um personagem celestial. Diz o profeta:
”um homem se pôs junto a mim” (v.6) e me disse: Filho do homem, este
é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés (v.7).
Como
foi descrito em Ez.1:28, o profeta ouve uma voz. Ele não só vê a glória de Deus
como também ouve a voz divina ecoando de dentro do Templo para falar com ele.
Essa voz indica o poder e a majestade de Deus. A presença de Deus estava no
Templo, pois é a voz do Senhor que falou ao profeta Ezequiel. No Antigo
Testamento, o Tabernáculo e o Templo eram símbolos da presença de Deus, lugar
da manifestação da glória de Deus. Portanto, segundo afirma o pr. Esequias
Soares, a identidade do Guia celestial se trata “do ‘Anjo do Senhor’ que é o
próprio Javé, pois Ele fala em primeira pessoa: ‘este é o lugar do meu trono e
o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel
para sempre; e os da casa de Israel não contaminaram mais o meu nome santo’
(v.7). Assim corno na revelação a Moisés no Sinai, é a manifestação do “anjo do
SENHOR”.
3. Santidade para sempre
(Ez.43:8,9)
“pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira
junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e
contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que faziam; por isso, eu
os consumi na minha ira. Agora, lancem eles para longe de mim a sua prostituição
e os cadáveres dos seus reis, e habitarei no meio deles para sempre”.
Deus
diz que Israel contaminou o santo nome dele ao construir casas próximas demais
do Templo. A acusação é: “pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua
ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e
contaminaram o meu santo nome” (Ez.43:8). Isto se torna mais claro quando é
acrescentado a palavra “apenas”, de acordo com a NVI: “[há] apenas uma parede
fazendo separação entre mim e eles”.
No
Antigo e Novo Testamento, Deus sempre exigiu santidade do seu povo. A santidade
de Deus é um dos seus atributos mais solenizados nas Escrituras (1Sm.2:2), e no
Milênio jamais entrará coisa impura no meio do povo de Deus (Is.52:1). A glória
de Deus não será misturada com nenhum tipo de profanação, porque a glória está
intimamente ligada à santidade de Deus.
À
época de Ezequiel as prostituições contaminaram o nome santo de Deus e o seu
Templo; o mesmo ocorreu com os ídolos dos seus reis, nos seus altos. Não pode
haver harmonia entre pecado e santidade; por isso, à época de Ezequiel, a
glória de Deus foi retirada do Templo devido as abominações, que eram uma
ofensa à santidade de Deus.
Mesmo
na nossa dispensação, deveríamos manter uma verdadeira reverência para com
Deus, que é sublime e santo; também não deveríamos secularizar ou profanar
“lugares santos”, usando-os para atividades celulares. A santidade é para
sempre.
CONCLUSÃO
O
Milênio será um período ímpar na história da humanidade. Deus mostrou a
Ezequiel em visão que nessa dispensação o quarto Templo será construído e
haverá abundância do Espírito Santo sobre o povo de Israel, pois a restauração
espiritual será plena. O Templo do milênio será o maior de todos os templos:
- Será o único
templo com o seu próprio rio.
- Haverá um grande
rio fluindo de dentro do templo, ao sul, com volume suficiente para
ninguém conseguir cruzá-lo (Ez.47:3-6). As margens do rio serão cobertas
de árvores (Ez.47:7-9) e o rio terá peixes e outras criaturas vivas nele.
A água doce, aparentemente, substituirá a água salgada do mar Morto e o
rio continuará fluindo ao sul de Israel até alcançar o golfo de Aqaba.
- Será o único
templo que servirá à Igreja e a Israel.
- Será o mais
resistente de todos - durará mil anos.
- Ele nunca será destruído,
mas será removido silenciosamente por Deus ao fim do milênio (Ap.21:22).
- Será o mais
glorioso de todos os templos, porque a glória do Senhor estará nele de
forma definitiva.
A
promessa profética deste período glorioso para o povo de Deus leva os santos a
orar: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
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J.Kenneth
Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
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Block. Ezequiel.
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Renovato de Lima – O Final de Todas as Coisas. CPAD.
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Afonso Francisco. A Grande Tribulação. PortalEBD_2004.
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Caramuru Afonso Francisco. O Milênio: o Reino do Messias. PortalEBD_2003.
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