SUBSÍDIO
PARA A LIÇÃO 07
Texto Base: Ester
1:10-12,16,17,19; 2:12-17
“Antes, dá maior
graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes”
(Tiago 4:6).
Ester 1:10-12,16,17,19
10.E,
ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã,
Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e a Carcas, os sete eunucos que serviam na
presença do rei Assuero,
11.que
introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar
aos povos e aos príncipes a sua formosura, porque era formosa à vista.
12.Porém
a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, pela mão dos
eunucos; pelo que o rei muito se enfureceu, e ardeu nele a sua ira.
16.Então,
disse Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente pecou contra o rei
a rainha Vasti, mas também contra todos os príncipes e contra todos os povos
que há em todas as províncias do rei Assuero.
17.Porque a
notícia deste feito da rainha sairá a todas as mulheres, de modo que
desprezarão a seus maridos aos seus olhos, quando se disser: Mandou o rei
Assuero que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, porém ela não veio.
19.Se
bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se nas leis dos
persas e dos medos, e não se revogue que Vasti não entre mais na
presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela à sua companheira que seja
melhor do que ela.
Ester 2:12-17
12.E,
chegando já a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito
a cada uma segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam
os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra e seis meses com
especiarias e com as coisas para a purificação das mulheres),
13.desta
maneira, pois, entrava a moça ao rei; tudo quanto ela desejava se lhe dava,
para ir da casa das mulheres à casa do rei;
14.à
tarde, entrava e, pela manhã, tornava à segunda casa das mulheres, debaixo da
mão de Saasgaz, eunuco do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei,
salvo se o rei a desejasse e fosse chamada por nome.
15.Chegando,
pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua
filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, eunuco do
rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a
viam.
16.Assim,
foi levada Ester ao rei Assuero, à casa real, no décimo mês, que é o
mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.
17.E
o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou perante ele
graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua
cabeça e a fez rainha em lugar de Vasti.
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, abordaremos o intrigante tema da deposição da rainha Vasti e a ascensão
de Ester ao trono. A narrativa se desenrola no grandioso cenário do Império
Persa, sob o reinado de Assuero (Xerxes I). Vasti, a rainha, é destituída de
sua posição após se recusar a atender uma ordem do rei durante um banquete. Esse
evento precipitou uma busca por uma nova rainha, culminando na escolha de
Ester, uma jovem judia, que por sua beleza e graça, conquistou o favor do rei. Esse
episódio, além de ser uma fascinante narrativa de reviravoltas palacianas,
serve como prelúdio para os acontecimentos posteriores que evidenciam a
providência divina.
A
ascensão de Ester ao trono não é apenas um conto de superação pessoal, mas
também um elemento crucial no plano de Deus para salvar o povo judeu de um
plano genocida. Assim, ao estudarmos a deposição de Vasti e a ascensão de
Ester, veremos como Deus orquestra eventos históricos e pessoais para cumprir
Seus propósitos soberanos.
I. O BANQUETE DE
ASSUERO E A RECUSA DE VASTI
1. O rei Assuero
Assuero,
também conhecido pelo nome grego Xerxes, era filho de Dario e governou o vasto
Império Persa por duas décadas (486-465 a.C.). Seu reino se estendia
"desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias"
(Ester 1:1), refletindo a grandeza e o poder de seu domínio. No terceiro ano de
seu reinado, Assuero organizou um evento monumental, convidando a nobreza
imperial e os líderes das províncias para exibir a grandiosidade de seu reino e
suas riquezas. Essa celebração opulenta durou 180 dias.
Historicamente,
acredita-se que durante esse evento, Assuero discutiu com seus generais e
conselheiros os planos para uma expedição militar contra a Grécia. Essa
campanha, conforme detalhado pelo historiador grego Heródoto (484-425 a.C.),
resultou em um grande fracasso para os persas. Esta tentativa de expansão e o
seu consequente insucesso demonstram a complexidade e as dificuldades
enfrentadas por Assuero em seu reinado, que buscava tanto a glória militar
quanto a estabilidade interna. A narrativa do Livro de Ester se insere neste
contexto de poder, opulência e desafios, ilustrando as intrigas e os eventos
que moldaram a história do império persa.
2. Um banquete público, outro exclusivo
No final dos 180 dias
de celebração, o rei Assuero, em uma demonstração de sua generosidade e poder,
ofereceu um grande banquete para todo o povo de Susã, a capital do império. Esse
evento foi realizado no pátio do jardim de seu palácio e destacava-se pelo luxo
e a ostentação que refletiam a riqueza do império persa. A festa, planejada
para durar sete dias, oferecia uma abundância de comida e bebida, sem
restrições, permitindo que todos se entregassem à celebração sem limites (Ester
1:5-8).
A decoração do
banquete de Assuero era magnífica. O jardim estava adornado com cortinas
brancas e azuis, amarradas com cordões de linho fino e púrpura, e os convidados
reclinavam-se em sofás de ouro e prata sobre um pavimento de alabastro,
mármore, madre-pérola e pedras preciosas (Ester 1:6). Os servos serviam vinho
real em abundância, conforme a generosidade do rei, e a bebida era oferecida em
vasos variados, cada um diferente do outro, enfatizando ainda mais a
singularidade e o esplendor do evento (Ester 1:7).
Paralelamente ao
banquete de Assuero, a rainha Vasti, cuja identidade alguns estudiosos associam
à Améstris mencionada por Heródoto, organizou um banquete exclusivo para as
mulheres no palácio real (Ester 1:9). Este evento restrito, embora menos
grandioso em termos de convidados, refletia o papel importante que as mulheres
da corte desempenhavam e a tradição de eventos separados por gênero nas
culturas antigas.
Os dois banquetes,
embora separados por gênero, simbolizavam a coexistência das esferas pública e
privada no império persa. O banquete público de Assuero era uma afirmação de
poder e magnanimidade, um evento político e social que reafirmava a
estabilidade e a opulência do seu reinado. Por outro lado, o banquete de Vasti,
restrito às mulheres, sublinhava a importância e a influência das mulheres na
corte, mesmo que suas ações e decisões fossem frequentemente confinadas ao
âmbito privado.
O cenário dos
banquetes estabelece o palco para os eventos subsequentes do Livro de Ester. A
narrativa sugere que, embora Assuero estivesse no auge de seu poder, a tensão
nas relações pessoais e a dinâmica de gênero na corte persa poderiam ter
implicações significativas. O pedido de Assuero para que Vasti se apresentasse
perante seus convidados masculinos, e a subsequente recusa de Vasti,
desencadeariam uma série de eventos que culminariam na ascensão de Ester como
rainha.
Em resumo, os
banquetes de Assuero e Vasti são mais do que meras festividades; eles são uma
representação das complexas interações sociais e políticas do império persa. A
opulência e a segregação de gênero nos banquetes refletem as hierarquias e as
normas culturais da época, preparando o leitor para entender as tensões e as
resoluções que seguirão na narrativa do Livro de Ester.
No sétimo dia do
banquete oferecido pelo rei Assuero, a atmosfera estava carregada de euforia e
celebração. O rei, tendo consumido uma quantidade significativa de vinho,
estava em um estado de grande exultação e agitação – “o coração do rei estava
alegre do vinho” (Ester 1:10). Este contexto de embriaguez e exaltação é
crucial para entender o que ocorreu a seguir.
Movido por um desejo
de exibir o esplendor de seu reino e a beleza de sua rainha, Assuero ordenou
que Vasti fosse trazida à sua presença, “com a coroa real, para mostrar aos
povos e aos príncipes a sua formosura, porque era formosa à vista” (Ester
1:11). Este ato, embora aparentemente uma simples demonstração de orgulho,
carrega implicações significativas sobre a dinâmica de poder e gênero na corte
persa.
A ordem do rei, embora
aparentemente uma simples demonstração de orgulho e vaidade, carrega consigo
profundas implicações. Assuero queria mostrar a todos a formosura de Vasti, tratando-a
como um troféu para aumentar sua própria glória e prestígio. A solicitação do
rei foi entregue por sete eunucos, simbolizando a formalidade e a seriedade do
decreto real.
A rainha Vasti, ao
receber a ordem do rei através dos sete eunucos que ele enviou, tomou uma
decisão audaciosa: recusou-se a comparecer (Ester 1:12). Veremos a repercussão
e as consequências deste ato no próximo tópico.
II. VASTI RESISTE À ORDEM DO REI E É DEPOSTA
1. A recusa da rainha
No
sétimo dia do grandioso banquete oferecido pelo rei Assuero, o clima de
festividade estava no auge, exacerbado pelo consumo abundante de vinho (Ester
1:10). Nessa atmosfera de embriaguez e exaltação, Assuero, desejando exibir não
apenas as riquezas de seu reino, mas também a beleza de sua rainha, ordenou que
Vasti fosse trazida à sua presença, adornada com a coroa real, para ser exibida
diante de seus convidados (Ester 1:11).
Surpreendentemente, Vasti recusou-se a
comparecer. Ao desobedecer a uma ordem direta do rei, Vasti desafiou a
autoridade de Assuero. Este ato de desobediência foi extremamente ousado,
considerando a cultura persa, onde a palavra do rei era lei e a desobediência
poderia resultar em severas consequências.
A recusa de Vasti causou um grande tumulto.
Assuero ficou extremamente irado, e seus conselheiros expressaram preocupações
sobre as implicações dessa desobediência. Eles temiam que a atitude de Vasti
pudesse inspirar outras mulheres a desobedecerem a seus maridos, minando a
ordem social e a autoridade masculina em todo o reino (Ester 1:16-18). Para
evitar tal crise, os conselheiros sugeriram uma medida drástica: Vasti deveria
ser destituída de seu título de rainha, e uma nova rainha deveria ser
escolhida.
Justificativas para a desobediência
de Vasti
Fontes extrabíblicas e interpretações
tradicionais às vezes justificam a desobediência de Vasti, alegando que a ordem
do rei era indecorosa ou mesmo absurda. Alguns sugerem que Assuero queria que
Vasti aparecesse vestindo apenas a coroa real, o que seria uma grave violação
de decoro.
No entanto, a Bíblia não fornece detalhes
sobre a natureza específica do pedido do rei, limitando-se a dizer que Vasti
foi convocada para mostrar sua formosura aos convidados do banquete.
Perigos da Eisegese
A utilização de fontes extrabíblicas pode
enriquecer nossa compreensão do contexto histórico e cultural dos eventos
bíblicos. No entanto, é importante distinguir entre exegese, que
busca extrair o significado original do texto, e eisegese, que
projeta interpretações e significados alheios ao texto bíblico. Quando fontes
externas são usadas para sugerir interpretações que não são sustentadas pelo
texto bíblico, corre-se o risco de distorcer o sentido das Escrituras.
A Narrativa bíblica
A narrativa bíblica é concisa e simples: uma
festa pública estava em andamento, e a rainha Vasti recusou-se a atender ao
chamado do rei. A Bíblia não dá detalhes sobre os motivos de Vasti ou a
natureza precisa da ordem do rei. Alguns estudiosos modernos e tradições
interpretativas têm tentado pintar Vasti como uma figura de dignidade e
virtude, resistindo a uma ordem indecorosa. Contudo, o texto bíblico não apoia
explicitamente essa leitura.
Amestris e Vasti
A identidade de Vasti é outro ponto de debate.
Alguns sugerem que Vasti poderia ser a mesma Amestris mencionada por Heródoto,
descrita como uma mulher astuta e sanguinária. Se Vasti é de fato Amestris,
então a interpretação de seu caráter e suas ações pode ser influenciada por
essas descrições extrabíblicas. Amestris é retratada como uma figura de poder e
intriga, o que poderia contrastar com a imagem de uma rainha virtuosa
resistindo a um pedido indecoroso.
Em resumo, o episódio da recusa de Vasti e sua
subsequente deposição levanta questões importantes sobre poder, autoridade, e a
posição das mulheres na sociedade persa antiga. Enquanto as fontes
extrabíblicas podem oferecer contextos adicionais, é crucial interpretar a
narrativa bíblica com base no que o texto realmente revela. A Bíblia nos
fornece uma narrativa clara: Vasti recusou-se a obedecer ao comando do rei
durante um banquete, resultando em sua deposição. Especulações sobre os motivos
e o caráter de Vasti devem ser cuidadosamente avaliadas para evitar projeções
indevidas que possam obscurecer a mensagem e a intenção original do texto
bíblico.
A
recusa de Vasti foi um ato que, aos olhos do rei e seus conselheiros, não
apenas desafiava a autoridade de Assuero, mas também podia incitar
desobediência entre outras mulheres do império.
Apesar
da fúria inicial, Assuero não tomou uma decisão imediata e arbitrária. Ele
suportou o constrangimento de ver seus eunucos voltarem sem a rainha e submeteu
o caso à consideração de seus conselheiros sábios, entendidos na lei dos medos
e persas (Ester 1:13,14).
Este
ato de consultar os sábios demonstra a prudência do rei e o respeito pelas
normas legais. Assuero reconhecia a importância de uma decisão que não apenas
refletisse sua autoridade, mas que também fosse consistente com a lei do
império.
Então,
Assuero perguntou aos sábios e entendidos sobre a lei: “O que, segundo a lei,
se devia fazer da rainha Vasti, por não haver cumprido o mandado do rei
Assuero?” (Ester 1:15). Esta questão indica a preocupação do rei em assegurar
que sua resposta à desobediência de Vasti estivesse em conformidade com a
legislação vigente.
A
questão também destaca a dificuldade da situação: o rei precisava reafirmar sua
autoridade, não apenas sobre a rainha, mas sobre todo o império. A capacidade
de Assuero de governar seria posta em dúvida se ele não tomasse uma medida
decisiva e legalmente respaldada.
Veja
que, mesmo em um estado de fúria e constrangimento, o rei demonstrou prudência
ao buscar orientação legal antes de tomar uma decisão. Este episódio sublinha a
importância das normas legais e do processo judiciário no governo persa, refletindo
uma sociedade onde o respeito às leis era fundamental para a manutenção da
ordem e da autoridade.
3. A sentença de Vasti
Após a rejeição
pública de Vasti em aparecer diante do rei e seus convidados, Assuero, embora
irritado, não tomou uma decisão imediata. Em vez disso, consultou seus
conselheiros, evidenciando uma liderança que valoriza o conselho e a prudência,
mesmo sob pressão. Esta consulta visava entender a implicação da recusa de
Vasti dentro do contexto das leis persas e medas.
Entre
os conselheiros estava Memucã, que interpretou a ação de Vasti como uma ameaça
à ordem social e familiar em todo o reino. Ele argumentou que a desobediência
da rainha poderia incitar outras mulheres a desprezar seus maridos, causando um
desrespeito generalizado e desordem (Ester 1:16-18).
Para
evitar essa repercussão negativa, Memucã aconselhou que Vasti fosse deposta e
seu título de rainha fosse dado a outra mulher que fosse mais obediente e
respeitasse o rei. Ele propôs também que um decreto fosse enviado a todas as
províncias, afirmando que cada homem deveria ser o senhor em sua própria casa,
reforçando a autoridade masculina no lar (Ester 1:19-22).
O conselho de Memucã
agradou a Assuero e seus nobres e implementou as seguintes recomendações:
ü Deposição de Vasti. Vasti foi formalmente destituída de seu título e posição
como rainha. Esta ação não apenas a punia pela desobediência, mas também servia
como um exemplo para todas as mulheres do império sobre as consequências de
desrespeitar a autoridade de seus maridos.
ü Decreto real. Um decreto foi emitido e enviado a todas as províncias do
império persa. O decreto, escrito nas línguas de cada povo, estabelecia que
cada homem deveria ser o senhor em sua casa, reforçando a hierarquia familiar e
a importância da autoridade masculina (Ester 1:22).
Análise e reflexão
A sentença de Vasti
pode ser vista sob várias perspectivas:
a)
Perspectiva social e política. A decisão de depor Vasti e o subsequente decreto buscavam
manter a ordem social e evitar qualquer desafio à autoridade estabelecida. Isso
mostra a preocupação do governo persa em preservar a estrutura social e a
estabilidade do império.
b)
Liderança e responsabilidade. A decisão de Assuero de consultar seus conselheiros antes
de tomar uma decisão final demonstra prudência e a importância de liderança
baseada em conselhos sábios. Isso também reflete a ideia de que um líder deve
ser capaz de tomar decisões difíceis para preservar a ordem e a autoridade.
Para líderes cristãos e estudiosos da Bíblia, esta história oferece uma lição sobre
a importância da prudência, da consulta e da liderança responsável.
c)
Implicações para o futuro. A deposição de Vasti abriu caminho para a ascensão de
Ester, que se tornaria uma figura crucial no livramento dos judeus da ameaça de
extermínio. Esta mudança na liderança real foi um ponto de virada que teve
implicações significativas para a história do povo judeu.
III. ESTER, A JUDIA, SE TORNA RAINHA EM TERRA ESTRANHA
1. Quatro anos depois
Quatro anos após a
deposição de Vasti, a busca por uma nova rainha para o império persa teve
início. Esse evento não foi apenas uma questão de realeza, mas estava
profundamente entrelaçado com as circunstâncias políticas e militares da época,
bem como com a dinâmica pessoal do rei Assuero (Xerxes I).
Em
480 a.C., Assuero liderou uma grande expedição militar contra a Grécia,
culminando na Batalha de Salamina. Esta batalha naval foi um desastre para os
persas, resultando na quase total destruição de sua frota. O fracasso militar
teve profundas repercussões, não apenas enfraquecendo o poder persa, mas também
afetando o moral e a autoridade do rei Assuero.
Desmoralizado
e frustrado, Assuero retornou a Susã, a capital do império, para reorganizar
seu governo e reassumir o controle após a derrota. Foi durante este período de
reflexão e reorganização que a memória de Vasti voltou à sua mente (Ester 2:1).
Assuero começou a lembrar-se de Vasti e do decreto que havia emitido contra
ela. Este reflexo de saudade e arrependimento é mencionado em Ester 2:1, onde
se sugere que o rei ponderou sobre suas ações e a perda de Vasti.
Para
lidar com a solidão e a necessidade de uma nova rainha, os conselheiros mais
próximos de Assuero sugeriram a organização de um concurso para escolher uma
nova rainha. Esta proposta visava não apenas preencher o vazio deixado por
Vasti, mas também revitalizar a corte com a presença de uma nova figura real
(Ester 2:2-4).
2. O Concurso real
A
escolha de uma nova rainha para substituir Vasti, ocorrida após a desastrosa
campanha militar de Assuero contra os gregos, foi um evento significativo tanto
política quanto espiritualmente.
O
plano envolvia reunir as mais belas jovens virgens do império persa, que
deveriam passar por um extenso período de preparação e embelezamento sob os
cuidados de Hegai, o eunuco responsável pelo harém real (Ester 2:3). Este
processo de seleção e embelezamento era rigoroso e detalhado, refletindo a
grandiosidade e a complexidade da corte persa. As jovens passavam por doze
meses de tratamentos de beleza antes de serem apresentadas ao rei (Ester 2:12).
Entre
as muitas jovens escolhidas para participar do concurso estava Hadassa,
conhecida como Ester, uma jovem judia criada por seu primo Mardoqueu. Ester se
destacou rapidamente aos olhos de Hegai e, eventualmente, ganhou o favor do rei
Assuero (Ester 2:7-9, 2:17).
Em
479 a.C., Ester foi coroada rainha, substituindo Vasti. Esta elevação de uma
jovem judia ao posto de rainha do poderoso império persa é um testemunho da
providência divina e da soberania de Deus, que coloca pessoas estratégicas em
posições de influência para cumprir Seus propósitos.
Ester
não foi apenas uma figura decorativa; sua posição como rainha lhe deu uma
plataforma de influência significativa. Ela utilizaria essa posição para
interceder pelo povo judeu, demonstrando coragem e sabedoria em tempos de
crise. Embora o livro de Ester não mencione diretamente Deus, a narrativa
mostra como Ele trabalha através de circunstâncias e decisões humanas para
proteger e promover o Seu povo.
3. A obediência de Ester
A
obediência de Ester é um aspecto fundamental na narrativa do livro que leva seu
nome, destacando-se por sua fidelidade e respeito a Mardoqueu, seu primo e
tutor. Esta virtude de Ester é um tema recorrente que demonstra a dinâmica de
confiança e sabedoria entre eles.
Mardoqueu
instruiu Ester a não revelar sua origem e sua família (Ester 2:10). A razão
exata dessa ordem não é explicitada no texto, mas pode-se inferir que Mardoqueu
estava protegendo Ester de possíveis preconceitos ou perigos que poderiam
surgir devido à sua etnia judaica. Embora o processo de seleção da nova rainha
não fosse restrito por questões étnicas, Mardoqueu pode ter previsto situações em
que o preconceito contra judeus poderia prejudicar Ester ou sua posição.
Ester
seguiu as instruções de Mardoqueu rigorosamente, demonstrando uma obediência
que não exigia explicações detalhadas. Essa atitude reflete uma relação de
confiança mútua e respeito profundo. A obediência de Ester é uma expressão de
sua humildade e lealdade, qualidades que a destacam como uma figura admirável
na narrativa.
Mardoqueu
mostrava uma preocupação constante pelo bem-estar de Ester, passando
diariamente pelo pátio da casa das mulheres para saber como ela estava (Ester
2:11). Esta vigilância contínua revela o afeto e a responsabilidade que ele
sentia por ela, assim como a importância que Ester tinha para ele.
A
relação entre Mardoqueu e Ester é marcada por respeito e cuidado mútuo. Ele
desempenhava o papel de protetor e guia, enquanto Ester, por sua vez,
demonstrava respeito e confiança em suas decisões. Este relacionamento é
fundamental para a narrativa, pois estabelece a base de apoio emocional e
estratégico que Ester necessitará para enfrentar os desafios futuros.
Ester
passou pelos doze meses de preparação, como era costume para todas as virgens
que se apresentavam ao rei (Ester 2:12). Esse período de preparação incluía
tratamentos de beleza e cuidados especiais, o que sublinha a importância e o
rigor do processo de seleção da nova rainha.
Quando
chegou a sua vez de ser apresentada ao rei Assuero, Ester destacou-se entre
todas as outras mulheres. O rei a amou mais do que a todas as outras e ela
encontrou graça e benevolência diante dele. Assuero colocou a coroa real na
cabeça de Ester e a fez rainha em lugar de Vasti (Ester 2:17).
CONCLUSÃO
O
tema da deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester destaca-se como uma
narrativa rica em lições sobre providência divina, obediência e sabedoria
estratégica. A história começa com a deposição de Vasti, que recusou o comando
do rei Assuero, levando a uma decisão legal e ponderada para manter a ordem e o
respeito no reino. Em contraste, a ascensão de Ester, marcada por sua
obediência e humildade, demonstra como a confiança nas instruções de Mardoqueu
e a providência de Deus podem mudar o destino de uma pessoa e de um povo.
A
transição de Vasti para Ester como rainha não apenas mostra a importância de
liderança e submissão, mas também prepara o caminho para a atuação crucial de
Ester na salvação de seu povo. Ester, ao seguir os conselhos de Mardoqueu e
confiar na sabedoria divina, exemplifica a força e a coragem necessárias para
enfrentar grandes desafios. Assim, a história ressalta que, mesmo nas
circunstâncias mais adversas, a providência divina pode operar para transformar
situações difíceis em oportunidades de redenção e vitória.
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Luciano de Paula
Lourenço – EBD/IEADTC
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo –
Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Pr. Hernandes Dias
Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.
Pr. Elinaldo Renovato
de Lima. O caráter do cristão. CPAD.
Comentário Bíblico
Beacon. Volume 2.
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