3º Trimestre/2023
Subsídio à Lição 02
Texto
Base: Romanos 3:9-20
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante
dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm.3:20).
Romanos 3:
9.Pois quê? Somos nós mais excelentes?
De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos,
todos estão debaixo do pecado,
10.como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer
11.Não há ninguém que entenda; não há
ninguém que busque a Deus.
12.Todos se extraviaram e juntamente se
fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13.A sua garganta é um sepulcro aberto;
com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus
lábios;
14.cuja boca está cheia de maldição e
amargura.
15.Os seus pés são ligeiros para
derramar sangue.
16.Em seus caminhos há destruição e
miséria;
17.e não conheceram o caminho da paz.
18.Não há temor de Deus diante de seus
olhos.
19.Ora, nós sabemos que tudo o que a
lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e
todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20.Por isso, nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento
do pecado.
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos como a deturpação
da doutrina bíblica do pecado pode distorcer a compreensão espiritual. A Queda
do homem no Éden trouxe sérios transtornos para todos os seres humanos
subsequentes, e para toda a criação. Além da morte física e espiritual
(Rm.5:12), a Queda maculou o coração do ser humano e corrompeu a sua natureza,
levando-o à inclinação do erro de forma contumaz e irremediável. Disse o
apóstolo Paulo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram” (Rm.5:12). Mas a morte vicária de Cristo na cruz do calvário,
trouxe salvação para toda a humanidade; agora, todo aquele que nele crer tem a
vida eterna (João 3:16).
No entanto, a presença e o poder do
pecado ainda cercam a natureza humano. É preciso, então, ter cuidado com o
pecado, pois ele é maligníssimo; ele pode levar a pessoa mais longe do que ela
quer ir - ele promete prazer e paga com o desgosto; levanta a bandeira da vida,
mas seu salário é a morte; tem um aroma sedutor, mas no final cheira a enxofre
e sofrimento eterno. Ele é pior do que a pobreza, do que a solidão, do que a
doença; enfim, o pecado arruína o corpo, a alma e afasta a pessoa eternamente
de Deus. Apenas os loucos brincam com o pecado.
A maneira correta da pessoa lidar com o
pecado é se arrepender sinceramente e buscar em Deus o perdão, a
graça e a misericórdia (Sl.51; Hb.4:16; 7:25). Mas,
infelizmente, em muitos redutos que se dizem cristãos, a Doutrina do Pecado vem
sendo deturpada e enfraquecida, e esse processo tem aberto as portas para a
normalização do pecado. Certamente, Jesus Cristo levará isto em conta quando
Ele voltar para reinar e julgar as nações (cf.Mt.7:22,23).
I. O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1. Definição de Pecado
O apóstolo João nos dá a verdadeira
definição de pecado: “O pecado é a transgressão da lei [de Deus]” (1João 3:4). Concordo
com pr. Douglas Baptista quando ele afirma que “a palavra abrange não apenas
errar o alvo, mas deliberadamente acertar o alvo errado. Trata-se de rebelião e
desobediência contra Deus e a sua Palavra (1Sm.15:22,23)”. John Stott afirma
que “o pecado é a revolta do eu contra Deus; é destronar Deus; é
autodeificar-se; é a atrevida determinação de ocupar o trono que pertence
somente a Deus”.
O apóstolo João diz que a essência do
pecado é a ilegalidade. Segundo John Stott, o pecado não é apenas uma falha
negativa (hamartia), uma injustiça ou
falta de retidão (adikia), mas essencialmente uma ativa rebelião contra a
vontade de Deus e uma violação da sua santa Palavra (anomia). Este fato é tão sério que o anticristo, o homem da
iniquidade, o filho da perdição, é chamado pelo apóstolo Paulo de “ho anthropos
tes anomias” - o homem sem lei, o homem da injustiça (2Ts.2:3).
Warren Wiesbe afirma que “os pecados
são frutos, mas o pecado é a raiz, pois qualquer que seja a atitude exterior do
pecador, sua atitude interior é a rebelião”. Nesta mesma linha de pensamento,
Augustus Nicodemos, analisando 1João, afirma que pecado é transgressão da lei,
seja ao fazer aquilo que ela proíbe, seja ao deixar de fazer aquilo que ela
manda. Portanto, o crime do pecador é essencialmente a transgressão da Lei de
Deus, pela desobediência, descaso, desprezo ou indiferença para com ela. Todo
pecado, portanto, é uma rebelião contra a vontade de Deus.
João diz que “aquele que pratica o
pecado procede do diabo; porque o diabo vive pecando desde o princípio...” (1João
3:8). O diabo é o pai do pecado; o pecado vem dele; logo, pecar é obedecer àquele
que peca desde o princípio, em vez de obedecer a Deus.
Portanto, pecado é a condição do homem
rebelde, não regenerado, não nascido de novo, não justificado, não reconciliado
com Deus. Para resolver esta situação desastrosa, o ser humano precisa se tornar
nova criatura em Cristo Jesus (2Co.5:19).
2. A universalidade do Pecado
“Pelo
que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).
A queda de Adão foi o maior desastre da
História. Dessa queda decorrem todos os desastres subsequentes. Embora o pecado
já tivesse ocorrido no mundo angelical com a queda de Lúcifer, na história
humana o pecado foi introduzido pela queda de Adão.
O pecado é uma conspiração contra Deus,
é uma transgressão da sua lei, é um ato de rebelião e desobediência a Deus. Sendo
livre, Adão escolheu desobedecer a Deus; tornou-se escravo do pecado e por meio
do seu pecado precipitou toda a raça humana num estado de rebelião contra Deus.
O pecado, então, foi universalizado.
Todos os seres humanos pecaram em Adão,
estando nos lombos do seu primeiro pai, o cabeça e o representante da raça
humana. Estamos nele de modo especial, não apenas porque ele é a raiz que nos
gerou, mas também porque é nosso representante e cabeça. Não apenas herdamos o
pecado de Adão, mas somos como ele. Agora, cada qual é seu próprio Adão.
Pelo menos em cinco ocasiões, em
Romanos 5:15-19, é apresentado e repetida a realidade de que, pelo pecado de um
único homem, todos os seres humanos pecam: “Pela ofensa de um só, morreram
muitos” (5:15); “O julgamento derivou de uma só ofensa, par a condenação”
(5:16); “Pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte” (5:17); “Por
uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação” (5:18) e
“Pela desobediência de um só, muitos se tornaram pecadores” (5:19).
Portanto, como afirma o pr. Douglas
Baptista, o pecado não é passado adiante meramente pela força do mau exemplo,
mas é um mal inerente à natureza humana (Rm.7:14-24). Em consequência disso,
todo ser humano está sob o domínio do pecado e, se não houver um arrependimento
sincero e uma sujeição de sua natureza à Cristo, será condenado à morte
(Rm.3:23; 6:23). Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser
eficazmente regenerada pela fé em Cristo (Rm.3:24; 2Co.5:17).
3. Corrupção Total
Romanos 3:10-12:
10.como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer; 11.Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus;
12.Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nem um só”.
Estes textos indicam que, por causa da
Queda, todo o interior do ser humano foi corrompido e está sob o controle do
pecado: sua mente (“não há quem entenda”); seu coração (não há quem busque a
Deus”) e sua volição (“não há quem faça o bem”). A corrupção é total!
Por causa da injustiça que é praticado
por todos (Rm.3:10), nenhum ser humano consegue cumprir as exigências da santa Palavra
de Deus. Não há justo, nenhum sequer. Todos estão aquém do padrão da perfeição,
e a transgressão da Lei de Deus (1João 3:4) torna o ser humano culpado perante
Deus. Há um obscurantismo intelectual em todos os seres humanos (Rm.3:11). A
mente do pecador tornou-se obtusa e obscurecida para compreender as coisas
espirituais. O diabo cegou o entendimento dos incrédulos.
Mediante a graça comum, o homem
consegue grandes avanças na ciência e é capaz de extraordinárias façanhas, mas
espiritualmente ele vive imerso no mais tosco obscurantismo. Paulo ficou
revoltado com a idolatria de Atenas, a cidade mais culta do mundo antigo; ele
considerou a cultura dos grandes influentes da filosofia grega como tempos de
ignorância (Atos 17:30).
Aos Romanos, Paulo diz que todos os
seres humanos se extraviaram (Rm.3:12). Em vez de reconhecerem a majestade de
Deus na obra da criação, perverteram o culto a Deus em vil idolatria. Essa
apostasia não foi por falta de luz, mas por rebeldia deliberada. O homem
sacudiu de sobre si o jugo de Deus; abandonou a fonte da vida para cavar
cisternas rotas; abandonou o Deus verdadeiro para se prostrar diante de ídolos
criados por suas próprias mãos (Is.2:8). Porém, abandonar a Deus é desembocar
na degradação moral (Rm.5:12). Porque os homens abandonaram a Deus, chafurdaram-se
no pântano nauseante das práticas mais aviltantes. Todos os seres humanos
deixaram a prática do bem para se entregar à prática do mal.
Diante de tão desastrosa situação,
somente por meio da graça de Deus o ser humano pode receber capacidade para
crer, arrepender-se e ser salvo (R.3:24,25); sozinho, ele não consegue se
libertar da escravidão do pecado, é preciso da ajuda do Espírito Santo e de sua
graça maravilhosa, divinamente ofertada (R.6:23; Ef.2:8,9).
II. AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado social
“A
teologia latino-americana aponta, além dos pecados litúrgicos, também os
pecados sociais evidenciados por meio dos problemas sociais, econômicos e
políticos, pecados cometidos por aqueles que fazem uso do seu poder de compra,
do seu “capital” para manipular e explorar aqueles que nada tem, não levando em
consideração o direito ou dignidade do ser humano, apenas o que é de interesse
pessoal das classes mais abastadas. A partir dessa perspectiva pode-se enxergar
a existência do pecado estrutural, através do qual se dá a destruição das vidas
humanas. Porém, se faz necessário dizer que o pecado está nos mantenedores
deste contexto social, que se entregam às estruturas de poder e se usufruem
suas facilidades” (Alexandre Alves da Silva).
Eu diria que o pecado social é uma
consequência do pecado pessoal, moral, que é o gerador de todos os distúrbios
que a sociedade padece, principalmente o distúrbio social. Vive-se num mundo
injusto e desigual em todos os sentidos – econômico, financeiro, social,
político etc.-, por causa do pecado moral. Este pecado gera injustiça, ou seja,
toma indevidamente algo que não é seu, em que apresenta abundância demasiada
para um e faz faltar para outrem. Assim, se, ao pecar, afastamo-nos de Deus, o
resultado disto é a injustiça, a iniquidade, a desigualdade. Um Dia, o ímpio
prestará conta de toda a iniquidade carregada consigo e ouvirão a dura
sentença: “nunca vos conheci” (Mt.7:21-23), precisamente porque entronizou o
mal dentro do seu coração (Sl.28:3).
João Paulo II, em sua encíclica sobre a
justiça social (Sollicitudo Rei Socialis),
disse que "pecado social" ou "pecado estrutural" procede
do acúmulo de pecados pessoais. "Trata-se", diz o
Papa, "de uma questão de mal moral, o fruto de muitos pecados que
conduz às 'estruturas de pecado'".
Considerando que a fonte do
"pecado social" ou "pecado estrutural" é o pecado pessoal,
a solução encontra-se em nossas ações pessoais. Devemos fazer mais do que mudar
"o sistema", devemos mudar a nós mesmos.
Portanto, priorizar a solução das
questões sociais como, por exemplo, eliminar a pobreza, a injustiça e a
desigualdade, não levando em consideração que a degradação moral é a fonte
geradora de todos os males sociais, é uma inversão de valores e uma deturpação
do ensino a respeito do pecado.
A Igreja de Cristo é terminantemente
contra a situação do pecado que traz ao mundo a desigualdade social. A justiça
de Deus não compactua com a corrupção, com a fome e o sofrimento dos mais
carentes. É mandamento bíblico: “Abre a
sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado” (Pv.31:20).
Enquanto houver governo humano e
Satanás continuar solto (ler Ap.20:2), sempre haverá desgraças no mundo,
principalmente injustiça e desigualdade social. Por isso, o nosso clamor
cotidiano deve ser: “Venha o Teu Reino” (Mt.6:10).
2. Teologia da libertação
A Teologia da Libertação é uma corrente
teológica que surgiu na América Latina nas décadas de 1960 e 1970. Ela busca
combinar a fé cristã com a luta por justiça social, a libertação dos oprimidos
e a transformação das estruturas socioeconômicas injustas.
A Teologia da Libertação tem suas
raízes na realidade latino-americana de pobreza: desigualdade e opressão. Ela
surge como uma resposta aos problemas sociais e políticos enfrentados por
muitos países da região, como a exploração dos trabalhadores, a concentração de
terras nas mãos de poucos, a violência e a repressão.
Seus principais expoentes são teólogos
e pensadores como o peruano Gustavo Gutiérrez, o brasileiro Leonardo Boff
e o uruguaio Jon Sobrino. Eles enfatizam o compromisso com os pobres e
marginalizados, destacando a importância da justiça social na prática cristã.
Uma de suas vertentes é a Teologia da Missão Integral (TMI).
Para eles, o estudo teológico não deve
estar centrado em doutrinas bíblicas para libertar o homem do pecado, mas na
indignação social para libertar o homem da injustiça social, econômica e
cultural. Desse impulso surgem as teologias de cunho emancipatório de gênero
(transexualidade), de sexualidade (homossexualidade) e de raça. Ao agregar
várias correntes de pensamento, o movimento absorveu crenças da Umbanda, do
Espiritismo, do Islamismo e até do Xamanismo.
A Teologia da Libertação foi acusada de
deturpar a doutrina cristã ortodoxo tradicional e é criticada por adotar o
marxismo como base ideológica. Ela prega um conceito marxista inspirado nas
teorías comunistas de Karl Marx, segundo o qual haverá um paraíso na Terra
quando os pobres retirarem dos ricos as riquezas e as distribuírem, criando
assim uma sociedade sem classes (sic). O mecanismo desta revolução seria a
"luta de classes" - os pobres, revoltando-se contra a sua pobreza;
agindo assim, conquistariam o poder e assegurariam uma distribuição igualitária
de todos os bens materiais. Para o marxista, logo, para a Teologia da
Libertação, o único pecado que existe é a acumulação de riquezas, vista por
eles como essencialmente ruim. Do mesmo modo, eles veem em qualquer hierarquia
um pecado contra a "igualdade" que eles creem existir entre os
homens. Assim, este movimento considera que o que realmente importa é pregar
entre os pobres a revolta contra os ricos, com o fim de estabelecer uma
sociedade igualitária.
Sem dúvida, esse movimento é uma
heresia gravíssima e de cunho materialista, tendo como pilar principal as
ideias socialistas de Karl Marx. Ele apresenta uma visão de mundo contrária à
ortodoxia da doutrina cristã bíblica, e que está disfarçada com um vocabulário
aparentemente cristão. Até mesmo a Instituição Católica não concordou com as
doutrinas marxistas desse movimento, e dedicou dois documentos a ela na década
de 1980, considerando-a herética e incompatível com a sua doutrina e dogmas.
Infelizmente, muitos que cristãos dizem
ser, têm caído nas redes deste movimento marxista enganoso. E, apesar de seu
declínio nestes últimos tempos, ainda apresenta forte influência no catolicismo
romano, bem como em vários segmentos do orbe evangélico tradicional. Isto é um erro
crasso, que demonstra um desconhecimento cabal das doutrinas bíblicas
ortodoxas.
Enquanto a presença e o poder do pecado
estiverem impregnados na natureza do ser humano, haverá injustiça e
desigualdade social; isto só será extinto quando Jesus voltar para instalar o
seu Reino milenial em que será debelada toda a injustiça que hoje impera em
todas as instituições governadas pelo ser humano.
3. Liberalismo teológico
O liberalismo teológico é uma corrente
teológica que emergiu no século XIX, especialmente na Europa e nos Estados
Unidos. Ele se caracteriza por uma abordagem crítica e interpretativa da
doutrina cristã, buscando conciliar a fé com a razão, a ciência e as mudanças
sociais e culturais da época.
Os teólogos liberais enfatizam a
importância da liberdade individual, da autonomia intelectual e do
questionamento das doutrinas tradicionais. Eles procuram reinterpretar os
ensinamentos e dogmas religiosos à luz das descobertas científicas, filosóficas
e históricas. No âmbito da Bíblia Sagrada, o liberalismo teológico adota uma
abordagem crítica e historicista.
Os teólogos liberais veem os textos
bíblicos como produtos da cultura e do contexto histórico em que foram escritos,
e buscam entender o significado subjacente a esses textos, separando a mensagem
espiritual da forma literal. Tem como premissa principal a negação da
inspiração, suficiência, autoridade e inerrância das Escrituras Sagradas. Duvidam
da realidade dos fatos sobrenaturais, ou milagres por elas narrados e
transforma em mitos acontecimentos reais que só podem ser aceitos pela fé. Tudo
começou quando um daqueles que “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”
(Rm.1:22), por nome de Jean Astruc, que viveu entre 1684 e 1766, e que, por
inspiração satânica, escreveu um livro no qual pôs em dúvida a autoria dos
cinco primeiros livros da Bíblia, como sendo de Moisés.
Existem alguns pressupostos que são
frequentemente associados à teologia liberal. Aqui estão alguns deles:
a) Racionalidade
e autonomia: A teologia liberal valoriza a razão humana e a autonomia
intelectual. Ela busca conciliar a fé cristã com a ciência, a filosofia e as
descobertas históricas, levando em conta os avanços intelectuais e culturais.
b) Interpretação
histórica e crítica: Os teólogos liberais adotam uma abordagem histórica e
crítica para interpretar as escrituras e os ensinamentos religiosos. Eles
consideram os textos sagrados como produtos culturais e históricos, sujeitos a
influências e contextos específicos.
c) Evolução
da doutrina: A teologia liberal enfatiza a ideia de que a doutrina e a
compreensão religiosa evoluem ao longo do tempo. Ela está aberta a
reinterpretar e adaptar os ensinamentos religiosos à luz das mudanças sociais,
culturais e intelectuais.
d) Inclusão
e pluralismo: A teologia liberal valoriza a inclusão e o pluralismo,
reconhecendo a diversidade de crenças e perspectivas religiosas. Ela busca o
diálogo inter-religioso e a cooperação entre diferentes tradições religiosas.
e) A Bíblia é um documento humano, e não inspirado:
A primeira característica da teologia liberal é considerar que a Bíblia é um
documento humano, ou seja, não creem no caráter sobrenatural das Escrituras.
Consideram-na um livro igual a qualquer outro, um livro que reproduz a história
de Israel (Antigo Testamento) e da Igreja primitiva (Novo Testamento), mas que
seriam resultado da cultura e da história, tendo o mesmo valor que outros
textos religiosos e mitológicos que têm sido encontrados pelos historiadores.
f) Os milagres bíblicos são duvidosos:
A teologia liberal se caracteriza por procurar se basear nos estudos
científicos e filosóficos atuais, mais do que nas próprias Escrituras Sagradas.
Ela utiliza-se de conceitos, princípios e pensamentos de cientistas e filósofos
do seu tempo e aplicá-los aos estudos das Escrituras. Nada há de errado, a
priori, do uso de conceitos e de métodos estabelecidos na ciência e na
filosofia, mas o teólogo deve, em primeiro lugar, tomar como ponto de partida
não a razão, mas, sim, a revelação que se encontra na Bíblia Sagrada, pois são
as Escrituras que testificam de Cristo (João 5:39). A verdade é a Palavra
(Jo.17:17). Tudo passa, menos a Palavra de Deus (Mt.24:35; 1Pd.1:25).
g) Negam Jesus como o Filho de Deus:
Negando a autenticidade da Bíblia, transformando-a num livro mitológico,
negando a veracidade dos milagres nela registrados, é claro que não haveria
possibilidade de aceitar o Senhor Jesus como o Filho de Deus, enviado como
Redentor da humanidade. Eles chegam, mesmo, a duvidar da existência de Cristo;
apenas admitem a existência de um “Jesus histórico”, ou seja, que Jesus foi um
grande pensador, um grande profeta, um grande filósofo, um homem
extraordinário, cuja mensagem conseguiu transformar o mundo de seu tempo, mas
que não conseguem ver nEle o Salvador do mundo. Não podendo negar a sua
existência, pois para isso teriam que negar a própria história, aceitam-no como
homem comum, porém, negando seu nascimento virginal e a sua divindade.
Temos, pois, que a Teologia Liberal
simplesmente abdica do seu papel de sistematizadora da mensagem divina, para
substituí-la por uma mensagem ética, moral, sociológica, filosófica, ou seja lá
o que for, mas que não vislumbra, em momento algum, o “estudo de Deus”.
Portanto, ela deixa de ser, em essência, uma teologia para ser apenas um estudo
humanístico, uma vertente filosófica, uma vã filosofia, que se constrói segundo
os rudimentos do mundo, segundo a tradição dos homens e não segundo Cristo
(Cl.3:8).
O liberalismo teológico ainda continua
vivo e distribuindo morte espiritual por onde passa. Sua sombra continua a ser projetada
domingo após domingo em púlpitos por todo o mundo, inclusive no Brasil. O seu
ideário de oposição às doutrinas bíblicas ortodoxas, que se fundamentam na
revelação das Escrituras (2Tm.4:3), continua em plena sustentação - “troca-se a
mensagem da salvação de arrependimento, confissão de pecados e mudança de
caráter por uma visão progressista que enfatiza a transformação social pelo
paradigma do marxismo. Assim, o pecado é relativizado, o ecumenismo religioso é
propagado e toda experiência espiritual é considerada válida”.
Mas, a verdadeira teologia bíblica
proveniente da doutrina do Senhor não perdeu o seu espaço; ao contrário, ela
continua firme e crescente através do empenho de homens comprometidos com Deus
e com a defesa da fé mediante a exposição correta e ungida das Escrituras
Sagradas.
III. A NORMALIZAÇÃO DO PECADO
1. Crise ética e moral
Ética é o conjunto de padrões, de
valores, que regulam a conduta de um indivíduo, e a prática dessa conduta
recebe o nome de moral. Toda atividade humana tem um padrão a ser observado,
tem a sua ética.
A discussão a respeito de como deve o
homem se comportar é algo que vem sendo efetuado desde os primórdios da
civilização humana, pois Deus fez o homem como um ser moral, ou seja, como um
ser responsável, que tem consciência do que deve, ou não, fazer, porque e para
que deve agir num determinado sentido. Tanto assim é que, logo após ser
colocado no Jardim do Éden por Deus, o primeiro casal recebeu uma determinação
de Deus: "De toda a árvore do jardim, comerás livremente; mas da árvore da
ciência do bem e do mal, dela não comerás, porque, no dia em que dela comeres,
certamente, morrerás" (Gn.2:16b,17). Como se percebe, portanto, o homem
foi feito um ser eminentemente moral, ou seja, um ser ético.
O resultado da desobediência do homem e
da sua tentativa de construir para si padrões de conduta alheios à vontade de
Deus resultou nos grandes dilemas que hoje, como em nenhum outro momento da
história humana, vivemos nesta "grande aldeia global" em que se
tornou o nosso planeta, dilemas estes que, não raro, abalam a fé de muitos
servos de Deus que, à revelia da própria Palavra de Deus, acabam cedendo a
padrões, princípios e procedimentos que são radicalmente contrários aos ditames
da Bíblia e à vontade do Senhor.
O homem, imerso no pecado (Rm.3:9-12,23),
separado de Deus (Is.59:2), cegado pelo deus deste século (2Co.4:4), não pode
ter senão comportamentos e condutas que desagradam a Deus, estabelecendo-se,
pela sua arrogância, um relativismo ético, ou seja, um conjunto de condutas e
de regras de comportamentos que se alteram conforme a conveniência e de acordo
com as circunstâncias, a gerar uma tolerância ilimitada, um verdadeiro caminho
largo, em que tudo é permitido (Mt.7:13). Vemos nestes tempos pós-modernos de
cultura degradante, a normalização de temas progressistas que violam a ética e
a moral bíblicas, tais como: a imoralidade sexual, o aborto e o uso de drogas
ilícitas. Isto tem levado a sociedade atual a impolidez ética e se tornado
moralmente desajustada.
O seguidor de Cristo jamais deve se
amoldar a estas paixões mundanas (1Pd.1:14) que deturpam o caráter cristão
(Rm.12:2); deve, sim, buscar a santificação em todo o procedimento (1Pd.1:15),
porque está escrito: “sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:16), e, sem
santificação, ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).
2. Imoralidade sexual
“Portanto,
não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo
que vocês obedeçam aos seus desejos” (Rm.6:12).
A Bíblia Sagrada descreve o plano
original de Deus para a sexualidade dentro do contexto do casamento entre um
homem e uma mulher. Ela enfatiza a importância da fidelidade, compromisso e
intimidade sexual exclusiva dentro dessa união matrimonial. A fornicação, que é
a relação sexual fora do casamento, é condenado como um pecado. Além disso, a
Bíblia também proíbe outras formas de comportamento sexual consideradas
imorais, como a prostituição, o incesto, o estupro, a homossexualidade e a
bestialidade. Esses ensinamentos são encontrados em passagens como Levítico
18:22 e 20:13, Romanos 1:26-27, 1Coríntios 6:9-10 e 1Timóteo 1:9-10.
A Bíblia enfatiza a importância da
pureza sexual, incentivando os crentes a evitarem pensamentos e desejos sexuais
pecaminosos (Mt.5:27-28) e a viverem de acordo com os princípios de santidade e
autodomínio (1Tes4:3-5).
Nestes tempos pós-modernos, em que
impera uma cultura moralmente degradante, nunca se viu tanta imoralidade em
todo o mundo. As redes e as mídias sociais têm favorecido largamente a sua
proliferação. O sexo criado por Deus para ser utilizado no casamento formal
entre um homem e uma mulher (Gn.2:24) está sendo banalizado. Dizem, atualmente,
que não se deve oprimir o corpo, e em defesa da liberdade (liberdade ou libertinagem?)
de decisão sobre o corpo, banaliza-se o sexo pré-conjugal, normaliza-se o sexo
extraconjugal e a homossexualidade (Rm.1:26,27).
Há um afrouxamento, sem par, da ética e
da moral como foram estabelecidas por Deus. A propagação midiática e gráfica da
ideologia de gênero, e a erotização da infância, têm se alastrados, com a
devida anuência das instituições governamentais, nas mídias sociais e adentrado
as escolas sem nenhum obstáculo ou impedimento pelos órgãos do judiciário.
Estamos vivendo num mundo de trevas, onde o poder e a presença do pecado têm
dominado as pessoas com facilidade.
Quando o pecado reina, os indivíduos se
tornam capachos de sua implacável tirania. O reinado do pecado é um domínio de
opressão. O pecado escraviza e mata. Os súditos do pecado vivem prisioneiros de
suas paixões e oferecem os membros do seu corpo à iniquidade. No reinado do
pecado as pessoas são escravas, e não livres; elas se afundam no atoleiro dos
vícios e perversões e usam seu corpo para atender os ditames do pecado. Assim,
o pecado é tolerado, a família é desconstruída e a doutrina da santidade é desprezada
(Hb.13:4).
Mas, no reinado da graça, aqueles que
são seguidores fiéis de Cristo, uma vez que não estão debaixo do domínio do
pecado, não devem oferecer o seu corpo para servi-lo nem os membros do seu
corpo para fazer sua vontade. Nosso corpo deve estar a serviço do Reino de Deus.
Os membros do nosso corpo não devem ser janelas abertas para o pecado, mas
devem ser instrumentos da realização da vontade de Deus. Não precisamos dar uma
parte da nossa vida a Deus e outra parte ao mundo. Como diz William Barclay,
“para Deus é tudo ou nada”.
Na Bíblia há mensagens de perdão e
reconciliação para aqueles que têm lutado com a imoralidade sexual; ela
enfatiza a possibilidade de arrependimento, transformação e restauração através
da fé em Jesus Cristo.
3. A dessacralização da vida
Nunca se vulgarizou tanto a vida física
e espiritual como neste século vinte um. Nunca o ser humano afrontou tanto o
seu Criador como nestes últimos tempos. A vulgarização do pecado fomenta
ideologias que desprezam a sacralidade e a dignidade humana.
A sociedade está cada vez mais
mergulhada na libertinagem sob o auspicio de um pseudodireito de fazer o que
quer com o corpo físico sem as devidas limitações éticas e morais. Aliás, ética
e moral estão desaparecidos do dicionário desta cultura degradante pós-moderna.
O slogan “meu corpo, minhas regras” reivindica o falso direito de a pessoa usar
drogas, prostituir-se, abortar, cometer suicídio e eutanásia. Entretanto, a
vida pertence a Deus (1Sm.2:6); logo, é inviolável e deve ser valorizada (2Pd.1:3),
e o corpo humano, invólucro da alma, deve ser cuidado, alimentado e preservado
(Ef.5:29).
A Bíblia não mudou e nem nunca mudará,
porque o seu autor, Deus, não muda (Ml.3:6). Ela diz que o corpo do crente em
Cristo Jesus é o “templo do Espírito Santo”, (1Co.6:19). Sendo templo, é algo
que é sagrado, algo que se encontra dedicado para o serviço de Deus, logo, não
deve ser profanado. Sendo assim, devemos manter o nosso corpo em santificação,
porque Deus é santo. Não só não podemos usar nosso corpo como instrumento do
pecado, porque isto é comportamento de quem não alcançou a salvação
(Rm.6:12,13), como também devemos ter o corpo pronto para ser oferecido em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm.12:1).
CONCLUSÃO
O salário do
pecado é a morte, que significa separação de Deus por toda a eternidade. A
única esperança para o ser humano é o Senhor Jesus, o único que pode restaurar
o ser humano a Deus. Está escrito: "E em nenhum outro há salvação; porque
debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, em que devamos ser
salvos" (Atos 4:12). Como conseguir esta Esperança?
Aceitando Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Está escrito: "Porque, se com a
tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo; pois é com o coração que se crê para
a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação" (Rm.10:9,10). Você pode ter esta Esperança agora. A Bíblia diz: "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo" (Rm.10:13); "No tempo aceitável te escutei e no
dia da salvação te socorri; eis aqui agora o dia da salvação" (2Co.6:2).
Uma vez regenerado pela fé em Cristo, a pessoa repudia atos imorais, as
injustiças, as desigualdades sociais contra o seu próximo (Rm.1.18; 1Co.13:6),
e segue os ditames das Escrituras Sagradas como regra de fé e conduta, porque
são elas que testificam de Cristo (João 5:39).
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de
Estudo Pentecostal.
Bíblia de
estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de
Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William
Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Rev. Hernandes
Dias Lopes. Romanos, o evangelho segundo Paulo.
Pr. Caramuru
Afonso Francisco. A Pecaminosidade humana e a sua Restauração a Deus.
Graças a Deus vc voltou a comentar às lições da EBD... Deus abençoe sua vida
ResponderExcluirAmém ,nem acreditei que vi o senhor voltar a publicar subsídio para EBD , oh glória ,que Deus continue te abençoando dando força na visão para nos enriquecer com subsídio maravilhosos .
ResponderExcluirLouvado seja Deus pela sua vida Pr. Luciano , seus comentarios sobre as lições da EBD são de grande valia para nós professores da EBD,não pare sabemos do seu esforço e dedicação na obra de Deus, conte com minhas orações.(Pb. Antonio Luis Assembleia de Deus em Curitiba PR
ResponderExcluirLouvado seja Deus por sua vida, seus comentários tem sido de grande valia para nós professores da EBD
ResponderExcluirO melhor professor
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