1º Trimestre/2024
Subsídio para a Lição 01
Texto Base:
Atos 2:1,2; 37,38
“E disse-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At.2:38).
Atos 2:
1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar;
2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
37.Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a
Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos?
38.E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito
Santo.
INTRODUÇÃO
Com esta Aula damos início ao período letivo da EBD no ano de 2024. No
primeiro trimestre estudaremos a respeito da doutrina da Igreja segundo a sua
origem, natureza e missão neste mundo. Nesta primeira lição, trataremos da
origem da Igreja. Procuraremos responder as seguintes questões: Como o povo de
Deus é formado na Bíblia? Como a Igreja foi planejada por Deus? O que a Igreja é
de fato? Para Paulo, a Igreja é a “coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15); para
Pedro, a “geração eleita” (1Pd.2:9); para nós, o que a Igreja é? Nesta lição,
mostraremos o que a Bíblia, de fato, revela sobre a Igreja de Deus. Veremos que
a ekklesia, a Igreja de Deus, longe de ser meramente uma associação de pessoas,
é uma instituição divina.
I. O POVO DE DEUS NA BÍBLIA E NA HISTÓRIA
1. No Antigo Testamento
O povo de Deus no Antigo Testamento é primariamente representado pelos
israelitas, descendentes de Abraão, a quem Deus escolheu como um povo especial
para Si mesmo (Gn.12:1-3). A aliança feita com Abraão foi reafirmada com Moisés
na forma da Lei (Torá) no Monte Sinai. Os israelitas foram chamados para
obedecer a Deus, viver de acordo com Sua vontade e ser um testemunho às nações
ao redor, exibindo a santidade e o amor de Deus. Ao longo do Antigo Testamento,
vemos como o povo de Deus enfrentou desafios, rebeliões, castigos divinos e
restaurações. Os profetas também desempenharam um papel crucial ao chamarem o
povo de volta à fidelidade a Deus e anunciarem a vinda do Messias.
O termo hebraico "qahal" é frequentemente usado no Antigo
Testamento para se referir ao ajuntamento, à congregação ou à Assembleia do
povo de Deus. Ele descreve o povo de Israel reunido em diversos contextos,
sejam eles de natureza cultual, social, política ou cúltica. A palavra
"qahal" é usada em várias passagens para descrever o povo escolhido
por Deus como uma comunidade unida. Essa reunião poderia ocorrer para a
adoração a Deus, para receber instruções religiosas, para tomar decisões
importantes, como nos aspectos políticos e legais, ou simplesmente como uma
multidão reunida. Em Deuteronômio 4:10, Juízes 20:2, 1Samuel 17:47, 1Reis 8:22,
1Crônicas 13:2 e Neemias 5:7, o termo "qahal" é usado para descrever
o povo de Israel reunido em diferentes situações. Isso mostra a ideia de um
povo que se reúne, seja para adorar a Deus, tomar decisões coletivas ou
simplesmente estar juntos como uma comunidade.
Portanto, o "qahal" no Antigo Testamento refere-se à
assembleia ou congregação do povo de Israel, tanto em contextos religiosos
quanto em situações sociais, políticas ou comunitárias. Essa assembleia
representava a união e identidade do povo de Deus no Antigo Pacto.
2. No Novo Testamento
No Novo Testamento, o povo de Deus é expandido para incluir todos os que
creem em Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Jesus veio não apenas para os
judeus, mas para toda a humanidade (João 3:16). A Igreja é frequentemente
retratada como o novo povo de Deus, formado por judeus e gentios que se unem em
Cristo (Ef.2:14-22). Jesus Cristo inaugurou uma Nova Aliança através do Seu
sacrifício na cruz, abrindo o caminho para a salvação e redenção de todos que
creem Nele. O Espírito Santo é derramado sobre os crentes, capacitando-os a
viverem vidas transformadas e a proclamarem o Evangelho em todo o mundo.
O termo grego "ekklesia" é frequentemente traduzido como
"igreja" no Novo Testamento e se refere à assembleia dos crentes em
Jesus Cristo. Essa palavra tem uma conotação diferente do termo hebraico
"qahal" do Antigo Testamento, especialmente em relação à sua forma e
função. Enquanto o "qahal" no Antigo Testamento se referia
principalmente ao ajuntamento físico do povo de Israel, o termo
"ekklesia" no Novo Testamento adquire um significado mais espiritual
e abrangente; ele se refere à comunidade dos crentes em Cristo,
independentemente de sua origem étnica, raça ou nacionalidade. A ênfase do
termo "ekklesia" está na comunhão espiritual e no vínculo dos
seguidores de Cristo, unidos pela fé nele.
Nos escritos do Novo Testamento, a "ekklesia" é frequentemente
descrita como o Corpo de Cristo (1Co.12:27), a Noiva de Cristo (Ef.5:25-27), a
comunidade dos santos (Atos 9:31), entre outras descrições. Ela é vista como um
povo espiritual unido pelo sacrifício de Cristo e pelo poder do Espírito Santo,
composto por todos os que creem Nele, independentemente de sua origem étnica ou
nacionalidade.
Portanto, a "ekklesia" no contexto neotestamentário difere do
termo "qahal" do Antigo Testamento, pois se refere não apenas a uma
raça ou nação específica, mas a todos os crentes em Cristo, independentemente
de sua origem étnica, unidos em uma comunidade espiritual pela fé em Jesus e
redimidos pelo seu sangue.
3. Na história cristã
Ao longo da história cristã, a compreensão do povo de Deus continuou a
evoluir. A Igreja passou por períodos de crescimento, perseguição, reformas e
expansão global. O entendimento da identidade do povo de Deus, sua missão e
propósito foi moldado por teólogos, líderes e eventos históricos.
A Reforma Protestante enfatizou a importância da fé pessoal em Jesus
Cristo, a autoridade das Escrituras, a necessidade da evangelização e a
centralidade da graça na salvação. Com a Reforma, a Igreja é vista como parte
integrante do povo de Deus, convocada para viver em santidade, amor e serviço
ao mundo.
Em resumo, para os cristãos evangélicos, o povo de Deus é um conceito
dinâmico e abrangente que começa no Antigo Testamento com Israel, se expande
para incluir todos os crentes em Jesus Cristo no Novo Testamento e continua a
ser uma comunidade chamada para viver em adoração, serviço e testemunho ao
redor do mundo ao longo da história cristã.
Historicamente, tem havido uma diferença de interpretação entre as
tradições católica e protestante em relação à estrutura e à autoridade da Igreja.
A visão católica tende a enfatizar a autoridade papal e a sucessão apostólica,
incluindo a ideia de que a autoridade é transmitida através do papado, com o
Papa sendo considerado o sucessor de Pedro, enquanto a visão protestante tende
a enfatizar a autoridade das Escrituras e a autonomia das Igrejas locais.
Na tradição católica, acredita-se que o Papa, como sucessor de Pedro,
detém autoridade suprema sobre a Igreja como um todo, enquanto os bispos em
comunhão com ele exercem autoridade sobre suas dioceses individuais. Essa visão
é baseada na interpretação de passagens bíblicas, incluindo a passagem de
Mateus 16:18,19, onde Jesus diz a Pedro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja". A tradição católica interpreta essa declaração
como uma fundação para a autoridade papal. Só que a expressão “sobre esta
pedra" está relacionada à resposta de Pedro, que disse: “Tu és o
Cristo, o Filho de Deus vivo”. É sobre Cristo que a Igreja foi
edificada e não sobre Pedro. Jesus afirmou que Ele próprio era a pedra (Mt.21:42).
A afirmação de Jesus é uma interpretação veraz do Salmo 118:22. O próprio Pedro
identifica Jesus como sendo a “pedra” (Atos 4:11,12; 1Pd.2:4-6). E mais: (a) Enquanto
Pedro é mencionado na segunda pessoa (tu), a expressão “esta pedra" está
na terceira pessoa; (b) Pedro (petros) é um substantivo masculino,
enquanto pedra (petra), um feminino singular. Consequentemente, estas
palavras não têm a mesma referência. Ainda que Jesus tivesse falado em
aramaico, o original grego inspirado traz as distinções.
O
interessante é que até as próprias autoridades teológicas católicas concordam
que a referência bíblica em estudo não está relacionada a Pedro. O destaque
aqui é para João Crisóstomo e Agostinho. Agostinho, em seu comentário sobre o
evangelho de João, escreveu: “Nesta pedra, então, disse Ele, a qual tu
confessaste, eu construirei minha Igreja. Esta Pedra é Cristo; e nesta fundação
o próprio Pedro construiu". Assim, não existe fundamento bíblico nem
subsidio histórico para consubstanciar a figura de Pedro como papa (Ef.2:20).
Por outro lado, a tradição protestante, especialmente após a Reforma do
século XVI, enfatizou a autoridade suprema das Escrituras Sagradas (sola scriptura) e defendeu a ideia de
que a Igreja é composta por crentes regenerados, unidos pela fé em Cristo e
pela comunhão uns com os outros, não dependendo necessariamente de uma
hierarquia eclesiástica centralizada. Jesus Cristo é o Sumo Pastor da Igreja.
A definição apresentada pela denominação pentecostal americana sobre a
Igreja reflete uma compreensão teológica que enfatiza a visão da Igreja como o Corpo
de Cristo, um conceito que também é encontrado nas Escrituras, especialmente no
Novo Testamento. De acordo com essa visão, a Igreja é entendida como o Corpo de
Cristo, um organismo espiritual vivo, composto por todos os crentes verdadeiros
que estão em comunhão com Deus através do Espírito Santo. É considerada como a
habitação de Deus, onde o Espírito Santo opera e reside entre os crentes.
A referência bíblica a essa compreensão da Igreja pode ser encontrada em
várias passagens, como em Efésios 1:22,23, que fala sobre Cristo como a Cabeça
sobre todas as coisas para a Igreja, que é o seu Corpo, e em Efésios 2:22, que
menciona os crentes sendo edificados juntos para serem morada de Deus no
Espírito. Além disso, a referência a "a igreja dos primogênitos, que estão
inscritos no céu", em Hebreus 12:23, sugere a ideia de uma Assembleia Universal
dos redimidos. Essa perspectiva pentecostal destaca a importância da presença e
do poder do Espírito Santo na vida da Igreja e a inclusão de todos os crentes, regenerados,
como parte integrante da Assembleia Universal dos redimidos, unidos por sua fé
em Cristo e pelo trabalho do Espírito Santo em suas vidas.
A ênfase na Grande Comissão, que é a incumbência dada por Jesus Cristo
aos seus discípulos para fazerem discípulos de todas as nações (Mt.28:18-20),
destaca o papel missionário e evangelístico da Igreja na propagação do
evangelho e no cumprimento do propósito de Deus na Terra.
É importante observar que diferentes tradições e denominações cristãs
têm suas próprias ênfases teológicas e interpretações das Escrituras em relação
à natureza e à missão da Igreja. Essas interpretações podem variar, mas todas
buscam compreender e viver conforme os princípios fundamentais da fé cristã
conforme encontrados nas Escrituras.
II. A IGREJA COMO CRIAÇÃO DIVINA
1. A Igreja como um ideal de Deus
Desde a eternidade, a Igreja estava no coração de Deus e foi idealizada
por Ele. O texto de Efésios 1:4 destaca que Deus nos escolheu em Cristo antes
da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.
Isso sugere que a eleição e o propósito da Igreja foram estabelecidos por Deus
desde a eternidade, como parte de Seu plano redentor.
Além disso, o apóstolo Paulo, em sua Carta aos Efésios, faz referência a
um "mistério" que foi revelado (Ef.3:3-6), e esse mistério é
identificado como a Igreja. Isso implica que a ideia da Igreja como um Corpo de
crentes de diferentes origens e culturas, unidos em Cristo, era algo oculto ou
não completamente compreendido no passado, mas foi revelado por Deus através de
Cristo.
A afirmação de que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Ef.5:25)
ressalta o profundo amor de Cristo pela Igreja como sendo central em Sua obra
redentora. Ele deu Sua vida para purificar e redimir a Igreja, demonstrando assim
o amor sacrificial e redentor de Cristo pela comunidade dos crentes.
Portanto, de acordo com essa perspectiva cristã, a ideia da Igreja como
um projeto divino, concebido na mente de Deus desde a eternidade e revelado por
meio de Cristo, destaca a importância e a centralidade da igreja no plano
redentor de Deus para a humanidade. A Igreja é vista como um corpo espiritual
vivo, formado pela graça de Deus e pela obra salvífica de Cristo.
2. A Igreja como uma realidade concreta
A Igreja não permaneceu apenas como um ideal ou conceito abstrato de
Deus. Ela se tornou uma realidade tangível e visível após a ascensão de Cristo
e o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes. O evento de
Pentecostes é amplamente considerado como um momento crucial no estabelecimento
e na manifestação visível da Igreja.
Após a ascensão de Jesus Cristo ao céu, os discípulos foram instruídos a
aguardar a promessa do Espírito Santo (Atos 1:4,5). No dia de Pentecostes,
conforme registrado em Atos 2, o Espírito Santo foi derramado sobre os
discípulos reunidos em Jerusalém, capacitando-os de maneira poderosa. Isso
resultou em uma manifestação visível e tangível da presença do Espírito Santo,
acompanhada por sinais como línguas de fogo e a capacidade de falar em outras
línguas. Este evento marcou o início da era da Igreja e é frequentemente
considerado como o momento em que a Igreja foi energizada e capacitada pelo
Espírito Santo para o seu ministério.
No discurso de Pedro durante o Pentecostes, ele expôs o evangelho de
Jesus Cristo com poder e clareza, resultando na conversão de muitas pessoas
naquele dia. O texto bíblico afirma que aproximadamente três mil pessoas foram
acrescentadas à Igreja de Cristo após a pregação de Pedro (Atos 2:41). A partir
desse momento, a Igreja começou a crescer à medida que o evangelho era pregado
e o Espírito Santo agia no coração das pessoas.
Portanto, o Pentecostes é reconhecido como o momento em que a Igreja se
tornou uma realidade tangível e visível, à medida que os discípulos foram
capacitados pelo Espírito Santo para proclamar o evangelho e a comunidade dos
crentes começou a se formar e a crescer. Esse evento é considerado fundamental
na história da Igreja e na disseminação do evangelho.
3. A Igreja no Pentecostes
Depois do Pentecostes, Lucas destaca que “todos os dias acrescentava o
Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:47). Esta passagem
destaca o crescimento contínuo da Igreja logo após o evento do Pentecostes. Ela
enfatiza que, diariamente, Deus acrescentava à Igreja aqueles que estavam sendo
salvos. Isso evidencia o movimento dinâmico do Espírito Santo na construção e
no crescimento da comunidade dos crentes após a descida do Espírito no
Pentecostes. Este movimento foi um momento crucial, transformando a Igreja de
uma ideia ou plano divino em uma realidade viva e ativa. A partir desse ponto,
a Igreja começou a se expandir à medida que o evangelho era proclamado; as
pessoas eram convertidas e se uniam à comunidade dos crentes em Jesus Cristo.
Portanto, o Pentecostes marcou o início de uma nova era na história da Igreja,
onde o Espírito Santo capacitou os discípulos a testemunhar de Cristo e, como
resultado, muitos foram salvos e adicionados à Igreja. Essa transformação não
só tornou a Igreja uma realidade concreta, mas também demonstrou a obra
contínua e soberana de Deus em reunir e edificar Sua Igreja. Assim, a passagem
de Atos 2 e os eventos posteriores ressaltam o papel do Espírito Santo na
formação e no crescimento da Igreja, tornando-a uma realidade tangível e viva,
em cumprimento ao plano divino de Deus desde a eternidade.
III. A IGREJA COMO A COMUNIDADE DOS SALVOS
1. Regenerados pelo sangue de Cristo
O termo "regenerado" está ligado à ideia de nascimento
espiritual, transformação ou renovação interior. É um ato do Espírito Santo que
ocorre no coração e na vida daqueles que creem em Jesus Cristo como Senhor e
Salvador.
O "sangue de Cristo" representa o sacrifício de Jesus na cruz.
De acordo com a Bíblia, o sangue derramado por Cristo é o meio pelo qual a
redenção e o perdão dos pecados são alcançados. A morte de Jesus é considerada
o pagamento pelo pecado e a reconciliação entre Deus e a humanidade.
Portanto, ser "regenerado pelo sangue de Cristo" significa
que, através da obra redentora de Jesus Cristo na cruz, uma pessoa experimenta
uma transformação espiritual, sendo purificada e reconciliada com Deus. Essa
regeneração espiritual é vista como um processo de renascimento espiritual, no
qual a pessoa é renovada interiormente e passa a viver uma nova vida em
comunhão com Deus (2Co.5:17). Essa expressão reflete a compreensão cristã da
obra salvífica de Cristo, onde Seu sacrifício é considerado o fundamento da
salvação e da transformação espiritual daqueles que creem Nele.
É válido enfatizar que o ingresso de alguém à Igreja não se dá por
adesão, mas pela conversão. Logo, a Igreja é uma comunidade formada por pessoas
regeneradas que fizeram uma pública profissão de fé. E o arrependimento (gr.
“metanoeo”) é o primeiro passo para o ingresso da pessoa na Igreja. No discurso
de Pedro durante o evento do Pentecostes, ele instruiu as pessoas a se
arrependerem e serem batizadas em nome de Jesus Cristo para o perdão dos
pecados (Atos 2:38). Essas palavras indicam o processo de ingresso na
comunidade cristã da época e de sempre.
O arrependimento não se limita apenas a sentir remorso ou pesar por
ações passadas, mas implica uma mudança de mente, um afastamento do pecado e
uma volta para Deus. O batismo, então, é apresentado como uma expressão externa
dessa mudança interna e é realizado em nome de Jesus Cristo, simbolizando a
identificação com Ele e Sua mensagem. Essa compreensão é compartilhada por
muitas denominações cristãs que consideram o batismo como um ato significativo
de obediência e identificação com Cristo, sendo parte integrante do processo de
início ou ingresso na comunidade da fé cristã. Na Bíblia, é frequentemente
associado à ideia de conversão e transformação espiritual.
Portanto, a entrada na Igreja, entendida como a comunidade dos crentes
em Cristo Jesus, envolve o arrependimento e o subsequente batismo em nome de
Jesus Cristo para o perdão dos pecados.
2. Selados pelo Espírito Santo
O evento de Pentecostes é frequentemente considerado o nascimento da
Igreja Cristã, quando os discípulos receberam o Espírito Santo conforme
relatado no livro de Atos no Novo Testamento. Esse evento é fundamental para a
compreensão da origem da Igreja.
O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, faz referência à
unidade daqueles que creem em Cristo, independentemente de sua origem étnica,
social ou status. Ele enfatiza que, ao receberem o Espírito de Deus, todos os
crentes são batizados em um único Espírito para formar um único corpo, que é a
Igreja de Cristo (1Co.12:13) - “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito,
formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos
temos bebido de um Espírito”. Esta passagem ressalta a união dos crentes
através do Espírito Santo. A imagem do batismo no Espírito não se refere
necessariamente ao batismo de água, mas simboliza a incorporação espiritual dos
crentes no Corpo de Cristo, que é a Igreja. A diversidade é reconhecida
(judeus, gregos, escravos, livres), mas a unidade é estabelecida pela ação do
Espírito Santo. Essa unidade na diversidade é um tema recorrente no ensinamento
de Paulo sobre a Igreja, enfatizando que todos os crentes compartilham de uma
mesma fé e são membros do mesmo corpo espiritual, tendo recebido o Espírito de
Deus como selo da sua pertença a Cristo e à comunidade de fé.
3. O Batismo de Cristo e do Espírito
O apóstolo Pedro, que exortou os presentes no dia Pentecostes a se
arrependerem, disse: “e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:38). Assim,
podemos afirmar que Cristo batizou os crentes com o Espírito Santo e com fogo,
um batismo de capacitação (Atos 1:4), enquanto o Espírito os batizou no Corpo
de Cristo, um batismo de iniciação, formando a Igreja (1Co.12:13).
-Em Atos 1:4, Jesus instruiu Seus discípulos a aguardarem a promessa do
Pai, que seria o batismo no Espírito Santo. Essa promessa foi cumprida no dia
de Pentecostes, conforme registrado em Atos 2, quando o Espírito Santo desceu
sobre os discípulos de maneira poderosa, capacitando-os para testemunhar sobre
Cristo e para o ministério que teriam pela frente. Essa interpretação sustenta
que o batismo com o Espírito Santo e com fogo, mencionado por João Batista e
associado a Jesus em Mateus 3:11, é uma capacitação espiritual para serviço e
ministério.
-Em 1 Coríntios 12:13, o apóstolo Paulo fala sobre os crentes sendo
batizados em um Espírito para formar um Corpo, a Igreja. Essa passagem enfatiza
a unidade dos crentes através do Espírito Santo, identificando-os como membros
do Corpo de Cristo, independentemente de sua origem étnica ou status social.
Essa interpretação ressalta o aspecto de iniciação espiritual e a participação
dos crentes na comunidade de fé, como membros do corpo de Cristo.
Enfim, essas passagens sugerem duas ênfases distintas do trabalho do
Espírito Santo na vida dos crentes: uma relacionada à capacitação para o
serviço e ministério, e outra relacionada à união e participação na Igreja.
Ambas as dimensões são consideradas parte do papel transformador e unificador
do Espírito Santo na vida daqueles que creem em Cristo.
CONCLUSÃO
Concluímos esta Lição afirmando que a Igreja, como estabelecida no Novo
Testamento após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, tem suas raízes no
plano divino. Sua fundação não se originou de ideias ou iniciativas humanas,
mas surgiu pela vontade de Deus e foi consolidada quando os crentes foram
unidos ao Corpo de Cristo pelo Espírito Santo.
É fundamental compreender que a Igreja não foi concebida por qualquer
pessoa, mas enraizada no próprio Cristo, que é reconhecido como sua Cabeça.
Essa realidade confere um significado especial e um privilégio notável em fazer
parte desse Corpo espiritual.
A essência da Igreja reside na sua ligação com Cristo e na sua formação
pelo desígnio divino, não sendo construída sobre teorias ou ideologias humanas.
Portanto, fazer parte da Igreja, o Corpo de Cristo, é um privilégio
incomparável (Ef.1:5), uma vez que esta comunhão é estabelecida pela vontade e
plano soberano de Deus, com Cristo como seu fundamento e cabeça.
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave –
Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Atos, A ação
do Espirito Santo na vida da igreja.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios, a
noiva gloriosa de Cristo.
Pr. Elienai Cabral. A Igreja e Sua Missão. CPAD.
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