4° Trimestre/2022
Texto Base: Ezequiel 47.1-12
”Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de
água viva correrão do seu ventre” (João 7:38).
Ezequiel 47:
1.Depois disso, me fez voltar à entrada
da casa, e eis que saíam umas águas de debaixo do umbral da casa, para o
oriente; porque a face da casa olhava para o oriente, e as águas vinham de
baixo, desde a banda direita da casa, da banda do sul do altar.
2.E ele me tirou pelo caminho da porta
do Norte e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até a porta exterior,
pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas águas desde a
banda direita.
3.Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e
mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos
tornozelos.
4.E mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos
joelhos; e mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos
lombos.
5.E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque
as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual
não se podia passar.
6.E me disse: Viste, filho do homem? Então, me levou e me tornou a
trazer à
margem do ribeiro.
7.E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia uma grande
abundância de árvores, de uma e de outra banda.
8.Então, me disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à
campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.
9.E será que toda criatura vivente que vier por onde quer que entrarem
esses dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão essas
águas e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro.
10.Será também que os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até
En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua
espécie, será como o peixe do mar Grande, em multidão excessiva.
11.Mas os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados
para sal.
12.E junto do ribeiro, à sua margem, de uma e de outra banda, subirá
toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem
perecerá o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas
águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de
remédio.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do Livro de Ezequiel trataremos nesta Aula
do aspecto escatológico do capítulo 47, destacando a imersão do povo de Deus no
Espírito Santo de forma abundante no período milenial e, também, destacando a revitalização
geológico do vale do Mar Morto, que se dará nessa futura dispensação.
Destacaremos o efeito milagroso das águas que fluirão de debaixo do umbral do
quarto Templo (Ez.40:1,2; 47:1) trazendo vida ao Mar Morto e à toda a região do
Arabá (“profundo vale que forma a mais admirável característica da Palestina, e
se estende, de ambos os lados do Jordão, desde acima do mar da Galileia, ao
norte, até ao Golfo Elanítico do mar Vermelho, constituindo uma das mais
notáveis depressões na superfície do globo”). Esse rio é semelhante ao
mencionado em Apocalipse 22:1,2. Ambos estão associados ao rio que havia no
Jardim do Éden (ver Gn.2:10). O rio simboliza a vida que vem de Deus e as bênçãos
que fluem de seu trono. É um rio suave, seguro e profundo, que se expande ao
fluir. À medida que essas águas sanadoras irão fertilizando as áreas estéreis
do vale do Mar Morto, seguirão aumentando o seu volume até se tornar um rio
caudaloso. Essas águas descritas neste capítulo podem ser comparadas ao
enchimento do crente com o Espírito Santo.
I. SOBRE O ASPECTO ESCATOLÓGICO
1. A nascente do
rio (Ez.47:1)
“Depois disso, me fez
voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas águas de debaixo do umbral da
casa, para o oriente; porque a face da casa olhava para o oriente, e as águas
vinham de baixo, desde a banda direita da casa, da banda do sul do altar”.
Ezequiel recebe a visão de uma corrente de
água que nasce na porta do Templo, passa pelo Altar, pela parede sul da “porta
que olha para o oriente” e corre até o mar Morto. As águas do mar ficarão
saudáveis, haverá muitíssimo peixe nelas.
O rio que Ezequiel viu sair do Templo
atravessará as regiões árida do Arabá. A corrente de água cada vez mais
profunda percorrerá seu caminho levando vida, saúde e frutos abundantes por
onda passar. Sem água, é impossível existir vida nas regiões desérticas. Água é
a solução de que a terra necessita. Jesus tomou essa imagem como base ao falar
à mulher samaritana junto ao poço (João 4:7-15). Jesus é a água da vida.
A corrente de água (na verdade, um rio que
cortará a região) constitui uma imagem impressionante da bênção abrangente, que
fluirá no reino milenar de Cristo. Deus habitará no Templo, e, portanto, uma
fonte de bênçãos cada vez mais caudalosa se espalhará para outros lugares. Hoje,
Deus habita em nosso coração (1Co.6:19), e, portanto, uma fonte de bênçãos deve
fluir para as pessoas ao nosso redor (João 7:37,38). Quando um homem é cheio do
Espírito Santo e sua vida toca outras vidas, é natural que, de algum modo,
aponte para Deus. Que desafio imenso para nós satisfazer as condições
necessárias para produzir uma benção! O rio levará vida por onde passar, um
retrato claro do ministério vivificador do Espírito Santo.
2. O Guia celestial
(Ez.47:2,3a)
“2.E ele me tirou
pelo caminho da porta do Norte e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até
a porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas
águas desde a banda direita. 3.Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão
um cordel de medir; e mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos tornozelos”.
Este Guia celestial é o mesmo que já
comentamos no item 2, do tópico III, da Aula nº 11, a saber, o Anjo do Senhor,
que é o próprio Javé. Nas palavras do pr. Esequias Soares, esse Anjo fez
Ezequiel sair pelo portão do Norte e dessa forma contornar o Templo no sentido
horário em direção ao Oriente. Isso porque a Porta Oriental estava fechada,
como estudamos na Aula anterior – “este portão permanecerá fechado; não será
aberto. Ninguém entrará por ele, porque o Senhor, o Deus de Israel, entrou por
ele. Por isso, permanecerá fechado” (Ez.44:2). No período dos dois Templos, a
porta oriental nunca esteve trancada, e isso revela o caráter escatológico da
visão de Ezequiel. Essa porta era o acesso ao recinto sagrado e, antes de Javé,
o Deus de Israel, passar por ela, aparentemente os sacerdotes também passavam
por ela. Mas, depois que Deus passar por ela para habitar entre os filhos de Israel
(Ez.43:4,7), essa porta ficará fechada e, dessa forma, a tragédia de Ez.11:23 nunca
mais se repetirá.
3. Os novos frutos
(Ez.47:12)
“E junto do ribeiro, à sua margem, de uma e de
outra banda, subirá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá
a sua folha, nem perecerá o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos,
porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento, e a
sua folha, de remédio”.
A linguagem dessa passagem é escatológica e
tem paralelo com o livro de Apocalipse 22:1,2. A parte final de Ez.47:12 mostra
a grande variedade de árvore frutíferas, cujas folhas não murcharão, e elas
nunca deixarão de dar o seu fruto. A grande variedade de todo tipo de árvores
em ambos os lados do rio produzirá frutos abundantes. Nas duas margens do rio
nascerá todo tipo de árvore frutífera.
Segundo o pr. Esequias Soares, essa parte
interpretativa do oráculo mostra todo esse cenário de restauração e bênção para
a humanidade, como os milagres das folhas verdes dessas abundantes árvores que
nunca murcharão. Seus frutos novos a cada mês produzidos ininterruptamente só
acontecerão porque serão regadas pelas águas que sairão do santuário. Assim, o
Guia celestial conclui a revelação explicando que os frutos das árvores
servirão de alimento, e as suas folhas, de remédio. Essa linguagem antecipa o
cenário apocalíptico do mundo vindouro que se mostra um empréstimo da revelação
de Ezequiel. Em apocalipse aparece a árvore da vida na praça da nova Jerusalém
(Ap.22:2), e em Ezequiel são arvores abundantes nas duas margens do rio que
flui do santuário. Esse quadro profético é do Milênio. O rio da visão de
Ezequiel cura as águas do Mar Morto, mas não é o mesmo do mundo vindouro
descrito em Apocalipse, pois na Nova Terra não haverá mar: “o mar já não
existe” (Ap.22:1). Essa parte da profecia do apóstolo João mostra um aspecto do
Milênio, mas não se deve confundir com ele.
II. SOBRE A IMPLICAÇÃO PNEUMATOLÓGICA
1. As águas
(Ez.47:3-6)
“3.Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um
cordel de medir; e mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me
davam pelos tornozelos. 4.E mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas
que me davam pelos joelhos; e mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas
que me davam pelos lombos. 5.E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não
podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a
nado, ribeiro pelo qual não se podia passar. 6.E me disse: Viste, filho do
homem? Então, me levou e me tornou a trazer à margem do ribeiro”.
Em sua visão, Ezequiel foi levado para
observar a corrente de água fluindo do Templo. O rio se torna cada vez mais
largo, mas sem que afluentes despejassem suas águas nesse rio – algo
evidentemente milagroso e simbólico. O Guia angelical faz o profeta testar a
profundidade do rio num intervalo de mil côvados (cerca de quinhentos metros) à
medida que o rio deixa o Templo e vai em direção ao seu destino. Na primeira
vez, as águas batiam nos tornozelos (Ez.47:3); depois davam pelos joelhos
(Ez.47:4); em seguida, nas alturas dos lombos; e, finalmente, as águas eram
profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia
passar (Ez.47:5). Na visão, o profeta atravessou o ribeiro nadando, mas depois
o Guia celestial levou-o de volta para a margem do ribeiro (Ez.47:6). Qual o
propósito disso? Segundo o pr. Esequias Soares, era necessário que Ezequiel
visse a extensão e a profundidade do ribeiro para reconhecer a fonte de todos
esses milagres; eles provêm de Deus como um filete de águas e se tornam um
ribeiro capaz de fertilizar uma terra seca localizada numa região extremamente
árida. Essa experiência da imersão do profeta nas águas tem implicações
teológicas profundas (João 7:37-39).
Em João 7:38 Jesus fala de rios que fluem, que
correm, que levam vida limpa e pura. São rios de águia viva, e não agua morta;
água limpa e não água suja. Jesus tem vida santa, pura e limpa para qualquer
ser humano. Seu sangue purifica o ser humano; Ele dá à pessoa o lavar
regenerador do Espírito Santo. O mundo oferece prazeres, e as pessoas estão se
empanturrando de drogas, imoralidade e álcool, intoxicando a alma de impurezas.
Essas coisas geram um vazio na alma, mas Jesus oferece rios de água viva que
proporcionam vida verdadeira. William Hendriksen diz que não somente aqueles
que bebem da fonte, Cristo, recebem satisfação eterna em si mesmos – vida eterna
e completa salvação – mas, somando a isso, a vida, de uma maneira generosa, é comunicada
a outros. O que é abençoado se torna, pela graça soberana de Deus, um canal de
bênçãos abundantes para outros.
Um rio pode trazer vida a um deserto; o
exemplo disso é o rio Nilo. O Egito é um presente do Nilo. Noventa e seis por
cento das terras do Egito não são cultiváveis; mas, onde o rio Nilo passa, há
vida. O deserto de Negueve tem florescido porque Israel está levando água para
o deserto, e, onde existe água, toda terra é terra boa. Cristo veio para dar
vida plena, abundante, maiúscula e eterna. Jesus não menciona um filete de
água, um riacho de água, nem um rio; Ele fala sobre rios de água viva. Quando
uma pessoa entrega sua vida a Cristo de forma consciente e deliberada, seu
deserto pode florescer. Do seu interior fluirão rios de água viva. Haverá
alegria. Haverá paz. Haverá vida abundante. Quem tem Jesus tem tudo!
2. O Espírito Santo
O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade
Divina. Ele aparece, literalmente, em toda a Bíblia desde o Gênesis, na criação
(Gn.1:2), até o Apocalipse (22:17). Ele é Eterno, então Ele é Deus. Sendo Deus, Ele sempre esteve presente em todas as ações
divinas em relação ao ser humano, a começar da sua criação. Como vemos na
declaração divina de Gn.1:27, ou seja, na criação do homem, toda a Trindade
esteve envolvida - “Façamos o homem conforme à Nossa imagem, conforme à Nossa
semelhança". Aqui, há o emprego do verbo no plural ao mostrar que o Deus
que decidiu a criação do homem era um único Deus, mas dotado de uma pluralidade
de Pessoas. O Espírito Santo é uma dessas Pessoas.
O apóstolo Paulo nos ordena a sermos cheios do
Espírito (Ef.5:18). Mas, o que é ser cheio do Espírito Santo? É estar em Cristo
nos domínios do Espírito Santo (Atos 4:8; Ef.5:18). No dia de Pentecostes,
Lucas afirma que ”todos foram cheios do Espírito Santo” (Atos 2:4). Isso está
bem ilustrado na visão de Ezequiel inundado nas águas sanadoras que brotarão do
quarto Templo de Deus (Ez.47:3-5), no Milênio. Ser cheio do Espírito é uma
experiência continua.
Às vezes a plenitude do Espírito parece ser
apresentada na Bíblia como uma dádiva soberana de Deus. Por exemplo, João
Batista era cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe (Lc.1:15). Nesse
caso, a pessoa recebe a plenitude sem preencher nenhuma condição prévia. Não é
algo que obtém por obras ou orações. Deus o dá conforme o seu bel-prazer. Em
Efésios 5:18, porém, o crente recebe a ordem de encher-se do Espírito. Logo, isso
requer ação da sua parte. Ele tem de cumprir certas condições. É resultado de
obediência e não vem automaticamente.
Quando devemos ser cheios? Agora. A palavra
grega descreve uma ação contínua. Não devemos ser cheios apenas uma vez, mas
continuar a ser cheios, pois a plenitude do Espírito não é uma experiência
única que nunca podemos perder, mas o privilégio de sermos constantemente
renovados, mediante a fé e a obediência contínuas. Precisamos ser cheios do
Espírito e continuar a ser cheios todos os dias, em todos os momentos do dia.
Davi preocupava-se com isso, tanto que fez o seguinte pedido ao Senhor: “Não me
lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Salmos
51:11).
É o Espírito Santo que nos convence do pecado;
é Ele quem opera em nós o novo nascimento; é Ele quem nos ilumina o coração
para entendermos as Escrituras; é Ele quem nos consola e intercede por nós com
gemidos inexprimíveis; é Ele quem nos batiza no corpo de Cristo; é Ele quem
testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus; é Ele quem habita em
nós. Jamais devemos ficar vazios do glorioso Espírito Santo.
3. Imerso nas águas
e no Espírito (Ez.47:3-5)
A água é o maior símbolo da implicação
pneumatológica de Ezequiel 47. Ao longo dos séculos, cristãos de todos os ramos
do cristianismo reconhecem a estreita ligação teológica das águas com o
Espírito Santo. Ezequiel imerso nessas águas pode perfeitamente ser comparado
ao crente cheio do Espírito Santo, visto que a água é um dos símbolos do
Espirito Santo (1João 5:6), e nenhum livro do Antigo Testamento revela a
identidade, os atributos e as obras do Espirito Santo como Ezequiel. Isso está
bem ilustrado na visão de Ezequiel inundado nas águas sanadoras que brotam do
Templo de Deus (Ez.47:3-5). As águas terapêuticas do rio da visão de Ezequiel,
que saem de debaixo do umbral do Templo, apontam para Cristo e o Espirito
Santo. O Espírito Santo é indispensável na vida do povo de Deus. A água refresca,
refrigera e dá uma sensação de tranquilidade e bem-estar, e é isso que o
Espírito Santo realiza na vida do crente (Is.44:3). Ele será derramado de forma abundante no Milênio, conforme mostra a visão
de Ezequiel. O profeta Ezequiel profetizou um derreamento do Espírito Santo
para a purificação (Ez.36:25,33) e a capacitação dos purificados (Ez.36:27).
III. SOBRE O CONTEXTO GEOLÓGICO DO VALE DO MAR MORTO
1. A abundância de
árvores (Ez.47:7)
“E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia
uma grande abundância de árvores, de uma e de outra banda”.
Na visão havia “uma grande abundância de
árvores, de uma e de outra banda”. As águas da visão de Ezequiel são sanadoras
e milagrosas; elas fertilizam todas as áreas estéreis do vale do Arabá e saram
as águas do mar Morto levando vida ao mar e às suas margens. A visão desse rio
é literal, mostra o profeta imerso nele até o pescoço, águas vivificadoras que
fluem do Templo do Milênio. Na visão é mencionado o Mar Morto, pescadores,
peixes reais. Aquilo que Ló viu no dia que fez a escolha proposta por Abraão,
voltará a ser novamente como resultado das bênçãos das águas vivificadoras. O
que Ló viu? Ele “viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes
do Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a
terra do Egito, quando se entra em Zoar” (Gn.13:10). É isso que vai ocorrer no
Milênio, quando esse rio surgir. A vida voltará novamente aonde o pecado de
Sodoma e Gomorra trouxe morte e esterilidade.
2. O Mar Morto
(Ez.47:8)
“Então, me disse: Estas águas saem para a região
oriental, e descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar,
sararão as águas”.
O Mar Morto é um mar de água extremamente salgada localizado no Oriente
Médio, mais precisamente na divisa dos territórios de Israel e Jordânia.
"O nível de sal nas águas do Mar Morto encontra-se próximo aos 35%, sendo
muito superior à média dos outros mares e oceanos, que costumam ter um grau de
salinidade em torno de 5%. Isso ocorre porque ele é um mar fechado, ou seja,
cercado de terra por todos os lados, de forma que sua única fonte de abastecimento
é o rio Jordão. Como a região é muito quente, a água evapora-se muito rápido,
mas os minerais não, o que contribui para a elevada quantidade de sal".
Mas por que o Mar Morto possui esse nome? A origem do nome
do Mar Morto deve-se ao fato de esse mar não oferecer
condições para a manutenção de espécies de seres vivos, tanto animais quanto
vegetais. Por isso, na impossibilidade de haver vida, diz-se que ele
é morto.
Na visão de Ezequiel, a chegada das águas vivificadoras advindas do
Templo reviverá o Mar Morto e o resultado é a grande multiplicidade de peixes
como no Mar Mediterrâneo, o ”mar grande” (Ez.47:10). A descrição do texto
é de um conjunto de milagres: a fonte do rio, a travessia até o Mar Morto, a
fertilidade da região. O rio começa com poucas águas saindo de debaixo do
Templo (Ez.47:1), e depois vai aumentando o seu volume. O volume de águas
aumenta até se tornar um ribeiro. Essas águas vão se avolumando em direção ao
Mar Morto, e fertilizando a terra árida. Essas águas sanadoras fertilizarão
toda a antiga Pentápolis das cinco cidades-estados da época de Abraão: Sodoma,
Gomorra, Admá, Zeboim, Zoar (Gn.14:2). As cidades de Sodoma e Gomorra são
aquelas cuja destruição trouxe esterilidade na região, de modo que ali não
nasce planta alguma, nem capim; é um deserto abrasador (Dt.20:23). No entanto,
a palavra profética contempla o surgimento de grande abundância de árvores
(Ez147:7) como resultado das bênçãos das águas vivificadoras.
3. Vida no Mar
Morto (Ez.47:9,10)
“9.E será que toda
criatura vivente que vier por onde quer que entrarem esses dois ribeiros
viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão essas águas e sararão, e
viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro. 10.Será também que os
pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para
estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar
Grande, em multidão excessiva”.
Este texto dispensa qualquer interpretação; ele é autoexplicativo. No
Milênio, quando Cristo estiver reinando, as águas vivificadoras do rio que
nascerá debaixo do quarto Templo, fertilizará todos os espações por onde passar
(Ez.47:9b), até o Mar Morto, onde a vida, que hoje não existe, será abundante.
Isto nos faz lembrar da criação no princípio (Gn.1:20,21). A palavra profética
contempla os pescadores em ”En-Gedi até En-Eglaim” lançando suas redes para
apanhar peixes como no Mar Mediterrâneo (Ez.47:10), um cenário nunca visto até
então na história. En-Gedi é um pequeno oásis localizado no deserto da Judéia,
próximo ao Mar Morto (Js.15:62), onde Davi se acampou quando perseguido por
Saul (1Sm.23:29; 24:1). Com relação a outra localidade – En-Eglaim -, não se
sabe a sua localização com precisão; segundo alguns autores, “talvez seja
identificado com Ain Feshkha, a 30
quilômetros ao norte de En-Gedi”.
4. Sobre os charcos
lamaceiros com sal que não será restaurada (Ez.47:11)
“Mas os seus charcos e
os seus lamaceiros não sararão; serão deixados para sal”.
Este texto é traduzido da seguinte forma: “Mas os charcos e os pântanos
não ficarão saneados; serão deixados para o sal” (NVI). Se estes locais serão
deixados para o sal é porque haverá um propósito para isso. Segundo escreveu o
pr. Esequias Soares, há quem afirme que esses charcos serão de grande utilidade
para economia por causa da abundância das riquezas minerais, até para o
tempero, como o sal para os sacrifícios (Ez.43:24). O Milênio, portanto, será
uma dispensação extraordinária, e ímpar, que não deve ser avaliada com base nos
referenciais e parâmetros da Era em que vivemos.
CONCLUSÃO
No Milênio, o primeiro
grande acontecimento será a restauração espiritual de Israel. Israel, ao ver
Jesus descer em glória acompanhado dos Seus santos, o aceitará como o Messias.
É o remanescente de Israel que, por causa desta aceitação, será salvo
(Rm.9:27;11:24-26). Sendo salvo, Israel será restaurado espiritualmente, pois
passará a ter vida, pois, quem aceita a Cristo, passa da morte para a vida
(Jo.5:24).
Este remanescente de
Israel, que se apresenta como um exército grande em extremo e em pé (Ez.37:10),
como um povo salvo, será a nação sacerdotal planejada por Deus desde o momento
em que foi selado o pacto entre Deus e Israel (Ex.19:5,6). Porém, para que
Israel seja nação sacerdotal será necessário que se arrependa dos seus pecados
e aceite a Cristo como seu Salvador. Como um povo santo (Is.60:21; Sf.3:13),
porém, faz-se necessário que, para exercer o sacerdócio, seja ungido com óleo.
Por isso, logo após ser restaurado espiritualmente, Israel receberá um grande
derramamento do Espírito Santo (Zc.12:10), a fim de habilitá-lo para o
exercício do sacerdócio durante o período milenar. Isto demonstra que, durante
todo o milênio, Israel viverá um período de avivamento contínuo, imerso no
Espírito Santo, com as gerações seguintes sendo continuadamente ungidas pelo
Espírito do Senhor, como, aliás, se encontra profetizado por Joel (Jl.2:28). O
Espírito Santo, então, voltará a ter uma atuação plena e indiscriminada, sendo
agora em relação a Israel, que é a nação sacerdotal do Milênio, para onde as
pessoas das demais nações deverão acorrer para servir ao Senhor.
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Luciano de Paula
Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia
de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Ezequias
Soares. A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no
Livro de Ezequiel. CPAD.
J.Kenneth
Grider. O Livro de Ezequiel. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Daniel
Block. Ezequiel.
Elinaldo
Renovato de Lima – O Final de Todas as Coisas. CPAD.
Caramuru
Afonso Francisco. A Grande Tribulação. PortalEBD_2004.
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Ciro Sanches Zibordi. Escatologia Doutrina das últimas Coisas. Teologia
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Caramuru Afonso Francisco. O Milênio: o Reino do Messias. PortalEBD_2003.
Tim
Lahaye. Enciclopédia popular de Profecia Bíblica. CPAD.2015.
Que Deus continue abençoando sua vida meu irmão, seu conteúdo tem mim abençoado muito no meu ministério. Um grande abraço.
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