4º Trimestre/2013
Texto Básico: Provérbios 6:16-19;
15:1,2,23; 16:21,24
“Favo de mel são as palavras suaves:
doces para a alma e saúde para os ossos” (Pv 16:24)
INTRODUÇÃO
Das sete atitudes
que Deus abomina, registradas em Provérbios 6:16-19, três têm a ver com o mau
uso das palavras; talvez por isso o livro de Provérbios dê tanto destaque a
este tema. É válido atentar para a advertência de Tiago 1:19: “Sabeis isto,
meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar”
(Tg 1:19). Quanto menos falar, menos risco em tropeçar. Alerta o sábio: “No
muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Pv
10:19). Mas, é bom enfatizar que falar pouco não significa se omitir.
Precisamos falar o necessário, na hora certa e de forma eficaz, sem “jogar
conversa fora”.
I. O PODER DAS PALAVRAS
Quero alertar os
professores, alunos e os demais leitores deste blog que o “poder das palavras”
referido aqui nada tem a ver com o que a falaciosa teologia da “confissão
positiva” diz sobre isso. A Confissão Positiva é uma heresia
indissociável da falaciosa Teologia da Prosperidade, as duas andam juntas, isto
porque o “poder das palavras”, aquilo que eu confesso com a minha boca é
a base para recebermos os demais benefícios pregados pelos adeptos deste
movimento: riqueza, saúde plena e ausência de sofrimento. O seu ensino herético
resume-se na máxima já bastante conhecida no meio evangélico: “Há poder em
suas palavras!”. O ensino consiste em dar um significado mágico as nossas
palavras, de forma que, se eu digo (confesso) a coisa certa, tudo dará certo,
porém, se eu digo algo negativo, isto me trará problemas. Portanto, os adeptos
chegam a praticar um novo modelo de oração, onde não se pede, “determina-se”,“decreta-se”,“toma-se
posse”, e condena-se a atitude de perseverar em oração por algo, como sendo
falta de fé. Segundo os pregadores deste movimento, uma verdadeira atitude de
fé está no ato de “decretar” e “crer” que aquilo acontecerá;
segundo este movimento, isto é que é fé, a fé do tipo que Deus teve ao criar o
mundo, quando ele disse “Haja!”; e o que ele disse (confissão positiva)
aconteceu.
Isso é ridículo e
abominável! A Bíblia não atribui nenhum poder “mágico” às nossas palavras. O
poder pertence a Deus e não as nossas palavras (Sl 62:11). Isto vai totalmente
de encontro ao que Jesus ensinou (Mt 6:10; 26:39,42) e os apóstolos também (At
18:21; 1Co 4:19; 16.7; Hb 6:3; Tg 4:13-16). Decretar ou determinar são
prerrogativas de quem tem autoridade, de quem detém o poder (2Sm 15:15; Ed
6:13; Et 1.20; Ec 8:3,4). Na oração, nós somos os súditos e o rei é Jesus, o
único que pode decretar alguma coisa (Sl 62:11; Mt 28:18). Este ensino do “poder
das palavras” deriva-se de uma outra heresia do movimento, que é o ensino
de que o homem é um semideus. O modelo de oração ensinado na Bíblia não decreta
nem determina, antes, se submete humildemente à vontade soberana de Deus. Diz o
apóstolo João: “E esta é a confiança que
temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo
a sua vontade, ele nos ouve” (1João 5:14).
1.
Palavras que matam. “A morte e a vida estão no poder
da língua” (Pv 18:21). Ninguém ignore o os efeitos das palavras. Elas nos
animam ou nos deixam arrasados. Elas nos levam ao arrependimento ou ao pecado.
Elas nos fazem aceitar o que é certo ou nos levam a admitir o que é errado. Tiago
3:6 diz que a língua “é um fogo”. As nossas palavras podem incendiar
a nossa vida, destruir tudo o que construímos ao longo de nossa existência.
Quantos ideais de vida e projetos não tem sido destruído por causa de palavras
mal ditas! Quantos casamentos já não se acabaram por causa de palavras
ofensivas! Quantos já nãos se desviaram e abandonaram a igreja por causa de
palavras ditas precipitadamente por aqueles que deveriam amparar! O perdão é o
remédio eficaz para palavras venenosas, que ferem e que matam.
2.
Palavras que vivificam. “... a língua dos sábios é saúde”
(Pv 12:18). A língua do sábio é medicina para os doentes, bálsamo para os
aflitos, tônico para os cansados e fonte de vida para os que jazem prostrados.
A língua dos sábios é o veículo que transporta a verdade e o canal que conduz a
esperança. O sábio é aquele que fala a verdade em amor. Da boca do sábio não
saem palavras torpes, apenas palavras para a edificação, conforme a
necessidade, transmitindo graça aos que ouvem. Nossa língua transporta vida ou
é instrumento de morte? Pense cada um consigo mesmo. (1)
II.
CUIDADOS COM A LINGUA
1. Evitando a
tagarelice (Pv 12:18). “Tagarelice é como pontas
de espada”. Tagarelice é falar pelos cotovelos. É falar ao vento. É falar
sem pesar nas consequências de sua fala. É ser irresponsável com a mordomia da
comunicação. A língua do tagarela fere como pontas de espada. Destrói como
veneno e devasta como fogo. A língua do tagarela transporta a morte, e não a
vida, pois semeia inimizade entre os irmãos e provoca contendas entre as
pessoas. A língua do tagarela é como um cavalo selvagem desenfreado e como um
navio em alto-mar desgovernado. Ambos são agentes de morte, e não de vida. (2)
Deus advertiu ao
povo de Israel: “Não andarás como
mexeriqueiro entre o teu povo”(Lv 19:16). Ele também advertiu algumas
tagarelas que se infiltraram na igreja de Éfeso: “Além do mais, aprendem também a viver ociosas andando de casa em casa;
e não somente ociosas, mas ainda tagarelas e intrigantes, falando o que não
devem” (1Tm 5:13). No Salmo 101:5, Deus diz: “Aquele que difama o seu próximo às escondidas, eu o destruirei”. Deus
é de opinião que pessoas tagarelas não O reconhecem estando entregues aos seus
pensamentos corrompidos. Ele equipara as pessoas difamadoras com aqueles que
não merecem confiança.
Além disso, as
fofocas não precisam ser obrigatoriamente mentirosas. Muitos pensam: “O assunto
é verdade, por isso posso contá-lo a todos”. Mas isto não está certo! Dizer a
verdade com falsos motivos pode ter efeito ainda mais funesto do que falar
inverdade. (4)
2.
Evitando a maledicência
(Pv 6:16-19).
“Estas seis
coisas aborrece o SENHOR, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, e
língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente, e coração que maquina
pensamentos viciosos, e pés que se apressam a correr para o mal, e testemunha
falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos”.
“contenda
entre os irmãos” significa maledicência. Muitas
contendas entre os crentes são idealizadas por Satanás. Ele é o maior
semeador de contendas entre os irmãos, mas o que ele faz na maioria das vezes é
"aproveitar a nossa lenha para fazer sua fogueira". O seu
maior desejo é ver o povo de Deus lutando consigo mesmo, quando deveríamos,
juntos, lutar contra as forças das trevas.
III. O BOM USO DA LINGUA
1. Quando a língua
edifica o próximo. Palavras agradáveis e adequadas, no
momento certo, proporcionam edificação espiritual e moral no próximo. Diz o
sábio: “Palavras agradáveis são como favo
de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” (Pv 16:24). Como servos
de Deus, somos desafiados a usar nossas palavras como um meio para ajudar o
nosso próximo, através de exortações e bons conselhos. O aconselhamento é um
grande serviço que a igreja deve prestar em seu seio. A Igreja tem de se
preocupar com a conduta dos homens que a integram e dos que vivem ao seu redor.
Não se trata de impor atitudes aos outros, nem tampouco de conquistar o poder
de fazer com que os outros ajam desta ou daquela maneira. Muito pelo contrário,
trata-se de uma manifestação do amor divino que está no coração de cada membro
em particular do corpo de Cristo. Trata-se de sentir compaixão pelos seres
humanos e, por causa disto, dar opiniões, ensinos ou avisos a eles sobre o que
deve ser feito no cotidiano, no viver debaixo do sol. O único e verdadeiro
aconselhamento é aquele que é baseado na Verdade, ou seja, na Palavra de Deus.
Se aconselhar é dar ou pedir conselhos e o conselho genuíno e autêntico é
aquele que tenha, simultaneamente, base racional e espiritual, a Igreja é o
único povo, na atual dispensação, que pode, validamente, aconselhar a
humanidade, pois só ela tem condições de orientar os homens no caminho em que
devem andar. Diz o sábio: “... com os que se aconselham se acha a
sabedoria” (Pv 13:10).
2.
Nossa língua adorando a Deus. Nossa maneira de falar nos identifica,
revelando o nosso verdadeiro eu, pois a boca fala do que o coração está cheio
(Mt 12:34). É do coração, ou seja, do intimo do ser humano que procedem os
males. Certa vez, Pedro foi identificado como alguém que esteve com Jesus
somente pelo seu linguajar (Mt 26:73). Sua fala evidencia que você é um
cristão?
Lembre-se que no simples conversar com alguém,
podemos estar adorando a Deus, podendo o interlocutor perceber a pureza de
nosso coração através das palavras que proferimos.
A língua do justo é manancial perene de sabedoria; por meio dela, os homens
aprendem os caminhos da vida. Porém, a língua do perverso, que será
desarraigada, maquina o mal, e toda a sua instrução produz incredulidade,
rebeldia e desastre. Precisamos falar aquilo que glorifica a Deus, edifica as
pessoas e promove o bem. “A boca do justo produz sabedoria em abundância,
mas a língua da perversidade será desarraigada. Os lábios do justo sabem o que
agrada, mas a boca dos ímpios anda cheia de perversidades” (Pv 10:31,32). Guardemos, pois, a
nossa língua. Sejamos vigilantes e temperantes no momento de proferir palavras.
Lembre-se: Deus procura verdadeiros adoradores, e não somente adoração.
IV.
CONSELHOS AO ALUNO E AO MESTRE
1. Fale o que é
bom e oportuno.
A palavra de Deus é categórica: “Todo
homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar...” (Tg 1:19). Muito
transgride quem fala para depois pensar, fala sem refletir e fala mais do que o
necessário. Diz o sábio:
·
“Na multidão de palavras não falta
transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente” (Pv 10:19).
·
“Até o tolo, quando se cala, é tido
por sábio” (Pv 17:28).
2. Pense antes de
falar. Há um ditado popular que diz: “Em boca
fechada não entre mosquito”. Falar sem pensar é consumada tolice. Responder
antes de ouvir é estultícia. Proferir palavras torpes e desandar a boca para
espalhar impropérios e maldades é perversidade sem tamanho. Esse não pode ser o
caminho do justo. Uma pessoa que teme a Deus reflete antes de falar, sabe o que
falar e como falar. Sua língua não é fonte de maldades, mas canal de bênção
para as pessoas. Diz o sábio:
·
“O coração do justo medita o que há
de responder, mas a boca dos ímpios derrama em abundância coisas más” (Pv
15:28).
3. Fale com temperança.
Quem sabe conversar com calma demonstra inteligência. Quem ouve e analisa antes
de emitir sua opinião, pode falar com mais eficácia. Diz o sábio:
·
“A resposta branda desvia o furor,
mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1).
Observe uma coisa interessante, o
sábio nos mostra aqui que não é a palavra branda que desvia o furor, mas a
resposta branda. Isso é mais do que ação, é reação. Mesmo diante de uma ação
provocante, a pessoa tem uma reação branda. É como colocar água na fervura e
acalmar os ânimos. Em outras palavras, é ter uma reação transcendental. O
oposto disso é a palavra dura e deselegante.
· “...
a língua branda quebranta os ossos” (Pv 25:15).
4. A boca
do justo é fonte de sabedoria.
A boca do
justo é uma fonte de vida; a do perverso, uma cova de morte. Quando o justo
abre a boca, jorra a sabedoria como água fresca para o sedento; quando o
perverso fala, sua língua é fogo que destrói e veneno que aniquila. A sabedoria
do justo leva os homens a olharem para a vida com os olhos de Deus, a sentirem
com o coração de Deus e a agirem para a glória de Deus. A maldade do perverso,
ao contrário, afasta os homens de Deus e os seduz para um caminho de
transgressão, cujo paralelo final é a morte.
A língua é como o
leme de um navio: pode conduzi-lo em segurança para o seu destino, ou pode
direcioná-lo para rochas submersas e provocar um grande naufrágio. Nossa língua
deve ser um manancial de sabedoria, e não um instrumento de iniquidade; um
bálsamo do céu para os aflitos, e não um chicote de tortura para os abatidos. (3).
Diz o sábio:
· “A boca do justo produz sabedoria em
abundância, mas a língua da perversidade será desarraigada. Os lábios do justo
sabem o que agrada, mas a boca dos ímpios anda cheia de perversidades” ( Pv
10:31,32).
CONCLUSÃO
Nos dias em que
vivemos, em que vigora no mundo um "relativismo ético", em que, cada
vez mais, as pessoas estão perdendo a noção de verdades absolutas, em que
"tudo é relativo", é preciso lembrarmos que o falar do crente deve
ser sim, sim, não, não, e o que sai disto é de procedência maligna(Mt 5:37).
Quantos de nós são descuidados com o que falam e quantos acabam falando algo de
suas cabeças como se fossem palavras vindas da parte do Senhor! Tais palavras
estão todas colocadas diante de Deus e o Senhor requererá de seus
pronunciadores uma atitude de arrependimento sem o que poderão até perder a
salvação. Equivocam-se os faladores da atualidade que acham que suas palavras
não são levadas em conta pelo Reto e Supremo Juiz. Não só nossas ações, mas
também nossas palavras são levadas em conta diante de Deus. Tenhamos muito
cuidado com o que falamos, pois tudo está sendo anotado perante o Senhor - “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa
que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo” (Mt.12:36). Que
possamos dizer como Jó: “Nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha
língua pronunciará engano” (Jó 27:4). Que este seja o nosso compromisso de
todos os membros da igreja, na presença de Deus!
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Elaboração: Luciano
de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico
popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Revista Ensinador Cristão – nº 56 – CPAD.
Comentário Bíblico Beacon – v.3. CPAD.
(1)
Gotas
de Sabedoria para a alma – Rev. Hernandes Dias Lopes.
(2)
Gotas
de Sabedoria para a alma – Rev. Hernandes Dias Lopes.
(3)
Gotas
de Sabedoria para a alma – Rev. Hernandes Dias Lopes.
(4)
Pr. Ricardo Oliveira César - Um guia
para viver bem – Estudos no Livro de Provérbios
Muito bom professor!
ResponderExcluirIr. Adriano Pascoa