3ºTrimestre/2023
Subsídio para a Lição 04
Texto Base: Romanos 1:18-25
“Pois
mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do
que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” (Rm.1:25).
Romanos 1:
18.Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre
toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
19.Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles
se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20.Porque as suas coisas invisíveis, desde a
criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem,
e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis;
21.Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se
desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
22.Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
23.E mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis.
24.Por isso também Deus os entregou às
concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos
entre si;
25.Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e
honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém.
INTRODUÇÃO
Nesta Lição trataremos do antropocentrismo e da
idolatria. Refletiremos sobre a tendência humana ao egocentrismo e a influência
cultural dos ensinos da filosofia pós-moderna, centrados no homem, querendo ser
maior que seu Criador, e também sobre os perigos individuais e coletivos desse
mal. Antropocentrismo é o conjunto de ações e de doutrinas filosóficas que colocam o ser humano no centro de
todas as coisas.
Após a Queda, o ser humano, em todas as eras, esteve
sempre em rebelião contra Deus, e distante de suas verdades absolutas;
entronizou o EU como soberano, tornando-se o centro da atenção e das atividades
gerais, querendo ser mais importante que o Criador.
O coração perverso e a escolha pelos prazeres da carne
colocaram o ser humano em inimizade contra Deus (2Tm.3:4). O orgulho, a
insensatez, sempre acompanhou o ser humano, antes e depois do dilúvio,
mantendo-o afastado do seu criador, Deus. Esta mentalidade da natureza humana é
sempre inimiga de Deus (Rm.8:7). No entanto, como sabemos, a verdadeira
identidade do ser humano não se encontra no antropocentrismo, mas nos ensinos
das Escrituras Sagradas, cujo Criador Todo-Poderoso é soberano sobre todas as
coisas.
O problema do homem não é a ignorância da verdade
de Deus, mas abafar e sufocar essa verdade. Não é o desconhecimento
involuntário da verdade de Deus, mas a rejeição consciente dessa verdade. Deus
se revelou ao homem, mas ele sufocou esse conhecimento, banindo Deus
deliberadamente da sua vida. Precisamos identificar as sutilezas deste
comportamento ególatra, na qual caiu o próprio Diabo (Is.14:12-15) e hoje a
utiliza com o mesmo propósito de afastar o ser humano do Deus Todo-Poderoso.
I. O DESPREZO À VERDADE
1. A impiedade e a injustiça
Impiedade é o caráter ou qualidade de ímpio;
ausência de piedade. Piedade é a virtude que implica devoção a Deus, e que se
reflete numa ação motivada pela compaixão e pelo amor. Alguém piedoso sente
misericórdia ou clemência (compaixão) pelo próximo.
O apóstolo Paulo disse que “a
ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que
detêm a verdade pela injustiça”(Rm.1:18).
Impiedade é rebelião contra Deus; perversão
é rebelião contra o próximo. Impiedade é a quebra da primeira tábua da Lei; perversão
é a quebra da segunda tábua da Lei. A impiedade diz respeito àquela perversão
de natureza religiosa, ao passo que a “perversão” se refere àquilo que tem
caráter moral; a primeira pode ser ilustrada pela idolatria, a última, pela
imoralidade. E essa impiedade para com Deus resulta em injustiça para com os
homens.
Já a injustiça significa “sem retidão”. A palavra
carrega a ideia de não ser reto diante de Deus e nem com o próximo (2Pd.2:15). Nas palavras de
Granfield, “a impiedade se refere a violações dos quatro primeiros mandamentos,
e a injustiça, à violação dos seis últimos; porém, mais verossímil é que as
duas palavras sejam empregadas como duas expressões para a mesma coisa” (C.E.B
Granfield. Comentário de Romanos).
A impiedade e a injustiça revelam a situação geral
da humanidade não regenerada (Rm.1:18), sua idolatria, o culto à criatura (Rm.1:19-23),
a perversidade e a depravação moral (Rm.1:25-32), que expressam a decisão
deliberada do homem em desprezar a verdade divina (Rm.1:19,20).
2. A insensatez humana
O homem, ao recusar o conhecimento do Deus
incorruptível, verdadeiro e infinito, retrocede à insensatez e a depravação
moral (Rm.1:22-25). De forma consciente rejeita a revelação de Deus
(Rm.1:19,20). Tratando dessa situação, escreveu Paulo; “tendo conhecimento de
Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram
nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves,
quadrúpedes e répteis” (Rm.1:21-23).
Inúmeras pessoas não creem em Deus porque não
querem, porque são rebeldes; mas a consciência delas prega continuamente que
elas precisam, urgentemente, se reconciliar com o seu Criador. Deus deixou
sobre sua obra criada as “impressões digitais” de sua glória, que se torna
manifesta a todos. Ao olhar para a natureza, para o sol, a lua e as estrelas,
qualquer um pode dizer que existe Deus. John Stott destaca que “a criação é uma
manifestação visível do Deus invisível”. Portanto, a revelação geral de Deus,
por meio da natureza, é suficiente para mostrar a Sua majestade e tornar o ser
humano indesculpável acerca da realidade divina e de seu eterno poder (Rm.1:20).
Todos os seres humanos são indesculpáveis perante Deus porque a verdade de Deus
tem-se manifestado a eles tanto na luz da consciência como no testemunho da
criação.
Apesar de ter conhecimento de Deus por meio de suas
obras, o ser humano não o glorifica como Deus, nem lhe rende graças por tudo o
que Ele é e fez (Rm.1:21). Antes, entregam-se a filosofias e especulações
fúteis acerca de falsos deuses e, em decorrência disso, perdem a capacidade de
compreender e pensar claramente.
Os indivíduos que rejeitam o conhecimento de Deus
são sempre caracterizados por duas coisas: tornam-se insuportavelmente
presunçosos e, ao mesmo tempo, terrivelmente ignorantes. Ao se tornarem cada
vez mais presunçosos em seus pretensos conhecimentos, o ser humano mergulha mais
profundamente em ignorância e absurdidade. Suas ideologias rejeitam, pervertem
e substituem a verdade de Deus pela mentira do homem. Dessa insensatez resulta
a idolatria e a perversão moral (Rm.1:22-25).
3. O culto à criatura
Após a Queda, o ser humano sempre quis ser venerado,
cultuado como se fosse um deus. Em lugar de reconhecer o Criador, o Deus
verdadeiro, o ser humano age como se não fosse criatura e se comporta como se
fosse divino (Gn.3:5). Mas, a verdade prega com muita agudeza que o ser humana
é uma simples criatura, e sem Deus não é nada, aliás, menos do que nada. Está
escrito: “Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do
que nada e como uma coisa vã” (Isaías 40:17).
Quando o ser humano se mostra resistente à graça de
Deus e se lambuza no pecado, Deus então o entrega “à
imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu
corpo entre si” (Rm.1:24). Deus
entrega esses “filhos da ira” (Ef.2:3) desprotegidamente a si próprios, a
saber, à degradação do próprio corpo (Rm.1:24), às paixões infames (Rm.1:26), a
uma disposição mental reprovável (Rm.1:28), ou seja, à maneira que eles
próprios escolheram para viver. Em outras palavras, Deus os entrega à
sensualidade (Rm.1:24,25), à perversão sexual (Rm.1:26,27), e à vida
antissocial (Rm.1:28-32).
O homem pretende fugir de Deus, o seu Criador e dono;
por isso, Deus simplesmente tira as rédeas da vida dele. As pessoas escolheram
abrir mão da verdade, e Deus abre mão das pessoas. O que acontece é que Deus
tira a culpa. O homem consegue pecar e a consciência não o acusa mais. Aí ele
se gloria no pecado e aplaude o vício, a impureza sexual e a concupiscência do
seu coração. As pessoas mergulham no pântano mais asqueroso da imoralidade e se
corrompem ao extremo sem nenhum constrangimento. Por que Deus não manda fogo e
enxofre e destrói esses ímpios como fez com Sodoma e Gomorra? Pior é entregar o
pecador ao fogo do seu coração, preparando-o para o fogo do juízo divino.
Não há castigo maior para o ser humano do que Deus
o entregar a si mesmo. Deus pergunta: “é isso que você quer? Seja feita a sua
vontade”. Esse é o maior juízo de Deus – entregar o homem a si mesmo, à sua
própria vontade. Os homens que tanto amam o esgoto do pecado são enviados para
lá; o que querem, eles terão. Assim, os perdidos gozam para sempre da horrível
liberdade que sempre pediram; porém, essa liberdade é a mais perturbadora
escravidão.
Como bem diz o pr. Douglas Baptista, “a corrupção
moral do ser humano deriva de sua rebelião contra Deus. Sua natureza caída
troca a verdade pelo engano e prefere honrar e servir a criatura em lugar do
seu Criador (Rm.1:25a). Assim, na religião os seres criados passam a ser
cultuados; nas ciências, a matéria é colocada acima de Deus; na sociedade, o
artista, o atleta, o político ou o líder religioso se tornam uma referência de
idolatria em afronta ao Criador, que é bendito eternamente (Rm.1:25b)”
II. A REVOLUÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO
1. Renascentismo
O Renascimento foi um movimento cultural e
intelectual que ocorreu na Europa entre os séculos XIV e XVI. Foi caracterizado
pela redescoberta e revalorização das artes, ciências e filosofias da
antiguidade clássica, especialmente a cultura greco-romana. O termo
"renascimento" se refere à ideia de renovação e ressurgimento das
ideias e conhecimentos clássicos.
Durante o Renascimento, houve uma mudança de foco
do teocentrismo medieval para o antropocentrismo, colocando o ser humano como
centro do universo e enfatizando a sua capacidade de pensar, criar e agir. As
pessoas buscavam conhecimento, exploravam as artes, as ciências, a literatura e
a filosofia com uma nova perspectiva. No lugar de ver o mundo a partir das
lentes do Criador, os homens passaram a enxergá-lo a partir das lentes da
criatura. O homem passou ser o centro do pensamento do próprio homem.
Algumas das características desse período incluem:
·
Humanismo:
O humanismo foi uma corrente filosófica e intelectual central no Renascimento.
Valorizava a natureza humana, a razão, a educação e a busca pelo conhecimento,
incentivando o desenvolvimento integral do ser humano.
·
Arte
e arquitetura: Durante o Renascimento, houve um florescimento das artes
visuais. Artistas como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael produziram
obras-primas que ainda são admiradas até hoje. A arquitetura renascentista
também se destacou, com a utilização de elementos clássicos, como colunas,
cúpulas e proporções equilibradas.
·
Ciência
e descobertas: O Renascimento foi um período de avanços significativos na
ciência. Astrônomos como Copérnico e Galileu contestaram a visão geocêntrica do
universo e desenvolveram teorias heliocêntricas. Também ocorreram avanços em
áreas como anatomia, botânica, física e matemática.
·
Literatura:
A literatura renascentista foi marcada pelo resgate das obras clássicas e pela
criação de novas formas de expressão literária. Autores como William
Shakespeare, Miguel de Cervantes e Dante Alighieri produziram obras de grande
importância cultural.
·
Expansão
cultural e geográfica: Durante o Renascimento, ocorreram expedições marítimas e
descobertas de novas terras, o que trouxe uma maior circulação de ideias e
conhecimentos. A invenção da imprensa por Gutenberg também contribuiu para a
disseminação do conhecimento e a democratização da informação.
O Renascimento teve um impacto duradouro na
sociedade e na cultura ocidental, influenciando o desenvolvimento subsequente
das artes, ciências, filosofia e educação. Ele marcou uma transição importante
entre a Idade Média e a era moderna, inaugurando uma nova mentalidade que
valorizava a razão, a liberdade individual e o progresso humano.
Desse modo, foi a partir do Renascentismo que
surgiram os primeiros efeitos do processo de secularização da cultura, quando a
vida social passou a ceder o espaço para o racionalismo e o ceticismo,
acreditar quando ver, quando tocar, como aconteceu com Tomé (João 20:25,29).
Nesse sentido, a revolução científica e literária, que se deu a partir do
Renascimento, contribuiu para o surgimento do Humanismo.
2. Humanismo
O humanismo foi um movimento de glorificação do homem
e da natureza humana, que surgiu nas cidades da Península Itálica, em
meados do século XIV. Segundo este movimento, o homem, a obra mais perfeita do
Criador, seria capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. Assim,
o humanismo veio a significar uma verdadeira religião na qual a glória do homem
deveria ser promovida e exaltada. Essa ênfase na atuação humana está na origem
de uma concepção antropocêntrica, isto é, na valorização do ser humano como
centro do Universo; e um dos resultados do antropocentrismo foi o surgimento da
noção de racionalismo, isto é, a valorização da razão humana como instrumento
transformador da natureza, da sociedade e da política. Assim, segundo essa
perspectiva, o ser humano ocupa um lugar de destaque no Universo.
Os humanistas aprofundaram seus estudos na história
antiga a fim de desconstruir os livros sagrados. Por isso, os humanistas
buscavam interpretar o cristianismo utilizando escritos de autores da
Antiguidade, como Platão. Achavam que estavam valorizando os direitos
individuais do cidadão. Porém, essa não é uma bandeira próprio do Humanismo,
pois a Bíblia possui um arcabouço de concepções libertárias e igualitárias (cf.
Dt.6:1-9) que antecedem muitos dos direitos que iriam reaparecer apenas em
tempos modernos. Destaca-se ainda que a Bíblia prega a igualdade entre raças,
classe social e gênero (cf. Gl.3:28) – “Não há mais judeu nem gentio, escravo nem
livre, homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus”.
Para os humanistas, a ética e a moral dependem do
homem – a base de todos os valores -, e não de Deus. Fomentam o relativismo, a
ausência de valores absolutos e o culto ao homem.
Apesar de alguns humanistas identificarem-se como
cristãos, foram os conceitos secularistas e racionalista que prevaleceram. Por
essa razão, muitos historiadores afirmam que os séculos XV e XVI foram períodos
de irreligiosidade e ateísmo.
3. Iluminismo e Pós-modernismo
O Iluminismo foi um movimento intelectual e
cultural que se desenvolveu na Europa durante os séculos XVII e XVIII. Também
conhecido como Era da Razão, o Iluminismo defendia a primazia da razão humana,
a liberdade individual, a igualdade e a busca pelo conhecimento como meio de
progresso social.
Alguns pontos-chave do Iluminismo incluem:
·
Razão
e ciência: Os filósofos iluministas acreditavam que a razão humana era capaz de
compreender e explicar o mundo. Eles valorizavam a ciência, o empirismo e o
método científico como ferramentas para adquirir conhecimento objetivo e
superar superstições e dogmas religiosos.
·
Liberdade
e direitos individuais: Os iluministas defendiam a liberdade individual como um
direito fundamental. Eles criticavam o absolutismo e o poder tirânico,
promovendo a ideia de governos baseados no consentimento dos governados. Também
defendiam a igualdade perante a lei e a liberdade de expressão.
·
Progresso
social e reformas: Os iluministas acreditavam no progresso contínuo da
sociedade e defendiam reformas políticas, sociais e econômicas. Eles buscavam
melhorar a educação, o sistema jurídico, a economia e as condições sociais, com
o objetivo de criar uma sociedade mais justa e próspera.
·
Tolerância
religiosa: Em oposição à intolerância religiosa predominante na época, os
iluministas defendiam a tolerância religiosa e o respeito às diferentes crenças
e opiniões. Eles promoviam a separação entre Igreja e Estado e a liberdade de
culto. No entanto, o tendiam a reduzir a religião a uma mera questão de
superstição e ignorância. Questionavam dogmas religiosos, buscavam explicações
racionais para fenômenos naturais e promoviam uma visão mais secularizada da
sociedade.
·
Nas
artes e na literatura: O Iluminismo também teve um impacto nas artes e na
literatura. Houve uma ênfase na clareza, simplicidade e racionalidade na
expressão artística. O neoclassicismo foi um movimento artístico que se
inspirou na antiguidade clássica e na busca pela ordem, proporção e harmonia.
O Iluminismo, sobretudo, defendia a primazia da
razão humana; colocava a sabedoria e a capacidade humana acima da revelação
divina. Isso desafiava a autoridade das Escrituras e questionava a importância
da fé como base para a compreensão do mundo. Negava tudo o que o
povo conhecia como sendo Verdade - negava a existência de Deus, a sua Palavra,
a fé, os milagres. Só seria aceito como Verdade o que pudesse ser comprovado
pela Razão. Os filósofos e economistas deste movimento julgavam-se propagadores
da luz e do conhecimento, por isso, o nome iluminista.
Também, o Iluminismo promovia a ideia
de que a moralidade poderia ser derivada exclusivamente da razão humana, sem a
necessidade de princípios religiosos. Isso levantou preocupações sobre a
possibilidade de uma sociedade secularizada e moralmente relativista, sem uma
base moral sólida baseada nas Escrituras Sagradas.
Esse movimento foi fundado de forma
especial no Racionalismo proposto por um materialista ateu, um ímpio francês a
serviço de Satanás, chamado René Descartes (1596 – 1650). Assim, baseado na
necessidade da prova racional, a fé foi abolida e, com ela, a própria
existência de Deus e, por conseguinte, a criação dos céus e da terra,
incluindo, é claro, a criação do homem, conforme descrito na Bíblia. Também a
própria Bíblia deixava de ser aceita como sendo a Palavra de Deus, pois o
próprio Deus, segundo essa teoria, não existia. Os adeptos desse movimento rejeitavam a tradição, buscavam
respostas na razão, entendiam que o homem era o senhor do seu próprio destino e
que a igreja era uma instituição dispensável.
Na mesma direção do Iluminismo, a
partir da metade do século XX, a Pós-modernidade ou Modernidade Líquida surgiu.
Nesta sociedade pós-moderna os
valores que eram “absolutos” tornaram-se “relativos”. Como bem diz o pr.
Douglas, no aspecto social, a coletividade foi substituída pelo egocentrismo; as
relações humanas tornaram-se superficiais e baseadas no interesse. Um dos
imperativos desta nova sociedade é o hedonismo, o narcisismo e o consumismo. Na
busca do bem-estar humano tudo se torna válido: o uso das pessoas, o abuso do
corpo, a depravação e o consumismo desenfreado. O mundo ímpio está correndo com
o pé no acelerador, sem freio, em direção ao lago de fogo e enxofre, para a
morte eterna.
III. TIPOS DE AUTOIDOLATRIA
1. Idolatria da autoimagem
A
idolatria da autoimagem é um fenômeno contemporâneo em que as pessoas atribuem
um valor excessivo à sua aparência física, status social, popularidade e
sucesso material. Nesse contexto, a busca por uma imagem perfeita e a validação
externa se tornam prioridades, muitas vezes em detrimento de valores mais
profundos e significativos.
A
idolatria da autoimagem é alimentada por uma série de fatores, como a cultura
da mídia, que promove padrões inatingíveis de beleza e perfeição. As redes
sociais também desempenham um papel importante ao criar uma plataforma para a
autopromoção, onde as pessoas buscam constantemente a aprovação e a validação
dos outros através de curtidas, comentários e seguidores.
Essa
obsessão pela autoimagem pode levar a uma série de consequências negativas.
Primeiro, cria uma pressão intensa e insalubre para alcançar padrões irreais de
beleza e sucesso, levando à insatisfação pessoal e à baixa autoestima. As
comparações constantes com os outros podem levar ao desenvolvimento de
sentimentos de inadequação e insegurança.
Além
disso, a idolatria da autoimagem muitas vezes leva a uma superficialidade nas
relações humanas. As pessoas tendem a valorizar mais a aparência física e o
status social do que as características intrínsecas e os valores morais. Isso
pode levar a relacionamentos superficiais e uma falta de conexão genuína entre
as pessoas.
Outra
consequência é a negligência de aspectos mais profundos da vida, como o
desenvolvimento pessoal, os relacionamentos significativos, a saúde mental e
emocional, e a busca de um propósito maior. Ao focar exclusivamente na imagem
externa, as pessoas podem perder de vista o que realmente importa e acabar
vivendo uma vida vazia e superficial.
Em
suma, a idolatria da autoimagem é um fenômeno que coloca uma ênfase excessiva
na aparência física e na busca por validação externa. Isso pode levar a
consequências negativas, como insatisfação pessoal, relacionamentos
superficiais e negligência de aspectos mais profundos da vida. É importante
promover uma abordagem equilibrada, valorizando a diversidade, o
desenvolvimento pessoal e os relacionamentos autênticos.
Enfim,
tudo aquilo que, em nosso coração, tira a primazia de Deus é idolatria. É
idolatria, por exemplo, o excessivo apego que se tem a uma pessoa ou
objeto (Cl.3:5). É idolatria também o apego exacerbado à própria imagem, a
autoimagem. Isto é obra da carne. Ao relacionar as obras da carne, Paulo coloca
a idolatria no mesmo nível destas (Gl.5:20). Na elaboração do Decálogo, Deus
proibiu o culto a qualquer imagem (Ex.20:3-5).
Para
combater a idolatria da autoimagem, é importante cultivar uma consciência
crítica em relação aos ideais de beleza impostos pela sociedade e pela mídia. É
necessário promover uma mentalidade de aceitação e valorização das diferenças
individuais, reconhecendo que a verdadeira beleza e o valor pessoal vão além da
aparência física. Além disso, é fundamental cultivar relacionamentos saudáveis
e significativos, baseados em valores e conexões genuínas. Investir em
desenvolvimento pessoal, saúde mental e emocional também é essencial para
encontrar um equilíbrio entre cuidar da própria imagem e nutrir o bem-estar
interior.
A
palavra de Deus nos exorta a não nos conformemos com este mundo. Se o mundo tem
se importado mais com a beleza estética do que propriamente com o seu espírito,
que priorizemos a santidade, pois, “sem a qual ninguém verá o Senhor”; não uma
santidade arquitetada pelos usos e costumes fundamentados em uma teologia
extrabíblica, mas aquela que preza o outro, e que não visualiza o fundamental
pela ótica ferida do mundo, mas antes pelo critério que a Palavra de Deus mesmo
disponibiliza.
2. Idolatria no coração
Na Bíblia, o que significa o coração? Em quase todos os casos, refere-se ao
aspecto interior e imaterial do homem, o qual deve ser plenamente dedicado a
Deus. A Bíblia inclui três principais operações do homem interior: (a) Mente -
inclui os pensamentos, crenças, compreensões, memórias, julgamentos,
consciência e discernimento (Mt.13:15; Rm.1:21; Lc.24:38; 1Tm.1:5); (b)
Afeições - incluem os anseios, desejos, sentimentos, imaginações, emoções
(Sl.20:4; Ec.7:9; 11:9; Is.35:4; Tg.3:14; Hb.12:3); (c) Vontade - realiza
escolhas e determina ações (Dt.30:19; Js.24:15; Is.7:15; Dt.23:15,16;
Sl.25:12).
Está escrito que "o coração humano é mais enganoso
que qualquer coisa e é extremamente perverso” (Jr.17:9), pois do seu interior
saem os maus pensamentos, as imoralidades, a avareza, a soberba e a insensatez
(Mc.7:21,22). Somente o Senhor conhece se o coração é mau ou bom, e examina os
pensamentos, e dá a recompensa de acordo com suas ações” (Jr.17:10). Tendo em
vista que o coração é enganoso e perverso, Deus condena a idolatria no coração
(Ez.14:3).
O que significa idolatria no coração? Refere-se a ídolos colocados no
coração, no lugar do Senhor (ler Ez.14:3-5). Essa substituição é a raiz do
pecado e uma transgressão do mandamento de Deus, que diz: “Não terás outros
deuses diante de mim” (Ex.20:3). Em Mateus 22:37 Jesus destacou a importância
de que todo o interior do homem seja completamente devotado ao Senhor:
"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
todo o teu entendimento (mente, entendimento, pensamentos)".
O que é o ídolo do coração? Podemos entender “ídolo do coração”
como sendo tudo aquilo que o homem adora e por acreditar encontrar nisso a
satisfação para os seus desejos mais profundos. É tudo aquilo que o ser humano
ama mais do que a Deus, e que ocupa o lugar de Deus em sua vida, mesmo que
apenas momentaneamente. Esses ídolos são desejos, legítimos ou não, que assumem
uma posição ilegítima dentro do coração. São exigências que a pessoa tem, que
ficam acima do desejo supremo de agradar a Deus numa vida de santificação e de
genuína adoração.
Uma pessoa entroniza ídolo no coração, quando, no
seu íntimo, prioriza a reputação pessoal, busca o prazer como bem maior, nutre
tendências supersticiosas e possui excessivo apego aos bens materiais. Também,
a pessoa tem um ídolo no coração quando está disposto a pecar para ter algo.
Exorta Tiago: “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter;
viveis a lutar e a fazer guerras” (Tg.4:2a). Os desejos descritos por Tiago -
“os prazeres que militam na vossa carne” (Tg.4:1) -, são os desejos abrigados
no coração no lugar do desejo de agradar a Deus. O apóstolo João nos exorta:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos (1João 5:21).
Devemos fazer de tudo para agradar a Deus em tudo o
que fizermos, pois prestaremos conta de tudo o que fazemos. Diz-nos Paulo: “É
por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe
sermos agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por
meio do corpo” (2Co.5:9,15).
3. Idolatria sexual
A idolatria sexual é um fenômeno em que as pessoas
atribuem um valor excessivo à sexualidade e à busca por prazeres sexuais. Nesse
contexto, o sexo é colocado no centro da vida e é visto como a principal fonte
de satisfação e felicidade. A sociedade contemporânea, com sua cultura
sexualmente hiperativa e a fácil acessibilidade à pornografia, contribui para a
promoção dessa idolatria.
A idolatria sexual pode ter várias consequências
negativas. Primeiramente, ela pode levar à objetificação e à exploração do
corpo humano, reduzindo as pessoas a meros objetos sexuais. Isso pode levar a
relacionamentos superficiais, falta de respeito mútuo e à perda de conexões
emocionais genuínas.
Além disso, a idolatria sexual pode levar à
insatisfação constante e à busca incessante por experiências sexuais cada vez
mais intensas. Isso pode resultar em um ciclo vicioso de busca de prazer, que
muitas vezes não é sustentável a longo prazo, causando frustração e vazio
emocional.
A idolatria sexual também pode gerar uma visão
distorcida do próprio corpo e da sexualidade, levando a problemas de
autoestima, ansiedade e disfunções sexuais. As expectativas irreais promovidas
pela pornografia e pela mídia podem criar pressões e inseguranças em relação ao
desempenho e à aparência sexual.
Se no coração da pessoa está edificado um altar de
idolatria sexual, então, nesse coração, a adoração a Deus é trocada pelo culto
ao corpo a fim de satisfazer o ídolo da perversão e da lascívia (1Pd.4:3;
Mc.7:21).
A Idolatria sexual, atualmente, tem atingido
milhares de pessoas, talvez milhões. Ela tem se estabelecida em um coração
que está disposto a fazer de tudo para satisfazer seus desejos, impulsos,
inclusive virar as costas para Deus, a família e a igreja. Para se combater a
idolatria sexual é necessário fazer um Raio X em nossos corações, em outras
palavras, fazer uma avaliação de nossos pensamentos e atitudes. As Escrituras
afirmam: “Pois é da vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhas da
prostituição; e que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em
santificação e honra” (1Ts.4:3,4). Se não conseguimos nos abster da
imoralidade sexual e tudo o que a envolve, consequentemente, temos uma forte
evidência que um ídolo foi criado e está sendo adorado através de nossos
pensamentos e atitudes, revelando nossa idolatria sexual.
Vencer a idolatria sexual requer abandoar tudo que
envolve sexo fora dos padrões bíblicos como, por exemplo, masturbação,
fornicação, adultério, exibicionismo, voyeurismo (pratica que consiste num individuo conseguir obter prazer sexual
através da observação de pessoas), zoofilia, pedofilia etc. Toda busca por
satisfação sexual fora do padrão estabelecido por Deus nas Escrituras e para o
casamento é pecaminosa. E, algumas dessas práticas sexuais, além de serem
pecaminosas são tratadas como criminosas pela sociedade.
Não é fácil se desfazer desse ídolo do coração. Na
luta contra o pecado sexual muitos têm buscado consertar seus hábitos
pecaminosos simplesmente por abandoná-lo, porém, isso não é suficiente. Ou
seja, o pecado revelado através de atitudes ou comportamentos só mostra o
coração corrompido na busca de satisfazer a idolatria sexual. A orientação
bíblica para escapar desse mal é a seguinte: “vivam no Espírito e vocês jamais
satisfarão os desejos da carne” (Gl.5:16 – NAA).
Não devemos desanimar e nem nos abater assim que
iniciamos um processo de luta contra a idolatria sexual. Devemos lutar com
todas as forças para vencê-la, e, caso venhamos a falhar, devemos lembrar acima
de tudo, que temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo
(cf. 1João 2:1).
A idolatria sexual é um ídolo penoso a ser
derrubado, mas não podemos recuar diante de uma queda, aflição ou tentação,
temos que recordar sempre das palavras de Jesus “tende bom ânimo, eu venci
o mundo” (João 16:33).
CONCLUSÃO
O ser humano, ao se colocar como medida única de
todas as coisas, eleva seu interesse acima da vontade divina; as consequências
são a autoidolatria, a depravação moral, a decadência social e espiritual. A
Bíblia, porém, alerta que a ira divina permanece sobre os que são desobedientes
à verdade divina (Rm.2:8). Deus não tolera a rebelião porque ela questiona a
base que sustenta o Universo, ou seja, o seu Senhorio. Se existe algo que Deus
não pode abrir mão é do governo sobre todas as coisas.
Ao criar o homem e colocá-lo no Jardim do Éden com
todo o respaldo para viver feliz e desfrutar da Terra, o Senhor Deus deixou
claro que a única condição para que tudo permanecesse bem, era que Adão e seus
descendentes se sujeitassem a Ele. A figura da “árvore do conhecimento do bem e
do mal” colocada no meio do jardim com seu fruto proibido era um ícone da
autoridade divina, um aviso que o homem deveria entender assim: “Você pode
dominar sobre tudo, mas quem manda em você sou Eu, o Senhor”. Ao comer daquele
fruto, Adão e Eva estavam se insurgindo, proclamando sua independência e, como
resultado, receberam toda a maldição do pecado, não somente sobre si, mas sobre
toda a raça humana que os seguiu. Portanto, a rebelião e a obstinação do ser
humano contra o seu Criador são um tremendo erro que resultará numa punição
inevitável e dolorosa, de forma permanente. Pense nisso!
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo
e Novo Testamento).
Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Pecaminosidade
humana e a sua Restauração a Deus.
Pr. Douglas Baptista. A IGREJA DE CRISTO E O
IMPÉRIO DO MAL. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Romanos, o evangelho
segundo Paulo.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Timóteo, o pastor, sua
vida e sua obra.
Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Atuação Maligna no
Movimento Pós-Moderno. PortalEBD.2005.
Pr. Caramuru Afonso Francisco. O pecado, a
transgressão da Lei Divina. PortalEBD_2006.
A Paz do Senhor. Muito obrigado pelos seus subsídios, Pr. Luciano, que Deus continue te abençoando sempre
ResponderExcluirGloria a Deus!
ResponderExcluirQue o Eterno continue te abençoando te dando cada vez mais sabedoria e entendimento!
DEus abençoe ricamente
ResponderExcluirGraças e Paz do Senhor, manda sua chave pix para que possamos abençoar o irmão; já que tens nos abençoando com seu trabalho teológico. Obrigado!
ResponderExcluirMeu amado irmão, muito obrigado pela a intenção nobre. Porém, não faço nada aqui por interesse monetário. Deus me livre disso! A salvação é a maior riqueza que eu tenho, e ela me foi dada de graça, a despeito de um preço elevadíssimo que o nosso Senhor pagou na cruz. O que eu mais quero é oração por mim para que o Senhor me dê saúde física, principalmente na minha visão. Tenho problema sério de visão e com a velhice se intensificando ela está cada vez mais debilitada. Enquanto eu puder, estou aqui para servi-los. Um grande abraço, e paz de Cristo.
ExcluirEstaremos orando pelo irmão.
ResponderExcluirEstaremos orando sim!!!
ResponderExcluirA paz do Senhor Jesus irmão Luciano que bom que o irmã voltou novamente com os comentarios da ED,seus comentàrios são uma benção conte com minhas orações em seu favor um grande abraço
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