3º Trimestre/2014
Texto Base: Tiago
1:5; 3:13-18
“Não desamparares a
sabedoria, e ela te guardará; ama-a e ela te conservará” (Pv 4:6)
INTRODUÇÃO
Tiago escreveu a
Epístola que leva o seu nome com dois objetivos precípuos: Primeiro, confortar
as igrejas, destinatárias de sua Epístola, que passavam por grandes tribulações. Os cristãos no século primeiro estavam sujeitos a todo tipo de
assédio da polícia local: havia prisões, arrestamento de bens, tortura e
eventualmente a morte. Existiam problemas financeiros. No capítulo cinco, Tiago
faz menção a injustiças cometidas pelos patrões ricos opressores. Ele consola
os cristãos que trabalhavam nos
campos desses senhores, proprietários de terras. Em fim, era uma igreja muito
sofrida e que precisava de conforto, precisava de consolo da parte de Deus.
Segundo, corrigir algumas deficiências na fé e na prática
desses irmãos. Aparentemente esta comunidade - tudo indica
de judeus convertidos ao cristianismo -, não tinha ainda compreendido
plenamente todas as implicações do evangelho. Eles não estavam enfrentando as
tribulações e o sofrimento da maneira correta. Por isso que Tiago tem de dizer
para eles como eles deviam passar pelo sofrimento. Quando lemos a Epístola toda
de Tiago temos a impressão que aqueles irmãos tinham uma compreensão deficiente
da doutrina fundamental do cristianismo, que é a doutrina de que somente somos
justificados pela fé, sem as obras da lei. Para eles, se você é justificado
pela fé em Cristo Jesus, o que você faz ou como você vive isso não vai ter
muito impacto em seu relacionamento com Deus. Isto é o que em Teologia nós
chamamos de antinomianismo, ou seja,
a ideia de que a fé e a graça excluem as obras, atitude, comportamento e o
andar diante de Deus. Então Tiago Tg 2:14-26, confronta essa compreensão
errada, e afirma que a fé salvadora sempre vem acompanhada da evidência. Desta
feita, fé e obras são dois lados de uma mesma moeda: a fé sendo a raiz da
salvação e as obras sem fruto dela; onde tem uma vai ter a outra; onde falta
uma a outra também falta.
Nesta Aula, vamos
aprender com Tiago como viver com sabedoria humilde neste mundo, no meio das
provas. “Ele inicia a temática em tom de exortação, enfatizando a necessidade
da sabedoria divina como condição básica de levar a igreja a viver a Palavra de
Deus com alegria, coerência, segurança e responsabilidade (Tg 1:5). E isso tudo
sem precisar fugir das tribulações ou negar que o crente passa por problemas”. “Como
servos de Deus, somos chamados por Ele para uma vida que espelhe decisões e
práticas advindas de uma sabedoria espelhada na sabedoria divina”. (1)
I. A NECESSIDADE DE
PEDIRMOS SABEDORIA A DEUS (Tg 1:5)
“E,
se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada”.
Todos nós carecemos
de sabedoria. A Bíblia não oferece respostas específicas para as inúmeras
questões que surgem ao longo da vida; não resolve os problemas de forma
explícita, mas nos fornece os princípios gerais. Precisamos de sabedoria para
aplicá-los aos desafios da vida diária. A sabedoria espiritual consiste,
portanto, na aplicação prática dos ensinamentos de Jesus às situações do
quotidiano.
1. A sabedoria que vem de Deus. ”E, se algum de
vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus”. Quando estamos sendo provados,
precisamos de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades que Deus está nos
dando para chegarmos à maturidade. A sabedoria nos ajuda a entender como usar
as provas para nosso bem e para a glória de Deus. Sabedoria é olhar para a vida
com os olhos de Deus. Há pessoas que têm erudição, mas não sabem viver a vida
nem fazer escolhas corretas.
Há uma sabedoria que
vem de Deus e outra engendrada pelo
próprio homem. A sabedoria do homem vem da razão, enquanto a sabedoria de Deus
vem da revelação. A sabedoria do homem desemboca no fracasso, a sabedoria de
Deus dura para sempre. A Bíblia traz alguns exemplos da tolice da sabedoria do
homem: Primeiro, a torre de Babel parecia ser um projeto sábio, mas
terminou em fracasso e confusão (Gn 11:9). Segundo, pareceu sábio a
Abraão descer ao Egito em tempo de fome em Canaã, mas os resultados provaram o
contrário (Gn 12:10-20). Terceiro, o rei Saul pensou que estava sendo
sábio quando colocou a sua armadura em Davi (1Sm 17:38,39). Quarto, os
discípulos pensaram que estavam sendo sábios pedindo a Jesus para despedir a
multidão no deserto, mas o plano de Cristo era alimentá-la por meio deles (Mt
14:13,16). Quinto, os especialistas em viagens marítimas pensaram que
era sábio viajar para Roma e por isso não ouviram os conselhos de Paulo e
fracassaram (At 27:9-11).
Portanto, “a
sabedoria que vem de Deus é o meio pelo qual o ser humano alcança o
discernimento da boa, agradável e perfeita vontade divina (Pv 3:1-5; Rm
12:1,2). Sem esta sabedoria, o ser humano vive à mercê de suas próprias
iniciativas, dominado por suas emoções, sujeitando-se aos mais drásticos
efeitos das suas reações” (LBM).
2. Deus é o doador da sabedoria. Deus é a fonte da sabedoria; Ele é o doador. Ele dá -
“a todos” - generosamente a sabedoria necessária para que possamos viver
neste mundo de forma que o agrademos e sejamos também referenciais para as
pessoas que nos cercam. A generosidade de Deus é ilimitada. A generosidade de
Deus não conhece limites na terra: é para todos. A generosidade de Deus não
conhece limites no céu: Ele dá liberalmente. A acolhida de Deus é garantida
(1:5): Deus não rejeita aquele que o busca (Sl 66:20).
3. Peça a Deus sabedoria. “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto...”. Aqui, Tiago orienta a todos os que não têm sabedoria
para buscá-la, em Deus, por meio da oração. Devemos rogar ao Senhor a sabedoria
de que precisamos e Ele certamente a dará como um presente divino, “e não o
lança em rosto”, ou como diz na linguagem popular, “não joga na nossa
cara”. Deus é o detentor da sabedoria que nos é necessária em todos os
momentos, e Ele faz questão de que a tenhamos.
Perceba que há uma
conexão natural entre Tg 1:4 e Tg 1:5.
No verso 4 Tiago diz que o alvo de Deus é que nós não devemos ser deficientes
de nada, de que não tenhamos necessidade de nada – “Tenha, porém, a
paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem
faltar em coisa alguma”. E aí ele acrescenta no verso 5: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria,
peça-a a Deus...”. Percebe-se,
então, que ele está continuando o assunto. O propósito de Deus é que não
tenhamos nenhuma deficiência. E uma dessas deficiências é a sabedoria.
Sabedoria que é mencionada aqui não é aquela sabedoria teórica que nós
acumulamos em nossos estudos seculares, mas é a sabedoria prática, aquela que é
mencionada no livro de Salmos e Provérbios – “O temor do Senhor é o princípio
da sabedoria” (Sl 111:10; Pv 1:7; 15:33).
Sabedoria é você
tomar as decisões certas e encaminhar a sua
vida à luz do temor de Deus, fazer o que é certo. Sinceramente, é isso o que
mais nos falta no meio das provações. Nós não tomamos decisões, diante dos
problemas, como se faz no mundo, como os descrentes tomam. Por exemplo, se a
sua empresa está com problemas, está com dificuldades, então um homem que não
conhece a Deus ele vai usar de recursos ilícitos, ele vai burlar a lei, ele vai
fazer negócios escusos e errados para salvar a sua empresa; mas, o cristão não
pode fazer isso, ele tem que achar uma solução que está de acordo com a Palavra
de Deus. Se você tem um problema com seu filho, se a sua filha tem um
relacionamento com o seu namorado fora dos padrões bíblicos, morais, as pessoas
do mundo não têm problema com isso, mas nós temos porque somos cristãos. Como é
que vamos lidar com um filho problemático e difícil? Lá no mundo isso é fácil,
mas nós não podemos tomar qualquer decisão e segui qualquer caminho quando a
dificuldade bate à nossa porta. Quando estamos enfrentando o inimigo e certas
dificuldades, lá no mundo as pessoas agem de forma brutal, mas um cristão não
pode fazer isso. Como, então, enfrentarmos essas coisas? É aqui que precisamos
de sabedoria. É o que mais precisamos no meio das provações, para achar o
caminho correto, para nos comportar de uma maneira que glorifique o nome de
Deus.
Tiago diz que se
alguém tem falta dessa sabedoria peça a Deus. É claro que o que está por detrás
aqui dessa orientação é a história de Salomão no Antigo Testamento, quando Deus
apareceu a Salomão e lhe deu permissão para lhe fazer um pedido e Salomão
pediu, acima de tudo, sabedoria para governar o povo de Deus; e Deus se agradou
daquele pedido e concedeu a Salomão não somente sabedoria, mas inclusive tudo
aquilo que ele não tinha pedido, a saber, riquezas e poder sobre os seus
inimigos. O Deus de Salomão é o mesmo nosso. E Tiago, então, encoraja aos
cristãos a pedir sabedoria com os seguintes argumentos:
a)
que Deus dá liberalmente. Ou seja, Ele dá de
maneira abundante. Ele não mede a sabedoria que nos dá literalmente. Mas Ele
derrama com graça e abundância sobre nós.
b)
que Deus “não lança em rosto”.
Por exemplo, se você vai tomar um empréstimo financeiro a um amigo, o amigo
pode lançar no teu rosto que no mês anterior ele já te emprestou dinheiro. Deus
não faz isso conosco; Ele não lança em rosto. Quando nos chegamos a Ele para
lhe pedir sabedoria, Ele não vai dizer assim: “eu já te dei sabedoria!”; “Você
já me pediu isso!”; “Lá vem você de novo!”; “Por que estás aqui outra vez?”.
Não! Deus não lança em nosso rosto as nossas faltas. Mas, Ele nos acolhe como
sendo a primeira vez e liberalmente nos concede, como Tiago afirma no final do
verso 5: “e ser-lhe-á dada”.
Aqui está a promessa de que Deus tem prazer em dar sabedoria aos seus
filhos quando estamos passando por grandes dificuldades, por grande provação e
vivemos em meio de grandes tentações. Podemos, então, nos socorrer de Deus
pedindo-lhe sabedoria.
É uma pena que nós deixamos para fazer isso depois; primeiro nós
planejamos tudo, como vamos resolver os nossos problemas, e depois de tudo
planejado nós chegamos para Deus e dizemos: “Deus, eu vou fazer desta maneira,
se o Senhor puder abençoar eu agradeço”. Mas, não é isso que Tiago nos instrui.
Nós temos que, em todo tempo, a primeira coisa que temos que fazer é orar
quando as dificuldades batem à nossa porta.
II. A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA SABEDORIA HUMILDE (Tg
3:13)
“Quem entre vós é sábio e
inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as
suas obras” (ARA).
1. A sabedoria
colocada em prática. Em Tg 3:13, Tiago
trata da diferença entre a verdadeira sabedoria e a falsa. O autor não se
refere à soma de conhecimentos de uma pessoa, mas a sua vida no dia-a-dia. O
que conta não é ter o conhecimento, mas saber aplicá-lo. Tiago conclama os
servos de Deus a demonstrarem sabedoria divina através de ações concretas. A
pessoa sábia manifesta a vida de Cristo, uma vida na qual o fruto do Espírito é
evidente (Gl 5:22,23). Como bem diz o pr. Eliezer de Lira, “a sabedoria é a
virtude que devemos buscar e cultivar em nossos relacionamentos neste mundo (Mt
5:13-16)”. Portanto, a sabedoria de Deus é prática; ela muda a vida e produz
bons frutos para a glória de Deus. Quem não produz frutos, produz galhos.
2. A humildade como prática cristã. Na concepção de Tiago, sabedoria e humildade devem
andar juntas. O sábio tem atitudes humildes, não arrogantes. Da mesma forma que
a sabedoria de que precisamos encontra sua fonte em Deus, a humildade nos faz
ser sempre mais dependentes de Deus. Curiosamente falando, a obediência a Deus
é uma demonstração de humildade, e não de arrogância. A desobediência a Deus e
aos seus preceitos mostra o quanto podemos ser arrogantes, mas a dependência de
Deus e a humildade demonstram o quanto somos obedientes a Ele. (2)
Humildade é uma condição necessária para todo aquele que quer viver como
salvo. Os cristãos no princípio da Igreja foram ensinados que o orgulho,
a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “... Deus
resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes...”(Tg 4:6). Neste
mesmo sentido ensinou, também, o Apóstolo Pedro, dizendo: “... revesti-vos
de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”(1Pedro
5:5). Também escreveu Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas
por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3).
Pelo que se pode observar, entre os crentes
da igreja do primeiro século não havia sentimentos de grandeza, orgulho,
soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos
que criam...” (Atos 4:32).
Portanto, para andar como salvo é necessário
andar em humildade. Contudo, existem muitas ideias erradas sobre o verdadeiro
sentido da humildade. Vamos considerar o que não é humildade.
– Humildade não é pobreza. Normalmente quando alguém quer se referir a
um irmão muito pobre costuma-se dizer: “é um irmão muito humildezinho”. Porém,
nem todo pobre é humilde, bem como nem todo rico é soberbo, ou orgulhoso.
Existem pobres revoltados pelo simples fato de serem pobres. Não se conformam,
têm inveja dos ricos. Humildade e inveja são dois sentimentos que não podem
habitar juntos.
–
Humildade não é ausência de cultura. Costuma-se dizer: “aquele irmão é muito humilde, nem ler ele
sabe”. Todavia, para ser orgulhoso, altivo, soberbo, não precisa saber ler. Nem
todo analfabeto é humilde e nem todo letrado e sábio tem que ser altivo e
soberbo. Existe uma nova geração de obreiros que possuem vários diplomas de curso superior, são muito culto, escritores,
porém muitos destes deixaram a verdadeira humildade,
por isso correm o risco de nem estar vivendo como salvos.
–
Humildade não é aparência exterior. Não é pela aparência exterior que identificamos uma pessoa
humilde. Alguém pode dizer: “Ele é muito humilde, não liga
para nada, anda mal vestido, não tem vaidade”. Isto pode ser desleixo,
falta de higiene, mau gosto no vestir.
Humildade não é alimentar-se e vestir-se mal, podendo alimentar-se e vestir-se
bem. Humildade não é ter um carro velho, podendo ter um novo. Humildade não é
morar num barraco, podendo morar numa casa confortável.
Portanto, a
verdadeira humildade manifesta-se de dentro para fora, não é, apenas, aparência
exterior.
3. Obras em mansidão de sabedoria. “Quem entre vós é sábio e
inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as
suas obras” (Tg 3:13). Se um homem for sábio e inteligente,
demonstrará esses atributos num condigno proceder, juntamente com
um espírito humilde resultante da sabedoria. O Senhor Jesus - a encarnação da
verdadeira sabedoria -, não era orgulhoso nem arrogante, mas manso e humilde de
coração (Mt 11:29). Assim, as pessoas verdadeiramente sábias podem ser
distinguidas pela humildade autêntica. Alguém disse que “mansidão não é
fraqueza, mas poder sob controle”. Uma pessoa que não tem controle pessoal ou
domínio próprio não é sábia. Mansidão é o uso correto do poder, assim como a
sabedoria é o uso correto do conhecimento.
III. O VALOR DA
VERDADEIRA SABEDORIA E A ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3:14-18).
A verdadeira
sabedoria – a sabedoria divina – não é contenciosa nem facciosa e nem
beligerante. A sabedoria do homem leva à competição, rivalidade e guerra (Tg
4:1,2), mas a sabedoria de Deus conduz à paz. Essa paz é produzida pela
santidade e não pela complacência ao erro. Não se trata de paz que encobre o
pecado, mas da paz fruto da confissão de pecado.
1. Sabedoria verdadeira e a arrogância do saber. Não é incomum ver pessoas de destacável conhecimento
secular tornarem-se arrogantes no trato com outras que as cercam, pelo fato de
serem bem dotadas intelectualmente e de um saber bastante destacável. Todavia,
isto não é aceitável aos olhos de Deus. É necessária sabedoria humilde para
convivermos com pessoas intelectualmente menos favorecidas. O acúmulo de
conhecimento não pode obstruir nossa vida espiritual de tal forma que nos
tornemos arrogantes. Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Uma pessoa pode
ser culta e tola; pode ter muito conhecimento e não saber se relacionar com as
pessoas; pode ter muito conhecimento e não saber viver consigo e com os outros.
Sabedoria é também olhar para a vida com os olhos de Deus.
É bom enfatizar que
Tiago não condena pessoas que estudam e que se valem de seus conhecimentos ao longo
de suas vidas, “mas coloca em cheque o hábito de algumas pessoas acharam-se
superiores a outras porque possuem conhecimento. Estudar é muito bom, e nos
torna pessoas mais capacidade para servir a Deus e ao próximo com muitos
talentos, mas não pode nos tornar pessoas altivas. A soberba é tão duramente
condenada por Deus que Ele resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde.
Portanto, usufruamos do conhecimento que Deus nos permite ter, mas busquemos
acima de tudo aproveitar esse conhecimento de forma sábia e com humildade”. (4)
2. Atitudes a serem evitadas. “Pois, onde há inveja
e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins”
(Tg 3:16). Pensamentos errados produzem atitudes erradas. Uma das causas do
porquê deste mundo estar tão bagunçado é que os homens têm rejeitado a
sabedoria de Deus e age de acordo com a sua suposta inteligência. Tiago 3:14,16
lista duas características próprias de pessoas arrogantes: inveja e
sentimento faccioso. São evidências da falsa sabedoria. São atitudes a serem
evitadas pelos salvos em Cristo.
a) Quanto à inveja. O homem com sabedoria terrena é caracterizado pela inveja e
ambição egoísta de seu coração; seu objetivo maior é beneficiar a si mesmo. O invejoso
é implacável com seus concorrentes, orgulha-se da própria “sabedoria” que lhe
trouxe sucesso. Porém, Tiago afirma que isso não é sabedoria, mas apenas
vanglória infundada. É uma negação prática da verdade segundo a qual a pessoa
genuinamente sábia também é genuinamente humilde.
Não é incomum que haja inveja entre as
pessoas, mas pior ainda é quando esse sentimento da carne (Gl 5:21) encontra
abrigo no coração dos servos de Deus. E justamente aqui encontra-se o desafio
de Tiago; ele alertou para o perigo de se cobiçar ofícios espirituais na igreja
(Tg 3:1). Existe sempre o risco de a liderança da igreja ser entregue a um
homem com sabedoria terrena. Devemos permanecer atentos e não permitir que os
princípios do mundo nos orientem nas questões espirituais. De acordo com Tiago,
essa falsa sabedoria é “terrena,
animal e demoníaca” (Tg 3:15). Estes três adjetivos expressam,
propositalmente, uma degeneração progressiva:
- “Terrena” . É a sabedoria
deste mundo (1Co 1:20,21). A sabedoria do mundo diz: promova a você mesmo; você
é melhor do que os outros. Os discípulos de Cristo discutiam quem era o maior
dentre eles. A sabedoria do mundo exalta o homem e rouba a Deus da sua glória
(1Co 1:27-31; ler Atos 12:21-23). O invejoso, em vez de alegrar-se com o
triunfo do outro, alegra-se com seu fracasso. Ele não apenas deseja ter como o
outro tem, mas tem tristeza porque não tem o que é do outro; ou seja, o
invejoso ele não quer um cargo igual ao seu, ele quer o seu cargo, a sua
função.
- “Animal” (ou “não-espiritual”).
Que está em oposição à nova natureza que temos em Cristo; é uma sabedoria
totalmente à parte do Espírito de Deus. Essa sabedoria escarnece das coisas
espirituais. O mundo está cada vez mais secularizado; as coisas de Deus não
importam; a Palavra de Deus não governa a vida familiar, econômica,
profissional e sentimental das pessoas.
-
“Demoníaca” . Que se presta a ações que remetem ao
comportamento de demônios, e não de homens. Essa foi a sabedoria usada pela
serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e fazendo-a
descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo. As pessoas hoje continuam
crendo nas mentiras do diabo (Rm 1:18-25). O diabo se transfigura em anjo de
luz para enganar as pessoas. Pedro revelou essa “sabedoria” quando tentou
induzir Cristo a fugir da cruz (Mc 8:32,33).
b) Quanto ao sentimento faccioso. É outra característica de quem alega ter a sabedoria e
não consegue demonstrá-la na prática. A falsa
sabedoria manifesta-se através de um sentimento faccioso. Há grandes feridas
nos relacionamentos dentro das famílias e das igrejas. A palavra que Tiago usa,
erithia, significa espírito de partidarismo. Subentende a inclinação por
usar meios indignos e divisórios para promover os próprios interesses. Era a
palavra usada por um político à cata de votos. As pessoas estão a seu favor ou estão
contra você. Tiago, então, propõe à igreja um desafio àqueles que afirmavam ter
a verdadeira sabedoria: eles precisavam observar a verdadeira sabedoria que vem
do Céu.
Paulo alertou os crentes de Filipos sobre o
perigo de estarem envolvidos na obra de Deus com motivações erradas: vanglória
e partidarismo (cf Fp 2:3). Essa exortação é bastante atual!
CONCLUSÃO
A verdadeira
sabedoria é humilde e faz parte da nova natureza do crente. Só pode tê-la quem
é nascido de novo, regenerado. Tiago não está tratando de uma sabedoria oriunda
do aprendizado secular, não; está, sim, tratando da sabedoria das Escrituras,
que é Espírito e Vida. É resultado de uma intima relação com Deus, por meio do
Seu filho Jesus e pela força do Espírito Santo. Por isso, então, esta sabedoria
não pode ser negociada. Ela vem exclusivamente de Deus, por meio do estudo e da
exposição das Escrituras Sagradas.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de
Deus – M. Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de
Estudo Pentecostal.
Bíblia de
estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.
William
Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. Mundo Cristão.
Douglas
J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.
Rev.
Hernandes Dias Lopes – Tiago
(Transformando Provas em Triunfo). Hagnos.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Silas
Daniel & Alexandre Coelho – Tiago –
Fé e Obras. CPAD.
(1) Alexandre Coelho
- Fé & Obras. CPAD
(2) ibidem.
(4)
Alexandre Coelho - Fé & Obras. CPAD
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