4º Trimestre/2013
Revista: Educação Cristã Continuada
Texto Básico: Hb 6:1-6
“Pelo que,
deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição...”
(Hb 6:1)
INTRODUÇÃO
Em Hebreus 6:1,2, o autor mostra algumas
doutrinas que são básicas, ou fundamentais que outras. Ele as consideram como
“ensinos elementares” ou “rudimentos”(RAC) a respeito de Jesus Cristo. Nestes
textos, os cristãos hebreus são exortados a deixar de lado os “rudimentos
[princípios elementares - ARA] da doutrina de Cristo”. Entende-se que isso se
refere às doutrinas básicas da religião ensinadas no Antigo Testamento e
destinadas a preparar Israel para a vinda do Messias. Essas doutrinas estão
listadas na última parte do versículo 1 e no versículo 2; elas não completavam
o Cristo ressurreto e glorificado; eram ensinos de natureza elementar que
formavam a base para a construção posterior. A exortação é para deixar esses
princípios básicos, não no sentido de abandoná-los como inúteis, mas de avançar
deles para a maturidade. Estabelecido o fundamento, o próximo passo é construir
sobre ele. As grandes verdades do Novo Testamento quanto a Cristo, sua pessoa e
obra representam o ministério da maturidade.
I. EDIFICAÇÃO
1. Enxergando o alvo. Um dos objetivos essenciais da nossa vida
como cristão é alcançar a verdadeira maturidade espiritual, mas infelizmente,
muitos cristãos se recusam a crescer; outros parecem perdidos pelo caminho,
alguns andando em círculos, sem conseguir ir em frente. Isso é falta de
assimilação e prática daquilo que foi ensinado. Os fundamentos da nossa
experiência cristã precisam estar bem firmes para irmos além das verdades
fundamentais. O período do judaísmo foi um período de infância espiritual; o
cristianismo representa a fase adulta.
Em Hebreus 6:1,2 o autor critica os crentes
que não haviam saído dos rudimentos da fé, contentando-se apenas em saber a
respeito do “arrependimento de obras que
estão mortas e de fé em Deus, da doutrina do batismo e da imposição de mãos, da
ressurreição dos mortos e do juízo eterno“. O autor alerta a esses cristãos
que não cederia à imaturidade deles, provendo-os somente com “leite”, porque apresentar as
doutrinas básicas sob uma nova forma não os ajudaria a resistir à tentação de
se desviar de Cristo. Eles deviam ganhar
um entendimento mais profundo, movendo-se para além dos rudimentos da
doutrina de Cristo.
Naturalmente, “deixar” esses ensinamentos não
significa que os crentes não precisassem mais deles; certamente, os
ensinamentos elementares são essenciais para que todos os crentes entendam.
Isso se aplica a todos os cristãos da atualidade, ou
seja, “devemos crescer e continuar sempre crescendo, pois se lançarmos
continuamente os alicerces de uma obra não haverá progresso. Já não somos mais
principiantes na fé, devemos estar entre os que ocupam o nível mais elevado:
aqueles que não precisam mais que as primeiras lições lhes sejam sempre
repetidas”.
Todavia, vivemos dias tão difíceis que a realidade dos
tempos apostólicos é apenas um ideal a ser atingido. Por incrível que pareça,
esses temas criticados pelo escritor aos Hebreus são desconhecidos de grande
parte dos que cristãos dizem ser. Diante desta realidade de esmaecimento
espiritual por que passa o cristianismo hoje, quando observamos os dias dos
apóstolos, vemos que os crentes considerados atrasados e de desenvolvimento
espiritual comprometido eram crentes que, se vivessem nos nossos dias, seriam
tidos como os crentes mais espirituais de sua congregação.
2. Como alcançar o
alvo –
“E isso faremos, se Deus o permitir”
(Hb 6:3). O autor exorta a esses cristãos Hebreus que eles precisavam ir além
dos princípios básicos de sua fé para um entendimento de Cristo como o Sumo
Sacerdote perfeito e o cumprimento de todas as profecias do Antigo Testamento.
Em vez de discutirem sobre os méritos respectivos do judaísmo e do
cristianismo, eles precisavam buscar um entendimento mais profundo de Deus,
estudando os conceitos mais difíceis de sua Palavra.
Observe que o autor expressa o desejo de
ajudá-los a fazer isso, se Deus permitir. Contudo, o fator limitante está do lado deles, e não de Deus. Deus os
capacitará a avançar para alcançar o alvo, a saber, a maturidade espiritual,
mas eles precisam exercitar a verdadeira fé e a perseverança, de forma contínua
sob a influência do Espirito Santo. Isso se aplica a todos os cristãos da
atualidade, ou seja, para alcançarmos o alvo exige-se esforço e também a
intervenção contínua do poder atuante do Espírito Santo em nossa vida.
3. Prosseguindo. Na caminhada em
busca da maturidade espiritual, ou seja, alcançar a completa estatura de
Cristo, muitos cristãos ainda estão envolvidos com os princípios elementares da
fé, os primeiros ensinamentos. Precisam sair de onde estão se querem alcançar o
alvo proposto; precisam crescer e continuar sempre crescendo, pois se lançarmos
continuamente os alicerces de uma obra não haverá progresso. Já não somos mais
principiantes na fé, devemos estar entre os que ocupam o nível mais elevado:
aqueles que não precisam mais que as primeiras lições lhes sejam sempre repetidas.
Paulo tinha consciência deste esforço em
prosseguir para o alvo. Disse ele: “prossigo
para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp
3:14). O objetivo de Paulo era conhecer a Cristo, ser como Cristo, e ser
tudo o que Cristo tinha em mente para ele. Esse objetivo absorvia a sua
energia. Isto fornece um exemplo útil: não devemos permitir que nada desvie os
nossos olhos do alvo que é conhecer a Cristo; o pleno conhecimento de Cristo é o prêmio final pelo qual os crentes
alegremente deixam de lado todas as outras coisas. Com a simplicidade de um
atleta em treinamento, devemos deixar de lado tudo que seja prejudicial e
abandonar tudo o que possa impedir o nosso crescimento espiritual.
É bom
ressaltar
que nesta caminhada rumo à maturidade cristã, precisamos saber que o fundamento da igreja – de todos os
crentes – é Jesus Cristo. Foi Paulo quem disse: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o
qual é Jesus Cristo” (1Co 3:11). Portanto, para prosseguir na busca da
maturidade espiritual é necessário que estejamos fundamentados em Cristo.
II. BASE ESPIRITUAL
(Hb 6:1,2)
“Pelo
que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição,
não lançando de novo o fundamento do arrependimento
de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina
dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo
eterno”.
O “fundamento” doutrinário foi assentado no
Antigo Testamento e incluiu os seus ensinamentos
básicos listados. Eles constituem o ponto de partida, a Base Espiritual. Esses primeiros princípios representavam o judaísmo e eram
preparatórios para a vinda de Cristo. Os
cristãos não deveriam satisfazer-se com isso, mas avançar para a revelação mais
completa que tinham agora em Cristo. Os leitores são incitados a passar “da
sombra para a substância, do tipo para o antítipo, da casca para a semente, das
formas mortas da religião de seus ancestrais para as vivas realidades do
Cristo”.
Nada indica, entretanto, que esses
ensinamentos constituíam a totalidade do ensino cristão para os crentes da
igreja primitiva, embora fossem os fundamentos. Consideremos esses ensinamentos
como pedras fundamentais da base de um edifício (a maturidade cristã).
Essas
seis pedras são divididas basicamente em três grupos de duas cada uma: as duas primeiras, a base, são as
condições para se tornar um cristão; as
duas seguintes são exemplos de práticas na vida cristã; e, as duas últimas, são as doutrinas
relacionadas ao futuro. Vamos analisar, suscintamente, essas pedras que formam
a base espiritual da vida cristã.
1.
Arrependimento. A primeira doutrina do Antigo Testamento, mencionada
pelo escritor aos Hebreus é o “arrependimento de obras” que estão “mortas”.
Isso foi constantemente pregado pelos profetas, assim como pelo precursor do
Messias. Todos eles clamaram ao povo a deixar suas obras, que estavam “mortas” no sentido de que eram destituídas de
fé. “Obras mortas” também podem se
referir às obras que inicialmente eram corretas, mas que agora são “mortas”
desde a vinda de Cristo. Todos os serviços relacionados à adoração no Templo,
por exemplo, tornaram-se obsoletos com a obra de Cristo concluída.
O
arrependimento
é o primeiro fundamento para se tornar um cristão. O Senhor Jesus quando esteve
na Galiléia, no início de seu ministério, ele pregou a mensagem básica para se
entrar no Reino de Deus: o arrependimento (Mc 1:15). Para os homens ser
qualificados a entrar no reino teriam de dar meia-volta na vida de pecado e
crer nas boas-novas acerca do Senhor Jesus.
O verdadeiro
arrependimento
implica na mudança de atitude e conduta daquele que pecou; é uma firme decisão
interior, uma verdadeira mudança de mente, de direção; começa com choro,
humilhação e quebrantamento diante de Deus (ler 2Cr 7:14). Aliás, arrependimento
é a tristeza profunda e suficiente para não repetir o erro. A orientação
amorosa do Senhor Jesus é: “vai-te e não peques mais” (João 8:11). Deus
restaura o pecador que verdadeiramente se arrepende e muda de atitude.
Portanto,
o arrependimento dos pecados é o primeiro elemento da nossa experiência cristã; e ele é originado pela ação da Palavra de Deus
no coração do pecador. Hoje vemos a pregação da fé sem o arrependimento e da
salvação sem a conversão; vemos muita adesão e pouca conversão, muito ajuntamento
e pouco quebrantamento. O pragmatismo com a sua numerolatria está em voga hoje.
Muitos pregadores abandonaram a pregação bíblica para alcançar um número maior
de pessoas. Pregam o que o povo quer ouvir e não o que ele precisa ouvir.
Pregam sobre cura e prosperidade e não sobre salvação. Pregam para agradar e
não para conduzir ao arrependimento. Desta forma, multidões estão entrando para
a igreja sem conversão. A Palavra de Deus tem sido deixada de lado para atrair
as pessoas e isso é um mal.
2. Fé em Deus. A segunda doutrina
que o escritor aos Hebreus menciona é a “Fé em Deus”. De novo trata-se de
uma ênfase do Antigo Testamento. No Novo Testamento, Cristo é quase
invariavelmente apresentado como o Objeto da fé. Não que isso substitua a fé em
Deus; mas a fé em Deus que deixa Cristo fora tornou-se inadequada.
A Fé é um elemento fundamental na vida
espiritual do crente, a ponto de a Bíblia dizer que sem fé é impossível agradar
a Deus (cfr. Hb 11:6a).
A salvação é um dom da Graça de Deus, mas
somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. A Fé origina-se
como uma semente que o Espírito Santo lança no coração do homem quando este
ouve a Palavra de Deus. Esta semente
germinada representa a fé salvífica. Todo o processo de
crescimento, em suas diversas etapas, ou estágios, se fará a partir da fé
salvífica.
Na
caminhada para o Céu, a “fé” é o combustível; e sem esta fé jamais se conseguirá
chegar ao destino, ao fim das nossas almas: a salvação.
3. Batismos. A terceira doutrina mencionada pelo
autor aos Hebreus: “batismos”. O ensino sobre os “batismos” não se se
refere ao batismo cristão, mas à cerimônia de lavagens, que era uma figura de
destaque na vida religiosa dos sacerdotes e do povo de Israel. Para o “batismo”
cristão, originalmente, a palavra usada geralmente é “babtisma”; Em Hb 6:2 é “babtismoí”, que significa
“rituais de lavagem”.
O batismo é uma
ordenança dada à Igreja. É preciso destacar três tipos básicos de batismos:
a) Batismo no corpo de Cristo,
através do novo nascimento (1Co 12:11,13). Realizado pelo
Espírito Santo. No batismo pelo
Espírito Santo, o batizador é o
Espírito de Deus (1Co 12:13); o batizando é o novo convertido; e, o elemento em
que o recém-convertido é imerso é a igreja, como corpo místico de Cristo (1Co
12:27; Ef 1:22, 23), ou seja, o crente, ao ser salvo,
passa a integrar o povo de Deus, o corpo de Cristo, passa a pertencer à “nação
santa” , ao “povo adquirido” (1Pe 2:9). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo
espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na Igreja. Portanto, todos os salvos são batizados
"pelo" Espírito Santo para pertencerem ao corpo de Cristo: a Igreja.
b) Batismo nas águas (Mt
6:1-4), como uma evidência da nossa experiência com Cristo. Ao instituir a
Igreja, Jesus não só constituiu o governo da Igreja, como as suas funções, como
também determinou que a Igreja realizasse dois
ritos, duas cerimônias: o batismo nas águas e a ceia do Senhor. Por isso,
estas duas atividades da Igreja são denominadas de “ordenanças”, porque são
ordens dados pelo Senhor para a Igreja.
A
primeira ordenança de Cristo é o batismo nas
águas, que é uma ordem a ser cumprida por quem se arrependeu dos seus
pecados (At 2:38) e receberam de bom grado a Palavra de Deus (At 2:41). É uma confissão pública que se faz da
conversão e do novo nascimento. Deste modo, não podem ser batizadas crianças
recém-nascidas, vez que não têm o discernimento do que é, ou não, pecado e,
portanto, não podem se arrepender dos seus pecados, como também não podem ser
batizadas pessoas que não tenham demonstrado que, efetivamente, creram no
Evangelho e nasceram de novo. Só é lícito o batismo daquele que realmente creu
de todo o seu coração (At 8:37). O batismo não é para salvação, mas, sim, para
o salvo. É uma declaração que o salvo faz de que faz parte da Igreja, de que
tem Jesus como seu Senhor e Salvador.
c) Batismo com o Espírito Santo, que
é um revestimento de poder (Mt 3:11). “E eu, em verdade, vos batizo com
água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que
eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito
Santo e com fogo”.
A promessa do batismo com ou no Espírito
Santo foi feita no Antigo Testamento(Jl 2:28-32) e cumprida no Novo
Testamento(At 2:1-4), e permanece em nossos dias. É um revestimento de poder,
com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente
numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24:49; At 1:8;
10:46; 1Co 14:14, 26). Essa promessa é concedida a todos os que creem em
Cristo, e não há qualquer versículo no Novo Testamento que comprove que essa
experiência ficou restrita à época dos discípulos. É algo a ser vivenciado pela
Igreja em nossos dias.
O
texto de Mateus 3:11
foi proferido por João Batista. João batizou com água, para arrependimento;
água era cerimonial e não tinha nenhum efeito purificador; o arrependimento,
apesar de sincero, não trazia uma pessoa à total salvação. João via seu
ministério como preparatório e parcial. O Messias ofuscaria totalmente João. Ele
seria mais poderoso, mais digno, seu trabalho alcançaria uma área mais
longínqua, pois ele batizaria “com o Espírito Santo e com fogo”.
Alguns
ensinam
que o batismo com o Espírito Santo e o batismo com fogo fazem parte do mesmo
acontecimento. Ou seja, muitos ensinam que o batismo com fogo poderia se
referir às línguas de fogo que apareceram quando o Espírito Santo foi dado no
Pentecostes. À luz de Mateus 3:12, que equipara o fogo com julgamento,
provavelmente não – “Em sua mão tem a pá,
e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará”.
Imediatamente após essa referência ao
batismo com fogo, João fala de julgamento. O Senhor é descrito usando uma “pá”
para lançar o debulho ao vento. O “trigo” (os verdadeiros cristãos) cai
diretamente no chão e é carregado para o “celeiro”. “A palha” (os descrentes)
é carregada por uma curta distância pelo vento e então ajuntada e queimada “em
fogo inextinguível”. O fogo no versículo 12 significa julgamento, e tendo em
vista que esse versículo é uma ampliação do versículo 11, é razoável concluir
que o batismo com fogo é um batismo de julgamento (William Macdonaldo -
Comentário Popular – Novo Testamento).
4. A quarta doutrina mencionada pelo autor: “imposição de mãos” (Hb 6:2). O ritual de “imposição de mãos” é descrito em Levítico 1:4; 3:2; 16:21. O
ofertante, ou o sacerdote, impunha as mãos sobre a cabeça de um animal como ato
de identificação. Simbolicamente, o
animal levava os pecados do povo que estavam associados a ele. Essa
cerimônia simbolizava expiação vicária.
Não acreditamos que haja neste ponto alguma
referência à imposição de mãos como praticada pelos apóstolos e outros na
igreja primitiva (At 8:17; 13:3; 19:6). A imposição de mãos é uma prática
cristã que a Palavra de Deus considera uma verdade fundamental. Jesus impôs as mãos sobre as crianças,
abençoando-as (Mc 10:16).
5. A quinta doutrina mencionada: “Ressurreição dos mortos”. No Antigo Testamento, a “ressurreição dos
mortos” é ensinada em Jó 19:25-27, Salmos 17:15, Daniel 12:2, deduzida em
Isaías 53:10-12. O que se vê indistintamente no Antigo Testamento é revelado do
modo claro no Novo Testamento (1Co 15:12-28), e que é manifesta, agora, pela
aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a
vida e a incorrupção, pelo evangelho (2Tm 1:10).
A
palavra ressurreição significa a nova união da alma e espírito com o corpo
liberto do poder da morte. Essa verdade
fundamental é o elemento mais importante da vida cristã. É a maior esperança da
Igreja. Sem essa esperança seria vã a nossa fé.
A Bíblia é bastante clara quanto à
ressurreição, e esta esperança era viva na vida de cada servo do Senhor; além
de ser assunto da pregação do evangelho. Infelizmente muitos pastores deixam de
lado este assunto, envolvidos pelo materialismo e levando o rebanho para um
“outro evangelho”.
6. A sexta doutrina mencionada: “Juízo eterno”. Na relação que o escritor aos Hebreus faz das doutrinas
básicas do ensino da Palavra, o último é, precisamente, o referente à doutrina
do juízo eterno (Hb 6:2), que seria como que a “última disciplina” a ser
ensinada num curso de discipulado no princípio da Igreja. A verdade fundamental
do Antigo Testamento era o “juízo eterno” (Sl 9:17; Is 66:24).
O apóstolo
Paulo em seu discurso em Atenas, no Areópago, foi explícito: “porquanto tem determinado um dia em que com
justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu
certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos (At 17:31).
O Novo Testamento menciona sete categorias
de Julgamentos definitivos:
a) Julgamento da
Igreja (2Co 5:10).
O julgamento da Igreja é o chamado “Tribunal de Cristo”, que ocorrerá logo após
o arrebatamento, antes das Bodas do Cordeiro. Acontecerá nas regiões
celestiais. Neste tribunal, os crentes serão julgados pelas obras que tiverem
feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (Rm 14:10; 2Co 5:10). Os critérios do
julgamento e o seu tratamento são descritos em 1Co 3:12-15.
b) Julgamento de Israel (Ez 20:34-38;Ml
3:2-5). O
segundo julgamento é o julgamento de Israel, o povo escolhido de Deus. A Grande
Tribulação será o instante em que Deus tratará com a nação israelita e, ao
término da Grande Tribulação, Deus terá provado este povo e só o remanescente
será salvo (Rm 9:27).
c) O Juízo sobre o Anticristo e o Falso
profeta.
Assim está narrado o fim do Anticristo e do Falso profeta: "E a
besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela,
fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a
sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e
enxofre" (Ap 19.20). Portanto, o Anticristo e o Falso profeta, na
batalha do Armagedon, serão aniquilados pela espada que sai da boca de Cristo
(isto é, por sua Palavra), e serão lançados vivos no lago de fogo e
enxofre, que é o inferno propriamente dito (Ap 19:20). É o fim das duas
“bestas”.
d) Julgamento das Nações (Mt 25:31-46). Esse julgamento
acontecerá na terra sobre aqueles que sobreviveram ao Armagedon. Serão julgados
com base no tratamento dado a mensagem do Reino, aos seus mensageiros e ao modo
como trataram a nação de Israel. Esse julgamento terá como finalidade apartar
os “bodes”
das “ovelhas”, ou seja, decidir quem passará com Cristo o Reino
milenial e quem não passará o milênio, ficando a aguardar o julgamento final e
definitivo.
e) Julgamento dos
anjos maus (1Co 6:3;Jd 6). Judas revela o fato de que anjos serão trazidos a
julgamento: “e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a
sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo
daquele grande Dia” (Jd 6). Serão julgados e condenados ao lago de fogo
juntamente com o Diabo, logo após o Milênio e antes do juízo do Trono Branco
(Mt 25:41).
f) O Juízo sobre o Dragão (Ap 20:9). Quando se
completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as
nações hostis a Cristo que há nos quatro cantos da Terra, chamados de Gogue e
Magogue(Ap 20:7-8). Aqui, Gogue e Magogue não devem ser confundidos com os dos
textos de Ezequiel 38-39. Na passagem do Antigo Testamento, Magogue é um
território extenso ao norte de Israel, e Gogue é seu governante. Neste texto de
Apocalipse, as palavras se referem às nações do mundo em geral. Em Ezequiel, o
contexto é pré-milenar; Em Apocalipse, é pós-milenar.
Após os exércitos de Satanás ser devorados
por Cristo, Satanás será, para sempre, destruído, esmagado – “E o diabo, que
os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso
profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo sempre” (Ap
20:10). O julgamento divino é a destruição e ruína total de Satanás. No inferno
(o lago de fogo e enxofre), ele não reinará, sendo sempre atormentado, dia e
noite, eternamente.
g) Julgamento do
Grande Trono Branco (Ap 20:11-15). Este é o chamado “Julgamento Final” ou
“Juízo Final” ou, ainda, o “Juízo do Trono Branco”, que terá lugar depois do
término do reino milenial de Cristo. Logo após os rebeldes serem devorados pelo
fogo do céu que cairá sobre os exércitos que estarão a cercar o lugar santo em
Israel, terá findado a história humana. O tempo deixará de existir e Deus
chamará à sua presença todos os seres humanos que foram criados e que ainda não
tinham sido julgados até então, ou seja, todo ser humano que não pertence nem à
Igreja, nem ao Israel salvo e nem ao grupo dos mártires da Grande Tribulação,
que já terão sido julgados. Estes outros homens são os que serão levados a
julgamento neste último grande tribunal da história.
CONCLUSÃO
Para continuar a amadurecer em nossa
compreensão, precisamos ir além (mas não para longe) dos ensinos elementares,
tendo uma compreensão mais completa da fé. E isto é o que o escritor aos
Hebreus pretende que seus leitores façam (Hb 6:3). Os cristãos maduros devem
ensinar as doutrinas básicas aos novos cristãos. Então, agindo de acordo com o
que conhecem, os que são maduros aprenderão ainda mais da Palavra de Deus.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço –
Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista.
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico Popular do Novo
Testamento – William Macdonald.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
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